BELAS, Carla A. ; Produção Artesanal da Ilha do Marajó: Talas e Fibras Naturais, Cerâmica e Couro. In: Lima, Maria Dorotéa; Pantoja, Vanda. (Org.). Marajó; Cultura e Paisagem. Belém: 2a. SR IPHAN, 2008, v. , p. 144-161.

June 14, 2017 | Autor: Carla Belas | Categoria: Patrimonio Cultural, Artesanato
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Descrição do Produto

Produção Artesanal da Ilha do Marajó:
Talas e Fibras Naturais, Cerâmica e Couro.
Carla Arouca Belas[1]


Introdução
O artesanato é tradicionalmente associado a uma atividade de caráter
familiar, na qual os produtores têm conhecimento e efetivamente atuam em
todas as etapas de produção, da escolha e obtenção da matéria-prima até o
seu acabamento final.
A expressão artesanato se refere ao termo artisanat, que foi usada
pela primeira vez em 1920, na França, num artigo de Julien Fontegne,
publicado em "La Gazette des Métiers" (Zdatny,1990; Proost,1999; Franco,
1987). A arte e a técnica do trabalho manual, não industrializado, ao
qual a palavra artesanato nos remete, acompanha-nos, entretanto, desde as
origens da humanidade, em aproximadamente 6.000 AC. Nesse período,
destinava-se, sobretudo, a solucionar problemas cotidianos dos próprios
produtores - polir pedra com a finalidade de fabricar ferramentas de defesa
e/ou para obtenção de alimentos e construção de abrigos; produzir cerâmica
para armazenar, transportar e cozer alimentos; e tecer fibras animais e
vegetais para a produção de vestimentas.
Com a ampliação das cidades e a maior divisão do trabalho gera-se a
necessidade de excedente, para atender a uma crescente demanda das
populações dos centros urbanos. Na Idade Média, inicia-se então um processo
de grande especialização da produção artesanal, com a concentração do
trabalho em oficinas de mestres e aprendizes e a criação de Corporações de
Ofício[2]. No século XVIII o termo artesão se firma em contraposição ao
conceito de artista, pois, embora ambos fossem considerados trabalhadores
manuais que atuavam por conta própria, o artesão teria por função a
produção de algo utilitário, enquanto o artista, algo original (Alegre,
1994). Nessa mesma linha, no Brasil, atualmente, a expressão artesanato
tem sido utilizada para designar a produção realizada com o intuito de
atender a uma determinada demanda de mercado (Alegre, 1994)
Uma grande variedade de ofícios e modos de fazer chegou ao Brasil
pelas mãos dos colonizadores, tanto pela imigração de europeus quanto de
escravos africanos. Estes, associados a saberes e práticas de populações
indígenas locais, originaram uma rica e diversificada produção artesanal,
hoje presente de norte a sul do País.
Na Ilha do Marajó, fatores relacionados à história, ao meio ambiente
e às dificuldades de locomoção e acesso a bens e serviços, têm favorecido a
persistência de modos de fazer artesanal entre as populações locais. Nesse
sentido, além dos ofícios e práticas introduzidos pelos portugueses no
período colonial, vestígios arqueológicos demonstram a influência de uma
história de ocupação humana em torno de 5.000 anos (Schaan:2007). É
visível, também, a abundância de matérias-primas disponíveis em grandes
áreas de floresta, campos naturais, manguezais e praias, em sua maioria
ainda bastante preservados. Os inúmeros exemplos, em todo o país, de
perpetuação de práticas artesanais em contextos urbanos nos mostram que
essas dificuldades de locomoção e acesso a bens e serviços não podem ser
consideradas como um fator decisivo na explicação desta permanência de
ofícios ancestrais. Não podemos negar, contudo, no caso da Ilha do Marajó,
que a produção de utensílios e ferramentas para o próprio uso cotidiano se
constituiu numa alternativa, diante das condições em que vive grande parte
da população local, sem acesso a energia elétrica nem ao consumo de uma
variedade de produtos industrializados. Criou-se, assim, o ambiente
favorável à difusão de inúmeras práticas, sobretudo as de tradição indígena
(como trançados e cerâmica), que atualmente mobilizam um número
considerável de atores locais (Iphan:2007).
A construção de embarcações, por exemplo, é um ofício muito
tradicional, presente em praticamente todos os municípios da Ilha[3], uma
vez que a navegação constitui o principal meio de transporte na região. A
técnica da produção de canoas escavadas num único tronco, ainda hoje
produzidas, é uma herança deixada pelas populações indígenas que habitavam
o local. Com a chegada dos portugueses no século XVII, novas técnicas foram
aprendidas e continuam a ser repassadas de geração em geração, nos inúmeros
estaleiros da Ilha. Nestes que na sua maioria constituem empreendimentos
familiares, são construídas tanto embarcações para a pesca e transporte de
produtos agropecuários e extrativistas, quanto de transporte de
passageiros. Estas últimas, em geral, com dois ou três pavimentos, fazem o
transporte de pessoas, bagagens e mercadorias entre os vários municípios da
Ilha e destes, sobretudo, com as cidades de Belém (PA) e Macapá (AP). O
aprendizado do ofício é puramente empírico, não conta com projetos
escritos, desenhos ou planos de engenharia. É a experiência dos mais velhos
que define o tipo de madeira (itaúba; piquiá; ipê; acapu, sapupena...) e a
quantidade e o formato do corte, a depender da função e do tamanho da
embarcação. A unidade de medida utilizada é o palmo - 1 metro é igual a 5
palmos.
Da mesma forma, a construção de habitações em madeira é um ofício
tradicional disseminado por toda a Ilha. Na sede do município de Santa Cruz
do Arari, uma série de chalés coloridos se destacam na paisagem urbana da
cidade. De um ou dois andares, com ou sem varanda, têm como característica
principal um ornato de madeira (lambrequim) com o formato de um remo de
duas pontas, geralmente colocado na junção e nas extremidades da parte
frontal do telhado, formando um triângulo. Em Breves, as casas mais antigas
possuem as beiradas do teto e também das varandas talhadas com desenhos de
formatos florais, que têm como um dos exemplos mais belos e expressivos o
antigo trapiche municipal, localizado próximo ao porto da cidade. Em
Cachoeira do Arari, o destaque fica por conta dos espaçosos e ventilados
casarões das inúmeras fazendas da região.
Encontramos, ainda, exemplos dessa produção artesanal por toda a
ilha, no que se refere à construção de móveis, instrumentos musicais,
instrumentos de pesca (rede, tarrafa, curral de pesca, zagaia, matapi),
processamento de alimentos (casa de farinha, máquina manual de processar
açaí) e outros. Além de adaptações e novas criações, como o "Bicitáxi",
duas bicicletas unidas por uma barra de ferro, com um banco de passeio no
meio, que serve como principal meio de transporte urbano para os habitantes
da cidade de Afuá.
Diante desse número infindável de produções artesanais originadas no
Marajó e a impossibilidade de abordá-las em sua totalidade neste pequeno
artigo, optamos por enumerar e descrever as que apresentam, ou têm
possibilidade de apresentar, em curto prazo, certa regularidade de produção
em função de alguma inserção de mercado, ainda que incipiente. Assim, a
partir dos dados levantados durante a pesquisa do Inventário de Referências
Culturais da Ilha do Marajó, do qual participei na coordenação, serão
destacados três tipos de produções artesanais bem características da Ilha e
entorno; as entrevistas e dados levantados durante a pesquisa de campo
apontam para a vontade e a preocupação dos artesãos locais no alcance e
manutenção de um mercado consumidor para estas produções. São elas:
artesanatos com uso de talas e fibras naturais, produção de cerâmica e
confecção de peças em couro.

Talas e Fibras
A habilidade no uso de talas e fibras naturais na produção de peças
utilitárias e ornamentais é uma herança que a população ribeirinha do
Marajó recebeu dos mais variados povos indígenas que habitaram a Ilha. Nas
mãos dos ribeirinhos, matérias-primas vegetais como arumã, jupati, tururi e
miriti, dentre outras, transformam-se em cestos, peneiras, luminárias,
porta-garrafas, chapéus, cortinas, quadros, bolsas, brinquedos e o que mais
a imaginação alcançar.
Atualmente, embora presente em praticamente todos os municípios, na
maioria das vezes tais produções se restringem ao atendimento das
necessidades cotidianas daqueles que as produzem. Em algumas localidades,
contudo, os produtores têm se organizado, com ou sem apoio dos governos
locais e federal, no sentido de aumentar a produção, melhorar a qualidade,
obter melhores preços e demandas regulares. Entre estes se encontram os
produtores de cestaria de arumã, nos municípios de Muaná, Anajás, Chaves,
Afuá e Curralinho; os produtores de bolsas e chapéus de fibra de tururi, em
Muaná; os produtores de quadros decorativos e miniaturas de embarcações e
outros brinquedos de miriti e mututi, em São Sebastião de Boa Vista e
Anajás; e os produtores de chapéus, cestos e outras peças em tala de
jupati, em São Sebastião de Boa Vista.

Cestaria de Arumã
Planta da família das marantáceas, muito encontrada nas áreas de
igapós[4], o arumã (Ischinosiphon ovatus) fornece um bom material para
tecer utensílios como paneiros, tipitis, esteiras e outros de uso cotidiano
dos povos ribeirinhos. O Sr. Agostinho Batista, ex-seringueiro, escritor e
atual presidente da associação dos idosos de Muaná, relata que, no tempo em
que foi seringueiro, sabia tecer vários tipos de cestos e utensílios em
tala de arumã, incluindo alguns pouco conhecidos atualmente, como o
panacarica, estrutura trançada que tinha por função abrigar os alimentos da
chuva e dos insetos e, a depender do tamanho, poderia ser usado também como
chapéu ou cobertura de embarcações; a pêra, que nas palavras do Sr.
Agostinho servia para "guardar ovos de galinha ou mutum"; e o Jamaxi,
grande paneiro de formato retangular com amarras de cipó-timboí, usado
preso às costas por alças de tururi. Serve para carregar a produção
agrícola, a caça, sementes, frutos, madeira, borracha ou qualquer outro
produto extrativista.
O Sr. Agostinho tem tentado, em conjunto com a associação dos idosos
do município, manter a tradição dessa produção artesanal e repassá-la aos
mais jovens. Entretanto, o interesse destes em aprender e produzir esse
tipo de artesanato é muito pequeno, tendo em vista que ainda não se
conseguiu constituir, como desejado, um mercado além dos limites do
município. As vendas ficam então praticamente restritas a feiras que
acontecem nos períodos de festa na região, como no caso do Festival do
Camarão, quando a cidade de Muaná recebe um grande número de turistas. Fora
desses períodos, nos quais a produção artesanal local é valorizada,
sobretudo, como artefato simbólico e ornamental, não consegue no mercado
local competir com a novidade, a praticidade e, em alguns casos, os preços
mais baixos dos produtos industrializados que chegam constantemente à
região, principalmente no que se refere às sedes dos municípios.
Em situação similar, artesãs da localidade de Coquerijó, em Anajás e
outras do interior e sede dos municípios de Chaves e Afuá, desenvolveram
uma solução original no sentido de diferenciar as suas produções artesanais
e torná-las mais atrativas aos consumidores que vivem nas sedes e no
entorno dos locais onde produzem. Elas têm mesclado aos seus trançados de
arumã materiais reciclados, como pedaços de plásticos coloridos e cordas
sintéticas. Dessa forma conseguem não apenas atender ao gosto do consumidor
local, que passa a procurar tais produtos nas feiras e mercado da região ou
na casa dos artesãos, como também contribuir com a preservação ambiental,
dando uma destinação adequada a garrafas e sacos plásticos, antes
responsáveis pela poluição dos rios.
Dentre os artesãos produtores de cestos de arumã identificados no
levantamento preliminar do Inventário de Referências Culturais da Ilha do
Marajó, Paulina Tavares, artesã do município de Curralinho, era a que se
encontrava em melhor situação em relação à inserção dos seus produtos no
mercado. Para alcançar uma produção visivelmente de ótima qualidade e
cuidadoso acabamento, Paulina teve a oportunidade de aprimorar o seu
trabalho participando de um curso de capacitação na Fundação Curro Velho,
em Belém, contando ainda com o apoio da Associação dos Municípios do
Arquipélago do Marajó (AMAM) para expor os seus produtos num conhecido
mercado de artesanato em Belém, a Associação São José Liberto.

Peças em Tururi
A Fibra do tururi é extraída de uma palmeira chamada Ubuçu
(Manicaria sacifera), da família das Palmáceas, abundante nas áreas de
várzeas e ilhas, principalmente nos estados do Amazonas, Pará e Amapá. O
seu uso é bem conhecido e documentado entre os povos indígenas, a exemplo
dos Ticuna, habitantes da região do Alto Rio Solimões no Amazonas que
produzem, com esse material, máscaras com pinturas de animais, vegetais e
seres mitológicos, usadas em rituais como o da menina moça. Sueli Magno,
presidente da Associação Flor do Marajó (AFLORMAR), instituição que
congrega as artesãs de tururi de Muaná, brinca afirmando que o saci usava
um gorro de tururi. Segundo relatos locais, a tradição de tecer sacos com
esse material para carregar açaí e outras frutas extraídas da floresta é
muito antiga.

De acordo com Sueli, a associação das artesãs de tururi Flor do
Marajó foi fundada em 1984, para atender a uma demanda de compradores
italianos, interessados em bolsas feitas a partir da casca de coco. Embora
tenham iniciado a produção com esse material, logo sentiram a necessidade
de uma matéria-prima mais acessível localmente, quando então resolveram
substituir o coco pela fibra de tururi na confecção das bolsas. A
experiência foi um sucesso e a proposta agradou tanto, que hoje precisam
terceirizar boa parte da produção a fim de atender às crescentes
encomendas. No período de maiores demandas compram a produção de tecedoras
da cidade de Muaná e se concentram apenas no acabamento das peças.
Atualmente, além da produção de bolsas, são feitos chapéus, descansos para
copos e pratos, luminárias e outros.
Uma parceria com o SEBRAE Pará possibilitou às artesãs a participação
em vários cursos, que resultaram na melhoria da qualidade dos seus produtos
e na inserção dos mesmos no mercado da capital, onde são vendidos na
Associação São José Liberto, Mangal das Garças e na Estação das Docas,
locais principais de fluxo turístico em Belém.
Em 2006, com o apoio do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA),
as artesãs produziram um catálogo de vendas e levaram uma coleção de 60
peças para o Fashion Business, evento de negócios paralelo a um dos mais
famosos eventos de moda do Rio de Janeiro, Fashion Rio 2006.
O governo do município de Muaná, em função das perspectivas de
mercado relacionada à produção artesanal com uso do tururi, resolveu apoiar
a criação de outra associação de artesãs, formada pelas mães de crianças
que integram o Programa de Erradicação do Trabalho Infantil (PET). A
associação, criada no distrito de São Miguel do Pracuuba, próximo à sede do
município, conta com o apoio direto da prefeitura, que viabiliza o
escoamento da produção para feiras em toda a região e também em Belém.

Brinquedos de Miriti e Mututi
O miriti (Mauritia flexuosa) é uma palmeira alta, cujo tamanho pode
chegar a 5 metros, própria de lugares alagados. Suas folhas servem para a
construção de telhados, as suas talas e fibras são usadas na confecção de
inúmeros trançados, esculturas e miniaturas de brinquedo. Em alguns
lugares, sobretudo no estado do Maranhão e outros da região nordeste e
centro-oeste, é mais conhecida pelo nome de buriti.
O mututi (Pterocarpus amazonicus) é uma árvore encontrada na beirada
dos rios, sobretudo na região amazônica, que possui uma madeira branca,
mais dura no caule e mole junto e abaixo da terra. Esta parte, por ser mais
fácil de trabalhar, é a preferida para esculpir miniaturas de barcos e
outros brinquedos. Diferente do miriti, palmeira também usada na confecção
de barquinhos de brinquedo, a madeira do mututi não encharca em contato
direto com a água, o que permite uma durabilidade maior das peças
esculpidas.
A produção de brinquedos e esculturas de miriti e mututi é uma
prática muito comum nos municípios do Marajó. Em São Sebastião da Boa
Vista, contudo, dois artesãos se destacam pela qualidade e originalidade
das suas peças: Seu Nati e Valdirzinho. Seu Nati, 70 anos, aprendeu o
ofício ainda criança; trabalha tanto com o miriti quanto com o mututi. Suas
peças têm mercado certo em vários municípios paraenses, incluindo
Abaetetuba, local conhecido por ser um grande pólo produtor de artesanato
de miriti no Pará. Valdirzinho aprendeu o ofício com Seu Nati, enquanto
ainda criança; desde então foi aprimorando a técnica para produzir uma
grande diversidade de peças - barcos, helicópteros, aviõezinhos, caixas e
quadros. Nos quadros acrescenta ao miriti outras matérias primas como
palha, gravetos e pó de serragem que constituem, em alto relevo, belos e
singulares cenários de paisagens do local, retratos do cotidiano dos
ribeirinhos da Ilha. Em 2003 Valdirzinho participou de uma exposição em
Belém, patrocinada pelo Banco da Amazônia e, em 2006, por intermédio do
Iphan, foi convidado a participar de um curso no Museu do Mar, em Santa
Catarina. Apesar do reconhecimento, ambos os artesãos não possuem ainda um
mercado para a venda regular de seus produtos. Por isso, só produzem nas
horas vagas ou quando há encomenda, dedicando-se a outras atividades
profissionais na maior parte do tempo.
Em Anajás, a mesma situação se repete, com os produtores de
brinquedos feitos a partir do mututi. Por ser um pouco mais pesado que o
miriti, os brinquedos de mututi comportam a introdução de um motor a pilha
ou elétrico, que dá movimento a barquinhos e a aviõezinhos de forma similar
aos industrializados eletrônicos. Contudo, apesar da engenhosidade desses
artesãos locais e embora haja referência de um grande número de pessoas no
município que conhecem o ofício, não há ainda uma produção comercial
significativa. Os artesãos são, na quase totalidade dos casos, autodidatas
que produzem uma quantidade pequena de brinquedos para uso próprio, dos
filhos, parentes, vizinhos e amigos.

Talas de Jupati
O jupati (Raphia Taedigera) é uma palmeira que alcança até 3 metros
de altura. É muito encontrada em praias da região amazônica, onde as folhas
são comumente utilizadas na cobertura de casas.
Na comunidade de Nazaré, em São Sebastião de Boa Vista, encontramos
um grande número de artesãos que produzem peças a partir das talas de
jupati. Apesar de, teoricamente, homens e mulheres dominarem a técnica de
tecer, este trabalho é mais associado a uma atividade feminina, cabendo aos
homens as partes referentes à coleta da matéria-prima e à comercialização
do produto.
As talas de jupati são secas ao sol, desfiadas e depois tingidas para
a produção de chapéus coloridos de tamanhos normais ou miniaturas - estes
últimos muito procurados para compor como enfeites a indumentária associada
às danças das quadrilhas no período das festas juninas. Há ainda o trabalho
de encapar garrafas recicladas de vidro com as tiras de jupati, que podem
ter ou não mensagens tecidas como os dizeres: "lembranças de São Sebastião
de Boa Vista" ou outras similares. Possuem também uma boa aceitação nos
mercados populares do Pará: os matapis, espécie de armadilha que serve para
pescar camarão, confeccionados a partir da combinação de tala de jupati,
cipó timboí e jacitara; e os Cestos de todos os tamanhos para guardar
roupas e objetos, para os quais utiliza-se além de jupati algumas madeiras
como cajurana e marupá. Todos esses produtos são vendidos em mercados e
feiras populares, como o Ver-o-Peso em Belém ou de outros municípios do
Estado.

Cerâmica
A arte de transformar barro em peças de cerâmica é uma tradição
deixada pelos primeiros habitantes da Ilha. Vestígios arqueológicos apontam
a existência de povos ceramistas na região há pelo menos 5.000 anos.
Destes, a civilização Marajoara, que habitou o local no período de 400 DC a
1300 DC, ficou conhecida pela sofisticação de seus grafismos, tornando a
cerâmica marajoara uma das mais significativas expressões da Ilha do Marajó
(Prous, 1992; Schan, 2007).
Ao longo dos anos, a produção de cerâmica entre os habitantes da Ilha
foi perdendo a sofisticação e o simbolismo atribuído pelos primeiros
habitantes do local. Manteve-se, no entanto, na forma de utilitários, ou
seja, objetos com a função de armazenar água e alimentos ou realizar outras
atividades cotidianas.
Raimunda Bastos, moradora da Vila Ceará em Salvaterra, afirma
que o ofício de produzir panelas de barro é praticado em sua família
há muitas gerações, sempre da mesma forma. A modelagem da panela é
feita a mão, sem nenhum tipo de torno, com o barro amassado e
misturado unicamente às cinzas da casca do caripé[5]. O processo
seguinte é a queima numa fogueira, onde a peça é coberta por lenha.
Essa etapa Raimunda prefere efetuar apenas na época de lua cheia; diz
tratar-se de uma precaução para evitar a quebra da cerâmica. Em
outros locais da Ilha foram observados também a prática do polimento
da peça com um caroço de inajá e a pintura com o curi[6] antes da
queima. Depois da queima, as peças recém retiradas da fogueira, ainda
quentes, recebem a pintura de uma resina vegetal chamada jutaícica.
O crescimento da atividade comercial na Ilha e, por conseguinte, o
acesso a bens industrializados, tem ocasionado a substituição das panelas e
potes de barro por outros de alumínio e plástico, definidos pela população
local como mais baratos, práticos, duradouros e atrativos que os produtos
tradicionais.
A diminuição da demanda e, ainda, em alguns casos, a já visível
escassez de recursos naturais, levam à redução gradativa do número de
artesãos dedicados à produção de peças cerâmicas tradicionalmente
utilitárias como: panelas, potes, alguidares, jarras, copos e pratos.
Nazaré Freitas, artesã ceramista da sede do município de Breves,
filha de uma das mais conhecidas ceramistas do local, a Vovó Louceira[7],
afirma ter dificuldades para continuar a sua produção, tanto pela falta de
encomendas, quanto pelas dificuldades em obter matérias-primas essenciais
como o barro e a jutaícica, esgotados em conseqüência dos desmatamentos e
da ocupação desordenada de áreas no entorno das cidades. Nesse caso, os
altos custos de deslocamento ao local onde está a matéria-prima e do
transporte do material, tornam a produção inviável.
Não obstante as dificuldades enfrentadas na produção de cerâmica
utilitária, as réplicas de peças arqueológicas têm se firmado como uma
alternativa favorável à manutenção da vocação ceramista da região. Este
tipo de produção foi identificada nos municípios de Soure, Cachoeira do
Arari, Santa Cruz do Arari e Ponta de Pedras. O artesão Carlos Amaral, de
Soure, entre os entrevistados dos demais municípios, foi o único que
afirmou ter aprendido o ofício com a avó, que segundo o mesmo é descendente
direta do povo Aruã. Afirma ressaltar nas suas peças as conexões entre a
cerâmica marajoara, a medicina tradicional e a religião dos índios Aruã.
Os demais artesãos entrevistados nos outros municípios participaram
de cursos formais no sentido de aprender a simbologia dos grafismos e a
função das peças. O Padre Jesuíta Giovanni Gallo (1927-2003), fundador do
Museu do Marajó, atualmente localizado em Cachoeira do Arari, foi um dos
maiores incentivadores da formação de profissionais nessa linha de produção
como forma de geração de renda para a população local. As peças
arqueológicas encontradas pelos moradores nos diversos sítios da região de
Cachoeira e Santa Cruz do Arari, depois de doadas para o acervo do museu,
serviram de inspiração para a produção das réplicas. As peças
confeccionadas apresentam, na sua maioria, moldes e grafismos da cerâmica
marajoara tradicional: vasos; urnas funerárias; cachimbos; e inúmeras
outras peças de uso cotidiano e ritual, com expressões antropomórficas e
zoomórficas. Os grafismos inspiraram também a produção de bordados
aplicados em peças de vestuário, roupas de cama e mesa, toalhas e tapetes,
cuja produção era vendida para os visitantes do Museu. Em Cachoeira do
Arari, além das réplicas, atualmente os ceramistas têm se dedicado a
criações que retratam cenas cotidianas características do município, como a
luta marajoara e a carroça puxada por búfalos.
Em Ponta de Pedras a qualificação dos ceramistas para a produção de
réplicas ocorreu por iniciativa da prelazia desse município, que tinha o
objetivo de reavivar e valorizar o artesanato local, proporcionando
trabalho aos jovens do lugar. De forma similar ao que ocorreu em Cachoeira
e Santa Cruz do Arari, as réplicas foram feitas a partir de fragmentos de
peças arqueológicas originais ou peças inteiras, que, neste caso, foram
encontradas no município de Anajás. Ponta de Pedras chegou a se constituir
num grande pólo produtor de cerâmica no Marajó, sendo a produção vendida em
Belém e exportada para a Europa por intermédio da Prelazia. Atualmente, com
a perda do mercado internacional em função de substituições na direção da
prelazia e, ainda, a forte concorrência dos produtores de Icoaraci,
distrito de Belém e o maior pólo produtor do estado do Pará, os ceramistas
de Ponta de Pedras praticamente já não conseguem sobreviver da venda de sua
produção.

Artefatos em Couro
A tradição do trabalho em couro na Ilha surge no período colonial,
século XVII, quando tem início a introdução de cavalos e do gado vacum
trazidos de Cabo Verde para outras regiões do Pará e, depois, transferidos
para o Marajó. (Baena, 2004:273 apud Barros, 2005). No Marajó, a criação se
concentrou nas áreas de várzea e campos inundáveis, sendo os religiosos da
ordem dos mercedários os precursores no estabelecimento das fazendas de
gado, principalmente em Soure e Cachoeira do Arari. A introdução do gado
bovino e, posteriormente, bubalino, gerou novos componentes à culinária
local, até então de origem basicamente indígena, propiciando o surgimento
de receitas como o Frito do Vaqueiro e o Queijo do Marajó, hoje referências
de identidade da cultura marajoara.
Atualmente, na maioria dos municípios, restam poucos artesãos
especializados na produção de selas e outros artigos associados ao trabalho
da agropecuária. Nos municípios de Cachoeira do Arari e Chaves tais
produções se destinam, sobretudo, a atender pequenas demandas surgidas na
prática cotidiana do ofício dos vaqueiros locais. As dificuldades de
locomoção, em função das grandes distâncias entre as fazendas e do longo
período das cheias, levam alguns vaqueiros a fabricarem por conta própria,
nas horas de folga, os seus instrumentos de trabalho - selas, arreios,
chicotes e recipientes para transportar facas e alimentos.
Na sede do município de Soure, contudo, por se tratar de uma cidade
de grande fluxo de turistas, além da produção para as fazendas são feitos
também uma série de outros produtos como: carteiras, sandálias, bolsas de
todos os tamanhos, mochilas, estojos, chapéus, cintos e tudo mais que puder
ser transformado em suvenir. As vendas ocorrem no curtume da cidade, onde
foram criadas duas lojas especializadas em artigos de couro, e, também, na
Sociedade Marajoara das Artes (SOMA), associação que congrega artesãos da
cidade, localizada numa das principais ruas do centro de Soure. Esses
locais constituem hoje roteiro obrigatório dos passeios turísticos
organizados pelos hotéis locais. No curtume, sobretudo, os turistas têm
acesso aos tanques onde a matéria-prima é tratada e recebem explicações
sobre as etapas do processo de curtição e tingimento do couro. Embora a
venda para o mercado turístico se constitua numa alternativa de renda
interessante, os artesãos têm sofrido com a sazonalidade da atividade,
sendo clara a necessidade de apoio para encontrar outros nichos de mercado
que sustentem a produção nos períodos de baixa estação.

Conclusão
A produção artesanal do Marajó é bastante diversificada em relação à
variedade dos materiais utilizados e possui um enorme valor simbólico por
ser herança de práticas indígenas e de ofícios coloniais. As produções
feitas a partir de talas e fibras naturais, além da originalidade,
demonstram um ótimo potencial para o mercado de produtos ecológicos. A
falta de acesso à qualificação e apoio para a inserção das peças artesanais
no mercado, têm, contudo, restringido a maior parte da produção ao consumo
próprio ou a vendas sazonais de subsistência.
O caso de sucesso das artesãs de Muaná em relação ao tururi apenas
reforça a idéia de que os produtos têm potencial de mercado e podem se
constituir numa real alternativa de geração de renda para a população
local, desde que contem com uma estrutura de capacitação, apoio à gestão
local, acompanhamento e difusão. Assim, não obstante o empenho das
instituições de Cachoeira do Arari, Santa Cruz do Arari e Ponta de Pedras
na qualificação profissional de seus artesãos ceramistas, sem uma estrutura
que lhes garanta a diferenciação de seus produtos para obtenção de nichos
específicos de mercado, o esforço acabará por se tornar em vão. Neste caso,
em especial, alternativas de agregação de valor a partir de certificação ou
outros instrumentos de diferenciação, como as indicações geográficas, devem
ser pensados como mecanismos de incentivo.
Os dados do inventário também demonstram que o interesse das novas
gerações no aprendizado desses saberes e técnicas artesanais tradicionais
não se encontra dissociado do destaque que determinadas práticas adquirem
no contexto onde vivem. Dessa forma, há de fato muito mais dificuldades
para se encontrar em Muaná jovens interessados em aprender a produção de
cestos de arumã, do que peças em tururi, em função do valor social e
econômico que diferencia tais produções localmente. Assim, o apoio às
produções artesanais, mais do que uma alternativa de renda, possibilita as
populações da Ilha um reencontro com seus antepassados e a valorização da
própria identidade cultural.

Bibliografia
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[1] Doutoranda do Programa de Pós-graduação de Ciências Sociais em
Desenvolvimento, Agricultura e Sociedade da UFRRJ (CPDA), é Mestre em
Sociologia pela Universidade de Brasília. Foi coordenadora do Inventário de
Referências Culturais da Ilha do Marajó e, atualmente, desenvolve trabalhos
no setor de pesquisa do Centro Nacional de Folclore e Cultura Popular
(CNFCP) no Rio de Janeiro.
[2] Associações surgidas a partir do século XII, com o objetivo de
regulamentar o processo produtivo artesanal nas cidades.
[3] Segundo dados do Iphan (2007), Inventário de Referências Culturais da
Ilha do Marajó: levantamento preliminar, foram identificados pólos de
construção naval em 10 municípios (Soure, Muaná, Breves, Ponta de Pedras,
Santa Cruz do Arari, Chaves, Afuá, São Sebastião de Boa Vista, Anajás e
Curralinho). Embora não apareçam dados na pesquisa, não é improvável que
Salvaterra e Cachoeira do Arari, os outros dois municípios restantes da
Ilha Grande, também apresentem alguma atividade, ainda que de pequeno porte
nesta área.
[4] região da floresta amazônica que permanece alagada mesmo na estiagem
dos rios.
[5] Árvore nativa da região amazônica cuja cinza da casca é utilizada para
favorecer a "liga" do barro.
[6] Argila vermelha que tem a função de tingimento.
[7] Vovó louceira, já não produz peças em cerâmica em função de problemas
de saúde em virtude da idade avançada. No entanto, durante muito tempo, foi
uma das mais famosas ceramistas do município de Breves. Recebeu o apelido
por sua habilidade em produzir aparelhos de chá (bule, xícaras, pires e
açucareiro) em cerâmica. Na década de 50, as famílias mais importantes da
sede do município possuíam peças suas.
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