Breve ensaio sobre modernidade, pós-modernidade e a efemeridade das relações humanas

May 30, 2017 | Autor: Bia Gontijo | Categoria: Crise Da Pós-modernidade, Modernidade Líquida
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UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS
ESCOLA DE MÚSICA E ARTES CÊNICAS

Breve ensaio sobre modernidade, pós-modernidade e a efemeridade das relações humanas
Beatriz Santos Gontijo

Cabe aqui um tema digno de discussão e reflexão: modernidade, pós-modernidade e seus reflexos nas relações humanas. Vivemos os famosos 'tempos modernos' de Chaplin, onde as vontades são atropeladas pelas necessidades, a busca constante pelo consumo e a satisfação do ego e das vaidades. Quais fundamentos sustentam tal afirmação? Faz-se necessário, antes de tudo, conceituar o que seria 'moderno' e 'pós-moderno', dentro da arte e as consequências disso na sociedade.
Na visão de Rubens Borba, o artista moderno é aquele que possui a intenção de traduzir sua época e personalidade. Partindo disso, vê-se que todos os que hoje são passadistas, um dia foram modernos, pois traduziam sua época. No filme 'Bob Dylan- Não estou lá' uma frase descreve bem a modernidade saindo dessa visão: "Viva a sua época, menino...". O que vimos, porém, usando como exemplo a Semana de Arte Moderna nos leva um pouco além. O evento ficou conhecido pela antropofagia, o nacionalismo extremado e a aversão pelas práticas artísticas consideradas 'passadistas'.
A modernidade das máquinas industriais desejava a todo custo engolir o atraso e corria vigorosamente nas veias das grandes cidades. Os jovens artistas queriam quebrar os velhos conceitos e impor uma nova maneira de fazer arte, de escrever e de ver os preceitos sociais. No poema São Paulo, Rui Ribeiro, fica visível sua crítica à burguesia e aparece a correria da modernidade: "Nas ruas do centro agita-se a pressa do comércio. Nos bairros burgueses, no entanto, há o silêncio..".
Para se falar da definição de pós-modernidade e relacionar isso com a efemeridade das relações humanas nesse período é necessário tomar posse de uma frase de Vítor Hugo "Tout passe, tout casse, tout lasse..." (Tudo passa, tudo quebra, tudo cansa."*em francês). Na pós-modernidade temos o conflito, antes evitado na modernidade, entre o moderno e o passadista. É o 'retrô'.
A pós-modernidade é uma verdadeira bricolagem, uma colcha de retalhos. Essa era, que ao passar por um olhar desatento pode parecer confusa, guarda suas peripécias e vai além da afirmação feita aqui anteriormente. Se a pós-modernidade pudesse ser definida em uma frase, seria o título de Marshall Berman: "Tudo que é sólido desmancha no ar". Este título evidencia esse aspecto de 'transição' presente na pós-modernidade. Nada é fixo, tudo é mutável, tal como uma fênix que morre para renascer mais fulgurante sempre.
Nas relações humanas há reflexos claros desse modo de ver tudo como descartável a medida que o novo surge. Os sentimentos e as relações tornam-se efêmeras, ocorre uma dessensibilização do homem, o ser se torna uma engrenagem dessa grande máquina que produz novos 'robôs' a cada dia. Uma necessidade insaciável de 'ter' e a vaidade e o ego ganham papel principal nesse cenário onde o 'touch' substitui o toque.
Bibliografia

ALAMBERT, F. A Semana de 22, a aventura modernista no Brasil. São Paulo, Editora Scipione, 1994.
BERMAN, M. Tudo o que é sólido desmancha no ar. São Paulo, Editora Schwarcz, 1986.
COUTO, R. R. Um homem na multidão. Rio de Janeiro, Livraria Odeon, 1926.


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