BRASIL EM 2016 ARRUINADO E CONVULSIONADO

June 14, 2017 | Autor: Fernando Alcoforado | Categoria: Sociology, Economics, Social Sciences, Political Science
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BRASIL EM 2016 ARRUINADO E CONVULSIONADO Fernando Alcoforado* Os sinais de arruinamento econômico, político e social já estão presentes no Brasil indicando a grande possibilidade do País ser convulsionado em 2016 pelo confronto entre as forças políticas interessadas na destituição de Dilma Rousseff do poder e aquelas que lutam por sua permanência na Presidência da República. No plano da economia brasileira, o sistema econômico em vigor no Brasil mostra claros sinais de esgotamento porque o País apresentou crescimento econômico negativo (menos 3,5% em 2015) rumo à depressão, taxa de inflação acima de 10% em 2015, desemprego em massa (10 milhões de desempregados em 2015), falência generalizada de empresas (51,4% micro e pequenas empresas, 22,2% companhias de médio porte e 26,4% de grandes empresas), desindustrialização (33% do PIB na década de1980 e 10% do PIB em 2015), precariedade extrema dos serviços públicos de educação e saúde e gargalo logístico. A previsão é a de que a economia do país caia entre 2,5% e 3% em 2016. Com a inflação corroendo o poder de compra das famílias e a falência das empresas, o desemprego, mais concentrado em 2015 no setor industrial e na construção civil, deve agora atingir com intensidade o setor de serviços e o comércio. O Brasil pode perder até 2,2 milhões de vagas formais de emprego em 2016. A expectativa geral no Brasil é a de que apenas uma mudança radical no governo será capaz de conter o avanço da crise econômica. No plano político, o Brasil se defronta com uma flagrante desmoralização de suas instituições políticas, haja vista termos um presidencialismo de coalizão movido pela corrupção que passou a existir a partir da Assembleia Constituinte de 1988 e demonstra ser incapaz de solucionar a grave crise política em que vive o País no momento. Além disso, os principais dirigentes do Congresso Nacional e grande número de parlamentares estão desmoralizados por responderem a processos de corrupção. A democracia representativa no Brasil manifesta sinais claros de esgotamento não apenas pelos escândalos de corrupção nos poderes da República, mas, sobretudo, ao desestimular a participação popular, reduzindo a atividade política a processos eleitorais que se repetem periodicamente em que o povo elege seus representantes os quais, com poucas exceções, após as eleições passam a defender interesses de grupos econômicos em contraposição aos interesses daqueles que os elegeram. Na superação da crise econômica atual, o obstáculo representado pelo sistema político presidencialista em vigor soma-se à incompetência política e administrativa de Dilma Rousseff no exercício da presidência da República. A dificuldade de assegurar a governabilidade da nação brasileira nos marcos do presidencialismo faz com que surjam proposições e ações de natureza golpista para apear pela força os atuais detentores do poder e, constitucionalmente, através de impeachment . É evidente que, se existisse o parlamentarismo no Brasil, seria mais fácil o País sair do impasse atual com a substituição de um Congresso Nacional dirigido por corruptos e um governo corrupto e incompetente como o atual com a convocação de novas eleições parlamentares. O impasse institucional em que vive a nação brasileira coloca em xeque o futuro do Brasil cuja solução não virá em curto prazo. A crise econômica e a crise político-institucional, somadas, estão arruinando grande parte das famílias, das empresas e o próprio País que poderão levar à insatisfação de amplos setores sociais e criar uma situação caracterizada pelo caos econômico e social que só 1

poderia ser solucionada por um governo central forte, isto é, com a implantação de um sistema ditatorial que precisa ser evitado a todo custo. A estagnação da economia brasileira em que ela se encontra faz com que, além da falência generalizada de empresas e o desemprego em massa, ocorra também queda da arrecadação do governo em todos os níveis o que implica em não haver recursos públicos para investimento em quantidade suficiente para investir na infraestrutura econômica e social, bem como para atender suas necessidades mais elementares como já vêm ocorrendo em todos os quadrantes do País. Muito provavelmente, nenhum investidor interno e externo investirá no Brasil com uma economia estagnada como se encontra no momento e com um governo sitiado por sua população como o de Dilma Rousseff. O Brasil já teve sua nota de crédito rebaixada pelas agências Standard & Poor's (S&P) e Fitch fazendo com que o País perca o status de bom pagador, fato este que deve resultar na fuga de capitais do País e na inviabilização da atração de capitais externos para investimento. Tudo leva a crer que, em 2016, o Brasil será convulsionado politicamente com o confronto entre os partidários e os oponentes do atual governo. Existem nas redes sociais manifestações de forças políticas de apoio ao governo Dilma Rousseff aventando a possibilidade de prática de violência contra seus opositores no caso de sua destituição do poder. Esta situação poderá fazer com que ocorram também confrontos de rua que poderão exigir a intervenção das Forças Armadas visando a manutenção da ordem constitucional. A permanência de Dilma Rousseff no poder pode levar também ao caminho da violência forças políticas que se opõem ao atual governo. Em outras palavras, seja com a destituição ou a permanência de Dilma Rousseff no poder, o Brasil será convulsionado por uma luta política de consequências imprevisíveis. Para evitar que o Brasil seja levado à bancarrota e à convulsão social, seria preciso a constituição de um governo provisório de união nacional que convocasse uma Assembléia Constituinte para reordenar a vida nacional após a qual seriam realizadas novas eleições gerais no País. É indiscutível que os graves problemas vividos pelo Brasil no momento atual nas esferas econômica e política estão a exigir um governante que tenha aceitação pela grande maioria da população brasileira e capacidade de aglutinar a nação em torno de um projeto comum de desenvolvimento nacional. * Fernando Alcoforado, 76, membro da Academia Baiana de Educação, engenheiro e doutor em Planejamento Territorial e Desenvolvimento Regional pela Universidade de Barcelona, professor universitário e consultor nas áreas de planejamento estratégico, planejamento empresarial, planejamento regional e planejamento de sistemas energéticos, é autor dos livros Globalização (Editora Nobel, São Paulo, 1997), De Collor a FHC- O Brasil e a Nova (Des)ordem Mundial (Editora Nobel, São Paulo, 1998), Um Projeto para o Brasil (Editora Nobel, São Paulo, 2000), Os condicionantes do desenvolvimento do Estado da Bahia (Tese de doutorado. Universidade de Barcelona, http://www.tesisenred.net/handle/10803/1944, 2003), Globalização e Desenvolvimento (Editora Nobel, São Paulo, 2006), Bahia- Desenvolvimento do Século XVI ao Século XX e Objetivos Estratégicos na Era Contemporânea (EGBA, Salvador, 2008), The Necessary Conditions of the Economic and Social Development- The Case of the State of Bahia (VDM Verlag Dr. Müller Aktiengesellschaft & Co. KG, Saarbrücken, Germany, 2010), Aquecimento Global e Catástrofe Planetária (P&A Gráfica e Editora, Salvador, 2010), Amazônia Sustentável- Para o progresso do Brasil e combate ao aquecimento global (Viena- Editora e Gráfica, Santa Cruz do Rio Pardo, São Paulo, 2011), Os Fatores Condicionantes do Desenvolvimento Econômico e Social (Editora CRV, Curitiba, 2012) e Energia no Mundo e no BrasilEnergia e Mudança Climática Catastrófica no Século XXI (Editora CRV, Curitiba, 2015).

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