Biblioteconomia Social: promovendo a leitura e transformando vidas

June 30, 2017 | Autor: M. Interativo do ... | Categoria: Bibliotecas públicas, Bibliotecarios, Biblioteconomia, Incentivo à Leitura, Biblioteconomia social
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BIBLIOTECONOMIA SOCIAL: promovendo a leitura e transformando vidas 1 por Catia Lindemann 2

PRÊMIO DE 32 MIL REAIS DO MEC – O edital era bem claro, o valor do prêmio seria uma recompensa pelo trabalho de boas práticas de leitura, realizado na comunidade e para a comunidade. Concorreram grupos e pessoas físicas, entre eles a Bibliotecária Rosária Costa. Disputando em nível de Brasil, com outras milhares de ações, Rosária obteve a 3ª melhor colocação no Estado do RS e o 11º lugar no país com seu projeto de mediação de leitura com pacientes do CAPS II (Centros de Atenção Psicossocial), iniciado em 2006. O prêmio do MEC dispensava prestação de contas ou mesmo obrigatoriedade de investimentos, pois era uma espécie de gratificação. Rosária poderia gastar como bem entendesse, viajando ou mesmo comprando um carro novo. Mas ela preferiu investir montando um espaço de leitura que há muito já havia imaginado para com seu jeito humanístico e social de fazer Biblioteconomia! “Em algum tempo posso me aposentar, sair da cidade, morar na praia, mas este espaço continuará lá, servindo as pessoas”. (Rosária Costa) Rosária Costa aceitou gentilmente o nosso convite para falar mais sobre seu trabalho e sua atuação como Coordenadora da Biblioteca Pública Municipal de Venâncio Aires (RS).

MURAL: Rosária, a mídia divulgou, nos últimos dias, o prêmio de 30 mil reais que você ganhou do Ministério da Cultura com um projeto sobre as boas práticas de leitura. Você poderia nos falar mais sobre este prêmio?

ROSÁRIA: Trata-se do prêmio 'Boas Práticas e Inovação em Bibliotecas Públicas'. Organizado pela Fundação Biblioteca Nacional (FBN), vinculada ao Ministério da Cultura (MinC).

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Texto publicado originalmente no Facebook do MURAL INTERATIVO DO BIBLIOTECÁRIO. Seção Biblioteconomia Social, 18 set. 2015. 2 Bibliotecária da Universidade Federal do Rio Grande. Linha de pesquisa na área de Ciência da Informação, com ênfase em Biblioteconomia Social, atuando principalmente nos seguintes temas: Direitos Humanos e a Informação, Biblioteca Prisional.

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MURAL: Em abril de 2014 você comandou a “Semana do Livro”, como Bibliotecária responsável pela Biblioteca Pública Municipal de Venâncio Aires. A intenção era promover a leitura e instigar o debate de assuntos ligados à literatura. Concebemos então que, além de organizar as obras do conhecimento e fazer o tratamento técnico das mesmas, você também atua aproximando a comunidade da biblioteca?

ROSÁRIA: Sim, eu acredito que a função do Bibliotecário é muito mais do que processamento técnico, não há sentido em ter um acervo, organizado, informatizado e pouco utilizado. Eu assumi a Biblioteca Pública Municipal em Venâncio Aires no dia 20 de dezembro de 2004 e em abril de 2005 realizei a primeira Semana do Livro, as pessoas nem sabiam o que era Sarau, achavam que era baile, consegui parcerias de artistas e pessoas envolvidas com a cultura local e realizei atividades culturais ligadas a diferentes áreas da cultura hip hop, halloween, ufologia, astronomia, tradicionalista, rock, teatro e sempre participo contando histórias. E outra coisa importante desde o primeiro evento tudo que acontece na Biblioteca é divulgado na imprensa local, jornal e rádios. As atividades da biblioteca serviram como estudo de caso para um TCC de uma aluna de Biblioteconomia da UFRGS.

MURAL: Voltando ainda mais no tempo, em dezembro de 2011, a Biblioteca Pública Municipal de Venâncio Aires, sob a sua coordenação, recebeu do “Fórum Gaúcho pela melhoria das Bibliotecas Escolares e Públicas” um certificado de honra ao mérito pela realização de atividades culturais. Para você, a Biblioteconomia precisa interagir com a Arte e a Cultura, dinamizando sua aplicabilidade e atuando como fator que agrega na comunidade em que a biblioteca está inserida?

ROSÁRIA: Com certeza, todas as bibliotecas devem fazer, mas nas bibliotecas públicas esta função e primordial. A biblioteca pública é o espaço para que todos os cidadãos tenham acesso às manifestações artísticas e culturais.

MURAL: O que você entende por Biblioteconomia Social?

ROSÁRIA: É, para mim, a mais importante das funções da Biblioteca e das atividades de um bibliotecário: PROMOVER A LEITURA PARA QUE ELA TRANSFORME A VIDA DOS INDIVÍDUOS. Infelizmente os cursos de Biblioteconomia voltaram-se tanto para a

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organização e localização das informações através de tecnologias que dessem mais autonomia aos usuários e deixaram de lado as relações humanas, o quanto o ouvir os leitores e indicar leituras, turas, mostrar que determinada informação pode ser mais relevante para ele do aquela que ele estava buscando ando inicialmente é importante. Quando conheci a nova biblioteca de uma grande instituição particular de ensino aqui de um município vizinho e vi, um grande gr VAZIO, um local FRIO, aonde cada um vai até uma máquina, busca o livro que “acha que é o melhor para sua pesquisa”, passa o cartão de sócio em outra máquina e faz a devolução em uma esteira, entra e sai sem falar com ninguém. Fiquei muito preocupada com c o futuro, com os profissionais que vão receber um diploma de ensino superior sem ler, sem conhecer autores de outras áreas que possam contribuir com seus conhecimentos. Num lugar assim, o bibliotecário é só mais uma máquina que faz processamento técnico. técnico

MURAL: De que modo os leitores do Mural podem conhecer mais sobre seu trabalho bem como as ações bibliotecárias dos seus projetos?

ROSÁRIA:

Podem

encontrar

nos

sites

www.venancioaires.rs.gov.br

e

www.folhadomate.com.br. No Youtube basta inserir meu nome e encontrarão duas apresentações minhas contando histórias uma na Feira do Livro aqui no município e outra num Sarau aqui na Biblioteca.

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Esta é Rosaria Garcia Costa, bibliotecária que faz do seu trabalho a verdadeira Biblioteconomia Humanista, erudita em sua essência. Uma profissional que sempre visionou o contexto social da profissão e que, além de organizar os livros, torna-os ferramenta social, promovendo a inclusão cultural de toda a comunidade junto à biblioteca, provando que o fazer bibliotecário vai além do processamento técnico da informação. Isso é Biblioteconomia Social agregando valores e resultados que ultrapassam os limites físicos do acervo, levando a biblioteca para onde estiver a presença do bibliotecário. Para mais informações, acesse: .

Catia Lindemann – CRB/10 -2349 Coordenadora do Projeto Biblioteconomia Social dentro do Mural Interativo do Bibliotecário

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