Cadeia produtiva audiovisual: Revelando o impacto econômico

May 22, 2017 | Autor: Tarson Núñez | Categoria: Cinema, Audiovisual, Economia Criativa, Política Cultural E Economia Criativa
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Cadeia produtiva audiovisual: Revelando o impacto econômico

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Cadeia produtiva audiovisual: Revelando o impacto econômico

Cadeia produtiva audiovisual: Revelando o impacto econômico Pesquisa sobre produção, investimento e postos de trabalho gerados pelo setor no RS. RELATÓRIO PRELIMINAR Junho 2016 O trabalho que está sendo lançado hoje é o resultado de uma parceria da Porto Alegre Film Commission, a Fundação de Economia e Estatística (FEE), o Centro Tecnológico Audiovisual da PUCRS (TECNA), juntamente com as entidades profissionais do setor: a Associação dos Profissional dos Técnicos Cinematográficos (APTC), o Sindicato da Indústria Audiovisual (SIAV) e a Fundação Cinema RS (FUNDACINE). Estas instituições constituíram um Grupo de Trabalho que vem realizando estudos para conhecer melhor o potencial econômico do setor audiovisual. Até agora o grupo consolidou um conjunto de dados estatísticos que já permitem comprovar a importância da cadeia audiovisual em termos do impacto na geração de trabalho e de renda em nosso estado. Mas, ao mesmo tempo foi possível constatar que, em função das particularidades do setor, estes dados ainda são insuficientes no sentido de captar totalmente o seu impacto econômico na nossa realidade local. A forma de sistematização das estatísticas disponíveis não permite identificar de forma completa toda a diversidade dos desdobramentos do setor audiovisual, especialmente no que diz respeito à geração de empregos diretos e indiretos, valor de produção e efeito multiplicador na economia. Além disso, os dados disponíveis, como os da ANCINE e do IBGE são representativos da realidade brasileira, mas não são sistematizados em termos de uma base de dados estaduais. Para complementar e aprofundar as informações sobre o setor as instituições envolvidas neste projeto tomaram a iniciativa de realizar uma pesquisa diretamente com os principais atores da cadeia, com o objetivo de ampliar a disponibilidade de dados primários que permitam obter uma visão mais abrangente da sua dinâmica de funcionamento. Este trabalho vai ser realizado de uma forma sistemática em bases periódicas, o que permitirá no futuro estabelecer séries históricas que permitam analisar tendências. O ponto de partida da pesquisa serão os dois últimos anos, 2014 e 2015.

O setor do audiovisual representa um mercado em crescimento em termos globais e nacionais O desempenho recente do audiovisual brasileiro é muito significativo. Segundo dados da ANCINE, o setor vem crescendo mesmo em um quadro de crise da economia. O número de ingressos

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de cinema vendidos no Brasil quase dobrou entre 2006 e 2015, passando de 90 milhões para 172 milhões. Isto representou uma receita total de R$ 2,3 bilhões no último ano. Na área de TV, segundo dados da Associação Brasileira de Emissora de Rádio e TV (ABERT), em 2012 a radiodifusão teve uma receita bruta operacional da ordem de R$ 25,8 bilhões. O crescimento do setor pode ser também medido pelo crescimento do número de assinaturas de TV a cabo, que passou de 4,5 milhões em 2006 para mais de 19 milhões de assinantes em 2015. É neste contexto que a produção audiovisual do Rio Grande do Sul opera, em uma realidade na qual ocupamos um espaço bastante significativo com o terceiro polo de produção nacional. O potencial de mercado do setor audiovisual também pode ser medido a partir da demanda. De acordo com a Pesquisa de Orçamento Familiar do IBGE, os gastos das famílias com cultura são da ordem de 5% do seu consumo total. A partir disso é possível projetar que em nosso estado os gastos com atividades culturais são da ordem de R$ 9,6 bilhões por ano.

O SETOR AUDIOVISUAL NO RS O audiovisual gaúcho é consistente e competitivo. Na área do cinema a produção do cinema vem crescendo, passando de uma média de 1,3 longas metragens por ano entre 1995 e 2005 para de 4,5 longas por ano entre 2006 e 2015. Apenas em termos de captação de recursos entre os fundos públicos, apenas com o cinema o RS conseguiu investimentos de mais de R$ 40 milhões desde 1995. No setor de publicidade, as empresas de nosso estado vêm ocupando um espaço crescente, produzindo vídeos de comerciais nacionais. Nossas emissoras de TV se caracterizam pela qualidade da produção local. Há também todo um conjunto de empresas voltadas para a produção de vídeos institucionais um número crescente de empreendimentos na área de web TV e novas mídias. É, portanto, um setor dinâmico e em crescimento. Os dados mais recentes disponíveis nas estatísticas nacionais e estaduais dão uma dimensão mais clara das características do setor.

Quais são as atividades que compõe o setor audiovisual Os dados do Cadastro de Empresas do IBGE permitem uma primeira aproximação à realidade da cadeia produtiva do audiovisual. Esta é composta por um conjunto de atividades econômicas que vão desde a fabricação de equipamentos e insumos, passam pelo processo de produção de uma grande variedade de produtos audiovisuais até chegar à sua distribuição e exibição. Os estudos realizados identificaram, no âmbito da Classificação Nacional de Atividades Econômicas (CNAE 2.0), uma lista de atividades que podem ser identificadas como fazendo parte da cadeia do audiovisual.

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Tabela 1 – Cadastro de Empresas (CEMPRE) – número de unidades locais no Rio Grande do Sul 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 Reprodução de materiais gravados em qualquer suporte 43 48 47 41 42 36 45 Fabricação de aparelhos de recepção, reprodução, gravação e amplificação de áudio e vídeo 38 36 45 40 41 38 40 Fabricação de equipamentos e instrumentos ópticos, fotográficos e cinematográficos 18 20 21 18 17 15 15 Atividades cinematográficas, produção de vídeos e de programas de televisão; gravação de som e edição de música 607 618 662 726 771 795 841 Atividades de rádio e de televisão 509 522 548 528 546 516 514 Operadoras de televisão por assinatura 9 8 10 10 8 9 11 Total 1224 1252 1333 1363 1425 1409 1466 Fonte: IBGE, Cadastro de Empresas (CEMPRE) 2014

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2013 36

2014 32

45

44

19

14

870 541 9 1520

873 570 49 1582

Temos, portanto, no Rio Grande do Sul 1582 unidades locais de empresas no setor audiovisual, que teve, desde 2006, um crescimento de quase 30%, com destaque para aquelas áreas mais diretamente relacionadas com a produção audiovisual, como as atividades de rádio e televisão e com as de TV a cabo. Esta tendência foi particularmente intensa nas atividades de produção e pósprodução de cinema e TV, que chegaram a crescer 43% no período. Os dados do CEMPRE permitem também verificar o impacto do audiovisual em termos de geração de trabalho e renda. A tabela 2 apresenta estes dados para o Rio Grande do Sul. Tabela – Cadastro de Empresas (CEMPRE) – Pessoal ocupado, salários e outras remunerações e salário médio mensal nas atividades da cadeia audiovisual no Rio Grande do Sul Salários e outras Salário médio Pessoal ocupado remunerações (Mil mensal (Salários total (Pessoas) Reais) mínimos) Reprodução de materiais gravados em qualquer suporte 95 866 Fabricação de aparelhos de recepção, reprodução, gravação e amplificação de áudio e vídeo 1323 44643 Fabricação de equipamentos e instrumentos ópticos, fotográficos e cinematográficos 242 5646 Atividades cinematográficas, produção de vídeos e de programas de televisão; gravação de som e edição de música 2641 32167 Atividades de rádio e de televisão 8249 239798 Operadoras de televisão por assinatura 143 59456 Total 12693 382576 Fonte: IBGE, Cadastro de Empresas (CEMPRE) 2014

A cadeia do audiovisual gerou 12.693 empregos formais no ano de 2014, além de quase R$ 400 milhões em termos de salários e outras remunerações. É importante considerar que, neste caso, o número de empregos criados não corresponde à totalidade dos postos de trabalho efetivamente existentes uma vez que contabiliza apenas o emprego formal e permanente. Especialmente nas atividades cinematográficas e de produção de vídeo e de TV a forma de contratação temporária, vinculada aos projetos em produção, é muito significativa. Portanto o número de pessoas que trabalharam no setor certamente é muito maior do que as estatísticas são capazes de identificar. Chegar mais próximo destes números é o objetivo da pesquisa.

2,1 3,6 2,4

2,3 3,7 4,3

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A Pesquisa Anual de Serviços (PAS), também do IBGE, permite uma aproximação em relação à receita bruta de serviços do setor no Rio Grande do Sul. Segundo os dados da PAS, o faturamento do audiovisual em nosso estado ficou em torno de R$ 2,2 bilhões em 2013.

É importante considerar que a cadeia do audiovisual tem relações também com outros setores da economia, tanto da indústria como dos serviços. A produção audiovisual requer equipamentos e estruturas de apoio, insumos indispensáveis para sua atividade. Os cenários, a produção e os figurinos dependem de insumos (tecido, madeira, tintas), assim como de serviços especializados (costureiras, eletricistas, iluminadores, marceneiros). A produção demanda serviços de apoio de transporte, de alimentação, de alojamento. A realização de filmes movimenta também o setor de turismo, tanto do ponto de vista do alojamento das equipes de produção e dos atores junto às locações de filmagem como do ponto de vista do efeito de propaganda acerca das belezas do território resultante da exibição posterior dos produtos audiovisuais. Produções como “A casa das sete mulheres”, ou “O tempo e o vento” divulgaram nacionalmente as imagens do Rio Grande do Sul, contribuindo para uma maior visibilidade de nossas belezas naturais.

O impacto econômico desta cadeia produtiva já foi medido através de estudos nacionais que demonstram a influência do audiovisual em outros setores da indústria e de serviços. Estudo realizado pela Motion Pictures Association e pelo Sindicato da Indústria Audiovisual do Rio de Janeiro mostra, através de uma matriz insumo produto o efeito multiplicador das atividades do setor. Ali se demonstra que para cada emprego gerado no setor audiovisual 1,09 empregos são gerados em outros setores de serviços. Da mesma forma, para cada real investido no setor audiovisual são gerados R$ 1,79 em termos de valor adicionado e R$1,59 em termos de impostos.

A realização de uma pesquisa diretamente junto aos produtores audiovisuais do estado vai nos permitir uma aproximação mais precisa em relação aos números disponíveis nas estatísticas, contribuindo para um conhecimento mais preciso da realidade do setor. Desta forma poderemos avançar na compreensão de sua dinâmica e de sua potencialidade em termos de sua contribuição para o desenvolvimento do Rio Grande do Sul.

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