Boavida, Isabel (2013). Díli: Formação do espaço urbano numa colónia marginal

July 9, 2017 | Autor: Isabel Boavida | Categoria: Urban History, Portuguese Timor
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Copyright © 2013 by Department of Civil Engineering of the University of Coimbra All rights reserved. Editors: Nuno Norte Pinto and Alexandre Almeida The present volume contains the short papers and abstracts reviewed and presented at PNUM 2013, the 2013 Annual Conference of Portuguese Network of Urban Morphology, held in Coimbra on June 27 and 28, 2013. Cite as: In N. N. Pinto, A. Almeida (Eds), Book of Abstracts of PNUM 2013, the 2013 Annual Conference of Portuguese Network of Urban Morphology, Coimbra, June 27 and 28, 2013, Coimbra: Department of Civil Engineering of the University of Coimbra PNUM 2013 had the institutional support of: Com o alto patrocínio de Sua Excelência O Presidente da República International Seminar on Urban Form CPLP Associação de Professores de Geografia (APG) Universidade de Coimbra Associação Portuguesa de Geógrafos Associação dos Urbanistas Portugueses Câmara Municipal de Coimbra CIPAL – Conselho Internacional dos Arquitectos de Língua Portuguesa Escola Superior de Gallaecia Direcção Geral do Património Mundial

Coimbra, Portugal

Índice Table of Contents Índice ................................................................................................................... v Comité Organizador ...........................................................................................ix Comité Cientifico .................................................................................................x PNUM 2013, Coimbra e a Universidade de Coimbra ........................................... 1 Resumo Submetido pelo Professor Manuel da Costa Lobo ..................................... 3 SESSÕES TEMÁTICAS ESPECIAIS.................................................................. 7 “Cinema e Forma Urbana” ..................................................................................... 9 “Detecção Remota, Análise Espacial e Forma Urbana” ......................................... 19 “O Ensino da Morfologia Urbana” ....................................................................... 31 “Forma Urbana – Regulação e Execução” ............................................................. 51 “Morfologia Urbana e Riscos Naturais” ................................................................ 69 “Coimbra e as Densidades Centrais” ................................................................... 103 “Projecto Urbano e o Ensino da Arquitectura” ................................................... 119 “Criação e Transformação do Espaço Urbano nos Territórios Coloniais Portugueses no Longo Século XIX (1778-1926)” .................................................................... 145 “As Formas Urbanas na Periferia das Cidades” ................................................... 159 SESSÕES PARALELAS .................................................................................. 177 ÍNDICE DE AUTORES ................................................................................. 569

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“Criação e Transformação do Espaço Urbano nos Territórios Coloniais Portugueses no Longo Século XIX (1778-1926)” Coordenada por: Prof.ª Alice Santiago Faria e Prof. Sidh Mendiratta ”Design and Transformation of the Portuguese Colonial Urban Space in the long XIX Century (1778-1926)” Coordinated by Prof.ª Alice Santiago Faria and Prof. Sidh Mendiratta

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Díli: Formação do espaço urbano numa colónia marginal Isabel Maria Guterres BOAVIDA1 Estudante do Programa de Doutoramento “Patrimónios de Influência Portuguesa” - Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra Colégio de S. Jerónimo, Apartado 3087, 3000-995 Coimbra, Portugal +351 239 855 570, [email protected]

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Palavras-chave: Díli, Espaço urbano, Timor

Resumo Díli foi fundada como sede da administração portuguesa em 1769. O processo de formação do seu espaço urbano integra-se cronologicamente no longo século XIX. No entanto, a posição que Timor ocupava no extremo do império, dificultava as comunicações com a metrópole, com Goa e com Macau, o que se refletia na aplicação tardia, quando não inexistente, das políticas que vigoravam. Através da evolução do espaço urbano de Díli, analisar-se-á de que forma o crescimento urbano que caracterizou o longo século XIX, se fez sentir nas condições de extremo isolamento de Timor. Inicialmente, Díli estabeleceu-se como praça fortificada, para abrigar a comitiva portuguesa. Só na década de 30 do século XIX (1834-1839), foi criada uma estrutura urbana, através da regularização dos arruamentos, e da abertura das primeiras artérias de ligação com as zonas circundantes. Na segunda metade do século XIX (1859-1863), a vila de Lahane começa a surgir como pólo da cidade, transformando-se no lugar onde os europeus estabeleciam preferencialmente residência, para se refugiarem do clima insalubre de Díli. Nesta vila, localizada na encosta da montanha, a poucos quilómetros do núcleo urbano, seriam construídos o hospital, e a casa do governador. Gradualmente, os edifícios de palapa e colmo iam sendo substituídos por construções de carácter permanente, capazes de resistir a incêndios e terramotos, que no passado tinham devastado da cidade. Díli dispunha-se ao longo da linha marginal, prolongando-se para nascente, através do Campo de China e do bairro de Bidau, e para poente, em direção a Motael, onde foi construído o farol de apoio à entrada na baía. 152

Os terrenos pantanosos localizados a sul da cidade, representavam um grave problema de saúde pública, que constava no leque das principais inquietações da administração. Nos finais do século XIX, tiveram lugar as primeiras obras de saneamento, nomeadamente, a regularização e controlo dos cursos das ribeiras, e a drenagem dos terrenos pantanosos. A partir de então, durante a primeira metade do século XX, procederam-se a diversas operações de saneamento e embelezamento da cidade. A urbanização de Díli resultou da aplicação, lenta e fragmentária, de várias medidas, que tinham como objetivo ultrapassar as carências e dificuldades próprias da cidade, gerindo os meios disponíveis para alcançar condições básicas de habitabilidade, e ambicionando, ao mesmo tempo, dignificar Díli, elevando-a à qualidade de sede administrativa colonial. Importa ainda compreender o contexto político-administrativo que enquadrou a urbanização de Díli. O já referido afastamento geográfico, transformou Timor numa preocupação secundária para a metrópole, e num peso extra para Goa e Macau, das quais dependeu administrativamente, e que se viam obrigadas a cobrir as suas carências, quando elas próprias sofriam privações. A dificuldade de controlo administrativo, levou a que o domínio português de Timor se efetivasse tardiamente. O controlo da totalidade do território só se verificou em 1913, após um longo período de campanhas militares contra vários reinos que, desde meados do século XIX, se revoltavam contra as imposições da administração colonial (pagamento do imposto, prestação de serviços quase gratuita). A própria mudança da sede da administração de Lifau para Díli, em 1769, tinha sido impulsionada por pressões levadas a cabo por chefes locais, relativamente às quais, a frágil estrutura portuguesa não conseguiu fazer frente. A construção de Díli como sede administrativa esteve, assim, inserida num período de afirmação colonial em Timor. Os relatórios dos governadores, e sobretudo os relatórios dos quadros superiores das repartições públicas (relatórios dos serviços de saúde, relatórios da gerência do Banco Nacional Ultramarino, etc.), para além de fazerem referência a vários aspetos da vida urbana, permitindo reconstruir o processo evolutivo da cidade, remetem também para as dificuldades com que este se processou, deixando transparecer o sentimento de impotência perante a escassez de meios financeiros, materiais e humanos, numa cidade onde tudo era necessário e urgente fazer. Em Timor, a alteração política em 1910, e as que se seguiram, não terão trazido grandes alterações, uma vez que as necessidades continuavam a ser as mesmas. O processo de urbanização de Díli terá continuado a decorrer 153

consoante as possibilidades e, por vezes, marcada pela falta de organização na gestão dos recursos. Este processo moroso, só será interrompido em 1942 (Figura 1), quando, no contexto da guerra do Pacífico, Díli foi bombardeada e reduzida a escombros, o que obrigou à reconstrução praticamente integral da cidade, a partir da década de 50.

Figura 1: Esquema de Díli, anteriormente à ocupação japonesa em 1942. Fonte: “Urbanografia de Díli no Tempo da Administração Portuguesa”

Referências [1] Banco Nacional Ultramarino (1911), Carta Redigida pelo Gerente da Filial de Dili. 1911-03-06 [2] Banco Nacional Ultramarino (1923), Relatório do Exercício de 1923 da Filial de Díli – 2ª Parte, Díli [3] Boavida, Isabel (2012), Urbanografia de Díli no Tempo da Administração Portuguesa, Dissertação de Mestrado Integrado em Arquitectura, Universidade de Coimbra [4] Castro, Affonso de (1867), As Possessões Portuguesas na Oceania, Imprensa Nacional, Lisboa 154

[5] Mora, António Damas, (1917), O Serviço de Saúde em Timor nos anos 1914, 1915 e 1916 – Relatório do Delegado de Saúde, Imprensa Nacional de Timor, Província de Timor [6] Silva, J. Gomes da (1887), Relatorio do Serviço de Saude, Typographia Mercantil, Macau

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