Breve Apresentação da Fórmula de Concórdia: História e Hermenêutica

July 24, 2017 | Autor: W. Zacarias | Categoria: Martin Luther, Lutheran Theology, Formula of Concord, Luteranismo, Luteran Confessions
Share Embed


Descrição do Produto

BREVE APRESENTAÇÃO DA FÓRMULA DE CONCÓRDIA: HISTÓRIA E HERMENÊUTICA William Felipe Zacarias1

INTRODUÇÃO

Dada a reforma protestante seguida da morte do reformador Martim Lutero (1546), o “luteranismo primitivo” sofre adversidades para com a verdadeira fé. Dentro do luteranismo, surgem várias ramificações hermenêuticas quanto à ceia do Senhor, às escrituras sagradas, à cristologia, o livre-arbítrio, etc., de modo que os luteranos não têm mais o conhecimento pleno da verdadeira doutrina de Lutero conforme suas proposições a partir das sagradas escrituras. Surgem assim controvérsias dentro da própria reforma com doutrinas adversas a afirmada e confirmada pelos chamados gnésio-luteranos, ou seja, os luteranos autênticos. Dentro de tamanha desordem, os teólogos cristãos luteranos autênticos propõem uma fórmula que os diferencia dos demais heréticos. Seu nome: Fórmula de Concórdia. Este breve artigo tem como proposição, em amor a brevidade, explanar o contexto histórico do surgimento de tal documento, bem como a hermenêutica de parte de seus textos e credos a fim de clarear a verdadeira doutrina luterana, baseada somente na graça, somente na fé, somente no Cristo e somente nas escrituras.

1

OS MOTORES QUE IMPULSIONARAM A CRIAÇÃO DA FÓRMULA DE CONCÓRDIA

Controvérsias e adversidades são os grandes impulsionadores da criação de uma doutrina sólida embasada somente nas escrituras sagradas. A reforma produziu por si muitas interpretações acerca dos conteúdos da fé, bem como, da vivência comunitária da mesma. Surgem, destarte, doutrinas contrárias as ensinadas por Lutero. Os luteranos autênticos se veem pressionados a fundamentar e paradigmatizar os verdadeiros ensinos luteranos. Para tal, alguns teólogos discípulos de Lutero se reúnem a fim de reunir em um único documento o combate a toda heresia e controvérsia a fim de consolidar a verdadeira fé a partir do embasamento exaustivo das escrituras sagradas. Estudante do 7º Semestre do Curso de Bacharelado em Teologia na Faculdade Luterana de Teologia – FLT em São Bento do Sul/SC. E-mail: [email protected]. 1

“A Schwämbische Konkordie de 1574, escrita por Jacó Andreä de Tübingen constituiu a base da Fórmula de Concórdia. A obra de Andreä foi subseqüentemente revisada por Martin Chemnitz e outros, e como resultado uma declaração doutrinária comum foi aceita em Württemberg e na Saxônia. Essa declaração, por sua vez, foi revisada por um grupo de teólogos de Württemberg (a Fórmula Maulbronner).”2 “Durante os três anos seguintes, enquanto o prefácio passava de esboço a esboço, 8188 teólogos, ministros e professores dos territórios participantes assinaram a Declaração Sólida. Finalmente, em 25 de Junho de 1580, cinqüenta anos após o dia da leitura da confissão de Augsburg diante de Carlos V, o Livro de Concórdia completo foi colocado em circulação. As assinaturas do Prefácio (...) identificam os príncipes e os estados que se comprometeram com ele.”3

Portanto, a Fórmula de Concórdia não se desenvolveu repentinamente, mas é resultado de um longo processo de estudos e de outras fórmulas já apresentadas em regiões da Europa agora unificadas e concordadas em um único documento. Por isso é usual o nome Konkordie que significa Concordância. A confissão evangélica luterana autêntica elabora e declara a confissão comum para a concordância de paz entre todos os que confessam e creem na mesma fé, repudiando as controvérsias e heresias não fundamentadas, não concordadas e não afirmadas por ela.

2

CONTROVÉRSIAS E INFAUSTAS DOUTRINAS LUTERANAS: OPONENTES E DEFENSORES

O resgate teológico de Lutero foi, sem dúvida, o evento mais importante do século XVI no mundo ocidental marcando o renascimento das escrituras sagradas em meio à hierarquia exercida pela união entre Eclésia e Estado. Em tal anástrofe, ele ganha o prestígio de muitas pessoas adeptas de suas ideias, e, em contrapartida, isto causa instabilidade na sua teologia. Os teólogos remanescentes da teologia protestante acabam trabalhando independentes de Lutero produzindo hermenêuticas próprias.

2.1

OLAVUS PETRI E AS OBRAS

Sueco, humanista, foi este testemunha ocular das etapas iniciantes da reforma protestante. Ele realizou na Suécia o mesmo trabalho que Lutero realizara na Alemanha dando

2

HÄGGLUND, Bengt. História da Teologia. 7. ed. Porto Alegre: Concórdia, 2003. p. 239. LIVRO DE CONCÓRDIA. 5. ed. São Leopoldo: Sinodal; Canoas; ULBRA; Porto Alegre: Concórdia, 2006. p. 498. 3

assentos as famosas bases da reforma. Tal reforma fez o rei Gustavus Vasa declarar o estado sueco como luterano.4 Petri apresentou sua própria teologia mostrando sua independência de Lutero, embora suas bases estejam na reforma. Para ele, a fé verdadeira deve se expressar na forma de obras, pois, sem as tais, de forma alguma pode haver fé.5

2.2

JOÃO BRENZ E A SANTA CEIA

Foi forte defensor de Lutero, sendo ele um dos seus primeiros discípulos. Quando o calvinismo se propaga, tem o ensejo de defender a posição Luterana quanto a Santa Ceia. Sua principal doutrina foi a retenção do conceito luterano da onipresença de Cristo, pois não é apenas na eternidade que a natureza de Cristo compartilha onipresença e onipotência, mas isto também se sucede enquanto vivia na terra, por isso, pode Cristo estar presente nos elementos da Santa Ceia. Defender tal tese o faz preservar o luteranismo original e genuíno.6

2.3

JOÃO AGRÍCOLA E SEU ANTINOMISMO O antinomismo (do grego αντι7 = oposto e νόμος8 = regra) etimologicamente afirma a

total negação da lei. João Agrícola se apropria de tal doutrina para afirmar que os cristãos não deveriam de modo algum pregar a lei, porém, somente o evangelho. A lei põe medo nas pessoas, enquanto o evangelho as justifica. Suas ideias não tiveram grande repercussão em sua época, mas ideias semelhantes surgiram no contexto luterano mais tarde.9

2.4

SINERGISMO: COOPERANDO PARA A SALVAÇÃO

Nas bases dos discípulos de Melanchton, desenvolveu-se a ideia de que é possível colaborar até certo ponto na conversão própria. Flácio e Strigel foram fortes adversários entre si neste sentido. Flácio afirmava que toda e qualquer forma de vontade natural não pode cooperar para a conversão e que esta mesma resiste a graça enquanto Strigel declara que a

4

Cf. CAIRNS, Earle. O Cristianismo através dos Séculos. 3. ed. São Paulo: Vida nova, 2008. p. 269. HÄGGLUND, Bengt. Op. Cit. p. 231. 6 HÄGGLUND, Bengt. Op. Cit. p. 232. 7 WILBUR, Giengrich. Léxico do Novo Testamento. São Paulo: Vida Nova, 2007. p. 24. 8 WILBUR, Giengrich. Op. Cit. p. 141. 9 Cf. HÄGGLUND, Bengt. Op. Cit. p. 234. 5

vontade humana colabora naturalmente para a conversão. Flácio sustentava que a conversão é inteiramente fruto da graça. Do outro lado, Strigel afirmava que a conversão sempre está no nível da vontade humana.10

2.5

ANDREAS OSIANDRO: NEGAÇÃO DA OBRA EXPIATÓRIA

Sua proposta parte da ideia de que a obra de Cristo na cruz não é suficiente para a justificação do ser humano, porém, tal justificação se dá no Cristo que habita hoje no ser. Logo, a conversão não é um ato externo, porém, interno pelo Cristo divino que está em nós. Seus críticos (Melanchton e Flácio) defendiam claramente que a justificação pela fé nada mais significa do que declarar justo, logo, o ser humano não pode se fundamentar em seu interior e nas suas possibilidades, mas, a conversão está extra nós, isto é, fora de nós. Osiandro acaba misturando facetas da teologia de Lutero com especulações extraídas da Cabala e do misticismo.11

2.6

GEORGE MAJOR E NICOLAU VON AMSDORF: AS BOAS OBRAS SÃO NECESSÁRIAS OU PREJUDICIAIS À SALVAÇÃO?

George Major, discípulo de Melanchton, defende a tese de que as boas obras são sumamente necessárias para a salvação. Para ele, as obras eram indispensáveis para a salvação do homem e a fé contribui para a salvação com as obras. Luteranos autênticos replicaram suas ideias afirmando a diferença entre justificação e regeneração. Nicolau von Amsdorf fazia o antônimo com a proposição de que as boas obras são prejudiciais a salvação. Ambos são considerados errôneos por darem a luz a imensos mal-entendidos. Major apenas desejou afirmar que as obras devem acompanhar a fé e que a fé termina se as obras não forem praticadas. Amsdorf, por sua vez, quis apenas expressar o conceito de somente a Fé, porém, da maneira como fez, não tornou clara a sua doutrina. Das duas afirmações surgiram posteriormente formulações ambíguas e confusas que foram evitadas nos debates por não serem coesas e claras.12

10

Cf. HÄGGLUND, Bengt. Op. Cit. p. 234. Cf. HÄGGLUND, Bengt. Op. Cit. p. 235. 12 Cf. HÄGGLUND, Bengt. Op. Cit. p. 236. 11

2.7

O SEGUNDO ANTINOMISO: O TERCEIRO USO DA LEI

Para os adeptos desta ideologia, nem a justificação e nem a regeneração estão sob a lei, mas, sobre a lei. Assim, creem e afirmam que o homem justificado pela fé cumpre livremente os seus próprios mandamentos. Fazem isso apenas dentro do contraste entre lei e evangelho. Quando este problema foi solucionado, a ideia de terceiro uso da lei foi aceita de modo geral.13

2.8

OS ADIÁFOROS E A PRÁXIS LUTERANA

Trata-se aqui especificamente das cerimônias cristãs. Na prática, Melanchton deixou os luteranos reintroduzirem cerimônias que não haviam mais sido feitas. Do ponto de vista luterano, isto é indiferente à fé. Por alguns não tanto flexíveis, isto foi considerado um atentado à fé evangélica. Mais tarde, Melanchton acaba por reconhecer ter cometido um erro nesta questão.14

2.9

CEIA DO SENHOR: CONTROVÉRSIA

Joaquim Westphal, de Hamburgo, discípulo de Lutero, combateu veementemente o conceito calvinista de Ceia do Senhor. Com isto, acaba por surgir um debate entre calvinistas e luteranos. No partido luterano, encontrava-se na defesa João Brenz que expôs o conceito de ubiquidade e da comunicação dos atributos a favor da hermenêutica literal e realista das palavras da instituição. Após a morte de Melanchton, o tema “Ceia do Senhor” se tornou controvertido entre os filipistas e luteranos autênticos. Os discípulos de Melanchton afirmavam que a doutrina da presença real não poderia ser explicada com a ajuda da ubiqüidade. Estes foram argüidos pelos teólogos Martinho Chemnitz e Jacó Andreä.15

13

Cf. HÄGGLUND, Bengt. Op. Cit. p. 236. Cf. HÄGGLUND, Bengt. Op. Cit. p. 236-237. 15 Cf. HÄGGLUND, Bengt. Op. Cit. p. 237. 14

3

BREVÍSSIMA HERMENÊUTICA: EPÍTOME E DECLARAÇÃO SÓLIDA

A Fórmula de Concórdia se apresenta na forma de temas onde a fé cristã luterana é unificada e ensinada. Com a perícope repetente “cremos, ensinamos e confessamos”16 na AFIRMATIVA e “rejeitamos e condenamos”17 na NEGATIVA, dá a entender a ênfase na verdadeira fé cristã luterana perante as controvérsias e adversidades surgidas neste período. A Declaração Sólida, por sua vez, vai além, explanando de forma aprofundada os temas da Fórmula com o forte embasamento bíblico-teológico usando o exaustivo uso de palavras e verbos nas composições das frases, como por exemplo: “A saber, que, em coisas espirituais e divinas, o intelecto, o coração e a vontade do homem irregenerado, com suas forças naturais, absolutamente nada podem entender, crer, aceitar, pensar, querer, começar, realizar, fazer, operar e em absolutamente nada podem cooperar (...)”.18

Em resumo, pode-se categoricamente afirmar sem medo de produzir frase errônea e a Fórmula de Concórdia é sintetizada, baseada e declarada nas palavras de Somente a Graça, Somente a Fé, Somente Jesus Cristo e Somente as Escrituras. Por amor a brevidade, reporta-se a uma interpretação exageradamente resumida das teses da Fórmula, porém, postula-se que quando houver tempo e chance, o leitor deve abri-la e lê-la para uma compreensão mais completa e profunda da aqui oportunizada.

3.1

DO PECADO ORIGINAL

Embora caído pelo pecado original, o ser humano continua sendo criatura de Deus de forma que Cristo assumiu a natureza humana na totalidade com a única exceção do pecado. Faz parte da natureza do homem pecar assim como faz parte da natureza da cobra picar. Rejeitamse assim os pelagianos que afirmam que nas coisas espirituais a natureza humana continua boa e pura com seus poderes naturais.19

16

Cf. LIVRO DE CONCÓRDIA. Op. Cit. p. 499, 502, 506, etc. Cf. LIVRO DE CONCÓRDIA. Op. Cit. p. 503, 504, etc. 18 Cf. LIVRO DE CONCÓRDIA. Op. Cit. p. 559,7 etc. Grifo nosso. 19 Cf. LIVRO DE CONCÓRDIA. Op. Cit. p. 502-503, 545-557. 17

3.2

DO LIVRE ARBÍTRIO

Sobre este tema, fala-se que a vontade do homem encontra-se em quatro estados diferentes: 1. Antes da queda; 2. Depois da queda; 3. Depois da regeneração; 4. Depois da ressurreição da carne. Aqui se trata especialmente do homem no segundo estado. Fala-se que o entendimento e a razão humana são cegos em coisas espirituais e nada pode entender por sua força (1 Co 2.14). A conversão é operada pelo Espírito Santo que abre os corações para serem convertidos (At 16.14). Desta forma, deve-se ir contra os estoicos que ensinam que tudo acontece por acontecer. Os errôneos pelagianos também devem ser rejeitados por afirmarem que o ser em sua força pode se auto-converter. Os entusiastas, que ensinam que Deus salva o homem sem meios e sem a palavra de Deus e sem os sacramentos, também devem ser rejeitados.20

3.3

DA JUSTIFICAÇÃO PELA FÉ DIANTE DE DEUS

Conforme o conteúdo da Confissão de Augsburgo, os pobres pecadores são justificados diante de Deus e salvos somente pela fé em Cristo. Deste modo, Cristo é nossa justiça na sua totalidade e não em apenas uma de suas naturezas, a saber, divina ou humana. Deus perdoa nossos pecados somente pela sua graça. Também, somente a fé é o instrumento da qual se pode aprender de Cristo. Também, somente a escritura revela o justificar como absolver.21

3.4

DAS BOAS OBRAS

Quanto a elas, não se deve usar a palavra necessário para não haverem mal-entendidos. Afirma-se que as boas obras seguem a verdadeira fé que não é morta, logo, todos os regenerados pelo Espírito Santo devem praticar boas obras, porém, não com o intuito de obter com ela a salvação. Somente o Espírito de Deus preserva a fé e a salvação no ser humano. As obras são testemunho de que somos habitados pelo Espírito Santo.22

20

Cf. LIVRO DE CONCÓRDIA. Op. Cit. p. 505-508, 557-578. Cf. LIVRO DE CONCÓRDIA. Op. Cit. p. 509-512, 578-590. 22 Cf. LIVRO DE CONCÓRDIA. Op. Cit. p. 512-514, 590-597. 21

3.5

DA LEI E DO EVANGELHO

Deve haver a distinção entre Lei e Evangelho e esta distinção deve ser feita de maneira correta, isto é, tudo o que reprova pecado é pregação da lei e a ela pertence. Evangelho, portanto, é a doutrina de Cristo a qual ele mesmo professou em seu ministério e que também os apóstolos professaram. Rejeita-se, assim, que o evangelho é pregação de arrependimento ou reprovação, e não exclusivamente proclamação da graça.23

3.6

DO TERCEIRO USO DA LEI

O Terceiro uso da Lei serve para que depois de ser regenerado o ser humano possa ter uma norma certa e para que regule e governe toda a sua vida. Assim, deve-se insistir na pregação da lei, não somente entre descrentes, mas, também entre os genuinamente crentes, justificados pela fé.24

3.7

DA CEIA DE CRISTO

Nela, o verdadeiro corpo e sangue de nosso Senhor Jesus Cristo estão presentes sob a forma de pão e vinho recebidos oralmente. Assim, tantos dignos como indignos podem participar da ceia, crentes ou descrentes, logo, os crentes para o consolo da vida e os descrentes para o juízo. Nunca devem ser omitidas as palavras da instituição de Cristo, mas devem elas ser ressaltadas. Crê-se, confessa-se e ensina-se que o corpo e o sangue de Cristo são recebidos em virtude da união sacramental. Rejeita-se, assim, a transubstanciação papista quando se ensina que pão e vinho perdem sua substância natural reduzidos a nada.25

3.8

DA PESSOA DE CRISTO

A natureza divina e humana de Cristo estão unidas em apenas um, o Filho de Deus. Cada essência retém suas propriedades essenciais e uma natureza nunca toma a propriedade da outra natureza. Crê-se que não foi um mero homem que morreu na cruz, mas, um homem que tem a união da natureza humana com a do Filho de Deus de forma a se tornar apenas uma pessoa

23

Cf. LIVRO DE CONCÓRDIA. Op. Cit. p. 514-516, 598-603. Cf. LIVRO DE CONCÓRDIA. Op. Cit. p. 516-518, 604-608. 25 Cf. LIVRO DE CONCÓRDIA. Op. Cit. p. 518-523, 609-634. 24

com ele. Rejeita-se desse modo os errôneos Nestório, Ário, Marcião e outros que negam tais afirmações.26

3.9

DA DESCIDA DE CRISTO AO INFERNO

Por ser este um assunto que não pode ser discutido de forma racional, mas somente pela fé, basta apenas saber que Cristo desceu ao mundo dos mortos.27

3.10

DE PRAXES ECLESIÁSTICAS

Trata-se de cerimônias ou usos eclesiásticos que não são ordenados nem proibidos na palavra de Deus, porém, que foram introduzidos na igreja. Tais cerimônias não são em si culto divino e nem parte dele por não constarem nas sagradas escrituras. Conforme as épocas e circunstâncias, as cerimônias podem ser adaptadas para se tornarem úteis e edificantes para a congregação de Deus.28

3.11

DA ETERNA PRESCIÊNCIA E ELEIÇÃO DE DEUS

A Presciência de Deus nada mais é que Ele sabe de todas as coisas. Assim, há diferença entre presciência e predestinação. Desta forma, muitos ouvem as escrituras, porém, não dão importância. Predestinados são aqueles que reconhecem o seu Filho, o Cristo, e verdadeiramente nele creem.29

3.12

DE OUTRAS FACÇÕES E SEITAS, QUE NUNCA ABRAÇARAM A CONFISSÃO DE AUGSBURGO

Seguem-se aqui argumentações contra movimentos que não estão de acordo com o luteranismo autêntico e com a verdadeira reforma de Lutero. São eles, os Anabatistas, Schwenckfeldianos, Novos Arianos e Antitrinitários.

26

Cf. LIVRO DE CONCÓRDIA. Op. Cit. p. 523-529, 634-653. Cf. LIVRO DE CONCÓRDIA. Op. Cit. p. 529, 654. 28 Cf. LIVRO DE CONCÓRDIA. Op. Cit. p. 529-531, 654-660. 29 Cf. LIVRO DE CONCÓRDIA. Op. Cit. p. 531-536, 660-678. 27

CONCLUSÃO

O presente artigo apresentou de forma breve e concreta os problemas ocorridos no período imediato após a reforma de Lutero. Percebe-se que com tamanha divisão, também o luteranismo sofreu graves consequências tendo partidos heréticos que negavam a justificação pela fé e outras doutrinas básicas do luteranismo, problemas que permanecem até os dias de hoje. Porém, da mesma forma, aprende-se que conforme passam as épocas o evangelho deve sempre novamente ser pregado, fundamentado e explicado as pessoas que vivem em tal contexto. Não se pode negar que no mundo atual, necessita-se a cada dia fundamentar e afirmar categoricamente e resumidamente naquilo que se crê, por isso, os luteranos podem e devem usar da Fórmula de Concórdia como recurso para a defesa da fé e para o cuidar bem do bem da Igreja, a saber, o evangelho de Jesus Cristo. Deseja-se que tal trabalho possa ter dado a luz novas ideias ao leitor e que este possa refletir os conteúdos da Fórmula em si, sendo impulsionado pelo Santo Espírito a lê-la em conformidade com as Sagradas Escrituras. Lembre-se, antes da própria Fórmula está a Palavra de Deus, aquela que fala de Jesus Cristo, aquele que de graça salva o homem de forma que este homem possa ter fé.

BIBLIOGRAFIA

A BÍBLIA SAGRADA. Traduzida em português por João Ferreira de Almeida. Revista e Atualizada no Brasil. 2. ed. Barueri: Sociedade Bíblica do Brasil, 1999.

CAIRNS, Earle. O Cristianismo através dos Séculos. 3. ed. São Paulo: Vida nova, 2008.

HÄGGLUND, Bengt. História da Teologia. 7. ed. Porto Alegre: Concórdia, 2003.

LIVRO DE CONCÓRDIA. 5. ed. São Leopoldo: Sinodal; Canoas; ULBRA; Porto Alegre: Concórdia, 2006.

WILBUR, Giengrich. Léxico do Novo Testamento. São Paulo: Vida Nova, 2007.

Lihat lebih banyak...

Comentários

Copyright © 2017 DADOSPDF Inc.