Book Review Livro do Desasocego

June 3, 2017 | Autor: M. Sampaio | Categoria: Portuguese Literature
Share Embed


Descrição do Produto

REVISTA DE ESTUDOS LlTERARIOS

Publicas:ao Anual DIRETOR

Jose Augusto Cardoso Bernardes COORDENAC;AO DO N." 2

Manuel Portela

REVISTA DE ESTUDOS LITERARIOS

COMISSAO REDATORIAL

2012102

Alberto Sismondini, Alexia Dotras Bravo, Ana Maria Machado, Antonio Apolimlrio Lourens:o, Carlos Machado, Cristina Mello, Maria de Jesus Reis Cabral, Maria Helena Santana, Osvaldo Manuel Silvestre, Paulo Pereira, Ricardo Namora e Sara Augusto. COMISSAO CIENTIFICA

Joao Dionisio (UL); Frederico Lourens:o (UC); Saulo Neiva (U. Blaise Pascal, Clermont-Ferrand); Helio J. S. Alves (Universidade de Evora); Yanda Anastacio (UL) ; Ivan Teixeira (U. Texas); Burghard Baltrusch (U. Vigo); Maria de Fatima Marinho (UP); Paulo Franchetti (Unicamp); Carlos Mendes de Sousa (UM); Elena Losada (U. Barcelona); J. Candido Martins (U. Catolica); Sergio Guimaraes de Sousa (UM); Antonio Sousa Ribeiro (UC); Abel Barros Baptista (UNL); Maria Isabel Rocheta (UL) APOIO

A REDAC;AO

Gras:a Pereira EDIC;AO E PROPRIEDADE

Centro de Literatura Portuguesa (CLP) Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra Largo da Porta Ferrea 3004-530 Coimbra, Portugal clp @ cLuc.pt www.uc.pt / clp DESIGN GRAFICO FHA. IMPRESSAO Papelmunde SGM DEPOSITO LEGAL 328978 /1 1 ISSN 2182 - 1526

Solicita e correspondera a permuta com outras publicas:5es S e solicita y se acepta permuta de publicaciones Acceptera volontiers l' echange d 'autres puhlications REL is willing to exchange its annual volume with other journals

Esta publicas:ao e financiada por Fundos Nacionais atraves da FCT (Fundas:ao para a Ciencia e Tecnologia), no ambito do projeto PEST-OE/ELT/UI0759/2011 do Centro de Literatura Portuguesa. Os artigos publicados na revista sao submetidos a uma avalias:ao cientifica previa (peer review).

Publicarrao Anual Centro de Literatura Portuguesa Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra

iNDICE

INTRODUC;:AO

L1TERATURA NO SECULO XXI

Manuel Portela

5

SECC;:AO TEMATICA: LlTERATURA NO SECULO XXI

WEAPONS OF THE DECONSTRUCTIVE MASSES (WDM): whatever ELECTRONIC LITERATURE mayor may not mean

John Cayley

25

COMO LEMOS N6s: CLOSE, HIPER, MAoUINA

N. Katherine Hayles

57

uTAMBEM TENHO PAPEIS .. : MEM6RIA DA ESCRITA NA IDADE DIGITAL

Carlos Reis

97

CONTRIBUTOS PARA UMA TEORIA OUANTICA DO CIBERTEXTO

Pedro Barhosa

121

POESIE NUMERIOUE: DU CYBERTEXTE AUX FORMES PROGRAMEES

Philippe Boot'{

185

AUTOAUTOR, AUTOTEXTO, AUTOLEITOR: 0 POEMA COMO BASE DE DADOS

Manuel Portela

203

A RECONFIGURAQAo DA L1TERATURA (FICQAO) NO CONTEXTO DOS NOVOS MEDIAS (FICQAo, E-TEXTOS, HIPERTEXTO E VIDEOJOGOS: "MAoUINAS L1TERARIAS .. ?)

Luis Filipe B. Teixeira

241

RE-IMPLACEMENT: THE METAMORPHOSIS OF LITERARY SPACE

INTRODUc;Ao

IN THE CYBER-CITIES

LITERATURA NO SECULO XXI

Teresa Vilarino Picos

277 Manuel Portela

CADAvER ESQUISITO, LEITOR CIBORGUE E INSCRIQAO MAGNETICA: TR~S VISOES DO TEXTO ELETR6NICO

Daniela Cortes Maduro

Universidade de Coimbra

297

ERIC CHEVILLARD, ENTRE 0 IMPRESSO EO DIGITAL

Dominique Faria

335

rarios' foi assim apresentado na convocat6ria de artigos, public ada

COMENTARIO, OU A IMPORTANCIA DO LEITOR NA CAIXA

em 2009:

DE COMENTARIOS DE PAPEL DE FANTASIA

Miguel Fernandes Ceia

o tern a proposto para 0 segundo volume da Revista de Estudos Lite-

357 Ao lange dos seculos XIX e XX,

NO "LABIRINTO .. , LlBERDADE: ESTUDO SOBRE A RELAQAO ENTRE EKPHRASIS E HIPERTEXTO EM VASCO GRAQA MOURA

Diana Pimentel

0

desenvolvimento do regime de

representas:ao dos media concorreu com os regimes de representas:ao

379

baseados na letra e na escrita. Nas ultimas decadas a literacia digital acelerou a contaminas:ao entre a escrita da letra e a escrita do digito.

SEc~io Nio-TEMATICA

Enquanto corpo instavel de textos e praticas discursivas, a instituis:ao da

POR QUE E PRECISO RENUNCIAR A B~NQAO? MARIA GABRIELA

literatura sofre agora os efeitos da textualidade eletronica. 'Literatura

LLANSOL E SIMONE WElL

Pedro Eiras

no Seculo XXI' procura pensar a crias:ao e a materialidade literaria no

411

ticas, bern como a reconfiguras:ao das condis:oes classicas de produs:ao,

PROFlssio

distribuis:ao e receps:ao. Alem dos topicos referidos, sugere-se a ana-

VIDA CARREIRA PROFISSAO LETRAS

Maria Irene Ramalho

novo contexto tecnologico, incluindo as suas implicas:oes esteticas e cn-

431

lise de obras e praticas que permitam perceber os processos em curso e antever a reconfiguras:ao futura do campo literario.

ARQUIVO

Ana Hatherly

439

SOBRE os AUTORES

471

o foco de atens:ao deste volume dirige-se para os aspetos tecnol6gicos e materiais que tern transformado as praticas de crias:ao, comunicas:ao e leitura litera ria, e cujos efeitos se fazem sentir transversal-

RECENSOES

483

1 A fase de preparajfao deste volume contou com a colaborajfao de Fernando Matos Oliveira,

A REINVENQAO DA LEITURA (1975)

que acabou por nao poder assumir a coorganizajfao, como estava previsto. Agradejfo a Fernando Matos Oliveira todo 0 apoio inicial.

506

I RECENSOES

ao ponto de Antonio Candido Franco se referir a uma inexplicavel "tese do parn'cidio ansioso .. (p. 83), quando, de facto, aquilo que se defende e urn renascimento da figura paterna suh species Pascoaes, por orfandade tardia e for~ada (dai, jocosamente, ser apelidado de pai tardio). Assim sendo, 0 unico interesse da obra Teixeira de Pascoaes nas palavras do surrealismo em porrugues reside na apresenta~ao de informa~oes relevantes para a compreensao do funcionamento do campo literario, no que diz respeito a logica de for~as criadas na sequencia de cumplicidades e amizades geradas no seio do desenvolvimento de projetos comuns relacionados com 0 movimento surrealista portugues. Contudo, apesar do interesse de que estas questoes se poderao revestir para os estudiosos do movimento, afigura-se claro que a obra publicada fica muito longe de justificar as pretensoes do seu titulo e as ambi~oes do seu autor (ou vice-versa). Nessa medida, 0 unico consolo que podera sobrar ao lei tor reside, por urn lado, na beleza dos desenhos de Delio Vargas e de Cruzeiro Seixas e, por outro, em reveladores momentos de devaneio linguisrico e lexical do seu autor. Estes permitem-nos sorrir sobranceiramente, dada a megalomania dos seus delirios pseudo-filosoficos, i1ustrada paradigmaticamente na frase seguinte: "Percebe-se: sabe tao bern neste rincao pachoucho ser moderno e europeu. Ninguem doutro modo se salva, muito menos no Portugal del am-

LlVRO 00 OESASOCEGO

tomos na 'Serie Maior' da Edi~ao Cnrica de Fernando Pessoa, da INCM. Seguindo 0 exemplo da primeira edi~ao do livro (Atica, 1982), da responsabilidade de Maria Aliete Galhoz, Teresa Sobral Cunha e Jacinto Prado Coelho, JP mantem a ortografia original, procede igualmente ainser~ao das cotas do Espolio, optando, porem, pel a escolha pessoana mais tardia da palavra "desasocego... 0 efeito de estranheza ou de desfamiliariza~ao do lei tor perante este ultimo LD e intensificado pelo retardamento do ritmo de leitura que decorre da prolixidade de simbolos tipicos das edi~oes cnticas, da transcri~ao dos tracejados pessoanos a separar fragmentos, e de todo urn conjunto de sinais graficos que obrigam 0 olhar a deter-se mais tempo na forma e no significante. Assim, como se convidado a urn exercicio de desaprendizagem, pela desautomariza~ao da perce~ao e pelo nao reconhecimento imediato (ou por urn reconhecimento mais lento), 0 leitor com maior intimidade com a obra pessoana podera ser mesmo levado a ver certos segmentos (quase) como se os visse pela primeira vez, como no famoso texto "Peristylo.. : "Cysne de desassocego [sic] rhythmico, lyra de horas immortaes, harpa incerta de pesares / mythicos/ ( ... ).. (p. 25). Ou seja: a dissociar, por breves instantes, 0 ato de ver do ato de ler. Num momento em que 0 Novo Acordo Ortografico continua a ser morivo de polemica, ocorre pensar numa profunda ironia: Pessoa, acer-

bido da cultura, cheio de tiquetaque e urticaria ao espelho duma Europa grauda e grossa.. (p. 13). Carlos Machado

LlVRO DO DESASOCEGO, Tomo I e Tomo II, ediyao crltlca de Jer6nimo Pizarro FERNANDO PESSOAIBERNARDO SOARES Lisboa, Imprensa Nacional-Casa da Moeda, 2010 (Serie Maior, Vol. XII) 1095 paginas,ISBN: 978-972-27-1849-3

Em Dias Comuns V. Continuafiio do Sol (2010) - 0 ultimo diario vindo a lume de Jose Gomes Ferreira (relativo ao ana de 1968) - , 0 autor deleita-se a saborear a ortografia da primeira edi~ao de Clepsydra e alonga-se em exercicios fantasiosos sobre as possiveis emo~oes do seu primeiro leitor: "Desfolhei-o com a lentidao de quem caminha num museu. Ou procura urn rasto .. (p. 26). Noutro passo da mesma entrada, escreve: "Hei-de pedir aos meus filhos e aos filhos dos meus filhos que nao se desfa~am desta primeira edi~ao de Clepsydra de 1920 que a ausencia de numera~ao, os yy, os phs, as letras dobradas, os acentos circunflexos tornam os versos mais belos e estranhos.. (ihid.). Identica sensa~ao de estranhamento (qui~a, de prazer) tera, decerto, oleitor da edi~ao critica de 0 Livro do Desasocego, levada a cabo por Jeronimo Pizarro em 2010, e publicada em dois

..

I

rimo defensor de uma grafia etimologica, hostil a Reforma Ortografica de 1911, parece vir dizer-nos agora da historicidade da lingua e da ortografia, sujeitas estas as leis dos homens e dos povos, nao sendo a liberdade de tra~ar mais do que uma utopia barthesiana. A reflexao que esta edi~ao de imediato suscita sobre a lingua e a linguagem e prova de que estamos perante urn serio trabalho de filologia que evoca a li~ao de Humboldt, ao mesmo tempo que reaviva a teoria de Paul de Man, de entre outros nomes contemporaneos de relevo, sobre a importancia da filologia na revitaliza~ao dos estudos literarios na atualidade, desde que liberta, na medida do possivel, da interpreta~ao e da especula~ao. Para os leitores que recuam perante os escolhos de uma edi~ao cntica como a publicada, 0 volume anuncia uma outra edi~ao com ortografia atualizada e sem notas, a surgir na 'Serie Menor' (assim postulando, sem subterfUgios, pUblicos distintos). A surpresa de uma nova edi~ao de 0 LD, dois anos apenas apos a de Teresa Sobral Cunha (Relogio d' Agua), vern juntar-se 0 "paradoxo .. enunciado pelo proprio editor no texto de Apresenta~ao do Torno I: 0 de oLD, que tendo "mais de mil paginas [ser] uma edi~ao mais volumosa que propoe urn corpus textual mais reduzido e menos fragmentado .. (p. 7). A simples consulta do fndice Geral, que consta do Torno II, i1umina em parte tal paradoxo, ao deixar-nos entrever a herculea tare fa lev ada a cabo pelo perito

507

508

I RECENSOES

em critica genetica e textual que e Jeronimo Pizarro. De facto, 0 LD (0 Texto Critico), apresentado no Torno I, ocupa apenas 424 paginas. no total das 1095 que constituem os dois tom os, havendo ainda a registar, no primeiro torno, uma sucinta Apresenta~ao (4 pags.) e do is Apendices (79 pags.) 0 Torno II, incorporando urn "Estudo» inicial de 88 paginas e "fndices» - fndice topografico; fndice de primeiras linhas e de titulos; fndice Geral (45 pags. ao todo) - e, sobretudo, constituido por urn gigantesco Aparato Genetico de 442 paginas. E e no percorrer deste ultimo territorio textual que se reconhece 0 trabalho de rigor e exaustividade de urn editor que veio, definitivamente, revolucionar a atividade editorial do espolio pessoana e mostrar quao lacunar, em todos os sentidos, e ainda, no seculo XXI, 0 nosso conhecimento da obra pessoana. Se outros meritos nao tivesse, este empreendimento da possivel restitutio textus do LD, pelo monumental aparato critico que 0 acompanha, contribui, paradoxalmente, para por a nu a falacia do original texto "pessoano» do LD que temos lido ate agora (qualquer que seja a edi~ao), ao colocar em alto relevo o papel ativo de todo 0 editor sempre que torna pUblico urn livro inedito, nao organizado pelo autor, e, especialmente, quando esse "livro» tern de ser reconstruido a partir de fragmentos com variaveis graus de acabamento. A ostensiva visibilidade do editor (a imagem do que que acontece com a entidade do tradutor nas ultimas deca-

LlVRO DO DESASOCEGO

das) poderia ser 0 sinal do fracas so do proprio projeto da edi~ao critica, ou melhor, da impossibilidade de publica~ao de urn LD com uma assinatura mais pes soan a do que a das edi~oes anteriores. Mas, bern pelo contrario, esta edi~ao critica, pontuada com reprodu~oes fac-similadas de manuscritos e datiloscritos de Pessoa criteriosamente selecionados, revela-se preciosa para qualquer estudioso do LD (e da obra de Pessoa em geral), nao precisando 0 leitor, como diz JP a dado momenta no Estudo inserido no Torno II, de "acreditar por urn acto de fe puro e simples, no Livro que [a] edi~ao propoe» (p. 532). De facto, 0 Aparato Critico e, em si mesmo, passivel de urn estudo autonomo, sendo 0 Aparato Genetico uma abundante Fonte de informa~oes: sobre, por exemplo, 0 estado dos textos originais do LD, a rela~ao destes com outros originais de Pessoa (
Lihat lebih banyak...

Comentários

Copyright © 2017 DADOSPDF Inc.