BELCHIOR, Ygor Klain . César, cidades e rumores nas Guerras Civis (49 - 45 a.C). Philía (UERJ), ano XV, n. 52, p. 4, 2014, .

July 3, 2017 | Autor: Ygor Belchior | Categoria: Civil Wars (Roman Republic), Rumor, Julius Caesar
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JORNAL INFORMATIVO DE HISTÓRIA ANTIGA

HILIA

jornal informativo de história antiga

ANO XV

SUMÁRIO

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www.philia.uerj.br

OUT / NOV / DEZ 2014

edições trimestrais desde 1998

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EDIÇÃO Nº 52

CULTURA & SOCIEDADE

Félix Jácomo Neto

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Cidades, suprimentos e rumores nas Guerras Civis (49 - 45 a.C)

TALES DE MILETO E SUA COSMOGONIA FILOSÓFICA

A MORTE DE CÉSAR CONFORME CÍCERO EM DE OFFICIIS III

Acríssio Luiz Gonçalves

Ygor Klain Belchior

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INS 1519-6917

Editorial Tales de Mileto e sua cosmogonia filosófica

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A morte de César conforme Cícero em De Officiis III

O presente texto visa apresentar algumas das doutrinas científicofilosóficas atribuídas a Tales de Mileto, destacando a relação entre seu pensamento e o nascimento da filosofia.

Cícero em De Officiis revisita temas jurídicos e sociais importantes e reconhecidos por uma audiência presumida. E alguns outros ele renova sentido a fatos, mudando-os retoricamente, como faz no caso do assassinato do César.

Lucas Amaya

“Que a terra lhe seja leve...”: reflexões acerca da atividade gladiatorial Rafael Santos

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Siracusa: apoikia estratégica para os gregos na Sicília Paula J. M. Aranha

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Cursos & Notícias

Página 3 coordenação e direção

Imagem: Tales de Mileto. Fonte: Website da Encyclopaedia Britannica

Página 5 Imagem 2: Morte de Caio Júlio César Fonte: Muzeum Narodowe w Krakowie

Maria Regina Candido - UERJ

conselho editorial

CURSO DE EXTENSÃO

FÓRUM DE DEBATES

Anderson de A. M. Esteves - UFRJ Deivid Valério Gaia - UFPel Glaydson José da Silva – UNESP Gilvan Ventura da Silva – UFES

conselho consultivo Julian Gallego - Universidad Buenos Aires Ivan Esperança – UNESP Gilberto da Silva Francisco - UNIFESP

revisão Alessandra Serra Viegas - UFRJ Carla Cristina da S. Lavinas - UERJ Renan M. Birro - UFF

edição e diagramação Andréa Magalhães da S. Leal - UERJ Vinícus Moretti Zavalis - UERJ

INDEXAÇÕES Sumarios.org AWOL

NÚCLEO DE ESTUDOS DA ANTIGUIDADE Rua São Francisco Xavier, 524 - Maracanã RJ Prédio João Lyra Filho, bloco A, sala 9030 Tel.: (21) 2334-0227 - Fax (21) 2284-0547

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HILIA

JORNAL INFORMATIVO DE HISTÓRIA ANTIGA ano xvI | OUT / NOV / DEZ 2014 | EDIÇÃO Nº 52

ESTUDAR O GREGO PARA SENTIR A RESPIRAÇÃO DOS TEXTOS ANTIGOS

Φιλια

Félix Jácomo Neto

Resumo: Este texto apresenta quatro etapas no estudo inicial do grego antigo que contribuem com o desafio de não apenas ler os textos antigos em traduções, mas adquirir o hábito de (re)visitar o texto em seu idioma original. Palavras chaves: Grego antigo; texto original; tradução.

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aprendizado do grego não decepciona jamais estes que o abordam com seriedade, porque é fácil tirar proveito imediato do seu estudo, de colocá-lo incessantemente em relação com as realidades da vida cotidiana, com as questões que não paramos de nos colocar a cada dia" (Levet 2009: 04). O objetivo do presente texto é desenvolver a convicção expressada pela citação acima de que o estudo do grego antigo é recompensante porque podemos tirar proveito do seu estudo desde o início do aprendizado, não apenas no que diz respeito aos temas antigos que são relevantes para pensar as questões de hoje, mas também no que incide sobre a experiência da leitura seja de comentadores seja de fontes primárias antigas. O primeiro passo no estudo do grego antigo é o conhecimento do seu alfabeto, pois é diferente do habitual alfabeto latino que anota vários idiomas modernos, como o português, o inglês ou o francês. Em aparência, conhecer o alfabeto grego pode parecer difícil, mas não é: algumas horas de dedicação já são suficientes para aprender a reconhecer e escrever as letras. Após ser alfabetizado o estudante já começa a tirar proveito do seu conhecimento: entre as pessoas que têm algum hábito de ler artigos ou livros sobre a Grécia antiga, quantas já não passaram pela experiência de saltar uma palavra ou uma frase, pelo motivo que o autor a colocou com letras gregas até então irreconhecíveis para o leitor? Pois bem, uma pessoa alfabetizada em grego já consegue identificar a palavra ou a frase, mesmo que, por enquanto, não saiba seu significado. O segundo passo no estudo do grego antigo é adquirir uma noção básica acerca da lógica sintática do idioma, ou seja, como as palavras se relacionam no contexto da frase de forma a emitir um significado ou uma mensagem compreensível para o ouvinte / leitor. Neste momento, o estudante terá a oportunidade de revisar assuntos da sintaxe do português, como sujeito, predicado, objeto direto, o que é algo

positivo, pois só podemos compreender uma nova linguagem a partir de um bom conhecimento da nossa própria língua. Visto isso, como terceiro momento, o aprendiz já poderá estudar uma classe de palavras particularmente rica: os substantivos. Com eles, o estudante aprenderá que o substantivo ?στορ?α (ou ?στορ?η segundo o dialeto de Heródoto) significa "investigação", "enquete", ou que o substantivo ε?σéβεια significa "piedade", "respeito". Os substantivos não constituem uma classe de palavras como qualquer outra, antes se ligam a noções chaves que conformam as visões de mundo no interior de uma cultura. Com o progressivo conhecimento do vocabulário dos substantivos, o estudante poderá revisitar seus textos favoritos da antiga Grécia, mas dessa vez será capaz de perguntar - e responder - questões como: com qual substantivo (noção) Heródoto e Tucídides caracterizam a sua escrita da História? Usam as mesmas palavras? Se a ideia de regresso como expressa pelo substantivo ν?στος caracteriza a Odisseia de Homero, terá esta palavra alguma importância no outro épico atribuído a Homero, a Ilíada? Não é preciso um nível avançado de grego para conduzir com qualidade investigações deste gênero, mesmo nesta fase o estudante começa a participar ativamente na construção do conhecimento em História Antiga situando-se no interior da linguagem que os antigos usavam para expressar suas ideias, sentimentos, experiências, traumas ou emoções. Em um quarto momento, o estudante entrará em contato com o verbo. Será a ocasião de perceber que, embora todos os seres humanos sejam biologicamente dotados da capacidade de distinguir o antes, o agora, e o depois, as culturas conceitualizam de maneira distinta a sua relação com o tempo e com a sua duração. A atividade de conhecer o que é até então desconhecido sempre traz consigo a possibilidade de lançar um olhar crítico e renovado sobre o que é familiar. Desse modo, será também uma oportunidade para o estudante tomar consciência de que a maneira específica em que a língua portuguesa expressa as relações de tempo

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não é a única possível. Ao fim destas quatro etapas, que pode corresponder tão somente apenas alguns meses, desde que fruto de um estudo sério feito com regularidade, o estudantepesquisador já vai ter saboreado algumas boas horas em contato não apenas com a tradução de um autor antigo, mas também com o texto original, como comenta Gorry (2006/2007: 158) sobre o teatro grego: “as tragédias gregas recompensam visitas reiteradas, não porque elas são novas versões ou lançamentos, mas porque elas esperam por mim, com meu grego que melhora lentamente, para que eu chegue mais perto delas”. A tradução tem o grande mérito de nos permitir ouvir, ainda que imperfeitamente, as vozes dos antigos. Para sentir a respiração que existe por trás de um texto antigo, contudo, não há outro meio senão os reiterados contatos com a língua original.

REFERÊNCIAS Gorry, A. (2006/2007). "On Still Not Knowing Greek". The Classical Journal, 102. 2: 155-158 Levet, J.P. (2009). "Préface", in Faranton-Deleporte. V. Le Grec au Lycée. Paris: Ellipses

Félix Jácome Neto Doutorando em Estudos Clássicos Mundo Antigo - na Universidade de Coimbra Bolsista CAPES

JORNAL INFORMATIVO DE HISTÓRIA ANTIGA ano xvI | OUT / NOV / DEZ 2014 | EDIÇÃO Nº 52

TALES DE MILETO E SUA COSMOGONIA FILOSÓFICA

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Acríssio Luiz Gonçalves *

Resumo: O presente texto visa apresentar algumas das doutrinas científico-filosóficas atribuídas a Tales de Mileto, destacando a relação entre seu pensamento e o nascimento da filosofia. Palavras-chave: Tales de Mileto; filosofia; cosmogonia. .

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nascimento da Filosofia é constantemente apresentado como um momento de ruptura – ou, no mínimo, de distanciamento – para com a mentalidade mítica; Este foi o momento em que os filósofos passaram a apresentar razões para suas opiniões, argumentando a favor de suas doutrinas. Segundo Aristóteles, foi pela admiração (thaumázein) que se iniciou a Filosofia: primeiro, pela perplexidade frente às coisas mais óbvias e, posteriormente, pela inquietação quanto aos fatos e eventos mais complexos, “assim como os fenômenos da Lua, do Sol e das estrelas, assim como a gênese do universo” (Aristóteles, Metafísica, A 2, 982b 12-17). Vale destacar que, no mundo grego, a palavra filosofia era empregada numa acepção mais ampla que na contemporaneidade, designando também aquilo que hoje conhecemos como as nossas ciências, e que os filósofos présocráticos eram basicamente conhecidos como “físicos”: aqueles que se dedicavam ao estudo da natureza e dos fenômenos do mundo natural (Barnes, 1987: 13). Conforme veremos, as preocupações de Tales de Mileto se enquadram sob medida neste domínio, o que o fizera ser reconhecido – inclusive pelo o próprio Aristóteles – como o primeiro representante do pensamento filosófico – e mais precisamente, como o primeiro physicos ou o primeiro filósofo natural. Tales de Mileto viveu por volta de 625 a.C a 545 a.C., e parece bastante provável que nada tenha escrito, uma vez que os próprios antigos apresentam profundas dúvidas sobre sua produção. Simplício, por exemplo, afirma que a tradição reconhece Tales como o autor de uma única obra, a Astrologia Náutica (Simplício, Física, 23.29-33 [KR, fragmento 83: 84]); Diôgenes Laêrtios, por outro lado, afirma que Tales não teria deixado nada escrito, e que a obra Astrologia Náutica não seria de sua autoria (DL, fragmento 23: 18). Mesmo sem haja uma resposta definitiva para essa questão, é certo que nenhum texto de Tales – se é que existiram – tenha

sobrevivido sequer ao tempo de Aristóteles – que sempre se refere à Tales de modo indireto, citando relatos da tradição (Barnes, 1987: 61). Desse modo, para o conhecimento das doutrinas filosóficas de Tales, dependemos inteiramente de registros posteriores, que se conservaram por figurarem como citações em obras de diversos autores antigos, desde Platão, no século IV a.C., até Simplício, no século VI d.C. Dentre as doutrinas filosófico-científicas atribuídas a Tales, a mais célebre relaciona-se à água. Tales teria sustentado que a terra repousa sobre a água e, além disso, que tudo origina-se da água – ou, seguindo ao arcabouço conceitual

Legenda: Tales de Mileto. Fonte: Website da Encyclopaedia Britannica

aristotélico, que a água constitui o “princípio material” do mundo. Tales teria chegado a essa última conclusão, nos relata Aristóteles, ao observar que o alimento de todas as coisas é o úmido, bem como por observar que as sementes de todas as coisas apresentam uma natureza úmida (Aristóteles, Metafísica, A3, 983b 6-14, 20-27). Alguns historiadores contemporâneos afirmam que a concepção de que a terra repousa sobre a água seria um indício da influência oriental no desenvolvimento da cosmogonia de Tales. No Egito antigo, por exemplo – com o qual se sabe que Tales tivera contato –, a terra era geralmente concebida como uma placa plana que se encontrava a descansar por sobre as águas (KR, 1957: 90-91). Tais autores também afirmam que a ideia da água como sendo o princípio originário de todas as coisas surge de mitos orientais, além de parecer figurar também em textos gregos

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anteriores a Tales (Barnes, 1987: 58-60). Entretanto, embora estes autores aceitem que o pensamento de Tales possa ter sido influenciado, direta ou indiretamente, por doutrinas mitológicas precedentes, eles também assumem que Tales tenha abandonado a formulação mítica, o que justificaria o seu título de primeiro filósofo. Segundo a tradição, entre seus tantos feitos, sobretudo em geometria e astronomia, Tales teria previsto um eclipse solar no ano de 585 a.C. – supostamente tendo empregado o uso de registros babilônicos para tal (Barnes, 1987: 15); medido a altura das pirâmides do Egito a partir de suas sombras (realizando a medição na hora em que a nossa própria sombra corresponde ao nosso tamanho); e estabelecido as quatro estações e dividido o ano em 365 dias (DL, fragmento 27: 19). Um belo poema em homenagem a Tales, escrito por Diôgenes Laêrtios, destaca justamente a sua admiração e inquietude com relação as estrelas: “Quando, certa vez, assistia a um torneio de ginástica, Ó Zeus do sol, roubaste Tales, o Sábio, do estádio. Louvo-te por o teres levado para junto de ti; pois que o velho homem não mais podia enxergar, da terra, as estrelas” (DL, fragmento 39: 23). Segundo relatam, Tales de Mileto teria morrido, já bastante idoso, enquanto assistia a uma competição esportiva – vítima do calor, da sede e da fraqueza (DL, fragmento 39: 22). REFERÊNCIAS: ARISTÓTELES. (1969), Metafísica. Porto Alegre: Globo. BARNES, J. (1987), Early Greek Philosophy. Harmondsworth: Penguin Books. DIÔGENES LAÊRTIOS. (2008), Vidas e doutrinas dos filósofos ilustres. 2. ed. Brasília: Editora Universidade de Brasília. Abreviatura: DL. KIRK, G. S.; RAVEN, J. E. (1957), The presocratic philosophers: a critical history with a selection of texts. Cambridge: Cambridge University Press. Abreviatura: KR.

* Mestrando em Filosofia pela UFMG. Bolsista CNPq.

JORNAL INFORMATIVO DE HISTÓRIA ANTIGA ano xvI | OUT / NOV / DEZ 2014 | EDIÇÃO Nº 52

CIDADES, SUPRIMENTOS E RUMORES NAS GUERRAS CIVIS (49 - 45 A.C)

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Ygor Klain Belchior *

Resumo: Este artigo pretende estabelecer uma relação entre rumores e a logística de obtenção de suprimentos necessários às guerras civis entre César e Pompeu. Palavras chave: César, guerras civis, cidades.

Sobre uma guerra civil e seus ricos e sangrentos eventos, até mesmo o historiador latino Publio Cornélio Tácito afirma que não é preciso muita originalidade e nem habilidade de um orador para que o conteúdo narrado agrade a audiência (Tac. Ann. 1, 2). Afinal, guerra é guerra e o fratricídio constante, tema tão comum na literatura sobre esses períodos, a exemplo da obra Farsália de Lucano, para ilustrar outro período deferente do de Tácito, são provas presentes de uma boa leitura e da completa “visualização” do temor que era viver durante esses períodos da História Romana. O que se observa nos estudos é a tentativa constante de estudar esses períodos tendo como objeto das análises históricas o mesmo atrativo que a imaginação anseia quando falamos em guerra: as táticas de batalha, as biografias dos generais, a topografia, as armas e até mesmo o tipo de vestimenta militar. Mas a guerra não é só isso! Ao observarmos a obra Bellum Civile de César, por exemplo, podemos perceber

Imagem 1: Busto de Júlio César Fonte: Museu Arqueológico Nacional de Nápoles

que em quase sua totalidade a Guerra, para César, não se resume à batalhas. Estas, inclusive, compõem parcos momentos de descrições que a meu ver são muito mais importantes para o andamento de uma campanha civil: a obtenção de água, pastagem, madeira e de comida. Aliás, isso fica tão evidente em sua narrativa que a presença de linhas de abastecimentos locais advindas das cidades (oppida/ civitates) próximas ao conflito travado é o objetivo principal para aqueles que estão batalhando. E isso perpassa pela análise dos recursos locais, como o Nilo para Água, em Alexandria, observado no Bellum Alexandrinum, 5, e

também nas dificuldades enfrentadas por César em suas campanhas na Espanha (Caes. BC. 1, 69, 81 e 84), na França (Caes. BC. 2, 22) e, finalmente, na Grécia com Pompeu (Caes. BC. 3), quando os recursos locais passam a ser escassos devido ao cerco, ao clima, a aridez do solo e a tomada dos alimentos para dentro da cidade sitiada. Guerra civil, portanto, é sinônimo de fome (GARNSEY, 1988). Os viveres neste caso são a prioridade e defender seu exército da escassez se torna o exercício diário de um bom general. Cavar poços (Caes. B. Alex. 5), navegar a costa (Caes. B. Alex. 7), cavalgar para o interior em busca de trigo para o saque, procurar gado, comer raízes, folhas e cascas são a prioridade (Caes. BC. 3, 58). As grandes linhas de abastecimentos, neste caso, não funcionam da maneira que deveriam e falta dinheiro na capital para comprar produtos distantes e até mesmo para sustentar a posse da terra (Caes. BC. 3, 20). Afinal, César não se omite em dizer que em muitos casos tempestades atrapalhavam a navegação (Caes. BC. 1, 40; III, 22, 26, 27, 80, 102). Dessa forma, garantir que as comunidades vizinhas possam oferecer o auxílio necessário para tal e também como abrigo aos feridos se firma nesse cenário como a única opção que os generais possuem para continuar a guerra. As comunidades das províncias possuíam comunicação prévia umas com as outras e até mesmo praticavam comércio com aquelas que hoje estavam sitiadas. Os produtos iam e vinham, assim como as notícias. César mesmo diz que determinadas localidades áridas e montanhosas como o norte da Grécia somente viviam de importações de produtos (Caes. BC. 3, 42). Ou seja, neste cenário, é possível perceber que os exércitos poderiam recorrer a produtos locais enviados por cidades, assim como comunicar a sua necessidade para elas e seus habitantes a tal ponto que eles passem a fornecer os alimentos que precisamos de maneira voluntária (Caes. BC. 1, 40). Percebe-se, assim, outro problema para um conflito dessa natureza: quem apoiar em uma Guerra Civil? Se a sua

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comunidade escolhe um lado, você automaticamente se torna inimigo do outro. E esse ato, tal marcante para o fio central deste texto era marcado por dois atos distintos feitos pelas cidades: elas fechavam as portas - praeclusas esse portas (Caes. BC. 2, 20) - ou abriam elas portas aperuit (Caes. BC. 3, 81) - para os exércitos em campanha. Só cabe destacar que em toda a narrativa esse ato somente acontece após uma longa deliberação dos próprios cidadãos que poderiam, e assim o fizeram, depor até mesmo a guarnição

Imagem 2: Mosaico Romano: Peixes e Vegetais (II d.C). Fonte: Vatican Museums

interna contrária aos exércitos que decidiram apoiar (Caes. BC. 3, 11). A comunidade, por sua vez, decidia e também deixava para decidir até o último minuto (Caes. BC. 1, 22, 23, 74). Visto isso aproveito o final deste texto para apresentar nosso estudo de doutoramento em História Social: os rumores. O que se percebe nas guerras civis, para além do quadro descrito acima, são emissários, comerciantes, viajantes, correios e desertores que propagam notícias e rumores, do ouvir falar (audiebat), do rumor enquanto tal (rumor) e do perigo que será enfrentar um general com tanta fama. A guerra civil caminha ao lado! Deste modo, saber de antemão quem apoiar era fundamental. REFERÊNCIAS Cesar, Julio (1988). Alexandrian, African and Spanish wars. With an English Translation by A. G Way. Cambridge, Massachusetts: Harvard University Press. Cesar, Julio. (1990), The civil wars. With an English Translation by A. G Peskett. Edited by G. P Gool. Edinburgh: St Edmundusbury Press Ltd. GARNSEY, Peter. (1988). Famine and food suplyin the Graeco-Roman world: responses to risk and crises. Cambridge: Cambridge University Press.

* Doutorando em História Social pela USP Membro do Laboratório de Estudos sobre o Império Romano - LEIR.

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RECONSTRUÇÕES RETÓRICAS DA HISTÓRIA: A MORTE DE CÉSAR CONFORME CÍCERO EM DE OFFICIIS III

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Lucas Amaya*

Resumo: Cícero em De Officiis revisita temas jurídicos e sociais importantes e reconhecidos por uma audiência presumida. E alguns outros ele renova sentido a fatos, mudando-os retoricamente, como faz no caso do assassinato do César. Palavras chave: Cícero, história, retórica.

O último século antes de nossa era é marcado pela instabilidade política e pelos confrontos sociais. Somente nesse período houve duas ditaduras e um principado, precedidos sempre por guerras civis. Por outro lado, é exatamente neste século que ocorreu o maior florescer cultural e literário em Roma, sendo observados a beira do Lácio a aparição primeira de diversos gêneros literários, como a historiografia, épica, elegia e outros. E um dos maiores símbolos e agente ativo dessas mudanças todas fora Marco Túlio Cícero, um equestre vindo de Arpino e de uma linhagem antiga no apoio à manutenção da Res Publica Romana e sua política externa – como podemos perceber pelo fato de seu avô ter ajudado os romanos em revoltas campestres de sua região.

Imagem 1: Busto do orador Marco Túlio Cícero Fonte: Museos Capitolinos de Roma

Dentre as diversas obras escritas por Cícero, focamo-nos aqui em De Officiis, sua última obra, em gênero epistolar remetida a seu filho e de um teor filosófico muito forte, apesar da clara objetivação política na escrita. Sua composição aconteceu entre os anos de 44 e 43 a.C., quando o orador romano foi assassinado numa perseguição política – prévia da guerra civil entre Otávio e Marco Antônio – e pouco depois da morte de Júlio César, senador que por alguns anos ocupou o cargo de Dictator em Roma. Sob uma temática filosófica, principalmente os estudos sobre a Ética, Cícero faz uma pequena revisão jurídica de diversos fatos, sendo um deles a morte de Júlio César, orquestrada por um grupo revoltoso de senadores e equestres e executada por Bruto, que teria apunhalado o então ditador. Essa visitação a fatos conhecidos

por seu coenunciador presumido serve tanto para a construção de uma dêixis efetiva, quanto para construir uma nova verdade sobre tais fatos, como é o caso que aqui objetivamos. Entre os parágrafos 27 e 30 Cícero discute se seria útil roubar para que diminua sofrimentos e pesares, negando isso ser útil, ou honesto, uma vez que abalaria os laços que mantêm uma sociedade unida e sem elas os homens não poderiam ser. Porém, ainda no parágrafo 29 ele cita Faláride, um famoso tirano da Sicília durante o século VI a.C., e se o matar ou roubar-lhe seria útil. O exemplo não é por acaso: na outra obra que escrevera simultaneamente ao De Officiis, as Filípicas (livro II, parágrafos 80 a 100), Cícero faz referência ao enterro de César como o enterro de um tirano. A resposta de Cícero no De Officiis a sua própria indagação é clara: “Pois aquele [exemplo] relativo a Falaride, o julgamento é facílimo. De fato, nós não temos sociedade com tiranos, ao contrário há suma separação: não é contra a natureza espoliar aquele, se puderes, a quem é honesto matar, e todo este gênero funesto e dos homens ímpios deve ser exterminado da comunidade. Porquanto, como alguns membros são amputados, se os mesmos começaram a carecer de sangue como também de espírito, e fazem mal às partes restantes do corpo, assim essa barbaria na figura de homem e desumanidade de fera pela comunidade deve ser evitada, tanto quanto pela

Há ainda outras duas passagens da mesma obra nas quais Cícero defende o assassinato de tiranos, parágrafos 19 e 92. Se tirarmos o caráter meramente de texto, mas analisando enquanto discurso – ou seja, observando o escrito não apenas omo um texto que existe fora de uma sociedade no espaço-tempo –, podemos observar que a explanação de tal exemplo e da temática, legalidade do assassinato de tiranos, faz-se presente na própria sociedade romana. A existência de Dictatores era prevista no Direito Romano, inclusive poucos anos antes um ditador, Sula, transformara profundamente a organização estrutural das ordens romanas. Mas ao atribuir o

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título de tirano a César, não de ditador, a própria percepção jurídica e ética de sua morte muda.

Imagem 2: Morte de Caio Júlio César Fonte: Muzeum Narodowe w Krakowie

Podemos observar também que tal legalidade, se é que existe, de um assassinato de um tirano serve não apenas para o passado, pois este serviria de jurisprudência para atos futuros. Cícero percebia a disputa política entre Marco Antônio e Otávio e escrevia De Officiis, como ele próprio diz na obra, fugindo pois a Res Publica e sua liberdade já não estariam mais vivas e Roma estaria cheia de homens ímpios e bandidos. Desta forma, o orador romano não apenas muda os fatos de uma forma estritamente retóricas – trocando o título atribuído a César e a partir disso discorrendo sobre a moralidade acerca desse novo título –, como também usa tal mudança como exemplo para o futuro, o que é atestado pelo fato da obra aqui em questão ser destinada aos jovens romanos, e de forma nomeada a seu filho. REFERÊNCIAS CICERO, M.T. De Officiis liber III. Ed. Hubert Ashton Holden. 2ª ed., 9 reimpressão. Cambridge: Cambridge University Press, 1949. ________. Orations – Philippics 1 – 6. Ed. e trad. D.R. Shackleton Bailey. 1ª ed., London: Harvard University Press, 2009. ________. Orations – Philippics 7 – 14. Ed. e trad. D.R. Shackleton Bailey. 1ª ed., London: Harvard University Press, 2009. HARTOG, François. L'histoire, d'Homère à Augustin. Paris: Seuil editions, 1999.

*Doutorando do Programa de PósGraduação em Letras Clássicas da UFRJ.

JORNAL INFORMATIVO DE HISTÓRIA ANTIGA ano xvI | OUT / NOV / DEZ 2014 | EDIÇÃO Nº 52

“QUE A TERRA LHE SEJA LEVE...”: REFLEXÕES ACERCA DA ATIVIDADE GLADIATORIAL.

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HILIA Φιλια

Kimon Speciale B. Ferreira*

Resumo: Através da análise de uma estela funerária objetivamos refletir acerca da prática da gladiatura, focando na profissionalização e na possibilidade de enriquecimento decorrente desta atividade. Palavras-chave: Gladiadores, Epigrafia, Economia.

Os espetáculos de gládio foram uma prática específica e fulcral da sociedade romana. Através de sua análise somos capazes de desvelar informações acerca das paixões cotidianas, do ethos social, do discurso político civilizador, e imperial, e do domínio de Roma sobre o mundo. Os anfiteatros permanentes que se desenvolvem a partir de meados do século I a.C. demonstram-nos o valor e a importância que tal prática desempenhava no mundo romano. A expansão destas construções monumentais pelas mais distintas regiões do Império aliou-se ao discurso do poder imperial romano que utilizava-se do fascínio exercido pelos espetáculos omo uma ferramenta política que auxiliou o diálogo e a aproximação com as elites provinciais. A arena tornava-se em dias de espetáculos o foco das atenções dos cidadãos e assumia uma função pedagógica atuando como difusora do discurso imperial romano. Era ali onde a historicidade do povo romano, suas derrotas e, principalmente, suas conquistas sobre a natureza e os inimigos de Roma se faziam presentes. Ainda no interior do anfiteatro estabelecia-se o diálogo entre os magistrados e a plebe que encontrava neste local a possibilidade de expor as suas concepções de diferentes formas. Neste espaço imbuído de tanta riqueza cultural cabia ao gladiador o papel principal. Esta figura infame, desprovida da fortuna e glória, ao adentrar o campo sagrado da arena metamorfoseava-se no reprodutor do ethos romano: demonstrava a destreza no combate, a coragem, a honra e a aceitação perante a morte. O fascínio e a relevância que estes combatentes obtinham perante a sociedade se faz presente em obras de escritores romanos, nos grafites parietais encontrados em ambientes populares e em estelas funerárias erigidas por familiares e pares dos mesmos. O epitáfio que analisaremos faz parte do acervo em exposição do Museu Arqueológico de Córdoba (Espanha) e, ao lado de outras inscrições da mesma

região hispânica, compõe o corpus documental de nossa tese de doutoramento. Pretendemos ao analisar a epígrafe refletir sobre questionamentos acerca da atividade exercida pelos gladiadores. Probus ¿da equipe Paullianus? Gladiador de tipo mirmilião contra rede, lutou em 99 ocasiões (para Piernavieja: liberto de Paulus de 49 anos), germano de nacionalidade. Aqui está enterrado. Seja lhe a terra leve. Volumnia Sperata dedicou a seu esposo. Publius Volumnius Vitalis dedicou a seu piedoso pai. Que a terra lhe seja leve. A interpretação do texto epigráfico não é unânime, mas nos permite uma riqueza de análise. Segundo Pernavieja, o lutador faria parte de um ludus gladiatori sediado em Córdoba e que fora comandado por um suposto Paullus. Esta possibilidade não deve ser imediatamente descartada diante da comprovada existência de escolas gladiatoriais em diferentes áreas do Império que eram

Imagem 1:Lápide funerária de gladiador Mirmilião atualmente no Museu Arqueológico de Córdoba, Espanha. Fotografia do autor, 2015.

mantidas pelo Tesouro (como o ludi neronianus) ou por lanistas (particulares) que tornavam-se responsáveis por abastecer as províncias de combatentes capazes de entreter os magistrados e a plebe e, desta forma, reproduzir o status quo desejado pelos dominantes. A existência destes ludi privados corrobora com o crescente fascínio e com a subsequente possibilidade de enriquecimento advinda desta prática, o que conduziu um número elevado de homens livres a aceitarem a condição da

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infâmia e a aceitarem o sacramentum gladiatorum Em nossa epígrafe a ausência do cognomen permite-nos inferir que Probus fora um escravo por determinado período de sua vida. No entanto, a presença dos dua nomina e tria nomina nos dedicantes do epitáfio: Volumnia Sperata, sua esposa, e Publius Volumnius Vitalis, seu filho, indicam-nos que ao momento do nascimento deste Probus ainda não havia sido libertado tendo recebido ou comprado a liberdade a posteriori. A quantidade de combates enfrentados pelo mirmilião (99 combates segundo Ceballos Hornero) demonstra o sucesso alcançado por Probus nas arenas. A regulamentação dos preços dos gladiadores presente na Ley Gladiatoria de Italica datada de 178 A.D. permite-nos cogitar uma real possibilidade de enriquecimento nas mãos destes profissionais. Da informação presente na epígrafe podemos supor que a longevidade alcançada na atividade foi reflexo de uma qualidade técnica do lutador, o que corrobora com a hipótese desta ter lhe conferido uma boa rentabilidade que ultrapassava em quinze vezes o soldo anual de um legionário permitindo a seus familiares a oferta da epígrafe post mortem. Por fim, a inclusão da nacionalidade germânica demonstra-nos a ocorrência da circulação destes combatentes pelas diferentes regiões do Império corroborando com a existência de um “mercado global” que permitiu a interação entre as distintas províncias do império possibilitando o abastecimento das arenas com combatentes, animais e materialidades de outras regiões necessárias para os espetáculos. REFERENCIAS: PBALIL, A. La Ley Gladiatoria de Itálica. Madrid, 1961. BARTON, C. A. The Sorrows of the Ancient Roman; the gladiator and the monster, Princeton: University Press, 1996. CEBALLOS HORNERO, Alberto. Los Espetáculos em La Hispania Romana: La Documentación Epigráfica. Museo Nacional de Arte Romano: Mérida, 2004. * Doutorando do Programa de Pós-Graduaçao em História Comparada / UFRJ.

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SIRACUSA: APOIKIA ESTRATÉGICA PARA OS GREGOS NA SICÍLIA

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HILIA Φιλια

Paula Aranha*

Resumo: O presente trabalho busca apresentar, de maneira introdutória, o processo de colonização grega em Siracusa e os motivos que levaram os oikistes de Corinto a escolher esta região para a formação desta apoikia sicilliana. Palavras-chave: Siracusa, Sicília, Apoikia.

A Sicília ocupa a privilegiada posição na região central do mediterrâneo e servia de ligação, por meio das rotas marítimas, entre o continente europeu e o africano. Os habitantes mais antigos da região dividiam-se em três grupos étnicos distintos: os Sícanos, de origem ibérica, que ocupavam a área oriental; os Sículos, povos da Itália meridional que se estabeleceram na parte central da Sicília e os Êlimos, de origem desconhecidas que habitavam a parte ocidental da ilha. É provável, apesar de faltarem achados arqueológicos, que a partir do século XI a.C este lugar tenha sido visitado por Fenícios, que implantaram algumas feitorias, e gregos comerciantes (CALCIATI, 1987:P.15). A migração de gregos para o ocidente começou no século VII e havia sido pensada e preparada anteriormente por meio das aberturas, esporádicas, de emporias para o escambo de artefatos em troca dos preciosos metais e matérias primas da Península Itálica. Essas atividades prepararam o conhecimento Grego a nível geográfico e etnográfico, para o início das migrações no séc. VIII a.C. Assim, conforme Greco (1995:03-59) os elementos não helênicos que já comercializavam com emporias de fenícios de modo pacífico não puseram resistência aos primeiros assentamentos coloniais em lugares estratégicos da Costa Tirrênica para uma mútua interação comercial e cultural. O motivo e a forma em que a colonização dos gregos na Sicília foi realizada é discutida por inúmeros autores. A hipótese principal para o motivo da criação de novas apoikias no período dos séculos VIII-VII a.C., seria a crise em que o território grego passava naquele momento. Claude Mossé (1970) aborda a questão da motivação comercial, pois houve o desenvolvimento da metalurgia do ferro, que gerou a necessidade do endurecimento do metal com a utilização de uma liga de estanho e cobre e, com isso, tornou-se fundamental o estabelecimento e controle de regiões ricas nesses minerais; assim como as rotas marítimas. Magna Grécia e Sicília

despertaram interesse por serem duas regiões ricas em minérios. Além disso, o crescimento demográfico na Grécia extinguiu a busca de novas áreas de abastecimento de cereais, além do Peloponeso. Musti (1994: 66-141) concorda com esta opinião afirmando que a colonização foi certamente uma resposta ao desequilíbrio determinado pela relação entre os escassos recursos e as grandes necessidades durante os chamados

foi ligada ao continente por uma ponte, o que possibilitou, mais tarde, expandir-se para além dos limites do território. Talvez a escolha por Siracusa deveu-se a sua localização em uma área muito favorável, exatamente na rota marítima comercial já estabelecida no período arcaico, possuindo além disso, dois portos naturais de dimensões diferentes, fato que facilitava a troca comercial e o escoamento de produtos cultivados em

Imagem: Mapa do mediterrâneo com destaque na região de Siracusa (Fonte: Dummett, Jeremy. Syracuse, city of legends: a glory of Sicily. London ; New York : I. B. Tauris, 2010, p. xiii)

“séculos obscuros” e representaria uma resposta, que somente em parte exprime uma rebelião espontânea, e também em parte é favorecida ou mesmo suscitada e incentivada pelas próprias aristocracias citadinas. Greco (1995:03-59) acrescenta que estas migrações também fteriam o atrativo da riqueza característica do solo fértil e a riqueza agrária espontânea, devido ao terreno vulcânico. Siracusa foi a segunda apoikia da Sicília, fundada em 734 a.C., como narra Tucídides (6.3), o coríntio Árquias conduziu um grupo de oikistes para Siracusa, estabelecendo-se na ilha de Ortígia, expulsando de lá os sículos. Estrabão (6,2- 4) relata que o fundador Árquias foi a Delfos consultar o oráculo para saber qual região escolher. Tendo o deus questionado sobre escolher a riqueza ou saúde e Árquias escolhido a riqueza, o deus concedeu ao coríntio fundar Siracusa. A ocupação de Siracusa se deu, primeiramente, na pequena ilha de quarenta hectares, chamada Ortígia, onde encontra-se até hoje a principal área monumentalizada da cidade. A ilha logo

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suas férteis terras e enviadas para Corinto. A região estava instalada em uma planície e protegida a oeste por uma cadeira montanhosa, com isso, a defesa natural desta apoikia estaria garantida. O poder de Siracusa cresceu muito em apenas alguns séculos após a sua fundação. No período clássico, a apoikia já era considerada uma das mais importantes regiões do mediterrâneo. Neste período, sua história política mesclou curtos instantes de democracia com governos de tiranos, que incluía a conhecida família dos Deinomenides – Gélon, Hiéron e trasíbulo – além de Dionísio I, famoso por enfrentar Cartago. REFERÊNCIAS: CALCIATI, Romulo. Corpus Nummorum Siculorum: La monetazione di bronzo, 19831987, 3 voll. MORTARA: Calicò, 1987 GRECO, Emmanuelle. Archeologia della Magna Grecia. Bari: Laterza 1995 MOSSÉ, CLAUDE. La Colonisation dans l'Antiquité. Paris: Nathan, 1970. *Museóloga formada pela Unirio. Mestranda em História na UERJ Responsável pelo setor de Numismática do Museu Histórico Nacional

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FÓRUM DE DEBATES

NOVO INTEGRANTE

O Núcleo de Estudos da Antiguidade dá boas vindas ao seu mais novo integrante: a Profª. Drª. Marici Magalhães, arqueóloga do Museu Histórico Nacional. A professora Marici já integrava o grupo de colaboradores do Curso de Especialização em História Antiga e Medieval da UERJ e firmava parcerias em diversos eventos organizados pelo NEA. Agora, efetivamente ela faz parte do Núcleo de Estudos da Antiguidade.

Φιλια

O Núcleo de Estudos da Antiguidade realizará o IV Fórum de Debates no Curso de Especialização (Lato Sensu). O evento acontecerá nos dias 10 de janeiro de 2015, na UERJ - Campus Maracanã ( rua São Francisco Xavier, 524, 9º andar, pav. João Lyra Filho, sala RAV94, entre 13h00 e 17h30. Contamos com a sua participação.

PROCESSO SELETIVO 2015

Vinculado ao Programa de Pós-Graduação em História da UERJ, o CEHAM, como geralmente é conhecido, possui um histórico de excelência acadêmica com exalunos aprovados para o Mestrado. O curso tem carga horária de 360 horas/aula e os participantes recebem a oportunidade de desenvolver pesquisas em História Antiga e Medieval, além de apresentar seus trabalhos em um Fórum de Debates.

CURSO DE EXTENSÃO R454

Catalogação na Fonte UERJ/Rede Sirius/CCS/A Philía: jornal informativo de história antiga. – vol.1,

n.1 (1998) - . – Rio de Janeiro: UERJ/NEA, 1998 – v. : Il. Trimestral. ISSN 1519-6917 1. História antiga – Periódicos. I. Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Núcleo de Estudos da Antiguidade. CDU 931 (05)

NORMAS PARA PUBLICAÇÃO

- 800 palavras ou 5000 caracteres com espaço; - Biografia resumida do autor; - Resumo (35 palavras ou 230 caracteres com espaço) - 03 palavras-chaves; - 02 Imagens com referência; -- Fonte: Tahoma 9, espaçamento entre linhas simples; - 04 Referências bibliograficas. COMO CITAR O PHILÍA

POZZER, K. M. P. Banquetes, Recepções e Rituais na Mesopotâmia. Philía: Jornal Informativo de História Antiga, Rio de Janeiro, Ano XIII, n. 37, p. 5-6, jan./fev./mar. 2011.

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