Breve reflexão sobre o fragmento acima de Carta ao Pai, de Kafka

May 31, 2017 | Autor: Pablo Rodrigues | Categoria: Franz Kafka, Teoria da literatura, Kafka
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Universidade Federal do Rio de Janeiro
Rio de Janeiro, 07 de Dezembro de 2012
Alunos: João Paulo Silva, Josiane Xavier, Monique Alves e Pablo Baptista
Rodrigues Turma: LED
Disciplina: Teoria Literária 4
Professoras: Ana Alencar, Danielle Corpas e Flavia Trocoli

"Eu podia desfrutar o que você me dava, mas só com vergonha, cansaço,
fraqueza, consciência de culpa. Consequentemente, por tudo isso eu só
conseguia ser grato como um mendigo nunca através da ação." (Kafka, 1997,
p.33)

Elabore uma breve reflexão sobre o fragmento acima de Carta ao Pai, de
Kafka. Considerando: a cena "Diante da lei"; a equivalência entre o mundo
dos funcionários e o mundo dos pais (Benjamin); o carrossel do martírio –
exclusão, não saber sobre os deveres e direitos, tormento, moral, exclusão
(Anders).


"Se o atrai tanto, tente entrar apesar da minha proibição. Mas veja
bem: eu sou poderoso. E sou apenas o último dos porteiros. De sala
para sala, porém, existem porteiros cada um mais poderoso que o outro.
Nem mesmo eu posso suportar a visão do terceiro". (KAFKA, 1995)


Não muito diferente dos escritos de Franz Kafka, o mundo moderno se
apresenta de maneira organizada, ou até mesmo, de forma burocrática. O
homem que está Diante da lei não mostra nada além de sua distância do
conhecimento das leis. Esse homem do campo espera toda a sua vida para
ouvir que no final "ninguém mais podia ser admitido" (KAKFA, 1995) se não
ele a entrar na lei. Nenhum outro podia entrar se não ele, já que aquela
porta estava preparada para ele. A literatura de Kafka, então, da forma a
um mundo oprimido pelo burguês, seja o Camponês diante da lei ou Filho
diante do Pai.
Estar preso em um mundo completamente opressor, ou melhor, preso nos
giros do carrossel é o que de certa forma "une" a sociedade. Essa relação
de opressor e oprimido é encontrada no seguinte trecho: "Com isso o mundo
se dividia para mim em três partes: uma onde eu, o escravo, vivia sob leis
que tinham sido inventadas só para mim" (KAFKA, 2012). Além de toda a
opressão que é descrita pelo personagem, temos também a presença do
desconhecimento das leis, não sendo diferente da mesma postura presente em
Diante da Lei: "O homem do campo não esperava tais dificuldades: a lei deve
ser acessível a todos" (KAFKA, 1995)
Walter Benjamin afirma que há "muitos indícios de que o mundo dos
funcionários e o mundo dos pais são idênticos". (BENJAMIN, 1985). Toda a
descrição que pode ser atribuída ao mundo dos funcionários, é atribuída
também ao mundo paterno: "O pai é a figura que pune. A culpa o atrai, como
atrai os funcionários da Justiça." (BENJAMIN, 1985).
Chama-nos atenção, portanto, a descrição do mundo por Kafka, porém
não uma descrição simplista, muito pelo contrário. Seja em Diante da Lei ou
em Carta ao Pai o autor não descreve o mundo com olhares externos. Não é
uma mulher que está na sacada de sua casa vendo um homem se achegar diante
da lei. Muito menos outra mulher vizinha de uma família que tem um Pai
cruel. Logo, Os personagens de Kafka estão integrados e são participantes
desse sistema burocrático.





















BIBLIOGRAFIA

BENJAMIN, W. Franz Kafka. A propósito do décimo aniversário de sua morte.
In. Obras Escolhidas. Magia e técnica, arte e política. São Paulo,
Brasiliense, 1985. 3. ed., p. 137-164

KAFKA, F. Carta ao Pai. Disponivel em:
. Acesso em: 07 dez. 2012.

KAFKA, F. In. O processo. São Paulo, Brasiliense, 1995. 6. ed., p. 230-132.
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