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May 20, 2017 | Autor: R. Da Silva Rocha | Categoria: Religion, Sociology of Religion, Philosophy Of Religion
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Revista da Igreja Bíblica Fenomenológica Quântica
Fenomenologia da compreensão e da cognição
Ao contrário do que Habermas e Arendt diziam e afirmaram, a capacidade de pensar não se liga à palavra nem depende das palavras, antes, a habilidade linguística é um grau de sofisticação que está além da capacidade comum da maioria das pessoas.
Para pensar através da linguagem é preciso desenvolver um domínio fino da linguagem, do vocabulário, de conceitos articulados e intelectivos, que fogem ao domínio gramatical de quem não tem experiência e vivência superdesenvolvida com as técnicas de modelagem da metodologia científica e da linguagem científica.
Nós não pensamos por meio da linguagem e nem de palavras, mas precisamos da linguagem não apenas para expressar os nossos pensamentos, mas também no contexto de justificação no processo de comunicação com nosso meio social intelectual.
Portanto, a capacidade de comunicação faz parte da camada de comunicação, e não da camada da percepção, de cognição e de inteligência.
Uma vez decididos a comunicar ao mundo exterior e a nós mesmos o nosso saber (consciente, superego), o nosso sentir, o nosso perceber e compreender o mundo, trava-se de começo uma batalha interna para se traduzir na linguagem humana aquilo que faz parte ainda do nosso pensamento sem ainda ter sido materializado em linguagem tudo aquilo que apenas fazia parte dos nossos conjuntos de percepções sensoriais e sensitivas neurônicas, esta transdução verbal vai depender da nossa capacidade verbal de transformar em textos conexos e inteligíveis aquilo que era um conjunto de apercepções e concepções cerebrais.
Então, no processo de exteriorizar através de palavras as ideias e apercepções concebidas no cérebro, precisamos organizar concretamente, materialmente as ideias, descrevendo as sensações subordinado a um certo esquema organizado, ordenado, estruturado e inteligível segundo regras externas ao cérebro inconsciente (ego) que fazem parte da nossa semântica, da nossa gramática, limitados ao nosso vocabulário restrito que é bem menor do que o vocabulário do vernáculo corrente.
Pensar com palavras é uma experiência não humana, o nosso cérebro trabalha com outro algoritmo que está baseado na nossa fisiologia neurônica, e não na nossa habilidade verbal.
As palavras fora de contextos, as frases fora de contextos não passam informações. Então está na hora de nos empenharmos em nossas habilidades comunicativas para escrevermos, para descrevermos e para vocalizarmos pensamentos. Quem escreve textos sabe que a habilidade para se fazer comunicação escrita nada tem a ver com a capacidade de desenvolver uma solução mentalmente, ou oralmente pois são habilidades distintas.
Há pessoas que dominam a capacidade oral para exprimirem seus pensamentos, mas não conseguem fazer o mesmo na capacidade escrita. O oposto também ocorre, pessoas que se expressam melhor escrevendo do que oralmente. Esta é maior prova de que escrever, falar e pensar são habilidades distintas, e mais, pensar não depende de vocabulário, pensar é um fato fenomenológico distinto de comunicar-se para fora de si mesmo, pensar não implica em dominar qualquer linguagem humana ou cultural. Pensar é um ato autônomo, mesmo sem domínio de qualquer linguagem, pois a habilidade de pensar se resolve por si mesma.
A linguagem faz parte do nosso pacto social tácito, assim como certas práticas sociais a linguagem nos obriga a ser utilizada entre pessoas que compartilham da mesma nacionalidade, da mesma comunidade, como uma regra oculta que não deve ser quebrada, pois é uma norma social de adesão voluntária (compulsória) daquelas tais regras invisíveis do mesmo tipo daquelas que dizem que, por exemplo, não se deve peidar em um elevador fechado, mesmo que estando sozinhos nele, que não devemos transar com nossos parentes, que não devemos deixar de nos vacinarmos colocando em risco a comunidade, que não devemos avançar na mulher dos outros, que não devemos cuspir na comida do restaurante mesmo que o cliente não veja, que não devemos misturar água no leite, assim, certos crimes, certos delitos secretos e outros tantos ocultos, e tantos outros compromissos sociais apenas fazem parte do nosso código social insculpido no nosso pacto social fundador da sociedade civilizada.
Quando alguém mistura outra língua estrangeira à nossa língua em nosso território entre os próprios patrícios está fraudando as pessoas que partilham desta comunidade social, no mínimo, quando menos estará enganando, portanto, para que uma nova língua seja praticada, para que mudanças sejam introduzidas na língua deve haver um novo pacto social, porque a língua se torna um patrimônio social, e não um elemento isolado e exclusivo de uma parte da sociedade como estratégia de distinção de status social, é pela língua que o código social de comunicação permite que todos tenham acesso às mensagens que fluem no meio social compartilhado.
A língua se torna um patrimônio coletivo, então não pode ser adulterado, não pode ser sequestrado por um grupo social, e não pode ser ferramenta de exclusão social, a língua deve ser tal que seja sempre um elo de coesão social, por isso que faz parte do pacto social coletivo.
Não existe língua individual, isto se chama código secreto. Para a comunicação ser efetiva deve haver um codificador e um decodificador nas duas extremidades terminais da comunicação, porque a comunicação se aperfeiçoa quando a codificação da mensagem permite que o receptor decodifique de acordo com as mesmas regras como ela foi codificada.
Portanto a linguagem é uma criação coletiva, ela precisa ser aceita e precisa ser compartilhada socialmente, não existe linguagem secreta nem linguagem pessoal, linguagem que não pode ser decodificada chama-se código secreto. Portanto, as regras da linguagem chamada metalinguagem fazem parte dela, da linguagem social, portanto, não existe linguagem pessoal para si próprio, a linguagem existe apenas quando compartilhada com pessoas no território e no tempo contíguo. Podemos aprender outras línguas sem precisar refazermos todo o nosso conhecimento e habilidades, a língua é apenas a camada de comunicação de pensamentos do Front End cerebral, para usar a linguagem da telemática.
O teste da linguagem exige que ela elimine as ambiguidades no seu vocabulário, na verdade, os sinônimos são aproximações permitidas para exprimir os mesmos signos linguísticos de acordo com o desejo de expressar as diversidades de acepções e condicionantes particulares e discrepantes do significado tronco dada pelas palavras, então, a partir de ideias assemelhadas as distinções particulares, peculiares e as nuanças das possibilidades de variações em torno das semelhanças e verossimilhanças permitem adaptar o sentido de acordo com a sutileza da comunicação a expressar as emoções por meio das variações sutis permitidas pela sinonímia.
As opções linguísticas dadas pelos sinônimos permitem variar a sensibilidade da expressão para abarcar os sentimentos, a gravidade, a leveza, a sutileza, a importância, a origem e a autoridade de quem se expressa por meio das variantes de palavras escolhidas cuidadosamente pelo interlocutor.
A fenomenologia começou com uma pergunta feita por Aristocles, conhecido pela alcunha de Platão, quando ele inquiriu, como exigia o método dialético: o que era a linguagem natural? A partir desta pergunta ele então fez o famoso experimento conhecido como o mito da caverna.
Nesta experiência colocam-se pessoas em uma caverna, aquelas que nunca viram a realidade de fora de uma caverna antes, desde os seus nascimentos, então no dia do teste de percepção são projetadas sombras nas paredes da caverna daquilo que acontece fora da caverna, e se pede que descrevam o que elas, as pessoas, veem.
A conclusão do sábio sobre a percepção das pessoas nos levam ao caminho da fenomenologia, ou seja, demonstra que o mundo somente pode ser conhecido através do reconhecimento ou seja, apenas entendemos aquilo sobre o qual tivemos uma informação prévia da realidade.
Isto chama-se anamnese. É como se abríssemos para uma pessoa comum, como no mito da caverna, a tampa de cobertura de uma turbina propulsora de uma aeronave e perguntássemos para pessoa que nunca viu uma turbina que nos descrevesse cada elemento ali mostrado e a sua função.
Fica claro que a percepção da realidade é apenas o reconhecimento de uma realidade anterior, nós apenas reaprendemos sobre o mundo, e reconstruímos a realidade por analogia e verossimilhança. A realidade se apresenta para cada pessoa de acordo com a sua capacidade de reinterpreta-la, este processo chama-se fenomenológico, ou seja, a realidade é um fenômeno pessoal totalmente diverso e incomunicável, de modo que o mesmo tom de azul apresentado a cada pessoa jamais poderá ser comparado com a percepção de outra pessoa sobre a sua capacidade de perceber o tom de azul, a nossa visão do mundo depende da nossa vontade de perceber a realidade.
A dialética complementa este sentido da percepção e da apercepção da realidade, quando a regra áurea da dialética diz que a compreensão da realidade significa uma subsunção daquilo que nos é exposto com a representação mental pessoal daquilo de acordo com a nossa versão reprogramada e reconstruída inevitável; então formamos uma síntese daquilo que nos é exposto com aquilo que achamos que seja ou que deveria ser, a realidade sempre é recriada de acordo com as nossas idiossincrasias. Ninguém lê o mesmo texto da mesma forma, ninguém percebe a realidade da mesma forma, ninguém vê o mundo da mesma forma, todos nós temos a nossa própria versão particular e pessoal da realidade concreta, então o mundo e a sua realidade são recriações nossas, pessoais e intransferíveis, incomunicáveis.
A cognição humana da realidade depende da nossa apercepção e cognição. O olho humano pode ser facilmente enganado com aquilo que chamamos de ilusão de ótica, estes fatos apenas ilustram uma de nossas armadilhas para a percepção daquilo que parece real.
A imagem formada no fundo da retina é invertida e de cabeça para baixo, assim funciona a câmara escura, então o cérebro a recompõe de acordo com a lógica mental com aquilo que mais se aproxima da razão. Então, o cérebro reconstrói a imagem na chamada pareidolia para parecer com algo a que podemos reconhecer, e nem sempre representa o mesmo objeto real. Quando vemos algo que não conhecíamos, recorre o cérebro ao seu acervo e recoloca no lugar da imagem desconhecida algo que ele conhece e que seja mais parecido e mais semelhante com o desconhecido. Como vemos imagens em nuvens, em vidros embaçados, em papel amassado, em borra de café, na água, enfim muita confusão e muito misticismo nasceram dessa confusão entre a percepção e a ilusão causada pela sugestão inculcada pelo cérebro.
Teh bkooc is no teh tblae
A jlanea ad scaa do hmmoe tesá fchadea
A frase não é perfeita, mas com esforço o cérebro é capaz de decifrar.
O cérebro não deixa lacunas vazias. Quando lemos um texto ou quando ouvimos palavras estranhas e inaudíveis o cérebro recompõe a informação preenchendo as lacunas. Este é o perigo da armadilha colocada pela nossa percepção, e isto chama-se apercepção.
O cérebro não aprende nada de novo, tudo que é submetido à nossa percepção passa pela nossa capacidade de reconhecimento, segundo a anamnese, segundo a fenomenologia.
Portanto, tudo que o cérebro faz é sempre reconstruir e reformar, recompor a realidade a partir de uma informação anterior, a partir de conhecimento prévio, é a ideia de pedagogia de Piaget.
A combinação de Piaget com a pedagogia de Vigostsky nos dá uma noção da concepção de consciência dada pela Fenomenologia. O construtivismo piagetiano combinado com a capacidade de fazer analogia descrita por Vigostsky em suas precondições sobre o aprendizado infantil e apreensão da realidade pelas crianças.
Assim como os animais mesmo os inferiores já nascem com instintos, algumas espécies e alguns membros da espécie nascem com capacidade de aprendizado, os serem humanos nascem com capacidades cognitivas, nascem com instintos e nascem com enorme capacidade de aprendizado, e não é mais surpresa que os humanos nascem com uma quantidade surpreendente de informações e de habilidades inatas, ou, transferidas geneticamente. Ou pré-disposições genéticas para estas habilidades, assunto um tanto controverso entre os evolucionistas e lamarkianos.
O mundo é uma representação da nossa vontade. "O mundo como vontade e representação" é um título de obra de um grande fenomenologista chamado Schopenhauer. Porque o mundo que conhecemos é o único mundo possível dado que o mundo somente existe pela nossa vontade, a diferença entre estar vivo ou morto, entre existir e saber-se existir é apenas a representação e a vontade de acreditar na realidade.
Pela fé acreditamos em tudo que vemos, ouvimos, cheiramos, tateamos, comemos, bebemos, lemos, tudo que existe no universo foi recriado em nossa memória através da anamnese, tudo que é novo e estranho vai cair no âmbito do reconhecimento através da analogia, que é a visão imediata da realidade provisória. Aprende-se a degustar o vinho, o caviar, a carne vermelha, o sal, o doce, enfim os gostos são apreendidos.
A nossa caixinha de recordações tanto é maior quanto mais informações colocamos nela, e a este acervo chamamos apreensão, aprendizado, conhecimento e representação. O mundo é uma representação pessoal da realidade que nunca saberemos dela de modo absoluto e real. A realidade é uma virtualidade pessoal, idiossincrática e, portanto, eidética, assim, a explicação religiosa não pode exprimir-se em buscar a sua justificação racional em sua própria essência autobibliográfica, seria uma auto-justificação teleológica, uma causação circular cumulativa, por conseguinte, redundante e irrefutável.
As justificativas religiosas precisarão buscar suas fontes de confirmação fora dos cânones sagrados se quiser sobreviver no mundo da Ciência, no mundo filosófico, no mundo secular, já que está garantida de maiores controvérsias, guardadas as proporções do mundo não-religioso. Isto não isenta de modo algum que grandes controvérsias estejam abafadas dentre os teóricos religiosos que não se socorrem de outros meios do que a própria escritura sagrada, e Martin Lutero é o maior exemplo de todos.


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