Caderno de Programação e Resumos. Simpósio Internacional da ABHR (Organização de Caderno de Progr. e Resumos, 2013)

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1 Simpósio Sudeste da ABHR

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1 Simpósio Internacional da ABHR

Diversidades e (in)tolerâncias religiosas

Programação e Resumos Eduardo Meinberg de Albuquerque Maranhão Fº Talita Sene (orgs.). ISSN 2318-521X

São Paulo, 2013

Caderno de Programação e Resumos do 1º Simpósio Sudeste da ABHR / 1º Simpósio Internacional da ABHR Tema: Diversidades e (in)tolerâncias religiosas Local: FFLCH/USP, 29 a 31 de outubro de 2013 São Paulo, São Paulo, Brasil Versão online do Caderno de Programação e Resumos: www.abhr.org.br/?page_id=1593 A Comissão Editorial do evento se responsabilizou pela revisão da formatação dos textos de acordo com as normas de edição do mesmo. Eventuais erros ortográficos, assim como o conteúdo dos textos, são de inteira responsabilidade dos/as autores/as. Foram acolhidos aqui resumos de Conferências, Mesas, Minicursos (MCs), apresentadores/as de pôsteres e de comunicações em Grupos de Trabalho (GT) e de lançamentos de publicações. Maranhão Fº, Eduardo Meinberg de Albuquerque; Sene, Talita (orgs.). 2013 Caderno de Programação e Resumos do 1º Simpósio Sudeste da ABHR / 1º Simpósio Internacional da ABHR – Diversidades e (in)tolerâncias religiosas / Eduardo Meinberg de Albuquerque Maranhão Fº; Talita Sene (orgs.); 454 p. 1. 1º Simpósio Sudeste da ABHR / 1º Simpósio Internacional da ABHR. 2. Diversidades e (in)tolerâncias religiosas. I. Maranhão Fº, Eduardo Meinberg de Albuquerque; Sene, Talita (orgs.). Título. II. ISSN 2318-521X

Associação Brasileira de História das Religiões – ABHR Secretário de divulgação

Presidente Wellington Teodoro da Silva, PUC/MG

• Daniel Rocha, UFMG Tesoureiro • Ítalo Santirocchi, UFRRJ Secretário Geral • Vasni de Almeida, UFT

Universidade de São Paulo – USP Reitor João Grandino Rodas Vice-reitor Hélio Nogueira da Cruz Pró-reitora de Cultura e Extensão Universitária Maria Arminda do Nascimento Arruda

Diretor da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas – FFLCH Sérgio França Adorno de Abreu Vice-diretor da FFLCH João Roberto Gomez de Faria Chefe do Departamento Antropologia Vagner Gonçalves da Silva

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Chefe do Departamento de História Maurício Cardoso

Organização do evento Coordenação

Organização Geral

Vagner Gonçalves da Silva , USP

Eduardo Meinberg de Albuquerque Maranhão Fo, USP

Comissões • • • • • • • •

Comissão Organizadora

Comissão Editorial

Helena Morais Manfrinato, USP Jacqueline Moraes Teixeira, USP Jacqueline Ziroldo Dolghie, UMESP João Enicelio da Silva, Mackenzie Joelma Santos da Silva, UFMA Rosenilton Silva de Oliveira, USP Sandra Duarte de Souza, UMESP Talita Sene, UFSC

Editor-chefe Eduardo Meinberg de Albuquerque Maranhão Fo, USP

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Editores/as Assistentes Daniel Rocha, UFMG Ítalo Santirocchi, UFRRJ Joelma Santos da Silva, UFMA Kate Rigo, EST Sandra Duarte de Souza, UMESP Talita Sene, UFSC

Fazendo Arte • Andrea Gomes Santiago Tomita, Messiânica (coordenação) • Juliana Graciani, Messiânica • Ricardo Vital, USP

Comissão Científica • Adone Agnolin, USP • Andréa Gomes Santiago Tomita, Messiânica • Antonio Máspoli de Araujo Gomes, Mackenzie • Airton Luis Jungblut, PUC/RS • Artur César Isaia, UFSC • Edgard Leite Ferreira Neto, UERJ • Edin Sued Abumanssur, PUC/SP • Edlaine Campos Gomes, UniRio • Eduardo Gusmão de Quadros, UEG • Eliane Moura da Silva, UNICAMP • Elizete da Silva, UEFS • Elton Nunes, Messiânica • Émerson José Sena da Silveira, UFJF • Ênio Brito, PUC/SP • Etienne Higuet, UMESP • Fernando Torres-Londoño, PUC/SP • Flávio Augusto Senra Ribeiro, PUC/MG • Frank Usarski, PUC/SP • Gedeon Freire de Alencar, ICEC • Gisele Zanotto, UPF • João Marcos Leitão Santos, UFCG • José Guilherme Cantor Magnani, USP • Paula Montero, USP • Karina Kosicki Bellotti, UFPR

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Lauri Emilio Wirth, UMESP Leonildo Silveira Campos, UMESP Lyndon de Araújo Santos, UFMA Marcelo Tavares Natividade, UFC Magali do Nascimento Cunha, UMESP Maria Luisa Tucci Carneiro, USP Maria José Fontelas Rosado-Nunes, PUC/SP Mundicarmo Maria Rocha Ferretti, UFMA Sérgio Figueiredo Ferretti, UFMA Silas Guerriero, PUC/SP Solange Ramos de Andrade, UEM Sônia Weidner Maluf, UFSC Wellington Teodoro da Silva, PUC/MG Zwinglio Motta Dias, UFJF

Comissão de Seleção de Pôsteres • • • •

Lauri Emílio Wirth, UMESP Leonildo Silveira Campos, UMESP Lyndon de Araújo Santos, UFMA Mundicarmo Maria Rocha Ferretti, UFMA • Sérgio Figueiredo Ferretti, UFMA • Solange Ramos de Andrade, UEM

Realização Associação Brasileira de História das Religiões – ABHR

Patrocínio Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – CAPES Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo – FAPESP

Apoio • Universidade de São Paulo – USP • Faculdade de Filosofia, Letras Ciências Humanas – FFLCH • Casa de Cultura Japonesa CCJ/FFLCH/USP • Departamento de Antropologia DA/FFLCH/USP • Departamento de Geografia DG/FFLCH/USP • Departamento de História DH/FFLCH/USP

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• PLURA, Revista de Estudos de Religião da ABHR



• Fonte Editorial

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• Faculdade de Teologia Umbandista • Faculdade Messiânica • Programa de Pós-graduação em Ciëncias da Religiáo – UMESP • Comissão de Direito e Liberdade Religiosa – OAB/SP

• Editora do Mackenzie • Editora Paulinas • Editora Arché • Korin • Centro de Estudos de Religiosidades Contemporâneas e das Culturas Negras – CERNe • Grupo de Estudos em Gênero, Religião e Política – GREPO – PUC/SP • Grupo de Estudos de Gênero e Religião Mandrágora – UMESP • Núcleo de Antropologia Urbana da USP – NAU

Créditos Caderno de Programação e Resumos Organização Eduardo Meinberg de Albuquerque Maranhão Fo, USP Talita Sene, UFSC Diagramação Eduardo Meinberg de Albuquerque Maranhão Fo, USP Talita Sene, UFSC Design da capa Neon Cunha Créditos gerais do evento Secretário Cleto Junior Pinto de Abreu, USP Webdesign Carlos Gutierrez, UNICAMP Talita Sene, UFSC Design do material do evento Neon Cunha Arte do evento Alexandra Abdala, Arché Editora

Coordenação da leitura de história de vida religiosa Marcela Boni Evangelista, NEHO/USP Mychelle Aguinel Hostess do Lançamento de Publicações Drag Tchaka Rainha

Financiamentos Livro Religiões e religiosidades em (con)textos (conferências e mesas do evento), pastas e subsídio do Caderno de Programação e Resumos impresso Fonte Editorial Bolsas Faculdade de Teologia Umbandista CDs Faculdade Messiânica Pastas e bloquinhos Editora Paulinas Camisetas para monitores Books online Canetas Editora do Mackenzie

Coquetel de lançamento de publicações, coffee breaks e águas Korin Apoio financeiro GREPO

Sumário Apresentação

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Credenciamento

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Programação geral

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Programação do Fazendo Arte

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Sessão de abertura

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Mesa de abertura . . Nas encruzilhadas das religiões .

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Sessão de encerramento .

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Conferência de encerramento . . Premiação de pôsteres e mesa de encerramento Reunião da ABHR

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Lançamento de publicações

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Homenagens

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Leituras de história de vida religiosa

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Mesas

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29/10 M1 – A Paz na Terra: os 60 anos da encíclica Pacem in Terris M2 – Teoria e metodologia dos estudos de religião . M3 – “Religiosidades” ameríndias . . . M4 – Políticas e religiosidades . . . . M5 – Festas, artes e religiosidades . . . 30/10 M6 – Itinerários, percursos e narrativas do sagrado.

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M7 – O que é História das Religiões? M8 – Convivência inter-religiosa M9 – Religiosidades, gênero e política M10 – Religião, patrimônio e tradição M11 – Islamismos . .

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31/10 M12 – Judaísmos . . . . . M13 – Religiosidades no (do) ciberespaço . . M14 – Violência e religião . . . . M15 – Religião e espaço público: novas vozes e conflitualidades M16 – Religiosidades e espiritualidades “orientais” . Minicursos

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MC1 – Catolicismo brasileiro: neocristandade e práticas religiosas associativas (1889-1964) . . . . MC2 – Direito e liberdade religiosa: teoria, litígios e perspectivas MC3 – Direito, Estado laico e religião no Brasil: limites, conflitos e convergências . . . . MC4 – Fundamentos da arquitetura islâmica . . MC5 – Fundamentos da filosofia-teológica de Mokiti Okada para o Despertar da Cidadania Universal . . . MC6 – História e religiões: teoria e metodologia . . MC7 – Religiosidade indiana: diversidades e (in)tolerâncias sociais, animais sagrados e a mulher no hinduísmo e budismo MC8 – Santos patronos e a política católica: sécs. XVI-XVIII MC9 – Iconografia budista . . . . MC10 – A Fé Bahá’í: incompreendida e perseguida . MC11 – Práticas nativas ancestrais – Xamanismo: a religião do culto à natureza . . . . . MC12 – Asé: A musicalidade corpórea poética do tambor e da Dança . . . . . . Grupos de Trabalho . . . . . ................. .......

GT1 – Bruxaria à brasileira: a presença da Wicca no Brasil . GT2 – Catolicismo brasileiro: neocristandade e práticas religiosas associativas (1889-1964) . . . GT3 – Corpo, cultura e religião . . . .

GT4 – Dietrich Bonhoeffer: ética e teologia a serviço da vida . 159 GT5 – “Edificando para Deus”: a arquitetura do sagrado nas suas diferentes manifestações . . . . . 165 GT6 – Escolas das religiões afro-brasileiras e diálogos . . 175 GT7 – Escolas públicas e (in)tolerância religiosa . . .` 192 GT 8 – Estados Unidos: religião e sociedade . . . 202 GT9 – Fundamentalismos religiosos . . . . 212 GT10 – Gênero e religião . . . . . 225 GT11 – Hereges, judeus e infiéis e a intolerância religiosa no decorrer da Idade Média . . . . . . 241 GT12 – História cultural das religiões . . . . 252 GT13 – História e historiografia do protestantismo no Brasil . 249 GT14 – Igrejas inclusivas LGBTT e a luta contra a intolerância religiosa . . . . . . 277 GT15 – (In)tolerância, gênero e religião . . . . 285 GT16 – Marketing, espetáculo e ciberespaço: entre diversidades e.(in)tolerâncias religiosas . . . . . 291 GT17 – “No templo, no quartel e no porão”: os protestantes e a ditadura militar brasileira . . . . . 307 GT18 – O Oriente e suas diversidades religiosas . . . 317 GT19 – Pentecostalismos brasileiros: novas perspectivas . . 325 GT20 – Religião e ciência: tensão, diálogo e experimentações . 339 GT21 – Religião e hierofania: história, espaços e símbolos . . 355 GT22 – Religião e política . . . . . 369 GT23 – Religião e violência . . . . . 385 GT24 – Religiosidade, identidade e intolerância: (novas) re-configurações da religião . . . . . 395 GT25 – Representações, (re)leituras e relações entre religiões e.......40003. (in)tolerâncias religiosas no cinema . . . . 413 GT26 – Saúde, religião e cultura: um diálogo a partir das práticas terapêuticas culturais e religiosas . . . . 419 GT27 – Universos simbólicos de religiosidades no Japão . . 429 .

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Apresentação Sejam bem vindas/os ao 1º Simpósio Sudeste da ABHR / 1º Simpósio Internacional da ABHR – Diversidades e (In)Tolerâncias Religiosas. Este evento é uma promoção da Associação Brasileira de História das Religiões (ABHR) e realizado na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da Universidade de São Paulo (USP). A ABHR tem realizado simpósios nacionais anualmente desde sua fundação em 1999 em Assis, São Paulo. Em 2000 realizou seu primeiro evento na Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP). Em todos os simpósios há participação significativa de pesquisadores/as das religiões e religiosidades, provenientes de áreas como História, Antropologia, Sociologia, Ciências da Religião, Teologia, Psicologia, Letras e outras. A produção científica destes eventos é demonstrada em Anais com comunicações em GTs e em coletâneas com conferências e palestras em Mesas. A produção acadêmica da ABHR se estende ao seu periódico, a PLURA – Revista de Estudos de Religião, disponível no endereço: www.abhr.org.br/plura/ojs/index.php/plura/ about. Durante o 12º Simpósio Nacional, em Juiz de Fora (2011), percebeu-se a importância de se (re)estruturar a associação a partir da criação de seções e eventos regionais que considerassem as especificidades locais nos campos religioso e acadêmico. Em maio de 2012 foi realizado o 13º Simpósio Nacional, na Universidade Federal do Maranhão (UFMA). No evento a direção da ABHR sondou o interesse de pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) em 15

sediar a primeira edição do Simpósio Sudeste. Percebeu-se a possibilidade de ampliação do evento através do diálogo com pesquisadores/as de outros países, estimulando o evento a se tornar concomitantemente regional sudeste e internacional.O tema escolhido foi Diversidades e (In)Tolerâncias Religiosas, dada a urgência em se aprofundar os estudos sobre as diferentes (im)possibilidades e obstáculos à livre manifestação religiosa de sujeitos na sociedade do tempo presente. O 1º Simpósio Sudeste da ABHR / 1º Simpósio Internacional da ABHR pretende apresentar e aprofundar temas associados à (in)tolerância, discriminação e/ou violência a diversas pessoas, como os/as fiéis de religiões afro, afrobrasileiras, orientais e de novos movimentos religiosos (NMR), a crentes e a descrentes. As reflexões também incidirão sobre a discriminação em razão de marcadores sociais como identidades de gênero e orientações sexuais, imbricações da religião com a política, deslocamento físico e identitário de fiéis e instituições e teoria e metodologia dos estudos sobre religiões e religiosidades. A direção da ABHR e a organização do evento, da qual participa o CERNe (Centro de Estudos de Religiosidades Contemporâneas e das Culturas Negras do DA-USP) gostariam de reforçar nossas boas-vindas e desejar que o compartilhamento de experiências durante o evento vise, antes de tudo, um mundo mais acolhedor a todos/as. Vamos fazer um bom evento juntas/os.

Wellington Teodoro da Silva Presidente da ABHR

Eduardo Meinberg de Albuquerque Maranhão Fo Organizador Geral do Evento

Vagner Gonçalves da Silva Coordenador do evento

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Credenciamento O credenciamento será feito nos seguintes dias, horário e local:

Dia

29/10

30/10

31/10

Horário

09h às 18h

Local

Saguão do Departamento de História Av. Prof. Luciano Gualberto, 315 FFLCH, Cidade Universitária, USP

As mesas de recepção serão divididas em: Credenciamento de pessoas isentas de pagamento de inscrição •

Coordenadores/as e comentadores/as de GTs,



Conferencistas, participantes de Mesas,



Ministrantes de minicursos e



Participantes do Fazendo Arte (FA).

OBS: O credenciamento só será feito mediante apresentação de documento oficial com foto.

Credenciamento de pagantes •

Participantes de GTs,



Participantes de Minicursos e



Ouvintes com direito a certificado.

OBS: O credenciamento só será feito mediante apresentação do comprovante de pagamento e de documento oficial com foto. 17

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Programação geral 29/10 Terça-feira

30/10 Quarta-feira

31/10 Quinta-feira

Minicursos 09h às 10h

Reunião ABHR 09h às 10h

Minicursos 09h às 10h

Minicursos 09h às 10h

Manhã

Tarde

Grupos de Trabalho 10h às 13h

Grupos de Trabalho 10h às 13h

Grupos de Trabalho 10h às 13h

Pausa para almoço 13h às 14h

Pausa para almoço 13h às 14h

Pausa para almoço 13h às 14h

Leitura de história de vida religiosa 14h às 14h15

Leitura de história de vida religiosa 14h às 14h15

Leitura de história de vida religiosa 14h às 14h15

Mesas 14h15 às 17h15

Mesas 14h15 às 17h15

Mesas 14h15 às 17h15

Cofee break 17h15 às 18h

Cofee break 17h15 às 18h

Cofee break 17h15 às 18h

Sessão de abertura

Coquetel de lançamento de publicações 18h às 19h30

Sessão de encerramento

Nas encruzilhadas das religiões 18h às 19h30

Homenagens 19h30

Mesa de encerramento 18h às 19h30

Programação cultural 20h

Programação cultural 20h

Programação cultural

Mesa de abertura

Noite

Conferência

Festa de encerramento 20h

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Programação do Fazendo Arte – FA 29, 30 e 31 de outubro na Casa de Cultura Japonesa, FFLCH

Performances Atividade

Artista

Dia e horário

“My Sweet Lord” de George Harrison

Ricardo Vital

29 de outubro, 18h

Genilson Leite da Silva

29 de outubro, 20h

Música / Duração: 5 minutos

Elegbara Dança / Duração: 10 minutos

Brazil Dança / Duração: 20 minutos

M’Borai

Coordenação de Programas Culturais da Sub-Reitoria de Desenvolvimento e Extensão / UFRJ Carlkiss Dance

29 de outubro, 20h30

Companhia de Dança Negra Contemporânea

João José de Félix Pereira

30 de outubro, 18h30

Arnaldo Huff

30 de outubro, 19h

Música tradicional indígena / Duração: 20 minutos

Músicas do autor Música / Duração: 20 minutos

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Aqualtune: a Princesa do Quilombo dos Palmares

Luana Tavares da Silva

30 de outubro, 19h30

Grupo Subverso Dança com Poesia / Duração: 10 minutos

Tribal Fusion

Karina Oliveira Bezerra

30 de outubro, 20h

Pedacinho de Mulambo

Mayara Souza de Assis

31 de outubro, 20h

Dança com Teatro / Duração: 20 minutos

GP Africanidade na DançaEducação / UFRJ

Rosa Vermelha

Tulani Pereira da Silva e Ivy Marins Brum Viana de Souza

Dança / Duração: 10 minutos

Expressão corporal / Duração: 10 minutos

Iansã

31 de outubro, 20h30

Projeto de Pesquisa em Africanidade na DançaEducação / UFRJ

Andreza Jorge e Simonne Alves

Duração: 20 minutos Dança

Licenciatura em Dança / UFRJ

Show de encerramento

Noise Pop Rock

31 de outubro, 20h45

31 de outubro, 21h15

Duração: 60 minutos

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Exposições Atividade

Através dos Olhos 30 fotos

Artista

Dia e horário

Julius Mack, Wagner Cria e Marco Antonio de Oliveira Felippe (Org.)

29 de outubro, das 14h às 22h

Universidade Comunidade de Terreiro

Desenhos e aquarelas

Tiago Gualberto

Exposição de Pinturas / 2 telas

Escola de Belas Artes UFMG, Museu Afro Brasil

Etnografia de um terreiro paulista

Bruna Amaro e Paula Montes

7 fotos

Os pecados de São Tomás de Aquino na pós-modernidade: as mazelas de ser humano Exposição de quadros / 7 quadros

Os vícios de Aristóteles na pósmodernidade: as delícias de ser humano Exposição de quadros / 7 quadros

30 a 31 de outubro, das 09h às 22h

Idem

Idem

Instituto de Artes da UNESP e USP

Albert Drummond

Idem

Historiador e mestrando em Ciências da Religião pela PUC/ MG

Albert Drummond

Idem

Historiador e mestrando em Ciências da Religião pela PUC/ MG

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Paraíso Terrestre em Perspectiva 7 fotos

Andrea Tomita e Juliana Graciani

Idem

Faculdade Messiânica e PUC/SP

“Pausa Reflexiva” no quadro (In)Tolerâncias religiosas

Bruno Cezarino e Silvia Silveira

Exposição de Pintura / 1 tela

Graduandos em Ciências das Religiões pela UFPB

Salamandra – onde ciganos se encontram

Cleiton Machado Maia

Idem

Idem

Mestrando – UFRRJ 10 fotos

Um olhar da presença e o poder feminino no Candomblé no Brasil

Alexandre Carvalho e Marco Antonio de Oliveira Felippe (Org.)

Pintura Acrílica / 10 telas

Pesquisa em Africanidade na Dança-Educação – Projeto de Extensão da UFRJ

Um olhar sobre a religiosidade de matriz africana

Jaqueline Vilas Boas

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Idem

Idem

Universidade Federal de Uberlândia

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Vivência Ikebana Atividade

Artista

Dia e horário

Vivência de Arte Ikebana Sanguetsu

Andrea Tomita e Juliana Graciani

31 de outubro, das 09h às 10h

Minicurso 5

Faculdade Messiânica e PUC/SP

Filme Atividade

Artista

Dia e horário

Portunhol

Anne Feingold Conceição Peceniski

30 de outubro, 20h30

7min Escola de Cinema Darcy Ribeiro e UFF

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Sessão de abertura Terça-feira, 29 de outubro, das 18h às 19h30 Auditório da Casa de Cultura Japonesa, FFLCH

Mesa de abertura Wellington Teodoro Presidente da ABHR

da

Silva

Andréa Gomes Santiago Tomita Coordenadora do Fazendo Arte

Eduardo Meinberg de Albuquerque Maranhão F0 Organizador Geral do Evento Vagner Gonçalves da Silva Coordenador do evento

Arnaldo Érico Huff Júnior Editor-chefe da PLURA

Nas encruzilhadas das religiões Vagner Gonçalves da Silva Professor livre docente e chefe do Departamento de Antropologia da USP. Doutor e mestre em Antropologia Social. Coordenador do CERNe – Centro de Estudos de Religiosidades Contemporâneas e das Culturas Negras.

Nas encruzilhadas das religiões trata-se de uma discussão sobre as transformações pelas quais passa o orixá Exu num diálogo de longa duração que envolve comunidades religiosas da África e das Américas, enfatizando sob a perspectiva da circularidade cultural alguns conteúdos desse encontro religioso entre concepções cristãs e africanas que se transformam mutuamente. A mediação e os conflitos que a figura de Exu sintetiza nesse diálogo em termos de aproximações e distanciamentos (nesse caso de intolerância religiosa) será um dos pontos centrais da discussão proposta. 25

Sessão de encerramento Quinta-feira, 31 de outubro, das 18h às 19h30 Auditório da Casa de Cultura Japonesa, FFLCH

Il monoteismo e il fondamentalismo del pensiero Nicola Gasbarro Professor da Universitá degli Studi di Udine.

O pensamento antropológico e a prática política da modernidade destacam o “choque” de civilizações (Huntington) e o conflito interno destas (Nussbaum), caracterizados pelo valor da religião como um código fundamental do pensamento e da vida social. Se a estrutura da civilização está sujeita ao domínio do significado da religião, todos os outros códigos culturais das relações dos homens entre si (da política à lei, da economia à ética), e as relações dos homens com a natureza (da magia à ciência, da tecnologia à pesquisa) estão subordinados a, e/ou ordenados hierarquicamente por relações entre homens e deuses. Esta apresentação abordará as relações entre monoteísmo e fundamentalismo, ressaltando que o monoteismo é uma espécie de fundamentalismo do pensamento e da imaginação, daí a necessidade urgente de questionar historicamente a relação entre religião e política, monoteísmo e violência (texto traduzido por Adone Agnolin). Mediação: Adone Agnolin, USP e Maria Cristina Pompa, UNIFESP.

Premiação de pôsteres e mesa de encerramento Eduardo Meinberg de Albuquerque Maranhão Fo Organizador Geral do evento

Wellington Teodoro da Silva Presidente da ABHR

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Reunião da ABHR Quarta-feira, 30 de outubro, das 9h às 10h Anfiteatro de História, FFLCH

Prezados/as sócios/as e amigos/as da ABHR,

Todos/as estão convidadas/os para participar da reunião que acontecerá no dia 30 de outubro, das 9h às 10h. A pauta proposta é: 1) apresentação da ABHR para os não sócios 2) a ABHR e os estudos das religiões no Brasil e 3) avaliação do processo de transição pelo qual a associação está passando. Até lá!

Coordenação: Wellington Teodoro da Silva, presidente da ABHR

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Lançamento de publicações Quarta-feira, 30 de outubro, a partir das 18h Casa de Cultura Japonesa, FFLCH

] Hostess: Drag Tchaka Rainha

A grande onda vai te pegar: marketing, espetáculo e ciberespaço na Bola de Neve Church Eduardo Meinberg de Albuquerque Maranhão Fº São Paulo: Fonte Editorial, 2013. De que maneiras gerenciamento da fé e do mercado se articulam numa igreja de surfistas? Em A grande onda vai te pegar. Marketing, espetáculo e ciberespaço na Bola de Neve Church, Eduardo Meinberg de Albuquerque Maranhão Fº apresenta algumas das formas como a Bola de Neve, agência evangélica de características majoritariamente neopentecostais, se promove no mercado religioso a partir de discursos congelados e derretidos – em que inovações e permanências vão sendo disponibilizadas aos/às fiéis através de um marketing de guerra santa que tem como principais características a utilização das teologias da batalha espiritual, do domínio e da prosperidade, bem como a divulgação da agência através do ciberespaço. Inicialmente, ficam as perguntas: você já foi a um culto da Bola de Neve? A grande onda já te pegou?

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A invenção das devoções: crenças e formas de expressão religiosa Mara Regina do Nascimento, Mauro Passos (orgs.) Belo Horizonte: Editora O Lutador, 2013. A invenção das devoções – crenças e formas de expressão religiosa é um livro em que a poesia inerente a toda religião, como dizia o demiurgo Durkhein, brota a cada linha, convidando o leitor a vivenciar as variadas modulações da experiência religiosa popular, em sua pujança tecida de mosaicos de crenças e de formas de expressão que inventam mundos de devoção aqui e agora, mas eis ao longo curso da duração.

A primeira igreja protestante do Brasil: Igreja reformada potiguara (1625-1492) Jaquelini de Souza São Paulo: Editora Mackenzie, 2013. Neste livro, Jaquelini de Souza relata o surgimento da primeira igreja protestante em solo brasileiro, fruto da ocupação holandesa no Ceará (1630-1654). Ao resgatar as valiosas informações sobre a atuação dos cristãos reformados, holandeses e brasileiros no Nordeste, traz uma contribuição notável para a historiografia brasileira nos aspectos social, político, cultural e religioso.

A violência de gênero nas religiões afro-brasileiras Nilza Menezes João Pessoa: UFPB, 2012. O trabalho de Nilza Menezes vem preencher de modo corajoso, com audácia e rigor cientifico essa lacuna. Conseguiu demonstrar, através da sua pesquisa, que há violência de gênero também no âmbito das religiões afrobrasileiras, uma violência simbólica, silenciosa. Demonstra ainda, articulando cuidadosamente gênero, violência e poder, que no universo das religiões afrobrasileiras, inicialmente marcado por lideranças femininas, se repetem as mesmas violências de gênero observadas na sociedade em geral (Profa. Dilaine França\PPGCR-UFPB). 30

Afinal, o que é Macumba? Michelle E. Soares São Paulo: Arché Editora, 2013. As discussões em torno da temática Macumba perpassam vários olhares disciplinares e religiosos. Além disso, ainda hoje essa nomenclatura, quando pronunciada, causa estranhamento, aversão, medo, curiosidade, atração. Mesmo com todo o cenário diverso de sociedade contemporânea, Macumba traz à tona uma série de sentimentos. A opção de Michelle E. Soares, nesta obra, foi explorar os fatos históricos a partir do acompanhamento da terminologia Macumba, seus usos e abusos no campo religioso brasileiro. Fez uso dos métodos históricos para abordar aspectos fundamentais de uma velha, porém com novas e amplas possibilidades: a teologia afro-brasileira. A Macumba Afro-brasileira, seus personagens, aspectos mágicos e míticos são os temas desta obra!

Anais do Simpósio Sudeste da ABHR / Simpósio Internacional da ABHR – Diversidades e (in)tolerâncias religiosas Comissão Editorial do evento São Paulo, 2013. Em conjunto com o livro Religiões e religiosidades em (con)textos, seleção de escritos de conferências e mesas do evento, os Anais do Simpósio Sudeste da ABHR / Simpósio Internacional da ABHR representam parte importante da produção bibliográfica do mesmo.

Assembleia de Deus: ministérios, carisma e exercício de poder Marina Correa São Paulo: Fonte Editorial, 2013. Nada mais distante da realidade do já centenário movimento pentecostal assembleiano no Brasil do que uma imagem de unidade, de idênticas características, de uma identidade singular. Este livro trata das 31

complexidades, do pluralismo interno, dos interesses divergentes, dos traços singulares que cercam uma “nebulosa assembleiana”, formada por centenas de ministérios, mais de 12 milhões de fiéis, várias convenções, que competem entre si pelo controle dos mitos fundantes, pela reprodução de uma história considerada comum, mas, enquadrados dentro de uma “lógica” que procura dividir internamente, mas sem revelar os mecanismos de poder, que produzem conflitos e cisões, contínua e crescentemente. O texto de Marina Correa ajuda o leitor a desvendar parte do aparente intrincado universo das Igrejas das Assembleias de Deus brasileiras.

Budismo e filosofia Deyve Redyson (org.) São Paulo: Fonte Editorial, 2013. Para muitos o budismo é mais do que uma religião, psicologia ou filosofia, é uma prática, um caminho. O que aqui chamamos de filosofia do budismo é na verdade a relação entre os ensinamentos do Buda Shakyamuni e dos grandes mestres de todas as tradições e linhagens que podem ser aqui compreendidas enquanto filosofia. Esta publicação tem uma característica muita importante dentro das atuais pesquisas que estão sendo elaboradas e que envolvem o budismo dentro do Brasil. Este, muito provavelmente, é o primeiro trabalho que envolve os mais diversos pesquisadores do budismo no Brasil em suas mais diversas tradições e línguas, sejam dentro do budismo Theravāda, Māhāyana e Vajrayana, especialistas que já vem desenvolvendo trabalhos acadêmicos e que também estão envolvidos com a prática budista. Este trabalho também veicula uma mensagem de paz e harmonia para que mais pessoas possam entender e praticar o Buddha-Dharma e compreender que o benefício de todos os seres é tarefa nossa dentro desta era afortunada de mil budas.

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Compêndio de Ciência da Religião João Décio Passos, Frank Usarski (orgs.). São Paulo: Paulinas/Paulus 2013 Marco na história da pesquisa no Brasil, o Compêndio de Ciência da Religião sai no momento em que a nova área de Ciência da Religião e Teologia conquista sua autonomia acadêmica (Capes, Mec). Organizado em cinco seções temáticas - Epistemologia da Ciência da Religião, Ciências Sociais da Religião, Ciências Psicológicas da Religião, Ciências das Linguagens Religiosas e Ciência da Religião Aaplicada - o Compêndio tem como objetivo contribuir para a discussão sobre a posição institucional, as especificidades e as conquistas intelectuais da Ciência da Religião. Organizado por professores do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Religião da PUC-SP, reúne reflexões de dezenas de autores, do Brasil e de outros países, que atuam e pesquisam essa área de conhecimento. Educação nos terreiros: e como a escola se relaciona com crianças do candomblé Stela Guedes Caputo Rio de Janeiro: Pallas, 2012. O livro Educação nos terreiros – e como a escola se relaciona com crianças do candomblé é resultado de 20 anos de pesquisa onde a jornalista e professora Stela Guedes Caputo acompanhou o crescimento de um grupo de crianças de 4 terreiros na Baixada Fluminense/Rio de Janeiro. A pesquisa é inédita e enveredou por dois caminhos: o primeiro foi perceber os terreiros de candomblé como redes de conhecimentos e significações. Ali, as crianças aprendem a língua, as danças, os mitos, a culinária sagrada, os toques de atabaques, as cantigas. O segundo caminho verificou como as escolas se relacionam com as crianças de candomblé. A constatação foi a existência de muito preconceito e discriminação contra crianças e jovens candomblecistas.

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Frei Damião - o santo popular e a edificação do ícone: a fé na modernidade e o catolicismo popular no santuário de Frei Damião José Honório das Flores Filho São Paulo: Fonte Editorial, 2013.

Ao longo da modernidade ocidental o cristianismo católico mostrou-se particularmente sensível às mudanças religiosas exigidas pela sociedade urbana secularizante. Até poucos anos atrás era difícil imaginar alguma relação entre turismo, e religião; entre lazer e fé. Provavelmente eram os pesquisadores que não percebiam como a devoção popular aproximava esses polos aparentemente opostos. O mundo moderno desencantado, no sentido forte weberiano, explicou muitas coisas sobre a natureza. Tirou-lhe o mistério. No mundo contemporâneo os lugares de peregrinação, míticos, fascinantes, inexplicáveis, e ao mesmo tempo belos pela sua natureza, recuperam o mistério, mas, agora apoiados fortemente na divulgação de práticas de turismo que, agentes seculares escancaradamente, usufruem da religiosidade histórica de belos lugares. A Igreja Católica, necessitada de recuperar a catolicidade perdida, não deixa de “ganhar” com essas práticas “econômicas”, “mundanas”. Essas questões são discutidas de maneira brilhante neste livro. História das religiões: perspectiva histórico-comparativa Adone Agnolin São Paulo: Paulinas, 2013. História das Religiões é uma síntese abrangente e inédita para o público brasileiro da perspectiva histórico-religiosa realizada pela Escola Italiana de História das Religiões. Na primeira parte do livro, são oferecidos os fundamentos dessa disciplina e sua metodologia por meio da análise, tradução e comentário de alguns textos basilares. Na segunda, são aprofundadas algumas problemáticas do “religioso” ao longo da Antiguidade tardia, Idade Média, Renascimento e Idade Moderna, bem como conceitos que estruturaram o caminho universalizante e inclusivo do Ocidente (Direito, Religião, Civilização e Antropologia). No interior desse percurso, destaca-se a articulação entre Antropologia e História, a qual fez surgir tanto uma comparação sistemática entre culturas, quanto a História das Religiões. 34

Islã e Antropologia Revista de Estudos da Religião (REVER), v. 13, n. 1 (2013) Francirosy Campos Barbosa Ferreira (org.) São Paulo: Paulinas e PUC/SP, 2013. Pesquisas sobre o Islã vem crescendo desde o final da década de 1990, sobretudo, após o 11 de Setembro. As questões em torno da construção de identidade, do pertencimento islâmico, da conversão, assim como os relacionamentos entre homens e mulheres no Islã, questões sobre estética cinematográfica, vem ganhando destaque no cenário de pesquisas em contextos não islâmicos. Este número da REVER traz uma pequena amostra de pesquisas sobre o Islã que vem sendo realizadas em comunidades islâmicas.

Marketing Religioso Revista de Estudos da Religião (REVER), v. 12, n.2 (2012) Eduardo Meinberg de Albuquerque Maranhão Fo, Frank Usarski (orgs.) São Paulo: Paulinas e PUC/SP, 2012. Esta edição da REVER apresenta trabalhos que demonstram, através de perspectivas generosas e sensíveis, diferentes compreensões sobre algumas das articulações entre sujeitos, coletivos e instituições, relacionadas a desdobramentos diversos, advindos de diferentes usos, (re) apropriações e (re) significações do marketing religioso – atravessado, de modo geral, pela associação entre ofertas e demandas.

Matriz Pentecostal Brasileira: Assembleias de Deus 1911-2011 Gedeon Freire de Alencar Rio de Janeiro: Novos Diálogos, 2013. As Assembleias de Deus são mais Brasileiras ou mais de Deus? Com essa provocação característica, Gedeon Freire de Alencar nos apresenta à maior igreja pentecostal brasileira em sua pluralidade e historicidade. Atravessada por diferentes 35

contradições, originária do inusitado encontro de pentecostalismos de ethos sueco, americano e brasileiro, as Assembleias de Deus resistem à classificação fácil: moderna, mas conservadora; feminina, mas machista; urbana, mas periférica; comunitária, mas hierarquizada. Uma igreja híbrida, como o autor prefere. A Matriz Pentecostal Brasileira subsiste em modelos diferentes, estruturas desiguais, disparidades em todos os aspectos: nas formas de implantação, nas alterações dos sistemas eclesiásticos, nas hierarquias, nas músicas, nas liturgias, nas adesões e exclusões dos membros, nos modelos evangelísticos, nos usos ou proibições de meios eletrônicos. De uma pequena comunidade de vinte pessoas em Belém, em 1911, que a partir de uma experiência mística se organiza anárquica e solidariamente, produz um grande espaço de voluntariado, incentiva a leitura e consequentemente o estudo, promovendo, assim, ascensão social. Cem anos depois, se transforma em um grupo de milhões de pessoas.

Missa, Culto e Tambor: os espaços das religiões no Brasil Gamaliel da Silva Carreiro, Lyndon de Araújo Santos, Sergio Figueiredo Ferretti (orgs.) São Luís, EDUFMA, 2012. O livro Missa, Culto e Tambor reúne dezessete artigos escritos pelas mãos habilidosas de investigadores das ciências humanas. Discorre não somente sobre os rituais ou as liturgias de cada segmento, mas sobre os sentidos destas vivências religiosas no cotidiano dos sujeitos sociais, sob diferentes olhares, apontando para os espaços ocupados por estas vivências tão próximas e tão distantes umas das outras, tão distintas e tão sincretizadas ao mesmo tempo.

Nkisi da diáspora: raízes bantu no Brasil Janaína de Figueiredo (org.) Acubalin, 2013. O livro e o documentário Nkisi na Diáspora: raízes religiosas bantu no Brasil fazem parte do Programa do Ministério da Cultura chamado Cultura Viva (responsável pelos Pontos de Cultura). Esse livro e documentário partem de dois eixos fundamentais, a saber: as contribuições das religiões de matrizes africanas, particularmente, do candomblé angola na constituição da cultura brasileira e os desafios da implementação da Lei 10639/03, em seus dez anos de promulgação. Se, por um lado, o desafio da Lei consiste em repensar o currículo e as políticas de educação do país em prol de uma igualdade racial; por outro, abrir espaço nessa 36

luta às religiões afro-brasileiras têm exigido refletir sobre as particularidades desse universo religioso e a sua exclusão na História oficial.

O Mito de Origem: uma revisão do ethos umbandista no discurso histórico Maria Elise Gabriele Baggio Machado Rivas São Paulo: Arché, 2013. O Mito de Orígem: uma revisão do ethos umbandista no discurso histórico problematiza o uso do mito de fundação da umbanda a partir do referencial de Escolas Umbandistas. Trata-se de uma crítica acadêmica sobre os usos do discurso único para uma religião que sempre se constituiu pela diversidade de formações e contextos culturais religiosos. Maria Elise Rivas já é autora conhecida nas discussões acerca da iniciação na(s) umbanda(s) e agora apresenta uma obra de cunho teológico sobre as (não) origens dessa religião.

O Rosto Ecumênino de Deus Claudio Ribeiro e Magali Cunha São Paulo: Fonte Editorial, 2013. O diálogo ecumênico, a ação conjunta das Igrejas, entendem Magali Cunha e Claudio Ribeiro, tem sua origem no Evangelho de Jesus de Nazaré. Esta mensagem é uma "boa nova"; anuncia a chegada do Reino de Deus. Os sinais que apontam o Reino são atuais e devem ser compreendidos nas coordenadas históricas do nosso tempo. Esta afirmação nos leva a dizer também que o ecumenismo de que falam Magali Cunha e Claudio Ribeiro não é um "ecumenismo de cristandade", formal, que pode ser advertido somente quando compromete as instituições. Isto faz necessária a discussão sobre a tensão que muitas vezes existe entre a fé em Jesus Cristo e o Pluralismo cultural e Religioso.

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Os laços entre igreja, governo e economia solidária André Ricardo de Souza São Carlos: EDUFSCar, 2013. A Igreja Católica é matriz de alguns movimentos sociais, entre eles o da economia solidária, resgatante de valores e práticas cooperativistas do século XIX que tinham sido também vividos por padres nos anos de 1950 e 60, como parte da “terceira via cristã”. Vários empreendimentos solidários atuais foram formados com o apoio de pastorais sociais e organismos católicos, sobretudo da Cáritas. Tal como boa parte da igreja no Brasil, essa entidade foi reorientada pela Teologia da Libertação, de modo a substituir práticas assistencialistas por outras que aliam auxílio e mobilização política. Economia solidária e catolicismo progressista se fizeram presentes nos governos de Lula e Dilma Rousseff com implicações relevantes. Esse proceso se deu em face do conservadorismo católico mundial. Esta obra trata da relação ideológica e prática entre igreja, governo e economia solidária.

Oporai Guata Porã: Awaju Poty João José de Felix Pereira O CD Oporai Guata Porã: Awaju Poty foi gravado no ano de 2000. É o resultado de 10 anos de pesquisa junto a comunidades Guarani dos estados de São Paulo e Paraná e contém 13 músicas (oporai) que são cantos sagrados tradicionais. Participei do CD com uma orquestra formada por 24 índios Guarani tocando instrumentos tradicionais e cantando em um coro formado por homens, mulheres e crianças.

Pentecostalismos e transformação social David Mesquiati (org.) São Paulo: Fonte Editorial, 2013. Um livro de pentecostais analisando o pentecostalismo de forma autocrítica. São diferentes perspectivas construídas a muitas mãos. Uma enriquecedora contribuição ao campo 38

religioso de grande interesse no Brasil e no mundo: “pentecostalismo e sociedade”.

Religião e Direitos Humanos PLURA – Revista de Estudos de Religião da ABHR, v. 4, n.1 (2013) Comissão de Redação da ABHR A PLURA - Revista de Estudos de Religião é o periódico da Associação Brasileira de História das Religiões (ABHR). Trata-se de uma publicação eletrônica destinada à divulgação da pesquisa acadêmica na área dos estudos de religião. São publicados artigos originais, traduções, documentos históricos, entrevistas e resenhas produzidos nos diferentes campos das ciências humanas. As publicações comportam, assim, tanto abordagens e perspectivas teórica e metodologicamente plurais, quanto temas diversos relacionados ao universo das religiões e religiosidades. A edição n° 1 de 2013 traz uma seção temática dedicada ao tema “Religião e Direitos Humanos”, contendo seis estudos que tratam da questão em perspectivas sócio-histórica, filosófica e teológica. A edição conta ainda com as seções “Artigos” e “Resenhas”. O periódico recebe submissões de artigos e resenhas em fluxo contínuo.

Protestantes, evangélicos e (neo)pentecostais: história, teologias, igrejas e perspectivas Zwinglio Mota Dias, Elisa Rodrigues, Rodrigo Portella (Orgs.) São Paulo: Fonte Editorial, 2013.

O conjunto de ensaios reunidos neste volume pretende oferecer aos seus leitores e leitoras uma visão do campo religioso protestante/evangélico no Brasil, numa perspectiva ampla e por meio de uma abordagem crítico-interpretativa de caráter multidisciplinar. A iniciativa desta publicação partiu da constatação de que ainda persiste uma grande carência de divulgação de estudos mais abrangentes sobre o mundo protestante/evangélico. Ao lado da literatura apologética produzida pelos diferentes grupos religiosos, que são na sua maioria autolaudatórias, existe um conjunto de estudos e pesquisas realizados nas últimas décadas que infelizmente se ocupam de aspectos parciais do mundo protestante/evangélico. 39

Protestantismo e História: Brasil e França na visão de Émile Léonard Marcone Bezerra Carvalho São Paulo: Editora Mackenzie, 2013. Com prefácio do Dr. João Baptista Borges Pereira, o livro é uma coletânea com 17 textos: 16 de Émile-G. Léonard e 1 de Roger Bastide sobre É.-G. Léonard. Destes 17 textos, 8 são inéditos no Brasil, 4 jamais foram publicados em qualquer lugar e 5 reaparecem entre nós depois de décadas desde sua publicação em periódicos brasileiros. Os artigos versam principalmente sobre o protestantismo no Brasil e na França, mas também abordam temas como teoria da história, cultura francesa e messianismo. Na introdução do organizador, a vida e a obra do historiador francês são apresentadas.

(Re)conhecendo o sagrado: reflexões teóricometodológicas dos estudos de religiões e religiosidades Eduardo Meinberg de Albuquerque Maranhão Fº (org.) São Paulo: Fonte Editorial, 2013 Por que estudar religiões e religiosidades e como pesquisar um assunto tão complexo? Este livro nasceu da percepção da necessidade de (mais) análises que apresentem perspectivas teórico-metodológicas que respondam – parcialmente – estas questões, auxiliando novas pesquisas e análises sobre os agenciamentos de sujeitos, coletivos e instituições religiosas.

Religiões e religiosidades em (con)textos Conferências e mesas do Simpósio Sudeste da ABHR / Simpósio Internacional da ABHR, USP, 2013 (Volume 1) Eduardo Meinberg de Albuquerque Maranhão Fº (org.) São Paulo: Fonte Editorial, 2013.

Esta seleção de textos de mesas e conferências do Simpósio Sudeste da ABHR / Simpósio Internacional da ABHR apresenta diferentes reflexões sobre as crenças e sacralidades, esperando contribuir 40

para o florescimento de novas pesquisas e diálogos. Os/as autores/as desta coletânea desejam ótimas leituras a todos/as.

Religiões e religiosidades no (do) ciberespaço Eduardo Meinberg de Albuquerque Maranhão Fº (org.) São Paulo: Fonte Editorial, 2013. A proposta principal deste livro é a de adensar as discussões teórico-metodológicas acerca das religiões e religiosidades no (do) ciberespaço. A partir de textos de caráter etnográfico digital perguntamos: o que caracteriza uma igreja do ciberespaço ou no ciberespaço? O que o “ciber” nos diz a respeito de diferentes deslocamentos religiosos subjetivos, coletivos e institucionais? Instituições religiosas que não estejam na rede conseguem atrair e atender seus públicos? Repensando o sincretismo Sérgio Figueiredo Ferretti São Paulo: Arché/EDUSP, 2013.

Este livro traz uma investigação sobre o sincretismo afrobrasileiro a partir do estudo realizado por Sérgio Ferretti na Casa das Minas, em São Luís do Maranhão. Assim, a obra percorre as práticas ritualísticas e o dia a dia de Vodúnsis e Ogãs, com seus Voduns e suas cerimônias festivas, de luto, entre outras, como Festa do Divino e o Arrambam, para compreender como se processam as relações entre sujeitos e o sagrado no Tambor de Mina. Revista Estudos de Religião, v. 2 7, n0 2 A revista Estudos de Religião oferece olhares diversos sobre o fenômeno religioso. Este número apresenta uma sessão de artigos variados sobre religião e um dossiê específico que trata da relação entre religião e política, discutindo temas como religião e democracia, diversidade religiosa e diversidade sexual, política e sexualidade, e política e fundamentalismo.

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Todas as águas vão para o mar: poder, cultura e devoção nas religiões Gamaliel da Silva Carreiro, Lyndon de Araújo Santos, Sérgio Figueiredo Ferretti, Thiago Lima dos Santos (orgs.) São Luís: EDUFMA, 2013. A presente obra é mais uma contribuição do XIII Simpósio Nacional da Associação Brasileira de História das Religiões (ABHR - 2012). Composta por treze artigos a obra é um apanhado de quatro tradições religiosas importantes na configuração religiosa do Brasil, a saber: Religiões Afro-brasileiras, Espiritismo, Catolicismo e Protestantismo, que plasmam o imaginário cultural do país. Por diferentes caminhos e de diferentes formas, essas tradições escorrem para o mar do numinoso e ali se enfrentam. Umbanda e Teologia da Felicidade F e r n a n d a L . R i b e i ro São Paulo: Arché, 2013. Teologia em seu sentido original, tomado dos gregos pelo cristianismo significa “discurso sobre as coisas divinas”. Apesar do hermetismo e do proselitismo aos quais a teologia esteve vinculada por tanto tempo, na atualidade ela se depara com a necessidade de dialogar com a ciência e com as diversas religiões. Inserida nesse contexto, a Teologia da Felicidade, baseada nas idéias do pesquisador e sacerdote Francisco Rivas Neto, se propõe a pensar que a experiência espiritual na Umbanda se constitui na concepção de uma relação de continuidade entre realidade transcedente e realidade imanente e na complementariedade entre experiência individual e coletiva. Assim, a felicidade se apresenta como estado de bem-estar e capacidade de realizações, resultante da unidade entre estes aspectos, considerados complementares entre si. Último Andar A revista Último Andar foi criada em 1998 e desde 2006 mantém-se em versão eletrônica. Após um hiato de publicações, retoma fôlego em 2013 com nova equipe e objetivos, determinada a crescer em qualidade e volume de artigos, contando para isso com a colaboração de estudiosos do fenômeno religioso em suas múltiplas facetas, incentivando sobretudo a participação discente e de instituições diversas. 42

Homenagens 30 de outubro, quarta-feira, 19h30 Auditório da Casa de Cultura Japonesa, FFLCH

A ABHR e a organização do evento rendem homenagens a duas pessoas que tem contribuído de forma ímpar, não somente com a Associação, mas com os estudos sobre religiões e religiosidades brasileiras: Sérgio Figueiredo Ferretti e Mundicarmo Maria Rocha Ferretti.

Mundicarmo Maria Rocha Ferretti Professora emérita e titular aposentada na UEMA. Professora adjunta IV aposentada na UFMA. Doutora em Antropologia Social pela USP. Mestre em Ciências Sociais pela UFRN e em Administração Pública (Pessoal) pela FGV – RJ. Subcoordenadora do GP Religião e Cultura Popular (GPMINA - DESOC/UFMA).

Sérgio Figueiredo Ferretti Professor Emérito na UFMA. Doutor em Antropologia Social pela USP. Mestre em Ciências Sociais pela UFRN.

Condução: Lyndon de Araújo Santos, UFMA A cerimônia de homenagem será realizada após o Lançamento de Publicações do evento, e será seguida de atividade cultural do Fazendo Arte.

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Leituras de história de vida religiosa 29 a 31 de outubro, das 14h às 14h15 Auditórios e anfiteatros da FFLCH

Esta atividade consiste na leitura de narrativas de história de vida que dialoguem com o tema do evento e/ou da mesa, e serão apresentadas pelos integrantes do coletivo Troupe Drao como abertura das mesas do evento.

Coordenação: Marcela Boni Evangelista, NEHO/USP e Mychelle Aguinel, Troupe Drao

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Mesas 45

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M1 – A Paz na Terra: os 60 anos da encíclica Pacem in Terris 29 de outubro, Anfiteatro de Geografia, FFLCH

Coordenação Wellington Teodoro da Silva, PUC/MG No dia 11 de abril de 1963 foi publicada a carta encíclica Pacem in Terris pelo papa João XXIII. Essa publicação aconteceu meses após a crise dos mísseis em Cuba, um dos momentos de maior tensão da guerra fria. Seu impacto no Brasil aconteceu de maneira forte. Foi um dos documentos que criaram condições de diálogo entre católicos e marxistas. Ajudou a dar legitimidade para a organização do setor do catolicismo conhecido como Esquerda Católica e, em larga medida, da Teologia da Libertação. Essa mesa discutirá as repercussões desse documento e sua defesa do diálogo quando foi publicada e sua influência na Igreja nos últimos 60 anos.

Participantes Frei Carlos Josaphat Professor emérito na Universidade de Friburgo, Suiça. Autor do livro Ética Mundial. Frei dominicano. Encíclica Pacem in Terris nos contextos da guerra fria Tratar-se-á da encíclica Pacen in Terris como documento publicado no contexto da guerra fria como uma tentativa de distencionar as duras lides entre os blocos capitalistas e socialistas. Ela insere-se em um dos momentos mais tensos entre esses dois blocos, imediatamente após a crise dos mísseis em Cuba. A figura do papa João XXIII como ator da abertura política da Igreja Católica para o diálogo com o mundo moderno. O reposicionar-se da Igreja Católica diante das questões modernas.

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Wellington Teodoro da Silva Presidente da ABHR. Professor do PPGCR da PUC/MG. Doutor em Ciência da Religião pela UFJF.

Repercussão da Encíclica Pacem in Terris no Brasil A encíclica Pacem in Terris causou grande repercussão nas culturas religiosa e política brasileiras em meados da década de 1960. Ela causou desembaraços para o setor conhecido como esquerda católica que compreendeu ter sido legitimado em suas propostas e práticas no espaço público. Nossa fala abordará o diálogo com o comunista promovido pela encíclica. Esse setor do catolicismo já havia encontrado com o marxismo no teatro da operosidade política e via sentido em suas compreensões sobre a natureza das questões sociais, políticas e econômicas que se impunham. O anticomunismo não era total entre os católicos do período.

Patrícia Carla de Melo Martins Professora do Centro Universitário Barão de Mauá. Doutoranda em História pela UNESP. Doutora em Ciências da Religião pela PUC/SP. Mestre em História pela UNESP. Direito Natural na encíclica Pacem in Terris de João XXIII O Direito Natural na Pacem in Terris estabelece um diálogo entre o poder temporal e o poder espiritual da Igreja Católica. A referência é à necessidade de constituição de uma democracia solidária mundial, que ultrapasse o interesse das fronteiras nacionais. Colocada como ponto reflexivo da condição humana e das suas possibilidades de realização espiritual sobre a História, a existência coletiva se apresenta como realização pessoal. A questão desta abordagem é o caminho do tempo histórico da Humanidade e sua interlocução com o presente.

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M2 – Teoria e metodologia nos estudos de religião 29 de outubro, Anfiteatro de História, FFLCH

Coordenação Adone Agnolin, USP Esta mesa se propõe enfocar a importância de entrecruzar a perspectiva históricoreligiosa com as problemáticas missionárias ligadas à tradução de culturas outras e à consequente reprodução de saberes compartilhados. Nicola Gasbarro analisa a relação entre religião e poder (englobando o problema do sentido e do direito), para verificar a comunicação entre diferentes cosmologias enquanto ligada à relação entre direito e ritual: pressuposto das ações missionárias e instrumento de reflexão teórica e metodológica sobre a história missionária e a pesquisa de campo. Na interação estabelecida entre alguns povos indígenas e missionários salesianos no Brasil, na primeira metade do século XX, Paula Montero tem em vista pensar concepções como as de ‘autoria’ e ‘tradução cultural’ para desvendar a gramática e a leitura do olhar missionário sobre seu nativo, bem como suas modificações ao longo do tempo. O programa de fundação da escola italiana de História das Religiões é apresentado, enfim, por Elton Nunes na base do método comparativo de Pettazzoni: da ‘autonomia (toda) histórica’ desses estudos, até a comparação diferencial entre culturas, nascida de qualquer forma e a priori no interior da comparação analógica propriamente missionária.

Participantes Nicola Gasbarro Professor da Universitá degli Studi di Udine. Missões: a religião como linguagem para um possível entendimento? A partir da problemática própria da História das Religiões, esta 49

apresentação pretende tratar da relação entre religião e poder no interior de um paradigma mais amplo, isto é, aquele do sentido e do direito. Nessa direção, tratase de analisar a comunicação entre diferentes cosmologias para que possa ser reconduzida à relação entre direito (que é um pressuposto, demasiado esquecido, dos próprios missionários) e ritual: a análise do ritual permite inserir um justo realismo no interior da narração missionária que foge a qualquer interpretação em termos de narração e até mesmo à codificação cristã (pense-se ao demônio que encarna os códigos rituais irredutíveis), mas permite individuar seja a ordem do sentido cristão, seja a arqueologia da cosmologia de uma alteridade em relação que entre em uma outra história e contribua, assim, a constituir algumas de suas coordenadas. No interior dessa perspectiva, acreditamos que possam emergir frutíferos estímulos de reflexão teórica e metodológica, assim como relativos à história missionária e à pesquisa de campo.

Adone Agnolin Professor no Departamento de História da USP. Doutor em Sociologia pela USP. Especialização em História das Religiões na Università degli Studi di Padova. Idade Moderna: Genealogia da História das Religiões entre Civitas e Religio A História das Religiões se propõe enquanto análise histórica das formações “religiosas”: é um saber histórico desenvolvido na base de uma comparação sistemática. Categoria toda ocidental, o “religioso” se constrói, historicamente, ao redor de um monoteísmo inscrito em um anterior universalismo cívico: a res publica da antiguidade romana. Esse trabalho se propõe apontar para a diferente relação que se estabelece entre “civilização” e “religião” em três diferentes contextos do começo da Idade Moderna: 1) a específica identificação de “civilização” e “religião” na Modernidade ocidental; 2) a alternativa que emerge entre os dois conceitos, conforme interpretações das quais derivam diferentes estratégias missionárias, no contexto oriental; 3) e a prioridade atribuída ao processo civilizador como passo fundamental para a construção de uma “religião” para as populações “selvagens” americanas.

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Paula Montero Professora no departamento de Antropologia da USP. Doutora em Antropologia Social pela USP. Mestre em Antropologia Social pela Universite de Paris VII. Presidente do Centro Brasileiro de Análise e Planejamento. Saberes Missionários: da autoria à tradução Trata-se nessa apresentação de pensar concepções como autoria e tradução cultural na interação estabelecida entre alguns povos indígenas e missionários salesianos no Brasil, na primeira metade do século XX. Para além da reconstrução histórica do projeto salesiano no Brasil, pretendo aqui pensar algumas das narrativas antropológicas de missionários acerca dos índios com quem conviveram nas aldeias missionárias. Tais narrativas foram estrategicamente escolhidas por retratar três momentos distintos da atividade missionária católica no Brasil e da conjuntura política nacional. Comparar esses casos tornou mais perceptível a gramática e a leitura do olhar missionário sobre seu nativo, bem como suas modificações ao longo do tempo. Permitindo também compreender como os diversos contextos políticos ideológicos afetaram a observação missionária acerca da interação com os índios e do cotidiano nas missões. Tais narrativas são tratadas aqui como produto da interação entre trajetórias desses personagens e dos enunciados produzidos a partir das posições sociais em que se encontravam situados.

Elton Nunes Professor na Faculdade Messiânica. Pós-doutor em História pela PUC/SP, doutor e Mestre em Ciencias da religião pela UMESP A Escola Italiana de História das Religiões: A constituição de um espaço historiográfico Trata-se nesta proposta, apresentar em linhas gerais as escola italiana a partir do seu programa fundacional. A partir da análise do cotidiano para o entendimento dos processos de relacionamento e mútua influência, Pettazzoni antecipa diversas linhas de pesquisa que entendem que a prática cotidiana retém a realidade última para o pesquisador. O método comparativo de Pettazzoni busca a singularidade a partir da base fornecida pelas nossas pressuposições de origem, nossa cultura, conceitos e civilização. Ao analisar outra cultura, encontramos 51

outros conceitos, distinguimos outra civilização. Dessa maneira, o processo comparativo busca a diferença e a singularidade, não o igual ou o supostamente mesmo entre culturas e civilizações diferentes.

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M3 – “Religiosidades” ameríndias 29 de outubro, Auditório sala 24 do prédio de Ciências Sociais, FFLCH

Coordenação Talita Sene, UFSC Esta mesa tem como propósito discutir o que disciplinas como a antropologia e a história entendem pelo termo “religiosidades” ameríndias, com especial interesse nos segmentos católicos e evangélicos no que tange às questões de conversão indígena.

Participantes Maria Cristina Pompa Professora do curso de Ciências Sociais da Unifesp. Doutora em Ciências Sociais pela UNICAMP. Mestre em Antropologia Social pela UNICAMP. Dizer mítico e fazer ritual: o rito como instrumento de construção da história A partir dos rituais descritos na documentação jesuítica referentes às “Aldeias dos Tapuia”, florescidas no sertão nordestino entre os séculos XVII e XVIII, e da perspectiva teórica oferecida pela Antropologia e pela História das Religiões, proponho uma reflexão sobre o papel do ritual na construção de novos horizontes simbólicos em situação de conflito e mudança social, qual é o caso do processo de evangelização dos índios no Brasil Colonial. Com efeito, os dados mostram que, alguns elementos cristãos foram absorvidos, porque significativos, no universo simbólico indígena, assim como, especularmente, a simbologia católica sofreu um processo de ressignificação. Os sacramentos e, mais em geral, o cerimonial cristão, foram o ponto alto da catequese nas aldeias: isso mostra que missionários e indígenas utilizaram a prática, mais do que a crença, o ato mais do que a palavra, como plano de comunicação. A linguagem do diálogo foi uma linguagem gestual e 53

o rito se tornou, dos dois lados, o lugar de incorporação da mudança, constituindo o espaço privilegiado da compreensão da alteridade e da construção da história.

João Azevedo Fernandes Professor do PPGH da UFPB. Doutor em História pela UFF. Mestre em Antropologia pela UFPB. O gênero da conversão: mutações das religiosidades indígenas Esta comunicação tem por objetivo analisar o lugar das mulheres e das relações de gênero nos processos históricos de mudança cultural, provocados pela conversão, ou tentativas de conversão, das sociedades nativas. Para além dos problemas colocados pelo uso do termo “religiosidade” quando aplicado às sociedades indígenas (problemas que devem ser discutidos), a comunicação propõe uma reflexão sobre a agência feminina nos processos de transformação originados da ação missionária. Com um olhar privilegiado sobre a experiência colonial dos Tupinambá, tal como percebida na documentação histórica, pretende-se fazer aqui uma discussão acerca do impacto de um discurso religioso totalizante sobre sociedades que vivem a religiosidade a partir de experiências de caráter xamanístico, e como as diferenças de gênero podem se expressar nas “zonas de contato” e nos processos de transculturação.

Artionka Manuela Góes Capiberibe Professora de Antropologia do Curso de Ciências Sociais da Unifesp. Doutora em Antropologia Social pelo Museu Nacional/UFRJ. Mestre em Antropologia Social pela UNICAMP. O lugar do transcendente nas igrejas cristãs palikur Os Palikur, população ameríndia localizada na região da fronteira Brasil/ Guiana francesa, falante de uma língua arawak-maipure, possuem hoje duas Igrejas cristãs estabelecidas entre si: a Igreja Evangélica Assembleia de Deus e a Igreja Adventista do Sétimo dia. Esta apresentação pretende mostrar - por meio de uma combinação de dados históricos e, principalmente, etnográficos - como se assentam estas religiões cristãs palikur, apresentando as principais influências que concorrem em sua formação, a saber: uma religião católica de missões jesuítas; 54

visitações de padres até o século XX; o xamanismo, a cosmologia e a centralidade do corpo entre os palikur; diversas missões religiosas transculturais de cunho evangélico e, por fim, as presentes denominações religiosas. Dentre os resultados desta confluência de elementos diversos, destaca-se o modo pelo qual esta população indígena constituiu um espaço próprio para o transcendente na relação com as Igrejas nela instituídas. A presente abordagem tem por objetivo central apontar uma espécie de transformação cultural de mão dupla provocada neste processo, que incide concomitantemente sobre os Palikur e sobre as Igrejas cristãs presentes entre eles.

Aramis Luis Silva Colaborador do Cebrap. Doutor e mestre em Antropologia Social pela USP. A aldeia de Meruri em resgate: entre a sacralização do rito no museu missionário e a invenção da religiosidade bororo Surgida em 1902 a partir de uma missão dos padres salesianos entre os índios Bororo à sudeste do Estado do Mato Grosso, a aldeia indígena de Meruri é hoje palco de uma das tantas tramas de objetificação cultural em curso no Brasil. Após mais de um século de ação evangelizadora na qual cristianização foi equiparada à civilização, missionários católicos e índios Bororo continuam ainda hoje em relação, agora, desta vez, em nome de um dito processo de “revitalização cultural”. Ora juntos, ora separados (ora em parceria, ora em um ambíguo conflito discursivo), padres e lideranças indígenas locais há mais de década desenvolvem projetos edificados em nome desse mesmo fim. Porém, a despeito de todas as diferenças dos seus meios, uma semelhança se impõe como desafio aos analistas: processos de “revitalização cultural” no quais as categorias religião e cultura ganham sinonímia em função daquilo que é reconhecido como “sagrado”.

João José de Felix Pereira Pós-doutorando em Ciências da Religião pela UMESP. História de vida

Dos aspectos de minha vida mais importantes com relação a todos 55

os outros que me dizem respeito são a espiritualidade Guarani e a música. A espiritualidade teve um aspecto conflitante até a minha maturidade, devido a outras influências, minha decisão religiosa foi tardia e casual. Deu-se no ano de 1991 quando morava em Itanhaém, por ocasião da minha pesquisa de mestrado em Comunicação e Semiótica na PUC/SP. Nas imediações dessa cidade do litoral paulista há diversas comunidades Guarani. Passei a frequentar essas comunidades e rezar no Opy (casa de reza), devido a facilidade de relacionamento por falar a língua, gostar de tomar Ka’ayu (chimarrão), fumar petym e praticar o Jeroky (dança) assim como de cantar os mborai. Por questões afetivas tomei naquela ocasião a determinação de me dedicar ao resgate e à pesquisa da música e da espiritualidade do meu povo paterno, já que minha mãe é de origem italiana. Hoje já somam 22 anos de dedicação exclusiva ao povo Guarani.

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M4 – Políticas e religiosidades 29 de outubro, no Auditório sala 14 do prédio de Ciências Sociais, FFLCH Coordenação Jacqueline Moraes Teixeira, USP Esta mesa pretende circundar alguns temas relacionados à constituição da religião no Brasil e sua relação com a produção do estado democrático. O intuito é discutir os meios pelos quais diferentes religiosidades constituíram, a partir de seus discursos, práticas e valores, alguns sentidos considerados essenciais à formulação da identidade política nacional. Nesse contexto, analisar as práticas discursivas e as categorias operacionalizadas nos processos de distinção e identificação dos indivíduos e de algumas agências religiosas possibilita compreender a (re)configuração dos espaços públicos em torno das disputas políticas contemporâneas. Participantes Ricardo Mariano Professor no Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais da PUC – RS. Doutor em Sociologia pela USP. Ativismo político pentecostal A apresentação tem por objetivo analisar o crescente ativismo político partidário e eleitoral de pentecostais no Brasil. Discorre sobre conflitos e polêmicas recentes envolvendo seus representantes parlamentares no Congresso Nacional. Enfoca, especialmente, sua acirrada disputa com grupos homossexuais em torno da união civil de pessoas de mesmo sexo, do projeto 122/2006 que criminaliza a homofobia e do comando da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados.

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Arnaldo Érico Huff Júnior Professor no Departamento de Ciência da Religião da UFJF. Doutor em Ciência da Religião pela UFJF e em História Social pela UFRJ. Políticas de protestantes e pentecostais em três modos Proponho acercar, nesta breve análise, tendo como referência o Brasil, três modos de ação política de protestantes e pentecostais, a partir de um esforço comparativo principalmente interessado nas ideias religiosas em circulação. O primeiro, cronologicamente, é aquele comumente chamado de conservador, percebido em diversas denominações, cuja característica mais marcante é a de uma retirada do mundo político ante o horizonte do celeste porvir. O segundo, geralmente caracterizado como progressista, é aquele que captura a esperança escatológica para a história e aparece de modo especial em movimentos e organizações paraeclesiásticas e ecumênicas. Por fim, e mais recentemente, tem-se a atividade de setores evangélicos na esfera política através das bancadas evangélicas, recebendo em alguma medida a influência de ideias religiosas advindas da teologia da prosperidade.

Daniel Rocha Doutorando em História pela UFMG. Entre o paraíso perdido e o milênio aguardado: escatologia, política e identidade nacional no fundamentalismo norteamericano O objetivo desta apresentação é fazer uma breve reflexão sobre as relações que se estabeleceram entre identidade nacional e perspectivas escatológicas na construção do discurso do fundamentalismo protestante norteamericano durante as décadas de 1970 e 1980. Inicialmente, trataremos da permanência, ao longo da história norte-americana, da “herança” dos Pais Peregrinos na construção de um imaginário político marcado pela noção de excepcionalidade dos EUA, uma nação fundada em determinados valores e virtudes, que possui uma missão a desempenhar no mundo e um compromisso com seus valores “fundacionais”. Em seguida, abordaremos como tal discurso foi apropriado pelo conservadorismo protestante norte-americano, em especial nas discussões sobre qual seria o papel dos EUA no fim dos tempos presentes nos best 58

sellers escatológicos de Hal Lindsey. Por fim, faremos uma breve menção sobre as relações entre escatologia e política no pentecostalismo brasileiro a partir da década de 1980.

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duardo Dullo Doutor e mestre em Antropologia Social pelo Museu Nacional – UFRJ. Pesquisador associado ao CEBRAP.

Política secular e intolerância religiosa nas eleições municipais de São Paulo

O texto parte da denúncia pública feita pela Igreja Católica, por meio do Arcebispo de São Paulo, envolvendo o coordenador da campanha de Celso Russomanno para prefeito de São Paulo. A partir da acusação de “intolerância religiosa” feita contra o pastor licenciado da IURD, analiso como os agentes se apresentam na esfera pública e como disputam as delimitações de “religião” e “política”. Esse caso empírico é particularmente instrutivo na medida em que facilita nossa compreensão sobre as polêmicas recentes a respeito de religião, política e laicidade. Tal análise permite explicitar a posição bifronte da Igreja Católica: por um lado ela se apresenta como o paradigma de religião liberal moderna retirada da política e, por outro lado, como agente constituinte dessa democracia secular. A conclusão é a de que, embora a predominância histórica da Igreja Católica tenha se reatualizado, um novo paradigma (cristão, não-católico) de articulação entre religião e política vem ganhando força.

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M5 – Festas, artes e religiosidades 29 de outubro, no Auditório da Casa de Cultura Japonesa, FFLCH Coordenação Geslline Giovana Braga, USP Esta mesa visa promover uma reflexão sobre a importância das religiões afrobrasileiras na construção da identidade nacional por meio da produção artística. Como se sabe, essa religiosidade influenciou fortemente a música popular brasileira (com gêneros musicais como o samba), as manifestações festivas nacionais (como o carnaval, maracatus, afoxés, festas de largo), a literatura (sendo Jorge Amado seu grande divulgador), o cinema e as artes visuais, entre outros campos.

Participantes Dilma de Melo Silva Professora da USP. Doutora em Sociologia pela USP. Mestre em Sociologia pela Uppsala Universitet.

Arte e religiosidade de matriz africana Atravessada a Calunga Grande, – o Atlântico Negro que nos une a força vital constituinte do (a) MUNTU africano(a) penetrou no território americano em séculos de lutas,resistências,reelaborações, ressignificações. Na atualidade, seus (suas) herdeiros mantêm a sabedoria milenar vindas com os malungos e desabrochada em mocambos e senzalas. Passados 125 anos,da Abolição, seus valores se perpetuam nas vitórias cotidianas frente à arrogância das elites míopes,cegas ao reacender do ideário de princípios civilizatórios solidários e estruturantes. Por toda parte, de Cafundó a Serra da Barriga, passando pelos quartos escuros e insalubres das áreas de serviço verticalizadas das metrópoles os (as) MUNTU arrancados (as) de suas comunidades de origem mantém acesa a 61

certeza da supervivência em terras estrangeiras, hoje, transmutadas em posses e não-lugares antropofagicamente conquistadas. Séculos de história, espaços luminosos, espaços opacos, cores, contrastes, penumbras, símbolos e significados construídos minuto a minuto de luta/resistência/supervivência. Muitos exemplos poderão ser dados, por exemplo, no campo da Arte/Religiosidade. É o que pretendemos.

Yumei de Isabel Morales Labañino Pesquisadora do Centro Cubano de Antropologia. Doutoranda em Antropologia Social. Mestre em Antropologia pela Universidade de Havana.

Os objetos contam a história: uma aproximação da coleção "Fernando Ortiz" A coleção "Fernando Ortiz" de objetos relacionados com a prática das religiões afro-cubanas, constitui um dos acervos mais importante da chamada etnografia afro-cubana. Mediante a analise dela pode-se observar uma parte importante da história destas religiões do final do século XIX até princípios do XX, assim como a evolução da concepção da cultura material ligada a elas.

Marcelo Mendes Chaves Mestre em História e Historiografia pela USP. A estética afro-brasileira de Carybé O presente trabalho trata da plástica de Carybé, especificamento do período compreendido entre 1950 e 1980, dedicado para a elaboração do Livro Os Deuses Africanos no Candomblé da Bahia. A pesquisa desenvolvida sobre essa temática considera a mitologia e a ritualistica negro-africana iorubá como uma das poéticas do artista, aproxima sua imagética, em diferentes momentos, à manifestação do sistema religioso do candomblé Queto por uma maior visibilidade e inclusão social e procura, desse modo, pontuar os principais aspectos da contribuição de Carybé para a história da arte afro-brasileira no século XX.

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M6 – Itinerários, percursos e narrativas do sagrado 30 de outubro, no Anfiteatro de Geografia, FFLCH Coordenação Artur Cesar Isaia ,UFSC Em um momento em que a História e as Ciências Sociais valorizam, cada vez mais, as experiências religiosas como objetos de pesquisa, esta Mesa Redonda tem por objetivo discutir as mobilidades do sagrado, consubstanciadas em “itinerários, percursos e narrativas”. Ela pretende discutir, não só a espacialidade e a temporalidade das experiências coletivas, mas as mobilidades narrativas desses fenômenos, valorizando também os percursos individuais de busca do sagrado, das religiões e das religiosidades. Este último aspecto apresenta particular interesse em nossos dias, especialmente marcados por processos de individualização das crenças e por acentuados trânsitos religiosos.

Participantes

Artur Cesar Isaia Professor no PPGH da UFSC. Doutor em História Social pela USP. Mestre em História pela PUC/RS. Os “Franciscanos de Umbanda”: trajetória de uma experiência peculiar no campo mediúnico porto-alegrense Surgida em Porto Alegre, a no início dos anos 1930, a "Congregação dos Franciscanos de Umbanda" foi profundamente marcada pela figura de seu fundador, Laudelino Manoel de Souza Gomes. Localizando-se por muito tempo na "Cidade Baixa", a casa compartilhava um espaço urbano extremamente próximo da memória afrodescendente. Localizada em um dos 63

espaços historicamente ocupados pela população negra, a casa fundada por "Padrinho Laudelino" ancorava-se em nichos da memória ancestral africana ainda muito presentes em nossos dias, bem como em uma apreensão da realidade muito próxima daquela propalada pelos setores intelectualizados da umbanda na primeira metade do século XX. Por outro lado, a biografia do seu fundador foi profundamente marcada por deslocamentos espaciais, que emprestaram à casa elementos religiosos inusitados frente à umbanda da época.

Solange Ramos de Andrade Professora no PPGH da UEM. Coordenadora do Curso de Especialização em História das Religiões do DHI/UEM. Coordenadora do GT Nacional de Religiões e Religiosidades da ANPUH. Doutora e mestre em História pela UNESP. As romarias como manifestações da religiosidade católica A religiosidade católica se caracteriza pela necessidade de buscar a proximidade do sagrado num plano mais humano, mais próximo de sua realidade, de suas paixões e de seus sentimentos oportunizando ao devoto solicitar a alguém que tenha experimentado uma existência humana, interceda a seu favor junto a uma divindade distante. As principais manifestações da religiosidade católica estão associadas a três aspectos complementares: o primeiro aspecto é o culto aos santos. O segundo aspecto é caracterizado pelo binômio peregrinação/romaria. Finalmente, o terceiro aspecto encontra-se no conjunto de ritos e cerimônias. Esses aspectos ocorrem num espaço concreto e tem lugar em momentos precisos do calendário devocional. Nesta apresentação abordo o binomio peregrinação/romaria e qual o seu lugar na religiosidade católica. Uso os como sinônimos, pois as discussões etimológicas relacionadas a eles distanciar-me-iam da abordagem sobre suas práticas. Independente da nomenclatura, para o devoto, peregrinação ou romaria pressupõem o “caminhar sagrado”, o “caminhar sacrificial”, o “caminhar penitente” em direção ao santuário.

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Ronaldo Almeida Professor no PPGCSO da UNICAMP. Doutor em Antropologia Social pela USP e mestre em Antropologia Social pela UNICAMP. Comunidade, congregação e conexão: sobre os vínculos religiosos Há algumas décadas acelera-se no Brasil a circulação de fiéis entre diferentes religiões ou a prática simultânea de algumas delas. Da mesma forma, conteúdos simbólicos e práticas rituais também circulam entre as alternativas religiosas, que cada vez são mais numerosas. Neste cenário de múltiplos percursos e pertencimentos, os laços sociais agenciados pelas religiões são variáveis, o que coloca em questão as categorias analíticas clássicas por meio das quais eles foram pensados. A proposta desta comunicação é refletir sobre tais categorias à luz da dinâmica religiosa contemporânea e os vínculos sociais que ela tem produzido.

José Guilherme C. Magnani Professor Titular no Departamento de Antropologia da USP. Doutor em Antropologia Social pela USP. Mystica Urbe: o circuito neoesotérico na cidade Os integrantes do “circuito neoesotérico”, tal como foi denominado no livro Mystica Urbe, distinguem-se pela busca de novas modalidades de cultivo de seu mundo interior que inclui, para muitos deles, as dimensões da espiritualidade e do sagrado: suas fontes de inspiração são filosofias e sistemas religiosos orientais, antigos saberes ocultistas, correntes espiritualistas, cosmologias indígenas, propostas ecológicas. Não se trata, contudo, de uma busca individual e isolada. Essas pessoas – com diferentes graus de compreensão e envolvimento – têm seus lugares de encontro, compartilham hábitos e padrões de consumo, cultivam valores, crenças e gostos semelhantes. Desenvolvem, em suma, um “estilo de vida” perfeitamente discernível no ambiente cosmopolita da metrópole, presente na mídia e sustentado por uma extensa rede de espaços que oferecem cursos, práticas corporais, terapias alternativas, literatura especializada e até ritos e celebrações em determinadas datas. Desta forma, práticas que muitas vezes são consideradas como produto de escolhas meramente pessoais, resultando num bricolage de crenças e atividades das mais variadas origens, têm sua lógica e exibem regularidades nas formas de implantação e funcionamento no contexto urbano. 65

Maria Helena Villas Bôas Concone Professora no Departamento de Antropologia da PUC/SP, do Programa de Estudos Pós- Graduados em Ciências Sociais e no Programa de Estudos Pós Graduados em Gerontologia, na referida universidade. Percursos da umbanda em dois tempos A Umbanda que se desenhou no Brasil com esse nome a partir das primeiras décadas do século passado fez um percurso ascensional de meados até por volta da década de 80 do XX. O crescimento e a grande visibilidade da Umbanda nos jornais do Rio e de São Paulo (para falar destes e especialmente do segundo) gerou no período polêmicas de caráter religioso e político-ideológico. Do ponto de vista religioso a preocupação foi manifestada pela Igreja Católica seja condenando (anos 50 e 60), seja buscando entender os motivos da adesão popular à Umbanda; a partir daí, A Igreja Católica passou a considerar a necessidade de mudanças nas próprias formas de atrair/manter seus fiéis. Uma outra polêmica, esta de caráter políticoideológico, dizia respeito ao que se considerava uma verdadeira louvação da “Macumba” entendida como “primitiva” em evidente contradição com as “pretensões de modernidade do País”; estas críticas acerbas foram publicadas como editorial no Jornal “O Estado de São Paulo” na década de 50 e envolviam a visita de Huxley ao Rio de Janeiro e à sua ida ” organizada por intelectuais”, aos morros e casas de Umbanda cariocas. Nos anos 80 a polêmica envolveu o apoio oficial de governantes estaduais paulistas “pós revolucionários” aos umbandistas em cerimonias do Estado e ao acolhimento de comemorações e festas umbandistas (como festas a Ogun ou de Iemanjá) nos calendários da Secretaria Estadual de Esporte e Turismo. Nos dias de hoje tal visibilidade se transformou no seu oposto. Quando se abre espaço na media para eventos religiosos, estes devem ser portentosos como a visita do Papa Francisco ou o Encontro Internacional da Juventude Católica, sendo hoje maior a visibilidade das Igrejas Evangélicas Pentecostais do que no período comentado anteriormente (claro está que eventos religiosos e políticos internacionais, ou não, envolvendo especialmente o Islã são presença certa no noticiário; mas não é o caso em pauta aqui). De fato as porcentagens dos dois últimos censos mostram-se diminutas para a Umbanda que além do mais aparece junto ao Candomblé, dificultando ainda mais uma avaliação. As maiores porcentagens desse conjunto ainda estão nas regiões sul e sudeste do Brasil, mas não chegam a 1%. É este percurso “dos holofotes às sombras” que apresentaremos, trabalhando com notícias de jornal, dados numéricos e comentários na internet.

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M7 – O que é História das Religiões? 29 de outubro, Anfiteatro de História, FFLCH

Coordenação Eliane Moura da Silva, UNICAMP Como falar da religião ou das religiões hoje? Submetida à demarcação intelectual das críticas racionalistas, no decorrer dos séculos XIX e XX, a religião no singular e os estudos sobre religião, com diferentes chaves hermenêuticas e procedimentos metódicos, foram submetidos a análises que deveriam permitir que sua verdade, finalidade e sentido fossem finalmente revelados. A história cultural das religões, das práticas e representações religiosas deve entender a formação da categoria generalizante “a religião” como códigos de sentidos variados, investigando empréstimos, cruzamentos, difusões, hibridações e mestiçagens da(s) religião/religiões como construções culturais. Essa discussão é o objetivo central dessa mesa redonda.

Participantes Eliane Moura da Silva Professora e coordenadora do PPGH da UNICAMP. Doutora e mestre em História pela UNICAMP. Entre Religião, Cultura e História O objetivo da apresentação é o de fazer uma análise crítica visando ampliar a proposta de um campo conceitual e metodológico de uma História Cultural das Religiões. As evidências que nos levam a identificar o “religioso” nas mais variadas experiências históricas não tornam mais simples a tarefa de definir o que é “religião” ou seu campo de estudo. A despeito disso, nas últimas duas décadas a História das Religiões floresceu. Uma História das Religiões menos devedora de conceitos universais convive hoje com uma História Cultural e está submetida pela crítica bem sucedida ao enquadramento exclusivamente institucional que a marcou no passado. A discussão teórica e metodológica entre diferentes perspectivas 67

historiográficas coloca o problema da aproximação entre estas duas vertentes e permite estabelecer um diálogo entre os resultados a que chegaram ao abordarem problemas em comum. Antonio Paulo Benatte Professor do PPGH da UEPG. Doutor em História pela UNICAMP, mestre em História pela UFPR. História das religiões: um campo historiográfico em constante mutação Nas últimas décadas, a pesquisa em história das religiões tem crescido e se renovado, especialmente no âmbito da história cultural. A formação e o desenvolvimento desse campo são extremamente complexos, atrelados que estão à configuração e às mudanças mais gerais do saber histórico contemporâneo. O objetivo dessa comunicação é contribuir, do ponto de vista da história da historiografia, para uma resposta adequada à questão formulada pela proposição da mesa redonda: O que é história das religiões? Pretende-se retomar autores e tendências que marcaram, no século XX, a concepção, a pesquisa e a escrita da história das religiões. Como recorte, enfatiza-se especialmente a historiografia francesa dos Annales e da Nova História, uma das principais matrizes da história cultural das religiões. Karla Denise Martins Professora na UFV. Doutora e mestre em História Cultural pela UNICAMP. Biografias episcopais e o uso de método prosopográfico Os estudos biográficos de personalidades eclesiásticas, especialmente epíscopos, estão relacionados às circunstâncias das pesquisas no Brasil que tendem à história das elites de uma parte e ao processo representacional de figuras que traduzem ações coletivas e generalizantes de outra parte. A escolha pelas histórias individuais, de indivíduos representativos tem aumentado e isso requer uma nova leitura de uma história das elites. A proposta do nosso trabalho é pensar os usos de métodos biográficos e prosopográficos nas análises de epíscopos e demais figuras religiosas da vida eclesiástica brasileira na segunda metade do século XIX. 68

M8 – Convivência inter-religiosa 30 de outubro, no Auditório sala 24 do prédio de Ciências Sociais, FFLCH Coordenação Milton Bortoleto, USP Esta mesa visa promover uma reflexão sobre o crescente processo de intolerância religiosa verificado em todo o Brasil e promovido, sobretudo, pelas denominações neopentecostais contra as religiões afro-brasileiras. Também falaremos das transformações positivas que esse processo acarretou entre os quais a maior aproximação das instituições religiosas entre si, rompendo muitas vezes rivalidades históricas (entre a umbanda e o candomblé, por exemplo), a formação de movimentos de conscientização e articulação entre religiosos e setores do poder público, bem como aspectos da atuação social de religiosos.

Participantes Jocélio Teles dos Santos Professor e chefe do Departamento de Antropologia da UFBA. Doutor e mestre em Antropologia Social pela USP. A política afro-religiosa no espaço público: tensões e articulações As religiões afro-brasileiras tem sido alvo de ataque por parte de igrejas neopentencostais e representantes do legislativo. Pretende-se nessa comunicação apontar as tensões com essas igrejas, no cotidiano, assim como a reverberação de estratégias dos terreiros no espaço público que vão de articulação com entidades públicas dos operadores do direito à criação de manifestações no espaço público, como as "caminhadas", que se tornaram eventos nacionais ritualizados.

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Eva Lenita Scheliga Professora na UFPR. Doutora em Antropologia Social pela USP. Mestre em Antropologia Social pela UFSC. Gramáticas da convivência: reflexões a partir da assistência social evangélica A assistência social põe em jogo, em múltiplos níveis de ação, diferentes significados e, por meio deles, associa e dissocia um diversificado número de agentes e de práticas. Ela enfeixa, portanto, múltiplas relações e constitui, assim, objeto privilegiado para a reflexão sobre os processos contemporâneos de produção de visibilidade, legitimidade e argumentação na esfera pública. Tendo por base os dados de uma pesquisa etnográfica sobre a ação social evangélica, busca-se discutir nesta comunicação em que termos, no contexto brasileiro, o debate em torno da assistência social tem possibilitado a construção de diferenças religiosas tanto quanto tem facultado convergências entre agentes diversos.

Rachel Rua Baptista Bakke Doutora e mestre em Antropologia Social pela USP. Na escola tem orixá? - as religiões afro-brasileiras e o ensino de história e cultura afro-brasileira a partir da lei 10.639 A Lei n° 10.639/2003 tornou obrigatório o ensino de História da África e Cultura Afro-brasileira nos estabelecimentos escolares do país. A partir disso, as religiões afro-brasileiras começaram a ser abordadas em sala de aula, como parte de um conjunto de práticas e valores de origem africana importante no desenvolvimento da população negra no Brasil. Este trabalho tem como objetivo apresentar as reflexões desenvolvidas durante o doutorado a respeito do modo como essas manifestações religiosas passaram a aparecer nos materiais didáticos, cursos de formação continuada de professores e, por vezes, na própria sala de aula a partir dessa Lei, assim como procurou identificar as tensões e negociações verificadas quando essas religiões saem de seus espaços de manifestação próprios, os terreiros, e adentram a escola.

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M9 – Religiosidades, gênero e política 30 de outubro, no Auditório Sala 14 do prédio de Ciências Sociais, FFLCH Coordenação Sandra Duarte de Souza, UMESP A mesa se propõe a discutir a presença da religião no espaço público, com especial interesse nos segmentos católico e evangélico no que tange às questões de gênero e sexualidade. As discussões se orientarão a partir de perguntas pelas continuidades e/ou rupturas dos discursos e práticas religiosos em relação a gênero e sexualidade; pela emergência de novos sujeitos na política; pela pauta moral, basicamente sexual, que orienta a atuação de políticos religiosos; e pelas implicações dessa atuação para os direitos das mulheres e das chamadas “minorias” sexuais.

Participantes Maria José Fontelas Rosado-Nunes Professora da PUC/SP. Coordenadora da área de Religião e Sociedade do PPGCR da mesma instituição. Doutora pela École des Hautes Études em Sciences Sociales, Paris. Mestra em Ciências Sociais pela PUC/SP e pela Université Catholique, Louvain La Neuve, Bélgica. Religiosidades públicas, direitos restritos? Nos últimos anos, tem se colocado em pauta na sociedade brasileira discussões que retomam a questão da legitimidade de intervenção das religiões na esfera pública. Essa questão ganha relevância particular quando estão em jogo direitos recentemente conquistados no campo da sexualidade e da reprodução humana. Embates no Congresso Nacional e episódios de violência contra homossexuais, amplamente divulgados pela mídia, evidenciam a atualidade do debate e sua 71

complexidade. A retomada da cena política pela religião atinge muito particularmente a agenda feminista e dos movimentos de diversidade sexual que, no contexto de Estados democráticos e laicos, encontrou um campo favorável ao seu desenvolvimento. Daí a atualidade da discussão em torno dessa “inevitabilidade” da ação política de grupos religiosos e de seus efeitos sobre as mudanças culturais e legais conquistadas pela ação dos movimentos de mulheres e dos grupos LGBTT.

Sandra Duarte de Souza Professora do PPG/CR da UMESP. Coordenadora da área de Religião, Sociedade e Cultura do mesmo programa. Doutora e mestre em Ciência da Religião pela UMESP. Evangélicos e política: a religião como freio moral da sociedade? A participação evangélica na política partidária brasileira tem evidenciado a predominância de posturas mais conservadoras e tradicionalistas por parte de seus representantes políticos, além de significativas manifestações de intolerância dos mesmos em relação às reivindicações que envolvem o tema da sexualidade. É claro que é preciso relativizar o nível de engajamento religioso de alguns parlamentares, que por oportunismo político, “viram” evangélicos ou “voltam a ser” evangélicos depois de anos de afastamento desse segmento religioso. De qualquer forma, o fato é que esses parlamentares estabeleceram como pauta política a luta contra as demandas relativas aos direitos reprodutivos e à diversidade sexual. Não se pode correr o risco de entender os parlamentares evangélicos como um grupo coeso, como parte de um movimento uniforme com atuação política uniforme, porém, no que tange aos temas mais diretamente ligados à sexualidade, se verificará uma maior propensão ao conservadorismo moral, sendo essa também a tendência de parte do eleitorado. Em nossa apresentação nos debruçaremos especialmente sobre o posicionamento de políticos evangélicos quanto ao tema dos direitos reprodutivos e quanto ao tema da diversidade sexual, objetivando entender as tensões entre a afirmação política de uma moral sexual religiosa e a proposição de um Estado laico, voltado para os interesses de seus cidadãos e cidadãs a despeito de sua confissão religiosa.

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Marcelo Tavares Natividade Professor de Antropologia na UFC. Doutor em Antropologia Social pela UFRJ. Mestre em Ciências Sociais pela UERJ. As novas guerras sexuais no Brasil: identidades LGBT e poder religioso Há décadas pesquisadores diagnosticaram a presença da religião na política, na mídia, no espaço público. A realização de eventos reunindo multidões, o surgimento de novos movimentos religiosos, a formação de redes ecumênicas e a participação de lideranças religiosas nas instâncias decisórias do país sugerem a pluralização de identidades, pertencimentos e experiências. Esse cenário indica a vitalidade religiosa de nosso país, que se expressa em pluralismos. Por outro lado, cresce a importância das discussões sobre cidadania e direitos das minorias, do exercício autônomo da sexualidade, da legitimidade das identidades coletivas e do lugar da religião na construção de uma agenda de direitos. O espaço público tem sido agitado por controvérsias no campo das expressões da diversidade sexual e de gênero e de suas relações com políticas do Poder Público no combate à homofobia e outras expressões de intolerância. O objetivo é discutir entrecruzamentos entre religião e construção da diferença

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M10 – Religião, patrimônio e tradição 30 de outubro, no Auditório sala 8 do prédio de Ciências Sociais, FFLCH Coordenação Rosenilton Silva de Oliveira, USP Esta mesa visa promover uma reflexão sobre as relações entre as comunidades de terreiro e a sociedade mais ampla. Como se sabe, entre as várias políticas públicas adotadas pelos governos, sobretudo dos últimos 20 anos, estão o atendimento às demandas das comunidades negras em torno de melhoria das condições de vida relacionadas à saúde, à visibilidade social, ao combate à discriminação sócio racial etc. Com isso, as comunidades de terreiro têm sido fortemente chamadas a atuar como agentes políticos por ser importantes centros de construção de identidade voltados à memória e pratica de valores cognitivos de origem africana. Tombamentos de terreiro e de manifestações culturais de influência religiosa têm mostrado a presença e importância destas comunidades neste processo.

Participantes Emmanuelle Kadya Tall Professora no IRD/EHESS, Paris. O candomblé de Bahia, espelho barroco das melancolias póscoloniais Inserindo o candomblé numa história de longa duração, EKT propõe analisar o candomblé como um culto refletindo a história do Brasil i.e. o Trato atlântico, a contra reforma católica, a colonização das terras indígenas, e um etos barroca definido pelo filosofo equatoriano Bolívar Echeverría como uma maneira de encarar as dificuldades da vida real através da ficção.

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John F. Collins Professor e diretor do Latin American Studies. Queens College & the Graduate Center/CUNY. Sistemas de Objetos e Sistemáticas da Objetivação Dentro dum contexto atual caracterizado por agressões, varias pesquisadores tem enfatizado as divergências entre práticas religiosas afro-brasileiras e neo-pentecostais. Contudo, um numero significativo de estudiosos tem enfatizado certas convergências sociológicas e históricas entre as práticas religiosas afro-brasileiras e neo-pentecostais. Nesta mesa, nós pretendemos investigar a crescente pluralização das adesões religiosas e as possibilidades e obstáculos à livre manifestação destas adesões no Brasil contemporâneo atraves dum olhar comparativo das formas em que as diferentes tradições religiosas manuseam os objetos. Tal relacionamento entre sujeito e objeto e uma base para compreender o poder religioso e a sociedade moderna. Desta forma, ele proporciona uma base para evaluar como, e porque, as religioes se distinguem duma forma tão violenta. Mas também oferece a posibilidade dum olhar etnográfico que se enfoque na forma dos praticantes manusear os objetos. E isto nos leva a acreditar que haja espaço para traçar novos caminhos capazes de superarem tais divisões.

Tomás Fernández Robaina Pesquisador e Professor da Biblioteca Nacional de Cuba. Sobrevivencia, Resistencia, Expansión Histórica y Actual de la Regla de Ifá en Cuba La presente ponencia persigue el objetivo de explicar la trascendencia de la religiosidad yoruba en la actualidad, como consecuencia del largo proceso mediante el cual los esclav@s, en general, y en particular los de origen yoruba, resistieron los intentos colonialistas de deculturación histórica y cultura, logrando en virtud de esa actitud, mantener sus culturas, creencias, y convertirlas en una fuerza profunda y sólida, de vital importancia en la formación de nuestras identidades culturales y nacionales. Lo anterior fue el resultado de un complejo proceso de las influencias reciprocas entre las diferentes culturas de los pueblos esclavizados, aborígenes o africanos, y entre 76

estos y los integrantes de los poderes coloniales español, inglés, francés, portugués y holandés. Se subrayan los diferentes momentos de ese quehacer, y el avance particular de la readecuación de la religiosidad yoruba, conocida en Cuba como santería, y como candomblé en Brasil. Se puntualizan las peculiaridades de esa práctica desde el siglo xix hasta el presente. Se llama la atención acerca de la evolución del papel desempeñado por la iyalocha, el babalocha y el babalao, como una forma para comprender las diferentes tendencias que se observan en su ejercicio, y la relevancia cada vez mayor de los babalaos. Se ofrece una valoración analítica de las fuentes orales escritas manuscritas, grabadas, impresas, o filmadas, para patentizar la importancia de la Regla de Ifá en nuestro país y su expansión actual como consecuencia de la diáspora cubana de los creyentes en la religiosidad Yoruba, así como su aceptación por su espiritualidad y pragmatismo. Se emiten conclusiones y pronósticos a partir del estudio efectuado.

Ileana Hodge Limonta Professora no Departamento de Estudios Sociorreligiosos Del (Centro de Investigaciones Psicológicas y Sociológicas, CITMA. Membro do l Comité Cubano del Proyecto UNESCO ―La ruta Del esclavo‖). Ilé Tuntún, nuevo movimiento religioso en Cuba Ilé Tuntún es una organización que tiene como objetivo la custodia de la cultura yoruba, fue creada bajo el liderazgo del doctor Wande Abimbola, babalawo y Awise (vocero de la cultura yoruba en el mundo). Surge con la realización de los Congresos de las Tradiciones Yoruba y la Cultura celebrado por primera vez en Lagos, Nigeria, en 1981. Como movimiento religioso se constituyó en Cuba en 1997, con el apoyo de Frank Cabrera Suárez (Okambí), con el propósito de rescatar, perfeccionar y enriquecer el corpus de Ifá. El trabajo se centra en algunas de las particularidades manifiestas en la organización religiosa cubana, a partir de las observaciones participante realizadas en el local que funciona como su casa-templo, lugar que se ha convertido en escenario de encuentros para la celebración de reuniones, festividades y rituales, transmitidos por líderes nigerianos, como muestra de las “auténticas” tradiciones yorubas; momento utilizado para la enseñanza, aprendizaje y debate de concepciones de la cultura religiosa yoruba. 77

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M11 – Islamismos 30 de outubro, no Auditório LISA do prédio de Ciências Sociais, FFLCH Coordenadora Francirosy Ferreira, USP/RP A mesa Islã e (in)tolerâncias tem por objetivo apresentar algumas temáticas que vem tomando espaço na mídia e nas redes sociais, quando o tema é islam. Em abril deste ano, ativistas do Femen Brasil e Internacional encabeçaram o que chamaram de “jihad do topless” em apoio a ativista tunisiana, Amina. No Brasil, mulheres tiraram suas peças de roupa frente à mesquita xiita, no bairro do Brás, em São Paulo, rapidamente esta manifestação ganhou a rede social, principalmente levada por mulheres muçulmanas brasileiras, que se autodenominam feministas e contra este tipo de abordagem. Segundo elas, o Femen não as representa, e muito menos a “salvam” de qualquer estigma ou subjugação social e religiosa, como é comum nos discursos proferidos por essas ativistas. No dia 20 de abril, mulheres muçulmanas brasileiras fizeram uma pequena manifestação no vão Livre Masp, palco frequente de manifestações na capital paulista contra a forma de atuação do Femen no Brasil. O fato ocorrido trouxe à luz a existência do movimento feminista islâmico e a voz das mulheres muçulmanas que se apresenta destoante em relação ao estereótipo largamente divulgado pela mídia em geral em relação a elas, além de mostrar uma disparidade entre a realidade do Islam enquanto religião e a imagem desta religião propagada pelos meios de comunicação até hoje no Brasil, que alimentam a islamofobia no país.

Participantes Erica Renata Paiva Professora na UNICID. Preconceito e racismo: uma experiência religiosa

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A proposta desta comunicação é desenvolver os significados de preconceito e racismo, tendo em vista a minha reversão ao Islã há 6 anos. Minha experiência religiosa contribuiu para a reflexão do que seriam esses termos e como os mesmos são disseminados quando se trata da religião islâmica.

Kelen Pessuto Doutoranda em Antropologia Social pela USP. Mestre em Artes pela UNICAMP. O cinema norte-americano e a construção do estereótipo islâmico Discussão sobre como o estereótipo negativo e homogêneo do mundo islâmico tem sido construído pelo cinema norte-americano ao longo do tempo, a partir de sua política do medo, enquanto muitas produções realizadas dentro do próprio contexto islâmico (árabe, iraniano ou africano) são plurais e originais, atentas às transformações ocorridas nas sociedades a partir dos movimentos populares, principalmente após a chamada Primavera Árabe.

Sheik Jihad Hassan Hammadeh Membro da WAMY – Assembleia Mundial da Juventude Islâmica. Religião e intolerância Apresentação dos principais aspectos que envolvem o debate sobre a presença do islamismo no mundo contemporâneo.

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M12 – Judaísmos 31 de outubro, no Anfiteatro de Geografia, FFLCH Coordenação Carlos Gutierrez, UNICAMP A presente mesa se propõe a debater a diversidade e pluralidade existente dentro do judaísmo e a disputa entre agentes distintos em torno da tentativa de imposição de um regime de verdades acerca do que é permitido no que se entende por judaísmo e a operacionalização da categoria “intolerância”. Diversos movimentos vêm questionando o que se entende acerca de identidade judaica e colocando em xeque posições estabelecidas. Aliás, ante a extensa pluralidade de expressões de religiosidade e cultura, parece-nos mais apropriado o termo “judaísmos”, pois expõe a heterogeneidade e conflitos existentes. Grupos passam a reivindicar sua “judaicidade” pela apropriação de um passado histórico, assim como evangélicos passam a utilizar bens simbólicos até então restritos ao que se entende por “tradição judaica”. O objetivo é trabalhar tanto os conflitos em torno do pertencimento a uma dita ancestralidade judaica quanto à questão de gênero dentro do campo aqui delineado. Participantes

Edgard Leite Professor de História da UERJ e UNIRIO. É Doutor e mestre em História pela UFF. É membro titular da Academia Brasileira de Filosofia. Uriel da Costa e a defesa dos direitos individuais na comunidade judaica de Amsterdã (1616-1640) Trata-se de um estudo sobre o significado da obra de Uriel da Costa, produzido no interior na comunidade judaica de Amsterdã, notadamente “Propostas contra a Tradição”, “Exame das Tradições Farisaicas” e “Exemplar Humanae Vitae”. Como 81

pensador, Uriel da Costa traduziu, pela primeira vez de forma expressiva entre os judeus holandeses, as crescentes tendências individualistas então em desenvolvimento na Europa. Pretende-se situar suas teses centrais tanto diante do universo judaico da época quanto no âmbito maior do pensamento europeu.

Marta Francisca Topel Professora no Departamento de Línguas Orientais da USP. Doutora em Ciências Sociais pela UNICAMP. Mestre em Antropologia Social pela Hebrew University of Jerusalem. Intolerância por lei: o fundamentalismo religioso judaico O ressurgimento dos fundamentalismos religiosos têm sido alvo de numerosas pesquisas em diferentes contextos nacionais. Contudo, no Brasil são muito poucos os estudos que discutem o fundamentalismo religioso em geral e aqueles que se transplantaram ou foram criados no País. Assim, a maioria das pesquisas refletem sobre “o mercado brasileiro de bens religiosos”, expressão que tem, entre outros traços, a abertura a todos os interessados em participar de uma determinada religião ou grupo religioso. E se bem é certo que um grande número de religiões e formas de religiosidade no Brasil se caracterizam pelo nomadismo da fé e a bricolagem religiosa, há, também, grupos que defendem uma pureza que consideram autêntica e, como decorrência disso, a única verdade religiosa. Neste trabalho meu objetivo é analisar a ortodoxia judaica, focando a atenção nos princípios que apontam a uma intolerância com o alheio –judeu e não-judeu- que lhe é intrínseca. Na medida do possível serão trazidos dados sobre a ortodoxia brasileira.

Wagner Lins Arieh Doutor e mestre pelo Programa de Língua Hebraica, Cultura e Literatura Judaica da USP. A emergência de identidades judaicas no Estado da Paraíba. Novas percepções sobre o judaísmo Em 1970 no Nordeste brasileiro iniciou um movimento pela busca de uma ancestralidade judaica suprimida durante o Período Colonial. Diversos grupos 82

afirmam que são descendentes dos cristãos-novos que povoaram a região, sobretudo durante o período da ocupação holandesa na Capitania de Pernambuco. Atualmente em diversos Estados nordestinos com base na prerrogativa do passado judaico da região, aumenta consideravelmente o número de indivíduos e organizações que adotaram o judaísmo como prática religiosa, e pleiteiam ser reconhecidos e incorporados nas fileiras do judaísmo normativo.Esta comunicação tentara ensejar a partir da abordagem sobre a emergência de identidades judaicas no Estado da Paraíba uma reflexão sobre uma nova percepção dos judeus e do judaísmo no Nordeste Brasileiro. Observando como ocorreu a criação de uma imagem positiva da figura judaica que difere da visão medieval e estigmatizada do judaísmo, ainda recorrente na região. E como esta positivação da imagem judaica além de ser um fator preponderante na busca pelo passado judaico nordestino, muitas vezes se expressa através da utilização de símbolos e rituais judaicos por outros segmentos religiosos, como os grupos neo-pentecostais. Ou ainda, acarretando uma mudança na condição do judaísmo enquanto uma religião étnica, para mais uma opção de credo no plural cenário religioso brasileiro.

Carlos Gutierrez Doutorando em Antropologia Social pela UNICAMP. Judaísmos e (in)tolerâncias: identidade, disputa e controvérsias O judaísmo, apesar de ser pensado no senso comum como uma “religião” coesa e monolítica, apresenta uma grande pluralidade de expressões, contando com grande heterogeneidade de manifestações ditas religiosas e culturais. Por isso, acredito que o termo judaísmos seja mais adequado para referir-se a fenômenos tão diversos relacionados, de alguma forma, ao universo simbólico judaico. Dessa maneira, evitarei a essencialização do judaísmo, seja como religião ou cultura. A extensa pluralidade existente aumenta as possibilidade de conflito ante a tentativa de imposição de um significado final, único à noção de “judaísmo”. Identidade, religião, cultura? Grupos distintos operacionalizam essas categorias conforme sua percepção acerca do que é judaísmo. Em diversos países do continente latino americano e na Península Ibérica, grupos passam a reivindicar o status de judeu, colocando ainda mais em xeque o monopólio da classificação de quem é ou não judeu. Essa busca pela ancestralidade também compreende grupos evangélicos que tomam para si o “Israel mítico” como seu passado, assim como a incorporação de ritos e bens simbólicos ditos judaicos à liturgia. Essas experiências de judaísmo são duramente criticadas por agentes que podemos definir como 83

estabelecidos no campo judaico, o que leva a uma série de controvérsias e disputas em torno da identidade judaica.

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M13 – Religiosidades no (do) ciberespaço 31 de outubro, no Auditório sala 8 do prédio de Ciências Sociais, FFLCH Coordenação Leonildo Silveira Campos, UMESP As formas de ser e de estar no mundo – e de percebê-lo – são a cada dia, mais caracterizadas pela reverberação das diversas formas de mídia. As lógicas e tecnologias midiáticas atravessam o(s) cotidiano(s) e fazem morada em memórias, discursos e práticas. As religiões e religiosidades, como parte deste contexto, acompanham as novas maneiras de se midiatizar. A internet, como componente do ciberespaço, é uma das formas utilizadas pelas agências, sujeitos e coletivos religiosos para se divulgarem, compartilharem experiências e se posicionarem no mundo. Participantes Stewart M. Hoover Professor e diretor do Center for Media, Religion, and Culture, da Universidade do Colorado, EUA. M.A e Ph.D na Annenberg School of Communications da University of Pennsylvania. Religious Authority in the Digital Age Digital media are changing everything. They have had major effects on the state, the economy, education, and healthcare. Their effects on religion are less known. Many Religious institutions and movements have begun to use digital media extensively, while others have held back. New networks and movements have emerged as individuals have begun to use the digital and social media for spiritual and religious purposes. These religious and spiritual uses of digital media have drawn the attention of journalists and various publics. While discussions about 85

digital religion have drawn much attention, there remain many questions. These new forms are, first, new forms of text and image and of the practices that produce and consume texts and images. They are also new forms of “audiences” or of reception, consumption, and circulation, with whole new “publics” emerging as new ways of thinking about and practicing religion and spirituality are made possible by these media. In contexts such as Brazil, these new media emerge as a layer in a media landscape that already contains extensively mediatic expressions of religion. These expressions are both historical—as in the publicity efforts of the traditional religions—and diverse in their sources and contexts. They are also layered in relation to their cultural exchange values, with things such as the television programs of the Pentecostal churches and popularized mediations of Afro-Brazilian traditions each having identity in the media landscape. Perhaps the least-understood, but most important effect of the emergence of digital media is in the area of religious authority. The layered mediatic religious marketplace contains many significant “players” whose roles are in many ways settled. The digital media and digital practice have powerful capacities to break up these settled relations of cultural and institutional power. This paper will explore the extents and limits of such potential impacts on religious authority in the digital age.

Heidi Campbell PhD, Professora do Departamento de Comunicação da Texas University. Analyzing the rise of networked religion Rather than simply transforming religion the Internet highlights shifts occurring within broader Western culture. The concept of “networked religion” is introduced as a way to encapsulate how religion functions online and suggests that online religion exemplifies several key social and cultural changes at work in religion in general society. Networked religion is defined by five key traits—networked community, storied identities, shifting authority, convergent practice, and a multisite reality—that highlight central research topics and questions explored within the study of religion and the internet. Studying religion on the internet provides insights not only into the common attributes of religious practice online, but helps explain current trends within the practice of religion and even social interactions in networked society. 86

Jorge Miklos Professor no PPG em Comunicação da UNIP. Doutor em Comunicação e Semiótica pela PUC/SP. Mestre em Ciência da Religião pela PUC/SP. A Ciber-Religião: a midiatização do sagrado e a sacralização da mídia Estamos em um mundo e em uma época cujas relações são pautadas e mediadas pelas tecnologias comunicacionais. Atualmente, várias pessoas, ligadas ou não a instituições religiosas, lançam mão dos meios de comunicação eletrônicos interativos como mediação para experiências religiosas. Trata-se da ciber-religião ou da ciberreligiosidade. Velas, terços, velórios, e peregrinações virtuais são alguns exemplos recentes, mas já conhecidos dessa migração da experiência religiosa para o cyberspace. Contrapondo a idéia do cyberspace como o lugar de novas formas culturais propomos pensar que cyberspace é o lugar da reprodução do capital nesta fase de financeirização planetária. Longe da celebração do cyberspace no âmbito corporativo e da tendência majoritariamente descritiva e/ou legitimadora que preside o tratamento da questão nas ciências humanas e sociais, este comunicação altera tendência da discussão internacional em curso. O corpo, o espaço e o tempo, elementos centrais e tradicionais do ritual religioso são apagados quando migram para o cyberspace. Trata-se de violência invisível vinculada ao imperativo da comunicação em tempo real. Não há como prever os resultados, porém há como atestar o fenômeno no presente. Nesse contexto, as religiões, em suas diversas denominações, são um foco especial para o estudo comunicacional das sociedades contemporâneas.

Gedeon Freire de Alencar Professor no ICEC e Faculdade Teológica Batista de São Paulo. Doutor em Ciências da Religião pela PUC/SP. Mestre em Ciências da Religião pela UMESP. Pentecostalismo Hitech: uma janela aberta, algumas portas fechadas

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Majoritariamente refratárias à mudança, algumas igrejas são mais radicais quanto a adesão aos valores modernos, algumas, no entanto, extremamente suscetíveis. Todas aderiram a algum tipo de tecnologia hitech, mas não necessariamente aos seus valores. A Igreja Pentecostal Deus é Amor proíbe – dentre muitas coisas – sua membresia de possuir ou assistir TV, mas tem um portal na internet. Aderiu à modernidade tecnológica exercendo um controle absoluto sobre a vida dos membros em total isolamento de qualquer manifestação cultural moderna. É uma das igrejas mais fechadas do universo pentecostal, mas está na web.

Eduardo Meinberg de Albuquerque Maranhão Fº. Doutorando em História pela USP. Mestre em História pela UDESC. Especialista em Marketing e Comunicação Social pela Cásper Líbero. Entre surfistas e transexuais: notas sobre religiões e religiosidades no (do) ciberespaço Através de um passeio etnográfico digital pelo Facebook, apresento alguns agenciamentos e deslocamentos subjetivos de pessoas religiosas. Tais pessoas são apresentadas a partir de dois grupos: membros da Bola de Neve Church (BDN), dentre eles, líderes, surfistas, remadores/as e corredores/as; e pessoas entre-gêneros que fazem parte de fóruns que discutem trânsitos de gênero – dentre estas, travestis, transexuais femininas e masculinos, drag queens/kings e crossdressers. Tais deslocamentos se linkam a um contexto on+offline de religiões/religiosidades no ciberespaço e religiões/religiosidades do ciberespaço.

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M14 – Violência e religião 31 de outubro, no Auditório Sala 24 do Prédio de Ciências Sociais, FFLCH Coordenação Edin Abumanssur, PUC/SP Esta mesa levantará a discussão sobre as formas como as diferentes religiões reagem e interagem com o campo da criminalidade. A legibilidade da paisagem social nos espaços urbanos periféricos não pode deixar de levar em conta o papel e o lugar que hoje a criminalidade ocupa. Embora os estudos sobre a criminalidade e seu modus operandi, a violência, já possuam alguma tradição nas academias, as suas interações com o campo religioso são ainda carentes de pesquisas e debates. Ambos os fenômenos, religião e crime, são componentes fundantes da vida na periferia e esta é o resultado da conversação diária dos agentes sociais que, por necessidade, devem partilhar o mesmo território.

Participantes

Antonio Máspoli de Araújo Gomes Professor no PPG do Mackenzie. Doutor em Ciências Sociais e Religião pela UMESP. Mestre em Psicologia Social pela Universidade Gama Filho. Pós-doutor em História das Idéias pelo Instituto de Estudos Avançados da USP. A religião, violência e resiliência na conversão de comunidades indígenas e quilombolas A conversão de negros e índios no Brasil até os dias de hoje e em todas as vertentes do cristianismo, sinaliza a cultura brasileira como algo abominável. Alguns católicos elegem como modelo de paraíso para a conversão a cultura europeia. Já os protestantes elegem a cultura norte-americana como paradigma. Jesuítas e protestantes rejeitaram a cultura de índios e 89

negros. A cultura desses povos foi tratada como algo que também deveria ser crucificado (GAMBINI, 2000, pp. 74-175).

Vagner A. Marques Professor na Faculdade de Teologia IBATEL. Mestre em Ciência da Religião pela PUC/SP. O irmão que virou irmão: a conversão de membros do PCC ao pentecostalismo nas favelas de São Paulo

Esta apresentação visa problematizar a conversão ao pentecostalismo nas favelas de São Paulo. Iremos discutir algumas inquietações verificadas em campo de pesquisa durante a realização de minha dissertação de mestrado. Os registros apresentados são resultados de entrevistas com Kadu (pseudônimo) e membros de sua família. O objetivo central encontra-se em questionar a conversão ao pentecostalismo, sobretudo o binômio conversão = rupturas que se sustentou por décadas na sociologia da religião e nos estudos sobre o pentecostalismo. Em análises de campo constatou-se a ineficiência do uso deste binômio nas conversões na Vila Leste. Ao se converter, Kadu não deixou de ser “irmão” do PCC para tornar-se “irmão” da igreja e essa dupla irmandade em sua trajetória é o foco principal da apresentação. Ser pentecostal na Vila Leste, não pressupõe rupturas, pelo contrário, a trajetória de Kadu, demostrou a possibilidade de ser irmão de dois lados (irmão da igreja e irmão do PCC). O que aparentemente parece ser antagônico, na Vila Leste constitui uma realidade pouco explorada na sociologia da religião.

Valéria Cristina Vilhena Doutoranda em Educação, História da Cultura e Artes pelo Mackenzie. Mestra em Ciências da Religião pela UMESP. Violência doméstica entre mulheres evangélicas Mulheres evangélicas também sofrem violência doméstica, como constatado em nosso campo de pesquisa. Quase 40% das atendidas declaravam-se evangélicas. As mulheres representam a maioria no meio evangélico, portanto, analisar as motivações pelas quais tantas mulheres se convertem e questionar a 90

respeito dos efeitos dessas conversões, bem como papeis definidos por uma religião masculinizada, torna-se pertinente já que até então a conversão fora considerada diretamente ligada à opressão econômica. Todavia, entre as mulheres seria esta a principal motivação? A pesquisa traz novas contribuições dando voz a essas mulheres. A partir da perspectiva de gênero, vamos compreender um pouco mais por que a violência doméstica está sendo enfrentada, muitas vezes, pelo ‘poder’ da oração.

Ana Letícia de Fiori

Doutoranda e mestre em Antropologia Social pela USP. Demônios em jogo – evangélicos, jogadores de RPG e suas arenas narrativas Abordo a controvérsia acerca dos jogos de interpretação de papeis (RPGs) promovida por agentes evangélicos brasileiros, a partir de crimes de repercussão nacional vinculados aos jogos pela investigação policial e mídia. Discuto como o imaginário fantástico dos RPGs entra em narrativas evangélicas como prova de influência satânica, engendrando uma cruzada moral e esforços legislativos para sua proibição. Emergem diferentes contradiscursos de apelos à laicidade do Estado e à promoção do potencial pedagógico dos jogos.

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M15 – Religião e espaço público: novas vozes e conflitualidades 31 de outubro, no Auditório Sala 14 do prédio de Ciências Sociais, FFLCH Coordenação Christina Vital Cunha, UFF Atualmente o imbricamento entre esferas pública e religiosa tem se mostrado mais pronunciado no Brasil, principalmente devido ao crescimento dos grupos evangélicos e sua entrada na arena pública, que tem colocado em xeque uma concepção retilínea e evolutiva do processo de laicização do país. No entanto, o surgimento da “bancada evangélica” no Congresso Nacional Constituinte em 1986, bem como sua consolidação como uma força política nas eleições posteriores, não pode ser tomada, sem problematização, como um refluxo no processo de laicização da esfera pública brasileira, iniciado pela Constituição de 1891. A religião – institucional ou não – continuou ocupando lugar de destaque tanto na cultura quanto na política brasileira, do Cardeal Leme à Teologia da Libertação, do Cristo Redentor às festas religiosas populares. No entanto, quando assistimos a embates entre movimentos organizados da sociedade civil e líderes religiosos a respeito do lugar da religião na esfera pública, pensamos que algo possa ter mudado desde que o catolicismo ocupava o centro dessas discussões. Assim, essa mesa tem como foco central avaliar as possíveis mudanças no lugar da religião na esfera pública a partir da entrada dos evangélicos e católicos carismáticos na cena religiosa nacional. Participantes

Émerson José Sena da Silveira Professor e coordenador do PPCIR da UFJF. Doutor e mestre em Ciências da Religião pelo PPCIR da UFJF.

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Vozes e discursos religiosos no Espaço Público: tensões, dissonâncias e busca da autenticidade A presença e circulação de atores e discursos religiosos no espaço público tende a aumentar, por um lado, as dissonâncias culturais, e, por outro, a produzir efeitos de busca da autenticidade, da diferença, acionando uma pletora de retóricas e práticas que dissemina controvérsias, ressignificando eventos, identidades e trajetórias individuais e coletivas. Partindo da livre apropriação de alguns conceitos de Deleuze e Guattari pretende-se interpretar o significado de vozes e discursos religiosamente orientados presentes no espaço público, bem como seus desdobramentos para dentro e para fora das instituições sociais e da esfera pública.

Christina Vital Cunha Professora no PPGCULT e no Departamento de Artes e Estudos Culturais da UFF. Doutora em Ciências Sociais pela UERJ. Mestre em Sociologia e Antropologia pela UFRJ. Conflitos religiosos no Congresso Nacional: política, religião e direitos humanos em questão Nesta comunicação tenho como objetivo refletir sobre os modos de operação política dos parlamentares que compõem as Frentes Parlamentares religiosamente orientadas com vistas a analisar como o comportamento desses atores se relaciona com a democracia hoje em contraposição a atuação que tinha em décadas passadas. A base empírica das análises propostas resultam das pesquisas “Religiões no Espaço Público: uma análise socioantropológica da Frente Parlamentar em Defesa das Comunidades Tradicionais de Terreiros”, financiada pela FAPERJ 2012-2013, sob minha coordenação e que conta com a participação de bolsista PIBIC/CNPq e da pesquisa realizada em parceria entre ISER e Fundação H. Boll e que resultou no livro de minha autoria com o também pesquisador Paulo Victor Leite Lopes intitulado “Religião e Política: uma análise da atuação de parlamentares evangélicos sobre direitos das mulheres e de LGBTs no Brasil”.

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Fabrício Roberto da Costa Oliveira Professor na UFV. Doutor em Ciências Sociais e em Desenvolvimento, Agricultura e Sociedade pela UFRRJ. Mestre em Extensão Rural pela UFV. De lideranças religiosas a lideranças políticas: reflexões sobre um PT rural e eclesiástico em Minas Gerais Lideranças religiosas católicas do Movimento da Boa Nova se engajaram na militância em Sindicatos de Trabalhadores Rurais e na política partidária, sobretudo no Partido dos Trabalhadores (PT), na década de 1980. O contexto de redemocratização, a visibilidade adquirida pelas lideranças religiosas leigas - pelos trabalhos em suas Comunidades Eclesiais de Base - e a concepção religiosa que enfatizava a mobilização social pela melhoria da sociedade, emanada pelo Mobon e grupos religiosos considerados combativos contribuíram para tal faceta. Defendo que a atuação das lideranças religiosas na política partidária foi um desdobramento do engajamento religioso. A lógica argumentativa de aproximação entre ideais religiosos, sindicais e petistas foi fundamental para a mobilização dos trabalhadores rurais. Serão problematizados os desafios, conflitualidades e potencialidades da relação entre religião e política neste contexto específico

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M16 – Religiosidades e espiritualidades “orientais” 31 de outubro no Auditório da Casa de Cultura Japonesa, FFLCH Coordenação Andrea Tomita, Messiânica A visão do orientalismo como imaginário e campo de estudos construídos pelo ocidente nos leva à opção pelo uso das aspas no título desta mesa. O uso do termo “orientais”para fins de delimitação da abrangência das religiões não se restringe ao aspecto geográfico; ao contrário, procura apontar para a complexidade da noção de fronteiras, sobretudo, nas pesquisas a cerca de diferentes expressões religiosas e espirituais. Nosso objetivo é reunir pesquisadores que abordem sobre a temática da (in) tolerância religiosa que, ao longo da história, se concretiza em os contatos conflituosos ou harmônicos no campo de espiritualidades e grandes religiões “orientais”, a exemplo da islâmica, hinduísta, budista, xintoísta entre outras. Participantes

Dilip Loundo Professor da PPCIR da UFJF. Doutor em Filosofia Indiana pela Universidade Mumbai, Índia. Mestre em Filosofia da Ciência e da Técnica pela UFRJ. O Hinduísmo na Índia: Religião como práxis espiritual e como ideologia política A comunicação tem por objetivo analisar, sob a óptica do ‘tradicionalismo crítico’ de Ashish Nandy, as articulações complexas entre religião e política na Índia moderna. Para tanto, analisaremos o processo de consolidação dos conceitos de ‘Hinduísmo’ e ‘Hindutva’ à luz de uma dinâmica dialogal, plena de criatividades e reatividades, com a noção ocidental de ‘secularismo’ e suas pretensões 97

universalizantes. A antinomia vigente entre esses dois conceitos aponta para uma dualidade de interpretações no que tange à postura da comunidade hindu majoritária com relação às demais comunidades religiosas da Índia: a tolerância ancestral do ‘hinduísmo’ enquanto religião ‘genuína’; e a intolerância circunstancial do ‘hindutva’ enquanto religião ‘politizada’.

Silas Guerriero Professor de Ciências da Religião na PUC – SP. Doutor e Mestre em Ciências Sociais pela PUC/SP. Discriminações às religiosidades orientais num país tolerante O Brasil recebe a fama de país tolerante aos povos estrangeiros e às mais diferentes práticas religiosas. No entanto, a realidade é que discriminações e manifestações de intolerância não deixam de existir, muitas vezes em situação de incremento preocupante. A fala procura refletir como que a intolerância religiosa no Brasil para com as religiões de cunho oriental aparece muitas vezes escamoteada, mas profundamente enraizada.

Andrea Gomes Santiago Tomita Doutora em Ciências da religião pela UMESP. Mestre em Letras (Língua, Literatura e Cultura Japonesa) pela USP. Coordenadora Acadêmica da Faculdade Messiânica. Perspectivas para o estudo das Novas Religiões Japonesas no Brasil: implicações da noção de Caminho (道) e interfaces com espiritualidade A imigração japonesa para o Brasil trouxe consideráveis contribuições à sociedade brasileira no campo sócio-econômico. Juntamente com os imigrantes japoneses, um legado religioso-cultural foi trazido através das Novas Religiões Japonesas (NRJ), mas que ainda carece de pesquisas mais aprofundadas. Desde meus estudos no mestrado, com a colaboração de estudiosos sobre religiões orientais, venho me debruçando sobre este tema que apresentarei suscintamente, sobretudo com foco no encontro intercultural e na perspectiva da espiritualidade 98

própria do Japão que inclui, dentre outros pontos, a noção de Caminho (em japonês, Do道) que é mais ampla que a religião tal qual conhecemos no ocidente.

Peter Robert Demant Professor associado no Departamento de História e Instituto de Relações Internacionais da USP. Doutor e mestre em História Moderna e Contemporânea pela Universiteit van Amsterdam, Holanda. É possível criticar o islã? A “Inocência dos Muçulmanos” e a guerra das representações no espelho da fronteira islã-ocidente Discussões politicas, produções artísticas e midiáticas, e estudos científicos que aos moldes do ocidente representam críticas legítimas, muitas vezes são recebidos no mundo muçulmano como insulto, atiçando conflitos religiosos. A partir dos incidentes em 2012 acerca do filme norteamericano “Innocence of Muslims” exploramos as questões da diferença entre livre expressão e discurso de ódio, e a responsabilidade de autores pelas suas expressões. O islã é mais sensível à crítica do que outras religiões? Porque as lutas pela “correta” representação do islã são dominadas por vozes islamofóbicas e islamistas radicais?

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MC1 – Catolicismo brasileiro: neocristandade e práticas religiosas associativas (1889-1964) Coordenador/a Diego Omar da Silveira Professor da UEA. Mestre em História pela UFOP e doutorando em História pela UFMG.

Mabel Salgado Pereira Professora da PUC/MG. Doutora em História pela UFMG.

Resumo Da última década do século XIX aos anos que antecederam o Concílio Vaticano II, a Igreja Católica no Brasil passou por importantes transformações, que, de uma forma geral, dialogaram com as oscilações políticas, econômicas e culturais que se processavam na sociedade brasileira. De modo especial,mudaram as relações entre a Igreja e o Estado,assim como mudaram as formas organizativas e associativas pela qual a Igreja promoveu sua afirmação institucional. O presente minicurso visa apresentar um panorama dessas questões,bem como de suas principais abordagens historiográficas. As aulas tratarão, respectivamente, da separação oficial entre Igreja e Estado e suas consequências, da reaproximação entre os dois poderes e do regime de Neocristandade a partir de dom Leme e de Getúlio Vargas e, por fim, do estreitamento de laços entre o governo e a elite eclesiástica que culminou em projetos comuns nos anos 1950 e 1960.

Metodologia Aulas expositivas.

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Conteúdo programático 29/10 Igreja Católica e República: reação ao rompimento oficial e as etapas de aproximação entre os dois poderes. 30/10 Neocristandade: dom Leme e Getúlio Vargas, os anos 1930 e 1940. 31/10 Relacionamento entre a Igreja e o Estado e os projetos comuns, do final da década de 1940 a 1964.

Textos recomendados aos discentes (disponíveis online) AZZI, Riolando. A Neo-cristandade: um projeto restaurador. São Paulo: Paulus, 1994. BEOZZO, José Oscar. A Igreja entre a Revolução de 1930, o Estado Novo e a redemocratização. In: FAUSTO, Boris (dir.). História Geral da Civilização Brasileira. Tomo III: O Brasil Republicano – 4º vol.: Economia e Cultura (19301964). São Paulo: DIFEL, 1984, pp. 271-341. PEREIRA, Mabel Salgado. Dom Helvécio Gomes de Oliveira, um salesiano no episcopado: artífice da neocristandade (1888-1952). Tese (Doutorado em História): Belo Horizonte: Universidade Federal de Minas Gerais, 2010. RICHARD, Pablo. Morte das cristandades e nascimento da Igreja: análise histórica e interpretação teológica da Igreja na América Latina. 2º ed. São Paulo: Paulinas, 1982. RODRIGUES, Ana Maria Moog (org.). A Igreja na República. Brasília: UnB: Câmara dos Deputados, 1891. (Biblioteca do Pensamento Político Republicano, vol. 4).

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MC2 – Direito e liberdade religiosa: teoria, litígios e perspectivas Coordenador Nilton Azambuja de Loreto Mestre em Ciência da Religião pela UFJF e Doutorando em Ciências Jurídicas pela UCA. Advogado, membro da Comissão de Direito e Liberdade Religiosa da OAB/SP. Professor UNIBR de São Sebastião.

Resumo O curso introduz e instrumentaliza o aluno para compreender a diversidade de interesses relativos à liberdade religiosa, oferecendo fundamentos metodológicos do estudo dos campos científicos da religião e do direito. O aluno compreenderá a história do pensamento religioso (mitologias primitivas às contemporâneas) e a origem (natureza) religiosa do direito pré e pós-positivista; a secularização e as identidades no processo de formação dos estados nacionais modernos; o campo religioso mundial e brasileiro (pluralismo e conflitos); as teorias filosóficas do direito e o avanço das teorias não positivistas com o processo de reintrodução da moral no direito. Por fim, dominará o panorama dos vários aspectos da religião (fenômeno e instituições) frente as garantias (liberdades) individuais e transindividuais. Por fim, estudando litígios judiciais em trâmite, será possível visualizar o ambiente jurídico da (in)tolerância religiosa no Brasil.

Metodologia Aulas expositivas presenciais, preparadas a partir da revisão da literatura e estudo de casos. 105

Conteúdo programático 29/10 Fundamentos da ciência da religião – introdução e desenvolvimento de conceitos; Experiência Religiosa; Tipos de conhecimento; A teoria da construção social da realidade. Este tópico aborda a construção do conceito fenomenológico de religião, confrontando com conceitos funcionalistas. Introduz à metodologia da ciência da religião e à delimitação de seu campo de conhecimento, posicionando o conteúdo da ciência da religião entre os quatro tipos gerais de conhecimento: empírico, filosófico, teológico e científico. Introdução à teoria de Peter Berger. 30/10 Identidades na pós-modernidade e Estado; Pluralidade e campo religioso brasileiro Evolução histórica do pensamento religioso e a formação das identidades coletivas e individuais. Manifestações religiosas no Brasil e sincretismo. Conflitos de legitimidade. Comportamento. 31/10 Crise do Direito positivo e a reintrodução da moral no sistema; Direito e liberdade religiosa. Neste dia será abordada a religião sob a perspectiva do direito, o modo como a moral religiosa dialoga com a legislação e com as decisões judiciais. Será analisada a liberdade ao exercício das religiosidades sob a perspectiva da garantia constitucional ao lado do estudo de casos contemporâneos de litígios interreligiosos. Temas polêmicos: aborto, exercício da sexualidade, atuação política de instituições religiosas; Temas de direito público e privado.

Textos recomendados aos discentes (disponíveis online) NEGRÃO, Lísias Nogueira. Trajetórias do Sagrado, Tempo Social. vol.20 n.2. São Paulo, Nov. 2008. disponível em 30 de abril de 2013. OLIVEIRA, Isabel de Assis Ribeiro de. Sociabilidade e direito no liberalismo nascente. Lua Nova. n.50 São Paulo, 2000. disponível em 30 de abril de 2013. 106

MC3 – Direito, Estado laico e religião no Brasil: limites, conflitos e convergências Coordenadores Carlos Augusto Lima Campos Mestrando em Ciências da Religião pela UEPA. Especialista em Direito Penal e Processual Penal pelo Centro Universitário de Ribeirão Preto/SP.

David Carlos Santos Sarges Mestrando em Ciências da Religião pela UEPA. Especialista em Ciências da Religião pela Universidade Cândido Mendes/RJ.

Resumo A afirmação de que o Brasil é um Estado laico geralmente é produzida como mero argumento retórico divorciado da compreensão do modelo de laicidade encampado. E o sentido de tal declaração nem sempre fica claro para o interlocutor, já que há uma enorme distância entre afirmar que o Brasil é um Estado laico e compreender os contornos dessa laicidade. O presente minicurso se propõe a analisar a questão relativa à liberdade de consciência e de credo, bem como as emblemáticas relativas à influência da religiosidade judaico-cristã nos institutos do direito pátrio, perpassando a seara de temas atuais vinculados às expressões políticas da religiosidade brasileira, enquanto marcos no Estado e na esfera pública, com destaque para o (A) Direito de Família, (B) a Liberdade de Expressão e Manifestação do Pensamento Religioso, bem como (C) as perspectivas de Laicidade e Confessionalidade Estatal, por meio de exposição teórica e apresentação de estudos de casos, que subsidiarão os debates promovidos.

Metodologia O minicurso será ministrado por meio de exposição oral, buscando contemplar – com o auxílio de recursos audiovisuais – o conteúdo do objeto problematizado. 107

Buscar-se-á extrair dos estudos de casos apresentados situações que possibilitem identificar, nas mais diversas conjunturas jurídico-sociais, os limites, os conflitos e as convergências da interface Direito-Estado-Religião no cenário nacional Conteúdo programático 29/10 Da Caverna de Platão ao Emílio de Rousseau: Uma abordagem epistemológica da Religião a partir da concepção kantiana de Aufklärung 30/10 Perspectivas de Laicidade no Brasil e no Mundo, Estudos de Casos 31/10 A Religião e os Tribunais: Um diálogo possível?, Direitos e Garantias Constitucionais acerca da Liberdade de Expressão e da Manifestação do Pensamento Religioso

Textos recomendados aos discentes (disponíveis online) Deus e o Direito. pauloqueiroz.net. Disponível em < http://pauloqueiroz.net/deuse-o-direito/>. Acesso em 06 abril 2013. O Estado Laico e a Democracia. CONAMP. Disponível em . Acesso em 08 abril 2013.

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MC4 – Fundamentos da arquitetura islâmica Coordenador João Henrique dos Santos Professor no departamento de História e Teoria da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, UFRJ. Coordenador do GP “Todos os tempos, todos os templos” (UFRJ).

Resumo Este Minicurso visa propiciar um panorama sobre a Arquitetura Islâmica, desde o seu alvorecer, na primeira metade do século VII, até a contemporaneidade. Neste sentido, serão abordados os fundamentos teológicos que têm influenciado a Arquitetura Islâmica e sua evolução histórica, considerando-se os seus marcos referenciais que sirvam como balizadores do recorte temporal em questão.

Metodologia A metodologia serão aulas expositivas e discussão de textos. Recomenda-se aos alunos a leitura dos textos online indicados.

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Conteúdo programático 29/10  Religiões e Religiosidades. Conhecimento histórico e produção arquitetônica. A topia, a utopia e a eutopia na arquitetura religiosa.  O surgimento do Islã; sua teologia e suas prescrições quanto à espacialidade.  Em busca das origens das formas: a Casa do Profeta como protótipo das Mesquitas.

    

30/10 Do Profeta aos Califas: a expansão do Islã ao Magreb e à Península Ibérica. O esplendor de Damasco e de al-Andalus. A expansão ao Oriente: da Anatólia à Índia. A peculiaridade da Arquitetura Islâmica do Irã. O apogeu do Cairo.

31/10  O Império Otomano e a arte da “Sublime Porta”: a expansão do Islã sob os “Senhores dos Horizontes”.  O Islã no Extremo Oriente e na África.  O Islã nos séculos XX e XXI.Metodologia do curso: aulas expositivas, com leituras de textos e debates.

Textos recomendados aos discentes (disponíveis online) AFONSO, Sonia. Seminário Arquitetura Islâmica: Análise segundo o método de Pause & Clark. Florianópolis, agosto de 2011. Disponível em http://soniaa.arq.prof.ufsc.br/arq1101/20112/rafael_cartana/seminario05.pdf . Acesso em 09 maio 2013. BARREIROS, ANA. Arte Islâmica. s/l, 08/03/2012. Disponível em http://www.slideshare.net/abaj/arte-islamica-11921568 . Acesso em 09 maio 2013.

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MC5 – Fundamentos da filosofiateológica de Mokiti Okada para o Despertar da Cidadania Universal Coordenadora Juliana Santos Graciani Doutoranda em Psicologia Social pela PUC/SP. Professora da Graduação em Pedagogia na PUC/SP e Graduação em Teologia na Faculdade Messiânica.

Resumo Introduzir de forma informativa e formativa os cinco principais conceitos da Filosofia-Teológica de Mokiti Okada, a partir da cultura oriental Messiânica. Vivenciar de forma teórica-prática uma experiência de desenvolvimento ultrareligioso, a partir da arte da Academia Ikebana Sanguetsu. Refletir sobre os valores que fundamentam a tolerância religiosa.

Metodologia Aula expositiva e vivências.

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Conteúdo programático 29/10 Exposição dialogada sobre os três conceitos que fundamentam Filosofia-Teológica de Mokiti Okada (Método Izunome, Daijo e Shojo) e vivência da Circunferência da Vida. 30/10 Fundamentos da tolerância ultrareligiosa, a partir da construção da Cultura Su e desenvolvimento do Ser Universal, Pragmático e do Presente. 31/10 Transversalidade da cultura de paz intrapessoal, interpessoalmente e na humanidade, realizada através da vivificação da Flor de Luz, com o objetivo de desenvolver a apreciação da arte estética e ética Divina e humana.

Textos recomendados aos discentes (disponíveis online) SAMA, Meishu. A Cultura de Su. In: SAMA, Meishu. Meishu-Sama e o Johrei. Vol. 1, 5ª edição. São Paulo: Fundação Mokiti Okada, 2007, p.88 – 90. Disponível em Acesso em 12 maio 2013. SAMA, Meishu. Sejam Sempre Homens do Presente. In: SAMA, Meishu. O Homem, a Saúde e a Felicidade. Vol. 3, 5ª edição. São Paulo: Fundação Mokiti Okada, 2008, p. 22 – 23. Disponível em Acesso em 12 maio 2013. SAMA, Meishu. Segredo da Felicidade. In: SAMA, Meishu. O Homem, a Saúde e a Felicidade. Vol. 3, 5ª edição. São Paulo: Fundação Mokiti Okada, 2008, p. 38– 40. Disponível em Acesso em 12 maio 2013.

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MC6 – História e religiões: teoria e metodologia Coordenador Élton de Oliveira Nunes Doutor em Ciências da Religião e Pós-Doutor em História das Religiões pela PUC/SP. Professor na Faculdade Messiânica.

Resumo Os estudos das diversas manifestações religiosas nas áreas que compõem as ciências sociais vêm, ao longo das décadas, transformando o entendimento de como essas manifestações influenciaram e ainda influenciam o Brasil. Os estudos sobre temas ligados às religiões crescem nas diversas áreas, notadamente na área de História. Por este motivo, necessário se faz buscar o embasamento teórico metodológico para análise desses fenômenos, visto serem transdiciplinares e tratarem de diversas matrizes importantes para os historiadores e cientistas sociais. A proposta desse mini-curso é apresentar e discutir as linhas teórico-metodológicas para a análise e produção de trabalhos científicos dentro do âmbito da História das Religiões. Iniciando pelos clássicos nas áreas de Antropologia e Sociologia como Durkheim e Mauss até os atuais teóricos das Escolas Inglesa e Francesa, em especial relevo à Escola Italiana de História das Religiões.

Metodologia Aula expositiva

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Conteúdo programático 29/10 Introdução: História e Religiões – revisitando os clássicos. 30/10 As Escolas de estudos teóricos-metodológicos:  A Escola Francesa  A Escola Inglesa  A Escola Italiana 31/10 Metodologias de Abordagem:  A Escolha sobre o tema e sua interação entre o propriamente histórico-religioso  O trabalho de campo  O levantamento estatístico  A análise filológica  As questões correlatas: o discurso institucional e a prática cotidiana. O trânsito religioso e o discurso midiático. A classificação das fontes históricas e religiosas.

Textos recomendados aos discentes (disponíveis online) http://www.dhi.uem.br/gtreligiao/pdf2/texto%204.pdf - CONFLITO E EXCLUSÃO: O CONCEITO DE PÓS MODERNIDADE E SUA RECEPÇÃO NO MEIO PROTESTANTE BRASILEIRO. http://ojs.c3sl.ufpr.br/ojs2/index.php/historia/article/view/26527 - TEORIA E METODOLOGIA EM HISTÓRIA DAS RELIGIÕES NO BRASIL: O ESTADO DA ARTE.

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MC7 – Religiosidade indiana: diversidades e (in)tolerâncias sociais, animais sagrados e a mulher no hinduísmo e budismo Coordenador/a Arilson Oliveira Doutor em História pela USP, Pósdoutorando em Religião e Sociedade pela PUC/SP e Prof. Adjunto da UFCG.

Gisele Oliveira Mestre em História pela Doutoranda em Letras UNESP/Assis.

USP, pela

Resumo Os discursos modernos e recheados de orientalismos diversos, em torno das religiões mundiais indianas, nos leva a propor o presente minicurso, tendo como objetivo uma análise sócio-histórica (antiga e moderna) da indologia religiosa, suas inquietações, embates e legados; os quais serão “olhados” pelo viés da transvaloração dos valores humanos (Nietzsche), ímpares visões de mundo e impulsos de espíritos livres que, quase sempre, incomodam os valores ocidentais vigentes. Para tanto, discutir-se-á a diversidade das castas, a posição da mulher e o valor dos animais no Hinduísmo e Budismo.

Metodologia Apresentação descritiva, comentada e comparada.

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Conteúdo Programático 29/10 A divisão tradicional das castas indianas e seu legado religioso. As castas no hinduísmo e budismo: origens míticas, desenvolvimento e diversidades. 30/10 A posição e tolerância mítico-religiosa dos animais no hinduísmo e budismo 31/10 As diversidades da mulher no hinduísmo e budismo.

Textos recomendados aos discentes (disponíveis online) OLIVEIRA, Arilson. Brahmacharya: a vida escolar hinduísta na Índia Antiga. Revista Brasileira de História & Ciências Sociais. V. 4, n. 8. 2012. ________________. A sacralidade das castas indianas sob o olhar dumontiano. Revista ANTHROPOLÓGICAS. V. 19(2). 2008. ________________. Os mentores intelectuais do confucionismo, do taoísmo e do hinduísmo na perspectiva weberiana. Horizonte. V. 5, n. 10. 2007. OLIVEIRA, Gisele Pereira de. As Faces da Devī: a mulher na Índia antiga em sacrifício, ritos de passagem e ordem social na literatura sânscrita. Orientação de Adone Agnolin. Dissertação de Mestrado em História Social, USP, São Paulo, 2010.

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MC8 – Santos patronos e a política católica: sécs. XVI-XVIII Coordenador Vinicius Miranda Cardoso Doutorando em História Social pela UFRJ. Membro do Laboratório Sacralidades (UFRJ). Resumo Apesar de ser tema bastante discutido no exterior, o problema dos usos políticoreligiosos de santos patronos instituídos por poderes e corporações citadinas ou monárquicas ainda não foi objeto de análise sistemática pela historiografia lusobrasileira. Este mini-curso propõe uma incursão introdutória pela temática, enfocando os impérios ibéricos entre os sécs. XVI e XVIII, sugerindo fontes, problemas, conceitos e abordagens que visem à desnaturalização da história dos cultos a santos patronos na América portuguesa.

Metodologia Leituras prévias dos textos disponibilizados; slides em data-show contendo sínteses, citações e transcrições de fontes ou textos etc.; debates e atividade.

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Conteúdo Programático 29/10 Santos patronos e o pensamento teológico-político moderno. 30/10 Santos patronos, rituais e a gestão sacro-política da Res publica. 31/10 Possibilidades de investigação para a América portuguesa.

Textos recomendados aos discentes (disponíveis online) HANSEN, João Adolfo. Representações da cidade de Salvador no século XVII. Disponível em http://www.sibila.com.br/index.php/mapa-da-lingua/941representacoes-da-cidade-de-salvador-no-seculo-xvii; acesso em 26 jan. 2012. RAGON, Pierre. Los santos patronos de las ciudades del México central (siglos XVI y XVII). In: Historia Mexicana, v. 52, n. 2, pp.361-389, 2002. Disponível em http://codex.colmex.mx:8991/exlibris/aleph/a18_1/apache_media/3N9ALPC6F8VI RADPMIRD7X8E44FP97.pdf; acesso em: 29 abr. 2013. RAWLINGS, Helen. Saint and Nation: Santiago, Teresa of Avila, and Plural Identities in Early Modern Spain (book review). In: The American Historical Review, v.118, n.1, p.264, Feb.2013. SOUZA, George Evergton Sales. Entre vênias e velas: disputa política e construção da memória do padroeiro de Salvador (1686-1760). In: História. São Paulo, n.162, jun.2010. Disponível em http://revhistoria.usp.br/images/stories/revistas/162/Rh_162_-_05__Evergton_Sales_Souza.pdf ; acesso em: 29 abr. 2013. ZORRAQUINO, José Ignácio Gómez. Los santos patronos y la identidad de las comunidades locales en la España de los siglos XVI e XVII. In: Jerónimo Zurita. Revista de Historia, n.85, pp.39-74, 2010. Disponível em http://ifc.dpz.es/recursos/publicaciones/30/76/04gomezzorraquino.pdf ; acesso em: 29 abr. 2013. 118

MC9 – Iconografia budista Coordenador Fernando Carlos Chamas. Mestre em Língua, Literatura e Cultura Japonesa com enfoque em Cultura Budista pela USP.

Resumo O Budismo abarca influências culturais de meio mundo, ou como se acostumou dizer, “mundo oriental”. Nasceu na Índia como um fruto que se opõe ao bramanismo, e de lá é então “empurrado” para fora. Acompanhando a Rota da Seda, abraça as religiões nativas dos reinos que acolheram a intensa atividade de monges. Juntou-se ao xamanismo tibetano, ao taoismo e confucionismo da China, entra na península coreana e, depois de mil anos desde suas origens, chega ao Japão e se junta ao xintoísmo. Considerando que a arte, foi, inicialmente, sua principal força de expansão, este minicurso objetiva expor algumas obras artísticas principais, entre pinturas e esculturas cujas formas arquetípicas sugerem discussões tanto religiosas quanto psicológicas em suas interrelações, soteriologia e escatologia.

Metodologia Aula expositiva.

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Conteúdo programático 29/10 Exemplos de obras artísticas que mostram a inter-relação do Budismo com o Bramanismo, o Taoísmo e o Xintoísmo e a perspectiva crescente do estilo “zen”. 30/10 Análise da Samsara ou Roda da Vida: sua amplitude psicológica. 31/10 Conceito de Vazio; Soteriologia e Escatologia budista.

Textos recomendados aos discentes (disponíveis online) SILVA, Georges da; HOMENKO, Rita. Budismo: autoconhecimento. São Paulo: Editora Pensamento. 2001.

Psicologia

do

CHAMAS, Fernando Carlos. A Escultura Budista Japonesa. A Arte da Iluminação, Tomos I e II, Tese de Mestrado pela Universidade de São Paulo, SP, 2006. Disponível no Banco de Teses e Disertações da USP: (http://www.teses.usp.br/index.php?option=com_jumi&fileid=17&Itemid=160&la ng=pt-br&id=67A18880DBC6)

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MC10 – A Fé Bahá’í: incompreendida e perseguida Coordenadora Cristina Angelini Melchior Mestre em Ciências da Religião pela PUC/SP.

Resumo A Fé Bahá’í é um sistema religioso que nasceu no Irã do século XIX. De acordo com dados divulgados pela Comunidade Internacional Bahá’í, existem mais de 7 milhões de adeptos representados em 178 países e 46 territórios do mundo, com seus textos traduzidos para mais de 800 idiomas. No Brasil, o número de Bahá’ís chega a 57 mil residentes em aproximadamente 1.215 cidades e municípios em todas as regiões. O objetivo é delinear os fundamentos desta que é hoje a quarta religião mundial em número de adeptos, e sua origem dentro do Islã Xiita. Relataremos os desafios que seus adeptos enfrentam tanto em relação à perseguição por eles sofrida no Irã e as razões para essa perseguição, além dos desafios da proposição de ser uma religião mundial.

Metodologia Aulas expositivas.

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Conteúdo programático 29/10 Abordagem histórica da Fé Bahá’í e a origem islâmica xiita de seus fundadores. 30/10 Análise comparativa entre as doutrinas do Islã e da Fé Bahá’í, bem como os conceitos simbólicos introduzidos por Bahá’ú’lláh, inclusive do Jesus cristão, que determinam suas orientações doutrinárias e prática.

31/10 No terceiro dia, chegaremos aos motivos pelos quais os bahá’ís são perseguidos no Irã, sua estratégia de disseminação da doutrina pelo mundo, a ausência de clero e o funcionamento da Casa Universal de Justiça.

Textos recomendados aos discentes (disponíveis online) Estatísticas do Site Oficial da Comunidade Internacional Bahá’í. Disponível em: http://news.bahai.org/media-information/statistics/. Acesso em: 26 de junho de 2009. Livraria Digital Bahá’í. Disponível em: http://www.hnet.org/~bahai/rg/rg.writings.html#2. Acesso em: 26 de junho de 2009. Fotos do Site Oficial da Comunidade Internacional Bahá’í. Disponível em: http://www.media.bahai.org/subjects/locations. Acesso em: 09 de março de 2010. Site Oficial da Comunidade Internacional Bahá’í. Disponível http://www.media.bahai.org/. Acesso em: 26 de junho de 2009.

em:

Bahá’í Reference Library. Disponível em: http://reference.bahai.org/en/t/se/UD/ud647.html. Acesso em: 07 de junho de 2010.

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MC11 – Práticas nativas ancestrais – Xamanismo: a religião do culto à natureza Coordenadora Ana Felipe Ferreira Nutricionista, Acupunturista e Terapeuta Holística. Graduação pela PUC – CAMP Pós Graduação em Bioquímica, Fisiologia e Nutrição Desportiva pelo LABEX – UNICAMP.

Resumo O curso de xamanismo tem o objetivo de iniciar o participante em como os antigos se comunicavam com a natureza, em como faziam a leitura dos acontecimentos naturais, e como respeitavam e honravam a tudo que tem vida. Focado nas crenças dos índios americanos em geral, temos uma frase SIOUX que resume bem a filosofia xamânica: MITAKUYE OYASSIN – que significa “Por todas as minhas relações”. Essa frase diz respeito a todo tipo de relação que temos, não só com outros indivíduos, mas também com animais, plantas, pedras, montanhas, planetas, o sol, a lua, a chuva e os ventos etc. Tudo que temos ao nosso entorno faz parte de nossas relações, e por isso devemos respeitar essa relações e mantê-las saudáveis, buscando aprender e ensinar a cada uma delas. Ao dizer essa frase estamos pedindo ao criador que zele por essas relações, e permita que realmente essa troca aconteça para a evolução de cada ser.

Metodologia Aula expositiva e vivências.

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Conteúdo Programático  

29/10 Entendimento da vida através das manifestações naturais Roda sagrada da vida - Práticas de relacionamento com objetos da natureza 30/10

 Roda das idades 31/10  Práticas de limpeza: defumação, práticas de cura com instrumentos – maracá, tambor, pau de chuva.

Textos recomendados aos discentes (disponíveis online) SEATLE, Chief. Os filhos da Terra. Special Collection of Washington University. Número NA 1511, 1854. Disponível em http://www.ufpa.br/permacultura/carta_cacique.htm. Sem data de acesso. BORGES, Wagner D. Filhos de Manitu I. Sem mídia de publicação específica. Disponível em http://www.vozdoselementos.com.br/textos/wagner-borges/48filhos-de-manitu-i. Acesso em 29 de julho de 1998.

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MC12 – Asé: A musicalidade corpórea poética do tambor e da dança Coordenadora Kiusam de Oliveira Doutora em Educação e Mestre em Psicologia/USP. Pedagoga e pesquisadora, especialista na temática das relações étnico-raciais, de gênero, candomblé de ketu e educação e em Educação Inclusiva (Deficiência Intelectual). Bailarina, coreógrafa e contadora de histórias. Orientadora espiritual e ialorixá.

Resumo Sons. Ritmos. Batuques. Poemas. Versos. Frases. Corpos. Corporeidades. Gestos. Ancestralidades. Orixás. Dança dos Orixás. Dança afro-brasileira. O contra-saber não é um saber contra, mas sim um saber que se constrói na contra mão daquilo que é considerado como norma. Refletir o poema, o som, o corpo e o gesto dentro da Pedagogia da Ancestralidade, é enxergar novas formas de se construir saberes e conhecimentos diversos.

Metodologia Aula prática a partir do trabalho com a Corporeidade Ancestral, Dança Mítica dos Orixás e a Intencionalidade do Empoderamento Feminino. Aos interessados, a roupa, própria para o movimento, será fundamental nestes dias, assim como uma toalha e uma garrafa de água. O conhecimento que visa ser de corpo inteiro é ato de convivência. É revolucionário porque se afirma no encontro poético com a sua e a minha natureza. Venha preparado para doar seu corpo e sua energia.

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Conteúdo Programático 29/10 Introdução teórica e prática sobre a Dança Mítica dos Orixás e contexto geral das danças afro-brasileiras e mitologia iorubana. 30/10 Corpos dançantes a partir da Dança Mítica dos Orixás Masculinos, energias Terra e Fogo e mitos referentes a elas. 31/10 Corpos dançantes a partir da Dança Mítica dos Orixás Femininos, energias Ar, Água, Terra e Fogo e mitos referentes a elas.

Textos recomendados aos discentes OLIVEIRA, Kiusam Regina de. Candomblé de Ketu e Educação: Estratégias para o empoderamento da mulher negra. Tese (Doutorado). Faculdade de Educação. Universidade de São Paulo. São Paulo, 2008. _________________________. Duas histórias de autodeterminação: a construção da identidade de professoras afrodescendentes. Dissertação (Mestrado). Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo. São Paulo, 2001. _________________________. Um mito de presente a você: tecendo reflexões sobre a ancestralidade feminina afro-brasileira. In: Diadema – Programa Diversidade na Escola – Escola de Todas as Cores. Secretaria Municipal de Educação. Diadema, 2008.

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Grupos de Trabalho 127

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GT1 – Bruxaria à brasileira: a presença da Wicca no Brasil Coordenadores Celso Luiz Terzetti Filho Doutorando em Ciências da Religião pela PUC /SP.

Janluis Duarte de Oliveira Doutorando e mestre em História pela UnB.

Resumo Desde sua formação na Inglaterra na década de 40 até hoje a Wicca, religião mais conhecida dentro da miríade de religiosidades e espiritualidades presentes no moderno (neo) Paganismo, vem cada vez mais se fazendo presente em solo brasileiro. Uma religião legitimamente britânica que se espalhou por muitos países em um pouco mais de meio século, como afirma o historiador Ronald Hutton. A Wicca é uma religião em constante mudança, que dialoga de uma forma geral não só com a modernidade do qual é fruto, mas com a sociedade específica que a acolheu. Nos Estados Unidos ganhou seus contornos de maior ênfase: a valorização do feminino e o culto a natureza, tendo sido descrita como “Religião da Natureza”. No Brasil, atualmente, a Wicca passa a ser mais estudada, tanto em seus aspectos históricos, de permanência e dissidência dos adeptos, quanto em relação aos aspectos de diálogo com a sociedade brasileira. Neste sentido este GT propõe reunir trabalhos que tratem sobre a Wicca, sua história e seu desenvolvimento.

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Dia

Comunic.

29/10 (3ª feira)

30/10 (4ª feira)

31/10 (5ª feira)

A Wicca no Recife: uma história Sem atividades Karina Bezerra Oliveira UNICAP O papel da recepção literária e da invenção de tradições na criação da bruxaria moderna Pamella Louise Camargo UEPG

A Construção da Identidade Masculina na Wicca Welington Pinheiro UERJ

O queijo e as bruxas Janluis Duarte UNB O Coven – Múltiplas pertenças e legitimação de um discurso histórico Celso Luiz Terzetti Filho PUC/SP

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29 de outubro, terça-feira Comunicações A Wicca no Recife: uma história Karina Bezerra Oliveira1 O artigo pretende traçar uma pequena história da Wicca na Região Metropolitana do Recife, tanto da atuação do movimento como da vida dos adeptos. Pretende-se contar como se deu o início e o desenvolvimento do movimento e de seus membros. Para fazer isso, realizamos entrevistas com membros de caráter significativo no movimento, e aplicamos questionários a quarenta integrantes. Além de pesquisa documental na internet e em documentos referentes à época analisada, tais como panfletos, e apostilas. Também realizamos observação participante em atividades e grupos. Palavras-chave: bruxaria moderna; neopaganismo; História Oral; novas religiões.

*** O papel da recepção literária e da invenção de tradições na criação da bruxaria moderna Pamella Louise Camargo2 A wicca, uma forma de expressão mágico- religiosa, surgiu no século XX com Gerald Gardner, entretanto só foi possível existir graças a recepção de diversos traços, ideias, concepções e ideologias que ganharam força principalmente no século XIX, o que no pós guerras inglês permitiu sua estruturação. Muitos desses traços dizem respeito a obras literárias e acadêmicas que obtiveram grande 1

Graduada em História e mestre em Ciências da Religião pela UNICAP. Professora de Filosofia e Ética, e Sociologia na Fauldade. Joaquim Nabuco. Membro do GP Religiões, Identidades e Diálogos, da UNICAP. Contato: [email protected]. 2 Graduanda em História pela UEPG. Membro do GE de História das Religiões (GEHR). Estagiária do PET e bolsista do MAC/SESU. Orientada pelo Prof. Dr. Antonio Paulo Benatte. Contato: [email protected].

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repercussão como “O Ramo de Ouro” do Antropólogo Sir James Frazer e “O culto das bruxas na Europa Ocidental” da egiptóloga Margaret Murray, além das obras relacionadas às sociedades iniciáticas do século XIX, como a O.T.O e a Golden Dawn. A partir de uma análise bibliográfica, e estudo contextual, duas questões levantadas devem ser respondidas, a primeira diz respeito ao como a estrutura da crença e seu cerimonial foram construídos, a partir das influências das correntes esotéricas do XIX, da invenção de tradições do pós-guerras inglês e da repercussão de obras literárias e acadêmicas. E a segunda a como a wicca em seu processo constitutivo foi relacionada à bruxaria e como a partir disso se constituiu a formação de uma identidade wiccaniana relacionada às bruxas da inquisição, cujo culto teria suas origens no paleolítico.

*** A Construção da Identidade Masculina na Wicca Welington Pinheiro3 A pesquisa se baseia em dados coletados em 2012 e 2013 através de observações de um coven composto principalmente por homens heterossexuais. Dada a valorização do feminino na Wicca em nossa sociedade patriarcal, investiga-se as motivações desses homens por ela. A Wicca possui em si uma crítica à cultura o que faz certos indivíduos sentirem-se atraídos por ela como forma de contestarem a sociedade e com isso, construírem para si uma identidade relacionada com esta crítica. A identidade masculina aparece vinculada à imagem do guerreiro, que é aquele que luta pela Mãe Terra, contestador da cultura que a agride e construtor de uma sociedade onde os valores de sua comunidade possam se estabelecer. Palavras-chave: Wicca; masculinidade; identidade.

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Mestrando em Ciências Sociais pela UERJ. Orientada pela Profa. Dra. Cecília Mariz. Contato: [email protected].

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O queijo e as bruxas Janluis Duarte4 Sistematizada na Inglaterra do pós-guerras, a moderna bruxaria neopagã, ou Wicca, é uma das religiões que mais cresce no Ocidente. Ao implantar-se no Brasil, no início da década de 1990, assumiu feições próprias, além de reforçar características já presentes, especialmente, nas vertentes norte-americanas. Uma dessas características é a circularidade dos textos, ou seja: wiccanos escrevem para wiccanos, sobre uma quantidade limitada de temas, o que serve para solidificar representações e identidades no grupo de praticantes. Essa comunicação pretende explorar uma exceção nessa circularidade: a constante alusão à obra O queijo e os vermes, de Carlo Ginzburg, pelos wiccanos brasileiros, como apoio aos “mitos formadores” da Wicca, conforme definidos pela antropóloga Sabina Magliocco, a saber: o mito da origem paleolítica e o mito do tempo das fogueiras. Palavras-chave: bruxaria; neopaganismo; identidades; representações.

*** O Coven: múltiplas pertenças e legitimação de um discurso histórico Celso Luiz Terzetti Filho5 Resumo: O presente trabalho busca abordar a principal forma de pertença da Wicca, o coven através de uma leitura que compreenda o discurso histórico legitimador presente na literatura wiccana. Para isso, buscamos relacionar a questão do coven não apenas como um conceito apropriado por Gerald Gardner, principal divulgador da Wicca, através das obras de Margaret Murray, mas também identificar uma certa influência do Movimento Católico da Inglaterra nesse formato de grupo. Este enfoque é parte de minha pesquisa de doutorado que trabalha com essa forma de pertença entre os adeptos da Wicca. Palavras-chave: Coven; organização religiosa; paganismo moderno; Wicca.

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Doutorando em História Cultural pela UnB e mestre em História Social. Professor de História Contemporânea da Faculdade JK/DF. Contato: [email protected]. 5 Doutorando e mestre em Ciências da Religião pela PUC/SP. Membro do Centro de Estudos de Religiões Alternativas (CERAL). Contato: [email protected].

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GT2 – Catolicismo brasileiro: neocristandade e práticas religiosas associativas (18891964) Coordenador/a Mabel Salgado Pereira Doutora em História pela UFMG Professora da PUC/MG.

Diego Omar da Silveira Doutorando em História pela UFMG e mestre em História pela UFOP. Professor da UEA. Resumo

O contexto de implantação da República no Brasil representou um novo momento nas relações entre Igreja Católica e Estado. Ao prescrever o ideal de laicidade, os governos da primeira República produziram nova ambientação social, política e cultural para os grupos religiosos. A partir dos primeiros anos do século XX, no entanto, o processo de reaproximação entre os dois poderes foi demarcando um novo modelo de relação entre os católicos e a política: a Neocristandade. Do auge dos governos populistas até os anos do Concílio Vaticano II, transformações se processaram no campo das atividades religiosas do clero e dos leigos, com a implantação de modelos associativos cada vez mais direcionados pela Santa Sé. O presente grupo acolhe trabalhos dedicados à investigação das práticas e imaginários católicos situados nesse contexto. Trocar experiências de pesquisa, debater fontes,discutir marcos teóricos e metodológicos sobre esses movimentos no interior do catolicismo são os principais objetivos.

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Dia

Comunic.

29/10 (3ª feira)

Sem atividades

30/10 (4ª feira)

31/10 (5ª feira)

Educadores católicos e as Um bispo na convergência de dois reformas educacionais em São mundos: as reflexões de dom Paulo, na década de 1920 Helder Câmara sobre a Igreja no pré-Concílio Ana Regina Pinheiro UNICAMP Diego Omar da Silveira UEA,UFMG Uma abordagem comparativa entre quatro autores cariocas da década de 1920: Jackson de Figueiredo, Jônathas Serrano, Hamilton Nogueira e Leonel Franca

A Igreja Católica e os mecanismos de atuação no meio rural brasileiro (1955-1964) Bruna Marques Cabral UFRRJ

Guilherme Ramalho Arduini USP

Alceu e Corção: dois intelectuais chestertonianos Alessandro Garcia da Silva UFRJ

Aggiornamento x continuidade: o choque entre a modernidade e a tradição nas representações e visões de mundo de três padres conciliares Alfredo Moreira da Silva Júnior UENP , PUC/SP

Congadeiros e hierarquia Católica na primeira metade do século XX em Minas Gerais

Os museus de arte sacra da Arquidiocese de Mariana: projetos eclesiásticos (1926-1964)

Sueli do Carmo Oliveira UFJF

Riler Barbosa Scarpati UFOP

Notas sobre a atuação da ViceProvíncia Redentorista de Aparecida na Revolução Constitucionalista de 1932 José Tadeu de Almeida USP Pôsteres

São José Operário: história e memórias de uma comunidade católica Júlio César Santos UFOP

O Crimen Sollicitationis e a pedofilia na Igreja Católica Luis Felipe Machado de Genaro UEPG

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30 de outubro, quarta-feira Comunicações Educadores católicos e as reformas educacionais em São Paulo na década de 1920 Ana Regina Pinheiro1 A presente comunicação tem como objetivo abordar a relação entre o movimento dos educadores católicos e a reforma educacional em São Paulo, na década de 1920. Busca-se correlacionar a profissão docente com a formação da Liga dos Professores Católicos, abordando o papel desta instituição na construção de escolas públicas e seculares em São Paulo, na década de 1920 e 1930. São considerados ainda as relações entre o corpo docente desta associação e a hierarquia da Igreja Católica. Utilizamos documentos que compõem a produção escolar, como o jornal da escola, correspondências e autobiografias, bem como os meios de comunicação não confessionais e católicos para compreender as fronteiras e mediações que compõem o campo educacional no período. A partir das fontes mencionadas parece-nos possível ampliar a compreensão acerca das associações católicas, relendo a produção dos educadores e o seu lugar de ação e intervenção na educação secular e católica. Palavras-chave: escola pública; educadores católicos; reformas educacionais.

*** Uma abordagem comparativa entre quatro autores cariocas da década de 1920: Jackson de Figueiredo, Jônathas Serrano, Hamilton Nogueira e Leonel Franca Guilherme Ramalho Arduini2 O objetivo da pesquisa é comparar as trajetórias de quatro autores cariocas da década de 1920, selecionados por apresentarem algumas características em comum: estavam nos anos iniciais de suas vidas profissionais nesse período, eram migrantes na capital federal e conciliavam uma carreira de profissionais liberais 1 2

Doutora em Educação pela UNICAMP. Contato: [email protected]. Doutorando em Sociologia pela USP. Contato: [email protected].

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com a ocupação de cargos públicos nas áreas de saúde e educação. Conviveram em grupos de leigos interessados na divulgação de ideias religiosas, como o Centro Dom Vital. Seus escritos partilhavam de uma necessidade sentida por todos eles de traduzir suas convicções católicas nas suas produções a respeito da estética, política ou ciência. Diante dos critérios utilizados, destacam-se os nomes de Jackson de Figueiredo, Jônathas Serrano, Hamilton Nogueira e Leonel Franca, esse último com algumas singularidades. Trata-se de um estudo comparado da trajetória destes personagens, cruzando as vidas familiares, seus estudos universitários e o processo de afirmação profissional, com intuito de constituir com maior nitidez uma leitura de suas obras. Palavras-chave: Igreja Católica; intelectuais católicos; Centro Dom Vital.

*** Alceu e Corção: dois intelectuais chestertonianos Alessandro Garcia da Silva3 O objetivo deste trabalho é apresentar as especificidades das leituras de Chesterton feitas por Gustavo Corção e Alceu Amoroso Lima. Estes autores possuem trajetórias intelectuais e políticas bastante distintas, mas ambos foram comprometidos com o projeto de cristianização da sociedade brasileira elaborado pelo Centro Dom Vital. Apesar das diferenças, Corção e Amoroso Lima possuíram, nos anos em que elaboraram suas primeiras obras, referências intelectuais parecidas. Os dois beberam bastante na tradição intelectual do catolicismo francês, com autores como Maritain e Bernanos. Mas não ficaram restritos a este ambiente, tendo sido leitores de autores anglófonos. Chesterton foi com toda certeza a principal referência inglesa de ambos. Tanto Alceu quanto Gustavo Corção tributam suas conversões, entre outras causas, à leitura da obra de G. K. Chesterton. A voz católica que ouviram foi chestertoniana. Mas para além desse fato, os dois continuamente dialogam com Chesterton em suas obras. Tais diálogos, no entanto, não são meras repetições, mas reelaborações criativas. Entender tais reelaborações é bastante importante para entender dois grandes intelectuais brasileiros e seus projetos para o Brasil. Palavras-chave: Igreja Católica, intelectuais católicos, Centro Dom Vital.

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Doutorando em Sociologia pela UFRJ. Contato: [email protected].

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Congadeiros e hierarquia católica na primeira metade do século XX em Minas Gerais Sueli do Carmo Oliveira4 As festas em homenagem a Nossa Senhora do Rosário constituíram-se como o principal evento devocional organizado pelas Irmandades Negras no Brasil Colonial. Diretamente ligadas ao catolicismo leigo, essas irmandades, em ocasião das festas do Rosário, promoviam cerimônias nas quais reis e rainhas negros eram entronizados e celebrados ao som de músicas, cânticos e bailados. Esse modo de vivência religiosa manteve-se enraizado na vida dos devotos da “Mãe do Rosário” que ainda hoje a louvam de modo singular em várias partes do Brasil. Mas, esse catolicismo africanizado vivenciado pelos congadeiros, não raras vezes, provocou tensões e disputas entre congadeiros e a hierarquia católica. Buscamos mapear nessa contextura a ação dos grupos e indivíduos envolvidos nesse processo, de modo a delinear a diversidade das experiências mobilizadas e as peculiaridades da implementação das diretrizes do ultramontanismo no âmbito paroquial, em Itaúna/MG, no que tange à proibição do Reinado. Palavras-chave: congadeiros; século XX; Nossa senhora do Rosário.

*** Notas sobre a atuação da Vice-Província Redentorista de Aparecida na Revolução Constitucionalista de 1932 José Tadeu de Almeida5 O presente trabalho visa estender considerações a respeito da atuação assumida pela Igreja Católica no Brasil ao longo da crise política que culminou no movimento armado conhecido como Revolução Constitucionalista de 1932. Pretende-se realizar, como forma de desdobramento destas reflexões, um estudo mais aprofundado do envolvimento da comunidade católica da cidade de Aparecida (SP), liderada pelos sacerdotes da Congregação do Santíssimo Redentor (Redentoristas) no desenrolar do referido conflito. Buscamos assim efetuar uma análise sobre os desdobramentos da Revolução de 1932 na região do Vale do 4

Mestre em Ciências da Religião pela UFJF. Contato: [email protected]. Doutorando em História Econômica pela USP. Membro da Academia Marial de Aparecida. Contato: [email protected]. 5

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Paraíba, recorrendo a documentos de época e fontes primárias em geral. A seguir, analisar-se-á com mais detalhe a posição da Igreja em Aparecida neste contexto, no que diz respeito ao papel desempenhado pelos sacerdotes redentoristas ao longo dos acontecimentos. Verificar-se-á, neste sentido, que sua atuação junto à Revolução, ainda que pontuada por uma equidistância pragmática em relação aos grupos conflitantes, denota a importância que o Santuário de Aparecida possuía durante o período, dentro do modelo de ‘Igreja da Neocristandade’ que se verifica no meio católico brasileiro até a década de 1960. Palavras-chave: Igreja Católica; Revolução Constitucionalista; padres redentoristas; neocristandade.

*** Pôsteres São José Operário: história e memórias de uma comunidade católica Júlio César Santos6 O trabalho proposto tem como temática de estudo a Comunidade São José Operário, localizada na Vila Antônio Pereira, outrora Vila Samarco, situada na cidade de Ouro Preto – Minas Gerais. O núcleo populacional onde se insere a Comunidade foi criado por um projeto da Mineradora Samarco, que desejava que seus funcionários residissem próximos ao Setor da Mina da Alegria. Dessa maneira, desde o final da década de 1970, os trabalhadores se dirigiram para a Vila, muitos com suas famílias. Desse agrupamento inicial surgiu a Comunidade religiosa. O principal objetivo do trabalho proposto consiste, portanto, em analisar as transformações que ocorrerem no seio dessa Comunidade, sua relação com a mineradora que é a principal provedora de mão de obra da região, mas também, atua de forma depredatória ao meio ambiente e à qualidade de vida local e, sobretudo, suas escolhas no tocante às linhas pastorais e de espiritualidade. Palavras-chave: historiografia religiosa; memoriais; comunidade.

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Graduando em História pela UFOP. Contato: [email protected].

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31 de outubro, quarta-feira Comunicações Um bispo na convergência de dois mundos: as reflexões de dom Helder Câmara sobre a Igreja no pré-Concílio Diego Omar da Silveira7 Dom Helder Câmara esteve profundamente envolvido nas mudanças do catolicismo brasileiro de meados do século XX. Ainda padre, assistiu a reorganização institucional da Igreja e auxiliou a reaproximação entre a hierarquia católica e o Estado. Já nos anos 1950, alçado ao posto de bispo auxiliar do Rio de Janeiro, teve papel fundamental na criação da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (1952) e do Conselho Episcopal Latino Americano (1955), tornando-se uma das principais lideranças do episcopado latino-ameri-cano às vésperas do Concílio Vaticano II. Situado na convergência entre dois mundos que se fundiam e se entrechocavam, produziu, nas duas décadas que se seguiram a Segunda Guerra Mundial, uma análise profunda sobre as tarefas e os desafios da Igreja naquele momento histórico. Esta comunicação busca apresentar as reflexões de dom Helder nesse período, situando o contexto de produção dos muitos discursos e textos produzidos pelo bispo nordestino nos anos pré-conciliares. Palavras-chave: Dom Helder Câmara; CNBB; igreja no Brasil.

*** A Igreja Católica e os mecanismos de atuação no meio rural brasileiro (19551964) Bruna Marques Cabral8 O presente trabalho busca analisar os mecanismos e as estratégias políticas elaboradas pela Igreja Católica, para manter a sua hegemonia no meio rural 7

Doutorando em História e Cultura Política pela UFMG. Professor no Centro de Estudos Superiores de Parintis da UEA. Contato: [email protected]. 8 Mestranda em História pela UFRRJ. Contato: [email protected].

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brasileiro, entre 1955-1964. Além disso, iremos demonstrar como a Igreja Católica se inseriu nos debates sobre a reforma agrária, no período em que setores da sociedade brasileira se radicalizavam e o problema agrário encontrava-se no âmago das disputas de então. Destarte, analisaremos os discursos produzidos por intelectuais católicos brasileiros referentes às suas preocupações com o campo. Assim, examinaremos a Revista Eclesiástica Brasileira como principal fonte de compreensão dos discursos supracitados. Palavras-chave: Igreja Católica; reforma agrária; estratégia de hegemonia; Revista Eclesiástica Brasileira.

*** Aggiornamento x continuidade: o choque entre a modernidade e a tradição nas representações e visões de mundo de três padres conciliares Alfredo Moreira da Silva Júnior9 Análise de visões de mundo conflitantes no Concílio Vaticano II a partir de fontes produzidas por dois bispos brasileiros defensores do integrismo, quais sejam: D. Geraldo de Proença Sigaud e D. Antonio de Castro Mayer. As ideias de ambos se chocaram com as ideias de bispos progressistas cujo maior expoente era D. Hélder Câmara. Procuraremos entender a partir dos posicionamentos desses três religiosos o embate entre as teses defendidas que envolveram ao longo do Concílio Vaticano II os seguintes dilemas: modernidade x tradição, progressismo x conservadorismo, aggiornamento x continuidade. Palavras-chave: conservadorismo; progressismo; visões de mundo.

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Doutorando em Ciências da Religião pela PUC/SP. Professor na UEMP/CJ. Membro do Núcleo de Pesquisa em História das Religiões NPHR/UENP. Contato: [email protected].

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Os museus de arte sacra da Arquidiocese de Mariana: projetos eclesiásticos (1926-1964) Riler Barbosa Scarpati10 A Arquidiocese de Mariana, ao longo do século XX, criou dois museus de arte sacra para enaltecer as glórias e o pioneirismo de seu passado em Minas Gerais. Esses projetos de memória social em espaço museal tiveram amplo respaldo de um grupo de letrados fora dos âmbitos eclesiásticos. Contudo, também houve respaldo dos membros da Igreja Católica atuantes não apenas no espaço da Arquidiocese, de modo a colocar as instituições efetivamente em funcionamento. O modo como se deu esse processo é o alvo de nossa comunicação. Procuraremos evidenciar quais as especificidades desses dois projetos eclesiásticos de memória social, tendo em vista as mudanças pelas quais a própria Igreja Católica no Brasil passava. Para fazê-lo, trabalharemos, em termos metodológicos, com a análise das cartas trocadas entre os prelados, atentando, de acordo com as lições de Michel de Certeau, para o caráter fragmentário da escrita e procurando identificar quem era o Outro. Palavras-chave: museus de Arte Sacra; Arquidiocese de Mariana; memória social; catolicismo brasileiro.

*** Pôster O Crimen Sollicitationis e a pedofilia na Igreja Católica Luis Felipe Machado de Genaro11 Nos últimos anos a sede do catolicismo romano, a Santa Sé, foi exposta pela mídia e posta no banco dos réus. Isso impôs o tabu da pedofilia, e consigo a do celibato sacerdotal, de volta aos debates e análises. O ato pedofílico no âmbito clerical se alastrou para diversas localidades, em diferentes períodos, envolvendo milhares de pessoas: acusados, vitimados, denunciantes e silenciados. A cultura do silêncio envolto do fenômeno pedofílico permaneceu arraigada às estruturas da Igreja Católica há séculos, assim como os círculos de confidência e confissão estão presentes desde os momentos precedentes ao fim do Império Romano. Perante os casos de pedofilia, o Vaticano conciliar de João XXIII emite uma estratégica e confidencial legislação embasada no Código de Direito Canônico, denominado De 10

Mestrando em História pela UFOP. Membro do GP em Historiografia Religiosa. Contato: [email protected]. 11 Graduando em História pela UEPG. Contato: [email protected].

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Modo Procedendi in Causis Solicitationis, jamais publicado nos anais apostólicos. Ornamentado juridicamente e redigido pelo Santo Ofício em 1962, o documento foi enviado para todos os bispados do mundo, ordenando a possível transferência de clérigos acusados e o total sigilo eclesiástico. Palavras-chave: Santa Sé; Código Direito Canônico; Causis Solicitationis; pedofilia.

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GT3 – Corpo, cultura e religião Coordenador/a Anaxsuell Fernando da Silva Doutorando em Antropologia pela UNICAMP.

Ana Carolina Rigoni Doutora em Educação Física pela UNICAMP.

Comentadores Ronaldo Almeida Pós-doutor pela École des Hautes Études en Sciences Sociales de Paris. Doutor em Ciências Social pela USP. Professor do PPGAS UNICAMP.

Amurabi Pereira de Oliveira Doutor em Sociologia pela UFPE. Professor permanente do Programa de Pós-Graduação em Educação da UFAL.

Resumo O corpo posiciona o indivíduo em um espaço de experiência e sociabilidade, de modo que, este pode ser compreendido como parte importante do processo pelo qual o conhecimento religioso é integrado a certas disposições corporais e modos de orientação. Propomos com este GT fomentar a discussão que se estabelece entre a dimensão corpórea e o sagrado, compreendendo o corpo não como mero receptáculo do sagrado, ou mesmo como apenas expressão deste, mas como elemento fundamental para se compreender o universo religioso. Ao se presentificar no encontro sudeste da ABHR, este GT dá continuidade aos esforços empreendidos na etapa nacional do encontro desta associação ocorrido no ano anterior, bem como em outras etapas regionais ao longo deste ano e se consolida como um espaço aberto às mais o sagrado: gênero, saúde, festa, rituais etc.

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Dia

29/10 (3ª feira)

30/10 (4ª feira)

31/10 (5ª feira)

Comunic.

Crianças e psicoativos: a ingestão e a relação corpo/saúde nos rituais do Santo Daime

Corpo e sexualidade no protestantismo brasileiro: um espelho de bronze

“Agora eu canto assim...”: afrofagia neopentecostal e Música Popular Brasileira. O caso Bezerra da Silva e o CD “Caminho de Luz”

Theresa Jaynna de Sousa Feijão UFPI

Antônio Máspoli de Araújo Gomes Mackenzie

Francisca Verônica Cavalcante UFPI

Corpo e religiosidade: binômio indissociável na construção da história da enfermagem Maria Helena L. Alves PUC/PR

Patrício Carneiro Araújo PUC/SP Maria Célia Barros Virgolino UFPA,UEPA

Linguagem e gestos na glossolália: observações em uma comunidade da Renovação Carismática Católica

A influência do corpo na religião católica Claúdio Henrique Caldas Mattos UFPE

Detian Machado de Almeida UNEB

Tania Mara da Silva PUC/PR

“Vadeia dois dois, Vadeia no mar, A casa é sua dois dois, Quero ver dois dois vadear” Francy Eide Nunes Leal UFG

A renovação do sacrifício de Cristo: ritual, práticas corporais e experiências afetivas na Santa Missa do Opus Dei Asher Grochowalski Brum Pereira UNICAMP

Êxtase religioso e sua manifestação: o corpo como um instrumento divino

Renascimento iniciatório revelado nos adornos e pinturas da muzenza

Claúdia Neves da Silva UEL

Ivete Miranda Previtalli PUC/SP

Fabio Lanza UEL

Um “ballet do Espírito”: breve reflexão sobre corporeidade e pentecostalismo Valdevino de Albuquerque Junior UFJF

Corpo, cultura e religião nas obras com o tema “as tentações de Santo Antão” das produções pictóricas de Bosch, Cézanne e Dalí América de Oliveira Costa Mackenzie

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Corporeidade: entre os conhecimentos da educação física e os ensinamentos religiosos

O grito da Cruz ou o grito da Cultura? Marcos Teixeira de Souza IUPERJ

Ana Carolina Rigoni UFSJ

O corpo como locus da espiritualidade: a erotização na busca do divino Anaxsuell Fernando UEM

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29 de outubro, terça-feira Comunicações Crianças e psicoativos: a ingestão e a relação corpo/saúde nos rituais do Santo Daime Theresa Jaynna de Sousa Feijão1 Francisca Verônica Cavalcante2 A comunicação proposta é parte da pesquisa “Gira gira criancinha: um olhar antropológico sobre as crianças do Santo Daime no espaço religioso ‘Céu de Todos os Santos em Teresina – PI’” em andamento no Programa de Pós-Graduação em Antropologia da UFPI. O problema é compreender a ingestão de substâncias psicoativas por crianças e como a relação corpo/saúde é significada pelos adeptos e pelas crianças nos rituais de festa do espaço pesquisado. O objetivo é compreender como o corpo e o cuidado com a saúde são significados pelos adeptos e pelas próprias crianças nos rituais em que há a ingestão da bebida sagrada (ayahuasca) por todos os participantes. Diálogo teórico com os seguintes autores: Corsaro (2005); Belloni (2009); Toren (2000); Macrae (1992); Mauss (2003); Le Breton (2003); Geertz (1978); Cavalcante (2009); Amaral (2002); Cavalcante e Feijão (2011). A metodologia utilizada: etnografia, observação participante, caderno de campo, oficinas, imagens fotográficas e fílmicas. Palavras-chave: corpo; criança; religiosidade.

*** Corpo e religiosidade: binômio indissociável na construção da história da enfermagem Maria Helena L. Alves3 Tania Mara da Silva4 1

Mestranda em Antropologia pela UFPI. Contato: [email protected]. Doutora em Antropologia pela UFPI. Contato: [email protected]. 3 Mestre em Educação pela PUC/PR. Professora nos Cursos de Enfermagem e Medicina da PUC/PR. Membro do Grupo de Pesquisa Processos de Educação, Cuidado e Gerenciamento de Enfermagem (GESEG). Contato: [email protected]. 4 Mestranda em Bioética pela PUC/PR. Contato: [email protected]. 2

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Estudo bibliográfico que tem como tema o corpo e a religiosidade, delimitado na história da enfermagem e tem como objetivo identificar a importância e a influência do binômio corpo e religiosidade na construção da enfermagem enquanto profissão. Os locais institucionais onde o cuidado era desenvolvido se transformaram em campo fértil para o desenvolvimento dos dogmas cristãos e estes ideais também marcaram profundamente os espaços de ensino desta nova profissão, que exigia das pessoas que por ela optassem comportamento, perfil e moralidade, muito semelhante aos das ordens religiosas, mesmo quando a enfermagem já era considerada uma atividade laica (GUSSI; DYST, 2008). Resultados preliminares desta pesquisa apontam para a importância e expressividade do corpo e da religião na organização da enfermagem como profissão, visto que até hoje, mesmo com um crescer para a autonomia e cientificidade a enfermagem ainda é vista por muitos e vivenciada por alguns dos seus profissionais com marcas profundas de religiosidade, subserviência e empirismo. Palavras- chave: enfermagem; História; corpo; religiosidade.

*** “Vadeia dois dois, vadeia no mar, a casa é sua dois dois, quero ver dois dois vadear” Francy Eide Nunes Leal5 Neste resumo utilizo da perspectiva etnográfica para apreender e compreender a realidade social da comunidade quilombola Terra Dura, situada no sertão Norte Mineiro, considero a religiosidade como fator fundamental da realidade social que pode desvelar as sócio-dinâmicas da comunidade. A religião vivenciada individual e coletivamente pela interação com os pares e com os membros dos grupos sociais da circunvizinhaça, resulta da articulação entre o catolicismo popular e a umbanda. E a religiosidade é vivida por meio de um conjunto de ritos em que há o manuseio de símbolos sustentados por crenças que dão fundamento à cosmologia dessa comunidade.A gramática social desse grupo é transmitida no cerne da família pela oralidade e pelas práticas corporais, conhecimentos, crenças e valores, que são incorporados pelos homens, mulheres e crianças de Terra Dura em seus processos

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Mestranda em Antropologia Social pela UFG. Contato: [email protected].

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de socialização. No ato de celebrarem seus Guias espirituais e santos protetores essa comunidade negra se recria e se reafirma em suas relações intercomunitárias. Palavras-chave: quilombo; religiosidade; batuque.

*** A renovação do sacrifício de Cristo: ritual, práticas corporais e experiências afetivas na Santa Missa do Opus Dei Asher Grochowalski Brum Pereira6 Proponho uma interface entre práticas corporais e ritual por meio do estudo da Santa Missa e do seu significado para os indivíduos do Opus Dei. O objetivo é demonstrar como esse ritual – que representa a atualização diária da crucifixão de Cristo e, portanto, a Redenção do mundo – é capaz de provocar experiências afetivas por meio da relação entre os indivíduos e Deus. A Santa Missa, de fato, é um ritual extremamente performático e composto por padronizações corporais específicas, onde cada gesto é um símbolo que metaforiza pedidos de perdão a Deus e a vida (e morte) de Cristo. Portanto, para compor esse trabalho, parto da seguinte hipótese: as práticas corporais padronizadas que compõem a Santa Missa (tanto as do padre como as da assembleia) tornam os indivíduos sensíveis a experiências afetivas e, desse modo, criam sujeitos e subjetividades. Palavras-chave: Opus Dei; práticas corporais; rito.

*** Corporeidade: entre os conhecimentos da educação física e os ensinamentos religiosos Ana Carolina Rigoni7 Esta pesquisa se ancora no pressuposto de que a religião evangélica influencia na educação do corpo e de que as diferenças decorrentes desta forma de educação podem ser percebidas nas aulas de Educação Física (EF). Percebendo o fato de que os evangélicos estabelecem negociações e/ou acomodações entre seus costumes 6

Doutorando em Ciências Sociais pela UNICAMP. Contato: [email protected]. Doutora em Educação Física pela UNICAMP. Professora na UFSJ. [email protected]. 7

Contato:

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religiosos e suas práticas cotidianas, a intenção desta pesquisa foi compreender como este movimento acontece, transformando as experiências religiosas e principalmente as experiências escolares relacionadas às aulas de EF. Meu interesse foi compreender como e em que medida os conteúdos da EF tensionam ou podem tensionar estes movimentos de acomodação. Neste sentido, o objetivo foi analisar a trajetória das meninas pesquisadas para compreender como cada uma constrói suas ações partindo da relação entre a educação religiosa que recebem e outras formas de educação relacionadas ao corpo, neste caso, especificamente o conhecimento produzido na e pela EF. Mais do que isso, busquei entender como cada uma relacionava um tipo de “conhecimento religioso” com aqueles produzidos e veiculado nas aulas de EF. Para tanto, a etnografia foi realizada com cinco meninas pertencentes a Congregação Cristã no Brasil e a igreja evangélica Assembleia de Deus e que estavam cursando os anos finais do Ensino Médio. As acompanhei durante o ano letivo de 2011, particularmente durante as aulas de Educação Física. Palavras-chave: educação física escolar; corpo; religião; igrejas evangélicas.

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30 de outubro, quarta-feira Comunicações Corpo e sexualidade no protestantismo brasileiro: um espelho de bronze An tô n io Ma sp o l i d e A ra ú jo Go me s 8 O corpo e a sexualidade tem sido objeto de pesquisa em sua dimensão psicológica e em suas relações com a religião. Destacamos, neste trabalho, as contribuições para o estudo do corpo e da sexualidade, numa perspectiva protestante, dos pesquisadores Zenon Lotufo Júnior, Corpo e dimensão espiritual; Prócoro Velasques Filho, Sobre comportamento protestante; Jaci C. Maraschin, Fragmentos, harmonias e dissonâncias do corpo Tolentino Rosa, Religião e sexualidade e; mais recentemente, o trabalho de Robinson Cavalcanti, Libertação e Sexualidade. esta pesquisa busca explicitar as representações sociais sobre o corpo e a sexualidade veiculadas no protestantismo brasileiro, através da literatura publicada sobre este tema para o consumo dos membros de Igrejas. Inicialmente foram traçados dois objetivos para este trabalho: a) Explicitar as representações sobre o corpo e a sexualidade na patrística bem como no protestantismo de Martinho Lutero e João Calvino e; b) Demonstrar como as representações do corpo e da sexualidade têm sido representadas na produção editorial e acadêmica na pedagogia sexual do protestantismo. Palavras-chave: Religião; protestantismo; corpo; sexualidade.

*** Linguagem e gestos na glossolália: observações em uma comunidade da Renovação Carismática Católica Detian Machado de Almeida9 O falar em línguas estranhas é um fenômeno que pode ser encontrado em diversas comunidades religiosas. Neste estudo, a glossolalia é entendida como linguagem e 8 9

Doutor em Ciências da Religião pelo Mackenzie. Contato: [email protected]. Mestranda em Educação e Contemporaneidade pela UNEB. Contato: [email protected].

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gesto, onde o corpo participa ativamente da aprendizagem do fenômeno e da experiência vivenciada da pessoa. A cultura é definida como pertencente ao corpo. Objetivo: descrever a cena de uma manifestação do falar em línguas em um grupo da Renovação Carismática Católica da Paróquia Nossa Senhora do Resgate, no Bairro Cabula. O fenômeno descrito ocorre durante uma reunião do grupo de oração anunciação do Senhor. Método: para a descrição da cena, foram observadas as disposições corporais que constituíam a cena no momento da glossolalia. Também foram percebidos o habitus presente no grupo, bem como a descrição fonética – fonológica. Resultados: foram percebidas disposições corporais que demarcavam a hierarquia dos atores presentes nas cenas. Havia gestos similares, que constituíam um habitus do grupo. Palavras-chave: glossolalia; corpo; gesto; Renovação Carismática Católica.

*** Êxtase religioso e sua manifestação: o corpo como um instrumento divino Claúdia Neves da Silva10 Fabio Lanza11 Ao falar de êxtase religioso, logo vem à mente a idéia de uma experiência religiosa vivenciada por aqueles que se entregam a um ritual e crença religiosa. A partir de observações de celebrações religiosas e entrevistas com membros de igrejas evangélicas pentecostais e movimento carismático, algumas indagações surgiram: qual é o significado do êxtase religioso para estes membros? Por que ele ocorre? Para os líderes religiosos, documentos e discursos não são considerados importantes na relação daquele que crê em Deus, porque ele e seu filho Jesus Cristo se tornaram presentes de forma real e ativa na vida do novo crente mediante o Espírito Santo, dando-se destaque assim, à emoção individual e coletiva, que se revelaria no corpo de cada pessoa. Uma espiritualidade reelaborada por meio do sentimento de que a sociedade, e nela as relações sociais, comerciais e de trabalho, não poderia ser transformada, mas reconstruída a partir de alternativas variadas de viver e pensar, as quais possibilitariam ao indivíduo compreender qual o seu lugar nesta sociedade. Palavras-chave: êxtase religioso; movimento pentecostal; corpo. 10

Doutora em História pela UNESP. Professora na UEL. Contato: [email protected]. 11 Doutor em Ciências Sociais pela PUC/SP . Professor no Departamento de Ciências Sociais da UEL. Contato: [email protected].

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*** Um “ballet do Espírito”: breve reflexão sobre corporeidade e pentecostalismo Valdevino de Albuquerque Junior12 A cosmogonia bíblica enxerga, no corpo, uma criação divina. No Pentecostalismo, observa-se essa relevância conferida ao corpo, tanto em termos da metafórica linguagem cristã, já que “Cristo é a cabeça do corpo” (e o corpo, a Igreja) quanto no comprometimento ritual do crente, para que santifique seu corpo, “apresentando-o a Deus como sacrifício vivo”. Esse mesmo “corpo-sacrifício” é o sangue que trabalha e sofre, mas também é o ente que dança, salta e canta evidenciando, na religiosidade explícita da performance pentecostal, os nexos que fazem da fé a razão de ser dos “comportamentos consagrados” (Geertz). Gestos cultuais que refletem a herança cultural da “matriz religiosa brasileira”. Nesta proposta, compartilhamos alguns pontos de uma etnografia em curso, onde se observa que as formas expressivas recorrentes em certos pentecostalismos revelam o corpo como fronteira semântica, onde os sentidos são afetados pelo sagrado e a prática ritual é legitimada na sinestesia do grupo. Palavras-chave: pentecostalismo; música; corporeidade; experiência religiosa; ritual.

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Mestrando em Ciências da Religião pela UFJF. Contato: [email protected].

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31 de outubro, quinta-feira Comunicações “Agora eu canto assim...”: afrofagia neopentecostal e Música Popular Brasileira. O caso Bezerra da Silva e o CD “Caminho de Luz” Patrício Carneiro Araújo13 Maria Célia Barros Virgolino14 Quase sempre o encontro entre o proselitismo neopentecostal e as religiões afrobrasileiras resulta em conflitos. O dossiê organizado por Vagner Gonçalves da Silva sob o título Intolerância religiosa: impactos do neopentecostalismo sobre o campo religioso afro-brasileiro, dá seguras pistas desses fatos. O universo religioso afro-brasileiro mantém uma relação estreita com a Música Popular Brasileira, exemplo disso é a história dos afro-sambas para a configuração de uma identidade nacional. Isso tem mudado muito com a ascensão das religiões neopentecostais que possuem grande influência na produção musical dos artistas que a elas se convertem. Analisaremos o caso do sambista Bezerra da Silva e sua trajetória antes e depois da adesão à IURD. Veremos um bom exemplo de como a conversão às igrejas neopentecostais provoca um efeito afrófago, no que se refere à produção desses artistas. Palavras-chave: religiões afro-brasileiras; música popular brasileira; cultura; neopentecostalismo.

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Doutorando em Ciências Sociais pela PUC/SP. Contato: [email protected]. Doutoranda em Ciências Sociais pela PUC/SP. Professora na UFPA e UEPA. Contato: [email protected] 14

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A influência do Corpo na religião católica Claúdio Henrique Caldas Mattos15 Este artigo tem por objetivo a análise da ligação de exercícios espirituais típicos do universo da religião católica que estão atrelados a penitências do corpo como forma de desapego do carnal e aproximação do que do Espírito Santo. O foco do estudo é no catolicismo francês do século XIX. Esse século que ficou conhecido por ser um período de desencantamento no mundo, quando a prática religiosa masculina da Igreja Católica torna-se bastante minoritária. O corpo como “tabernáculo” do cristão é centro de vários ritos sacramentais das quais o artigo se propõe a trabalhar evidenciando sua crucial importância no processo de permanência e resistência da Igreja Católica em uma época de declínio. O estudo mostra como o corpo está atrelado a vida do católico dando significação à sua crença no processo de adoração de Deus, inclusive pelas definições do Bispo de Mans que diz que o corpo está ligado à igreja justamente pela necessidade de sua abstinência. Palavras-chave: Corpo; catolicismo; adoração.

*** Renascimento iniciatório revelado nos adornos e pinturas da muzenza Ivete Miranda Previtalli16 É na festa de “saída do santo”, em que o recém iniciado será apresentado para a comunidade religiosa, que podemos perceber nas cores das vestimentas e das pinturas do corpo da muzenza o significado dos diversos processos a que o neófito foi submetido e que fazem parte do simbolismo do renascimento místico. Para a compreensão do sentido da iniciação no candomblé, é preciso entender que o adepto do candomblé não se considera “acabado”. Por isso, ele deve morrer para a primeira vida (natural) e renascer para a vida superior, que é ao mesmo tempo religiosa e cultural. Assim, na nação angola, a utilização das cores branca,vermelha e preta em seus rituais também pode estar relacionada ao “mundo dos mortos” e ao 15

Graduando em História pela UFPE. Contato: [email protected].

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Doutora em Antropologia pela PUC/SP. Contato: [email protected].

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“mundo dos vivos”, tal qual a encontramos na cosmologia bakongo. Para podermos entender “essa magia”, devemos ter em mente a ideia do duplo que se processa na imagem. Palavras-chave: candomblé angola; corpo; iniciação; festa;bakongo.

*** Corpo, cultura e religião nas obras com o tema “as tentações de Santo Antão” das produções pictóricas de Bosch, Cézanne e Dalí América de Oliveira Costa17 O presente trabalho pretende recuperar a trajetória e lugar do corpo nas representações da figura lendária e histórica de Antão, fundador do movimento Pais e Mães do deserto, que viveu entre os séculos III e IV (c. 251-356), e teve sua história narrada pela primeira vez por Atanásio de Alexandria em Vida e Conduta de S. Antão. Analisando e comparando três representações com o tema “as tentações de Santo Antão”, dos quadros, de Bosch (145? – 1516), Cézanne (1839 1906) e Dali (1904 -1989), buscando uma leitura da representação do corpo, cultura e religião nas três obras. A ideia que perpassa a pesquisa é de que as culturas são conjuntos complexos nos quais a perspectiva sobre a vida, ou o "espírito" da época, é expressa na arte que traz codificada a cosmovisão subjacente da cultura na qual foi produzida. A pesquisa tem um caráter histórico e bibliográfico e a metodologia usada é a da pesquisa bibliográfica. Palavras-chave: corpo; cultura; religião; representação; cosmovisão.

*** O grito da Cruz ou o grito da Cultura? Marcos Teixeira de Souza18 Por detrás do ato de levar as mãos à boca, no intuito de potencializar um grito – para afastar supostos espíritos maus da Natureza – haveria um corpo em disputa, ao problematizar a religiosidade de pomeranos luteranos em Santa Maria de Jetibá. 17

Mestranda em Ciências da Religião pelo Mackenzie. Contato: [email protected]. Doutorando em Sociologia pelo IUPERJ. Contato: [email protected].

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Principal evento da cidade, a Festa Pomerana torna-se epicentro desta problemática, de encontros entre o sagrado e o profano, em que pomeranos luteranos caminham para a experiência de reviver, no corpo, a land perdida, a Pomerânia, como locus de memória coletiva, em que valores de ancestralidade e religiosidade se fazem presentes como ritual, mas que contracenam no presente com o Cristo das igrejas luteranas da localidade, irmanadas Fé e Cultura. Neste sentido, compreender fenômenos religiosos na festa supracitada contribui para refletir o sincretismo religioso. Palavras-chave: pomeranos; luteranos; corpo; Santa Maria de Jetibá.

*** O corpo como locus da espiritualidade: a erotização na busca do divino Anaxsuell Fernando da Silva19 Nesta comunicação será apresentada uma discussão acerca dos termos Erotismo e Religião presentes na obra do filósofo francês Georges Bataille – autor que expõe a dimensão epistemológica da experiência erótica e seu fundamento religioso estabelecidos sobre as interdições e transgressões – e do teólogo brasileiro Rubem Alves, para quem o corpo e a experiência erótica são pré-condições para a comunhão. A abordagem utilizada é problematizadora e aproximativa, na qual a finalidade é descobrir o sentido da erótica batailliana, produzindo-lhe uma compreensão da categoria “Religião” e a possível apropriação que Rubem Alves faz dessa concepção associando-a a possibilidade de liberdade (e a experiência de poder). Assim, num segundo momento, a partir deste diálogo entre os autores discutimos o encontro entre espiritualidade e sexualidade, evidenciando o ato da continuidade e descontinuidade humana, que supera e condena o ser. Com este cenário teórico configurado, advogaremos que a experiência religiosa se encontra no desvendar do erotismo, sendo este para ambos os autores a substância da vida interior do homem. Palavras-chave: religião; erotismo; Rubem Alves; Bataille.

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Doutorando em Antropologia [email protected].

pela

UNICAMP.

Professor

na

UEM.

Contato:

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GT4 – Dietrich Bonhoeffer: ética e teologia a serviço da vida Coordenador

Comentador

Carlos Caldas Doutor em Ciências da Religião pela UMESP. Professor do IBAD.

Ricardo Gouvea Doutor em Teologia pelo Westminster Theological Seminary. Professor do Mackenzie. Resumo

Dietrich Bonhoeffer (1906-1945), pastor luterano e teólogo alemão notabilizou-se não apenas por sua contribuição à reflexão teológica no século XX como também por sua postura ecumênica e sua resistência ousada e comprometida até às últimas consequências ao governo nazista em seu país. Bonhoeffer é um dos poucos teólogos contemporâneos que é respeitado e estudado por pessoas em todo o espectro teológico, desde círculos evangelicais conservadores a liberais abertos, por protestantes, evangélicos, pentecostais e católicos. Bonhoeffer, sem embargo de sua confessionalidade luterana convicta, foi ativo integrante do movimento ecumênico protestante (que depois da guerra seria organizado como o Conselho Mundial de Igrejas). Quanto à sua trajetória de vida, vale lembrar que se valendo de sua posição de integrante da Abwehr, a inteligência militar alemã da época, ajudou a salvar a vida de judeus. A radicalidade de sua atitude eventualmente o levou à morte. Daí pode-se afirmar que em Bonhoeffer ética e teologia estão a serviço da vida.Pode-se afirmar ainda que tanto sua reflexão teológica como sua prática de vida são exemplos de tolerância e aceitação das diversidades religiosas. Daí o presente GT acolher propostas que tratem do tema da tolerância e da diversidade religiosa a partir de textos de Dietrich Bonhoeffer.

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Dia

29/10 (3ª feira)

Comunic.

Nadando contra a correnteza - ação a favor da vida na prática pastoral de Dietrich Bonhoeffer

30/10 (4ª feira)

31/10 (5ª feira)

Não haverá atividades

Sivanildo Ribeiro Martins IBAD

Experiência de fé e o seguimento de Cristo em Dietrich Bonhoeffer Anderson Lima PUC/RS

Interfaces entre o pensamento do humano em Zygmunt Bauman e Dietrich Bonhoeffer José Nilberto de Oliveira Junior IBAD

Diálogo entre Bonhoeffer e Nietzsche Manoel Alexandre Ferreira IBAD

Secularização no pensamento de Dietrich Bonhoeffer Renato Kirchner PUC/Camp

A questão da verdade na ética de Dietrich Bonhoeffer Josadaque Martins da Silva UNIFESP

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29 de outubro, terça-feira Comunicações Nadando contra a correnteza - ação a favor da vida na prática pastoral de Dietrich Bonhoeffer Sivanildo Ribeiro Martins1 O século XX foi marcado por grandes eventos que provocaram transformações econômicas, políticas, sociais e religiosas. Na Alemanha um fato que chamou aa atenção do mundo foi o Holocausto, conduzido por Adolf Hitler, que matou milhões de judeus numa clara demonstração de racismo e intolerância. Na época a igreja poderia ter sido uma voz em defesa dos inocentes, lutar contra a opressão, combater a injustiça e proteger os mais fracos. Mas foi em grande parte conivente com o governo e assistiu “aos irmãos” morrerem, sem piedade alguma por parte do exercito nazista. O pastor e teólogo Dietrich Bonhoeffer foi um personagem que neste contexto surge profeticamente como uma voz que protesta e exige que a atuação da igreja seja traduzida pelo conteúdo do Evangelho, gerador da vida, de tal modo que através da Igreja Cristo esteja presente no mundo. A vida e o testemunho de Bonhoeffer são desafio à igreja de nossos dias. Uma análise da vida e da teologia de Dietrich Bonhoeffer permitirá identificar a possibilidade de uma igreja voltada para o mundo, que se envolva com o mundo servindo-o e que, em semelhança a Cristo, promova a justiça. Palavras-chave: ética; Dietrich Bonhoeffer; evangelho; eclesiologia.

*** Experiência de fé e seguimento de Cristo em Dietrich Bonhoeffer Anderson Lima2 O presente tem por objetivo, analisar a relação entre a Experiência de Fé e o Seguimento de Cristo, no pensamento de Dietrich Bonhoeffer. Na diversidade das Religiões e Credos, justifica-se a necessidade de uma releitura da importância de 1 2

Bacharelando em Teologia pelo IBAD. Contato: [email protected]. Mestrando em Teologia pela PUC/RS. Contato: [email protected].

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uma genuína experiência de Fé para um correto seguimento das verdades pregadas por Cristo. Como objetivos específicos busca-se delimitar o que é Experiência; reforçar a necessidade de um real encontro com Cristo para um genuíno seguimento de seus ensinamentos; analisar na experiência de fé de Bonhoeffer e em sua produção teológica. Palavras-chave: experiência; fé; Cristo; seguimento; Bonhoeffer.

*** Interfaces entre o pensamento do humano em Zygmunt Bauman e Dietrich Bonhoeffer José Nilberto de Oliveira Júnior3 O presente trabalho tem por objetivo verificar as interfaces entre o pensamento do humano em Zygmunt Bauman e Dietrich Bonhoeffer e propor o discipulado deste, teólogo alemão, como paradigma ao homem contemporâneo. Para isso, será apresentada uma breve biografia dos autores mencionados e apresentado o contexto histórico no qual teve início o pensamento desenvolvido por ambos. Em seguida, será apresentada a visão do humano de Zygmunt Bauman, concentrandose no ser humano líquido, individualizado e consumista; posteriormente verificarse-á a visão do ser humano compromissado, que vive em comunhão e que vive para o outro na perspectiva bonhoefferiana. Palavras-chave: contemporaneidade; discipulado; consumo; líquido; compromissado.

*** Diálogo entre Bonhoeffer e Nietsche Manoel Alexandre Ferreira4 Na pré-modernidade a teologia era rainha das ciências: Deus estava acima de tudo. Na modernidade a teologia perde o seu trono e Deus é colocado em questão. O homem moderno coloca o mundo e a história sobre o razão da autodeterminação 3 4

Graduando em Teologia pelo IBAD. Contato: [email protected]. Graduando em Teologia pelo IBAD. Contato: [email protected].

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sem Deus. Nietsche propõe para o homem moderno que Deus está morto, e quem o matou? Nós. As ciências tomaram o trono da rainha, colocando em cheque o absoluto. Nietsche apresenta a teoria do ubermensch, o super-homem, o que significa aceitar a possibilidade de viver de maneira radical a finitude e a morte sem precisar de consolo metafísico. Foi neste cenário que surgiu Hitler. Ele nunca condenou Deus em público, pois sabia que havia um pensamento em muitos cristãos de que a autoridade real só poderia vir de Deus. Hitler utilizou uma base filosófica nietscheana para embasar seus conceitos totalitários. Neste mesmo cenário se vê um teólogo que foi capaz de fazer uma teologia para o seu contexto: Dietrich Bonhoeffer, um contraponto ao ambiente intelectual influenciado pela filosofia nietscheana. A presente comunicação pretende apresentar diálogo entre a filosofia de Nietsche e a teologia de Bonhoeffer. Palavras-chave: Dietrich Bonhoeffer; Nietsch; ubermensch.

*** Secularização no pensamento de Bonhoeffer Renato Kirchner5 A secularização, segundo Dietrich Bonhoeffer, pode ser compreendida como um processo histórico com implicações científicas e sociais, mas principalmente religiosas. Há duas atitudes negativas do cristianismo em relação à secularização às quais o teólogo luterano se opõe: a primeira utiliza-se da apologética em sentido defensivo; a segunda usa do Deus ex machina como instrumento de acomodação. Contudo, para abordar convenientemente a temática proposta, faz-se necessário entender o processo de secularização a partir do senhorio de Jesus Cristo, uma vez que o fundamento da compreensão do mundo pressupõe a presença de Deus como Criador, Reconciliador e Redentor do mundo. O que se espera do cristão é uma ação totalmente livre e responsável. Diante disso, a presente pesquisa tem como objetivos principais responder às perguntas seguintes: a) De que maneira desenvolve Bonhoeffer o tema da secularização? b) Em que sentido pode a secularização ser vista com um elemento de purificação da fé cristã? Palavras-chave: cristianismo; mundo; secularização; fé cristã; Dietrich Bonhoeffer.

*** 5

Doutor em Filosofia pela UFRJ. Professor na PUC/Camp.Contato: [email protected].

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A questão da verdade na ética de Dietrich Bonhoeffer Josadaque Martins da Silva6 Procurar-se-á por meio desta comunicação expor direções para uma análise da questão da verdade na Ética de Dietrich Bonhoeffer. Num excerto de Ética intitulado “Que significa dizer a verdade?”, Bonhoeffer ressalta que o ser humano, desde o momento em que passa a dominar a linguagem, é ensinado que suas palavras devem corresponder à verdade. Mas o que é “falar a verdade”? Ora, ao perguntar-se pela natureza do “falar a verdade”, Bonhoeffer se dá conta de que significa algo diferente, dependendo da realidade situacional em que a verdade é proferida. Sendo assim, sob essa perspectiva bonhoefferiana, é imprescindível ponderar os respectivos contextos situacionais, pois há relação intrínseca entre o “falar a verdade” e o mundo real. Nesse aspecto, dizer a verdade denota expressar a realidade em palavras. Contudo, consoante Bonhoeffer, toda manifestação obedece a certas condições, por conseguinte, o “falar a verdade” possui os seus limites, pois tem seu lugar, sua hora e sua tarefa. Portanto, esta comunicação terá como objetivo analisar o sentido atribuído por Dietrich Bonhoeffer à verdade, bem como expor as condições pelas quais a palavra expressa se torna verdadeira. Palavras-chave: ética; Dietrich Bonhoefer; realidade; verdade.

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Mestrando em Filosofia pela UNIFESP. Contato: [email protected].

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GT5 – “Edificando para Deus”: a arquitetura do sagrado nas suas diferentes manifestações Coordenador João Henrique dos Santos Doutor em Ciência da Religião pela UFJF. Professor do Departamento de História e Teoria da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da UFRJ. Resumo Ao longo de sua história, o homem construiu muito mais para Deus do que para si próprio. As construções religiosas, desde os menires sagrados aos grandes templos contemporâneos, para muito além do testemunho da fé, são marcos arquitetônicos referenciais sobre o modo de perceber a maneira pela qual se deveria edificar a Casa do Senhor sobre a terra, muitas vezes, espelho da morada que o homem deseja para si próprio na eternidade. Desta forma, a presente proposta de GT visa aprofundar a troca de experiências e percepções sobre essa importante temática na História das Religiões, buscando acolher todas as propostas de comunicações sobre a temática da arte e arquitetura religiosas, que abranjam todas as manifestações religiosas, da Antiguidade à contemporaneidade, de qualquer matriz religiosa. Valorizar-se-ão, de modo especial, as comunicações sobre a Arquitetura Religiosa no Brasil.

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Dia

Comunic.

29/10 (3ª feira)

30/10 (4ª feira)

31/10 (5ª feira)

Projeto moderno de globalização Companhia de Jesus: reflexos na arquitetura religiosa da América Portuguesa

O significado da luz em templos religiosos – uma análise da influência da luz na arquitetura religiosa

Sem atividades

Fernanda Santos UFSC

Alfredo Damian Pacher Majul UFRJ Camila Szczerbacki Costa UFRJ Mariana Campos Lima Rocha UFRJ

A presença dos anjos na Capela de Nossa Senhora das Necessidades

Patrimônio religioso, arquitetura e preservação cultural na região de Nova Iguaçu (RJ)

Fernanda Maria Trentini Carneiro FURB

Luiza Georgia Viana Cunha UFRJ Nathalia Borghi Tourino Marins UFRJ

Mística e devoção carmelita: a arquitetura religiosa dos terceiros em Minas Gerais Nívea Maria Leite Mendonça UFJF

A Catedral Metropolitana do Rio de Janeiro. Uma Via Crucis de 300 anos

O significado da luz na Catedral de Brasília (Oscar Niemeyer), na Capela de Santo Ignacio (Steven Holl) e Igreja da Luz (Tadao Ando) Ana Carolina de Meirelles Lagden Muratori de Senna UFRJ

A arquitetura religiosa, entre paradoxos e possibilidades João Henrique dos Santos UFRJ

Estela Maris de Souza UFRJ

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Arquitetura e religião: o caso da Igreja da Irmandade do Santíssimo Sacramento Claudia Barbosa Teixeira UERJ

A religião como engano: a visão da religiosidade japonesa a partir da percepção dos jesuítas Francisco Xavier, Cosme de Torres e João Fernandes nos primeiros anos das missões no Japão Jorge Henrique Cardoso Leão UFF

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29 de outubro, terça-feira Comunicações Projeto moderno de globalização Companhia de Jesus: reflexos na arquitetura religiosa da América Portuguesa Fernanda Santos7 Uma das primeiras tentativas de criar redes globais de ensino está associada aos colégios dependentes de congregações religiosas. Neste sentido, é pioneira e emblemática a rede de colégios intercontinental dos Jesuítas, com um conceito arquitetural mimeticamente reproduzido nas diferentes paragens do globo onde implantavam os edifícios colegiais, embora com as devidas adaptações à cultura das regiões onde se instalavam. O objetivo da pesquisa é mostrar as semelhanças entre os seus colégios e igrejas, na América Portuguesa, através de uma escolha cuidada dos espaços de construção, bem como dos arquitetos, escolha que geralmente assentava no currículo e na experiência de construção na Europa. Tratando-se de uma ordem nova, no século XVI, detinha uma situação particularmente favorável para se deixar impregnar, logo de início, do espírito moderno, pós-renascentista e barroco. Palavras-chave: globalização; arquitetura religiosa; jesuítas.

*** A presença dos anjos na Capela de Nossa Senhora das Necessidades Fernanda Maria Trentini Carneiro8 Este artigo propõe apresentar a imagem do anjo presente na pintura do altar-mor da Capela de Nossa Senhora das Necessidades, localizada na Freguesia de Santo Antonio de Lisboa, na cidade de Florianópolis. Tal pintura encontra-se em tábuas que cobriam o pano de fundo do nicho do altar-mor e estas, atualmente, estão guardadas em um depósito nos fundos da capela. Pretende-se comparar a imagem 7

Doutoranda em História pela UFSC. Bolseira da Fundação para a Ciência e Tecnologia de Portugal. Contato: [email protected]. 8 Mestre em Artes Visuais pela UDESC. Professora de Artes na FURB. Membro do GP História da arte: imagem e acontecimento, da UDESC. Contato: [email protected].

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destes anjos com obras da história da arte, especialmente a influência da arte barroca, que caracterizou um ponto forte da Igreja Católica na representação de imagens divinas, como referência e importante fator na construção do repertório visual e artístico. A comparação sugere a significativa aparição do anjo, bem como a valorização destas pinturas como memória artística local. Palavras-chave: anjo; pintura; memória; arquitetura religiosa.

*** Mística e devoção carmelita: a arquitetura religiosa dos terceiros em Minas Gerais Nívea Maria Leite Mendonça9 No período colonial, a capitania de Minas Gerais foi fortemente marcada pelos preceitos tridentinos, esses preceitos só foram possíveis de serem vivenciados graças à atuação de leigos que se uniram em torno de associações religiosas como as irmandades e Ordens Terceiras. Nosso objetivo é refletir sobre os templos dos terceiros que envolvia toda uma arte que predominou neste período, isto é, o barroco-rococó. Esta religiosidade barroca recorria nas artes plásticas toda forma de simbolismo, já que o aparato cenográfico das igrejas servia para mexer com o modo de ver e pensar da população, cuja principal preocupação era com a morte. Nessa perspectiva, muitos irmãos ingressavam em uma associação religiosa que visava garantir, após a morte, uma vida eterna no paraíso, além de sepultamento digno dentro dos templos, uma vez que, estes espaços eram revestidos de sacralidade, assim, os irmãos eram sempre lembrados durante as celebrações. Palavras-chave: Ordem Terceira; arte barroca; Minas Gerais.

*** A Catedral Metropolitana no Rio de Janeiro: uma Via Crucis de 300 anos Estela Maris de Souza10 9

Mestranda em História pela UFJF. Contato: [email protected]. Doutoranda em Arquitetura e Urbanismo pela UFRJ. Orientada pela Profa. Dra. Maria Cristina Cabral e coorientada pelo Prof. Dr. João Henrique dos Santos. Bolsista da CAPES. Contato: [email protected]. 10

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O tema em questão aborda um assunto pouco discutido e mesmo esquecido pela cidade do Rio de Janeiro. Como uma cidade que já foi Sede do Governo Geral passou 300 anos com sua catedral itinerante? A Catedral de São Sebastião levou 300 anos para se estabelecer num espaço sagrado próprio, sendo abrigada por várias igrejas de irmandades da cidade após o desmonte do Morro do Castelo onde teve sua primeira fundação. O trabalho em questão remonta essa itinerância da Catedral desde o Morro do Castelo até sua construção em definitivo na Esplanada de Santo Antônio. São 300 anos de tipologias que vão desde o período colonial até a expressão modernista da atual Catedral. As cidades em suas origens sempre tiveram a representação do sagrado. Sejam elas ermidas, capelas, igrejas, templos, sinagogas, catedrais, etc. No princípio a expressão do sagrado acontecia dentro das casas em frente aos altares individuais. Conforme os núcleos sociais foram crescendo, fez-se necessário a construção de espaços que congregassem pessoas no entorno de uma mesma representação religiosa. Palavras-chave: Rio de Janeiro; história urbana; Catedral Metropolitana; Esplanada de Santo Antônio; catedral.

*** Arquitetura e religião: o caso da igreja Irmandade do Santíssimo Sacramento Claudia Barbosa Teixeira11 As marcas da religiosidade dos portugueses que chegaram às terras cariocas estão presentes na paisagem arquitetônica do centro da cidade do Rio de Janeiro até hoje. Através das Irmandades religiosas os leigos puderam manifestar seu sentimento religioso nas construções de seus templos e, dessa forma exercer um importante papel na manutenção da fé católica. Este trabalho tem como objetivo apresentar na paisagem urbana da cidade a construção da igreja da Irmandade do Santíssimo Sacramento no ano de 1816. Buscou-se apontar, igualmente, as características construtivas da mesma verificando se houve influência das disposições eclesiais da época sobre a tipologia da construção executada. Palavras-Chave: arquitetura religiosa; Irmandade do Santíssimo Sacramento; Rio de Janeiro.

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Doutoranda em História pela UERJ. Contato: [email protected].

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30 de outubro, quarta-feira Comunicações O significado da luz em templos religiosos – uma análise da influência da luz na arquitetura religiosa Alfredo Damian Pacher Majul12 Camila Szczerbacki Costa13 Mariana Campos Lima Rocha14 Passando por diversos exemplos de templos religiosos no espaço e no tempo, dentre eles a Catedral de Notre Dame de Paris e Igreja da Luz de Tadao Ando, no Japão, o estudo tem como foco analisar o modo como a luz, principalmente a natural, é usada como elemento central e como ela pode alcançar os objetivos aos quais um templo se propõe de forma mais eficaz e sucinta que outros adornos construtivos. Neste trabalho poderá ser observada a oposição entre a arquitetura que situa o fiel através elementos palpáveis (a coisa é o que realmente é) e a arquitetura que faz o mesmo, porém de forma metafórica. Neste caso a luz é a metáfora que pode ter diversos significados. O estudo mostra que a arquitetura religiosa, ao contrário do que se acreditava, pode ser renovada e atualizada sem perder a tradição, sem perder o significado. Palavras-chave: templo; luz natural; luz artificial; arquitetura religiosa.

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Graduando em Arquitetura e Urbanismo pela UFRJ. Contato: [email protected]. Graduanda em Arquitetura e Urbanismo pela UFRJ. Contato: camilaszczerbacki.gmail.com. Graduanda em Arquitetura e Urbanismo pela UFRJ. Contato: [email protected].

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Patrimônio religioso, arquitetura e preservação cultural na região de Nova Iguaçu (RJ) Luiza Georgia Viana Cunha15 Nathalia Borghi Tourino Marins16 A presente comunicação deriva do Projeto de Extensão desenvolvido entre março de 2012 e março de 2013 sobre a avaliação do estado preservacional de templos católicos tombados pelo INEPAC no âmbito da Diocese de Nova Iguaçu (RJ). A reflexão que se propõe é a da necessidade de implementar-se intervenções de modo a integrar a microrregião de Nova Iguaçu a projetos turísticos, inclusive os de turismo religioso, não subordinando-se ao centro maior de turismo, que é a cidade do Rio de Janeiro. O estado de preservação bastante deteriorado de algumas igrejas impõe a necessidade de intervenção arquitetônica, sendo esta limitada pelo tombamento feito pelo INEPAC. Palavras-chave: patrimônio religioso; arquitetura; preservação cultural; turismo; Nova Iguaçu.

*** O significado da luz na Catedral de Brasília (Oscar Niemeyer) , na Capela de Santo Ignácio (Steven Holl) e Igreja da Luz (Tadao Ando) Ana Carolina de Meirelles Lagden Muratori de Senna17 A luz é um elemento essencial em qualquer ambiente religioso. Ao longo da história, tanto a ausência quanto a presença de luz têm desenvolvido um papel primordial, auxiliando, inclusive, no desenvolvimento de elementos e na organização espacial que compõem esses espaços. Nota-se isso claramente fazendo uma retrospectiva de igrejas medievais, passando pelo bizantino, românico, gótico e até os dias atuais. Entretanto, há uma grande generalização quanto à significação desse fator. Somente são captados seus aspectos que têm algum tipo de relação com o divino. Essa associação não é errônea ou precipitada, e não pode, em 15

Graduanda em Arquitetura e Urbanismo pela UFRJ. Bolsista do PIBEX-UFRJ. Contato: [email protected]. 16 Graduanda em Arquitetura e Urbanismo pela UFRJ. Bolsista do PIBEX-UFRJ. Contato: [email protected]. 17 Graduanda em Arquitetura e Urbanismo pela UFRJ. Contato: [email protected].

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nenhuma hipótese, ser descartada, até pelo fato de que estamos nos referindo a espaços que têm como principal questão a reflexão e/ou contato, seja ele em qualquer grau, com algum tipo de ser sagrado. Essa experiência é tão sublime e intensa que acaba por nos privar de uma análise mais aprofundada sobre outros aspectos importantes que a iluminação pode proporcionar; intencionalmente ou não. Palavras-chave: Igreja da Luz; Capela de Santo Ignácio; Catedral de Brasília; arquitetura religiosa; luz.

*** A arquitetura religiosa: entre paradoxos e possibilidades João Henrique dos Santos18 A edificação dos espaços sagrados em todas as civilizações reveste-se das características de um paradoxo epistemológico. Por um lado, o espaço sagrado representa, na conceituação de Juan Antonio Ramírez, uma fronteira tênue entre a utopia (o “não-lugar”) e a eutopia (o “bom-lugar”, o “lugar verdadeiro”). Nada obstante, a Arquitetura dá-se no topos, no lugar. Desta forma, cria-se o paradoxo de construir o não-lugar dentro do espaço. E foi a busca da resolução dessa contradição que tem possibilitado aos construtores/arquitetos ao longo do tempo, em todas as civilizações e em todas as manifestações religiosas, lançar-se à busca da perfeição edificada. Palavras-chave: arquitetura religiosa; teoria da arquitetura; utopia.

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Doutor em Ciência da Religião pela UFJF. Professor no Departamento de História e Teoria da FAU/UFRJ. Contato: [email protected].

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A religião como engano: a visão da religiosidade japonesa a partir da percepção dos jesuítas Francisco Xavier, Cosme de Torres e João Fernandes nos primeiros anos das missões no Japão Jorge Henrique Cardoso Leão19 A presente comunicação tem por objetivo analisar a impressão que os primeiros jesuítas, que chegaram ao Japão em 1549, tiveram da religiosidade nipônica. Como de costume no Império Português, para decodificar os códigos culturais e religiosos daquelas sociedades, por meio de um olhar etnocêntrico, os inacianos recorriam as representações do catolicismo na tentativa de transpor para essas religiões os ensinamentos do que consideravam como a verdadeira doutrina, em detrimento do que também consideravam como os enganos da fé produzidos pelos gentios. Almejava-se, contudo, com esta transposição etnocêntrica, estabelecer uma via de contato com os autóctones para lançar as bases do Evangelho sobre essas populações, através da catequese. No entanto, por conta da falta de compreensão que os jesuítas tinham da cultura religiosa japonesa, os erros de associação foram a causa dos choques culturais ocorridos entre ambas as civilizações. Palavras-chave: jesuítas; Japão; religiosidade japonesa.

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Doutorando em História pela UFF. Membro do GEHJA/UFF e NEJAP/UFSC. Bolsista CAPES. Contato: [email protected].

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GT6 – Escolas das religiões afrobrasileiras e diálogos Coordenador/a Érica Jorge Mestranda em Ciências Sociais pela UFABC e Teóloga pela FTU.

João Luiz Carneiro Doutorando em Ciências da Religião pela PUC/ SP e mestre em Filosofia pela UGD / RJ.

Comentadora Maria Elise Rivas Mestranda em Ciências da Religião pela PUC / SP e Teóloga pela FTU. Resumo GT “Escolas das Religiões Afro-brasileiras e Diálogos” abordará projetos de pesquisa que têm em comum a recorrência de demandas advindas da sociedade quando se trata de pensar a formação, transformação do diálogo entre ciência e religião sobre a construção identitária das religiões afro-brasileiras. O conceito de Escolas traduz as possibilidades de compreender e vivenciar o Sagrado no universo afro-brasileiro. Cada Escola é formada por um corpo de conhecimento (Epistemologia), uma conduta (Ética) e uma forma de transmissão (Metodologia). Para entender o processo de identificação das Escolas Afro-brasileiras torna-se necessário compreender a linguagem, a simbologia utilizada e realizar um meticuloso processo de pesquisa, considerando a gama de metodologias existentes para analisar os vários templos-terreiros. São bem vindas neste GT pesquisas que investiguem essas temáticas nas áreas das Ciências Sociais, Ciências da Religião, História e Teologia.

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Dia

29/10 (3ª feira)

30/10 (4ª feira)

31/10 (5ª feira)

Comunic.

Entre linhas e falanges: a diversidade da umbanda na contemporaneidade

Ifaísmo na web 2.0: embates digitais entre as escolas cubana e nigeriana de culto de Ifá

Meu dendezeiro é no angola: o caboclo no candomblé de inkisi J anaina de Figueiredo PUC/SP

Saulo Conde Fernandes UFGD

Patricia Ferreira e Silva USP

Entre dois mundos: entre o pragmatismo da umbanda e o Salvacionismo Espírita – um estudo de caso

Aprendendo yorubá no Ilè Aşé Omi Laare Ìyá Sagbá

Ana Maria Valias Andrade Silveira UFGD

Stela Caputo UERJ

O conceito de “Escolas” como garantidor da diversidade sem prejuízo do “fundamento”: esoterismo e exoterismos nas tradições espirituais afro-brasileiras

Corpo e saúde: uma perspectiva comparada entre religiões afrobrasileiras e neopentecostais

Thomé Sabbag Neto UFPR

Érica Ferreira da Cunha Jorge UFABC

Marta Ferreira UERJ

Ana Keila Mosca Pinezi UFABC

A moeda dos orixás Antonio Carlos Mendonça Viana UFF

Tambor de mina: uma abordagem a partir de seus elementos visuais Wgercilene Machado Martins UFMA

Rafael Gapski Moreira UFPR A diversidade das Religiões Afro-Brasileiras em Curitiba/PR: o "mito do embranquecimento" revisitado Camila B. C. Martins UFPR

Inclassificáveis: arcaísmos nos estudos das religiões afro-brasileiras Antonio José Vieira da Luz PUC/SP

Ciclo do marabaixo: uma das expressões da religiosidade afrodescendente no Amapá Alysson Brabo Antero UEPA

Renata Issa Gomes PUC/RJ Ana Paula Farias PUC/PR

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Símbolos e sinais sagrados da umbanda: o ponto riscado Osvaldo Olavo Ortiz PUC/RS

Tem arruda? Tem guiné e espada? Tem magia e poder! Abordagem etnobotânica de três espécies vegetais na rito liturgia das religiões afro brasileiras

A dinâmica religiosa do candomblé em Goiânia a partir da hermenêutica da ação humana Rodolfo Ferreira Alves Pena UFPR

Wandir Vieira Leal FTU

Novo som do ensino superior brasileiro: a Faculdade de Teologia Umbandista no campo teológico e no universo sacerdotal

Transe, possessão e êxtase religioso nas religiões afrobrasileiras Jociane Neves Negrão FTU

O catimbó de ontem não é apenas a jurema de hoje: (in)visibilidade da tradição em um culto das religiões afro-brasileiras João Luiz Carneiro PUC/SP

Maria Elise Rivas PUC/SP, FTU

A presença de valores culturais africanos iorubás nas religiões afro-brasileiras Fernanda Leandro Ribeiro PUC/SP

Pôsteres

Panorama histórico da Orin de Elegbara- Estudo formação do campo comparativo de um ponto religioso e estabelecimento cantando, de origem jeje nas das religiões afro brasileiras religiões afro- brasileiras e na sociedade na santeria cubana Silvino Paixão da Silva FTU

Lais Verderame Silva FTU

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29 de outubro, terça-feira Comunicações A diversidade da umbanda na contemporaneidade Saulo Conde Fernandes1 O presente trabalho visa debater a diversidade doutrinária e ritualística inerente à religião umbandista. Para tanto, apresento primeiramente o mito fundador umbandista numa perspectiva crítica, apontando as contradições nele presentes, e mostrando que tal mito representa, de forma não homogênea, apenas uma parcela dos umbandistas, aqueles praticantes da umbanda linha branca. Em seguida, para evidenciar o caráter múltiplo e heterogêneo da umbanda, discuto algumas teorias que sociólogos, antropólogos e historiadores utilizaram para se analisar a religião (continuum religioso, hibridismo, rizoma). Por fim, descrevo, através da etnografia, alguns exemplos recolhidos durante pesquisa de campo realizada no local onde resido (Campo Grande, capital de Mato Grosso do Sul), mostrando casos bem diferenciados de tendas e terreiros que se auto-intitulam como que de umbanda. Palavras-chave: umbanda; diversidade; mito fundador; teoria; etnografia.

*** Entre dois mundos: entre o pragmatismo da umbanda e o Salvacionismo Espírita – um estudo de caso Ana Maria Valias Andrade Silveira2 O continuum religioso afro descendente compõe o conjunto das religiões de possessão, do qual a Umbanda e o Espiritismo fazem parte. Tal continuidade torna possível um diálogo, tendo em vista a manutenção/transformação ao promover 1

Mestrando em Antropologia Sócio-cultural pela UFGD. Licenciado em História pela UFMS. Bolsista CNPq. Contato: [email protected]. 2 Mestranda em Antropologia pela UFGD. Contato: [email protected].

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resignificações para sobreviver dentro de um mercado de bens. Pretende-se analisar duas casas religiosas, as quais estão localizadas em bairros periféricos do município de Dourados, no Estado de Mato Grosso do Sul. Uma das casas se aproxima mais do modelo Umbandista e a outra mais do modelo Espírita. Se por um lado estes espaços se posicionam de formas diferentes, nas práticas, é possível detectar similaridades, considerando o diálogo existente entre elas. Observar-se-á um conflito existente entre aproximação e afastamento, mudanças e continuidades. Assim, através de um trabalho etnográfico pretende-se contribuir com um entendimento do dinamismo que representa o campo religioso, correspondente a um continuum o qual, estes espaços religiosos serão contemplados. Palavras–chave: diálogo; continuum religioso; dinamismo; sincretismo; mercado simbólico.

*** O conceito de “Escolas” como garantidor da diversidade sem prejuízo do “fundamento”: esoterismo e exoterismos nas tradições espirituais afrobrasileiras Thomé Sabbag Neto3 Rafael Gapski Moreira4 A diversidade formal de doutrinas e ritos (exoterismos) não compromete a unidade substancial das tradições espirituais (esoterismo), apenas a adapta às circunstâncias concretas do tempo e do lugar. Corretamente entendida à luz do conceito de “Escolas” (F. Rivas Neto), a diversidade afasta o extremo do dogmatismo intolerante às diferenças (ao permitir que a mesma verdade seja transmitida de formas diferentes), mas também o do relativismo complacente com o erro (ao exigir doutrina, ética e método de todas as Escolas). Além do domínio estritamente religioso, a cultura da diversidade põe em relação dialógica a religião, a arte, a ciência e a filosofia, buscando o ideal esotérico da síntese do conhecimento, pelo que o esoterismo tradicional (presente, v. g., na Escola da Umbanda Esotérica) não é elitista e tem na diversidade seu método mais eficaz. A Umbanda é estruturalmente vocacionada a esse ideal, tendo aptidão privilegiada aos diálogos intrarreligioso, inter-religioso e interdisciplinar. Palavras-chave: diversidade; Escolas; esoterismo; exoterismo; diálogos. 3 4

Graduado em direito pela UFPR. Contato: [email protected]. Graduado em Engenharia Civil pela UFPR. Contato: [email protected].

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*** A diversidade das religiões afro-brasileiras em Curitiba/PR: o "mito do embranquecimento" revisitado Camila B. C. Martins5 Renata Issa Gomes6 Ana Paula Farias7 É bastante difundida a crença de que, em Curitiba, a religiosidade afro-brasileira é, senão inexistente ou estatisticamente insignificante, pelo menos fortemente reduzida às Escolas mais influenciadas pelas religiões do homem branco e integrante das classes mais abastadas. Porém, essa crença na “limpeza” étnicasocial dos Terreiros decorre da mera camuflagem que torna socialmente invisíveis as Escolas e Terreiros em que as influências negras e indígenas não são renegadas ou atenuadas, que são em muito maior número do que o indicado pelos dados oficiais e pelo senso comum. O “embranquecimento” da religiosidade afrobrasileira é desvantajoso por implicar o esquecimento das origens ancestrais (indígenas, africanas e indoeuropeias) comuns a todas as Escolas e que deram origem à rica diversidade de seus ritos e doutrinas. A comunicação demonstrará, por fotos de Terreiros e entrevistas a seus Dirigentes, que Curitiba contempla amplíssimo espectro das Religiões Afro-brasileiras e suas Escolas. Palavras-chave: diversidade; Escolas; mito; embranquecimento; religiosidade.

*** Símbolos e sinais sagrados da umbanda: o ponto riscado Osvaldo Olavo Ortiz8 O símbolo designa um tipo de signo em que o significante (realidade concreta) representa algo abstrato por força de convenção, semelhança ou contiguidade semântica. Este artigo tem como objetivo estudar os símbolos e sinais riscados da 5

Doutora em Entomologia pela UFPR. Contato: camilabcmartins@gmail. Pós-graduada em Design pela PUC/RJ. Contato: [email protected]. 7 Graduada em Publicidade e Propaganda pela PUC/R. Contato: [email protected]. 8 Mestrando em Ciências da Religião pela PUC/SP. Contato: [email protected]. 6

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Umbanda Esotérica e a Umbanda Mista ou Traçada e que são denominados de Sinais de Pemba. O estudo comparativo destes sinais demonstrou a existência de símbolos comuns às três matrizes formadoras do povo brasileiro: o europeu, o indígena e o africano. E foi na Umbanda por meio do Sinal de Pemba, que esta realidade multicultural se fez mais explícita. Palavras-chave: inconsciente coletivo; ponto riscado; símbolos sagrados; Sinal de Pemba; umbanda.

*** Novo som do ensino superior brasileiro: a Faculdade de Teologia Umbandista no campo teológico e no universo sacerdotal Maria Elise Rivas9 A proposta deste trabalho é compreender a presença de uma nova voz no campo teológico no ensino superior brasileiro: a Faculdade de Teologia Umbandista. Esta instituição que, recentemente, recebeu reconhecimento do Ministério de Educação propôs o bacharelado em teologia com ênfase nas religiões afro-brasileiras. O objetivo principal é coletar informações com os pais, mães e filhos(as)-de-santo que cursam atualmente o bacharelado na expectativa de compreender as razões que os motivaram. Além disso, pretende-se analisar como é estabelecida a relação entre o saber religioso afro-brasileiro (vivente no interior de suas comunidades religiosas) e o saber acadêmico (experiências compartilhadas a partir dos componentes curriculares do bacharelado). O artigo resgata, portanto, dois momentos. A incorporação dessa instituição do cenário teológico acadêmico e a experiência dos adeptos cursantes. Palavras-chave: Faculdade de Teologia Umbandista; teologia afro-brasileira; saber acadêmico; saber religioso.

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Mestranda em Ciências da Religião pela PUC/SP. Contato: [email protected].

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Pôster

Panorama histórico da formação do campo religioso e estabelecimento das religiões afro brasileiras na sociedade Silvino Paixão da Silva10 Tem este o objetivo de contextualizar o panorama histórico na formação do campo religioso brasileiro, e o estabelecimento das religiões afro-brasileiras na sociedade. As religiões afro-brasileiras preservam a cultura, a memória e um conjunto de saberes que a sociedade tentou eliminar por puro desconhecimento e medo, frutos de ignorância imputados desde o descobrimento do país. Utilizamos como ponto de partida para nossos estudos os livros: O Animismo Fetichista dos Negros Bahianos de Nina Rodrigues, 1935; As religiões Africanas no Brasil de Roger Bastide, 1971; “Raízes do Brasil” de Sergio Buarque de Holanda, 1963; O documentário “O Povo Brasileiro” de Darcy Ribeiro, entre outros. Palavras-chave: religiões afro-brasileiras; orixás; povo brasileiro; Igreja Católica.

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Graduando em Teologia Umbandista pela FTU. Contato: [email protected].

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30 de outubro, quarta-feira Comunicações Ifaísmo na web 2.0: embates digitais entre as escolas cubana e nigeriana de culto de Ifá Patrícia Ferreira e Silva11 Ao longo de nossa pesquisa de mestrado, ainda em andamento, deparamo-nos com um instigante fenômeno, fruto da transnacionalização das religiões dos orixás, potencializada pelos meios digitais: a atuação de religiosos de Ifá que se dá entre internautas afro-religiosos brasileiros, em especial nas principais redes sociais, como o Facebook, tanto de modo transversal, em espaços voltados amplamente às religiões afro-brasileiras, em especial o candomblé, como em espaços voltados especificamente à divulgação e discussão dos ensinamentos do culto de Ifá. Tratase de uma valiosa oportunidade para a análise tanto de discursos voltados à reconstrução de tradições religiosas afro-brasileiras, como de polêmicas e conflitos entre diferentes escolas do culto de Ifá - nigeriana e cubana - que parecem fornecer um contraste relevante entre distintos tipos de discurso que se alternam para destacar a supremacia da verdade de Ifá e na busca por novos adeptos: o ecumenismo e proselitismo afro-religiosos. Palavras-chave: Ifá; Cuba; Nigéria.

*** Aprendendo yorubá no Ilè Aşé Omi Laare Ìyá Sagbá 12

Marta Ferreira 13 Stela Caputo Os terreiros abrigam modos de vida singulares, constituídos de saberes específicos. Saberes que percebem, sentem, intuem, interpretam e narram o mundo. Há uma epistemologia, uma maneira de conhecer própria nesses lugares de saberes que 11 12 13

Mestranda em Antropologia pela USP. Contato: [email protected]. Mestranda em Educação pela UERJ/PROPED. Contato: [email protected]. PhD em Educação pela UERJ. Docente na UERJ/PROPED. Contato: [email protected].

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difere dos modelos epistemológicos dominantes. Pesquisamos possíveis redes educativas estabelecidas neste espaço. Redes tecidas por danças, cantos, comidas, rezas, folhas, mitos, artefatos, gestos, segredos. O yorubá perpassa todos esses saberes, como um fio de linguagem que acende, organiza a comunicação dos praticantes do culto. Neste ensaio apresentaremos reflexões iniciais sobre o Ilè Aşé Omi Laare Ìyá Sagbá, Duque de Caxias - RJ. Nesse terreiro, todos possuem um caderno/diário que começa a ser construído a partir da sua iniciação, onde registram rituais, mitos, vocabulário, rezas, sonhos. Simultaneamente, a oralidade continua sendo praticada em yorubá. Como se aprende e se ensina a língua; como se vivencia e se recria a tradição nesse terreiro? Palavras-chave: cultura; candomblé; Yorubá; educação.

*** Corpo e saúde: uma perspectiva comparada entre religiões afro-brasileiras e neopentecostais Ana Keila Mosca Pinezi14 Érica Ferreira da Cunha Jorge15 A proposta deste artigo é revisitar os conceitos de corpo e saúde para as religiões afro-brasileiras e neopentecostais a fim de que possa ser estabelecida uma análise comparativa entre as mesmas. Sabe-se que o atual arranjo do campo religioso brasileiro, identificado, por exemplo, pelo IBGE no último censo aponta para o vertiginoso crescimento das religiões neopentecostais, declínio de religiões tradicionais (como o catolicismo) e estagnação do número de adeptos das religiões afro-brasileiras. Pensando nessas questões, nossa proposta tem por objetivo apresentar os conceitos de corpo e saúde para essas vertentes de maneira a refletir sobre as semelhanças e diferenças entre elas. Em última instância, discutiremos as estratégias de disseminação de seus saberes e de retroalimentação religiosa partir dessas concepções. Palavras-chave: Religiões afro-brasileiras; religiões neopentecostais; corpo; saúde.

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Doutora em Ciências Sociais pela USP. Professora adjunta IV da UFABC. Coordenadora do PPGCHS – UFABC. Contato: [email protected]. 15 Mestre em Ciências Humanas e Sociais pela UFABC: Contato: [email protected].

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*** Inclassificáveis: arcaísmos nos estudos das religiões afro-brasileiras

Antônio José Vieira16 Este trabalho tem como objetivo apresentar uma reflexão sobre alguns aspectos da cultura africana iorubá (África ocidental) como noção de terra e de propriedade, incluindo o que consistia o processo de “tornar pessoas cativas” que se difere do processo escravagista empreendido pelos europeus. Alguns valores e modos de viver dos iorubás podem ser encontrados na cultura brasileira, em especial, nas religiões afro-brasileiras, devido ao grande número de iorubás que vieram para o Brasil e devido ao fato de que a vida social e a vida religiosa na África não se separam. Só recentemente os estudos têm mostrado o que de fato eram as estruturas sociais africanas e aspectos éticos destas sociedades. Isto porque, por muito tempo a produção de conhecimento sobre a África era tendenciosa. Esta discussão será realizada a partir de uma análise histórica e a partir de estudos antropológicos sobre oralidade. Palavras-chave: África; iorubás; estruturas sociais; propriedade; religiões afrobrasileiras.

*** Tem arruda? Tem guiné e espada? Tem magia e poder! Abordagem etnobotânica de três espécies vegetais na rito liturgia das religiões afro brasileiras Wandir Vieira Leal Santos17 Procuramos com o presente trabalho investigar a simbologia e a representatividade da Ruta graveolens L., Petiveria alliacea L. e Sansevieria trifasciata Hort.ex Pran., plantas que integram o campo religioso brasileiro de forma singular e particularmente ás religiões afro brasileiras. Buscamos em sua historicidade o elo que as une desde o período colonial, momento em que a mescla cultural se instaurou no país. Para conhecermos algumas de suas particularidades no âmbito 16 17

Especialista em Ciências da Religião pela PUC/SP. Contato: [email protected]. Pós-graduada em Ciências da Religião pela PUC/SP. Contato: [email protected].

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religioso e no social no que se refere à presença destas plantas em alguns espaços públicos, realizamos pesquisa visando a obtenção de resultados de ordem qualitativa e quantitativa. Com a anuência de algumas lideranças espirituais da Umbanda e do Candomblé, por nós solicitadas, levantamos importantes informações a respeito das referidas plantas. A partir dos depoimentos colhidos, prosseguimos para uma análise anatomofisiológica das referidas espécies vegetais, o que nos possibilitou estabelecer o diálogo entre os saberes teológicos e conceitos da biologia vegetal. Palavras-chave: etnobotânica; religiões afro-brasileiras; diagrama flora.

*** Transe, possessão e êxtase religioso nas religiões afro-brasileiras Jociane Neves Negrão18 No Brasil dos séculos XIX e XX, o transe foi considerado patológico, merecedor de intervenção medicamentosa, internação e repressão policial. Após inúmeros embates, a Medicina e a Antropologia já concordam que transe e possessão não estão relacionados à doença mental. O objetivo deste artigo é compreender a importância do transe, possessão e êxtase religiosos nas religiões afro-brasileiras, e promover uma reflexão sobre a maneira como se deu a interação entre as diferentes culturas. Palavras-chave: medicina; preconceito; religiões afro-brasileiras; transe.

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Graduanda em Teologia Umbandista pela FTU. Contato: [email protected].

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Pôster Orin de Elegbara – Estudo comparativo de um ponto cantado, de origem jeje nas Religiões Afro- Brasileiras e na Santeria Cubana Lais Verderame Silva19 O objetivo desta pesquisa é estudar o Orin (canto ritual) de Elegbara “Imbarabô”, comumente tocado nos ritos da Santeria Cubana- Tradição Lucumi e no rito de Tambor de Mina do Maranhão. Através do documentário "A rota dos Orixás", de Renato Barbieri , me chamou a atenção este orin, tocado no rito da casa de Pai Euclides, no Maranhão. Pesquisando em sítios eletrônicos encontrei este mesmo orin sendo cantado em todos esses rituais. A proposta é fazer uma pesquisa comparada entre os ritos de dois terreiros que utilizam esse Orin e que disponibilizaram visualizações destes ritos na rede sendo um deles de Cuba e o outro do Maranhão. Palavras-chave: orin; elegbara; tambor de mina; santeria cubana.

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Graduanda em Teologia Umbandista pela FTU. Contato: [email protected].

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31 de outubro, quinta-feira Comunicações

Meu dendezeiro é no angola: o caboclo no candomblé de inkisi Janaina de Figueiredo20 O culto ao caboclo está presente em diversas manifestações religiosas afrobrasileiras e assumiu, ao longo da história, conotações diferenciadas na umbanda, no candomblé e no candomblé de caboclo. A sua origem, segundo Prandi (1998), parece estar ligada aos grupos negros bantos, que ao chegaram no Brasil foram forçados a remodelar e reelaborar as crenças centradas nos seus antepassados, elegendo a figura emblemática da nova e distante terra brasileira, o índio. Assim, nessa comunicação pretende-se discutir a forma como, originalmente, a figura do caboclo foi construída penetrando não apenas no imaginário popular brasileiro, mas nos estudos sobre o candomblé angola. Se, por um lado, pode-se dizer que o caboclo constitui como uma das chaves explicativas para compreender a nação angola; por outro, tornou-se, no passado, o elemento que desarticulou e deslegitimou essa nação e, no presente, fonte de legitimidade e diferenciação. Palavras-chave: banto; angola; candomblé; caboclo.

*** A moeda dos orixás Antonio Carlos Mendonça Viana21 Reflexão sobre o ensaio “A moeda dos orixás”, de Arno Vogel, Marco Antonio da Silva Mello e José Flávio Pessoa de Barros. Fazendo uma analogia entre a categoria dos “Fatos Sociais Totais” do “Ensaio sobre a Dádiva” de Marcel Mauss e as despesas ocorridas com as Iniciações e coroações que ocorrem com o “Povo de Santo” nas Tradições Religiosas Afro-brasileiras, relacionando esses fatos com 20 21

Doutoranda em Antropologia pela PUC – SP. Contato: [email protected]. Graduando em Antropologia pela UFF. Contato: [email protected].

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as teorias de Georg Simmel sobre a importância e a centralidade do dinheiro nos grandes centros urbanos e como ele afeta as relações sociais nessas cidades influenciando nas decisões de seus habitantes. Palavras-chave: moeda; orixás; dádiva; dinheiro; cidades.

*** Tambor de mina: uma abordagem a partir de seus elementos visuais Wgercilene Machado Martins22 Este trabalho é desdobramento de uma pesquisa sobre o Tambor de Mina que é a denominação da religião de origem africana surgida em São Luís no séc. XIX, iniciada por africanos vindos como escravos para o Brasil. O trabalho visa contribuir com outras pesquisas realizadas, mas é importante enfatizar que essa pesquisa está focada em um aspecto mais estético dessa religião, especificamente em seus elementos visuais, considerando que cada entidade que no terreiro (casa de culto) desce sobre as cabeças dos iniciados, tanto divindades africanas (orixás e voduns), quanto fidalgos e caboclos; possui cores, acessórios, indumentárias e objetos rituais específicos, assim como o comportamento no geral. A pesquisa está sendo feita através de visitas aos terreiros assim como por observações e entrevistas; com pai, mãe, filhos de santo e algumas entidades. A pesquisa está em andamento e está sendo realizada na casa Ilê Ashê Obá Izô (casa do rei do fogo), em São Luís. Palavras-chave: Tambor de Mina; religião; elementos visuais.

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Graduanda em Artes [email protected].

Visuais

pela

UFMA.

Bolsista

PIBID/UFMA.

Contato:

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Ciclo do marabaixo: uma das expressões da religiosidade afrodescendente no Amapá Alysson Brabo Antero23 O presente artigo versa sobre uma das mais expressivas manifestações culturais e religiosas do Amapá: o ciclo do Marabaixo. Com o objetivo de analisar a religiosidade de matriz africana em Macapá, a partir dessa manifestação, buscando compreender a gênese, a expansão e a ressignificação desse fenômeno, optou-se conceituar religião enquanto sistema simbólico (GEERTZ, 1978) e movimentos religiosos de matriz africana enquanto formas de manifestações afrodescendentes que comunica, perpetua e desenvolve as tradições herdadas de nossos antepassados. A partir das leituras de Pereira (1989), Canto (1998) e Videira (2009) será feita uma revisão bibliográfica das pesquisas já realizadas sobre o Marabaixo. A elaboração de estudos a cerca dessa expressão religiosa, representará um passo a mais em direção ao respeito à diversidade religiosa no Amapá. Palavras-chave: Marabaixo; religiosidade; afrodescendentes.

*** A dinâmica religiosa do candomblé em Goiânia a partir da hermenêutica da ação humana Rodolfo Ferreira Alves Pena24 O Candomblé, no contexto das Religiões de Matriz Africana, é vivenciado a partir do seu cotidiano prático e materializado em suas formas simbólicas. Muitas vezes, sua comunicação e sua expressão não obedecem à lógica formal ocidental, ocorrendo através de diversas manifestações de linguagem, sejam elas os elementos sagrados, como os búzios, sejam elas as ações, como a dança e os ritmos. O objetivo da presente comunicação é estabelecer uma proposição de estudo do Candomblé em Goiânia a partir dos aportes filosóficos de Paul Ricoeur (1913-2005), com base em uma metodologia que vise estabelecer uma 23

Mestrando em Ciências da Religião pela UEPA. Membro do GP Religiões de Matriz Africana na Amazônia/GERMAA. Contato: [email protected]. 24

Mestrando em Geografia da Religião pela UFPR. Graduado em Geografia pela UEG. Contato: [email protected].

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hermenêutica da ação humana. Essa se conforma como uma expressão religiosa, trazendo consigo suas dinâmicas e sensações, que permeiam o imaginário e os sentidos. Tal hermenêutica configurar-se-á a partir das ações, que se promulgam enquanto linguagem e por intermédio dos símbolos, dos signos e dos textos. Palavras-chave: candomblé; Goiânia; hermenêutica.

*** O catimbó de ontem não é apenas a Jurema de hoje: (in)visibilidade da tradição em um culto das religiões afro-brasileiras João Luiz Carneiro25 Catimbó vem sendo pesquisado desde meados do século XX como uma tradição afro-brasileira marcadamente nordestina. Inicialmente, sua prática ritual influenciou a Jurema e, com o passar do tempo, a segunda praticamente incorporou a primeira. A presente pesquisa busca apresentar outras manifestações do catimbó em práticas religiosas afastadas da região nordeste do país, e que não necessariamente estão ligados à Jurema; levando em consideração os elementos rituais e sociais que o catimbó enseja nestes cultos hodiernos sob a perspectiva da umbandização e do conceito teológico de escolas. Palavras-chave: catimbó; religiões afro-brasileiras; Escolas.

*** Pôster A presença de valores culturais africanos iorubás nas religiões afro-brasileiras Fernanda Leandro Ribeiro26 Este trabalho tem como objetivo apresentar uma reflexão sobre alguns aspectos da cultura africana iorubá (África ocidental) como noção de terra e de propriedade, incluindo o que consistia o processo de “tornar pessoas cativas” que se difere do processo escravagista empreendido pelos europeus. Alguns valores e modos de 25 26

Doutorando em Ciências da Religião pela PUC/SP. Contato: [email protected]. Mestranda em Ciências da Religião pela PUC/SP. Contato: [email protected].

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viver dos iorubás podem ser encontrados na cultura brasileira, em especial, nas religiões afro-brasileiras, devido ao grande número de iorubás que vieram para o Brasil e devido ao fato de que a vida social e a vida religiosa na África não se separam. Só recentemente os estudos têm mostrado o que de fato eram as estruturas sociais africanas e aspectos éticos destas sociedades. Isto porque, por muito tempo a produção de conhecimento sobre a África era tendenciosa. Esta discussão será realizada a partir de uma análise histórica e a partir de estudos antropológicos sobre oralidade. Palavras-chave: África; iorubás; estruturas sociais; propriedade; religiões afrobrasileiras.

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GT7 – Escolas públicas e (in)tolerância religiosa Coordenador/a Janayna de Alencar Lui Doutora em Antropologia Cultural pelo PPGSA/IFCS da UFRJ.

Nilton Rodrigues Junior Doutor em Antropologia Cultural pelo PPGSA/IFCS da UFRJ. Professor da Faculdade Cenecista da Ilha do Governador. Resumo

As relações entre escolas públicas e religiões podem ser entendidas a partir de dois modelos. Primeiro, a laicidade é entendida como a prática da ausência de símbolos e rituais religiosos na administração pública. Segundo, pela prática dos grupos religiosos se expressarem livremente no espaço público. A escola pública tornouse uma importante arena de disputa entre os diferentes atores sociais, resultando em tensões que evidenciam diferentes visões de mundo, na qual estão mobilizadas as agendas pedagógicas, dos Movimentos Sociais e dos grupos religiosos. Nossa proposta é reunir trabalhos que tenham como objetivo analisar as relações entre as religiões e escolas públicas buscando investigar se estas relações interferem no processo de ensino-aprendizado e metodológico, na construção ou desconstrução da tolerância e intolerância religiosa e na possibilidade ou impedimento de novos desenhos tanto da estrutura pedagógica como das relações de tolerância/intolerância religiosa.

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Dia

29/10 (3ª feira)

30/10 (4ª feira)

31/10 (5a feira)

A (in)diferença e (in)tolerância em escolas públicas

Ensino Religioso: assertivas e incertezas nas escolas públicas

Sem atividades

Comunic.

Sueli Martins UFJF

Jacirema Maria Thimoteo dos Santos PUC/RJ

Uma história de combate ao racismo no Marajó

O sagrado como objeto de estudo no ensino religioso

Maria do Carmo Pereira Maciel EMEIF

José Antonio Correa Lages UMESP

Rodrigo Oliveira dos Santos UFPA

Identidades religiosas na escola pública: uma análise etnográfica do cotidiano escolar

Crença, adesão, aliança divina: percepções sobre “religião” entre alunos de escolas públicas paulistas

Bóris Maia UFF

Milton Silva dos Santos UNICAMP

Patrícia Marys UFF

A escola e suas devoções Nilton Rodrigues Junior UFRJ

Ensino religioso: ciência e religião na atuação de professores Kellys Regina Rodio Saucedo UNIOESTE Vilmar Malacarne UNIOESTE

Em travessia de [des]lugares: o corpo que dança “o diferente”, incorpora-si e faz poesia Pedro Vitor Guimarães Rodrigues Vieira UFRJ

Interfaces entre educação escolar e saberes religiosos na Amazônia Maria Betânia Barbosa Albuquerque UEPA

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29 de outubro, terça-feira Comunicações A (in)diferença e (in)tolerância em escolas públicas Sueli Martins1 O discurso de professores de escolas públicas sobre a laicidade, ambíguo e revelatório, podem ser divididos em dois módulos: os que dizem não se importar com a presença da religião em espaços públicos e os que defendem a retirada dos símbolos religiosos desse espaço. Esta comunicação pretende, a partir de estudo etnográfico, enfocar como professores, da Rede Municipal de ensino da cidade de Juiz de Fora - objeto de pesquisa sobre a Religião no Espaço Público -, tratam com discursos distintos as manifestações e presenças de signos religiosos no espaço escolar. A discussão sobre laicidade é necessária para compreender realidades escolares específicas, antagônicas, conflituosas, mostrando uma intolerância ocultada, escamoteada, pelo jogo de forças exercido pelo catolicismo, religião há séculos majoritária no campo religioso brasileiro. Palavras-chave: escola pública; intolerância; laicidade; espaço público.

*** Uma história de combate ao racismo no Marajó Maria do Carmo Pereira Maciel2 Rodrigo Oliveira dos Santos3

1

Mestranda em Ciência da Religião pela UFJF. Bolsista da CAPES. Orientada pelo Prof. Dr. Marcelo Ayres Camurça. Contato: [email protected]. 2 Co-autora. Professora responsável na EMEIF Tito Leão de Paula e professora de Ensino Religoso na EMEF Prof. Oscarina Santos em Salvaterra, ilha de Marajó. Contato: [email protected]. 3 Autor. Mestrando em Educação pela UFPA (PPGED/ICED/UFPA) na Linha de Pesquisa Educação: Currículo, Epistemologia e História. Líder do GP em Educação e Religião na Amazônia (GPERA). Membro do GP em Filosofia, Ética e Educação (GPFEE/UFPA) e Hermenêutica, Antropologia e Educação (GPHAE/UFPA). Bolsista da CAPES.Contato: [email protected].

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Após a promulgação da Lei nº 10.639/2003, seguida pela Lei nº 11.645/2008, muitas ações na educação e na escola brasileira passam a acontecer de forma mais significa no que consiste a abordagem dos conteúdos de história e cultura africana, afro-brasileira e indígena. Essas ações são monitoradas por diversos educadores que nem sempre podem contar com poder público como deveria, já que este não poderia demonstrar preferência ou vinculação, mas sim em assegurar os direitos e deveres de todo e qualquer cidadão, de forma igualitária, prezando pelas diferenças étnico-culturais. Nesse sentido, o presente trabalho busca traçar a história de combate ao racismo numa cidade do Marajó, iniciada em 2008 e desenvolvida em várias escolas públicas, sendo marcada por injúrias e perseguições, mas exaltada por seus protagonistas, que não sua maioria é formada por alunos do ensino fundamental, médio e técnico. Palavras -chave: racismo; escola pública; cultura afro-brasileira; cultura indígena.

*** Identidades religiosas na escola pública: uma análise etnográfica do cotidiano escolar Bóris Maia4 Patrícia Marys5 A presente proposta está voltada a discutir resultados de pesquisas etnográficas realizadas desde o ano de 2010 em duas escolas públicas do Estado do Rio de Janeiro. O objetivo é mostrar como as identidades religiosas dos alunos aparecem no ambiente escolar, assim como entender em que medida ela é (re)construída na própria escola. Inicialmente focados nas aulas de ensino religioso, pudemos perceber como uma gramática de valores religiosos, em especial, de matriz cristã, tem sido introduzida na escola pública, a partir da observação de como esses conteúdos têm sido apresentados em salas de aula e como o público majoritário das escolas – os alunos – reage a esse processo, marcado por diferentes tipos de resistência escolar. Assim, é parte do trabalho a apresentação dos conflitos 4

Mestrando em Antropologia pela UFF. Membro do Instituto de Estudos Comparados em Administração Institucional de Conflitos e do Núcleo Fluminense de Estudos e Pesquisas. Bolsista CNPq. Contato: [email protected]. 5 Graduanda em Ciências Sociais pela UFF. Membro do Instituto de Estudos Comparados em Administração Institucional de Conflitos e do Núcleo Fluminense de Estudos e Pesquisas. Bolsista PIBITI/UFF. Contato: [email protected].

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identificados no ambiente escolar relacionados às formas de expressão de uma identidade religiosa, tendo em vista que tais momentos evidenciam a vinculação dos atores a determinadas grupos e crenças religiosas. Palavras-chave: identidade; escola pública; religião.

*** A escola e suas devoções Nilton Rodrigues Junior6 As escolas públicas no Rio de Janeiro são organizadas a partir do modelo segundo o qual a religião é afirmada no espaço escolar por meio da profissão de fé individual. Diretores, professores e alunos posicionam-se no ambiente escolar a partir de suas crenças e pertencimentos religiosos. As relações entre os indivíduos no interior das escolas são muitas das vezes conflitantes. Neste caso, os conflitos ocorridos no espaço escolar são vistos como embrionários de uma situação generalizada de intolerância religiosa, pois as escolas ora são espaços sociais de desconstrução das intolerâncias, ora são espaços privilegiados de construção e perpetuação dos comportamentos intolerantes. Observar a variabilidade das relações entre as religiões e as escolas permitirá compreender as maneiras por meio das quais o Estado laico constrói a inserção de diferentes segmentos religiosos no espaço escolar. Meu objetivo é analisar as relações que possam existir entre escolas públicas cariocas e as religiões. Palavras-chave: escola; religião; identidade.

*** Em travessia de [des]lugares: o corpo que dança “o diferente”, incorpora-si e faz poesia Pedro Vitor Guimarães Rodrigues Vieira7

6

Doutor em Antropologia pela UFRJ. Professor da Rede CNEC e da Fundação CECIERJ. Contato: [email protected]. 7 Mestre em Ciências da Arte pela UFF. Professor no Curso de Dança da UFRJ e de Artes Cênicas da Secretaria Municipal de Educação do Rio de Janeiro. Contato: [email protected].

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Em travessia nos enfrentamos, em travessia nos aproximamos. Perdemo-nos, reencontramo-nos uns com os outros, dos outros. Em travessia nos deparamos com abismos que criamos para nos mantermos afastados daquilo que somos e [des]conhecemos. O [des]lugar, assim, é como uma ponte entre dois mundos, que precisa ser instaurada na procura pelo diálogo, pelas aproximações, pelas inquietações. O [des]lugar é onde o diferente habita, onde falam o Si mesmo de Merleau-Ponty e o Para não esquecer, de Lispector. Este artigo é parte do projeto artístico-pedagógico Cia Arte in Cena – Núcleo de Artes, cujas produções e articulações se estendem desde 2007, em diferentes Cidades do Rio de Janeiro. Através deste, podemos articular problemáticas enraizadas nos processos culturais e de formação, aos processos criativos, na escola, tendo em vista a apropriação do espaço cênico, a própria arte, como lugar de mediação de conflitos (aspectos sóciopolíticos, étnicos e, sobretudo, religiosos). Palavras-chave: arte-educação; [des]lugar; mediação de conflitos; cultura; religião.

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30 de outubro, quarta-feira Comunicações Ensino Religioso: assertivas e incertezas nas escolas públicas Jacirema Maria Thimoteo dos Santos8 O presente trabalho tem como proposta delinear a questão da (in)tolerância religiosa nas escolas públicas por meio da disciplina de Ensino Religioso. A mesma é um componente curricular obrigatório como as demais disciplinas, fazendo parte de uma das Áreas de Conhecimento citadas na Resolução nº 7/2010. Seu objetivo principal é proporcionar ao aluno uma consciência crítica dentro da pluralidade religiosa existente no Brasil, percebendo o outro como um outro semelhante a ele. Porém, no Estado do Rio de Janeiro temos o Ensino Religioso Confessional desde a promulgação da Lei nº 3459/2000 que oferece um Ensino Religioso catequético onde a religião tramita livremente pelas escolas. Sendo assim, o trabalho está delimitado em apontar a relevância desta disciplina como um instrumento para trabalhar o princípio antropológico de pessoa enquanto possuidora de uma dimensão religiosa e não de uma religião. Palavras-chave: ensino religioso; escolas públicas; pluralidade religiosa; dimensão religiosa.

*** O sagrado como objeto de estudo no ensino religioso José Antonio Correa Lages9 Esta comunicação apresenta os resultados parciais de uma pesquisa de doutorado sobre o Ensino Religioso na Escola Pública, com um estudo de caso do projeto do Paraná. Este projeto propõe o Sagrado como objeto de estudo. Seus fundamentos 8

Doutoranda em Teologia na PUC/RJ. Orientada pelo Prof. Dr. Joel Portella Amado. Contato: [email protected]. 9 Doutorando em Ciências da Religião pela UMESP. Mestre em História pela UNESP. Orientado pelo Prof. Dr. Lauri Emílio Wirth. Contato: [email protected].

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teórico-metodológicos podem ou não justificar sua inclusão como componente curricular. A pesquisa busca investigar em que medida o Sagrado pode ter relação com teorias e práticas de dominação, seja com possibilidades concretas de construção de uma sociedade solidária e humanizadora. Desta maneira, é imprescindível que no “Ensino do religioso”, na concepção de Régis Debray, os desdobramentos do Sagrado sejam tratados de modo a serem percebidos pelos educandos não apenas como conteúdos, mas, sobretudo, relações de poder dentro de um campo religioso, na concepção de Bourdieu. Somente assim ficaria garantido um papel fundamental desta disciplina para o reconhecimento da aceitação do outro numa sociedade plural e diversa. Palavras-chave: sagrado; dominação; solidariedade; alteridade.

*** Crença, adesão, aliança divina: percepções sobre “religião” entre alunos de escolas públicas paulistas Milton Silva dos Santos10 Através de levantamento recente realizado junto ao Portal Capes, foi possível localizar 51 registros de pesquisas sobre o Ensino Religioso - ER em escolas públicas brasileiras. Dos trabalhos consultados, nota-se que a maioria privilegia questões em torno da formação docente; da implementação do ER nos sistemas públicos de ensino; da sua historicidade e abordagem na atual legislação educacional e nas Constituições brasileiras; dos debates entre defensores da laicidade e os que aprovam o ER público; e suas variadas concepções vigentes no país (confessional, interconfessional, história das religiões, etc.). São quase inexistentes pesquisas que tratem, por exemplo, do momento da recepção dos conteúdos de ER. Daí o propósito deste texto, que visa discutir algumas percepções sobre o que é religião e a importância atribuída ao ER entre grupos de estudantes do 9º ano que, em 2012, foram automaticamente matriculados no ER “oferecido” em duas escolas estaduais da capital paulista. Palavras-chave: religião; ensino religioso (Brasil); ensino religioso em escolas públicas paulistas.

*** 10

Doutorando em Antropologia Social pela UNICAMP. Bolsista CNPq. Contato: [email protected].

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Ensino religioso: ciência e religião na atuação de professores Kellys Regina Rodio Saucedo11 Vilmar Malacarne12 Este artigo tem a intenção de apresentar algumas reflexões sobre a disciplina de Ensino Religioso, suas origens e seu papel na escola. O objetivo do trabalho é o de contribuir, inicialmente, com os professores de Ensino Religioso e com os demais professores que, de alguma forma, abordam aspectos da religiosidade em sala de aula. O texto, entre outras coisas, problematiza o processo de formação e de contratação dos professores que ensinam religião no Ensino Fundamental; as relações entre Ciência e Religião e como essas tem implicações no processo de ensino-aprendizagem e na construção de encaminhamentos metodológicos. Os resultados indicam a necessidade de que políticas para a área sejam pensadas e aplicadas, sob pena de uma descaracterização destes conhecimentos. Aponta-se, também, para a relevância em se repensar a construção de um currículo de Base Nacional que norteie os conteúdos estruturantes e específicos do Ensino Religioso. Palavras-chave: ensino religioso; formação de professores, ciência e religião.

*** Interfaces entre educação escolar e saberes religiosos na Amazônia Maria Betânia Barbosa Albuquerque13 O texto faz um mapeamento dos saberes que perpassam a vida religiosa na ilha de Colares, no Pará, e das formas como tais saberes são vivenciados em uma escola formal de ensino. Tem como objetivo analisar como a escola dialoga com a diversidade de saberes religiosos que entrecortam o cotidiano dessa ilha conhecida como lugar sagrado, mágico ou portal da Amazônia. Pesquisa de campo de natureza qualitativa, baseada em narrativas orais e na análise documental. 11

Graduanda em Pedagogia pela UNIOESTE. Membro do GP em Formação de Professores de Ciências e Matemática. Bolsista CAPES. Contato: [email protected]. 12 Professor no Programa de Pós-Graduação em Educação/Mestrado/CECA e da Área de Ciências Humanas/CECA da UNIOESTE. Pesquisador do Grupo de Pesquisa em Formação de Professores de Ciências e Matemática. Contato: [email protected]. 13 Professora no Programa de Pós-Graduação em Educação da UEPA. Contato: [email protected].

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Teoricamente, inspira-se nos estudos sobre o catolicismo popular (BRANDÃO, 2007); religiosidade Amazônica (MAUÉS,1995) e as práticas xamânicas de Colares (VILLACORTA, 2000). Com base nos pressupostos de uma educação intercultural, indaga sobre como a educação escolar, nomeadamente, a disciplina Ensino Religioso, configura-se, ou não, como espaço de construção de subjetividades em consonância com a cultura local marcada pela diversidade religiosa e pelo hibridismo cultural. Palavras-Chave: religião; saberes; cultura; educação escolar, Amazônia.

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GT 8 – Estados Unidos: religião e sociedade Coordenador Daniel Rocha Doutorando em História pela UFMG. Bolsista CAPES.

Resumo O objetivo deste GT é reunir pesquisadores que trabalham, a partir de diferenciadas abordagens e metodologias, as relações entre religião e sociedade na história dos Estados Unidos da América. Entre os temas que interessam diretamente à discussão podemos citar: polêmicas relativas às relações entre Igreja e Estado; relações entre cristianismo e identidade nacional; transformações na teologia e na prática do protestantismo norte-americano; diversidade e conflitos religiosos; polêmicas nas relações entre ciência e religião; religião e política; entre outros.

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Dia

29/10 (3ª feira)

30/10 (4ª feira)

31/10 (5ª feira)

Comunic.

Sem atividades

Religião e Progresso: a presença da religião no livro Brazil and The Brazilians - portrayed in historical and descriptive sketches de Daniel Parish Kidder e James Cooley Fletcher, 1857

Fundamentalismo X Neo-Ateísmo: eixos da guerra de culturas nos Estados Unidos

Débora Villela de Oliveira USP

O legado fundamentalista do Seminário Teológico de Westminster: reformistas x reconstrucionistas Andréa Silveira de Souza UFJF

Teologia da Libertação na terra do dólar Jorge Claudio Ribeiro PUC/SP

Roney de Seixas Andrade UFJF Ivan Dias da Silva UFJF

Religião, política e a ‘guerra cultural’ pelos jovens e entre os jovens nos EUA Ariel Finguerut UNICAMP

A Jeremiad fundamentalista: política, identidade nacional e escatologia no fundamentalismo norteamericano (1970-1989) Daniel Rocha UFMG

A religiosidade e o direito norte-americano à luz das contribuições de Ronald Dworkin Carlos Augusto Lima Campos UEPA

Relações entre a ciência e a religião depois do onze de setembro Paulo Donizéti Siepierski UFRPE

As representações dos missionários norteamericanos na implantação do projeto educacional batista em Minas Gerais (1897-1920) Éder Aguiar Mendes de Oliveira UFMG

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30 de outubro, quarta-feira Comunicações Religião e Progresso: a presença da religião no livro Brazil and The Brazilians - portrayed in historical and descriptive sketches de Daniel Parish Kidder e James Cooley Fletcher, 1857 Débora Villela de Oliveira14 Pretendo apresentar a forma como os autores do livro Brazil and The Brazilians portrayed in historical and descriptive sketches, publicado em 1857 nos Estados Unidos, que tinha como tema principal a condição brasileira da época, contemplaram o tema da religião nesse material. Embora os autores do livro fossem pastores, esse tema acabou sendo secundário à narrativa, que tratava com mais abrangência da política, da economia e da sociedade em geral. Todavia, pretendo trazer a presença da religião na fala a fim de não apenas expor o modo como entendiam e apresentavam as comparações entre catolicismo e protestantismo a seus leitores, mas, sobretudo, observar como que, para os autores, os temas da política e da religião se articulavam (e como essas articulações tinham seus pontos de tensão), além do fato de também carregarem, consigo, traços de um excepcionalismo e de uma cultura imperial norte-americana que já se desenvolvia no período em questão. Palavras-chave: livro; representações; Cultura Imperial; religião; protestantismo.

***

14

Mestra em História Social pela USP. Membro do GE “Trânsito nas Américas: Viagens e Viajantes”. Orientado pela Prof. Dra. Mary Anne Junqueira. Contato: [email protected].

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O legado fundamentalista do Seminário Teológico de Westminster: reformistas x reconstrucionistas Andréa Silveira de Souza15 A presente comunicação tem o intuito de apresentar um dos estudos que vem sendo desenvolvido no grupo de pesquisas em fundamentalismo evangélico norteamericano no Programa de Pós-graduação em Ciência da Religião da Universidade Federal de Juiz de Fora. Destacamos que a pesquisa encontra-se em andamento, portanto, apresentamos aqui apontamentos que não se pretendem conclusivos, são resultados parciais e, sobretudo, hipóteses de uma pesquisa em curso. Observamos que no contexto cultural norte-americano existem atualmente duas tendências fundamentalistas opostas que também contribuem para delinear o conflito cultural, religioso e político nos Estados Unidos, a saber, a reformista e a reconstrucionista. O objetivo de nossa pesquisa é o estudo destas correntes, resultantes do legado de um dos importantes expoentes no cenário religioso evangélico dos Estados Unidos, o Seminário Teológico de Westminster, assim como do pensamento de um dos seus fundados e um dos grandes nomes da teologia evangélica norte-americana, o holandês radicado nos Estados Unidos, Cornelius Van Til. Nosso objetivo nesta comunicação é apresentar apontamentos sobre este complexo cenário de conflito cultural. Palavras-chave: fundamentalismo evangélico norte-americano; reformistas; reconstrucionistas; Seminário Teológico de Westminster; conflito cultural.

*** Teologia da libertação na terra do dólar Jorge Claudio Ribeiro16 A Teologia da Libertação (TL), tendência que une religião e luta por justiça social, surgiu na América Latina, a partir da década de 1960, no âmbito do catolicismo, 15

Doutoranda em Ciências da Religião pela UFJF. Mestre em Filosofia pela UFG e graduada em Filosofia pela UFU. Bolsista da CAPES. Orienta pelo Prof. Dr. Wilmar do Valle Barbosa. Contato: [email protected]. 16

Professor titular e livre-docente em Ciências da Religião na PUC/SP. Doutor em Ciências Sociais: Antropologia pela PUC/SP. Professor-pesquisador visitante na Columbia University em Nova York pela Capes/Fulbright. Bolsista de Produtividade em Pesquisa Nível 2 pelo CNPq. Contato: [email protected].

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mas tem inspirado inúmeros movimentos, ações e reflexão e nos Estados Unidos. O estudo da Teologia da Libertação (TL) nos EUA atende a dois objetivos principais. O primeiro é conhecer uma face mais madura e solidária da religião naquela sociedade. A vertente mainstream é mais conhecida por seu estilo midiático, emocional e fundamentalista e contribuiu diretamente para as manifestações mais ruidosas do pentecostalismo brasileiro. Segundo objetivo é apontar confluências e diferenças na teologia da libertação na AL e nos EUA. Por exemplo, nesse país, a TL se enraíza principalmente em solo protestante, que é descentralizado e confere uma liberdade desconhecida no campo católico. Palavras-chave: teologia; libertação; Estados Unidos.

*** A religiosidade e o direito norte-americano à luz das contribuições de Ronald Dworkin Carlos Augusto Lima Campos17 O universo jurídico norte-americano vem atravessando transformações no modo como vem lidando com questões que, outrora, eram relegadas, convenientemente, ao âmbito da vida privada, o que reduzia o cenário religioso pátrio à penumbra de igrejas, lares e congregações. Tais transformações vêm adquirindo um caráter sintomático na medida em que passam a constituir um marco no Estado e, por conseguinte, no espaço público – como é possível verificar em alguns países europeus, notadamente na França. Neste panorama, de expressivas ressignificações, é válido questionar: o Direito norte-americano vem acompanhando os fenômenos efervescentes no âmago social ou se constitui um mero expectador? A presente investigação se propõe a estabelecer limites, convergências e conflitos no diálogo travado entre a religião e as cortes estadunidenses, de modo a delinear de maneira clarividente a influência de Ronald Dworkin na sedimentação jurisprudencial de temáticas relacionadas à interface direito e religiosidade. Palavras-chave: direito norte-americano; religiosidade; Ronald Dworkin.

*** 17

Especialista em Direito Penal e Processual Penal pelo Centro Universitário de Ribeirão Preto. Graduado e mestrando em Ciências da Religião pela UEPA. Contato: [email protected].

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As representações dos missionários norte-americanos na implantação do projeto educacional batista em Minas Gerais (1897-1920) Éder Aguiar Mendes de Oliveira18 A presente comunicação busca compreender os motivos pelas quais os missionários batistas norte-americanos escolheram a Nova Capital como espaço por excelência do campo educacional mineiro a partir das representações de cidade e/ou educação do projeto republicano em Belo Horizonte. O recorte temporal delimita-se no ano da fundação do segundo educandário batista na capital mineira em 1897 até o ano de 1920, marcado pela compra do terreno no bairro Floresta. Para tais objetivos, analisarei as cartas enviadas pelos missionários à Junta de Richmond (EUA) e os periódicos digitalizados pela Junta, localizados no banco de dados virtual da “International Mission Board’s”, órgão da Convenção Batista do Sul dos Estados Unidos. Dentre os títulos das revistas, destaco: “Southern Baptist Missionary Jornal”, “Home and Foreign Fields” (1916-1937) e “The Foreign Mission Journal” (1877-1916). Palavras-chave: missionário batista; educação confessional; República.

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Mestrando em História da Educação pela UFMG. Contato: [email protected].

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31 de outubro, quinta-feira Fundamentalismo x Neo-Ateísmo: eixos da guerra de culturas nos Estados Unidos Roney de Seixas Andrade19 Ivan Dias da Silva20 Nos estudos que temos realizado, sobre os atuais debates acerca das relações entre religião e política no âmbito da sociedade norte-americana, uma importante chave de leitura para uma efetiva aproximação dessas análises é a que decorre do conceito de “guerras de cultura” apresentado pelo sociólogo da cultura James D. Hunter, em seu livro Culture War: the struggle to define America, publicado em 1991. Com base nas considerações delineadas por James D. Hunter, nos propomos a verificar o atual movimento neo-ateísta como um dos atores desta guerra de culturas em curso. Nesta perspectiva, somos da opinião de que a perspectiva cultural neo-ateísta, com suas próprias concepções de autoridade moral, de apreensão da realidade e do ordenamento das experiências, opõe-se justamente a uma moralidade de extração religiosa, em especial aquela fundada em uma perspectiva fundamentalista, a qual tem comprovadamente influenciado o espaço público norte-americano em seus aspectos culturais e políticos. Palavras-chave: religião; política; Estados Unidos; fundamentalismo; neoateísmo.

*** Religião, política e a ‘guerra cultural’ pelos jovens e entre os jovens nos EUA Ariel Finguerut21 O trabalho percorre a trajetória dos três principais pastores do evangelismo estadunidense contemporâneo (Billy Graham, Jerry Falwell e Pat Robertson). 19

Doutorando e Mestre em Ciência da Religião pela UFJF. Bolsista da CAPES. Contato: [email protected]. 20 Doutorando e Mestre em Ciência da Religião pela UFJF. Bolsista da CAPES. Contato: [email protected]. 21 Doutorando em Ciência Política pela UNICAMP. Bolsista Fapesp. Contato: [email protected].

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Destacando o “despertar religioso” que eles suscitaram e sobretudo, o fato de que, a partir de diferentes agendas e estratégias, eles se envolveram com a política e demostraram interesse em mobilizar os jovens para suas causas tanto religiosas como políticas. Nesse sentido, enfatizaremos o envolvimento de Billy Graham com as “cruzadas” de evangelização (buscavam “salvar” os jovens de um modo de vida “liberal” e “secular”), a criação da Liberty University em 1971 por Jerry Falwell e da Regent University, um desdobramento da Christian Broadcast Network (CBN) criada em 1978 por Pat Robertson. Nosso objetivo concentra-se em entender suas trajetórias que nasceram em um discurso religioso, se envolveram com a política eleitoral e culminaram se voltando aos jovens discutindo as semelhanças e diferenças entre cada um desses projetos. Palavras-chave: evangelismo; guerra cultural; EUA; juventude.

*** A Jeremiad fundamentalista: política, identidade nacional e escatologia no fundamentalismo norte-americano (1970-1989) Daniel Rocha22 A presente comunicação busca fazer uma breve análise das relações que se estabeleceram entre identidade nacional e perspectivas escatológicas na construção do discurso do fundamentalismo protestante norte-americano durante as décadas de 1970 e 1980. Inicialmente, trataremos da permanência, ao longo da história norteamericana, da “herança” dos Pais Peregrinos na construção de um imaginário político marcado pela ideia de que os Estados Unidos seriam um povo eleito por Deus, uma nação excepcional, fundada em determinados valores e virtudes, que possui uma missão a desempenhar no mundo e um compromisso com seus valores “fundacionais”. Em seguida, abordaremos como tal discurso foi apropriado pelo conservadorismo protestante norte-americano, especialmente a partir da década de 1970, e traduzido numa espécie de Jeremiad: condenação da degradação moral e da apostasia da Nation Under God com o anúncio do castigo iminente e, de outro lado, o chamado para um retorno aos valores “fundacionais” e à “fé de nossos pais”, retomando o caminho rumo a seu destino luminoso. Por fim, analisaremos o impacto de tal discurso e do contexto da Guerra Fria nas formulações escatológicas 22

Doutorando em História pela UFMG. Bolsista da CAPES. Orientado pela Prof. Dra. Kátia Gerab Baggio. Contato: [email protected].

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dispensacionalistas de autores fundamentalistas que fizeram muito sucesso nas décadas de 1970 e 1980, como Hal Lindsey e Tim LaHaye, enfocando, especialmente, qual seria o papel destinado aos EUA nas profecias relativas ao final dos tempos. Palavras-chave: Estados Unidos; fundamentalismo; milenarismo; puritanismo.

*** Relações entre a ciência e a religião depois do onze de setembro Paulo Donizéti Siepierski23 O atentado terrorista de 11/09/2002 fez ressurgir o antigo estado de beligerância na relação entre religião e ciência nos Estados Unidos. Há muito que ciência e religião vinham se afastando, mas foi com o surgimento da biologia evolucionista darwiniana que esse conflito se estabelecera em definitivo. No final da Segunda Guerra Mundial houve a recuperação da credibilidade da religião, por causa da perseguição dos nazistas aos judeus e também porque a guerra foi vista como desdobramento do progresso científico. Uma vez que o atentado foi atribuído ao fundamentalismo religioso, surgiram reações condenando a religião, sendo a mais conhecida a vertente denominada Novo Ateísmo advogando que a religião deve ser criticada e combatida pela ciência e eventualmente, erradicada da vida pública. Ainda que alguns teólogos e pastores venham respondendo às críticas apresentadas pelo Novo Ateísmo, suas tentativas até o presente não alcançaram aclamação geral. De fato, a maior defesa da religião vem do âmbito da própria biologia evolucionista darwiniana, percebendo a religião como um traço da evolução humana. Esta comunicação tem como objetivo explorar essa possibilidade. Palavras-chave: onze de setembro; religião e ciência; Novo Ateísmo; religião e evolução.

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Ph.D em Church History pela The Southern Baptis Theological Seminary. Professor no Departamento de História da UFRPE. Contato: [email protected].

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GT9 – Fundamentalismos religiosos Coordenadores Cleber A. S. Baleeiro Doutorando em Ciências da Religião pela UMESP. Professor no curso de Teologia (EaD) da UMESP

Emerson Roberto da Costa Doutorando em Ciências da Religião pela UMESP. Bolsista CAPES.

Resumo A proposta do GT “Fundamentalismos Religiosos” é reunir pesquisadores/as das mais diversas áreas interessados/as no tema, especialmente em sua relação com a diversidade religiosa que caracteriza o momento em que vivemos. Os fundamentalismos religiosos surgem como uma reação interna à modernidade, caracterizando-se, sobretudo, como portadores de uma verdade a partir da qual interpretam e resignificam seus textos e tradições e por eles se legitimam. A partir desse pressuposto esse GT pretende discutir temas como: a caracterização dos diversos grupos fundamentalistas, a história dos grupos fundamentalistas, as possíveis relações entre fundamentalismo e violência, modernidade, estado laico, política e intolerância.

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Dia

29/10 (3ª feira)

30/10 (4ª feira)

31/10 (5ª feira)

Fundamentalismo protestante e pentecostalismo – distanciamento e proximidade

Fundamentalismo e pluralismo religioso

Sem Atividades

Comunic.

Lilian Araújo Baleeiro UMESP

Osiel Lourenço de Carvalho UMESP

Fundamentalismo ou fundamentalismos? Uma análise da problemática conceitual e sociocultural que transcendeu o seu sentido e razão social

Usos do passado na legitimação da intolerância religiosa: tradições a serviço da violência simbólica Luciano José de Lima UMESP

José Honório das Flores Filho UMESP

Intolerância religiosa no espaço público: estudos de casos

O uso do corão como justificativa para ações de violência urbana

Isabella de Oliveira Menezes PUC/RJ

Magno Paganelli de Souza Mackenzie

Fundamentalismos religiosos e a política brasileira Emerson Roberto da Costa UMESP

Fundamentalismos religiosos e violência Cleber Baleeiro UMESP

Fundamentalismo religioso nas Testemunhas de Jeová: observação participante em uma congregação

Nova tolerância intolerante: mudanças de relações de gênero nas Assembleias de Deus

João Daniel de Lima Simeão UFRN

Otávio Barduzzi Rodrigues da Costa UNESP

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Pôsteres

Solus Christus: exclusivismo cristão e tolerância religiosa

O Belo como proposta de Evangelização para os Arautos do Evangelho

Alceu Lourenço de Souza Junior Mackenzie

Murilo Alexandre dos Santos PUC/SP

Vozes silenciadas da liberdade

Rosana Castro de Luna Rezende UFJF Claudilene Christina de Oliveira UFJF

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29 de outubro, terça-feira Comunicações Fundamentalismo protestante e pentecostalismo: distanciamento e proximidade Osiel Lourenço de Carvalho1 Enquanto os fundamentalistas consideravam os dogmas a base do cristianismo, os pentecostais não se preocupavam com doutrinas. Para eles a essência cristã estaria além da dogmática, pois o encontro com Deus seria intermediado não pelo texto bíblico, mas sim pela experiência com o Espírito Santo; além disso, não se explicaria a realidade pelos conceitos e pela razão. Essa espiritualidade dos pentecostais foi interpretada pelos fundamentalistas como uma afronta e desrespeito às Escrituras “cientificamente comprovadas”. Não demorou muito para que os pentecostais fossem acusados de fanáticos e supersticiosos pelos grupos fundamentalistas. É interessante notar que nesse período os pentecostais se aproximaram dos protestantes liberais, os quais tinham maior preocupação com questões sociais. No entanto, posteriormente os pentecostais se alinharam aos grupos e discursos fundamentalistas. Objetivos: Apresentar a origem do fundamentalismo protestante e do pentecostalismo norte-americano. A partir daí, demonstrar que fundamentalistas e pentecostais, inicialmente possuíam muitas diferenças e distanciamentos; e que posteriormente esses dois grupos se alinharam em seus discursos fundamentalistas. Palavras-chave: fundamentalismo; protestantismo; pentecostalismo.

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1

Doutorando em Ciências da Religião pela UMESP. Mestre em Teologia pela UMESP. Membro do GP Teologia no Plural . Bolsista CAPES. Contato: [email protected].

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Fundamentalismo ou fundamentalismos? Uma análise da problemática conceitual e sociocultural que transcendeu o seu sentido e razão social José Honório das Flores Filho2 A modernidade tem dessa dinâmica de transformação, adaptação, ressignificação, elasticidade, flexibilidade, liquidez, transitividade, reflexividade etc. Onde os conceitos pulam do seu sentido original e se adaptam, transformam-se, interagem, fragmentam-se em várias outras concepções e noções. Tendo em vista que a língua é dinâmica, no entendimento saussuriano linguístico e semiótico, evolui; algumas se solidificam enquanto outras caem no desuso e tornam-se arcaísmos. Também seus conceitos evoluem, mudam e se adaptam as novas realidades e sentidos. Nesse entendimento esta proposta pretende analisar os conceitos de fundamentalismos e seus usos acadêmicos e populares consensuais do termo. Existe fundamentalismo anterior à modernidade? Um conceito concebido na modernidade, mas com indícios pretéritos? É possível falar em fundamentalismo anterior a modernidade? Essas são questões abordadas que pretendemos analisar nesta proposta. Palavras-chave: fundamentalismo; conceito; modernidade.

*** Intolerância religiosa no espaço público: estudos de casos Isabella de Oliveira Menezes3 A liberdade religiosa e o livre exercício dos cultos religiosos são direitos garantidos pela Constituição Federal de 1988, e embora esses direitos sejam assegurados por lei o cenário religioso brasileiro nas últimas décadas aponta para um horizonte diferente: a intolerância religiosa. Ao passo que a diversidade religiosa foi se alargando no Brasil, cresceram também os números de grupos religiosos a fim de combater outras religiões; o exemplo mais expressivo é a investida dos neopentecostais contra as religiões afro-brasileiras. Casos desse tipo 2

Doutorando em Ciências da Religião pela UMESP, mestre em Ciências das Religiões pela UFPB. Pesquisador do GP Religião e Periferia na América Latina – REPAL. Bolsista CNPq. Contato: [email protected]. 3 Graduanda em Ciências Sociais pela PUC – RJ. Bolsista PIBIC/CNPq no Projeto Mapeamento de Casas de Religiões de Matriz Africana no Rio de Janeiro: Visibilidade e Intolerância Religiosa. Contato: [email protected].

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vêm sendo noticiados nos meios de comunicação, muitos deles ocorridos em espaços públicos. Esse trabalho tem como objetivo analisar alguns destes eventos, procurando identificar o discurso dos agressores e o embasamento teórico - a teologia da batalha espiritual - a que esses recorrem para legitimarem suas ações. Palavras-chave: intolerância religiosa; espaço público; teologia da batalha espiritual.

*** Fundamentalismos religiosos e a política brasileira Emerson Roberto da Costa4 As fortes desigualdades que ainda marcam as relações sociais no Brasil exigem não apenas o incremento de políticas de inserção econômicas como também que questões do âmbito da sexualidade, gênero, etnia e geracional sejam contempladas nas políticas públicas. No entanto, tem-se verificado uma forte presença de atores evangélicos no espaço público brasileiro fato que marca fortemente o cenário político, principalmente pela pressão que esses grupos com posturas fundamentalistas exercem em questões de seu interesse. O recrudescimento dessas intervenções contra a promulgação de leis tais como a regulamentação do aborto, da criminalização da homofobia e da união estável de homossexuais, tanto suscita o questionamento acerca dos limites da laicidade no Brasil, quanto do processo de secularização e da fidelidade aos preceitos religiosos, bem como impedem ações inclusive aquelas de caráter educativo – que reconheçam e favoreçam a pluralidade e a diversidade. Assim, o propósito dessa análise é contribuir para a reflexão acerca desses discursos fundamentalistas adotados como subsídio para legitimar o posicionamento de representantes políticos evangélicos. Palavras-chave: fundamentalismos; política; religião; gênero.

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Doutorando e mestre em Ciências da Religião pela UMESP. Membro do GP Mandrágora. Bolsista CAPES. Contato: [email protected].

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Fundamentalismo religioso nas Testemunhas de Jeová: observação participante em uma congregação João Daniel de Lima Simeão5 Este trabalho é fruto de uma experiência etnográfica, realizada em uma congregação das testemunhas de Jeová na cidade de Ceará-Mirim, no Rio Grande do Norte. Utilizando-se de uma observação participante, teve anseios de descontruir uma representação preconceituosa e simplista da religião. Relativizando seu fundamentalismo religioso, que está impregnado em seus costumes e regras, buscando uma ressignificação de suas práticas doutrinárias. Palavras-chave: antropologia da religião; Testemunhas de Jeová; relativismo; fundamentalismo; ressignificação.

*** Solus Christus: exclusivismo cristão e tolerância religiosa Alceu Lourenço de Souza Junior6 No mundo contemporâneo tem sido urgente que as religiões (re)elaborem suas relações inter-religiosas visando a preservação tanto de suas identidades e existência, quanto do próprio tecido e paz social.O Cristianismo, religião de um terço da humanidade,não tem ficado imune a esta pressão; entretanto, o seu discurso fundante é o ensino claramente exclusivista de Jesus de Nazaré e seus apóstolos. O problema que se apresenta, então, é como articular a tolerância religiosa sem abrir mão dos fundamentos cristãos nem comprometer sua identidade histórica própria. Este trabalho investiga o exclusivismo do Cristo e sua relação com a intolerância religiosa no Cristianismo, materializada em inúmeros e conhecidos episódios da História da Igreja, e propõe uma base para a tolerância religiosa a partir do próprio exclusivismo do Cristo sustentado ainda hoje pelas alas fundamentalistas do Cristianismo. Palavras–chave: intolerância religiosa; exclusivismo cristão; fundamentalismo protestante; soteriologia. 5

Graduando em Ciências Sociais pela UFRN. Contato: [email protected]. Mestrando em Ciências da Religião pelo Mackenzie. Bacharel em Teologia pela EST, UPM. Contato: [email protected]. 6

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*** Pôster Vozes silenciadas da liberdade Claudilene Christina de Oliveira7 Rosana Castro de Luna Rezende8 A tensão entre fundamentalistas e direitos humanos continua desafiando a sociedade contemporânea. Prevalece em algumas religiões o desrespeito aos direitos humanos e à dignidade, principalmente quando os temas remetem à juridicização da sociedade civil. Dogmas religiosos repressivos sobrepõem-se ao interesse coletivo e aos direitos de categorias essenciais, como os das mulheres, que, no caso em tela, são oprimidas e têm negado o pleno direito da cidadania. Diante desse contexto, este pôster tem como objetivo propor uma reflexão crítica sobre a fala do guru indiano, Asharam: ancorado numa postura fundamentalista, segundo a qual, conforme as escrituras sagradas, Deus sempre socorre aquele que crê e a mulher fiel, ele afeta as esferas psíquicas e emocionais da mulher crente. Insensíveis ao processo histórico cambiante, vozes fundamentalistas levantam-se e desencadeiam um impasse no momento em que a sociedade indiana se insurge contra o desrespeito às liberdades individuais das mulheres. Palavras-chave: sociedade; fundamentalistas; direitos humanos; mulher.

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Mestranda em Ciência da Religião pela UFJF. Contato: [email protected]. Mestranda em Ciência da Religião pela UFJF. Contato: [email protected].

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30 de outubro, quarta-feira Comunicações Fundamentalismo e pluralismo religioso Lilian Araújo Baleeiro9 Minha comunicação trata das perspectivas da relação dos três paradigmas teológicos sobre a salvação, exclusivismo, inclusivismo e pluralismo. Assim vou tentar explicar porque compreendo que os fundamentalistas cristãos geralmente são exclusivistas, ou seja, a possibilidade de salvação se dá somente pelo conhecimento explícito de Jesus Cristo e a pertença à igreja. Depois tratarei do paradigma inclusivista e sua dificuldade de superar o exclusivismo fundamentalista. Por fim, pretendo apresentar a teologia do pluralismo religioso como reação a eles e como opção ao exclusivismo fundamentalista. Palavras-chave: fundamentalismo; exclusivismo; inclusivismo; pluralismo.

*** Usos do passado na legitimação da intolerância religiosa: tradições a serviço da violência simbólica Luciano José de Lima10 É mais do que notório para a atual pesquisa historiográfica a apropriação do passado clássico por regimes totalitários, alimentando uma ideia de continuidade entre os mesmos, de modo que legitime o estado de coisas de tal regime. Assim como também é observável na pesquisa histórica, a exclusão de determinados grupos com base em argumentos históricos, apresentados como neutro e objetivo. As múltiplas formas de apropriação do passado também podem ser observadas em 9

Mestranda em Ciências da Religião pela UMESP. Membro do GP Teologia no Plural. Bolsista CAPES. Contato: [email protected]. 10 Mestre em História Comparada pela UFRJ. Bacharel em Teologia pela UMESP. Membro do GP Expressões Religiosas Minoritárias de Cristianismo na Galiléia e Egito – UMESP e Grupo Arqueologia História – UNICAMP. Contato: [email protected].

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discursos de grupos religiosos para legitimarem a depreciação, quando não a demonização de determinados grupos sociais. Tomando como pressuposto de pesquisa que a história tem seu lugar de produção do passado no presente do historiador, ou seja, que a investigação produz um discurso sobre o passado representativo da visão de mundo no qual foi concebido, problematizamos as apropriações de um passado cristão primevo e de um mundo bíblico mítico como instrumento legitimador ou mesmo fabricador de construções identitárias que excluem determinados grupos e sujeitos, alimentando assim a intolerância religiosa, entendida como uma forma de violência simbólica sobre os mesmos. Palavras-chave: apropriação; cristianismo; passado bíblico; identidade; usos do passado.

*** O uso do Corão como justificativa para ações de violência urbana Magno Paganelli de Souza11 Através desta pesquisa realizada por meio de revisão bibliográfica, procurarei identificar reflexões de teóricos contemporâneos que trabalharam com a temática da violência urbana e apontar um conceito de violência que seja minimamente aceito por diferentes culturas e sociedades nas duas últimas décadas. Feito isso, procurar reconstruir a genealogia do pensamento modelador de grupos extremistas islâmicos e entender se as recentes ações terroristas realizadas por esses grupos possuem qualquer vinculação a alguma interpretação radical do Corão que leve à prática de ações que têm sido atribuídas pela mídia ocidental como característica do Islã como um todo. Palavras-chave: Islã; Corão; islamistas; violência; terror.

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11

Mestrando em Ciências da Religião pelo Mackenzie. Bacharel em Teologia pela Unida de Vitória – ES, com especialização em Novo Testamento. Membro do GE do Pentecostalismo – Mackenzie. Bolsista CAPES. Contato: [email protected].

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Fundamentalismos religiosos e violência Cleber Baleeiro12 Os fundamentalismos são um fenômeno típico da modernidade e só podem ser compreendidos a partir dela. Mas quando falamos de modernidade queremos destacar um momento específico, o que foi chama de modernidade tardia, alta modernidade e até mesmo de pós-modernidade. A esse período, caracterizado especialmente pela fragilização dos fundamentos e crise das identidades, os fundamentalismos reagem retrocedendo a momentos idealizados das tradições religiosas, construindo, dessa forma, sentido e estabilidade nas comunidades religiosas. Essas tradições idealizadas ao mesmo tempo em que servem de chaves interpretativas do mundo e modelo para a reconstrução das sociedades modernas que, segundo os fundamentalismos, está distante dos projetos divinos. A partir disso podemos afirmar que os fundamentalismos são violentos e que essa violência acontece de duas maneiras: na defesa da tradição, como uma maneira de assegurar segurança diante de um mundo inseguro; e na reconstrução da sociedade a partir da tradição, quando valores caros às sociedades modernas são compreendidos como contrários aos desígnios divinos. Palavras-chave: fundamentalismo; violência; modernidade; religião.

*** Nova tolerância intolerante: mudanças de relações de gênero nas Assembleias de Deus Otávio Barduzzi Rodrigues da Costa13 A intenção deste artigo é mostrar as mudanças ocorridas no cenário Pentecostal Brasileiro em especial as Assembleias de Deus. Para ser mais especifico há de se mostrar aqui as mudanças diversas relacionadas aos costumes, teologia, ética e rituais que as Assembleias de Deus e algumas igrejas que se espelham nelas estão passando. Em especial enfocar-se-á nesse trabalho as mudanças em relação a 12

Doutorando e mestre em Ciências da Religião pela UMESP. Professor no curso de Teologia (EaD) da UMESP. Membro da Sociedade Paul Tillich do Brasil e do GP Paul Tillich de Teologia e Cultura. Contato: [email protected]. 13 Antropólogo, jurista, doutorando em Ciências da Religião pela UMESP. Professor da UNESP/FAAC – Bauru. Contato: [email protected].

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gênero, tais como ordenação de pastoras, mudanças no sentido familiar do papel da mulher, mudança nos sentido midiático, mudanças no discurso, na valorização da mesma dentre outros apontamentos de gênero do que era há 15 anos atrás e de como é agora. O objetivo é apontar as diversas mudanças que esse grupo tem passado e mostrar as causas e influencias tais como a mídia e a teologia da prosperidade tem se infiltrado em organizações religiosas que antes não aceitavam tais influencias. Ocorre que tais influencias tiveram um impacto grande nas relações de gênero que pretendem ser apontadas, mas não esgotadas. A metodologia usada foi a da observação participante visto que o autor tem transito sobre tais denominações religiosas visto ser presbítero da AD alem de antropólogo. Palavras-chave: pentecostalismo; tolerância; gênero

*** O belo como proposta de evangelização para os Arautos do Evangelho Murilo Alexandre dos Santos14 Esse trabalho é de minha dissertação no Mestrado em Ciências da Religião e tem como objetivo elaborar revisão bibliográfica a respeito das bases teóricas da religião, focando os preceitos relacionados à evangelização, a fim de propor delineações referentes à relevância da temática do belo para os Arautos do Evangelho como também discorrer acerca de delineações que foquem o belo como estratégia de evangelização. O procedimento metodológico em que a pesquisa acadêmica está envolta consiste em avaliar as bases teóricas relacionadas aos fundamentos da evangelização, procurando analisar informações referentes à temática, analisando os aspectos desta com os Arautos do Evangelho, bem como de dados relativos à contextualização para a fundamentação do belo. Sendo uma pesquisa que atua com um papel qualitativo, irá centrar-se a partir de concepções teóricas acerca do objeto de estudo, levantando informações pertinentes às estruturas discutidas durante todo o processo de pesquisa. Palavras-chave: belo; Arautos do Evangelho; evangelização.

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Mestrando em Ciências da Religião pela PUC – SP. Contato: [email protected].

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GT10 – Gênero e religião Coordenadoras Naira Pinheiro dos Santos Doutora em Ciências da Religiãopela UMESP. Professora da Escola Paulista de Direito.

Sandra Duarte de Souza Doutora em Ciências da Religião pela UMESP. Professora da mesma instituição.

Nilza Menezes Doutora em Ciências da Religião pela UMESP. .

Resumo O GT objetiva discutir pesquisas que envolvam a articulação entre gênero e religião, buscando analisar as implicações de gênero dos sistemas simbólicoreligiosos que informam as/os fiéis e as instituições sociais de maneira geral. A religião, mesmo em um contexto secularizado, ainda se mostra como um importante sistema de sentido na conformação das subjetividades masculinas e femininas. Seu poder normatizador e regulador tem sido frequentemente discutido no âmbito dos estudos feministas. Por outro lado, as ortodoxias religiosas se deparam com a heterodoxia da vida cotidiana dos sujeitos religiosos, o que relativiza significativamente o poder regulador das instituições e dos sistemas de sentido religiosos. O GT acolherá propostas de comunicações que discutam aspectos teórico-metodológicos dos estudos de gênero e religião, bem como propostas que analisem os câmbios ou continuidades do discurso religioso acerca dos papéis sociais de sexo num contexto de redefinição das identidades de gênero.

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Dia

29/10 (3ª feira)

30/10 (3ª feira)

31/10 (3ª feira)

Comunic.

Sexualidade feminina no terreiro de candomblé Hùnkpàmé Alairá Izó em Maceio/AL

A Sociedade de Vila Apostólica “Beneficência Popular”: gênero e religiosidade através dos discursos de religiosas (1946-1988)

Do Axé ao Aleluia: um rosto feminino do pentecostalismo

Amanda Patrícia Santos Lorena de Menezes UFPE

Morte, Sexo e o não sabido: o que se revela na intolerância por femininos “subversivos” do sagrado Mariana Leal de Barros USP

Clarissa Milagres Caneschi UFOP

Representações de gênero permeadas por violência simbólico-religiosa no discurso midiático paraibano Silvia Silveira UFPB Fernanda Lemos UFPB

Erotismo e religião numa perspectiva feminista Ofir Maryuri Mora GrisalesUMESP

Festejo de Nossa Senhora Mãe dos Homens – identidades, sincretismo, religião e poder na Comunidade Remanescente Quilombola de Jaçatuba Flávia Leite Gomes Faculdade Santa Fé

Homossexualidade e vocações em discernimento Renan Rossi UFSCar

Lizandra Santana da Silva UEFS

O patriarcalismo e a categoria de gênero ao longo da história dos estudos de religião Patrícia Garcia Costa UMESP

A roda das donas: a mulher Representações de gênero negra do candomblé no Espiritismo: como se dá a distribuição dos papéis, ali? Vanessa Soares da Silva UERJ Roger Bradbury UMESP

Novas configurações das famílias contemporâneas: rupturas e/ou continuidades nos discursos e práticas de metodistas e luteranos acerca do divórcio e novos casamentos Noeme de Matos Wirth UMESP

Participação de lideranças femininas na construção de políticas públicas para afrorreligiosos em Belém, Pará Daniela Cordovil UnB

Representações de gênero nos interstícios do religioso e do secular Naira Pinheiro dos Santos UMESP

Violência de gênero nas religiões afro-brasileiras Nilza Menezes UMESP

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Levanta a mão e dá glória – abuso sexual e violência doméstica na ADUD

Evangélicas e feministas: sentidos da experiência Sarah de Roure UnB

Marcio de Carvalho Sampaio UFRRJ

Pôsteres

A “estragada” Raquel: gênero e (in)tolerância religiosa entre os Baré do Alto Rio Negro Talita Sene UFSC

As mulheres protestantes também fazem gênero Eliana A. Amancio Cerqueira UniNove

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29 de outubro, terça-feira Comunicações Sexualidade feminina no terreiro de candomblé Hùnkpàmé Alairá Izó em Maceio\AL Amanda Patrícia Santos Lorena de Menezes1 As casas de culto de religiões afro-brasileiras figuram como locais de resistência e que vem se reelaborando sem descartar a sua relação com seu passado. Na literatura especializada (Birman 1995; Segato 1995; Rios 2004) fica evidente que os terreiros de candomblé são vistos como lugares com grande adesão de homossexuais. O que nos faz pensar que as religiões afro-brasileiras, em detrimento a outras religiões, são mais receptivas a pessoas com práticas homossexuais. Porém, a maioria dos estudos que abordam a interface homossexualidade e religião afro-brasileira trata da inserção e prática de homens homossexuais nos terreiros. Assim, meu objetivo, no desenvolver dessa pesquisa é pensar a interface entre sexualidade feminina e religião afro-brasileira, a partir da análise da trajetória de vida das interlocutoras, a fim de compreender como essas mulheres significam experiências pertinentes à sexualidade e como estas podem ser entendidas dentro da dinâmica de um grupo religioso. Palavras-chave: antropologia brasileira; sexualidade feminina; candomblé.

*** Morte, sexo e o não sabido: o que se revela na intolerância por femininos “subversivos” do sagrado Mariana Leal de Barros 2 As pombagiras, entidades femininas do panteão umbandista, são alvos privilegiados de ataques de neopentecostais que utilizam a sua imagem de feminino subversivo para demonizá-las. O objetivo é discutir o que faz com que ocupem 1 2

Mestranda em Antropologia pela UFPE. Contato: [email protected]. Pós-doutoranda e doutora pela USP. Contato: [email protected].

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estes lugares de ataque, já que para a população umbandista a pombagira assume posição reverenciada no sagrado. Pretendo, assim, apresentar os dados de trabalho de campo realizado com mulheres médiuns de umbanda que contam com a “presença” de suas pombagiras em suas vidas e, em contraponto ao discurso neopentecostal, apresentam imagens de feminino que transcendem o prostituído e demoníaco - que se revela tão e somente caricato destas entidades a depender do interlocutor. A hipótese de análise contará, ainda, com uma perspectiva psicanalítica que aborda como o aquilo que não se conhece, como costuma ser o lugar do feminino, assume interpretações da ordem do “horror”, que se relacionam, ainda, com o sexo e a morte, significantes emblemáticos destas figuras. Palavras-chave: intolerância; feminino; umbanda; psicanálise; gênero.

*** Erotismo e religião numa perspectiva feminista Ofir Maryuri Mora Grisales3 A experiência erótica foi geralmente tergiversada pelos usos restritivos que historicamente se fizeram dela. Por causa disso as mulheres estão longe de considerar o erótico como fonte de poder e realização. Diante da alienação material e simbólica do erótico, e contra a fixação dos corpos em fórmulas estereotipadas, sejam religiosas, culturais e/ou econômicas, reivindica-se o erótico como dimensão criadora e positiva; como contestação ao individualismo das sociedades contemporâneas. Nessa comunicação analisaremos o erótico na teologia latinoamericana. Primeiro apontaremos para uma possível definição do erótico, situandoo dentro da reflexão teológica do continente, assim como mostrando sua marginalidade. Em seguida chamamos a atenção para o resgate que alguns autores/as têm feito desta categoria. E finalmente exploramos as potencialidades que uma discussão feminista do erótico pode ter no sentido de abrir caminhos de diálogo e ação transformadora. Palavras-chave: erotismo; mulheres; teologia feminista; ética.

*** 3

Doutoranda em Ciências da Religião pela UMESP. Contato:[email protected].

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Homossexualidade e vocações em discernimento Renan Rossi 4 Por muito tempo, inclusive no Brasil, o seminário católico foi associado à concepção de um espaço de refúgio para homossexuais, que tinham a necessidade de dar uma resposta às suas famílias e às suas comunidades de origem dentro de um repertório restrito possibilidades. Tal resposta visava uma preservação individual, assim como do todo comunitário, avesso a certo conjunto de indivíduos, práticas e disposições. Já num contexto atual de alargamento e difusão dos direitos civis, certas necessidades que antes respondiam como motivações para o ingresso de jovens católicos no seminário, acabam por perder ao menos parte da sua significação: outras fontes de repertórios e estratégias passam a ser consideradas por estes atores sociais. Coadunando o referencial teórico da Teoria Queer com o resultado de entrevistas realizadas com "vocacionados", seminaristas e exseminaristas, proponho-me abordar a questão da homossexualidade no meio católico, em especial entre membros e futuros membros do clero. Palavras-chave: homossexualidade; vocação sacerdotal; formação presbiteral; clero.

*** A roda das donas: a mulher negra do candomblé Vanessa Soares da Silva 5 O presente estudo tem como objetivo apresentar a pesquisa realizada sobre as mulheres negras, especificamente da religião do Candomblé. Buscou-se compreender, a partir da análise dos conceitos de gênero, estereótipo e cultura, o papel desempenhado por elas nas religiões de matrizes africanas, para a manutenção dos saberes e fazeres. Trazendo para o interior desta cena a discussão do cotidiano um grupo de mulheres que vivenciam suas religiosidades (re) significando, seus papéis sociais inspiradas pelos mitos femininos da cultura ioruba. Discutiremos a religiosidade como forma modelar de subjetividades,

4

Mestrando em Sociologia pela UFSCar. Contato: [email protected]. Mestre em Políticas Públicas e Formação Humana pela [email protected]. 5

UERJ.

Contato:

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contextualizando as condições políticas, sociais e educacionais desta mulher na construção de uma rede de sociabilidades. Palavras-chave: mulheres negras; candomblé; gênero; cotidiano.

*** Levanta a mão e dá glória: abuso sexual e violência doméstica na ADUD Marcio de Carvalho Sampaio6 A recente prisão de Marcos Pereira da Silva, Pastor-Presidente da Igreja Assembléia de Deus dos Últimos Dias – Adud, acusado de abuso sexual continuado de mulheres fiéis de sua igreja, fez emergir, no meu campo de pesquisa junto à ADUD, onde, através de uma observação participante, pesquiso sobre: “Masculinidades, Religiosidades e Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher”, uma nova questão analítica: a necessidade de se discutir abuso sexual contra a mulher desatrelado da Violência Doméstica. Pretende-se discutir os sentidos em que as categorias abuso sexual e violência doméstica mantém aproximações e distanciamentos empíricos, discursivos, históricos e analíticos. Objetiva-se problematizar os modos como a religião é significada para 1) reconfiguração de masculinidades, pela contribuição para o fim da violência doméstica e familiar contra a mulher; ou 2) para legitimar o abuso sexual contra mulheres da ADUD. Palavras-chave: religião; violências; gênero; masculinidades.

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Mestrando em Ciências Sociais pela UFRRJ. Contato: [email protected].

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30 de outubro, quarta-feira Comunicações A sociedade de Vila Apostólica “Beneficência Popular”: gênero e religiosidade através dos discursos de religiosas (1946-1988) Clarissa Milagres Caneschi7 Esta pesquisa volta-se à reconstituição dos discursos (manuscritos e impressos) proferidos pelas mulheres integrantes da Sociedade de Vida Apostólica de Beneficência Popular, acerca da trajetória institucional de sua Congregação e das práticas sociais e pastorais que vieram a desenvolver como religiosas entre 19461988. O intuito principal desta pesquisa é o de refletir sobre o processo de constituição dessas mulheres como sujeitos da história a partir de sua ação junto com os segmentos socialmente empobrecidos da Arquidiocese de Mariana e de sua experiência de fé, mediada por suas práticas de escrita. Palavras-chave: religiosidade feminina; discurso; cotidiano; práticas sociais.

*** Representações de gênero permeadas por violência simbólico-religiosa no discurso midiático paraibano Silvia Silveira8 Fernanda Lemos9 Segundo o entendimento socioantropológico, as religiões são estruturadas por sistemas simbólicos capazes de prover sentidos e disposições às relações em sociedade, estruturantes na medida em que incutem nos indivíduos a internalização deste capital cultural de bens religiosos, materiais e simbólicos. Busca-se aqui, através da análise de discurso de programa popular veiculado pela TV paraibana, desvelar as representações sociais de gênero permeadas por este capital cultural. Entre imagens e opiniões que reproduzem históricas relações de poder entre os 7 8 9

Pós-graduanda em História pela UFOP. Contato: [email protected]. Graduanda em Ciências da Religião pela UFPB. Contato: [email protected]. Doutora em Ciências da Religião pela UMESP. Contato: [email protected].

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sexos, o discurso midiático mostra-se portador e propagador da normalização e plausibilidade da violência simbólica na cultura paraibana. Tacitamente veículo de transferência e de comunicação diacrônica do habitus de classe e sua moral dominante, o discurso midiático de cunho religioso repercute uma divisão entre o mundo natural e o mundo social, cuja ordem recobre antagonismos conservadores dos papéis dos atores sociais nesta realidade. Palavras-chave: campo religioso; gênero; mídia; violência simbólica.

*** Festejo de Nossa Senhora Mãe dos Homens: identidades, sincretismo, religião e poder na Comunidade Remanescente Quilombola de Jaçatuba Flávia Leite Gomes10 A pesquisa objetiva analisar e discutir as relações existentes entre os acionamentos identitários e o poder discursivo exercidos pelas mulheres negras que lideram no local pré, durante e pós- festejo, refletir sobre a existência entre os elementos tradicionais e modernos no festejo, além do sincretismo religioso presente na comunidade secular de Juçatuba, desde as gerações “antigas” às contemporâneas. Palavras-chave: festejo; identidade; sincretismo; religião e poder.

*** O patriarcalismo e a categoria de gênero ao longo da história dos estudos de religião Patrícia Garcia Costa 11 A proposta para este estudo é entender como o patriarcalismo foi introjetado na nossa cultura, e de que forma ele se faz presente até os dias de hoje, especificamente nas igrejas tidas como protestantes, e mais particularmente nas pentecostais. Faremos uma descrição teórico-metodológica da categoria gênero, primeiramente, para entender como, quando e por que surgiu a palavra gênero como categoria de análise, e posteriormente entender o papel da mulher no século 10

Especialista em Literatura Brasileira e Portuguesa pela Faculdade Santa Sé. Contato: [email protected]. 11 Mestranda em Comunicação Social pela UMESP. Contato: [email protected].

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XXI e as profundas transformações que ela vem sofrendo ao longo das últimas décadas, uma vez que esta nova realidade destaca a mulher e, consequentemente, a categoria de gênero. O trabalho busca mostrar que o discurso religioso interfere de maneira muito pontual nesta relação entre os sexos e constitui um corpo de análise fundamental para os estudos de religião. Palavras-chave: gênero; discurso religioso; igrejas pentecostais.

*** Representações de gênero no espiritismo: como se dá a distribuição dos papéis, ali? Roger Bradbury12 Esta pesquisa bibliográfica investigou as relações de gênero como condicionantes da distribuição desigual de papéis e ocupações no Espiritismo, que embora sempre mantivesse um discurso de igualdade dos sexos, baseado na reencarnação, produz grande o número de mulheres médiuns e raríssimas pesquisadoras e líderes femininas. Buscou-se compreender a divisão sexual dos cargos na hierarquia dos (as) trabalhadores (as) espíritas a partir das representações de gênero do imaginário espírita. O estudo mostra que os homens espíritas, entendidos como mais racionais, dominam a produção doutrinária e a liderança administrativo-religiosa. Enquanto que às mulheres sobra um papel mais passivo como médium ou evangelizadoras da infância e juventude. Levantou-se a possibilidade do Espiritismo, enquanto microssistema social estar atuando no sentido de reforçar e reproduzir a desigualdade de gênero do macrossistema da sociedade ocidental, a qual é claramente misógina. Palavras-chave: espiritismo; representações de gênero; hierarquia.

*** Evangélicas e feministas: sentidos da experiência Sarah de Roure13

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Mestrando em Ciências da Religião pela UMESP. Contato: [email protected]. Mestre em Desenvolvimento e Cooperação Internacional pela Universidad del Pais Vasco. Contato: [email protected]. 13

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A experiência de mulheres evangélicas que se engajaram no movimento de mulheres é o objeto desse artigo. Feministas têm afirmado que as mulheres em sua diversidade constroem práticas de liberdade e emancipação, mesmo em contextos adversos. Ao observar grupos do movimento de mulheres por todo o país, é possível encontrar mulheres de diversas origens sociais e religiosas e entre elas muitas cristãs evangélicas. Na maioria das vezes essa relação não é simples, seja na igreja, no movimento, ou mesmo na vida dessas mulheres. O texto é, portanto, uma primeira aproximação acerca dos sentidos e sínteses geradas a partir do cruzamento do religioso e do político na vivência de indivíduos que transitam entre os dois campos a partir do seu lugar de gênero. Para isso se utilizaram duas histórias de vida como ponto de partida da análise desses dois campos que, em suas esferas macro parecem cindidos, mas que, ao se materializarem no indivíduo ganha novos contornos e explicações. Palavras-chave: protestantismo; gênero; feminismo; movimento social.

*** Pôster As mulheres protestantes também fazem gênero Eliana A. Amancio Cerqueira 14 Este trabalho procura descortinar fatos importantes para a historiografia da mulher protestante no Brasil, nos primeiros anos da década de 1930, mostrando sua participação como importante fator para o fortalecimento e crescimento do protestantismo brasileiro e mostrar a cultura como fator que tem servido de fundamento para a construção dos gêneros. Esta orientada pelos postulados da História Cultural. Escolhemos trabalhar com as mulheres protestantes nas comunidades Batistas, Metodistas e Presbiterianas, por possuírem organização feminina estruturada com registros nos jornais Batistas, Correio Doutrinal, Monitor Cristão e O Estandarte e nas atas das reuniões das igrejas locais. Palavras chave: mulher protestante; protestantes; gênero e cultura.

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Graduada em História pela UNINOVE. Contato: [email protected].

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31 de outubro, quinta-feira Comunicações Do axé ao aleluia: um rosto feminino do pentecostalismo Lizandra Santana da Silva15 A pluralidade religiosa do campo religioso brasileiro é um dos fatores que têm provocado uma maior circulação de fiéis por diferentes grupos religiosos. A fluidez dos adeptos entre as distintas religiões permite afirmar que os símbolos e as práticas religiosas estão sendo intensamente apropriadas e ressignificadas, o que favorece a permanência de laços identitários e simbólicos, ou seja, “o fiel” não precisa necessariamente romper bruscamente com suas tradições religiosas. Pretendemos nesta comunicação analisar as motivações pelas quais mulheres adeptas do Candomblé se converteram às denominações protestantes na cidade de Cachoeira-Ba, entre 1980 e 2007. A finalidade é compreender o protagonismo feminino nos processos de trânsito religioso. Para tanto, utilizaremos as fontes orais e os livros O Perfil da Mulher de Deus, O Perfil do Homem de Deus e O Perfil da Família de Deus, do bispo Edir Macedo. Palavras-chave: conversão; gênero; trânsito religioso; pentecostalismo; Cachoeira-BA.

*** Novas configurações das famílias contemporâneas: rupturas e/ou continuidades nos discursos e práticas de metodistas e luteranos acerca do divórcio e novos casamentos Noeme de Matos Wirth16 Na contemporaneidade, a família tradicional (pai, mãe, filhos) passou por uma mudança de paradigmas gerando novas configurações familiares, mais flexíveis e plurais. Nas novas configurações o elemento de constituição não é só a partir dos 15 16

Mestranda em História pela UEFS. Contato: [email protected]. Mestranda em Ciências da Religião pela UMESP. Contato: [email protected].

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laços de parentesco de natureza biológica e civil, mas principalmente, o da afetividade. Nessa comunicação pretende-se analisar as rupturas e/ou continuidades dos discursos institucionais religiosos no protestantismo histórico mais especificamente nas Igrejas Metodista e Luterana acerca dos divórcios e novos casamentos. Através da análise documental e da pesquisa de campo pretende-se identificar qual o impacto que as novas configurações familiares causam sobre o discurso institucional e sobre a prática eclesial. Nosso objetivo é observar de que forma o posicionamento institucional religioso e a prática das comunidades de fé são coerentes ou dissonantes diante das transformações experimentadas pela instituição família na contemporaneidade. Palavras chave: religião; família; divórcio; novos casamentos.

*** Participação de lideranças femininas na construção de políticas públicas para afrorreligiosos em Belém, Pará Daniela Cordovil17 Esta comunicação visa debater o papel que as mulheres, sacerdotisas de religiões africanas, assumem na luta política dos afrorrreligiosos e em seu diálogo com o Estado. A pesquisa se baseia em dados coletados a partir de entrevistas e observação participante junto aos militantes afrorreligiosos de Belém, Pará. Foi constatado que existe um número expressivo de lideranças femininas envolvidas na construção de políticas públicas para afrorreligiosos, no entanto, a maioria dessas mulheres tende a assumir um papel secundário na ocupação dos espaços de militância. Muitas delas ainda necessitam do apoio de um afrorreligioso do sexo masculino, seja ele sacerdote ou ogã da casa, para ocupar o espaço público enquanto outras, apesar do seu envolvimento com a causa, têm seus esforços menos reconhecidos do que o das lideranças do sexo masculino. Palavras-chave: mulheres; gênero; religiões de matriz africana; políticas públicas.

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Doutora em Antropologia Social pela UnB. Contato: [email protected].

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Representações de gênero nos interstícios do religioso e do secular Naira Pinheiro dos Santos 18 O mundo moderno caracteriza-se pela diferenciação, pela progressiva separação e delimitação de fronteiras entre o campo de ação da religião e aquele das demais instâncias sociais, ditas seculares. As fronteiras, contudo, não se mostram tão rígidas quanto fariam supor os paradigmas modernos. Ao invés de linearidade e rigidez, a confusão e fluidez entre elas é que é constitutiva das diversas dimensões da vida social no mundo contemporâneo. Secular e religioso se interpenetram, confundem-se e se diferenciam. Preceitos religiosos são mobilizados no espaço público, na política; mundo do trabalho, anúncios publicitários, produções cinematográficas apropriam-se de referenciais mágico-religiosos. Não raro, questões de gênero colocam-se no centro ou na interseção desse movimento. Trataremos de analisar aqui, com base em pesquisa bibliográfica e de campo, o lugar que o gênero e as representações de gênero ocupam na articulação do mágico-religioso nas e pelas instâncias seculares. Palavras-chave: gênero; religião; secularização.

*** Violência de gênero nas religiões afro-brasileiras Nilza Menezes19 Resumo: A nossa proposta é de fazer algumas abordagens sobre os lugares de gênero nas práticas religiosas denominadas afro-brasileiras. Caracterizadas pelo importante papel feminino dentro desse modelo religioso, observamos que apesar do grande numero de mulheres e do papel exercido pelas mesmas, a violência de gênero naturalizada que dá lugares para homens e mulheres, se manifesta de maneira sutil e ambiguamente costurada no tecido social dificultando a sua identificação. Nossas observações são resultado de pesquisa realizada em terreiros, templos, casas, Ilês na cidade de Porto Velho, Rondônia. Essas abordagens que esbarram em fundamentos religiosos, por isso polemicas, tornam-se importante por possibilitar visibilizar as construções de gênero no campo religioso afro-brasileiro. 18 19

Doutora em Ciências da Religião pela UMESP. Contato: [email protected]. Doutora em Ciências da Religião pela UMESP. Contato: [email protected].

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Palavras-chave: gênero; violência; religiões afro-brasileiras.

*** A “estragada” Raquel: gênero e (in)tolerância religiosa entre os Baré do Alto Rio Negro Talita Sene20 “Raquel, você gosta de ir à igreja?” “Huhum. Quando eu estava grávida, eu era desviada”. “Mas quando você estava grávida, podia ir aos cultos?” “Não podia não, o pastor não deixava. Mas agora eu não estou mais desviada, já posso ir.” “Por que no culto de domingo você estava sentada sozinha na última fileira?” “Não sei.” “Você gosta de sentar lá?” “É, eu gosto”. Dessa forma começou um de meus diálogos com Raquel, indígena da etnia Baré, falante de nheengatu e português, e moradora da comunidade Amiú/Betel, Alto Rio Negro, NE do Amazonas. A história de Raquel é carregada de tensões, já que a mesma vive em uma comunidade indígena evangélica e é mãe solteira. Por tal motivo é considerada por seus parentes como “estragada”, fadada a viver sozinha (e excluída), a não ser que se torne “abençoada” pelo casamento. Levando tais aspectos em consideração, este texto visa refletir sobre como os Baré de Amiú/Betel vivenciam as relações de gênero e as relacionam com a religiosidade evangélica. Tal pesquisa tem como método a observação participante e faz parte de um projeto maior sobre a concepção indígena a respeito da conversão ao cristianismo, realizada em parceria com Eduardo Meinberg de A. Maranhão Fo. Palavras-chave: gênero; intolerância; Alto Rio Negro; indígenas evangélicos.

*** Pôsteres Candomblé em território porteño: identidade, gênero e resistência Roseli Araujo21 A comunicação terá por objetivo expor reflexões das articulações de sacerdotisas e adeptos do Candomblé para manter e propagar a religião dita afro-brasileira na capital Argentina, reconhecida e idealizada nos últimos séculos como a mais 20 21

Mestranda em Antropologia Social pela UFSC. Contato: [email protected]. Granduanda em História pela UEFS. Contato: [email protected].

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"europeia e branca" da América Latina. Quais as formas de resistência encontradas, de que modo os ritos tornaram-se elementos propagadores para manutenção e visibilidade, e/ou re/construção da identidade negra na capital argentina. O enfoque será para as relações de gênero, hierarquia e papéis sociais vinculantes entre o grupo de devotos. Utilizo para aporte teórico-metodológico das formulações de Bourdieu para campo religioso, Chartier em representações sociais e Certeau para compreender as re-significações dadas ao novo contexto territorial. Pensando do lugar inicial de ter havido a "expansão do Candomblé" aos demais países latino americanos, acredito que esta pesquisa auxiliará para redução dos processos de xenofobias e ignorâncias hora produzidas e veiculadas na sociedade brasileira e argentina, na medida que fomenta respeito às práticas e ritos religiosos da cultura negra. Palavras-chave: religião afro-brasileira; resistência; sacerdotisas; identidade.

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GT11 – Hereges, judeus e infiéis e a intolerância religiosa no decorrer da Idade Média Coordenadores Adailson José Rui Doutor em História pela UNESP. Profesor na UFAL.

Marcus Cruz Doutor em História Social pela UFRJ. Professor na UFMG.

. Resumo Este GT tem por objetivo reunir e discutir trabalhos relativos à questão religiosa existente no mundo medieval, especialmente na Península Ibérica. Nos interessam pesquisas nas quais sejam tratadas questões relativas à diversidade e à (in)tolerância religiosa presentes no decorrer da Idade Média. Dentre as questões que podem ser objeto de estudo e discussão destacamos: a implantação do cristianismo; as resistências e permanências pagãs no âmbito da religião cristã; a convivência e os enfrentamentos entre as diferentes formas de viver o cristianismo; as relações entre poder e religião no processo de construção dos reinos; as relações entre a Igreja de Roma e as igrejas locais; as relações de (in)tolerância entre cristãos, judeus e muçulmanos; as formas institucionais ou não de combate às heresias, as diferentes fontes e o estudo de temáticas relacionadas com as religiões medievais.

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Dia

29/10 (3ª feira)

30/10 (4ª feira)

31/10 (5ª feira)

Comunic.

Heresias e Hereges nas Histórias Eclesiásticas da Antiguidade Tardia (séculos IV-VI)

Eulógio de Córdoba: a intolerância cristã frente à progressiva islamização de Al-Andalus

Adversus Iudaeos – a criação do antissemitismo no pensamento cristão

Marcus Silva da Cruz UFMT

Adailson José Rui UNIFAL

Eusébio de Cesaréia e a nova História Eclesiástica

O Conceito de Jihad à luz do Corão e da tradição muçulmana

Daniel Sleder UFMT

O Venerável Beda e o combate ao paganismo na Grâ-Bretanha do século VIII Itajara Rodrigues Joaquim UFMT

Michele Rosado de Lima Castro UFOP

Conflitos entre monarquia e o Clero no processo de aceitação do rito romano na Igreja Compostelana

Saul Kirschbaum USP

O paradigma de IudasIudei: Judas Iscariotes como representação do judeu no Juízo Final e a Missa de São Gregório (MASP 428P) Doglas Morais Lubarino USP

A doutrina do Pecado, fé, obras e o paradoxo do antissemitismo em Lutero Filipe de Oliveira Guimarães UMESP

Jordano Viçose UNIFAL Status Quaestionis sobre o movimento donatista: heresia, cisma ou resistência à romanização? Emilson José Bento USP

A Investigação das religiões e a formação políticocultural do principado Rus´ de Kiev. Diversidade religiosa e trocas culturais

Sobre a controvérsia entre Martim Lutero e os Judeus na reforma do século XVI Marcos Jair Ebeling UMESP

Fabrício de Paula Gomes Moreira UFOP A representação simbólica do Inferno na Divina Comédia

A carta de Conrad Grebel (1498-1526) para Thomas Müntzer (1490-1525)

Daniel Lula Costa UEM

João Oliveira Ramos Neto UFG

Duas Baleias na rede de pesca: a terceira via hussita de Petr Chelcicky Thiago Borges de Aguiar UNIMEP

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29 de outubro, terça-feira Comunicações Heresias e hereges nas Histórias Eclesiásticas da Antiguidade Tardia (séculos IV-VI) Marcus Silva da Cruz1 A história do cristianismo é marcada desde seus primórdios pela heresia e pela presença da figura do herético. Entendido, pela tradição teológica cristã, como o desvio ou erro doutrinal os termos heresia e herético não indicam nada mais do que concepções professadas por grupos que em relação ao desenvolvimento dogmático cristão foram colocados à margem que apontam para tendências divergentes ou movimentos separatistas. No objetivo é discutir as questões relativas às heresias e as heréticos apresentadas nas Histórias Eclesiásticas de Eusébio de Cesaréia, Sozomeno e Evragio Escolástico. Obras produzidas entre os séculos IV e VI e que contribuem para o estabelecimento da “ortodoxia” cristã. Palavras-chave: heresia; historiografia; Antiguidade Tardia.

*** Eusébio de Cesaréia e a Nova História Eclesiástica Daniel Sleder2 O Século IV vive ainda sob a sombra da Anarquia Militar. As reformas intentadas para resolver seus conflitos, tais como as crescentes burocratização e militarização, continuam em curso. A aristocracia é alargada e assume novas formas. O cristianismo, recentemente perseguido, agora é geralmente favorecido pelos imperadores. Mas sua vitória não é certa, o Imperador Juliano “Apóstata”, nos dá provas disso. Constantino o via como fator de unificação, mas possuía conflitos internos, atestados pelo Arianismo e Donatismo, era heterogêneo. Eusébio de Cesaréia insere-se neste contexto. Bispo, favorecido por Constantino, homem culto. Inovando ao fundamentar-se em textos escritos e na autoridade, e não no 1 2

Doutor em História pela UFMT.Contato: [email protected]. Graduando em História pela UFMT. Contato: [email protected].

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livre juízo dos autores pagãos, escreve uma história da nação cristã, suas lutas contra as perseguições e heresias, antiguidade e autoridade através da sucessão apostólica, municiando os cristãos na luta contra o paganismo. Palavras-chave: cristianismo; História; Eusébio de Cesaréia.

*** O Venerável Beda e o combate ao paganismo na Grã-Bretanha do século VIII Itajara Rodrigues Joaquim3 Com o abandono dos Romanos do território da Grã-Bretanha e a chegada da migração Anglo-Saxônica nos séculos V e VI os costumes e as leis romanas enfraqueceram. O povo Anglo-Saxões tinha seus costumes, lendas, religiões e cultos pagãos, mas um clero cristão que já havia sido constituído na Grã-Bretanha, tinha à necessidade de combater ao paganismo e obter a conversão desse povo ao cristianismo, principalmente de seus lideres. Venerável Beda, monge, estudioso de origem saxônica nascido em 672, entregue para ser criado pela igreja aos sete anos de idade. Em seu livro Historia Ecclesiastica Gentis Anglorum, um de seus escritos mais importantes, ele trata desde os primeiros missionários enviados por Roma no século V até as condições do clero no século VIII. A forma com que Beda descrevia os fatos ocorridos, ele não queria apenas contar as histórias eclesiásticas de sua nação, ele escreveu com o intuito de ajudar os outros clérigos a combater o paganismo e obter a conversão do povo. Palavras-chave: cristianismo; paganismo; Venerável Beda.

*** Status Quaestionis sobre o movimento donatista: heresia, cisma ou resistência à romanização? Emilson José Bento4 Esta pesquisa tem como objeto treze sermões da obra Tractatus In Iohannes Evangelium de Agostinho de Hipona (354-430), que permitem ter acesso à sua polêmica com o donatismo, movimento que floresce no início do século IV após a 3 4

Graduanda em História pela UFMT. Contato: [email protected]. Mestrando em Filologia, Língua Portuguesa pela USP. Contato: [email protected].

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liberdade de religião concedida pelo Imperador Constantino. Esta polêmica acompanha praticamente todos os quase quarenta anos do ministério eclesiástico de Agostinho. Nas últimas décadas, se procurou investiga-la não só como fenômeno religioso ou querela teológica, mas principalmente como reflexo de condições culturais, econômicas e políticas da Província Africana (cf. diversos autores), objetivo desta comunicação, portanto, é apresentar os resultados alcançados na busca do status quaestionis destas mais recentes hipóteses de investigação, resultados estes que contribuirão para a análise dos sermões que constituem o corpus que se buscou construir para esta pesquisa. Em um segundo momento, será apresentada uma análise da construção da imagem dos donatistas, feita por Agostinho, em dois de seus sermões. Palavras-chave: Status Quaestionis; movimento donatista; Tractatus In Iohannes Evangeliun; Agostinho de Hipona.

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30 de outubro, quarta-feira Comunicações Eulógio de Córdoba: a intolerância cristã frente à progressiva islamização de Al-Andalus Adailson José Rui5 Em meados do século IX, em Al-Andalus, foi iniciado um processo de intolerância cristã frente ao Islã. Não se tratou de uma reação relacionada ao domínio territorial, pois reações desse tipo ocorreram desde o princípio da entrada dos muçulmanos em terras ibéricas. Tratou-se de uma reação no campo da espiritualidade. A entrada dos muçulmanos em 711, na Península Ibérica, seguiu a prática adotada por eles em todas as partes: a submissão das áreas conquistadas. No entanto, essa submissão estava relacionada ao campo administrativo. Não tinham como meta forçar a conversão dos vencidos, condição que possibilitou a permanência da religião cristã em terras dominadas pelo Islã. As consecutivas transformações na comunidade islâmica de Al-Andalus, quanto à forma de vida, fez com que a comunidade cristã começasse a perceber e a sentir um processo de amplo e rápido decréscimo. Diante dessa situação, no princípio da segunda metade do século IX, começou em Córdoba, o movimento voluntário de cristãos que buscava alcançar o martírio e, com isso, exaltar os ânimos e revigorar a fé das comunidades cristãs em terras de Al-Andalus. Palavras- chave: Eulógio de Córdoba; Moçárabes; Al-Andalus.

*** O Conceito de Jihad à luz do Corão e da tradição muçulmana Michele Rosado de Lima Castro6 A palavra Jihad é comumente traduzida como “guerra santa” muçulmana. Sabemos que esta tradução não é razoável, já que se trata de um conceito muito mais complexo e remete a outros tantos esforços que não somente o de guerra armada, 5 6

Doutor em História pela UNIFAL Contato: [email protected]. Graduanda em História pela UFOP. Contato: [email protected].

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como a tradução sugere. Ademais, é comum que o termo apareça associado à justificativa do terrorismo e, por conseguinte, associado a atos de violência conta outros estados. Assim, além de ser uma tradução que resulta de uma análise bastante superficial, ainda é uma explicação que diz muito mais sobre os desentendimentos entre Ocidente e Oriente ao longo do tempo do que propriamente soluciona a dúvida do que vem a ser o Jihad. Dessa forma, o objetivo desse trabalho é fazer uma profunda análise nos escritos base da jusrisprudência Islâmica, o Corão, os hadith e a sunnah, a fim de buscar compreender e caracterizar o conceito de Jihad. Palavras-chave: Jihad; Corão; hadith; sunnah.

*** Conflitos entre monarquia e o clero no processo de aceitação do rito romano na Igreja Compostelana Jordano Viçose7 O século XII é um período crucial para a uniformidade litúrgica do cristianismo. Tendo como pressuposto o território ibérico, nosso objetivo centra-se em verificar a transição do rito toledano, ou moçárabe, ao romano, na Igreja de Santiago de Compostela. Transição que gerou resistências por parte do clero compostelano em relação a atuação da monarquia castelhana sob o reinado de Alfonso VI (10391109). Para a realização de tal estudo utilizaremos como fonte a Historia Compostelana, obra produzida nas primeiras décadas do século XII que possui como foco registrar os feitos do bispado de Dom Diego Gelmírez de 1101 a 1140. Palavras-chave: Igreja de Santiago de Compostela; romanização; século XII.

*** A investigação das religiões e a formação políticocultural do principado Rus´ de Kiev: diversidade religiosa e trocas culturais Fabrício de Paula Gomes Moreira 8

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Graduando em História pela UNIFAL. Contato: [email protected]. Mestrando em História pela UFOP. Contato: fabrí[email protected].

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Este trabalho tem como objetivo mapear o ambiente de trocas culturais no contexto que precedeu a cristianização do principado Rus´ de Kiev, no final do século X, com o príncipe Vladimir. Às vésperas de sua escolha pelo cristianismo, o príncipe foi abordado por representantes de diversas religiões do período, cada um deles recomendando que ele adotasse sua religião. Nesse sentido, investigaremos a partir da sociologia e da história da religião, alguns aspectos da percepção cultural dos Rus´ sobre o que era a experiência religiosa e qual seu papel na sociedade e na política. Nossas principais fontes são a Crônica dos tempos passados, compilação dos Rus´ elaborada no começo do século XII d.C.; o Sermão sobre a Lei e a Graça, do metropolita Hilário de Kiev, de meados do século XI d.C.; além de outros relatos contemporâneos que perceberam o batismo do príncipe sob outros pontos de vista. Palavras-chave: diversidade religiosa; trocas culturais; Rus’de Kiev; século X.

*** A representação simbólica do Inferno na Divina Comédia Daniel Lula Costa9 Escrita no início do século XIV e dividida em três partes, a Divina Comédia narra a jornada do personagem Dante pelos três ambientes do pós-morte cristão. Sua temática e história nos permitem pensar por meio de imagens devido a erudição de Dante e sua visão de mundo. Na primeira parte da obra, intitulada Inferno, são descritos os nove círculos infernais, caracterizados por monstros mitológicos e ambientes construídos e sonhados por Dante. O modo como Dante apropriou-se das ideias que circulavam em seu contexto histórico permitiu que ele imaginasse os aspectos característicos do Inferno, representando-o em sua obra. Entenderemos o conceito de maravilhoso enquanto gênero literário (TODOROV, 1981) e como uma categoria de estudo para compreendermos o cotidiano do homem medieval. Nesse sentido compreenderemos o Inferno dantesco como um ambiente representado coletivamente e entendido pela sociedade medieval enquanto uma realidade possível (CHARTIER, 2002). Palavras-chave: representação; símbolo; inferno.

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Mestre em História pela UEM. Contato: [email protected].

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31 de outubro, quinta-feira Comunicações Adversus Iudaeos: a criação do antissemitismo no pensamento cristão Saul Kirschbaum10 O antissemitismo religioso, que em São Paulo e nos padres da Igreja tinha caráter “defensivo”, buscando diferenciar o cristianismo do judaísmo e permitir-lhe sobreviver à animosidade do Império Romano, a partir da Alta Idade Média passa a servir aos interesses do estado, na construção de uma identidade nacional. Esta construção foi instrumentalizada por meio de uma ampla literatura, conhecida genericamente como Adversus Iudaeos. Neste sentido, a obra de Isidoro, arcebispo de Sevilha, recentemente traduzida para o espanhol com o título Sobre la fe católica contra los judíos, marcará o ponto de virada e irá exercer forte influência sobre os pensadores cristãos da Idade Média, chegando até Tomás de Aquino. Esta comunicação examinará os principais argumentos utilizados para a construção do judeu como o outro, visando a consolidação, por exclusão, da cristandade. Palavras-chave: antissemitismo religioso; literatura Adversus Iudaeos; Isidoro de Sevilha.

*** O paradigma de Iudas-Iudei: Judas Iscariotes como uma representação do judeu no Juízo Final e a Missa de São Gregório (MASP 428P) Doglas Morais Lubarino11 A representação de Judas como figura emblemática do povo hebreu é um topos comum em algumas imagens medievais. Nessas representações a figura do apóstolo traidor tem uma fisionomia característica e porta um conjunto de significados que vão além da intenção de representar a ojeriza cristã à traição que 10

Doutor em Língua Hebraica, Literatura e Cultura Judaica pela USP. Contato: [email protected]. 11 Mestrando em História pela USP. Contato: [email protected].

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resultou no sacrifício de Cristo. Trata-se de uma representação negativa do povo judaico como culpado e herdeiro desse deicídio. Propomos neste trabalho um estudo sobre essa iconografia no final do século XV. Para tanto, analisaremos a representação de Judas enforcado na Obra O Juízo Final e a Missa de São Gregório, uma pintura tardo-medieval atualmente conservada no acervo do MASP. Palavras-chave: Iudas-Iudei; Judas Iscariotes; juízo final; missa de São Gregório.

*** A doutrina do pecado, fé, obras e o paradoxo do antissemitismo em Lutero Filipe de Oliveira Guimarães12 Lutero foi uma das principais mentes do movimento que ficou conhecido como Reforma Protestante. Seu pensamento continua influenciando o meio teológico até os dias de hoje. A principal doutrina enfatizada por ele foi a da “justificação pela fé” que, em um primeiro momento, parece ser uma negação da importância das obras. Porém, uma breve leitura de alguns de seus escritos dão a entender que a doutrina das obras ocupava um lugar relevante em seu pensamento. Mas a grande questão é: como poderia um homem falar de fé, obras e graça e se tornar uma dos mentores do nazismo? Apesar da importância de Lutero para a teologia no fim da idade média, a ironia, ou paradoxo, é que este escritor que defende a prática de boas ações para com os inimigos, como se lê no Catecismo Menor, é autor de textos anti-semitas que nos faz pensar que, para ele, posicionar judeus como inimigos seria atribuir um título honroso demais para este povo. O objetivo geral deste trabalho é compreender o pensamento de Lutero em relação a temática do pecado, fé e obras. Os objetivos específicos são: analisar alguns posicionamentos de fé de Lutero frente ao seu incentivo à práticas anti-semitas e entender os desdobramentos de suas reflexões, contra os judeus, na história moderna. Palavras-chaves: Lutero; pecado; fé; obras; antissemitismo.

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Doutorando em Ciências da Religião pela UMESP. Contato: [email protected].

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Sobre a controvérsia entre Martim Lutero e os judeus na reforma do século XVI Marcos Jair Ebeling13 O texto apresenta a controvérsia entre Martim Lutero e os judeus em meio ao movimento reformatório do século XVI. Apresenta, de forma sucinta, o contexto histórico da reforma, sobretudo na relação entre a fé luterana emergente e o judaísmo. Também de forma sucinta apresenta os dois principais textos de Martim Lutero acerca dos judeus, sendo um favorável e outro contrário a eles: “Que Jesus Cristo nasceu judeu” (1523) e “Acerca dos judeus e de suas mentiras” (1542/43). O texto analisa possíveis motivações para a mudança de postura por parte de Martim Lutero. A controvérsia é iluminada com a peça teatral de Lessing (1779) intitulada “Nathan der Weise”. Esta, no contexto do conflito entre a fé luterana e o iluminismo alemão acerca da religião verdadeira declara: religião verdadeira é a que pratica o amor. Palavras-chave: Martim Lutero; judeus; religião verdadeira; tolerância.

*** A carta de Conrad Grebel (1498-1526) para Thomas Müntzer (1490-1525) João Oliveira Ramos Neto14 Considerando que a História é feita por meio de documentos, como selecioná-los para estudar os anabatistas? Nossa comunicação pretende apresentar algumas fontes primárias cuja análise permitirá ao historiador conhecer melhor a denominada ala radical da Reforma Protestante. A Reforma Protestante muitas vezes é estudada por meio dos tratados teológicos produzidos no período, desprezando outros documentos muito importantes, como as cartas que os diversos líderes escreveram entre eles. Na ocasião, enfatizaremos a carta que Conrad Grebel (1498-1526) escreveu para Thomas Müntzer (1490-1525) em 1524. A análise deste, e outros documentos, permite ao historiador corrigir alguns equívocos da historiografia, como associar Thomas Müntzer aos anabatistas. Palavras-chave: heurística; Reforma Protestante; anabatistas. 13

Bacharelado em Teologia pela UMESP. Contato: [email protected]. Doutorando em História pela UFG. Bolsista da CAPES. Orientado pela Prof. Dr. Dulce Oliveira Amarante dos Santos. Contato: [email protected]. 14

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*** Duas Baleias na rede de pesca: a terceira via hussita de Petr Chelčický Thiago Borges de Aguiar15 Após a morte de Jan Hus em 1415, destacaram-se dois grupos religiosos: os Utraquistas, ligados à Universidade de Praga e às igrejas locais e os Taboritas, mais “milenaristas”, lutadores das Guerras Hussitas, propunham fundar o reino de Deus na Terra. Em torno de 1440, surge uma terceira via, proposta por Petr Chelčický, oposto a ambos, propondo uma vida de isolamento e paz. Sua obra “Rede da Fé Verdadeira” (Siet Vierý Práve) foi o escrito inspirador da criação do Unitas Fratrum, grupo que permaneceu marginalizado por toda a sua existência. O objetivo desta comunicação é explorar a metáfora de Chelčický da rede de Pedro, que pesca os peixes (fiéis) ao longo da história, mas que também pescou duas baleias (o papa e o imperador). Contextualizaremos os dois grupos hussitas acima citados para compreendermos a crítica desse autor aos seus pares e analisaremos seu escrito “Rede da Fé Verdadeira”, em diálogo com bibliografia especializada, como Atwood (2010), Molnár (1947) e Spinka (1943). Palvras-chave: heresias medievais; século XV; hussitismo; Petr Chelčický.

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Doutor em História da Educação e Historiografia pela USP. Professor na Universidade Metodista de Piracicaba. Contato: [email protected].

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GT12 – História cultural das religiões Coordenador/a Carlos André Silva de Moura Doutorando em História pela UNICAMP.

Comentador Paulo Julião da Silva Doutorando em História pela UNICAMP. Bolsista FAPESP.

Eliane Moura da Silva Livre docente MS-5 em História pela UNICAMP.

Resumo Depois da virada cultural da década de 1970, novos objetos e abordagens foram criadas por historiadores de todo o mundo. Sob o impacto dessas reflexões, a análise cultural da história das religiões também tem sido reformulada. Os estudos em história cultural comportam novas perspectivas sobre o papel que as religiões desempenham na construção de identidades e nas diferentes relações sociais de gênero, etnicidade e classes que estabelecem parâmetros com forte influência nas práticas cotidianas, espaços, atitudes e representações. O GT pretende receber comunicações sobre os seguintes temas: 1. Questões teóricas e metodológicas sobre história das religiões; 2. História de instituições e confissões religiosas; 3. Gênero e religião; 4. Missionarismos, colonialismos e cristianização; 5. Diálogos religiosos na América Luso-espanhola; 6. História das teologias e da construção de crenças, devoções e discursos religiosos nas sociedades modernas, pluralistas, cristãs, não-cristãs e multiculturais.

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Dia

29/10 (3ª feira)

30/10 (4ª feira)

31/10 (5ª feira)

Comunic.

O rosto ambíguo do monoteísmo: libertação e violência na instituição do monoteísmo no antigo testamento

Congreganismo e anticongreganismo: a situação eclesiástica em Portugal entre 1820 e 1834

Reflexos da União Prussiana na formação de luteranismos no Rio Grande do Sul: das comunidades livres até a fundação de sínodos confessionais evangélico-luteranos

Luiz José Dietrich PUC/PR

Gustavo de Souza Oliveira UNICAMP

Renato Rodrigues Farofa ULBRA

O cristianismo na África agostiniana em Peter Brown Adailson Nascimento Souza PUC/SP

A Emperie católica como parte de uma filosofia ultramontana: as missões capuchinhas no nordeste mineiro (1873-1889) Tatiana Gonçalves de Oliveira UFV

Disseminação de ideias no Milieu esotérico: comentários sobre a influência de Gurdjieff no movimento gnóstico de Samael Aun Weor Marcelo Leandro de Campos PUC/Camp

Comer o tatu antes ou depois da comunhão? As manifestações religiosas dos brasileiros e o conhecimento das normas católicas (segunda metade do séc. XIX) José Leandro Peters UFJF

A produção conflituosa e controversa do aspecto religioso do espiritismo nos tempos de Allan Kardec (1857-1869)

Entre a modernidade e a barbárie: o discurso redentorista acerca do progresso em Goiás (18941930)

Alexandre Ramos de Azevedo UERJ

Robson Rodrigues Gomes Filho UEG, UnU/Morrinhos

Protestantismo e culturas populares tradicionais: arranjos, rearranjos e interações Lauana Ananias Flor UMESP

Cândidas palavras: literatura e missões protestantes no romance “Candida” de Mary Hoge Wardlaw Sergio Willian de Castro Oliveira Filho UNICAMP

A África lusófona no período de descolonização: missões e alteridades na Revista O Campo é o Mundo Harley Abrantes Moreira UEPE

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Desencantamento do mundo e imaginação transcendental no mundo moderno Lauri Emilio Wirth UMESP

As representações do bispado brasileiro nos debates sobre a Lei da separação do Estado das Igrejas em Portugal (1910 – 1911)

O Anticatolicismo norteamericano como bandeira protestante na luta pelo Estado laico no Brasil Paulo Julião da Silva UNICAMP

Carlos André Silva de Moura UNICAMP

Rumos da historiografia das religiões no Brasil João Miguel Teixeira de Godoy PUC/Camp

Vida urbana e morte católica: cemitérios, serviços póstumos e projetos civilizatórios: Uberlândia (1810-1980)

A lavagem de Santana: disputas e expressões de fé Rennan Pinto de Oliveira UEFS

Mara Regina do Nascimento UFU

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29 de outubro, terça-feira Comunicações O rosto ambíguo do monoteísmo: libertação e violência na instituição do monoteísmo no Antigo Testamento Luiz José Dietrich1 Esta comunicação trata dasambiguidades na instituição do monoteísmo como religião oficial em Israel. Segundo aexegese histórico crítica da bíblia e a arqueologia da região, a diversidade politeísta milenarsó foi suplantada com muita imposição, intolerância,e violência, e o monoteísmosomente se viabilizou por volta dos anos 400 a.C., associado a projetos políticos de dominação. Isso abafa os aspectos libertadores e faz o monoteísmo ser raiz de culturas intolerantes e violentas que perduram até hoje.A teologia monoteísta e as violências a ela vinculadas foram inscritas nos textos bíblicos, cuja elaboração é parte importante do processo. Sendo que tais textos fundamentam intolerância, discriminação cultural, religiosa, sexual e outras violências, em nome de Deus, a desconstrução e a descolonização do monoteísmo do AT quer evidenciar pistas hermenêuticas para uma concepção monoteísta que respeite as diversidades e não seja intolerante, excludente e homogeneizadora. Palavras-chave: monoteísmo; intolerância; discriminação; violência em nome de Deus.

*** O cristianismo na África agostiniana em Peter Brown Adailson Nascimento Souza2 Esta proposta de comunicação tem como finalidade desenvolver uma pesquisa relacionado a contextualização do cristianismo ocidental do século IV e V, dentro desse contexto propomos estudar a influencia da fé cristã no contexto africano 1

Doutor em Ciências da Religião pela Universidade Metodista de São Paulo. Contato: [email protected]. 2 Mestrando pela PUC/SP. Membro do GP NEMES. Bolsista da CAPES/PROSUP. Contato: [email protected].

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onde Aurelius Augustinus ou o Bispo de Hipona foi um dos maiores contribuintes para a evangelização, estaremos fazendo tal analise dentro do pensamento de um dos maiores pesquisadores do hiponense Peter Brown. Dentro do contexto cristão ocidental vivenciado por Agostinho vemos uma grande influência da cultura africana e é essa influencia que pretendemos discorrer nesse trabalho. A partir daí analisaremos o desenvolvimento da religião cristã na África agostiniana. Dentro dessas perspectivas abordaremos os desafios que Agostinho teve de catequizar os africanos dentro de uma sociedade totalmente pluralista e as influências da cultura cristã para os africanos. Palavras-chave: cristianismo; Agostinho; África; Peter Brown; cultura.

*** Disseminação de idéias no Milieu Esotérico: comentário sobre a influência de Gurdjieff no Movimento Gnóstico de Samael Aun Weor Marcelo Leandro de Campos3 Nosso objetivo é analisar estratégias discursivas de legitimação doutrinária e identitária no milieu do moderno esoterismo ocidental, identificando processos de apropriação e construção de representações a partir da metodologia proposta por Roger Chartier e Sandra Pesavento. Para tanto escolhemos como estudo de caso a análise da influência do pensamento do ocultista armênio George Ivanovich Gurdjieff (1866-1949) sobre o corpo doutrinário do Movimento Gnóstico Cristão criado pelo esoterista colombiano Samael Aun Weor (1917-1977), em especial sobre o conjunto de práticas conhecidas como Magia Sexual (sahaja maithuna). Em nossa abordagem o esoterismo é estudado enquanto campo específico de pesquisa, a História do Esoterismo Ocidental; a metodologia utilizada é a história das idéias religiosas proposta por historiadores como Kocku von Stuckrad, Willian Goodrick-Clark e Wouter Hanegraaf. Palavras-chave: gnose samaeliana; Gurdjieff; magia sexual; movimento gnóstico; Samael Aun Weor

***

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Graduando em História pela PUC/Camp. Contato: [email protected].

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A produção conflituosa e controversa do aspecto religioso do espiritismo nos tempos de Allan Kardec (1857-1869) Alexandre Ramos de Azevedo4 O aspecto religioso do Espiritismo tem sido uma questão controversa entre osespíritas desde o seu início na França em meados do século XIX. Allan Kardecchegou a apresentá-locomo “uma ciência de observação e uma doutrina filosófica” e a afirmar, em diferentes momentos, que não se tratava de uma religião.Alguns espíritas, por isso, irão defender que a transformação do Espiritismo em religião se deu no Brasil, em fins do século XIX,quando o seu movimento passa a ser dominado pelos chamados “místicos”. Este trabalho, resultado de uma pesquisa referenciada no campo da história cultural e realizada nos livros e na revista publicados por Kardec entre os anos de 1857 e 1869, conclui e defende que o aspecto religioso da doutrina espírita está presente e vai ganhando cada vez maior relevo nos textos de Kardec,na medida em que estes avançam na discussão dos dogmas ou princípios que constituem a teologia católica, bem comoem que cresce o combate ao Espiritismo por parte da Igreja. Palavras-chave: Espiritismo; aspecto religioso; controvérsia; história cultural.

*** Desencantamento do mundo e imaginação transcendental no Mundo Moderno Lauri Emilio Wirth5 Uma das características centrais da modernidade madura anglo-saxônica é o que se convencionou chamar de secularização. Isto significa, de forma resumida, que os poderes instituídos, (na econômica, na política, na gestão da cultura etc.) já não necessitam da religião como referência legitimadora e como instância que confere credibilidade. Este pressuposto perpassa o debate atual sobre a religião e se expressa, entre outros, na tese do desencantamento do mundo. A comunicação irá discutir o contexto histórico que deu viabilidade acadêmica a esta tese e propor seu questionamento a partir de outra hipótese: de que toda civilização tem como fundamento último um imaginário mítico, um referencial transcendente que dá sentido à vida cotidiana e orienta a imaginação em relação ao futuro. Na modernidade madura, contudo, este imaginário mítico assume formas múltiplas, 4

Mestre em Educação pela UERJ. Contato: [email protected]. Docente no PPG em Ciências da Religião da UMESP. Líder do GP Religião e Vida Cotidiana. Contato: [email protected]. 5

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mas secularizadas. Caso a hipótese se sustente, a História das Religiões estaria diante da tarefa de discernir as divindades que disputam os sentidos dos humanos modernos. Palavras-chave: religião; secularização; cotidiano.

*** Rumos da Historiografia das Religiões no Brasil João Miguel Teixeira de Godoy6 O trabalho é resultado de investigação acerca do processo de constituição, estruturação e dinâmica do campo de estudos em história das religiões na historiografia brasileira. A pesquisa desenvolveu-se a partir da análise da trajetória dos periódicos: a Revista Brasileira de História e Revista Brasileira de História das Religiões. Dentre os objetivos do trabalho destacamos a identificação das tendências inscritas no campo de estudos e a recomposição das temáticas mobilizadoras. Procurou-se ainda entender a dinâmica do campo, o esquadrinhamento das posições, disputas, relações de poder, filiações intelectuais, disposições teóricas, relações de preferências e afinidades, ocupação de posições institucionais estratégicas, definição de cânones, genealogias, linhagens intelectuais e tudo que diz respeito à administração dos bens simbólicos acumulados. Palavras-chave: historiografia; história das religiões; Brasil.

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Professor Pesquisador na PUC/Camp. Contato: [email protected].

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30 de outubro, quarta-feira Comunicações Congregacionismo e anticongregacionismo: a situação eclesiástica em Portugal entre 1820 e 1834 Gustavo de Souza Oliveira7 As congregações religiosas masculinas sofreram um grande golpe em Portugal no ano de 1834. Elas foram obrigadas a abandonar seus bens, sair de seus prédios e deixar suas funções. Seu patrimônio foi entregue ao governo que posteriormente vendeu ou utilizou seus estabelecimentos. As disputas entre o modelo político absolutista e liberal relacionava-se aos confrontos entre os irmãos D. Miguel e D. Pedro IV. O papa reconheceu o primeiro como rei português e o clero congregado também se mostrou favorável àquele. Em 1833, com o advento da Monarquia Constitucional liberal, rompem-se as relações com a Santa Sé. Todavia, essa medida não delimitava um anticlericalismo, mas um “anticongreganismo”. O objetivo desse trabalho é investigar a situação religiosa em Portugal entre os anos de 1820 e 1834, enfatizando a valorização do clero secular em contraposição ao clero regular. Para esta pesquisa utilizamos documentos coletados no Arquivo Nacional da Torre do Tombo, Biblioteca Nacional de Portugal e Arquivo Secreto do Vaticano. Palavras-chave: Portugal; liberalismo; congreganismo; anticongreganismo.

*** A emperia católica como parte de uma filosofia ultramontana: as missões capuchinhas no nordeste mineiro (1873-1889) Tatiana Gonçalves de Oliveira8 As missões católicas na Europa entre os séculos XVII e XIX foram importantes para a difusão de princípios do Concílio de Trento (1545 e 1563). Louis Chântellier, ao estudá-las percebeu como seus representantes utilizavam 7 8

Doutorando em História Cultural pela UNICAMP. Contato: [email protected]. Licenciada em História pela UFV. Contato: [email protected].

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conhecimento e método para se inserir nas comunidades e levar a cabo o processo de evangelização. À exemplo das ações jesuítas, os missionários capuchinhos Frei Serafim de Gorízia e Ângelo de Sassoferrato fundaram em 1873 e deram seguimento ao Aldeamento de Itambacuri no nordeste mineiro. Autores da CEHILA como Eduardo Hoornaert apostavam nos aldeamentos como o rincão da preservação de uma “consciência católica” preservada ao veneno do padroado. Nosso objetivo, porém, é pensar nesses missionários como agentes de uma Igreja reformista, que buscavam, na prática, formar as bases dos fundamentos católicos tão apregoados pelos ultramontanos em níveis intelectuais. Palavras-chave: missões; capuchinhos; Minas Gerais; Segundo Reinado; ultramontanismo.

*** Comer o tatu antes ou depois da comunhão? As manifestações religiosas dos brasileiros e o conhecimento das normas católicas (segunda metade do Séc. XIX) José Leandro Peters9 Este trabalho tem como objetivo apresentar uma análise de alguns relatos dos padres da Congregação do Santíssimo Redentor sobre as manifestações religiosas dos brasileiros. Procuro, através da leitura desses documentos, perceber o conhecimento e a aplicação das regras religiosas pelos indivíduos observados pelos padres redentoristas nessas cartas. Enquanto os redentoristas compreendem as manifestações desse catolicismo popular como o resultado de um desconhecimento das regras da Igreja Católico, procuro observar o outro lado, ou seja, compreendo que o comportamento desses devotos deixa transparecer um significativo conhecimento das normas do catolicismo. Palavras-chave: religiosidade popular; cartas redentoristas; normas religiosas.

*** Entre a modernidade e a barbárie: o discurso redentorista acerca do progresso em Goiás (1894-1930) Robson Rodrigues Gomes Filho10 9

Doutorando em História pela UF JF. Contato: [email protected].

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Embora comumente despercebido, a presença de religiosos europeus alemães em Goiás (como o caso dos Redentoristas a partir de 1894), em boa parte do tempo transitando entre as casas goiana e paulista, acentuou – seja na imprensa escrita, seja no próprio discurso religioso – as disparidades entre uma Europa industrial, um estado de São Paulo em marcha de industrialização e “progresso”, e um estado de Goiás ainda ruralizado e comumente vinculado às imagens de “atraso” e “decadência”. Em face disso, o presente trabalho tem como proposta uma análise dos elementos relacionados às ideias de “progresso”, “modernidade”, “atraso” e “barbárie”, no discurso dos religiosos redentoristas, especialmente através da imprensa escrita em Goiás, tomando como ponto de partida a alteridade de tempo e espaço possivelmente experienciada por tais religiosos através de seu trânsito cronoespacial. Palavras-chave: redentoristas; progresso; civilização; Goiás.

*** As representações do bispado brasileiro nos debates sobre a Lei da Separação do Estado das Igrejas em Portugal (1910 – 1911) Carlos André Silva de Moura11 As leis de secularização do Estado no Brasil (1890) e em Portugal (1911) apresentaram recepções diferenciadas entre o clero e a população de cada país. Enquanto no Brasil as reações dos religiosos se voltaram principalmente para garantir o ensino religioso, o combate ao pensamento moderno e a politização dos eclesiásticos; no país ibérico os debates se concentraram em temáticas contra o anticlericalismo de membros do recém instalado governo republicano e de parte da população. Entre as inspirações que colaboraram com a formação dos discursos dos membros da Igreja Católica portuguesa estavam as representações do bispado brasileiro, como uma instituição que mesmo em um país laico, mantinha parcerias com o poder civil instituído. Em nosso trabalho, analisaremos como as atividades dos representantes da Igreja romana no Brasil colaboraram com a reação católica em Portugal no período de divulgação da Lei da Separação do Estado das Igrejas.

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Mestre em História pela UFOP. Professor efetivo no curso de História da UEG e UnU Morrinhos. Contato: [email protected]. 11 Doutorando em História pela UNICAMP. Bolsista FAPESP. Contato: [email protected].

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Palavras-chave: Lei de Separação entre o Estado e a Igreja; Brasil / Portugal; Restauração Católica.

*** Vida urbana e morte católica: cemitérios, serviços póstumos e projetos civilizatórios - Uberlândia (1810-1980) Mara Regina do Nascimento12 Amparado em dois principais eixos – práticas da inumação católica e projetos para a vida urbana – este texto busca problematizar as transformações urbanas e as representações sociais da morte na cidade de Uberlândia, ao longo dos séculos XIX e XX [de 1810 a 1980]. Focalizam-se mais detidamente, primeiro, os momentos de formação do núcleo do arraial, em segundo, os períodos de forte expressão dos projetos de modernização do espaço urbano, seu reordenamento e planejamento para, em terceiro, refletir, na análise da contemporaneidade, as formas de representação da morte. A intenção é perceber a constituição/configuração que tomam as marcas do religioso – cemitérios e espaços mortuários – em diferentes tempos e contextos, objetivando compreender as transformações e as tonalidades das reformas para o ideário de civilização moderna e urbanizada. Sob este aspecto, toma-se também o devido cuidado com a aplicação do conceito de secularização, já que sustentamos que a presença dos lugares de sepultamento, ou de velório, produz marcas do religioso na cidade e faz-se hoje imersa e unida à paisagem cotidiana, a tal ponto que dela não pode mais se desligar. Palavras-chave: morte católica; serviços póstumos; Uberlândia.

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Doutora em História pela UFRS. Professora na UFU. Contato: [email protected].

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31 de outubro, quinta-feira Comunicações Reflexos da União Prussiana na formação de luteranismos no Rio Grande do Sul: das comunidades livres até a fundação de sínodos confessionaisevangélicos-luteranos Renato Rodrigues Farofa13 Este trabalho apresenta os reflexos da União Prussiana na constituição do luteranismo no Rio Grande do Sul. Ao questionar a respeito da influência da União Prussiana, o trabalho analisa fatores externos e internos na formação de luteranismos em solo gaúcho. Como elemento externo, o que realmente esta união provocou antes da chegada da imigração alemã ao Brasil, ou seja, no protestantismo evangélico alemão? Como esta união contribuiu para o ressurgimento de um luteranismo estritamente confessional? E dentro dos elementos internos, que tradição eclesiástica, que luteranismo os imigrantes alemães construíram ao chegarem ao estado do Rio Grande do Sul a partir de 1824? Assim, o trabalho mostra como o luteranismo se desenvolveu, com ou sem a influência da União Prussiana, desde as comunidades livres até a formação de sínodos evangélico-luteranos no Rio Grande do Sul. Palavras-chave: União Prussiana; imigração alemã; comunidades livres; luteranismo unido; luteranismo estrito.

*** Protestantismo e culturas populares tradicionais: arranjos, rearranjos e interações Lauana Ananias Flor14 No Brasil o protestantismo de forma geral teve rarefeitas aparições nos tempos coloniais e imperiais. Somente na segunda metade do séc. XIX se efetiva como proposta religiosa e ganha considerável relevância no cenário de predomínio do catolicismo. Assim, a historiografia protestante dá conta de grandes embates e 13 14

Bacharel em Teologia pela ULBRA. Contato: [email protected]. Mestre em Ciências da Religião pela UMESP. Contato: [email protected].

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polêmicas, ao mesmo tempo em que se concentra em registrar grandes eventos e personagens ilustres de seu segmento. Mas como vasculhar e fazer uma leitura longe deste contexto que privilegia os agentes e os emissores religiosos? Tendo como foco o presbiterianismo, este artigo busca desvencilhar-se desta abordagem e privilegiar personagens esquecidos na história institucional, usando todo o rico debate da história cultural para sustentar tal proposta, tendo por base o pensamento de Michel de Certeau e Roger Chartier. Palavras-chave: presbiterianismo; culturas populares tradicionais; história cultural.

*** Cândidas palavras: literatura e missões protestantes no romance “Candida” de Mary Hoge Wardlaw Sergio Willian de Castro Oliveira Filho15 No fim do século XIX um casal de missionários presbiterianos advindos dos Estados Unidos foram responsáveis pela implantação de uma congregação protestante na cidade de Fortaleza, tratava-se do Reverendo DeLacey Wardlaw e de sua esposa Mary Hoge Wardlaw. Após passarem cerca de vinte anos no Brasil (1880-1901), a maioria destes anos em Fortaleza, os missionários retornam aos Estados Unidos com quatro filhas, todas nascidas no Brasil. De volta à sua terra natal a missionária Mary Hoge Wardlaw publica um romance bastante confessional intitulado “Candida; or, by a way she knew not. A story from Ceara”, cuja trama propõe-se a perceber o desenvolvimento de uma missão protestante na Província do Ceará durante a década de 1880. O presente trabalho visa analisar tal romance como uma fonte histórica na qual discussões acerca de missões protestantes e questões de gênero possam ser levantadas. Tal enfoque dispõe-se dentro de uma reflexão que leve em consideração as percepções de mundo geradas a partir do contato entre diversos repertórios culturais propiciados pelos encontros culturais forjados pelas missões protestantes estadunidenses no Brasil do século XIX. Palavras-chave: protestantismo; missões; romance.

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Doutorando em História pela UNICAMP. Contato: [email protected].

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A África lusófona no período de descolonização: Missões e alteridades na Revista O Campo é o Mundo Harley Abrantes Moreira

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Esse trabalho tenta realizar algumas reflexões preliminares de pesquisa acerca das missões protestantes brasileiras na África Lusófona. Nessa investigação, importa discutir a percepção dessas igrejas e suas agências missionárias sobre as regiões africanas de colonização portuguesa, seus contextos socioculturais e suas religiões tradicionais. Para isso, será analisada a possibilidade de trabalho com a revista O Campo é o Mundo, durante o período de descolonização, com ênfase em duas colônias: Moçambique e Angola.

*** O anticatolicismo norte-americano como bandeira protestante na luta pelo Estado laico no Brasil (1930 – 1945) Paulo Julião da Silva17 Durante os anos de 1930 a 1945, foi intensa a luta protestante contra a participação católica no Governo de Getúlio Vargas. Os evangélicos cobravam a manutenção do Estado Laico, constitucionalmente reconhecido desde 1891. Para isso, citavam o exemplo dos Estados Unidos, no qual a Carta Magna garantia liberdade de culto a todas as religiões. Apesar de a luta contra a Igreja Católica ter tido outro sentido na América do Norte, esta foi usada como bandeira, na tentativa de mostrar para a população que o projeto de recristianização do Brasil era sinônimo de atraso. Analisar-se-á as construções das representações anticatólicas no país por parte dos protestantes no período proposto, as quais possuíam base no que era feito pelas igrejas nos Estados Unidos. Para isso, serão usados documentos e bibliografias coletadas em arquivos norte-americanos e brasileiros. Espera-se, portanto, contribuir com as discussões em torno da temática no campo da História Cultural das Religiões. Palavras-Chave: protestantismo; Brasil; Estados Unidos; Era Vargas.

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Mestre em História pela UFRN. Professor de História na UFPE, unidade Petrolina. Contato: [email protected]. 17 Doutorando em História pela UNICAMP. Bolsista FAPESP. Contato: [email protected].

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A lavagem de Santana: disputas e expressões de fé Rennan Pinto de Oliveira18 A Festa de Santana, que acontecia em Feira de Santana-BA se destacou, entre os anos de 1960 e 1987, pelos diversos fatos e acontecimentos que levaram ao fim das manifestações populares, restringindo-se à parte litúrgica. A pesquisa foca compreender entre as diversas etapas da festa, a Lavagem de Santana, por ser uma manifestação de caráter popular e profano, agregador de uma miríade de expressões políticas e religiosas, além da produção de diversas práticas culturais. Representadas por seus participantes durante suas apropriações dos festejos, muitas vezes, apresentavam choques de representações entre os ideais dos seus participantes e da Igreja Católica, desejosa pelo fim dessas práticas. Entre os diversos choques de representação se destacam os conflitos entre os candomblecistas organizadores da Lavagem e a Igreja Católica e disputas internas entre esses candomblecistas. Busca-se também compreender as disputas no campo religioso entre os candomblecistas e a Igreja Católica. Palavras chaves: festa de Santana; lavagem de Santana; candomblecistas; práticas culturais.

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Mestrando em História pela UEFS. Contato: [email protected].

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GT13 – História e historiografia do protestantismo no Brasil Coordenadora Francisca Jaquelini de Souza Viração Mestre em Ciências da Religião. Professora da Faculdade Vale do Salgado em Icó, CE. Resumo O grupo de trabalho pretende discutir a História e a Historiografia do protestantismo no Brasil, desde o Brasil Colonial até os dias atuais. O espaço para debates e discussões vem em tempo oportuno para se pensar sobre o protestantismo no Brasil não apenas o que se sabe dele, mas o como se sabe dele. A criticidade sobre a temática é imperativa em nossos dias, já que ainda existem inúmeras lacunas historiográficas a serem preenchidas, como o protestantismo no Brasil Colonial, tanto França Antártica, Equinocial como o Brasil Holandês. Além de proporcionar o diálogo mais aguçado sobre o protestantismo indígena, as mais variadas formas de manifestação desta religião no Brasil (Histórico, Pentecostal e Neopentecostal) e discutir sobre sua historiografia para propor novas formas de ver esta religião em nosso país.

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Dia

Comunic.

29/10 (3ª feira)

30/10 (4ª feira)

Pensamento político do metodismo em Belém do Pará: registros históricos do jornal O Apologista Christão Brazileiro na transição republicana do Brasil (18901891)

A ignorância de um pensar: a história da ausência do pensamento protestante sobre a questão social no Brasil

Tony Welliton da Silva Vilhena UEPA

Educação protestante em perspectiva na imprensa batista Anna Lúcia Collyer Adamovicz USP

Erasmo Braga: um ator polivalente Julia Maria Junqueira de Barros UFJF

31/10 (5ª feira)

Sem atividades

José Edson do Carmo Lima FVS Wagner Pinheiro da Silva FVS A “saga” de Eurico Nelson em Belém do Pará: retratos de outra história Ezilene Ribeiro FTBE

Émile-G. Léonard e seu lugar na historiografia protestante brasileira Marcone Bezerra Carvalho Mackenzie

História e historiografia da imprensa presbiteriana no segundo reinado

Religião no mundo do trabalho: notas teóricas de uma pesquisa histórica

Pedro Henrique Medeiros UFRRJ

Lyndon de Araújo Santos UFMA

O protestantismo e historografia no Brasil: crise conceitual João Marcos Leitão UFCG

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29 de outubro, terça-feira Comunicações Pensamento político do metodismo em Belém do Pará: registros históricos do jornal O Apologista Christão Brazileiro na transição republicana do Brasil (1890-1891) Tony Welliton da Silva Vilhena19 Hodiernamente, pesquisadores vêm vasculhando a história intelectual do país, elaborando uma série de subsídios teóricos que auxiliam a renovação dos conhecimentos dos padrões e dilemas fundamentais da sociedade e da política brasileira, este campo de pesquisa vem sendo chamado de pensamento social no Brasil ou pensamento político brasileiro. Neste sentido, perscrutar os dilemas ideológicos contidos num jornal “religioso” como O Apologista Christão Brazileiro, editado pelo missionário metodista Justus Henry Nelson, em Belém do Pará, a partir de 1890, tem o objetivo de investigar, a partir da ótica de um segmento religioso minoritário, as tensões e conflitos que rondaram transformações sociais verificadas na transição do Império para a República, constatando a tentativa deste grupo em influenciar na elaboração da Primeira Constituição Republicana. Palavras-chave: Pensamento político brasileiro; metodismo; protestantismo na Amazônia.

*** Educação protestante em perspectiva na imprensa batista Anna Lúcia Collyer Adamovicz20 A comunicação proposta pretende focalizar a maneira como a Imprensa Batista realizou entre os anos de 1901-1930 uma produção jornalística profícua e uma 19

Mestrando em Ciências da Religião pela UEPA, Cientista Social da Secretaria de Educação do Pará. Contato: [email protected]. 20 Doutora em História Social pela USP. Membro do GEHER da USP. Contato: [email protected].

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literatura instrutiva compromissada em noticiar os descompassos e os progressos alcançados pelos movimentos sociais, políticos e culturais da época, conferindo destaque para as discussões sobre o panorama geral da Educação formal e religiosa na nação. A pesquisa emprega o instrumental teórico-metodológico da Nova História Cultural, utilizando o Jornal Batista como fonte principal, a partir da investigação privilegiada das questões relativas aos avanços do projeto batista na área de Educação. Um de seus objetivos centrais é examinar como este periódico de alcance nacional viria a favorecer o desenvolvimento do trabalho missionário e da obra educacional desta denominação protestante em terras brasileiras, ao viabilizar a difusão de seus preceitos religiosos e de seus valores culturais. Palavras-chave: protestantismo; imprensa; educação.

*** Erasmo Braga: um ator polivalente Julia Maria Junqueira de Barros21 O trabalho visa apresentar a trajetória biográfica de Erasmo Braga em seus anos de formação no final do século XIX, e a influência destes em suas atuações futuras. Durante sua adolescência, Erasmo assistiu às diferenças internas da Igreja Presbiteriana sobre a questão da educação teológica e do envolvimento de presbiterianos brasileiros nas atividades missionárias da Igreja. Os frutos desses movimentos que fizeram parte da estruturação da Igreja Presbiteriana no Brasil em 1892 e o Instituto Teológico em 1893. Sua observação do contexto histórico, o envolvimento político de seu pai e sua proximidade com figuras importantes dentro da Igreja Presbiteriana somados a personalidade ativa de Erasmo contribuíram para formar um teólogo engajado em diversos meios. Além de dedicar sua vida a expansão e manutenção da fé protestante no Brasil, o autor também se dedicou à defesa da legitimação da América Latina como território protestante. Trabalhou em favor do ecumenismo e foi grande entusiasta da educação. Palavras-chave: Erasmo Braga; presbiterianismo; protestantismo; História.

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Mestranda em Ciências da Religião pela UFJF. Contato: [email protected].

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História e historiografia da imprensa presbiteriana no segundo reinado Pedro Henrique Cavalcante de Medeiros22 O presente artigo pretende discutir a ação missionária dos presbiterianos norteamericanos através da imprensa religiosa no segundo reinado. A principal fonte de análise é o jornal Imprensa Evangelica, publicado a partir de 1864. Discutiremos questões concernentes a importância da publicação desta folha, apontando para seus redatores, principais temas debatidos e principais interlocutores. Ao mesmo, pretendemos abordar brevemente como a historiografia abordou essa história das missões presbiterianas no Brasil, indicando o que novas pesquisas têm descoberto sobre este tema. Como referencial teórico, partimos dos apontamentos de Pierre Bourdieu a respeito da teoria do campo religioso. Como suporte metodológico, procuraremos trabalhar com as reflexões de John Pocock. Palavras-chave: presbiterianismo; política; imprensa.

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Mestrando em História pelo pela UFRRJ. Licenciado em História pela UFRRJ. Orientado pelo Prof. Dr. Marcello Otávio Néri de Campos Basile. Contato: [email protected]. 273

30 de outubro, quarta-feira Comunicações A ignorância de um pensar: a história da ausência do pensamento protestante sobre a questão social no Brasil José Edson do Carmo Lima 23 Wagner Pinheiro da Silva24 O presente trabalho tem como objetivo principal abordar a ausência da influencia do pensamento protestante no processo histórico de formação da assistência social no Brasil, bem como sua prática de atuação, no quesito ao seu contexto objetivando uma transformação e melhoria da sociedade. Ao analisar o tema supracitado encontramos pouca ênfase nos trabalhos, movimentos e articulações que vem sendo produzidos ao longo da história, sua real importância para a informação e possível contribuição na construção da emancipação dos indivíduos na sociedade, concatenando no campo dos direitos e garantias do ser humano. O trabalho também busca enfatizar como os protestantes brasileiros lidaram ao longo do séc. XX com a Questão Social, focando a Conferência do Nordeste de 1962 e as reações que o Pacto de Lausanne de 1974 causou nas igrejas brasileiras. A relevância deste trabalho está em mostrar que o pensamento do Serviço Social brasileiro ignora completamente essa forma de pensar a Questão Social. Palavras-chave: ausência; História; questão social.

*** A “saga” de Eurico Nelson em Belém do Pará: retratos de outra história Ezilene Ribeiro25 Proponho nesta comunicação apresentar alguns aspectos que favoreceram a chegada do cristianismo batista em Belém do Pará nos idos do século XIX e XX, 23

Graduando em Serviço Social pela FVS. Contato: [email protected]. Graduando em Serviço Social pela FVS. Contato: [email protected]. 25 Mestre em Ciências da Religião pela UMESP. Professora da Faculdade Teológica Batista Equatorial de Belém do Pará. Contato: [email protected]. 24

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apontando alguns fatores que possibilitaram a imigração de Eurico Nelson, um sueco batista que veio “viver pela fé” numa cidade visivelmente adensada pelo processo de exploração da borracha e que permitia em seu cenário a movimentação de várias pessoas de diferentes nacionalidades. Far-se-á um recorte dos seis primeiros anos da atuação de Eurico Nelson na cidade, analisando suas atividades religiosas nesse contexto cultural tão diferente do seu, pois se suspeita que os batistas de Belém do Pará na história da implantação desta igreja possuem características pouco contempladas por sua historiografia tradicional, que provavelmente decorrem da dinâmica de inserção neste contexto urbano. Palavras-chave: Eurico Nelson; batistas; Pará.

*** Émile-G. Léonard e seu lugar na Historiografia Protestante Brasileira Marcone Bezerra Carvalho26 Durante o período em que esteve no Brasil (1948-1950) como professor da Universidade de São Paulo (USP), o historiador francês Émile-G. Léonard analisou a presença protestante no país e escreveu uma obra que, passadas seis décadas, ainda se constitui na principal interpretação do movimento evangélico brasileiro. Influenciado pela Escola dos Annales - particularmente por Lucien Fevbre -, o catedrático da Sorbonne foi o primeiro historiador ligado ao movimento a tomar o Brasil como objeto de estudo. Nossa comunicação demonstrará como sua obra “O Protestantismo Brasileiro” exerceu uma influência inigualável nos estudiosos que se debruçaram sobre a temática, servindo ainda como fonte de leitura para pesquisadores de outras áreas quando estes necessitaram analisar ou entender o protestantismo em nosso país. Por fim, destacaremos a pertinência do debate e da crítica da obra “brasileira” de Léonard. Palavras-chave: Léonard; historiografia; protestantismo brasileiro.

*** Religião no mundo do trabalho: notas de uma pesquisa histórica Lyndon de Araújo27 26

Mestre em Ciências da Religião pelo Mackenzie. Contato: [email protected]. Doutor em Históripa pela UMESP. Professor do Departamento de História e Diretor do Centro de Ciências Humanas da UFMA. Contato: [email protected]. 27

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A comunicação apresentará apontamentos teóricos e metodológicos da pesquisa de pós-doutorado em andamento sobre religião no mundo da produção. O Objetivo é verificar a presença do protestantismo nas relações sociais e étnicas, de trabalho e de gênero numa fábrica de chapéus no Rio de Janeiro (1868 – 1965). Os seus proprietários, a partir da ética e da visão de mundo protestante, acionaram códigos, gestos, discursos, práticas, estratégias e representações religiosas no mundo da produção. A fábrica teve importante participação na configuração do protestantismo nas primeiras décadas da república, sendo orgânica no seu processo de institucionalização. A pesquisa levanta algumas questões de fundo a serem contempladas para a História das Religiões e para a História do protestantismo: as relações entre religião e mundo do trabalho; a abordagem da presença da religião fora dos espaços oficiais e tradicionais do religioso na modernidade; como a religião atuou nas relações e nos conflitos entre capital e trabalho no universo fabril específico. Palavras-chave: religião; mundo do trabalho; História das Religiões; protestantismo.

*** O protestantismo e historiografia no Brasil: crise conceitual João Marcos Leitão Santos28 A partir da segunda metade dos anos 80 sob influência de autores, hoje clássicos, o tratamento da historiografia no Brasil foi submetida a um processo revisionista. Ganhou lugar a tese de “protestantismos”, para realçar a pretensa pluralidade irreconciliável da presença histórica do protestantismo no Brasil. Nesta comunicação o autor se propõe a mapear fragilidades nas teses hegemônicas, sugerindo que os estudos em geral se recentem de precisão conceitual, o que permite que o heterogêneo, o diverso, seja elevado a condição de ícone, em detrimento de outras possibilidades explicativas para o fenômeno protestante brasileiro, que preterem elementos propriamente históricos em favor de análise de fundamento sociológico. A noção de conceito, permeia a discussão, como pauta p ossibilitadora de ampliação das categorias analíticas para a historiografia protestante no Brasil. Palavras-chave: protestantismo; historiografia; crise conceitual.

28

Doutor em História Social pela USP. Professor Adjunto II na UFCG. Contato: [email protected].

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GT14 – Igrejas inclusivas LGBTT e a luta contra a intolerância religiosa Coordenadores Luiz Carlos Avelino da Silva Doutor em Psicologia Escolar e do Desenvolvimento Humano pela USP. Professor na UFU.

Renan Antônio Silva Mestrando em Desenvolvimento Regional pela Uni-FACEF.

Resumo A emergência de grupos que discutem as relações entre religiões cristãs e homossexualidade só pode ser entendida dentro de condições sócio-históricas específicas. No Brasil, transformações sociais insufladas pela atuação e pela organização política dos movimentos homossexuais se intensificam desde a década de 1990, relacionadas aos direitos civis, à reivindicação da despatologização, à luta contra a violência e a discriminação e, principalmente, ao enfrentamento da epidemia de AIDS no país. Encaradas pelas minorias como um refúgio para a livre prática da fé, as igrejas “inclusivas” – voltadas predominantemente para o público gay – vêm crescendo a um ritmo acelerado no Brasil, à revelia da oposição de alas religiosas mais conservadoras. O grupo temático agregará trabalhos que reflitam sobre pensamento sobre sexualidade, preconceito, fé e inclusão dos homossexuais brasileiros em igrejas “diferenciadas”, criadas para um público visto como “diferenciado”.

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Dia

Comunic.

29/10 (3ª feira)

30/10 (4ª feira)

31/10 (5ª feira)

Sem atividades

Sem atividades

A diferença se tornando unidade: análise dos “temas da semana” nos grupos de discussão na Igreja Missionária Inclusiva em Maceió Niara Oiara da Silva Aureliano UFAL

Espaços religiosos de inclusão e diversidade sexual: um estudo sobre uma igreja inclusiva paulistana e os elementos sagrados e profanos em torno da noção de sexualidade Marina Santi Lopes Garcia UFABC

ICM-SP, o perfil de uma comunidade inclusiva Aramis Luis Silva CEBRAP

Igreja Cidade de Refúgio: movimento LGBTTIS ou pentecostal? Regiane Ap. de Lima UEL

Igrejas Inclusivas: novo movimento religioso ou mais uma igreja cristã emergente? Cosme Alexandre Ribeiro Moreira UMESP

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Evangélicos e as relações de gênero na implantação de uma Igreja Inclusiva em Campinas Livan Chiroma Veiga UMESP

A pomba-gira sou eu – aspectos de identidade da religiosidade Afro com a transexualidade Tássio Acosta Rodrigues USP, Santa Cecília

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31 de outubro, quinta-feira Comunicações A diferença se tornando unidade: análise dos “temas da semana” nos grupos de discussão na Igreja Missionária Inclusiva em Maceió Niara Oiara da Silva Aureliano1 Este artigo pretende analisar os temas debatidos nos grupos de discussão realizados no ambiente da Igreja Missionária Inclusiva, localizada em Maceió, Alagoas. Fazse necessário entender a construção do ser social a partir do ambiente religioso em que se está inserido. Nesse sentido, analisar-se-á os temas escolhidos e os debates levantados acerca. A temática se mostra importante por se tratar de uma questão objetiva: os diálogos são na sede da I.M.I. levantados para ajudar na autoaceitação e retirada de dúvidas dos jovens gays cristãos, que ainda vivem em um ambiente duplamente hostil: o preconceito religioso, por ser a Igreja Missionária Inclusiva atacada por cristãos conservadores, e a homofobia. Palavras-chave: religião; igreja inclusiva; homofobia; preconceito.

*** Espaços religiosos de inclusão e diversidade sexual: um estudo sobre uma igreja inclusiva paulistana e os elementos sagrados e profanos em torno da noção de sexualidade Marina Santi Lopes Garcia2 As “igrejas inclusivas” surgiram no Brasil na década de 1990 e crescem em razão de adeptos homossexuais excluídos de igrejas tradicionais e outros que desejam viver sua sexualidade livremente e participar de um grupo religioso. Essas igrejas se caracterizam pela capacidade de flexibilizar valores cristalizados em igrejas tradicionais, pela adoção de diferentes condutas morais e por formular uma 1

Graduanda em Comunicação Social, com habilitação em Jornalismo pela UFAL. Contato: [email protected]. 2 Graduanda em Ciências e Humanidades pela UFABC. Bolsista JTC/CAPES. Orientada pela Profa. Dra. Ana Keila Mosca Pinezi. Contato: [email protected].

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teologia que rompe com o estigma atribuído ao grupo LGBTT. Esta pesquisa investigou a inserção de indivíduos nessa esfera religiosa, como são pensados sagrado e profano em relação à sexualidade e qual o arsenal simbólico da doutrina dessa igreja. A pesquisa foi realizada em uma igreja inclusiva, a Comunidade Cristã Nova Esperança, em Santo André. Foram feitas entrevistas com membros desse grupo e observação participante nos cultos dessa igreja. A análise se centrará na questão da identidade de gênero e da homossexualidade em relação ao pertencimento a esse grupo religioso autodenominado cristão. Palavras-chave: religião; homossexualidade; Igreja.

*** ICM-SP, o perfil de uma comunidade inclusiva Aramis Luis Silva3 Como parte de um projeto de pesquisa direcionado a analisar de que modo a participação das igrejas cristãs em torno da controvérsia sobre “o casamento gay” (união civil entre pessoas do mesmo sexo) estão reconfigurando os significados das práticas homoafetivas na cena pública brasileira, nos propomos traçar o perfil da Igreja da Comunidade Metropolitana de São Paulo (ICM-SP), uma das denominações religiosas inclusivas da cidade e um dos possíveis lugares de observação desta vasta rede de instituições e agentes que participam dessa controvérsia. Para irmos além de uma descrição etnográfica da instituição, assumimos como missão responder as seguintes questões: como e por que a ICMSP se concebe e é percebida como uma igreja inclusiva distintas das demais? Quais são os marcadores dessa diferença? Que implicações isso traz para a sua pauta de reivindicações políticas? Palavras-chave: religião; inclusão; homossexualidade.

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Doutor e mestre em Antropologia pela USP. Colaborador do Cebrap, membro do GE sobre Mediação e Alteridade (GEMA) e do Grupo Religião e Esfera Pública. Contato: [email protected].

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Igreja Cidade de Refúgio: movimento LGBTTIS ou pentecostal? Regiane Ap. de Lima4 O estudo pretende investigar o processo de religiosidade e socialização dentro da igreja inclusiva de Londrina intitulada Cidade de Refúgio, instituição cristã pentecostal que tem como foco a inclusão de gays, lésbicas, transexuais. Os objetivos que norteiam a observação buscam identificar entre os sujeitos se existe uma perspectiva de reivindicação política, de quebra ao tradicionalismo moral evangélico ou se apenas a procura de espaço religioso. Nesse sentido, observar como acontece as práticas da teologia inclusiva já que se trata de um ramo que explica a inclusão seja ela de negros, mulheres e homossexuais. Palavras-chave: sociologia das religiões; homossexualidade; movimento LGBTTIS; Comunidade Cidade de Refúgio.

*** Igrejas inclusivas: novo movimento religioso ou mais uma igreja cristã emergente? Cosme Alexandre Ribeiro Moreira5 A luta pelos direitos do público LGBT tem gerado calorosos debates nas instituições educacionais, na política, nas mídias sociais e na imprensa falada e escrita. União civil entre pessoas do mesmo sexo, “casamento gay”, Estatuto da Diversidade Sexual, PL 122/06, adoção de crianças por casais homossexuais, dentre outros assuntos ligados ao universo homossexual tem sido exaustivamente trabalhados por diversos setores sociais, o religioso não poderia ser excluído desse processo social. A criação de comunidades religiosas cristãs inclusivas é uma realidade na maior metrópole do Brasil. Como classificar essa nova conformação religiosa, que transcende aos moldes postos e impostos social e religiosamente? Novo Movimento Religioso ou mais uma igreja evangélica que emerge nesse mar de denominações que povoam o espaço religioso brasileiro? 4

Graduanda em Ciências Sociais pela UEL. Membro do PROIC/UEL. Contato: [email protected]. 5 Mestrando em Ciências da Religião pela UMESP. Membro do GE de Gênero e Religião Mandrágora/NETMAL/UMESP. Graduado em Ciências Jurídicas pela UNICID, especialista em Direito Penal pela ESMP, graduado em Teologia pela UMESP. Bolsista CAPES/CNPQ, modalidade Bolsa Flexibilizada. Contato: [email protected].

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Esse trabalho fará uma análise sócio-político-religiosa a respeito do assunto, buscando subsídios que permitam ao menos, uma visão mais ampla a respeito do que seja essa nova conformação religiosa que ganha força no cenário político e religioso brasileiro na atualidade. Palavras-chave: homoafetividade; homossexuais; seitas; igrejas; religiões.

*** Evangélicos e as relações de gênero na implantação de uma Igreja Inclusiva em Campinas Livan Chiroma Veiga6 Nesta, preretendo analisar o trânsito religioso existente durante o processo de implementação de uma igreja inclusiva na cidade de Campinas – SP. As Igrejas Inclusivas tem se multiplicado no Brasil à partir da década de 90 e crescem aceleradamente. Inúmeras denominações, divisões e movimentos incluem-nas como a mais nova protagonista no mapa dos estudos das religiões, trânsito, gênero e sexualidade no Brasil. As construções de gênero apesar da polissemia, proporciona abertura e capilaridade do cotejo gênero e religião. A cidade de Campinas oferece uma oportuna avaliação de interpretações das representações. Localizada no interior de São Paulo, no folclore popular é considera “cidade dos gays”. A comunicação pretende avaliar qualitativamente diversas construções das representações de gênero, analisando o discurso de outras comunidade evangélicas em relação à esta versão, inclusiva. O lócus do trânsito religioso, como disciplina aderida às ciências humanas, pretende analisar as mobilidades, as fusões simbólicas entre os indivíduos religiosos e suas instituições, criando um campo de visão privilegiada destas representações. Embora o campo da religião no Brasil seja intensamente plural, a inclusão de homossexuais nas dinâmicas internas das comunidade religiosas ainda é tabu. Palavras-chave: evangélicos; igreja inclusiva; trânsito religioso; fundamentalismos.

*** 6

Mestrando em Ciências da Religião pela UMESP. Graduado em Comunicação Social pela UNIP e bacharel em Teologia pela FTBC, graduando em Ciências Sociais pela UNICAMP. Filiado ao GIPESP - Grupo Interdisciplinar de pesquisa da Sociologia do Protestantismo. Bolsista CNPQ. Contato: [email protected].

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A pomba-gira sou eu – aspectos de identidade da religiosidade Afro com a transexualidade Tássio Acosta Rodrigues7 A identidade de Gênero das pombas-giras, independente do médium que a recebe, traz a possibilidade do debate sobre como a imposição de gênero dicotômico através da heteronormatização de Warner (1991) engessa a subjetividade da sexualidade por intermédio dos dispositivos históricos de Foucault (1988). Discursos esses que normatizam, regulamentam e instauram saberes sobre o Corpo. Partindo deste principio, a identidade das pessoas transexuais femininas para com as pomba-giras não apenas foi imediata como também o pertencimento de identidade com aquela entidade. John Money (1973) afirmou a respeito da possibilidade de separação entre o “sexo-real” biológico e a subjetividade de gênero, estabelecido através das influências culturais Castel (2003). A partir de entrevistas qualitativas e análises discursivas com transexuais femininos objetivando o entendimento de sua própria identidade de gênero, o trabalho passa a analisar de acordo com Ceccarelli (2008) que, assim como a pomba-gira, a transexual é “inquilino no próprio corpo, ‘em trânsito’ em um corpo estrangeiro, posto que não reconhecido como seu, o transexual testemunha um arranjo pulsional singular: a cartografia erógena que constitui de seu corpo apresenta certas partes que, do ponto de vista da economia libidinal, são como inexistentes”. Palavras-chave: transexualidade, religião afro, umbanda, candomblé, identidade de gênero.

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Cursando especializações em Ética, Valores e Cidadania na Escola, pela USP, e em Patrimônio Histórico, Memória e Preservação pela Universidade Santa Cecília, graduado em História pela Universidade Católica de Santos. Contato: [email protected]. 284

GT15 – (In)tolerância, gênero e religião Coordenadoras Maria José Fontelas Rosado Nunes Doutora em Ciências da Religião pela PUC/SP. Professora na PUC/SP. Pesquisadora do CNPQ.

Josefa Buendia Gómez Doutora em Literatura Espanhola e Hispano-Americana pela USP. Professora na Faculdade Sumaré.

Comentador/a Breno Martins Campos Doutor pela PUC/Camp.

Paula Leonardi Doutora em Educação pela USP. Professora na Universidade São Francisco.

Resumo O Brasil tem sido considerado um país de fácil convivência entre diferentes, inclusive no campo das religiões. Nos últimos anos, porém, à medida em que a sociedade se torna cada vez mais plural em termos religiosos, temos assistido a manifestações públicas de intolerância. Tais manifestações dão-se em um contexto político novo de investimento de setores religiosos conservadores na sociedade e no Estado, seja disputando lugares de poder no Executivo, seja conquistando espaços cada vez maiores no Parlamento ou ainda, ampliando as possibilidades de incidência social pelo uso das mídias e do trabalho de assistência. A ampliação do poder político desses grupos expressa-se, entre outros, nas tentativas de reverter avanços em relação a direitos nos campos da sexualidade e da reprodução, afetando diretamente a população LGBTTI e, particularmente, as mulheres. O GT propõe a discussão de questões que dizem respeito às articulações entre liberdade religiosa, democracia e a efetivação dos direitos de cidadania em um Estado constitucionalmente laico.

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Dia

29/10 (3ª feira)

30/10 (4ª feira)

31/10 (5ª feira)

Comunic.

Sem atividades

Intolerância religiosa no Brasil: características, estratégias de enfrentamento e tendências no Serviço Social

Sem atividades

Graziela Ferreira Quintão UFF

Comunidades de Terreiro: relatos da intolerância Lucas de Deus da Silva PUC/RJ

Da Ortodoxia ao Clericalismo: Igreja, Estado e as tentativas de influência eclesiástica no poder público Guilherme Borges Ferreira Costa USP

“Eu amo os homossexuais como eu amo os bandidos”: o pensamento religioso de Silas Malafaia Andrew Feitosa do Nascimento FMS

Discurso, poder e mulheres na cibercultura: uma análise das consequências sócio-políticas do conceito de coporeidade difundido no ciberespaço por adeptas das novas espiritualidades femininas e formação de capital simbólico e social Sabrina Alves PUC/SP

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30 de outubro, quarta-feira Comunicações Intolerância religiosa no Brasil: características, estratégias de enfrentamento e tendências no Serviço Social Graziela Ferreira Quintão1 Historicamente, as religiões têm desempenhado papel importante nas relações sociais, políticas e econômicas na sociedade brasileira. A ampliação dos direitos ao exercício da liberdade religiosa tem se destacado como importante fenômeno na democracia no Brasil. Na sociedade civil e nos movimentos sociais em particular, a religião vem ocupando um espaço diferenciado, o que têm levado a ações de movimentos sociais, e à luta por uma política pública específica, o Plano Nacional de Combate à Intolerância Religiosa. Considerando a importância deste tema para a comunidade do Serviço Social, apresentaremos dados de um levantamento de estudos produzidos em programas de pós-graduação na área de Serviço Social e dos posicionamentos políticos de sua principal entidade representativa - o Conselho Federal de Serviço Social - em relação a discussões e ações de movimentos sociais acerca da liberdade e intolerância religiosa no Brasil Palavras-chave: liberdade religiosa; intolerância religiosa; Serviço Social.

*** Comunidades de Terreiro: relatos da intolerância Lucas de Deus da Silva2 O presente trabalho tem por finalidade analisar os dados coletados através do questionário aplicado durante a pesquisa do “Mapeamento das Casas de Religiões de Matriz Africana do Rio de Janeiro” realizada pela PUC-Rio, com o intuito de identificar a maneira pela qual a intolerância religiosa se manifesta no Rio de Janeiro, a fim de dar visibilidade às manifestações de preconceito e discriminação a 1

Assistente Social do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro. Mestre em Política Social pela UFF. Contato: [email protected]. 2 Bacharelando em Ciências Sociais pela PUC/RJ. Bolsista PIBIC/CNPq. Orientado pela Profa. Dra. Sonia Maria Giacomini. Contato: [email protected].

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que estão sujeitos os indivíduos praticantes das religiões de matriz africana. Com a análise desses questionários foi construída uma base de dados que nos permitiu classificar, tipificar e quantificar as práticas discriminatórias do universo pesquisado. Baseado em uma reflexão antropológica acerca dos dados produzidos na pesquisa, parece-nos vir à tona a necessidade de se construir políticas públicas efetivas que combatam as discriminações sofridas pelas Comunidades de Terreiro do Rio de Janeiro, fortalecendo a democracia e os direitos de cidadania reconhecidos em um Estado laico. Palavras-chave: intolerância religiosa; religiões de matriz africana; discriminação.

*** Da Ortodoxia ao Clericalismo: Igreja, Estado e as tentativas de influência eclesiástica no poder público Guilherme Borges Ferreira Costa3 A exposição toma como ponto de partida a observação dos embates múltiplos entre representantes do poder federal e clero católico desencadeados pela divulgação oficial do 3º Programa Nacional de Direitos Humanos (PNDH-3). A ideia é fazer uma análise do possível prestígio daquele discurso religioso marcadamente conservador e do seu potencial de persuasão, tanto no interior das fileiras institucionais eclesiásticas, quanto no que concerne às esferas propriamente estatais. A partir de um feixe de episódios recentes, procura-se observar a quantas anda o poderio político da hierarquia clerical, tendo como locus teórico a problemática dos direitos sexuais e reprodutivos. A hipótese de trabalho se apresenta, por sua vez, no feitio de uma constatação em duas bandas: o mesmo conservadorismo que galga cada vez mais posições dentro das fronteiras estreitas da Igreja solene, está gradativamente a perder espaço na execução e manutenção da forma da Lei que rege nossa sociedade brasileira. Palavras-chave: direitos sexuais e reprodutivos; Igreja Católica; esfera pública; modernidade.

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Mestrando em Sociologia pela USP. Graduado em Ciências Sociais pela USP. Orientado pela Profa. Dra. Maria Helena Oliva Augusto. Bolsista CAPES. Contato: [email protected].

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Eu amo os homossexuais como eu amo os bandidos”: o pensamento religioso de Silas Malafaia Andrew Feitosa do Nascimento4 Nas tradições religiosas de origem abraâmica, representaram, no transcurso da história, muito bem o papel de normalizadoras da conduta, com seus processos específicos de controle e repressão. No Brasil, a tradição religiosa cristã, própria do processo colonizador, construiu bases sólidas para manutenção de sua hegemonia. A partir da segunda metade do séc. XX, o espaço somente ocupado pela Igreja Católica, começou a ser dividido pelo crescente avanço dos pentecostalismos e neo-pentecostalismos. Na passagem do século, figuras religiosas ocupam espaços em programas televisivos e em outras mídias. Destes, destacamos a atuação do pastor Silas Malafaia e sua construção discursiva acerca da homossexualidade. A partir do levantamento no portal eletrônico mídiagospel.com, delimitado nas entrevistas e na coluna deste pastor e na seção comentários, ambicionamos compreender a justificação religiosa contra a população LGBT, destacando um dos principais polemistas evangélicos em atividade no país Palavras-chave: religião; homossexualidade; gênero; estudos LGBT; heteronormatividade.

*** Discurso, poder e mulheres na cibercultura: uma análise das consequências sócio-políticas do conceito de corporeidade difundido no ciberespaço por adeptas das novas espiritualidades femininas e formação de capital simbólico e social Sabrina Alves5 Interessa-nos averiguar as consequências da forma, do conteúdo e sócio-políticas das mensagens produzidas pelas mulheres adeptas dos “círculos de mulheres” no ambiente do ciberespaço, quando utilizam autonomamente as ferramentas 4

Graduado em Educação Física pela UCDB. Graduando em Turismo pela UFMS. Membro do diretório de pesquisa “Universo Dialógico, do GP em Cultura, Política & Diversidade” (UFMS) e da equipe do projeto de pesquisa “Homossexualidade & Homofobia, Representações & Mídia no Brasil Contemporâneo”. Orientado pelo Prof. Dr. Miguel Rodrigues de Sousa Neto. Contato: [email protected]. 5 Doutoranda em Comunicação e Semiótica pela PUC – SP. Mestre em Ciências da Religião e graduada em Comunicação. Contato: [email protected].

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disponibilizadas pela comunicação em rede, como computadores e sinal de internet em casa sempre à disposição, para fomentar e reproduzir suas concepções e expressões espiritualizadas sobre seus corpos com relação à natureza. Tal pesquisa se dará em torno das consequências sócio-políticas da incomunicação dos grupos “círculos de mulheres” para outros grupos de mulheres que não se reconhecem nos discursos sobre o corpo produzidas em ambiente web por esses grupos. Será trabalhada a suposição preliminar de que, tais membras dos grupos “círculos de mulheres” ao viabilizarem seus conceitos espiritualizados sobre seus corpos ora abririam espaços para novas formas de espiritualidade e capital simbólico na rede, ora, ao não reconhecerem seus privilégios, reforçariam estereótipos de gênero, sexistas, morais e conservadores, incorrendo na incomunicação e estruturas biopolíticas, para alguns, e tendo um grande potencial de adesão, por outros. Palavras-chave: cibercultura; corpo; gênero; novas-religiões.

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GT16 – Marketing, espetáculo e ciberespaço: entre diversidades e (in)tolerâncias religiosas Coordenador/a

Eduardo Meinberg de Albuquerque Maranhão Filho Doutorando em História Social pela USP. Mestre em História pela UDESC.

Jacqueline Ziroldo Dolghie Doutora em Ciências da Religião pela UMESP.

Comentadores do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Religião pela mesma instituição.

Emerson Sena da Silveira Doutor em Ciência da Religião pela UFJF. Professor no Programa de Pós-Graduação da mesma instituição.

Stewart M. Hoover Professor da University of Colorado. Diretor do Center of Media, religion and Culture da mesma instituição.

Leonildo Silveira Campos Doutor em Ciências da Religião pela UMESP. Professor e Coordenador Resumo

De que maneiras mercado, marketing, espetáculo e ciberespaço se articulam às múltiplas formas de (in) tolerâncias e diversidades religiosas? Inspirado por esta questão, este GT propõe-se a analisar trabalhos que envolvam produções como megacultos, corpo, moda, canção, dança e outras manifestações artísticas, relacionados a diferentes formas de mídia, como a impressa, a radiofônica, a televisiva e a cibernética – e preferencialmente, associados à (in) tolerância a pessoas que se identificam através de marcadores sociais diversos (identidade de gênero, orientação sexual, cor, geração, etc.). Serão bem vindos trabalhos que apresentem análises e suscitem diálogos a partir de etnografias, etnografias digitais, histórias orais, narrativas pessoais, análises de imagens, discursos e outras possibilidades teórico-metodológicas. 291

Dia

29/10 (3ª feira)

30/10 (4ª feira)

31/10 (5ª feira)

Comunic.

O marketing eletrônico como instrumento de manipulação da fé

O que dizem os evangélicos sobre o incêndio na boate Kiss: lazer e (in) tolerância cultural

Religião e Ciberespaço: cultura do imaterial e elementos da estética classicista no portal dos Arautos do Evangelho

Waldney de Sousa Rodrigues Costa UFJF

Flávia Gabriela da Costa UNIP

Catolicismo renovado nas mídias sociais: o discurso mercadológico de um popstar da fé

Comunidades religiosas nas redes sociais virtuais: conexão técnica ou vínculo comunitário?

Karla Regina Macena Pereira Patriota Bronsztein UFPE

Jorge Miklos UNIP

José Wagner Ribeiro UFAL

A mão de Deus está aqui e na televisão: análise etnográfica dos cultos da Igreja Mundial do Poder de Deus (IMPD), na Sede Regional, em São Luís MA Jaciara Fonseca dos Santos UFMA

Adriana do Amaral Freire UFPE

Anjos, demônios sociais e canções de amor

Nichos cibernéticos de performance religiosa: a conversação em chats da Canção Nova

O Testemunho Religioso no ciberespaço: uma forma (cri)ativa de interpelar o outro

Emerson Sena da Silveira UFJF

Ronivaldo Moreira de Souza Unida/ES

“Juntos outra vez”: canção, espetáculo e marketing religioso no Louvor Norte

Lápides, flores e velas virtuais: os cemitérios online (1990-2013)

E quando Deus vira Google? O adolescente e sua percepção sobre Deus no Facebook

Giovana dos Anjos Ferreira UEPA

Julia Massucheti Tomasi UFSC

Análise de discurso da marca da igreja Bola de Neve

Mercado, música e espetáculo: novos espaços e legitimações religiosas

Claudefranklin Monteiro Santos UFS

Anna Maria Salustiano UFPE

Jacqueline Ziroldo Dolghie UMESP

Kate Fabiani Rigo EST

Narrativas digitais nas diversas redes educativas que atravessam as aprendizagens em terreiros de Candomblé no Brasil Máira Conceição Alves Pereira IBMR

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A grande onda vai te pegar: marketing, espetáculo e ciberespaço na Bola de Neve Church

Mborai: o canto sagrado guarani João José de Felix Pereira UMESP

Eduardo Meinberg de Albuquerque Maranhão Fº USP

Pôsteres

A propagação da fé através do e-mail numa visão da Mística e do Sagrado Valter Luís de Avellar UCP

A Internet e seus perigos: individualismo e poder entre as Testemunhas de Jeová Suzana Ramos Coutinho Mackenzie

A espetacularização do culto: uma análise dos shows gospel a partir da Marcha para Jesus Gabriel de Melo Pontes Mackenzie

Imagens intolerantes: proselitismo neoateu no Facebook Rogério Fernandes da Silva PUC/SP

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29 de outubro, terça-feira Comunicações O marketing eletrônico como instrumento de manipulação da fé José Wagner Ribeiro1 Este texto propõe uma análise da utilização de técnica do marketing eletrônico pelas Igrejas, principalmente pela IURD – “Igreja Universal do Reino de Deus”, analisa também o caráter mercantil da religião, características estas que apesar de sempre existente na história das religiões, acirrou-se de sobremaneira com o advento da televisão e do espírito capitalista, sobretudo recentemente com as igrejas constitui-se um grande exemplo de eficácia na utilização de estratégias de marketing eletrônico televisivo, sendo este um dos principais motivos de sucesso no “mercado religioso”. Palavras-chave: marketing; televisão; religião.

*** A mão de Deus está aqui e na televisão: análise etnográfica dos cultos da Igreja Mundial do Poder de Deus (IMPD), na Sede Regional, em São Luís MA Jaciara Fonseca dos Santo 2 A IMPD apresenta um crescimento vertiginoso em seus 15 anos de atuação no cenário religioso brasileiro. Deve-se tal fato ao seu discurso religioso basear-se na ênfase do milagre de cura, do uso dos testemunhos, na realização de megacultos, da figura carismática embutida na imagem de seus líderes e do recurso ao universo midiático? Empreenderemos aqui uma tentativa de compreensão da instrumentalização desses elementos, na dinâmica de atuação da única igreja neopentecostal que atualmente impõe-se como maior concorrente da já 1

Professor associado III na UFAL. Pós-doutor pela Universidade do Minho (Braga), Doutor pela UFRJ e Mestre pela USP. Coordenador do NEPEC, Vice Coordenador do Intermídia. Contato: [email protected] . 2 Graduada em História pela UFMA. Membro do GP História e Religião. Orientada pela Prof. Dr. Lyndon de Araújo Santos. Contato: [email protected].

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estabelecida e maior representante do neopentecostalismo no Brasil, a Igreja Universal do Reino de Deus, da qual o líder e fundador da IMPD, o autointitulado Apóstolo Valdemiro Santiago foi bispo. A IMPD em São Luís e o papel por ela exercido na configuração religiosa brasileira serão analisados através da articulação de categorias de análise como o carisma, discurso, dentre outros, e do ritual- o culto enquanto espaço de atuação, como também da utilização da mídia enquanto instrumento de proselitismo e propaganda. Utilizamos como metodologia de pesquisa abordagens etnográficas por meio da observação participante dos rituais, dos discursos, das posturas, da estética e dos usos simbólicos de artefatos sagrados em cultos da Igreja Mundial do Poder de Deus, em São Luís – MA. Palavras-chave: IMPD; São Luís-MA; televisão.

*** Anjos, demônios sociais e canções de amor Claudefranklin Monteiro Santos 3 Criada em 1982, na cidade de Brasília, a banda Legião Urbana alcançou sucesso e popularidade, sobretudo entre os jovens. Empunhando um rock de protesto e sob a liderança de Renato Russo, se transformou numa bandeira de luta social para uma juventude carente de liberdade e ainda aprendendo a viver com uma democracia muito tênue. Ao passo em que seus componentes amadureciam frente à conjuntura histórica, seu líder vivia às voltas com um drama pessoal que o levou a óbito em 11 de outubro de 1996: a AIDS. De Faroeste Caboclo a Pais e Filhos, entre demônios sociais e canções de amor, a Banda Legião Urbana apresenta um repertório rico de possibilidades para os estudiosos das religiosidades no mundo contemporâneo, revelando um sentimento que ultrapassa, ao tempo em que também atravessa, o institucionalmente estabelecido. O presente trabalho quer mergulhar nesse potencial analítico e procurar entender o universo social e religioso do Brasil dos anos oitenta e noventa do século XX, à luz de uma discussão historiográfica. Palavras-chave: história social do rock brasileiro; Legião Urbana; religiosidade.

*** 3

Doutorando em História pela UFPE. Professor do DHI – UFS. Membro do GPCIR (GP Cultura, Identidades e Religiosidades), da Academia Sergipana de Letras, Academia Lagartense de Letras (ALL) e Instituto Histórico e Geográfico de Sergipe (IHGSE). Contato: [email protected].

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“Juntos outra vez”: canção, espetáculo e marketing religioso no Louvor Norte Giovana dos Anjos Ferreira4 A partir da pluralidade dos estudos sobre o gospel e o crescente espaço que o mesmo continua alcançando nas mídias, a presente produção busca compreender a sua configuração no contexto paraense, especificamente, na Região Metropolitana de Belém. Refletindo sobre as diversas formas que o gospel apresenta na contemporaneidade e como esse novo estilo de adoração ao sagrado vem se adaptando e adequando as especificidades locais, ou seja, como interfere na, e sofre interferências da cultura brasileira, tomo como exemplo o Louvor Norte, festival de canções gospel – evento já tradicional na cidade e que ocorre desde 1987. A comunicação será construída por meio de pesquisa bibliográfica e de pesquisa de campo. Palavras-chave: gospel; mídia, Louvor Norte; espetáculo.

*** Análise de discurso da marca da igreja Bola de Neve Anna Maria Salustiano5 Inserida na ideia de sociedade do espetáculo a religião, para continuar produzindo sentido, alia-se à lógica proposta pelo consumo e fabrica conteúdo coerente com os meios de comunicação. A marca pensada aqui como uma das formas de sobrevivência da instituição eclesiástica faz o fiel acreditar e incorporar simbolicamente novas regras ditas no espaço sagrado, atribuindo a esse seguidor um novo papel nesse campo, que antes era pensado apenas da ótica publicitária. O presente artigo aborda as estratégias discursivas utilizadas da Igreja Bola de Neve, como marca, visando o fortalecimento da crença e a confiança dos seguidores, em sua maioria jovens e praticantes de algum esporte radical. As soluções híbridas causadas pelo entrelaçamento das ações publicitárias evidenciam as funções de anúncios religiosos ligados ao entretenimento e à nova comunicação estabelecida entre pastor e fiel. 4

Graduada em Ciências da Religião pela UEPA. Membro do GE Musicais da Amazônia (GEMAM) e do GP Movimentos, Instituições e Culturas Evangélicas na Amazônia (MICEA). Orientada pela Prof. Dr. : Denise de Sousa Simões Rodrigues (UEPA) e Eduardo Meinberg de Albuquerque Maranhão Fº (USP) . Contato: [email protected]. 5 Mestranda em Comunicação pela UFPE. Especialista em Assessoria de Comunicação. Orientada pelo Prof. Dr. Rogério Covaleski. Contato: [email protected].

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Palavras-chave: religião; publicidade; discurso; marca.

*** A grande onda vai te pegar: marketing, espetáculo e ciberespaço na Bola de Neve Church Eduardo Meinberg de Albuquerque Maranhão F º6 Apresento aqui, sinteticamente, algumas das relações entre o marketing de guerra santa empreendido pela Bola de Neve Church e seus discursos (congelados e derretidos), identificados através de seus esforços de midiatização e espetacularização – e tendo como principal plataforma midiatizadora o ciberespaço (mais especificamente, a internet). Palavras-chave: Bola de Neve Church; marketing; espetáculo; ciberespaço; internet.

*** Pôster A propagação da fé através do e-mail numa visão da Mística e do Sagrado Valter Luis de Avellar 7 Nesses tempos pós-modernos, o uso da Internet, em especial o e-mail, vem se popularizando cada vez mais como um novo meio de comunicação para a propagação da fé, através de mensagens relacionadas à atitude, valores positivos, otimismo, sabedoria e espiritualidade, sem haver menção a quaisquer dogmas, ritos ou crenças religiosas. No artigo são apresentados alguns conceitos que podem ser aplicados a esse fenômeno do e-mail como a Espiritualidade, a Mística, o Sagrado, a Ética, a Moral e os Valores. Em nosso entender, uma das motivações dos internautas, ao enviarem mensagens humanísticas e espirituais, tem conexão com a propagação da experiência mística pessoal. Quanto aos efeitos, o fenômeno pode proporcionar o encontro com o Sagrado e suas conseqüências éticas.

Palavras-chave: internet, propagação da fé, Sagrado, Mística.

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Doutorando em História pela USP. Mestre em História pela UDESC e especialista em Marketing e Comunicação Social pela Cásper Líbero. Contato: [email protected]. 7 Mestre em Ciências da Religião pela UNICAP. Contato: [email protected].

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30 de outubro, quarta-feira Comunicações O que dizem os evangélicos sobre o incêndio na boate Kiss: lazer e (in) tolerância cultural Waldney de Sousa Rodrigues Costa 8 O evento “Aglomerados” em Santa Maria - RS culminou no incêndio da boate Kiss que gerou grande comoção pública, incitando diversos atores a se pronunciarem sobre o caso. Este trabalho visa problematizar declarações e discursos de evangélicos sobre o ocorrido. Analisando falas coletadas em pesquisa etnográfica e em sites e redes sociais, o objetivo principal é apresentar como, apesar de vários destes sujeitos se envolverem em atividades de lazer aparentemente semelhantes, algumas características do evento em que se originou o incêndio são vistas como pecaminosas e condenadas. Pretende-se desta forma destacar a relação ambígua dos evangélicos com o lazer. Se por um lado se abrem a combinações que dão origem a eventos como megacultos, shows e espetáculos gospel, por outro mantêm um repto a algumas formas comuns de lazer, o que neste trabalho é entendido como (in) tolerância cultural. Palavras-chave: evangélicos; incêndio na boate Kiss; Santa Maria – RS; lazer; intolerância cultural.

*** Catolicismo renovado nas mídias sociais: o discurso mercadológico de um popstar da fé Karla Regina Macena Pereira Patriota Bronsztein9 Adriana do Amaral Freire10 8

Mestrando em Ciência da Religião pela UFJF. Bacharel em Ciências Humanas pela UFJF e em Teologia pela Fac. Unida de Vitória – ES. Bolsista CAPES. Orientado pelo Prof. Dr. Emerson Sena da Silveira. Contato: [email protected]. 9 Pós-doutoranda na University of Cambridge. Doutora em Sociologia pela UFPE, Professora Adjunta 2 de Publicidade e Propaganda na UFPE e no PPGCOM – UFPE. Coordenadora do GP Publicidade nas Novas Mídias. Contato: [email protected].

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O artigo propõe, como objetivo, analisar usos e discursos atribuídos ao Padre Fábio de Melo, personalidade midiática do catolicismo, numa perspectiva mercadológica e espetacular, classificando-o como um popstar da fé. Como base teórica que fundamentou a pesquisa, contamos com referências como Debord (1997), Campos (1997), Guerra (2003) e Souza (2005). Na construção do percurso teórico, conceitual e analítico, descrevemos as relações e investidas da Igreja Católica na mídia, principalmente nas últimas décadas, e o perfil profissional, artístico e midiático do personagem principal desta análise, o Padre Fábio de Melo. Para a efetivação da análise discursiva coletamos conteúdos dos seus perfis nas redes sociais Twitter e Facebook. Tais observações nos levaram a ponderar que a dimensão espetacular e mercadológica das ações do Padre Fábio se constituem como respostas ao contínuo imperativo que as diversas organizações religiosas – incluída a Igreja Católica – tem para responder às demandas dos fiéisconsumidores, o que solicita, por conseguinte, a modelagem no conteúdo discursivo, a oferta de produtos atrativos (muitos de cunho espetacular) e a instauração de um novo tipo de diálogo. Palavras-chave: Padre Fábio de Melo; mídias sociais digitais; análise do discurso; marketing; espetáculo.

*** Nichos cibernéticos de performance religiosa: a conversação em chats da canção nova11 Emerson José Sena da Silveira12 No Brasil, a partir dos anos 2000, a Internet cresceu rapidamente. Esse novo mundo cibernético afetou as religiões e as relações sociais que os adeptos de grupos e movimentos religiosos travam entre si e entre outros não adeptos. Espalhando-se a partir das religiosidades evangélicas, o catolicismo aprofundou sua presença nesse espaço, principalmente a partir do movimento carismático 10

Doutoranda pelo PPGCOM /UFPE, mestra em Extensão Rural e Desenvolvimento Local pela UFRPE, especialista em Administração com Ênfase em Marketing. Bolsista Capes. Contato: [email protected]. 11 Este texto foi desenvolvido a partir dos dados contidos no relatório de pós-doutoramento em Antropologia, desenvolvido no PPCIR – Programa de Pós-Graduação em Ciência da Religião (PPCIR), da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), entre 2008 e 2009, com bolsa financiada pelo CNPQ. 12 Antropólogo. Doutor em Ciência da Religião pela UFJF. Professor Adjunto no Departamento de Ciência da Religião e do PPCIR da UFJF. Contato: [email protected].

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católico, que passou a investir intensivamente nos novos meios de comunicação. Para exemplificar essa nova dinâmica identitária, escolheram-se, como “campo etnográfico virtual”, as salas de bate-papo on-line de uma das mais importantes comunidades católico-carismáticas: a Canção Nova. Essas salas, conhecidas como chats ou sistemas de comunicação eletrônica, simulam um ambiente em que pessoas conversam entre si. A pesquisa estendeu-se por quatro meses entre 2008 e 2009, em horários alternados, e permitiu identificar alguns padrões de interação. Foram pesquisados dois tipos de chats: o dirigido, com a presença de uma personalidade convidada e conduzido por um chat-master(“supervisor” da sala); e o livre, em que se conversa de forma espontânea. Constatou-se que a conversação é dinâmica, mas seu desenho mantém algumas configurações básicas, como a intensa troca de frases, simulação e mimese de identidades e símbolos linguísticos. Essa atividade, apesar da força da tradição religiosa, torna-se “um enorme jogo sem fim” ou uma “festa linguística” para onde se leva a “língua”, ao invés de “bebida”, e onde a identidade religiosa torna-se um processo linguístico-religioso, ao invés reificar-se como pureza dogmática. Palavras-chave: identidade religiosa; espaço cibernético; chats católicocarismáticos.

*** Lápides, flores e velas virtuais: os cemitérios on-line (1990-2013) Julia Massucheti Tomasi13 No decorrer do século XX, em muitos países ocidentais, e principalmente nas zonas urbanas, observam-se variadas modificações nos ritos fúnebres, de forma que a morte acabou sendo, em muitos casos, “reprimida”. Entre esses rituais que sofreram alterações está o luto, tornando-se geralmente uma prática solitária, individual, introspectiva e silenciada. Juntamente com essas transformações dos rituais de morte, percebem-se novas formas em lidar com a perda no mundo virtual. Diversificadas práticas de luto são encontradas na internet, como nos sites de cemitérios on-line, que são criados para preservar a memória do falecido. Existentes desde meados da década de 1990, os cemitérios on-line têm como principal objetivo disponibilizar páginas com memoriais de pessoas mortas. Procura-se então mostrar com este artigo, como em tempos de morte interdita e introspectiva, a internet tornou-se um ambiente para demonstrar a dor e a saudade do ente falecido. Palavras-chave: Luto; ritos fúnebres; morte contemporânea; cemitérios on-line; internet. 13

Doutoranda em História pela UFSC. Contato: [email protected].

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*** Mercado, música e espetáculo: novos espaços e legitimações religiosas Jacqueline Ziroldo Dolghie 14 Há muito o mercado fonográfico brasileiro vem sendo estudado e sua expansão e solidificação mostram que tal fenômeno não foi ou é meramente um “modismo” do campo evangélico. Objeto de nosso estudo, a canção evangélica de adoração tem tomado boa parte do mercado religioso e possibilitado que novas experiências religiosas sejam vivenciadas em espaços não-institucionais e de formas não convencionais por muitas igrejas/denominações evangélicas. Assim, propomos problematizar a vivência institucional frente a força do mercado na criação de novos espaços e novas formas de legitimação da experiência religiosa, que agora não carece mais do reconhecimento das igrejas/instituições, nem tampouco está submetida ao seu controle. Palavras-chave: mercado; adoração; experiência religiosa; denominação.

*** Mborai: o canto sagrado guarani João José de Félix Pereira15 Mborai: O Canto Sagrado Guarani, forma com Mimby: A Arte de Fazer e Tocar Flautas de Bambu e Mborayu: Um Conceito da Espiritualidade Guarani, uma trilogia sobre a música e a espiritualidade Guarani. Entre 1991 e 1995 escrevi a dissertação de mestrado Mimby: A Arte de Fazer e Tocar Flautas de Bambu. Essa dissertação foi defendida em 1995 no programa de Comunicação e Semiótica da PUC/SP. Entre 2008 e 2010 escrevi a tese de doutorado Mborayu: Um Conceito Da Espiritualidade Guarani, essa tese foi defendido em 2010, no programa de Ciências da Religião da UMESP. O estudo que apresento, agora, faz parte da minha pesquisa de pós-doutorado, nela me detive especificamente na poética do Mborai, Canto Guarani, cujo conteúdo tem cunho religioso, linguagem afetiva que

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Doutora e mestre em Ciências Sociais e Religião pela UMESP. Líder do GP “Cultura, Sociedade e Representações”. Contato: [email protected]. 15 Doutor em Ciências da Religião pela UMESP. Professor de Composição Musical na Universidade do Estado do Paraná/UNESPAR. Membro do grupo de pesquisa NETMAL da UMESP. Orientado pela Profa. Dra. Sandra Duarte de Souza. Contato: [email protected].

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é compartilhada reciprocamente por todos que tem em si o sentimento de pertença a esse liame social.

*** Pôster A espetacularização do culto: uma análise dos shows gospel a partir da Marcha para Jesus Gabriel de Melo Pontes16 Este projeto objetiva uma descrição de como as instituições religiosas têm adaptado seus recursos simbólicos com a finalidade de assegurar sua sobrevivência, expansão e legitimação no cosmo sagrado atual. Partindo-se de uma análise da Marcha para Jesus, evento realizado anualmente em São Paulo pela Igreja Renascer em Cristo, a pesquisa mostra, mediante compreensão do contexto histórico-sociológico, que o fenômeno da espetacularização do culto observado nos shows gospel neopentecostais está relacionado a um processo de dessacralização religiosa e à inserção do evento litúrgico à lógica do mercado e dos eventos comerciais. O estudo, portanto, propõe uma reflexão elucidativa à proposta de que a religião no mundo atual apresenta um processo de esvaziamento institucional, pluralidade, dessacralização e individualismo e de que sua manifestação dá-se atualmente em cultos mais apropriados aos novos tempos (CAMPOS, 1997, p. 31). Palavras-chave: marcha; espetacularização; dessacralização; gospel.

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Bacharelando em Teologia pelo Mackenzie. Membro do GP Espetacularização do Sagrado, Orientado pela Profa. Dra. Lídice Meyer Pinto Ribeiro. Contato: [email protected].

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31 de outubro, quinta-feira Comunicações Religião e Ciberespaço: cultura do imaterial e elementos da estética classicista no portal dos Arautos do Evangelho Flávia Gabriela da Costa Rosa17 A pesquisa investiga as relações entre cibercultura e religião frente às novas tecnologias digitais de comunicação. Elegemos a vertente católica denominada Arautos do Evangelho e sua presença no cyberspace. O objetivo foi analisar a transformação da linguagem dos Arautos do Evangelho e os recursos utilizados para se relacionarem com seu público no cyberspace e a tentativa de criação de um ambiente para um sujeito não corpóreo. Nossas hipóteses consideraram que o movimento religioso busca estimular a cultura do imaterial por meio de elementos da estética classicista. Para a análise estabelecemos como corpus o portal do movimento na internet (www.arautos.org) no período de fevereiro de 2011 a dezembro de 2012. No referencial teórico utilizamos os estudos de Mircea Eliade, Joseph Campbell e Vilém Flusser. Sobre a intersecção Mídia/Religião, os estudos de Alberto Klein e Jorge Miklos. Malena Segura Contrera contribui com seus estudos sobre mediosfera e seu lugar no imaginário religioso. Palavras-chave: imaginário midiático; cibercultura; ciber-religião; arautos do evangelho.

*** Comunidades religiosas nas redes sociais virtuais: conexão técnica ou vínculo comunitário? Jorge Miklos18

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Mestre em Comunicação pela UNIP. Membro do GP Mídia e Estudos do Imaginário (UNIP). Orientada pela Profa. Dra. Malena Contrera. Contato: [email protected]. 18 Doutor em Comunicação e Semiótica e Mestre em Ciências da Religião pela PUC/SP. Professor titular no PPG em Comunicação e Cultura Midiática da UNIP. Pesquisador do GP Mídia e Estudos do Imaginário (UNIP). Diretor Presidente do Centro Interdisciplinar de Semiótica da Cultura e da Mídia da PUC – SP. Contato: [email protected].

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Atualmente grupos religiosos engendram o associativismo religioso por meio da conexão midiática nas redes cibernéticas. Grupos religiosos celebram as “redes” com um novo ambiente de comunicação reticular capaz de promover laços sociais entre os indivíduos que envolvem-se nesse nova ambiência de pertencimento. Que implicações essa midiatização do campo religioso sinaliza? Esta comunicação tem por objetivo desmistificar o discurso ufanista acerca da cultura digital. A despeito do clima otimista que assenta na tecnologia de comunicação digital a esperança de uma interação livre, a cibercultura é um cenário mais avançado da cultura de massas e da indústria cultural. O que há nas redes é conexão técnica, fluxo informacional, espetacularização do ritual, transformação do sagrado em mercadoria, transformação dos líderes religiosos em celebridades, reprodução do individualismo e intolerância. Palavras-chave: cibercultura; comunidades religiosas; redes sociais virtuais; espetáculo; intolerância.

*** O Testemunho Religioso no ciberespaço: uma forma (cri)ativa de interpelar o outro Ronivaldo Moreira de Souza19 A proposta desta pesquisa é investigar o gênero de discurso que ocupa o centro da liturgia nas igrejas neopentecostais constituindo-se como um dos principais gêneros religiosos de persuasão midiática e promoção institucional: o Testemunho Religioso. Recorrendo aos pressupostos teóricos da Escola Francesa de Análise do Discurso, esta pesquisa investiga como a Igreja Universal do Reino de Deus utiliza este misto testemunho-publicidade para interpelar o enunciatário em uma mídia caracterizada pela diversidade e alcance das mensagens, considerando-se ainda a natureza diversificada da audiência na mídia digital e sua maneira dispersa de buscar informação. Como foco investigativo a pesquisa analisa o acervo de testemunhos da Universal postados no endereço eletrônico www.eucreioemmilagres.com.br. Palavras-chave: Testemunho Religioso; Igreja Universal do Reino de Deus; mídia digital.

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Mestrando em Ciências das Religiões pela Faculdade Unida de Vitória. Contato: [email protected].

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E quando Deus vira Google? O adolescente e sua percepção sobre Deus no Facebook Kate Fabiani Rigo20 O adolescente virtualizado do século XXI não está tendo oportunidade dentro do espaço escolar e nem religioso de refletir sobre as questões que a sua religiosidade e sua visão sobre a figura de Deus. A internet o ouve, o vê, o informa e o acolhe, assim é possível entender que muitos adolescentes acabam associando Google a figura de Deus. O estudo foi realizado a partir da pesquisa etnográfica virtual usando páginas do Facebook com o objetivo de perceber a visão de Deus que o adolescente compartilha no espaço virtual. Palavras-chave: adolescente; Facebook; Deus.

*** Narrativas digitais nas diversas redes educativas que atravessam as aprendizagens em terreiros de Candomblé no Brasil Máira Conceição Alves Pereira21 Este trabalho tem o objetivo de analisar as narrativas digitais construídas por meio de imagens, vídeos, textos e interações em redes sociais digitais compartilhados por praticantes dos terreiros de Candomblé. O eixo da análise recai sobre as diversas redes educativas que se entrelaçam cotidianamente nesses terreiros, alcançando o ciberespaço, e inspira-se em Caputo (2012), cuja pesquisa de vinte anos com crianças de Candomblé revela que elas escondem sua fé na escola por se sentirem discriminadas, tanto religiosa quanto racialmente. O papel das narrativas digitais será analisado em sua potência criadora de novos significados para os praticantes do Candomblé, conferindo mais visibilidade para a religião e contribuindo para a superação do preconceito, viabilizando novas aprendizagens e fortalecendo identidades de forma alinhada com a concepção de que as redes se inserem em todas as fibras do cotidiano. Palavras-chave: candomblé; narrativas digitais; redes educativas; redes sociais.

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Doutoranda em Religião pela EST. Contato: [email protected]. Mestre em Administração Pública e Empresarial pela FGV/RJ. Professora de Psicologia do Centro Universitário IBMR. Pesquisadora nível I CAPES. Participante do GP Ilè Obà Òyó do PPGE/UERJ. Contato: [email protected]. 21

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A Internet e seus perigos: individualismo e poder entre as Testemunhas de Jeová Suzana Ramos Coutinho22 A prática missionária das Testemunhas de Jeová é resultado de uma série de ações que as encaminham ao proselitismo. O principal modo de comunicação para o seu contato com o mundo, dado através do diálogo pessoal e da distribuição de suas publicações escritas, destaca o fato de não utilizarem a Internet enquanto espaço proselitista, em contraste com diversos outros grupos religiosos. Esta comunicação visa discutir os diferentes elementos utilizados pelo grupo em sua prática missionária levando em consideração que sua ação proselitista e de comunicação é elaborado sob padrões diferenciados daqueles da comunicação no mundo atual. Palavras-chave: Testemunhas de Jeová; comunicação; missão.

*** Pôster Imagens intolerantes: proselitismo neoateu no Facebook Rogério Fernandes da Silva23 Este trabalho visa discutir como a intolerância antirreligiosa é apresentada nas redes sociais. Podemos perceber a divulgação de imagens que apóiam uma visão contra as religiões a como são importantes nas redes sociais justificando a intolerância nas redes sociais. O movimento neoateu vem se destacando no combate às religiões e o meio mais visível dessa militância é a internet. Este trabalho reflete sobre a outra face da intolerância, e é pouco comentada, a antirreligiosa e como ela acontece num dos meios modernos de comunicação. Como não é possível falar sobre as diversas redes sociais comentaremos, neste caso, o Facebook, onde as imagens têm um papel predominante, pois acabam atingindo muitas pessoas graças a sua alta interatividade. Diversas comunidades surgiram e desenvolveram suas atividades criando um proselitismo ateu que atinge uma camada muito jovem da população. Palavras-chaves: imagem; neoteísmo; intolerância.

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Ph.D. em Estudos da Religião (Lancaster, Inglaterra). Contato: [email protected]. Mestrando em Ciências da Religião pela PUC/SP. Contato: [email protected].

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GT17 – “No templo, no quartel e no porão”: os protestantes e a ditadura militar brasileira Coordenadores/a Leonildo Silveira Campos Doutor em Ciências da Religião pela UMESP. Professor e coordenador no PPCIR da mesma Universidade

Luciane Silva de Almeida Doutoranda em História pela UFMG. Professora Substituta do IFMG – Ouro Preto.

Leandro Seawright Alonso Doutorando em História Social pela Universidade de São Paulo. . Resumo “No templo, no quartel e no porão” pretende remontar as diferentes análises históricas, sociológicas e políticas da relação dos protestantes com a ditadura militar brasileira (1964 – 1985), nos espaços múltiplos de atuações. Perguntamonos pelas dessemelhantes performances políticas dos protestantes na ditadura militar brasileira e pelas documentações que abrangem os arquivos públicos, institucionais e pessoais. Relatos sobre apoio, resistência e colaboração não apenas com o Regime Militar, mas com os grupos resistentes ou com a luta armada brasileira são fundamentais para a composição de determinados corpus documentais. Documentações distintas e narrativas criativamente produzidas por meio da história oral ou de outras metodologias são registros analíticos desejáveis nos textos submetidos. Na busca por políticas públicas, “ad extremum”, todos os trabalhos aceitos e encaminhados para este GT, serão apreciados por dois dos responsáveis pela área na Comissão Nacional da Verdade, CNV e uma convidada.

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Dia

29/10 (3ª feira)

30/10 (4ª feira)

31/10 (5ª feira)

Comunic.

Sem atividades

Protestantes e a ditadura militar: O contexto teológico como agente influenciador de mudanças

Ditadura militar brasileira Igreja Metodista, Cidadania, Cultura. A luta pela tolerância cultural e pelo direito à cidadania antes da ditadura: documentos, movimentos e vozes da Igreja Metodista do Brasil (1960-1962)

Cristiane Coimbra Aurora UFRRJ

Helmut Renders UMESP

O Protestantismo Histórico de missão brasileiro e o processo de secularização no período da ditadura militar Daniel Augusto Schmidt UMESP

Presbiterianos e apoio governo militar: reação e intolerância internas Silas Luiz de Souza Mackenzie

Nadando contra a corrente”: a atuação da juventude protestante através da juventude batista baiana (1960-1970)

A retórica protestante durante o período da ditadura militar (1964-1985): O caso da Igreja Presbiteriana Independente do Brasil

Luciane Silva de Almeida UFMG

Leonildo Silveira Campos UMESP

O cristão frente às autoridades civis: a mentalidade dos protestantes pernambucanos no Golpe Militar de 1964

“Caminhos diferentes”: delação na Igreja Presbiteriana do Brasil Leandro Seawright Alonso USP

Zilma Adélia Soares Lopes UFPE

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“ “No Brasil vivemos numa democracia”: os batistas e os direitos humanos nos anos derradeiros da ditadura militar e início da redemocratização brasileira (1978-1988) Adriano Henriques Machado PUC/SP

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30 de outubro, quarta-feira Comunicações Protestantes e a ditadura militar: o contexto teológico como agente influenciador de mudanças Cristiane Coimbra Aurora1 O presente trabalho corresponde à pesquisa em desenvolvimento no curso de mestrado em História pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, intitulada por Participação de Metodistas e Presbiterianos em Movimentos de Resistência à Ditadura Militar entre os anos de 1969 e 1971 no Rio de Janeiro e em São Paulo. Objetivamos refletir sobre o que motivou os protestantes do seguimento metodista e presbiteriano, que assim como os católicos, participaram de movimentos de resistência, à Ditadura Miliar. Demonstrando também que não houve um engajamento oficial da Igreja, mas sim um envolvimento de alguns leigos, pastores e presbíteros que pretendiam levar à comunidade religiosa uma consciência política. Pretendemos também pensar o contexto teológico protestante e a preocupação em refletir sobre questões políticas. Para, além disso, caracterizar o que condicionou o discurso teológico bem como a mudança de postura e a militância política de protestantes como Willie Humphereys (“Billy”) Gammon, Zwuinglio Mota Dias e Anivaldo Padilha que foram reprimidos por suas igrejas e pelo Regime Ditatorial. Palavras-chave: ditadura militar; contexto teológico; protestantes.

*** O protestantismo histórico de missão brasileiro e o processo de secularização no período da ditadura militar Daniel Augusto Schmidt2 Os anos da ditadura militar foram marcados por uma crise no protestantismo brasileiro. Setores progressistas entraram em choque com grupos conservadores coniventes com o regime militar instalado. Porém, por que este conflito 1 2

Mestranda em História pela UFRRJ. Contato: [email protected]. Doutorando e mestre em Ciências da Religião pela UMESP. Contato: [email protected].

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aconteceu? Nossa hipótese é de que ele foi fruto de uma busca de relevância da Religião num ambiente secularizado. No Brasil da época, a fé havia sido colocada em segundo plano, num processo que já vinha desde os tempos coloniais. A ele se acrescia agora um desafio : a urbanização e o refluxo do desenvolvimentismo que levou a uma crise social. Para os protestantes progressistas, ser relevante era exercer uma fé engajada por vezes flertando com Marx. Para os conservadores era manter sua teologia e apoiar o governo. Palavras chaves: protestantes e ditadura; secularização; protestantismo.

*** “Nadando contra a corrente”: a atuação da juventude protestante através da juventude batista baiana (1960-1970) Luciane Silva de Almeida3 No contexto político do Brasil das décadas de 1960 e 1970 existiram entre os evangélicos grupos que buscavam uma maior atuação social e formas de criticar o autoritarismo do governo. A juventude protestante surge como maior representante desse setor que mesmo não conseguindo se organizar em um grupo que atingisse todo o território nacional teve um importante engajamento nas questões sociais. Neste sentido o trabalho proposto pretende estudar a participação da Juventude Batista Baiana (JBB) tendo por principal objetivo entender como se organizou e qual teria sido a atuação desse grupo, que, mesmo atuando a nível regional conseguiu gerar inquietações e um sentimento revolucionário em estudantes protestantes, que comumente são associados ao conservadorismo, e incômodos suficientes pra levar as lideranças de suas Igrejas a tomar reações extremas para contê-los. Palavras-chave: juventude evangélica; juventude batista; juventude baiana.

*** O cristão frente às autoridades civis: a mentalidade dos protestantes pernambucanos no Golpe Militar de 1964 Zilma Adélia Soares Lopes4 3

Doutoranda em História pela UFMG. Mestra em História pela UEFS. Contato: [email protected].

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No contexto do Golpe Militar, os evangélicos tomaram posições diferentes. Alguns apoiaram os líderes militares, que salvariam a pátria do perigo comunista. Entendiam que a Igreja não deveria envolver-se em assuntos políticos, mas apenas em evangelização. Mas, o que isso simbolizava? Acabaram contribuindo para o regime? Enquanto isso, outros grupos, já antes do Golpe, engajaram-se em discussões sobre a atuação do cristão na sociedade política. Sendo assim, propõe-se fazer uma reflexão acerca das mentalidades de tais grupos ideologicamente discrepantes e entender como se deram suas relações com as autoridades civis, relembrando referências bíblicas que deram suporte a esses comportamentos. Palavras-chave: autoridade civil; protestantes; golpe militar.

*** “No Brasil vivemos numa democracia”: os batistas e os direitos humanos nos anos derradeiros da ditadura militar brasileira (1978-1988) Adriano Henriques Machado5 O presente trabalho busca compreender como os batistas brasileiros relacionaramse com a problemática dos direitos humanos nos últimos anos da ditadura civilmilitar brasileira. Busca-se também analisar quais foram os discursos e posicionamentos tomados por esse grupo para com o último governo autoritário e em relação aos atos e ao próprio legado produzido por essa ditadura, no momento em que o dito governo perdia apoio e legitimidade devido a emergência, em diversos setores da sociedade, de pessoas, grupos e instituições que clamavam pelo fim das arbitrariedades e pela volta das liberdades democráticas, no período conhecido como abertura política. A pesquisa tem como ponto central de análise o semanário “O Jornal Batista”, órgão oficial da Convenção Batista Brasileira (CBB) e principal veículo de comunicação dos batistas brasileiros, a partir dos editoriais e artigos publicados no jornal entre os anos 1978 e 1988, além da historiografia e dos trabalhos já produzidos sobre a temática. Palavras-chave: igreja batista; ditadura; protestantismo; direitos humanos; Jornal Batista.

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Graduanda em Historia pela UFPE. Contato: [email protected]. Doutorando em História pela PUC/SP. Contato: [email protected].

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31 de outubro, quinta-feira Comunicações Ditadura militar brasileira - Igreja Metodista, Cidadania, Cultura. A luta pela tolerância cultural e pelo direito à cidadania antes da ditadura: documentos,movimentos e vozes da Igreja Metodista do Brasil (1960-1962) Helmut Renders6 Como entrou a Igreja Metodista do Brasil na ditadura militar? Qual era a sua atitude quanto à questão da tolerância religiosa e cultural? Como ela relaciona a pergunta da tolerância com a garantia do direito? Para responder estas perguntas, investigamos como é que os temas “cultura” e “cidadania” aparecem nas publicações da Igreja Metodista do Brasil dos anos 1960-1964. Consideramos seus Credos Sociais (1930 e 1960), seu jornal mensal, o Expositor Cristão, e a revista da juventude, a Cruz de Malta. Concentrar-nos-emos nos anos antes da ditadura militar e investigamos como se discutiu na Igreja Metodista do Brasil os temas Igrejas, cultura brasileira e cidadania. Propomos esta dupla abordagem por quatro razões: Primeiro, consideremos estes dois temas chaves da presença pública protestante no Brasil; segundo, propomos contribuir para a tese dupla da ausência cultural e da presença cidadã do protestantismo no Brasil; terceiro, acreditamos que se precisa ainda explorar mais esta relação entre cultura e cidadania em si. Palavras- chave: ditadura militar brasileira; Igreja Metodista; tolerância; cidadania; cultura.

*** Presbiterianos e apoio governo militar: reação e intolerância internas Silas Luiz de Souza7 A Igreja Presbiteriana do Brasil apoiou o governo militar. Isso era parte da disputa no campo religioso. Pensava-se em participar das transformações do país para o 6

Doutor em Ciências da Religião, Professor no PPG em Ciências da Religião da UMESP. Contato: [email protected]. 7 Doutor em História, Professor no Mackenzie e Seminário Presbiteriano de Campinas. Contato: [email protected].

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progresso. Nesse sentido, a aprovação aos militares é resultado de sua herança fundamentalista e liberal. A sustentação e o aplauso estiveram presentes nas páginas do jornal oficial, o Brasil Presbiteriano, e em decisões conciliares. Houve, porém, um grupo de oposição ao governo eclesiástico cuja linha teológica e ideológica teria outra conduta. Suas ideias aparecem nas críticas que o jornal oficial fazia ao trabalho deles, nas decisões conciliares e, principalmente, no jornal criado para debate e oposição, o Jornal Presbiteriano. Ecumenismo, responsabilidade social da igreja e missão integral eram conceitos correntes do grupo. Assim, recebiam a acusação de esquerdismo e comunismo, sujeitos a processos eclesiásticos e expulsões. Palavras-chave: presbiterianismo no Brasil; governo militar; religião e política

*** A retórica protestante durante o período da ditadura militar (1964-1985): o caso da Igreja Presbiteriana Independente do Brasil Leonildo Silveira Campos8 O golpe militar de 1964 foi um divisor de águas na sociedade brasileira, pois, ele marcou o início de uma retomada conservadora dos mecanismos de Estado e do estabelecimento de um regime de intolerância e discriminatório. Diante dele, os religiosos brasileiros, neste caso os presbiterianos independentes (uma Igreja organizada em 1903), elaboraram uma retórica que superava a simples omissão diante da violência do regime para ser tornar um apoio explícito de uma maioria de seus integrantes, em especial de seu jornal oficial (O Estandarte). Por outro lado, esse grupo de evangélicos agiu exatamente como outros protestantes brasileiros no esforço de legitimação e de apoio a ditadura cívico-militar. Sustentamos que esses atos retóricos devem ser interpretados à luz de um contexto histórico, cultural, econômico e sociológico, que levou grupos protestantes e católicos a agirem de formas diferenciadas quanto a ditadura instaurada no País com o Golpe e mantida ao longo dos 21 anos seguintes. O material usado na investigação vem do jornal oficial da IPI, livros de atas, e relatórios que estão se tornando públicos nos arquivos dos antigos órgãos de repressão do País, decorrente das atuais iniciativas de se buscar a verdade histórica sobre esse importante período da história do Brasil.

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Doutor em Ciências da Religião e Docente na UMESP. Contato: [email protected].

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Palavras-chave: evangélicos e ditadura; retórica religiosa e ditadura; ditadura militar e igrejas cristãs.

*** “Caminhos diferentes”: delação na Igreja Presbiteriana do Brasil Leandro Seawright Alonzo9 Com fulcro no livro intitulado O Evangelho Social e a Igreja de Cristo, de abril 1965, Alcides Nogueira (pastor da Igreja Presbiteriana do Brasil) tomou parte da construção imagética do herói protestante durante os primeiros anos da ditadura civil-militar brasileira. Tratou-se, pois, da concepção textual de um anticomunismo protestante alinhado à ideologia de Segurança Nacional e à prática de delação ante aos órgãos de repressão. O livro supracitado recebeu uma resposta imediata, em maio de 1965, por meio da publicação do livro de Domicio Pereira de Mattos (pastor presbiteriano delatado por Alcides Nogueira), que sustentou comparativamente os pressupostos da Posição Social da Igreja. Tencionei tomar por corpus documental os textos de Alcides Nogueira e de Domicio Pereira de Mattos. Propus uma análise introdutória das iniciativas dos pastores mencionados com cruzamentos de propostas e de fragmentos documentais encontrados em pesquisas nos arquivos regulares. Palavras-chave: História; religião; protestantismo; ditadura; anticomunismo.

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Doutorando em História Social pela USP. Mestre em Ciências da Religião pela UMESP. Contato: [email protected].

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GT18 – O Oriente e suas diversidades religiosas Coordenadores Silas Guerriero Doutor em Ciências Sociais. Professor no Departamento de Ciências da Religião da PUC/SP.

Arilson Oliveira Doutor em História. Professor na UFCG.

Resumo O GT “O Oriente e Suas Diversidades Religiosas” busca como objetivo principal abordar analiticamente os contextos sociais, políticos e intelectuais das religiões orientais (antigas e atuais), tais como: Hinduísmo, Budismo, Xintoísmo, Confucionismo, Taoísmo, Islamismo etc. E na busca de nossos objetivos, quais sejam: discutir suas diversidades, divergências, aproximações e possíveis sincretismos. Por conseguinte, abarcaremos vários períodos sócio-históricos dessas religiões em comparação com a contemporaneidade e os novos movimentos religiosos, seus imaginários, seus tabus, ecumenismos, diversidades objetivas e subjetivas, participação no movimento Nova Era e maneiras de ser e agir. Lembrando que, para tanto, faz-se importante também analisarmos o olhar das religiões de origem oriental, mas ocidentalizadas, frente às orientais e das religiões orientais sobre si mesmas.

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Dia

29/10 (3ª feira)

30/10 (4ª feira)

31/10 (5ª feira)

Max Weber e o budismo Arilson Oliveira UFCG A dor que não cala e a fugaz felicidade: Duhkha e Sukha no hinduísmo, no budismo e para Cecília Meireles Gisele Pereira de Oliveira UNESP

A prática do Dzochen e a tradição Vajrayana no budismo tibetano Igohr Gusmão de Góes Brennand UFJF Maria Lucia Abaurre Gnerre UFPB

A Arte sacra indiana na era Gupta Paulo Ferreira Cavalcante UFPB Lugares e dimensões do sagrado: Religiosidade, culto aos ancestrais e cultura material entre Nikkeis em Londrina (1929 – 2013) Richard Gonçalves André UEL Diversidade étnica e dificuldades de integração no catolicismo contemporâneo Japonês Antonio Genivaldo C. de Oliveira PUC/SP

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Divulgação do taoísmo no Brasil: apontamentos a partir da tradução do Daodejing por Wu Jyh Chering Matheus Oliva da Costa PUC/SP

A mesquita da luz: uma abordagem do Islã Sunita no Rio de janeiro Janoí Joaquim Mamedes Mackenzie

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29 de outubro, terça-feira Comunicações Max Weber e o budismo Arilson Oliveira1 Em relação ao budismo, Max Weber explica que, apesar de não ter uma importância definitiva na Índia atual, seu grande êxito na Índia antiga, radicado em seu desenvolvimento – hoje, bem mais ampliado – na China, Tibete, Coréia, Japão etc., o qualifica como religião universal, sendo ela uma das maiores religiões missionárias da terra. Segundo Weber, o budismo não se vincula a um mero conhecimento especulativo, senão a um estado de paz e tranquilidade que se alcança renunciando ao mundo mediante a autorrealização; o que se busca não é a libertação para a vida eterna, mas uma tranquilidade para a morte. Não obstante, o nosso objetivo, aqui, é apresentar o quão Weber estava envolto dessa indologia para concretizar seus parâmetros metodológicos, tendo o budismo como divisor de águas na história da Índia. Palavras-chave: Max Weber; budismo; indologia; antiguidade.

*** A dor que não cala e a fugaz felicidade: Duhka e Sukha no hinduimo, no budismo e para Cecília Meireles Gisele Pereira de Oliveira2 Uma das premissas fundamentais tanto do hinduísmo como do budismo é que a dor (duhkha) é algo inerente a este mundo. Assim como a escuridão é a realidade subjacente e iminente da luz, o contraponto de duhkha é shukha (ou felicidade), de forma que se alternam continuamente, constituindo a dinâmica à qual todos estão 1

Pós-doutorando em Ciências da Religião pela PUC/SP. Doutor em História Social pela USP. Professor Adjunto no Departamento de Ciências Sociais da UFCG. Pesquisador do GE em Sociologia da Religião GESR (UFCG) e do Laboratório de Estudos da Ásia (LEA/USP). Contato: [email protected]. 2 Doutoranda em Literatura pela UNESP/Assis. Contato: [email protected].

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sujeitos ao estar no mundo. O ponto axial entre estes opostos correlatos é o desejo, enquanto a meta do transcendentalista seria libertar-se do desejo, mas apenas daquele pelo fruto das ações, e buscar a equanimidade perante a dualidade através do conhecimento. Estas noções sobre o maior fardo humano e seu maior bem, ou seja, a dor e a felicidade, foram captadas, a partir dos pressupostos filosóficoreligiosos do hinduísmo e do budismo e tecidas magistralmente na poesia de Cecília Meireles. O objetivo deste trabalho é apresentar a teoria de sukha e duhkha conforme as duas vertentes religiosas e na lírica ceciliana, considerando essa literatura como afetuoso instrumento de exercício e autorrealização e aprendizado. Palavras-chave: Duhkha; Sukha; hinduísmo; budismo; Cecília Meireles.

*** A prática do Dzochen e a tradição Vajrayana no Budismo Tibetano Igohr Gusmão de Góes Brennand3 Maria Lucia Abaurre Gnerre4 Vamos analisar, em nossa apresentação, alguns aspectos pontuais do complexo sistema de práticas do budismo tibetano. Iremos nos deter especificamente à tradição do Dzogchen, pratica de fundamental importância dentro de diversas escolas do Budismo Tibetano que seguem os preceitos do Vajrayana - termo que pode ser traduzido como “Veículo de diamante”, e que designa um complexo sistema budista, que, de acordo com suas escrituras, se configura como um dos três caminhos para a iluminação, junto do Theravada e do Mahayana. Em termos filosóficos e históricos, o Vajrayana encontra-se intrinsecamente ligado a este segundo “veículo” e pode ser considerado uma extensão dele, porém, justamente em função de seu sistema de práticas e técnicas de iluminação, oferece elementos novos a esta tradição. Palavras-Chave: budismo tibetano; tantra; vajrayana.

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Discente em Ciências das Religiões pela UFPB. Participante do GP Padma. Contato: [email protected]. 4 Pós-doutora em Ciências das Religiões pela UFJF. Doutora e mestre em História pela UNICAMP. Líder do GP Padma. Contato: [email protected].

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A Arte Sacra indiana na Era Gupta Paulo Ferreira Cavalcante5 Neste artigo, nos propomos a apresentar e analisar o contexto histórico e as representações artísticas relacionadas ao sagrado do período Gupta. Este reino foi fundado por Candra Gupta I, estima-se que no ano 320 d.C. Posteriormente tornando-se império estendeu-se por grande parte do subcontinente indiano, onde várias cidades foram erigidas e avanços ocorreram principalmente na arte e literatura. Na sociedade preponderou o sistema das quatro varnas ou castas e verificamos uma forte presença do budismo. Esta é uma era conhecida como sendo de ouro. A arte deste período é classificada como clássica. A principal escola representante da arte Gupta foi a de Mathura, destacando-se pelo primor na técnica de estatuária com imagens belíssimas do Buda. Palavras-chave: arte-sacra; Gupta; mathura; budismo; sociedade.

*** Lugares e dimensões do sagrado: religiosidade, culto aos ancestrais e cultura material entre Nikkeis em Londrina (1929 – 2013) Richard Gonçalves André6 Esta comunicação aborda a pesquisa homônima em estágio inicial de desenvolvimento na Universidade Estadual de Londrina, que objetiva analisar o culto mortuário em torno dos butsudan, relicários de devoção no Budismo nipônico, entre japoneses e descendentes em Londrina (PR) no período de 1929 e 2013. Serão enfocados três lugares de devoção: a casa, o templo budista e o cemitério, que remetem a apropriações específicas da religiosidade no Brasil, na medida em que o rito mórbido no Japão assumia caráter doméstico. As fontes serão registradas fotograficamente para a constituição de fichas detalhadas, buscando-se identificar as famílias que disponham desses objetos. Os butsudan são concebidos como artefatos de cultura material, investidos de significação pelos produtores e usuários. Espera-se sugerir, como resultados, que essas práticas religiosas operam

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Bacharelando em Ciências das Religiões pela UFPB. Membro do GP Padma. Bolsista Probex UFPB. Contato: [email protected]. 6 Doutor em História pela UNESP. Pprofessor na UEL . Membro do Laboratório de Estudos das Religiões e Religiosidades (LERR) da UEL.

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em níveis não necessariamente institucionais, remetendo a manifestações religiosas que foram reconstruídas na sociedade receptora. Palavras-chave: religiosidade; nikkeis; butsudan; culto aos ancestrais; cultura material.

*** Diversidade étnica e dificuldades de integração no Catolicismo Contemporâneo Japonês Antonio Genivaldo C. de Oliveira7 A comunicação mostrará as transformações da comunidade católica no Japão nas últimas duas décadas, resultantes do fenômeno migratório contemporâneo para mostrar as dificuldades de integração de diferentes expressões de uma mesma religião forçadas a dividir o mesmo espaço.O Japão tem sido afetado por este contato entre pessoas de diferentes lugares, culturas, línguas e religiões. A minoria católica do país tem sido apontada como um dos pontos críticos desta situação uma vez que a maioria destes imigrantes vêm das Filipinas, Brasil e Peru, países de maioria católica. Em algumas regiões o número de fiéis de origem estrangeira ultrapassa enormemente o número de fiéis japoneses. A Igreja tentou promover uma igreja multicultural, porém esta diretriz resultou em comunidades paralelas e conflitantes. Esta situação põe em xeque o mito da homogeneidade japonesa, e os fiéis estrangeiros acabam sendo vistos como ameaça à comunidade local gerando situações de resistências e de (in)tolerâncias. Palavras-chave: migração; catolicismo; Japão; diversidade étnica; multiculturalismo.

*** Divulgação do Taoísmo no Brasil: apontamentos a partir da tradução do Daodejing por Wu Jyh Cherng Matheus Oliva da Costa8 7

Doutorando em Ciências da Religião pela PUC/SP. Mestre em Pensamento Cristão pela Universidade Nanzan em Nagoya, Japão. Contato: [email protected]. 8 Mestrando pela PUC/SP. Orientado pelo Prof. Dr. Frank Usarski. Contato: [email protected].

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Houve um desejo explícito de divulgação da tradição taoísta (Robinet, 1997) no Brasil pelo sacerdote taoísta Wu Jyh Cherng (1958-2004). Observamos que este desejo se materializou, entre outras formas, na tradução e comentários em português de uma das mais importantes obras sagradas da tradição taoísta: o daodejing (Tao Te Ching). Dessa forma, a tradução de um clássico taoísta diretamente do chinês por um sacerdote taoísta pode ser visto como uma estratégia de divulgação dessa tradição religiosa no Brasil. Assim, o objetivo desse ensaio é tecer alguns apontamentos sobre o processo de divulgação do taoísmo no Brasil a partir da tradução do daodejing pelo sacerdote Wu Jyh Cherng. Para tanto, utilizamos informações do site da Sociedade Taoísta do Brasil (fundada por esse sacerdote) e uma análise da tradução do daodejing sob a luz de Peter Burke (2003) e da teoria da transplantação religiosa. Palavras-chave: daojiao; textos sagrados; transplantação.

*** A Mesquita da Luz: uma abordagem do Islã Sunita no Rio de Janeiro Janoí Joaquim Mamedes9 A presente pesquisa procura apresentar uma breve introdução sobre o nascimento do Islamismo. A chegada do Islã ao Brasil especialmente no Rio de Janeiro, com o “Islã Afro”; o Islã dos imigrantes, limitando-se ao estudo de caso da SBMRJ (Sociedade Beneficente Muçulmana do Rio de Janeiro). Procurando identificar o nascedouro da entidade com os imigrantes árabes no ano de 1951 e o movimento que transformou a SBMRJ de uma entidade “sectária” que funcionava em uma sala para uma divulgadora do Islã com objetivo de conquistar novos adeptos. Um movimento diferenciado, se comparado com as demais instituições islâmicas do Brasil; sinalizando uma influência do meio às praticas da entidade. Os sermões das sextas-feiras são proferidos em português e aos sábados existem encontros de lazer como futebol para os homens e ginástica para as mulheres, além de curso da língua árabe para adeptos e não adeptos. Palavras-chave: islamismo; SBMRJ; Mesquita; Sunismo; imigrantes.

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Mestrando em Ciências da Religião pelo Mackenzie. Membro do GP Núcleo de Estudos das Manifestações Religiosas no Brasil (NEMAR). Orientado pela Prof. Dra. Lídice Meyer Pinto Ribeiro. Contato: [email protected].

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GT19 – Pentecostalismos brasileiros: novas perspectivas Coordenadores Gedeon Freire de Alencar Doutor em Ciências da Religião pela PUC/SP. Professor no ICEC.

Marina Aparecida Oliveira dos Santos Correa Doutora em Ciências da Religião pela PUC/SP.

Resumo Em 2010, o fenômeno pentecostal fez cem anos no Brasil. Em 1910, eram apenas 40 pessoas, atualmente são mais de 25 milhões de brasileiros. Surgiu na região sudeste a partir de uma igreja étnica e calvinista a Congregação Cristã no Brasil, mas também na região norte com um grupo miscigenado e arminianista as Assembleias de Deus, ambas fundadas por migrantes europeus vindos dos EUA, mas sem vínculos institucionais com os pentecostalismos norteamericanos. Os grupos se fracionaram acompanhando os processos migratórios internos e externos do país, estando atualmente pulverizados em milhares de grupos diversos e divergentes numa polissemia religiosa nas mais diferentes configurações. Qual conceito, taxonomia ou hipótese é capaz de dar conta de tão imensa complexidade? Esse GT pretende promover o diálogo com pesquisas em desenvolvimento sobre o fenômeno dentro de uma problematização ampla que evita leituras exclusivistas a partir de um único marco teórico e hipótese generalizante e se abre para novas etnografias e abordagens. Os pentecostalismos (sim, no plural), em diálogo com a cultura brasileira, ainda estão se inventando e sendo reinventados em suas práticas.

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Dia

29/10 (3ª feira)

30/10 (4ª feira)

31/10 (5ª feira)

Comunic.

O diálogo inter-religioso nas Assembleias de Deus: desafios e possibilidades

A confissão positiva: o movimento de cura no Brasil e suas fundamentações teológicas

A religião, a racionalidade protestante e a sociedade de Fausto

Adriano Lima Bacharel PUC/RS

Emmanuel Roberto Leal Athayde PUC/SP

Estevam Ângelo de Souza: pastor, escritor e liderança carismática no maranhão (1957-996)

A teologia da prosperidade na Igreja Universal do Reino de Deus

Elba Fernanda Marques Mota UERJ

Fernanda Vendrami Gallo UEL

Carlos Antonio Carneiro Barbosa PUC/SP

Pentecostalismos e questão social: novas formas de enfrentamento? Edson Elias de Morais UEL Luiz Ernesto Guimarães UEL

Neopentecostalismo e as mudanças na concepção escatológica Ismael de Vasconcelos Ferreira UFJF

O neopentecostalismo brasileiro sob a ótica de Michel Foucault: o caso da Igreja Universal do Reino de Deus Marina Fazani Manduchi UEL

Terceira Face do Pentecostalismo no Brasil Samuel Valério PUC/SP

A Igreja Presbiteriana Renovada e a sua inserção no campo religioso brasileiro José Rômulo de Magalhães Filho UFRN

Um diálogo católicopentecostal sobre “Tornar-se cristão” Maria Teresa de Freitas Cardoso PUC/RJ

A estrutura ritualística do culto adventista realizado na comunidade quilombola Dezidério Felippe de Oliveira em Dourados/MS Gabrielly Kashiwaguti Saruwatari UFGD

Os protestantes da Amazônia: Uma análise da onda evangélica na cidade de Juína no Noroeste do Estado do Mato Grosso Marina Silveira Lopes AJES

Pentecostais na periferia: um estudo de caso Maxwell Fajardo UNESP

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Pôsteres

Atuação dos evangélicos na cidade templária de RomariaMG Anna Carolina Alves Cruz UFU

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29 de outubro, terça-feira Comunicações O diálogo inter-religioso nas Assembléias de Deus: desafios e possibilidades Adriano Lima1 Neste, objetivo analisar os desafios e possibilidades do diálogo inter-religioso na maior denominação evangélica do Brasil. Segundo o Censo de 2010, as ADs têm 12.314.410 membros, ou pouco mais de 6% da população brasileira. O campo religioso brasileiro tem passado por profundas transformações nas últimas décadas, as quais por sua importância social, religiosa, midiática, econômica e política, demandam investigações e elucidações acadêmicas. A expressão da fé cristã no Brasil acontece num contexto de pluralismo religioso e cultural que se apresenta como um grande desafio para a missão que a Igreja Assembléia de Deus tem de proclamar o Evangelho. Nesse contexto, o relacionamento entre a Assembléia de Deus e as outras tradições religiosas assume formas que se contradizem como, de um lado, o denominacionalismo, o fundamentalismo, o sectarismo, o fechamento e, de outro lado, a busca de aproximação, de diálogo e de cooperação. Constitui uma importante tarefa verificar em que medida esse comportamento possibilita ou não o surgimento de uma abertura dessa denominação ao diálogo inter-religioso que favoreça a vida pacífica em comum com todas as religiões que convivem no Brasil. Usando a teoria do teólogo alemão Joachim Jeremias, do Reino de Deus como tema central da mensagem de Jesus, estabelecemos o fundamento do diálogo inter-religioso nas Assembléias de Deus tomando como base o paradigma emergente do pluralismo religioso. Palavras-chave: Assembleia de Deus; pluralismo; reino de Deus. ***

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Mestrando em Teologia pela PUC/RS. Bacharel em Teologia pela FAECAD. Orientado pelo Prof. Dr. Luis Carlos Susin. Contato: [email protected].

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Estevam Angelo de Souza: Pastor, escritor e liderança carismática no Maranhão (1957-1996) Elba Fernanda Marques Mota2 A problemática central desta pesquisa consiste na análise das obras e dos artigos escritos por Estevam Ângelo de Souza, pastor da Igreja Assembleia de Deus, no Estado do Maranhão. O recorte temporal data do ano de 1957 ao ano de 1996, período em que o mesmo esteve à frente da Convenção Geral desta denominação, ocupando o cargo de pastor presidente por 39 anos. Por ser um sujeito histórico com grande participação na estrutura interna e externa assembleiana maranhense, Estevam é considerado o mais importante líder da igreja durante o século XX. O que contribuiu para isto foi a sua marcante atuação religiosa, carismática e política, resultando em uma liderança centralizadora. Todas estas características articularam-se á sua vivência como estudioso, principalmente, escritor, tendo em vista a publicação de doze obras ao longo de sua vida. Partindo-se destas fontes, temos como objetivo analisar o território maranhense enquanto espaço de implantação e expansão do pentecostalismo assembleiano, na perspectiva de uma análise das ações e discursos de Estevam Ângelo de Souza. Entendemos a construção deste enquanto estratégia social, com a produção do discurso religioso e moral a ser seguido pelos fiéis e que contribuiu para sua legitimação como principal liderança da igreja ao longo do período republicano no estado do Maranhão. Palavras- chaves: Estevam Ângelo de Souza; Assembleia de Deus; obra; discurso.

*** Neopentecostalismo e as mudanças na concepção escatológica das Assembléias de Deus Ismael de Vasconcelos Ferreira3 A crença pentecostal na iminente volta de Jesus Cristo à terra a fim de resgatar seu povo para estar consigo nos céus (parusia) pode ser facilmente identificada através da literatura teológica pentecostal (livros e periódicos) e ainda em algumas 2

Mestra em História Social pela UERJ. Contato: [email protected]. Mestrando em Ciência da Religião pela UFJF. Membro do NE em Protestantismos e Teologias (NEPROTES). Orientado pelo Prof. Dr. Arnaldo Érico Huff Junior. E-mail: [email protected]. 3

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prédicas comumente feitas nos templos que abrigam a denominação mais proeminente do pentecostalismo clássico brasileiro: as Assembleias de Deus. Fazse questão de ressaltar o termo “algumas”, pois tais prédicas vêm sendo paulatinamente substituídas por discursos de afirmação do tempo presente e de identificação com o mundo. A breve descrição e problematização dessas mudanças é a proposta desta comunicação que, a partir de um embasamento teórico acerca da relação entre oralidade e escrita, irá comparar o que é dito nos púlpitos da referida denominação com o que está registrado em seus códigos teológico-doutrinários. A partir dessa comparação, será possível constatar a dinâmica do processo de neopentecostalização que as Assembleias de Deus vêm passando atualmente. Palavras-chave: Assembleias de Deus; pentecostalismo; neopentecostalismo; escatologia. *** Terceira Face do Pentecostalismo no Brasil Samuel Valério4 Temos em vista que o Pentecostalismo é um dos maiores fenômenos religiosos do século XX. Gostaríamos de apresentar a Terceira face do Pentecostalismo no Brasil. O Pentecostalismo chega ao Brasil em 1910, em São Paulo - SP, com o italiano Luigi Francescon, e, em 1911, em Belém – PA, com Gunnar Virgen e Daniel Berg. No ano de 1912, nasce no sul do Brasil, em Guarani das Missões – RS, a Igreja Batista Filadélfia, fundada pelo missionário suéco Erik Jonsson. Esta terceira igreja, apesar de centenária, não tem sua história muito divulgada. Trata-se de uma igreja pentecostal, e, portanto, é contemporânea, e consequentemente, uma das fundadoras do pentecostalismo brasileiro. A Missão de Orebrö (Orebrömission), hoje Interact, foi responsável pelo envio do missionário Jonsson ao Brasil, e em 1919, nasce, enfim, a Convenção das igrejas Batistas Rio Grandense do Sul. Nossa proposta é mostrar historicamente o seu envolvimento com o pentecostalismo, sua chegada ao Brasil, e a formação da Convenção em 1919. ***

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Mestrando em Ciências da Religião pela PUC/SP. Membro do Grupo de Estudo de Protestantismos e Pentecostalismos da PUC/SP (GEPP). Contato: [email protected].

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Um diálogo católico-pentecostal sobre “Tornar-se cristão” Maria Teresa de Freitas Cardoso5 Estudo de aspectos do relatório conclusivo da quinta fase do diálogo teológico internacional católico-pentecostal ( do pentecostalismo clássico), no tema “Tornarse cristão”. Observam-se no documento elementos do método, de temas abordados e de alguns resultados. No final do estudo, levantam algumas perguntas sobre possíveis sugestões que tiraríamos para o discutir o convívio, o diálogo e a reflexão a respeito das relações de católicos com pentecostais, particularmente sobre a opção e a experiência de ser cristão. Palavras-chave: diálogo; diálogo católico-pentecostal; iniciação cristã; cristão.

*** Pôster Atuação dos evangélicos na cidade templária de Romaria – MG Anna Carolina Alves Cruz6 O trabalho aborda a presença e atuação dos evangélicos em uma cidade templo do catolicismo, Romaria, em Minas Gerais, o mais importante núcleo de peregrinação do catolicismo devocional na região do Triângulo Mineiro que, todo ano, recebe milhares de romeiros pagadores de promessas a Nossa Senhora da Abadia. Tem-se por objetivo analisar se os evangélicos sofrem intolerância religiosa na cidade, em especial os neopentecostais, tendo em vista suas práticas fortemente ativas de proselitismo para conversão. Os dados obtidos durante a pesquisa etnográfica são tomados como representações das práticas dos sujeitos envolvidos e permitiram analisar o problema colocado. Palavras-chave: romaria; intolerância religiosa; evangélicos; neopentecostais.

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Doutora em Teologia pela PUC/Rio. Contato: [email protected]. Graduanda em Ciências Sociais pela UFU. Orientada pelo Prof. Dr. João Marcos Alem. Contato: [email protected] 6

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30 de outubro, quarta-feira Comunicações A confissão positiva: o movimento de cura no Brasil e suas fundamentações teológicas Emmanuel Roberto Leal de Athayde7 No século passado surgiu um movimento oriundo da perspectiva cristã pentecostal que ficou conhecido como Confissão Positiva, popularmente chamado de Teologia da Prosperidade, que tem como discurso chefe a prosperidade financeira de seus adeptos, como consequência das ofertas que são dispensadas às suas igrejas, como forma de demonstrar seu amor e fidelidade à Deus, além de tratar de curas milagrosas, um tipo de manifestação necessariamente presente nos cultos que aderem à Confissão Positiva. Esse grupo aporta no Brasil e desde então tem ganho força e vem se resignificando em diversos grupos ao longo dos anos, trazendo no seu discurso entre outros assuntos, a necessidade de manifestações de curas como requisito legitimador para os seus líderes pregadores. Devido então a uma sociedade carente, de maioria necessitada, esses discursos ganham a massa e acabam se propagando facilmente, além de tudo, de se valerem da mídia como uma ferramenta poderosa de propagação. As vistas disso, essa reflexão visa tratar especificamente do movimento de cura dentro da Confissão Positiva, de sua história e das fundamentações teológicas que sustentam tal crença. Palavras-chave: curas; confissão positiva; teologia; milagres. *** A teologia da prosperidade na Igreja Universal do Reino de Deus Fernanda Vendrami Gallo8 O trabalho consiste em um estudo sobre a Igreja Universal do Reino de Deus, denominação do segmento protestante neopentecostal cujo crescimento é um dos 7

Doutorando em Ciências da Religião pela PUC/SP. Orientado pelo Prof. Dr. João Décio Passos. Contato: [email protected]. 8 Mestranda pela UEL. Orientada pelo Prof. Dr. Fábio Lanza. Contato: [email protected].

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mais significativos no Brasil. O estudo foi realizado na cidade de Londrina mediante análise dos dados coletados em campo, uso de material bibliográfico e entrevista com o Bispo da Universal desta cidade. Sob o pressuposto que as diversas modificações no campo religioso brasileiro, como a desmonopolitização da Igreja Católica, a conquista da liberdade religiosa e sua acentuada pluralidade, permitiram a outras organizações religiosas se expandirem e buscarem legitimidade social e estabelecimento de uma presença institucional. A pesquisa buscou entender, por meio de analises e interpretações sobre a construção do discurso iurdiano e a Teologia da Prosperidade, a atuação desta instituição religiosa que ao se adequar a sociedade de consumo conquista mais fiéis e torna-se mais atraente dentro do quadro da diversidade religiosa brasileira. Palavras-chave: Sociologia das Religiões; Igreja Universal do Reino de Deus; teologia da Prosperidade. *** O neopentecostalismo brasileiro sob a ótica de Michel Foucault: o caso da Igreja Universal do Reino de Deus Marina Fazani Manduchi9 O presente trabalho tem por objetivo, à luz de Michel Foucault, analisar de que maneira as subjetividades dos fiéis da Igreja Universal do Reino de Deus são construídas. Diante da multiplicidade da Igreja Universal, optei por explorar uma de suas campanhas, denominada “Jejum de Daniel”. A campanha faz alusão ao Daniel bíblico, que jejuou por 21 dias se sacrificando em nome de Deus, dessa forma, a campanha também propõe aos fiéis da Igreja que jejuem por 21 dias. No entanto, o “sacrifício” proposto não é alimentício e sim, midiático, ou seja, abstinência de qualquer tipo de mídia com o objetivo de ser batizado com o Espírito Santo. O que mais chama atenção são os resultados, que são amplamente divulgados por meio de testemunhos dos fiéis. São esses discursos, o institucional e do fiel, que pretendo abordar com base em conceitos do filósofo francês: discurso, poder e em especial, o cuidado de si explorado nos seus últimos cursos no Collège de France. Palavras-chave: História Cultural; Michel Foucault; neopentecostalismo; Igreja Universal do Reino de Deus. *** 9

Mestranda em História Social pela UEL. Contato: [email protected].

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A Igreja Presbiteriana Renovada e a sua inserção no campo religioso brasileiro José Rômulo de Magalhães Filho10 A Igreja Presbiteriana Renovada é uma igreja evangélica de origem brasileira que surge da união de grupos dissidentes de duas igrejas protestantes históricas brasileiras. Com base na documentação histórica disponível, em documentos publicados, bibliografia específica e em entrevista realizada com a liderança da Igreja Presbiteriana Renovada, esta comunicação se propõe a descrever o cenário sócio-religioso em que a Igreja Presbiteriana Renovada (IPR) surge. E também em buscar na origem do presbiterianismo brasileiro os elementos fundamentais de sua existência. Além de apontar como ela se estabelece no campo religioso brasileiro e especificamente na cidade de Aracaju, tornando-se referência de igreja evangélica à população aracajuana. A partir deste resgate histórico, entender a construção de um projeto ético-político com base em um estilo de vida renovado, denominado de vida renovada. Palavras-chave: pentecostalismo; igreja renovada; presbiterianismo. *** Pentecostais na periferia: um estudo de caso Maxwell Fajardo11 O bairro de Perus, noroeste da cidade de São Paulo é um dos que apresentam a maior concentração de pentecostais em toda a cidade. 20,9% de sua população declarou-se com esta opção religiosa no Censo 2000, quase o dobro do índice da cidade de São Paulo (11%). Com crescimento associado à primeira fábrica de Cimento do país, a Cia de Cimento Portland Perus, o bairro foi o endereço de chegada de milhares de migrantes desde as primeiras décadas do século XX, a princípio originários do interior do estado de São Paulo e de Minas Gerais. No entanto, mesmo com o fechamento da fábrica, o bairro continua a receber migrantes de outras regiões, como o Nordeste do país e mesmo moradores de outros bairros da cidade de São Paulo. Assim, este trabalho pretende detectar como as redes religiosas pentecostais, existentes em uma multiplicidade de 10

Doutorando em Ciências Sociais pela UFRN. Contato: [email protected]. Doutorando em História pela UNESP/Assis. Mestre em Ciências da Religião pela UMESP. Contato: [email protected]. 11

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denominações, se fazem presentes no processo de acolhida e adaptação do migrante em sua chegada ao bairro e em que medida a filiação religiosa ganha importância neste processo de movimento e circulação populacional no espaço urbano. Palavras-chave: Redes religiosas pentecostais; migração; pentecostais na periferia. *** Os protestantes da Amazônia: uma análise da onda evangélica na cidade de Juína no Noroeste do Estado do Mato Grosso Marina Silveira Lopes12 A colonização efetiva do Noroeste do Mato Grosso se deu entre os anos 1970 e 1980 pelo fluxo migratório, em sua maioria, da população sulista, processo implementado pelo governo militar. Junto com esses imigrantes, chegaram, também, A as igrejas protestantes, entre elas: a Presbiteriana, Batista e Luterana, entre outras. Ao passar das décadas assentaram-se na região as pentecostais e neopentecostais, como a Universal do Reino de Deus entre outras. Pretendemos nessa pesquisa entender o processo histórico inserção dessas denominações, especificamente no Município de Juína, cidade polo dessa microrregião. Para tal, buscaremos subsídios bibliográficos e posteriormente pesquisa de campo junto aos primeiros fundadores evangélicos da cidade e efetuar o mapeamento dessas igrejas. Palavras-chave: Juína; noroeste do Mato Grosso; evangélicos.

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Mestre em Ciências da Religião pela PUC/SP. Profa. de Antropologia e História do Direito na AJES. Contato: [email protected].

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31 de outubro, quinta-feira Comunicações A religião, a racionalidade protestante e a sociedade de Fausto Carlos Antônio Carneiro Barbosa13 Prenhe de simbolismo, o pentecostalismo contemporâneo coleciona grande número de práticas rituais executado unicamente com a finalidade de provocar deliberadamente o efeito do numinoso em que, mediante certos artifícios mágicos, a opulência passa a ser um dos principais motivos de culto e celebração. Diante do jogo de imagens e performances envolvendo sinais, o fiel não sabe para onde deve “olhar”: se para o céu e as catedrais e templos majestosos que se propõe a intermediá-lo; se para a terra remota em que é chamado à aventura ritualística. Diante dos conteúdos instintivos da libido despertos nessa viagem discursiva, resolve resolutamente atender ao chamado das terras remotas e oferecer o seu sacrifício, não se apercebendo da transformação energética pela qual passou a sua libido. Delimitando-se à interpretação dada ao mito do Fausto, conforme contribuição da escola junguiana e às suas interfaces fenomenológica e sociodiscursiva em Ciências da Religião, o presente texto objetiva comparar o mito do Fausto com o modelo da racionalidade protestante proposto por Max Weber; avaliar o mito do Fausto em suas relações com a religião contemporânea de opulência e relacionar o mito do Fausto com a ética do consumo na sociedade tal qual expresso no discurso religioso do fundador e líder da Igreja Universal do Reino de Deus (IURD), Bispo Edir Macedo Bezerra, por ocasião do início dos trabalhos de construção do Novo Templo de Salomão, na cidade de São Paulo, com inauguração prevista para junho de 2014. Palavras-chave: Fausto; arquétipo; racionalidade protestante; pentecostalismo; ética do consumo. ***

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Doutorando em Ciências da Religião pela PUC/SP. Orientado pelo Prof. Dr. Edin Sued Abumanssur. Contato: [email protected].

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Pentecostalismo e questão social: Novas formas de enfrentamento? Edson Elias de Morais14 Luiz Ernesto Guimarães15 Em decorrência do êxodo rural que marcou o século XX no Brasil, o agravamento da situação econômica e social dos trabalhadores urbanos e rurais sem condições de acesso a bens e serviços públicos ocorreu a formação de uma urbanização com ampla área de periferia. Nesse contexto emergiu a Questão Social brasileira com seus problemas correlatos, a população vivenciou a busca de novos valores morais e espirituais, exigindo das Igrejas Pentecostais respostas que se diferenciaram conforme suas doutrinas e teologias. Essa pesquisa apresenta como estas igrejas enfrentaram a problemática, com ênfase na elaboração de um discurso Pentecostal ou vinculado a Teologia da Prosperidade. Assim, procuramos entender como elas responderam à questão social, gerando em seus líderes a adoção de diferentes discursos. Atualmente as igrejas Pentecostais ou Neopentecostais promovem o reforço de uma espiritualidade na qual a experiência da fé e da emoção são centrais, regulando comportamentos e valores morais frente à realidade social brasileira. Palavras-chave: Sociologia das Religiões; pentecostalismos; teologia da prosperidade; questão social. *** A estrutura ritualística do culto adventista realizado na comunidade quilombola Dezidério Felippe de Oliveira em Dourados – MS Gabrielly Kashiwaguti Saruwatari16 Na zona rural da cidade de Dourados - MS existe uma comunidade quilombola com um histórico religioso bem singular. Anteriormente católicos e devotos de São Sebastião realizaram por anos uma festa em homenagem ao santo padroeiro da comunidade. Atualmente, quase todos aqueles que vivem no território frequentam igrejas com denominações pentecostais. Dentre estas, a que mais se destaca é a Igreja Adventista do Sétimo Dia, cujos cultos são realizados por um grupo familiar extenso dentro da comunidade. Há vários anos este grupo familiar realiza os cultos 14

Mestrando em Ciências Sociais pela UEL. Membro do LE sobre as Religiões e as Religiosidades (LERR). Contato: [email protected]. 15 Mestre em Ciências Sociais pela UEL. Membro do LERR. Contato: [email protected]. 16 Mestranda em Antropologia pela UFGD. Contato: [email protected].

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de maneira peculiar, sem a presença de pastores, já que o mesmo é realizado na varanda das casas e presidido pelos próprios participantes. Portanto, através dos elementos obtidos pelo trabalho etnográfico, o que se objetiva aqui é mostrar a forma singular de realização desse culto e como essa prática surte efeito para coesão e união não só deste grupo familiar, mas que também perpassa toda a comunidade. Palavras-chave: quilombolas; religiosidade; pentecostalismo. *** Os protestantes da Amazônia: uma análise da onda evangélica na cidade de Juína no Noroeste do Estado do Mato Grosso

Marina Silveira Lopes17 A colonização efetiva do Noroeste do Mato Grosso se deu entre os anos 1970 e 1980 pelo fluxo migratório, em sua maioria, da população sulista, processo implementado pelo governo militar. Junto com esses imigrantes, chegaram, também, A as igrejas protestantes, entre elas: a Presbiteriana, Batista e Luterana, entre outras. Ao passar das décadas assentaram-se na região as pentecostais e neopentecostais, como a Universal do Reino de Deus entre outras. Pretendemos nessa pesquisa entender o processo histórico inserção dessas denominações, especificamente no Município de Juína, cidade polo dessa microrregião. Para tal, buscaremos subsídios bibliográficos e posteriormente pesquisa de campo junto aos primeiros fundadores evangélicos da cidade e efetuar o mapeamento dessas igrejas. Palavras-chave: Juína; Noroeste do Mato Grosso; Evangélicos

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Mestre em Ciências da Religião e bacharel em Geografia pela PUC-SP. Professora na área de Ciências Humanas na Ajes. Contato: [email protected].

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GT20 – Religião e ciência: tensão, diálogo e experimentações Coordenadores Carlos Eduardo Marotta Peters Doutor em História Social pela UNESP/Assis. Professor no Centro Universitário Toledo de Araçatuba e na Faculdade Metodista de Birigui

Leila Marrach Bastos de Albuquerque Doutora em Ciências Sociais pela PUC/SP. Professora da UNESP/Rio Claro

Comentadora Paula Rondinelli Doutora em Ciências pelo PPG em Integração da América Latina da USP. Técnica Desportiva pela UFABC. Resumo Ciência e Religião são os dois grandes sistemas de organização do pensamento no ocidente moderno em disputa pela hegemonia das definições de verdade desde o Renascimento. A nossa proposta se fundamenta na História Cultural, linha multifacetada que abandonou o viés evolucionista-positivista e problematizou a ciência como discurso e veículo para o exercício do poder na modernidade. O pósguerra alterou este jogo de forças, deslegitimando versões científicas da realidade e estimulando a busca de novos fundamentos do conhecimento para explicar o homem e o mundo. Neste processo, as religiosidades passaram a desempenhar papel destacado. Esperamos acolher estudos que abordem esta questão e sugerimos alguns caminhos: Cientização da vida. Contracultura e Nova Era. A ciência e as religiões do oriente. As narrativas religiosas e a ciência pós-moderna. Holismos. Misticismo ecológico. Etno-ciências. Curas religiosas e medicinas não oficiais. Evolucionismo X criacionismo. Religião, ciência e ética. 339

Dia

Comunic.

29/10 (3ª feira)

30/10 (4ª feira)

Plantas utilizadas nas religiões afro-brasileiras: ciência e crença

A produção de crenças sob a perspectiva semiótica de Peirce

José Luis Rojas Vuscovich FTU

Ricardo Gião Bortolotti UNESP

31/10 (5ª feira)

Teatro da ciência, espetáculo do sobrenatural: as sonâmbulas e seus magnetizadores nos palcos do século XIX Michelle Veronese PUC/SP

Reflexões sobre a noção de eficácia simbólica em Levi-Strauss, no contexto da Etnofarmacobotânica Maria Thereza Lemos de Arruda Camargo USP, PUC/SP UNIRIO In Partibus Fidelium: Os Artigos do Pe. João Alfredo Rohr, S. J., na Revista Eclesiástica Brasileira e na Revista de Cultura Vozes (19671979)

A religiosidade como fator estruturante do novo espírito do capitalismo

Estados alterados de consciência na fronteira entre ciência e religião

Maroni João da Silva PUC/SP

Diogo F. Tenório UFRJ

A contracultura e a emergência da idéia de saúde como integração corpo e mente

Espiritismo e Medicina: interfaces entre ciência, saúde e espiritualidade

Maria Regina Cariello Moraes USP

Gustavo Ruiz Chiesa UFRJ

Novo Pensamento e Cura

Religião e ciência entre kardecistas e messiânicos

Alfredo Bronzato da Costa Cruz

Umberto Eco, Carlo Maria Martini, Jacques Derrida: Saber e Fé no Deserto do Deserto

Monica Bernardo Schettini Marques USP

Alexandre de Oliveira Fernandes UFRJ

Verdade, Realidade e Conhecimento no Contexto do Ateísmo Contemporâneo: Diálogo entre as Ciências da Natureza e as Ciências Humanas

Crenças e Experiências Religiosas dos "Sem Religião" nas Comunidades Virtuais Rafael Lopez Villasenor. PUC/SP

Leila Marrach Basto de Albuquerque UNESP

Médicos e kardecistas: disputas simbólicas e jurídicas acerca da doença no início do século XX Carlos Eduardo Marotta Peters CUTA, FMB

Clarissa De Franco UFABC

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Teísmo, ateísmo e cenários de evolução no multiverso

A ciência espiritual da Bhaktiyoga: epistemologia e revelação

Osame Kinouchi USP

Rafael Grigorio Reis Barbosa UEPA

Vivência das religiosidades através da ioga Leticia Rocha Duarte UNESP

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29 de outubro, terça-feira Comunicações Plantas utilizadas nas religiões afrobrasileiras José Luís Rojas Vuscovich1 Dentro dos estudos que se relacionam às plantas, encontra-se a etnobotânica, que procura entender e valorizar o saber-fazer popular ou autóctone; adotando posturas teórico-práticas de natureza interdisciplinar, que possibilitem entender as razões do uso dessas plantas. A abordagem dos estudos botânicos, que inclui as ligações materiais e imateriais entre as plantas e o homem ainda é pouco utilizada em pesquisas sobre as plantas presentes em defumações, banhos, ornamentos, oferendas, etc.nas religiões afro-brasileiras de tradição oral. Esse conhecimento sobre plantas presentes nessas religiões está ligado à própria formação destas, uma vez que plantas vieram e pertencem a diferentes naturezas e tradições. Neste trabalho, selecionaram-se algumas das plantas do mundo que são utilizadas nas religiões afro-brasileiras, para conhecermos alguns de seus aspectos botânicos, etnobotânicos e sagrados. Assim, a ciência etnobotânica e a crença nos poderes religiosos das plantas são imprescindíveis para os estudos das plantas das religiões afro-brasileiras. Palavras chave: plantas; ciência etnobotânica; religiões afro-brasileiras.

*** Reflexões sobre a noção de eficácia simbólica em Levi-Strauss no contexto da Etnofarmacobotânica Maria Thereza Lemos de Arruda Camargo2 Etnofarmacobotânica, é a área de estudos que visa entre outras abordagens, analisar e explicar o papel das plantas medicinais nas terapias da medicina popular, 1

Ecólogo Paisagista. Licenciado em Ciências y Artes Ambientais. Mestre em Ciências. Professor da FTU. Contato: [email protected]. 2 Pesquisadora associada da Sociedade Latinoamerica de Farmacobotânica. Pesquisadora e membro diretor do Centro de Estudos da Religião “Duglas Teixeira Monteiro” USP, PUC/SP. Contato: [email protected].

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considerando seu vínculo com diferentes sistemas de crença, os quais emprestam aos rituais de cura um caráter nitidamente mágico-religioso. O presente trabalho propõe uma reflexão sobre a eficácia simbólica atribuída a certas práticas mágicas, proposta por Lévi-Strauss, ao tratar de cura xamânica, admitindo que a eficácia assenta-se na crença da magia, sem, contudo, considerar o valor de todos os elementos de que compõem os procedimentos de caráter mágico envolvidos com o resultado final, responsável pela eficácia.. Em contraposição, a eficácia das terapias médico-populares contemporâneas, de cunho mágico-religioso, a qual busca, para sua interpretação, incorporar a ritualística e a crença à materialidade da farmacobotânica, esta, através da interatividade dos papeis: sacral e funcional das plantas, no conjunto ritual de cura, resultando em sua eficácia perante o doente e seu grupo familiar, social e religioso. Palavras chave: etnofarmacobotânica; medicina popular; medicina mágicoreligiosa; plantas rituais.

*** In Partibus Fidelium: os artigos do Pe. João Alfredo Rohr, S.J., na Revista Eclesiástica e na Revista de Cultura Vozes (1967 – 1979) Alfredo Bronzato da Costa Cruz3 João Alfredo Rohr (1908-1984), além de padre jesuíta, foi estudioso da pré-história do Estado de Santa Catarina e reconhecido pioneiro das iniciativas de defesa de seus sítios arqueológicos. Em seu envolvimento com tais questões influiu sua posição no campo religioso, já que ele se deu em um quadro social onde as agências governamentais responsáveis pela proteção do patrimônio nacional mantinham relações de apoio mútuo com o clero católico. O presente trabalho considera esta circunstância como uma chave para interpretar os artigos sobre arqueologia pré-histórica e preservação do patrimônio arqueológico publicados por Pe. Rohr na Revista Eclesiástica Brasileira e na Revista de Cultura Vozes nas décadas de 1960 e 1970. Na leitura destes textos, produzidos para publicações não acadêmicas, voltadas para diferentes tipos de fiéis católicos, busca-se cartografar possíveis pontos de contato entre a pesquisa científica e a trajetória religiosa de Pe. Rohr. Palavras-chave: Pe. João Alfredo Rohr, S. J.; história da arqueologia; patrimônio arqueológico; Igreja e Estado; ciência e religião. 3

Mestre em História pela UNIRIO. Bacharel e Licenciado em História pela PUC/Rio. Bolsista no Programa de Capacitação Institucional da Coordenação de História da Ciência do Museu de Astronomia e Ciências Afins (PCI/CHC-MAST/MCTI). Contato: [email protected].

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*** Umberto Eco, Carlo Maria Martini, Jacques Derrida: saber e Fé no Deserto do Deserto Alexandre de Oliveira Fernandes4 Oito cartas trocadas entre Umberto Eco e Carlo Maria Martini serão analisadas, utilizando-nos da desconstrução de Jacques Derrida, principalmente, suas reflexões em “Fé e Saber: As duas fontes da “religião’ nos limites da simples razão”. Publicadas no livro “Em que creem os que não creem?”, as missivas do filósofo italiano e do cardeal de Roma, fornecem material para refletir acerca de princípios morais, tanto laicos como transcendentes que envolvem a questão do Saber e da Fé – o aborto, a presença das mulheres na Igreja, a sacralidade, a liberdade da ciência, o Outro, a Ética –, demonstrando-nos que para além do pensamento dicotômico e hierárquico, fé e ciência, religiosidade e saber, estão presentes em domínios diversos não devendo ser compreendidos separadamente. Este estudo nos lança ao deserto do deserto, numa aporia da alteridade, caminho penoso e complexo, marcado por questões de violência, injustiça, dor e fundamentalismos, mas também de amor, sacralidade e fé. Palavras – Chave: fé; saber; alteridade.

*** Verdade, Realidade e Conhecimento no Contexto do Ateísmo Contemporâneo: diálogo entre as ciências da Natureza e as Ciências Humanas Clarissa De Franco5 A proposta desta reflexão é expor conceitos como verdade, realidade e conhecimento no debate entre ciências naturais e humanas, considerando como foco o ateísmo expresso por Richard Dawkins. Autores do campo da sociologia do 4

Doutorando em Ciência da Literatura pela UFRJ, Professor de Língua Portuguesa e Literatura no Instituto IFBA/Porto Seguro. Coordenador do GP em Diversidade – IFBA (Gruped). Membro do Pesquisador do Grupo de Estudos Transdisciplinares da Herança Africana/UNIP, e do GE Educação e Relações Étnicas :saberes e praticas dos Legados Africano, Indígena e Quilombolas – UESB. Orientado pela Profa. Dra. Helena Parente Cunha. Bolsista pela Capes. Contato: [email protected]. 5 Doutoranda e mestre em Ciências da Religião pela PUC/SP. Psicóloga pela UFABC, Recebe apoio da FAPESP e CAPES. Contato: [email protected].

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conhecimento serão colocados em diálogo com a perspectiva evolucionista da qual Dawkins faz parte, indicando como a “verdade”, quando tomada univocamente, como ocorre na discussão sobre a existência de Deus, associada ao status da ciência, tem feito chegar ao público leigo que o ateísmo tem provas científicas. Isso reformula a discussão em torno do ateísmo, que sempre esteve pautada em argumentos de ordem filosófica. A partir de tais observações, cabe-nos a reflexão sobre o papel da(s) ciência(s), uma vez que não seria função desta emitir julgamentos sobre a realidade em bases do tipo “benéfica ou maléfica”, tampouco destruir mitos, mas sim, tentar explicar os mecanismos que tornam os mitos necessários. À ciência caberia ampliar o debate e não fechá-lo. Palavras-chave: ateísmo; verdade; conhecimento; realidade; ciência.

*** Teísmo, ateísmo e cenários de evolução no multiverso Osame Kinouchi6 Ideias sobre evolução e desenvolvimento surgidas no contexto da Biologia têm sido aplicadas recentemente no contexto Cosmológico. Após uma breve descrição do problema do Ajuste Fino em Cosmologia e as principais propostas para sua solução, fazemos uma revisão do cenário de Seleção Natural Cosmológica de Smolin e sua extensão para cenários onde a vida inteligente desempenha um papel dentro de um Multiverso Biofílico. Consideramos as vantagens e desvantagens do cenário de Seleção Artificial Cosmológica proposto por pesquisadores ligados à temática de Universo EVO DEVO. Finalmente, descrevemos em que sentido tais especulações científicas podem ser testadas em um futuro próximo. Palavras chave: cosmologia; seleção natural; multiverso.

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Doutor em Física pelo IF/USP. Professor associado no Departamento de Física da FFCLRPUSP. Coordenador do Laboratório de Física Estatística e Biologia Computacional e do Laboratório de Divulgação Científica e Cientometria. Membro do Center for Natural and Artificial Information Proccessing Systems (CNAIPS/USP). Contato:[email protected].

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30 de outubro, quarta-feira Comunicações A produção de crenças sob a perspectiva semiótica de Pierce Ricardo Gião Bortolotti7 A semiótica peirceana fornece amplo material para o estudo da experiência em geral, uma vez que a finalidade do processo sígnico está na produção de hábitos de conduta. Ora, o que é o homem, a não ser um signo de si mesmo? Em outros termos, pertencemos ao mundo enquanto signos, pois compreendemo-nos dessa forma, e não enquanto reações passageiras. A consciência, assim determinada, dá lugar aos interpretantes, os quais geram hábitos ou crenças. Ao conhecimento conceitual correspondem os interpretantes lógicos. Entretanto, se o contato com os fenômenos revela apenas a mediação emocional, a experiência futura poderá ser recorrente do ato de origem. Neste caso, um crente fervoroso poderia estar determinado somente ao que o conduz àquelas sensações. Esclarecer os interpretantes, ou as crenças produzidas, é o objetivo desta comunicação. Palavras-chave: crença; signo; interpretante.

*** A religiosidade como fator estruturante do novo espírito do capitalismo Moroni João da Silva8 O trabalho consiste na pesquisa de doutorado, dando continuidade à dissertação Mestrado que envolveu um estudo de caso sobre o impacto da cultura na gestão do Magazine Luiza. Agora estudo a Religiosidade presente em rituais de perfil religioso apresentados pela empresa, como fator de motivação. Vejo a religiosidade como fator estruturante de um ethos que busca construir uma modus operandi voltado para o “poder da mente”, segundo o qual, prosperidade e bem estar social 7

Doutor em Comunicação e Semiótica pela PUC/SP. Professor no Departamento de História da UNESP – Assis. Contato:[email protected]. 8 Doutoranda e mestre em Antropologia pela PUC/SP. Membro do Núcleo de Pesquisa Religião e Sociedade da PUC/ SP. Bolsista da Capes, Orientado pela Profa. Dra. Eliane Hojaij Gouveia. Contato: [email protected].

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são parte da mesma moeda, ou seja, o lucro. Tal abordagem se caracteriza como o “novo espírito” que se apresenta para fortalecer e diversificar as relações capitalistas contemporâneas. Meu objetivo é desvendar o papel da crença e da fé, principalmente religiosas, conectados a suas ações sociais voltadas para a construção do “Jeito Luiza de Ser”. Para tanto, as semelhanças entre os estudos sobre autoajuda, teologia da prosperidade e práticas cristãs serão examinados para auxiliar na análise da função da religiosidade. Palavras-chaves: cultura; religiosidade; crença; gestão.

*** A contracultura e a emergência da idéia de saúde como integração corpo e mente Maria Regina Cariello Moraes9 A contracultura foi um ponto de inflexão para a modificação dos costumes e da moralidade com relação ao corpo, não apenas no tocante à revolução sexual, mas também no que diz respeito a valores religiosos e sanitários. Após as contestações sociais dos anos 1960 emergiram paralelamente: um individualismo radical voltado para o autocuidado corporal e mental; uma cosmovisão integrativa ecoreligiosa; uma cultura terapêutica direcionada para libertação do eu através do corpo. Todos esses elementos estão fortemente presentes na concepção de saúde enquanto bemestar, difundida a partir de meados dos anos 1970, que ainda vigora nos discursos contemporâneos. O objetivo deste texto é resgatar o processo de construção do ideário terapêutico pós-psicanalítico configurado pela contracultura, no âmbito da contestação à ciência e do reavivamento místico, bem como sua absorção no campo institucional da saúde mental, dentro da lógica científica. Palavras-chave: novos movimentos religiosos; contracultura; terapias alternativas.

*** Novo pensamento e cura Monica Bernardo Schettini Marques10 9

Doutoranda em Sociologia pela USP. Contato: [email protected]. Pós-doutoranda em Sociologia pela USP. Contato: [email protected].

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Este paper se insere em uma pesquisa mais ampla que se detém em dois fenômenos de origem estadunidense, bastante expressivos no Brasil contemporâneo - a teologia da prosperidade, pregada pelos neopentecostais, e a literatura de autoajuda, centrada no “poder da mente” ou no “poder do pensamento positivo”. Os dois fenômenos em questão deitam raízes no Novo Pensamento, movimento norte-americano significativo entre a segunda metade do século XIX e as primeiras décadas do século XX, que combinava uma vasta gama de ideias e práticas, incluindo-se influências oriundas do mesmerismo, do cristianismo e do idealismo filosófico. Ao longo da comunicação, procuraremos apresentar as principais características do movimento, destacando, especialmente, o projeto de cura de doenças através do “poder da mente”, perseguido por seus expoentes, numa relação com as ciências de seu tempo que parece ter sido de tensão, como também de valoração. Palavras-chave: novo pensamento; cura; literatura de autoajuda, teologia da prosperidade.

*** Crenças e experiências religiosas dos “sem religião” nas comunidades virtuais Rafael Lopez Villasenor11 As mudanças rápidas e profundas da religião institucionalizada são fruto da secularização em três níveis: cognitivo, institucional e de comportamento. Em termos cognitivos significou o processo de racionalização das explicações da realidade e o uso do ciberespaço como nova fronteira religiosa. Na instituição representou a substituição das funções institucionais para formas autônomas de práticas religiosas desinstitucionalizadas. No comportamento significou a privatização da própria experiência religiosa de maneira subjetiva e individualista. Não há extinção da religião, mas seu deslocamento para a esfera do sujeito, que se auto declara "sem religião". O trabalho demonstra que os "sem religião" no contexto da secularização, não constituem um único grupo e não devem ser interpretados como uma massa homogênea. As diferenciações estão relacionadas com a trajetória religiosa subjetiva do indivíduo e por determinadas práticas nas formas de conceber a religião.

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Doutor em Ciências Sociais com ênfase em Antropologia pela PUC/SP. Mestre em Ciências da Religião pela PUC/SP. Contato: [email protected].

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Palavras Chaves: secularismo; sem religião; comunidades virtuais; postagens; Orkut.

*** A ciência espiritual da Bakti-yoga: epistemologia e revelação Rafael Grigorio Reis Barbosa12 O presente artigo problematiza o estatuto epistêmico da ciência espiritual da Bhakti-yoga tal como é apresentada por A.C Bhaktivedanta Swami Prabhupada, fundador da Sociedade Internacional para a Consciência de Krishna - ISKCON, chamada popularmente como Movimento Hare Krishna, seguidora da tradição monoteísta da Índia conhecida como Vaishnavismo. Swami Prabhupada (2006) define a Bhakti-yoga como a ciência da consciência de Deus, Consciência de Krishna, e também como ciência da autorrealização espiritual. Nosso objetivo consiste em analisar a noção de ciência espiritual e suas práticas no processo de Bhakti-yoga a partir de sua própria epistemologia – cuja centralidade encontra-se no processo de revelação do conhecimento divino – e em diálogo com as reflexões das Epistemologias do Sul, destacando-se as análises de Boaventura de Sousa Santos e Enrique Dussel. Palavras-chave: bhakti-yoga; ciência espiritual; epistemologia; revelação.

*** Vivência das religiosidades através da ioga Letícia Rocha Duarte13 Esta comunicação tem como objeto os diálogos entre a experiência da ioga e a religião. O ponto de referência é a iogaterapia do Professor Hermógenes, observada a partir da sua bibliografia. A análise desse corpus revelou mediações culturais voltadas para sua presença no cenário atual como outra maneira de vivenciar as 12

Mestrando em Educação pela UEPA. Educador, pedagogo, especialista em Movimentos Sociais, Membro do NE Educação Popular Paulo Freire e do GP História da Educação na Amazônia. Contato: [email protected]. 13 Mestra em Pedagogia da Motricidade Humana pela UNESP - Rio Claro. Membro do NE Corpo e Sociedade UNESP/CNPQ. Professora da Secretaria Estadual da Educação do Estado de São Paulo. Contato: [email protected].

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religiosidades. O objetivo é descrever, a partir do discurso de Hermógenes, a experiência com o divino através da ioga. Seria uma nova maneira de vivenciar a religiosidade ancorada na valorização do encontro entre Oriente e Ocidente. Sugere uma pluralidade de caminhos como o sincretismo, mas também uma aproximação com o campo da saúde, num movimento que se propõe a conquistar a plenitude do ser em busca da divindade, mas que não descarta o corpo. Enfim, a manutenção dos signos tradicionais cristãos, aliada à introdução dos elementos da cultura oriental traz uma nova forma de vivenciar a religiosidade. Ao mesmo tempo em que a religião legitima a experiência da ioga. Palavras-chave: religião; ioga; Pluralidade.

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31 de outubro, quinta-feira Comunicações Teatro da ciência, espetáculo do sobrenatural: as sonâmbulas e seus magnetizadores nos palcos do século XIX Michelle Veronese14 Quando o físico alemão Anton Mesmer, em fins do século XVIII, defendeu que o universo e todos os seres vivos eram perpassados por um fluido invisível, que animava os corpos e poderia ser controlado por indivíduos treinados, não imaginou que suas ideias iriam repercutir tão longe e por tanto tempo. No Brasil, por volta de 1850, a crença no magnetismo animal continuava a atrair curiosos, inspirando praticantes e levando multidões para os grandes teatros. Nos palcos de cidades como Rio de Janeiro e Salvador, os seguidores de Mesmer, chamados de magnetizadores, exibiam seus talentos ao lado das sonâmbulas, mulheres que se acreditava serem dotadas de dons especiais. As apresentações tinham um tom científico, mas o conteúdo sobrenatural também estava presente e ecoava nas profecias e adivinhações realizadas pelas sonâmbulas. Neste trabalho, apresento essas figuras ainda pouco conhecidas da história das religiões no Brasil, discutindo como estes homens e mulheres encantaram plateias ao combinar elementos da ciência e da religião e, ao mesmo tempo, despertaram a ira daqueles que não aceitavam ver borrada essa fronteira. Palavras-chave: ciência; religião; magnetismo; mesmerismo.

*** Estados alterados de consciência na fronteira entre ciência e religião Diogo F. Tenório15

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Doutoranda em Ciências Sociais pela PUC – SP. Membro do GP Religião e Sociedade. Bolsista do CNPQ. Orientado pela Profa. Dr.a Eliane Hojaij Gouveia. Contato:[email protected]. 15 Graduado em Ciências Sociais pelo IFCS/UFRJ. Contato: [email protected].

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Pretendo neste trabalho debater as fronteiras, controvérsias e diálogos entre ciência e religião que envolvem os chamados “estados alterados de consciência” (EACs), ou estados de transe, em particular as experiências religiosas ocorridas em terreiros de umbanda e centros espíritas. Irei analisar o contexto onde se desdobram tais vivências e em que medida contribuem para a formação da pessoa do “sensitivo”, ao expressarem símbolos, valores e crenças compartilhados pelo grupo. Gostaria também de fazer uma (re)leitura da teoria antropológica brasileira, na qual foi de certo modo dominante, a princípio, uma visão dos EACs como um certo tipo de “distúrbio mental”. Esta visão presente na fundação da disciplina será debatida, assim como a própria definição de “estados alterados”, ainda muito influenciada pelo paradigma dualista da ciência biomédica (normalidade vs. patologia), e como podemos articulá-la com os debates recentes da antropologia sobre as relações entre natureza e cultura. Palavras-chave: experiência religiosa; estados de transe; paradigma biomédico; ciência; espiritualidade.

*** Espiritismo e medicina: interfaces entre ciência, saúde e espiritualidade Gustavo Ruiz Chiesa16 Neste trabalho pretendo refletir sobre a ideia de uma “medicina espírita” e suas controvérsias. Trata-se de um modelo médico e científico? Se sim, qual o lugar que ele pode ocupar frente aos demais modelos estabelecidos? Seria uma prática terapêutica alternativa ou complementar, uma superação da biomedicina, ou uma nova especialidade médica? Tais questões surgem no interior do próprio movimento espírita que desde a sua origem tem apresentado interessantes reflexões sobre as práticas e epistemologias médicas, propondo modos diferenciados de pensar certas dicotomias caras à medicina e à ciência ocidental, tais como, espírito e matéria, mente e corpo, saúde e doença, vida e morte. Apoiados nas investigações da ciência contemporânea ou recuperando concepções médicas derrotadas pelo atual modelo hegemônico, os médicos e cientistas espíritas afirmam que a medicina espírita ou espiritual é a “medicina do futuro” precisamente porque consegue perceber e tratar o ser humano em sua totalidade. 16

Doutorando em Antropologia pelo PPGSA/UFRJ, Mestre em Sociologia (com concentração em Antropologia) pela mesma instituição. Pesquisador do Laboratório de Etnografia e Interfaces de Conhecimento (LEIC/UFRJ). Orientado pelo Prof. Dr. Octavio Bonet. Contato: [email protected].

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Palavras-chave: medicina; ciência; espiritualidade; saúde.

*** Religião e ciência entre kardecistas e messiânicos Leila Marrach Basto de Albuquerque17 Este estudo visa a discutir a dinâmica entre religião e ciência nos procedimentos de cura de duas expressões religiosas: o Espiritismo kardecista e a Igreja Messiânica. Ambas se valem da imposição das mãos e de concepções vitalistas, mas apresentam posições próprias quanto ao conhecimento científico derivadas das suas trajetórias históricas: num caso, em harmonia com uma ciência progressista e, no outro, em oposição a uma ciência ameaçadora, que precisa ser reinventada. Os dados foram coletados em fontes escritas, orais e observação participante. Palavras-chave: passe; johrei; energia.

*** Médicos e kardecistas: disputas simbólicas e jurídicas acerca da doença no início do século XX Carlos Eduardo Marotta Peters18 Este estudo analisa os embates jurídicos e simbólicos travados entre médicos e espíritas kardecistas acerca de práticas curativas no interior paulista na primeira metade do século XX. O trabalho utiliza como fontes processos e documentos policiais produzidos num período marcado por intensa perseguição às práticas que destoavam da medicina científica. Enfoca o universo simbólico da medicina e do kardecismo e a legislação produzida no período acerca da questão. Palavras-chave: espiritismo; medicina; legislação.

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Doutora em Ciências Sociais pela PUC/SP. Professora da UNESP/Rio Claro. Líder do NE Corpo e Sociedade (UNESP/CNPq). Contato: [email protected]. 18 Doutor em História Social pela UNESP/Assis. Professor do Centro Universitário Toledo de Araçatuba e da Faculdade Metodista de Birigui. Contato: [email protected].

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GT21 – Religião e hierofania: história, espaços e símbolos Coordenador Sérgio Gonçalves de Amorim Doutor em Ciências da Religião pela PUC/SP. Resumo A hierofania, por ser produção humana e coletiva, necessita de suportes que lhe dê materialidade, daí sua proximidade com a palavra, a arquitetura, a cidade e o ambiente, compondo um espaço simbólico, físico e imaginário, e promovendo, ao longo de um percurso histórico específico, mitos, ritos, literaturas e músicas sagradas, templos, santuários naturais, e outros suportes sujeitos à manifestação do divino, como o corpo humano, plantas, animais. Mesmo o processo de secularização promove “seus deuses”, seja na forma de um Leviatã, ou no fetiche da mercadoria, que no contexto da cidade fomenta uma determinada cidadania, indicando o “lugar da fé” em um correlato sistema político. Este GT pretende reunir pesquisas que se relacionem às complexas temáticas que envolvem as relações entre religião e hierofania. A história da materialidade religiosa, e de seus significados no contexto de outras materialidades, permite compreender o “lugar da religião” em uma dada sociedade.

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Dia

29/10 (3ª feira)

30/10 (4ª feira)

31/10 (5ª feira)

Comunic.

Hierofania e (In)tolerância: o espaço religioso na história das cidades

Espaço das representações da morte: arte tumular como expressão da cultura

O santuário da pedra do menino em Cuité: etnografia de uma romaria

Sérgio Gonçalves de Amorim PUC/SP

Thiago Nicolau de Araújo EST

Entre a história, o mito e o símbolo: Dom Manoel é o rei do mundo

Nos muros, os secretos: iconografia nos muros dos terreiros de candomblé, mina e umbanda em Santanrém/PA

Taissa Tavernard de Luca UEPA

Carla Ramos UFOPA

O tempo e o espaço “sagrados” na umbanda Claudio Pereira Noronha UMESP

Epistemologia da controvérsia e seu diálogo com o inefável da hierofania José Altran PUC/SP

Manoel Pedro Ferreira Neto UFPB

Sob o signo do sagrado: fragmentos do pensamento católico nos dizeres sobre o urbano no Maranhão nas décadas de 30 e 40 do século passado Miriam Ribeiro Reis UFMA Todo ano tem: levantamento do mastro na cultura campesina maranhense Keliane da Silva Viana UFMA Ronilson de Oliveira Sousa UFMA

Barroco: arte e educação no universo colonial lusobrasileiro Andrea Gomes Bedin PUC/SP

A oração como cultura: observando o papel da hierofania entre os membros da comuniade de vida da comunidade católica Shalom José Germano Neto UFRN

Espaço sagrado da memória de migrantes em Ouro Preto Oeste – RO Amanda Rayery de Aguiar Soares UNIR Eduardo Servo Ernesto UNIR

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Pôsteres

A “religião” de Borges: o labirinto e o tigre como metáforas-mitos

Santos pagãos: o sincretismo e a religiosidade cristã nos anos da antiguidade tardia

Rogério Gonçalves de Carvalho PUC/SP

Valquíria Velasco UVA Daime de guarda: o santo de casa da doutrina do Santo Daime

Religião e educação no ensino fundamental e médio a partir da lei 10639/03

Cláudio Alvarez Ferreira PUC/SP

Wisley Ferreira do Nascimento Unimontes

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29 de outubro, terça-feira Comunicações Hierofania e (in)tolerância – o espaço religioso na história das cidades Sérgio Gonçalves de Amorim1 O espaço é uma categoria filosófica e existencial, e tal como o tempo, envolve a totalidade da experiência humana e social, sendo produto e agente de uma época. A partir da existência das cidades e sua história, estas sempre foram marcadas pela hierofania de deuses e deusas, aos quais espaços religiosos foram dedicados. Entretanto, deve-se considerar o caráter contraditório e paradoxal da cidade, e neste contexto, de seus espaços religiosos: as cidades sempre foram proclamadas como sendo um espaço de liberdade, quando, na realidade se constituem em formas necessárias à exploração do ser humano pelo ser humano, pela via do trabalho. Os espaços religiosos, neste contexto das cidades, tornam-se ópio e agente revolucionário, catalisando emoções e produzindo sentidos, tecendo junto às políticas, significados para a vida. Palavras-chave: história; cidade; espaço religioso; hierofania; (in)tolerância.

*** Entre a história, o mito e o símbolo: Dom Manoel é o rei do mundo Taissa Tavernard de Luca2 O presente trabalho tem por objetivo analisar o panteão da Mina-Nagô em Belém do Pará enfocando, mais especialmente uma categoria de entidades de alto status, denominada de “senhores de toalha” ou “nobres gentis nagôs”. Trata-se de reis e nobres europeus que possuem ligação com a história luso-brasileira e que foram “divinizados” pelos adeptos dessa religião de matriz africana. Dentre eles abordarei especialmente a trajetória de D. Manuel, rei português da dinastia de Avis, responsável direto pelo processo expansão marítima e descoberta do Brasil. 1

Doutor em Ciências da Religião pela PUC/SP. Contato: [email protected]. Doutora em Antropologia pela UFPA, Professora Adjunta 1 do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Religião da UFPA. Coordenadora do GP Religiões de Matriz Africana na Amazônia. Contato: [email protected]. 2

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Recupero parte da história de vida desse personagem na tentativa de entender o processo de divinização do homem público bem como a construção dos símbolos e mitos ligados a ele. Procuro também, apontar valores que estão subjacentes a todas as narrativas míticas, dentre os quais destaco o simbolismo da branquidade. Palavras-chave: História; mito; símbolo; branquidade.

*** O tempo e o espaço “sagrados” na Umbanda Claudio Pereira Noronha3 Tempo e Espaço são duas categorias importantes para a compreensão de como, na Religião, o sagrado se constrói. Se o “sagrado”, em determinadas circunstâncias, opõe-se ao “profano” – embora na realidade social podem misturar-se – o “tempo” e o “espaço” sagrados também rompem com a cotidianidade e remete-nos a um tempo e um espaço míticos, extraordinários. O objetivo dessa comunicação é refletir sobre como essas categorias são tecidas na Umbanda, cujos elementos sagrados e profanos, a nosso ver, se separam e se misturam “constantemente” sem, tampouco, deixar de produzir sentido aos seus participantes. Palavras-chave: tempo; espaço; umbanda.

*** Pôsteres A "religião" de Borges: o labirinto e o tigre como metáforas-mitos Rogério Gonçalves de Carvalho4 Na tensa relação entre religião e literatura, principalmente entre teologia e literatura, poucas foram as incursões que, por um lado evitassem tornar as obras literárias servas da teologia, e por outro lado indicassem um espaço onde as obras literárias se “com-fundem” com a religião. Nosso objetivo é apontar e analisar uma 3

Doutorando em Ciências da Religião pela UMESP. membro do GP Religião e Periferia na América Latina (REPAL/UMESP). Bolsista CAPES. Contato: [email protected]. 4 Doutorando em Ciências da Religião pela PUC/SP. Professor da Faculdade de Teologia Metodista. Contato: [email protected].

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delas, que confortavelmente se põe no campo do símbolo, do mito e da metáfora, que sempre gozaram de privilégios na linguagem religiosa. Diante disso, tomamos Gilbert Durand, antropólogo do imaginário e mitólogo, como um dos pensadores que tentaram devolver à metáfora o seu poder imaginário pelo viés do símbolo e do mito. Mais especificamente aplicadas nos contos de Jorge Luis Borges, um mestre na perseguição de metáforas narrativas, que não negam sua ancestralidade simbólica e mítica. Nesse caso, duas metáforas, dentre várias, são recorrentes em seus contos e nos dão a dimensão hierofânica e quase religiosa que permeiam toda a obra borgeana: o labirinto e o tigre. Palavras-chave: religião; literatura; antropologia do imaginário; Jorge Luis Borges.

*** Daime de Guarda: o santo de casa da Doutrina do Santo Daime Cláudio Alvarez Ferreira5 O movimento religioso brasileiro, conhecido como Santo Daime, nasceu na década de 30, do século XX, tendo como eixo central de sua ritualística a ingestão de uma bebida sagrada conhecida como Santo Daime. Na sua formação foram sendo fundidas e reelaboradas diferentes matrizes religiosas, como o cristianismo, o xamanismo amazônico, correntes esotéricas, o espiritismo kardecista e as religiões afro-brasileiras. Boa parte dos trabalhos acadêmicos sobre o tema interpreta o Santo Daime como um movimento xamânico. Entretanto, existe um eixo central cristão que norteia todo o processo de reelaboração simbólica do Santo Daime, profundamente influenciado pelas práticas e símbolos do catolicismo popular brasileiro. Neste sentido, esta comunicação tem como objetivo apresentar o Daime de Guarda, uma categoria particular de utilização privada da bebida sagrada, como uma manifestação hierofânica que se aproxima amplamente do culto doméstico aos santos nas práticas católicas populares do Brasil. Palavras-chave: Santo Daime; catolicismo popular; Daime de Guarda.

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Mestre em Ciências da Religião pela PUC/SP. Contato: [email protected].

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30 de outubro, quarta-feira Comunicações Espaço das representações da morte: arte tumular como expressão da cultura Thiago Nicolau de Araújo6 Percebemos diferentes maneiras das sociedades expressarem o sentimento sobre a morte, mas sempre mantendo a ideia de conservar a memória do morto pela imagem, numa tentativa de manter viva sua identidade, através das obras funerárias. Assim, partindo da interpretação de Edgar Morin em O Homem e a Morte, analisamos as construções tumulares dentro dos cemitérios públicos e privados, verificando de que forma se preserva essa memória, através da estatuária, simbologia e textos tumulares. Dessa forma, o túmulo é uma representação de uma identidade cultural individual ou coletiva, inserida num modelo de discurso urbano. É na diversidade de adereços que compões a arte funerária que se torna possível identificar as concepções religiosas presentes no cemitério e sua relação com a finitude. Analisamos as obras funerárias como uma forma de narrativa, pois quando uma família insere outros elementos de sua fé, está reafirmando sua crença religiosa ou da comunidade em que vive. Palavras-chave: cemitérios; arte tumular; religiosidade.

*** Nos muros, os secretos: iconografia nos muros dos terreiros de Candomblé, Mina e Umbanda em Santarém (PA) Carla Ramos7 Esta pesquisa envolve o mapeamento dos terreiros/casas de religiões de matriz Afro-brasileira, na cidade de Santarém, no Pará, com o objetivo de estabelecer, no interior da Universidade Federal do Oeste do Pará um espaço para o tema das 6

Doutorando em Teologia e História pela Faculdades EST. Bolsista CNPq. Contato: [email protected]. 7 Mestre em Sociologia e Antropologia pela UFRJ. Professora no Programa de Antropologia e Arqueologia da OFOPA. Membro do NP e Documentação das Expressões Afro-religiosas no oeste do Pará e Caribe da UFOPA (NPDAFRO). Contato: [email protected].

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relações raciais em seu aspecto mais amplo. Como foi colocado por Abdias Nascimento, historicamente as práticas religiosas afro-brasileiras sofrem um processo de genocídio físico e epistemológico por parte de vastos segmentos e instituições no mundo pós-colonial. Diante disso, são muito variadas as estratégias de resistência e de afirmação empreendidas a partir desses espaços. Em meio à dinâmica de silenciamentos e publicização desses espaços, estamos interessados em apresentar um debate sobre as expressões da identidade religiosa que podem ser vistas nos muros dos terreiros de casas de Mina, Candomblé e Umbanda na cidade de Santarém, a partir de uma abordagem ligada à antropologia visual. Para tanto, faremos uma análise dos registros fotográficos. Palavras-chave: iconografia; candomblé; mina; umbanda; Santarém (PA).

*** Epistemologia da controvérsia e seu diálogo com o inefável da hierofania José Altran8 A epistemologia da controvérsia, em especial como colocada por Marcelo Dascal, pretende alcançar um caminho investigativo coeso acrescentando às ideias lançadas por Thomas Kuhn e Karl Popper acerca dos fazeres científicos e do que pode, afinal, ser tomado por "conhecimento", dando especial ênfase à função da contestação sobre o estabelecido. Neste contexto, tão conturbado por posicionamentos intelectuais que se polarizam, cabe a igualmente acirrada discussão em Ciências da Religião acerca do suposto sui generis inefável da religião, que se desdobraria em "sagrado", "hierofania" e diversas afirmativas tão instigantes quanto arriscadas. A presente apresentação procura aproximar a epistemologia da controvérsia desta antiga porém persistente discussão fenomenológica: intermédio que, espera-se, contribua na lapidação desta tão polêmica mas crucial investigação. Palavras-chave: controvérsia; epistemologia; numinoso; hierofania.

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Mestrando em Ciências da Religião pela PUC/SP. Bolsista CNPq. Contato: [email protected].

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Barroco: arte e educação no universo colonial luso-brasileiro Andrea Gomes Bedin9 Este artigo resulta da pesquisa bibliográfica e de campo do Barroco brasileiro, “movimento artístico” característico do século XVII, que também alcançou proeminência no primeiro quartel do século XVIII em toda a Europa, e pretende analisar o barroco sob o enfoque não apenas artístico, mas, levando em conta o contexto histórico no qual foi produzido, compreender sua relevância no campo educacional, portador de todo um sentido catequético aliado ao contexto sócioreligioso colonial luso-brasileiro. O descortinar do sentido real do barroco a partir da visão de mundo dos artistas que o produziram, tem o intuito de trazer à tona algo que vai além da tradução genuína da palavra barroco, visto como pedra de “esfericidade irregular, rústica”, para um verdadeiro “estado de espírito” da sociedade a partir da qual foi gestado. Palavras-chave: barroco; educação; arte; sociedade; catequese.

*** Espaço sagrado: a construção da memória de migrantes em Ouro Preto do Oeste (RO) Amanda Rayery de Aguiar Soares10 Eduardo Servo Ernesto11 Nesta proposta de trabalho procuramos fazer algumas considerações a respeito de representações culturais de agricultores na linha LC 80 na zona rural de Ouro Preto do Oeste - Rondônia. Tais representações estão ligadas a práticas religiosas deste grupo, que ao serem recriada em seu novo convívio social, contribuem para manutenção da identidade de grupos que passam pela experiência da migração, mais especificamente a Comunidade de Nossa Senhora Da Guia, onde este espaço sagrado mantém uma continudadade de práticas de representações ligadas à religiosidade presente no antigo espaço destes migrantes. Palavras-chave: migração; Ouro Preto do Oeste (RO); Nossa Senhora da Guia. 9

Mestranda em Ciências da Religião pela PUC/SP. Bolsista CAPES. Contato: [email protected]. 10 Mestranda em História e Estudos Culturais pela UNIR. Contato: [email protected]. 11 Mestrando em História e Estudos Culturais pela UNIR. Contato: [email protected].

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*** Pôsteres Educação religiosa: tensão ética em sala de aula Amanda Silva Leal12 Este artigo tem como objetivo discutir a Educação Religiosa desde a colonização até o presente. Educação que tinha como ênfase na doutrina da religião oficial do Império, a religião Cristã. Proclamada a República em 1889, há à separação entre Igreja e Estado. A partir da constituição de 1988, a Educação Religiosa se constitui como disciplina escolar. Com a Lei de Diretrizes e Bases nº. 9.475 de 1997, o Ensino Religioso torna-se parte integrante da formação básica do cidadão, assegurando o respeito à diversidade cultural religiosa do Brasil, sendo vedadas quaisquer formas de proselitismo, tornando assim, o Estado laico. Como método de pesquisa, utilizamos revisão bibliográfica, tendo como base Edgar Morin e pesquisa de campo na Escola Estadual Professora Dulce Sarmento. Concluímos que a prática da Educação Religiosa perpassa por uma questão ética, desde sua inserção no Brasil, a forma de ser aplicada em sala de aula, até as questões que dizem respeito à diversidade religiosa existente. Palavras-chave: LDB; educação religiosa; ética; diversidade religiosa.

*** Religião e educação no ensino fundamental e médio a partir Lei 10639/03 Wisley Ferreira do Nascimento13 O presente trabalho tem por objetivo discutir a importância e significado do ensino religioso nas escolas de ensino fundamental e médio a partir da Lei 10639 sancionada em Janeiro de 2003, tornando obrigatório o ensino sobre a História e Cultura Afro-brasileira e africana. A primeira constatação da qual partiremos é que religião é uma realidade universal do ser humano, experimentada por ele no 12

Graduanda em Pedagogia pela UNIMONTES. Bolsista Capes/Pibid/Subprojeto – Educar para a Complexidade: Formação de Habilidades Cognitivas e Sociais (UNIMONTES). Contato: [email protected]. 13 Graduando em Filosofia pela UNIMONTES. Bolsista Capes/Pibid/Subprojeto – Educar para a Complexidade: Formação de Habilidades Cognitivas e Sociais (UNIMONTES). Contato: [email protected].

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decorrer de sua vida desde tenra idade, sendo essencial para humanização e apresentando-se não apenas como um enigma no sentido teórico, mas também em sentido ético. Pensar e estudar sobre a religião é de suma importância, uma vez que age como formadora social, política e humana, indiferente da cultura. Nesse sentido pensaremos a prática do Ensino Religioso nas escolas de ensino fundamental e médio por entendermos a importância e o alcance da lei 10.639 na medida em nos leva a pensar e responder sobre nossas origens, nossa realidade, nossa existência e nossa relação com o sagrado. Palavras-chave: educação; ensino religioso; cultura afro-brasileira; história afrobrasileira; Lei 10.639/03

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31 de outubro, quinta-feira Comunicações O Santuário da Pedra do Menino em Cuité: etnografia de uma romaria Manoel Pedro Ferreira Neto14 O presente trabalho é parte de minha dissertação de mestrado em curso intitulada “A religiosidade popular da Pedra do Menino em Cuité: Fé e devoção na região do Curimataú paraibano”. Caracteriza-se pela transformação de um espaço pertencente a um sítio nas redondezas da referida cidade, no Santuário da Pedra do Menino, em honra ao São Manuel da Paciência, não canonizado pela Igreja, porém aclamado pelo povo. Pretendo fazer uma etnografia desta romaria, enfocando aspectos elencados referentes ao trajeto, concentração dos fiéis, comportamento durante a caminhada, e o respeito ao local sagrado. Através da análise de entrevistas com o Pároco da Cidade, a irmã do santo popular, do organizador, e das falas de dois fiéis, buscarei mostrar como se construiu, em seu discurso, essa devoção, como está sendo praticada nos dias atuais e como os habitantes dessa pequena área da zona rural de Cuité reconheceram a ação do sagrado e converteram a parte mais alta do sítio num lugar de oração e paz. Palavras-chave: Pedra do Menino; romaria; religiosidade popular.

*** Sob o signo do sagrado: fragmentos do pensamento católico nos dizeres sobre o urbano no Maranhão nas décadas de 30 e 40 do século passado Mirian Ribeiro Reis15 Resumo: Segundo Daniele Hervieu Leger (2005), os estudos voltados hoje, para o que é considerada uma sociologia da vida religiosa, na sua maioria tem como pano de fundo o que se considera como sendo a teoria da secularização, segundo o qual um dos traços mais característicos da modernidade seria o progressivo enfraquecimento da religião como um referencial produtor de sentido para o 14 15

Mestrando em Ciências das Religiões pela UFPB. Contato: [email protected]. Mestranda em História Social pela UFMA. Bolsista Capes. Contato: [email protected].

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homem. Objetivo deste trabalho é traçar uma análise sobre como o imaginário religioso é capaz de informar uma concepção de cidade, de sujeitos e práticas. Ou seja, como elementos da simbologia e das práticas católicas podem influenciar e até mesmo formar uma postura citadina, onde os valores morais, as regras de sociabilidades, e até mesmo as concepções de espaço são pensados a partir de um referencial religioso. O recorte espaço-temporal é a pequena cidade de Caxias no Estado do Maranhão nas décadas de 30 e 40 do século passado. Palavras-chave: religião; cidade; simbologia católica; modernidade.

*** Todo ano tem: o levantamento do mastro na cultura campesina maranhense Keliane da Silva Viana16. Ronilson de Oliveira Sousa17 Este trabalho tem como objetivo central analisar as transformações, significados e funções da festa de levantamento do mastro na cultura campesina maranhense. O foco recai aqui sobre a festa tradicional da puxada do mastro que ocorre todos os anos na cidade de São Bernardo-MA, localizada na microrregião do Baixo Parnaíba. A metodologia pauta-se na pesquisa documental, bibliográfica, etnográfica e entrevistas realizadas com moradores mais antigos e organizadores dessa festividade. Parte-se do ponto de vista de que a manifestação popular da puxada do mastro permite a conexão entre diferentes dimensões da sociabilidade local: experiências, sentimentos e valores herdados; (re)construção das identidades sociais vivenciadas no tempo da festa. Resgatando as origens desse ritual, sua simbologia e as suas transformações, conclui-se que a festa do mastro se apresenta como uma manifestação ritualística que se atualiza a cada ano mediante os usos e interpretações desse encontro festivo. Palavras-chave: mastro; religiosidade; história; tradição.

*** A oração como cultura: observando o papel da hierofania entre os membros da comunidade de vida da Comunidade Católica Shalom José Germano Neto18 16 17

Graduanda em Ciências Humanas pela UFMA. Contato: [email protected]. Graduando em Ciências Humanas pela UFMA. Contato: [email protected].

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Este trabalho é fruto de uma pesquisa etnográfica entre os membros da Comunidade de Vida (missionários em tempo integral) da Comunidade Católica Shalom de Natal (RN). Foi utilizado o método de observação participante com o objetivo de compreender mais sobre o papel da hierofania na vivência desse grupo, como eles se enxergam nesse grupo e como sentido da realidade pode ser construído, mantido e transformado nesse meio. Vendo que no olhar do nativo, a experiência e intimidade com o Divino através da oração é a força mantenedora da cultura, na verdade, a oração é a própria cultura, tendo em vista que, para eles, a união com Deus é o sustento e fator compreensor de sua realidade. Palavras-chave: etnografia; Sociologia da Religião; hierofania; cultura; Comunidade Católica Shalom.

*** Pôster Santos pagãos: o sincretismo e a religiosidade cristã nos anos da antiguidade tardia Valquíria Velasco19 Este trabalho abordará o sincretismo presente nas mais variadas formas de culto Cristão. Santos, datas sagradas e as relíquias santas, algumas das formas encontradas por essa Igreja de tornar suas doutrinas mais atraentes, esta que visava o poder consolidado através da conversão verdadeira de toda a população. No ano 392 o Cristianismo viria a ser oficialmente a religião do Império. Uma conversão forçada não garantia uma fé verdadeiramente popular. Se apenas uma pequena parcela da aristocracia enfrentava os cristãos para manter viva sua tradição. Foi, no entanto através das superstições, e da vivência religiosa dos mais humildes, que se perpetuaram características marcantes de seus variados deuses. A forte religiosidade desse povo obriga a instituição Católica a adotar sinais, símbolos e festejos que, anteriormente, pertenceram aos inúmeros deuses do panteão Grecoromano, sendo ainda mais evidente após as invasões bárbaras a Roma. Palavras-chave: sincretismo; cristianismo; paganismo; religiosidade.

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Graduando em Ciências Sociais pela UFRN. Contato: [email protected]. Graduanda em História pela Universidade Veiga de Almeida. [email protected]. 19

Contato:

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GT22 – Religião e política Coordenadores Sandro Amadeu Cerveira Doutor em Ciência Política pela UFMG. Professor na UFAL.

Wellington Teodoro da Silva Doutor em Ciência da Religião pela UFJF. Professor no PPGCR da PUC/MG.

Comentador Anderson Claytom Ferreira Brettas Doutor e mestre em Educação pela UFU. Professor no IFTM/Uberaba.

Resumo Esse grupo de trabalho espera reunir pesquisadores e estudantes de graduação e pós-graduação que estejam desenvolvendo atividades de pesquisa sobre o tema religião e política em suas múltiplas possibilidades de coexistência e relacionamento. Por seu lado, a política é compreendida por esse grupo em seu percurso moderno e em suas referências às várias formas de poder e de ação no espaço público; adensa-se e refere-se, sobretudo, à natureza do Estado, associação especificamente política e portadora de formidáveis monopólios de poder. A religião, por sua vez, será tratada como realidade estruturante do estar humano no mundo que se existe tanto no espaço privado quando no público. Nesse segundo lugar, ela orienta compreensões e ações que permeiam todos os gradientes políticos.

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Dia

Comunic.

29/10 (3ª feira)

30/10 (4ª feira)

31/10 (5ª feira)

A Igreja Católica e a questão da hegemonia

Religião e política: uma via de mão dupla

A participação político – partidária dos carismáticos católicos no Brasil

Elza S. Cardoso Soffiatti Centro Universitário Claretiano

Cínthia A. P. Ferreira UFRRJ

A disputa pela coroa do rei do candomblé em Alagoas no período de 1970 a 1990

Direito natural e moralidade cristã no império brasileiro

Alicia Poliana Ferreira UFAL

Patrícia Martins UNESP

Marcos V. F. Reis UNIFAP

Poder e religião: possibilidades de análise historiográfica das constituições eclesiásticas do Império Português (século XVI) Durval S. D. Paula UFU

Interações entre Estado e religião na regulação da ayahuasca no Brasil Janaína Alexandra UFRN

Religião, política e memória nos escritos de D. Luciano Mendes de Almeida Virgínia Buarque UFOP

Republicanismo e cristianismo: intersecções e rupturas Sandro Amadeu UNIFAL Gleyton Trindade UNIFAL

Intelectuais católicos em diálogos com o facismo no Brasil do início dos anos 1930 Alexandre J. G. Costa CEFET/BH

Doutrina social da igreja católica como fundamentos históricos do serviço social no Brasil Jefferson Pinto Batista PUC/MG

O ideal católico progressista na ditadura militar (19641985) nas cartas de Dom Fragoso de Crateús

Ensinai o respeito à ordem! O Papel da igreja católica na consolidação do Império Brasileiro

Anderson P. Brito UEL

Ítalo Domingos Santirochi UFRRJ

“Ai de quem tiver a audácia de falar injustiça”: espionagem militar na Igreja Católica no Maranhão Camila da Silva Portela UFMA

A bancada religiosa e o “Kit Gay”: elementos de um fazer-político cristão Yuri Galvão Sabino UEL

José Wilson Neves Jr UEL

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Louvar e protestar: eventos políticos e culturais do “povo de santo” Jaqueline V. B. Talga UFU

Igreja e religião na Constituinte de 1823 Joelma Santos da Silva IFMA

A política religiosa “evangélica”: o comportamento das lideranças protestantes e seu engajamento no processo político eleitoral nas eleições de 2010 Rogério da Costa UEL

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29 de outubro, terça-feira Comunicações A igreja católica e a questão da hegemonia Elza S. Cardoso Soffiatti1 A Igreja foi desde o século XVI e efetivamente no XIX perdendo para a sociedade civil o espaço hegemônico, e ficou cada vez mais reduzida à sacristia, sem poder de influência e comando da sociedade e na sociedade civil. Ao fazer referência ao “hegemônico”, a faz ao posicionamento de Raymund William, que supõe o “hegemônico” e não a “hegemonia”, que propõe o dominante, e não a dominação. Para compreender o processo é necessário levar em consideração o espaço hegemônico que a Igreja ocupou por longos séculos, durante toda a Idade Média, período em que possuía o poder hegemônico, o discurso hegemônico. No entanto, as mudanças, a partir do século XVI e o acirramento dessas mudanças no XIX, no qual podemos destacar o liberalismo e a laicização da sociedade, vista pelos Papas daquele século como um dos grandes males da modernidade – acompanhados por outros, como o evolucionismo e o socialismo, para citar alguns –, demarcaram um posicionamento de fechamento e não aceitação da Igreja em relação à sociedade que se constituiu ao longo do século XIX. A discussão teórica acerca da hegemonia é um fundamento teórico essencial para as discussões do tema, pois o alicerça de forma a fazer compreender o posicionamento da instituição Igreja Católica. Para esse “alicerce”, vamos nos apoiar em Gramsci e em suas considerações acerca da Igreja em relação ao poder hegemônico. Palavras Chave: Igreja Católica; séculos XIX e XX; política; hegemonia.

*** A disputa pela coroa de rei do candomblé em Alagoas no período de 1970 a 1990 Alicia Poliana Ferreira2 1

Doutoranda em História e Cultura Social pela UNESP. Contato: [email protected]. Graduanda em História pela UFAL. Membro do Laboratório de História Afro Brasileira (LAHAFRO). Contato: [email protected]. 2

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O objetivo deste artigo é analisar as motivações geradoras da disputa pela coroa de rei do candomblé em Alagoas que teve como um de seus principais elementos de combustão a visita de João Ribeiro sucessor do lendário Babalorixá Joãozinho da Goméia. No entanto, concentraremos nosso estudo noutro sujeito o alagoano José Mendes Ferreira intitulado rei do candomblé que com suas interações sociais, políticas e religiosas provocou a ira dos Babalorixás alagoanos ao se declarar conhecedor do “legitimo” candomblé ao passo que os demais sacerdotes locais não passavam de “vigaristas” sem o conhecimento “verdadeiro”. Palavras-chave: José Mendes; candomblé alagoano; João Ribeiro; Rei do candomblé.

*** Interações entre Estado e religião na regulação da ayahuasca no Brasil Janaína Alexandra Capestrano da Costa3 Durante o século XX, a presença e o crescimento das chamadas religiões ayahuasqueiras brasileiras, o Santo Daime, a Barquinha e a União do Vegetal, implicaram desafios de convivência social que demandaram do Estado posicionamentos relativos à legitimidade desses grupos. A ayahuasca é um chá psicoativo, de origem indígena, oriundo da cocção de duas espécies vegetais e consumido como um sacramento nos rituais de ditas religiões; seu uso constitui-se no principal elemento gerador de controvérsias. Num primeiro momento, as interações entre o Estado e as religiões ayahuasqueiras foram marcadas pela regulação indireta, onde a experiência religiosa era associada a costumes incivilizados como a feitiçaria, o charlatanismo e o curandeirismo. Posteriormente, a gramática da guerra contra as drogas foi determinante nos posicionamentos assumidos pelo aparato estatal, que formalizou um processo de regulamentação com a participação dos interessados que teve como resultado uma normativa que autoriza e estabelece limitações ao consumo da ayahuasca. Essa problemática enseja reflexões sobre o exercício da liberdade religiosa e sobre a laicidade do Estado. Palavras-chave: religião e Estado; ayahuasca; religião e direito.

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Doutoranda em Ciências Sociais Pela UFRN. Professora Assitente do curso de Ciências Sociais da UFT. Contato: [email protected]

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*** Intelectuais católicos em diálogo com o facismo no Brasil do início dos anos 1930 Alexandre José Gonçalves Costa4 Na nossa comunicação pretendemos expor algumas conclusões de nosso estudo sobre alguns artigos e notícias publicados na revista A Ordem nos primeiros anos da década de 1930. Seus editores, que representam neste momento a elite católica leiga brasileira, e que se autonomeiam como “reacionários”, realizam um diálogo com o fascismo italiano marcado pela aproximação e pelo distanciamento, pela atração e pelo receio. É sobre o conceito de “reação” que elaboram, e as reflexões que desenvolvem acerca das relações entre a chamada sociologia cristã e o regime corporativo implantado na Itália por Mussolini, que faremos nossas considerações. Palavras-chave: catolicismo; fascismo; reação.

*** O ideal católico progressista na ditadura militar (1964 – 1985) nas cartas de Dom Fragoso de Cratéus5 Anderson Pereira Brito6 José Wilson Neves Jr7 Na atualidade não há uma produção, acerca da vida do bispo Antônio Batista Fragoso, durante os anos a ditadura militar (1964-85). O que já se produziu sobre sua vida tende a tratar de forma romantizada sua atuação na diocese de CrateúsCE, e não dá o devido destaque e ênfase em sua atuação política, motivada por um ideal progressista de Igreja católica. A Esta pesquisa reflete sobre o ideal cristão católico de parte da Igreja que contestava a ditadura militar (1964-1985). Para tal, apoiou-se em dois padrões de documentos: as cartas da Diocese do bispo Fragoso 4

Doutor em História Social do Trabalho Pela UNICAMP. Professor no CFET/BH. O trabalho a seguir foi elaborado de forma coletiva, a partir dos estudos e pesquisas de autoria do Prof. Fabio Lanza e do Laboratório de Estudos sobre Religiões e Religiosidades da UEL. 6 Graduando em Ciências Sociais pela UEL. Contato: [email protected]. 7 Graduando em Ciências Sociais pela UEL. Vinculado ao projeto 07868 – Estudo sobre religiosidades e mídia religiosa, bolsista pelo CNPq. Membro do Laboratório de Estudos sobre as Religiões e as Religiosidades (LERR). Contatol: [email protected]. 5

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que foram interceptadas quando o mesmo estava na Europa, e as matérias vetadas do jornal O São Paulo, meio de comunicação oficial da Arquidiocese de São Paulo, que permitiu demonstrar parcialmente o papel da Igreja Católica de Crateús CE durante a ditadura e a repercussão das cartas de dom Fragoso. Como resultado parcial, foi possível perceber como os membros progressistas da corrente ligada a Teologia da Libertação atuou por meio das cartas e d’O São Paulo frente ao grupo católico conservador que apoiava o catolicismo mais ligado às tradições e à moral cristã aliada dos militares no poder executivo. Sendo assim o ideal católico progressista, é um item importante, que deve ser considerado, ao abordar atores político da Igreja Católica dentro de um cenário nebuloso que foi o período da ditadura militar. Palavras-chave: sociologia das religiões; religião e modernidade; política e ideal católico progressista.

*** Louvar e protestar: eventos políticos e culturais do “povo de santo” Jaqueline Vilas Boas Talga8 Direcionamos nosso olhar para os eventos pertinentes as manifestações políticas e culturais promovidas pelas religiosidades de matriz africana em várias localidades do Brasil. Percebemos que em determinadas práticas religiosas prevalecem manifestações culturais e em outras as reivindicações políticas. Prevalece o cultural e religioso nas festas de Iemanjá, que ocorre todos os anos desde a década de 1960, na cidade litorânea de Praia Grande-SP, e também ocorrem em várias outras cidades pelo Brasil. E por outro lado temos as caminhadas intituladas, hora denominadas “contra a intolerância religiosa”, ora “pela liberdade religiosa”, que ocorrem em algumas das principais capitais do País, que prevalece o político e religioso. Compreendemos que esses eventos são frentes de luta, dão visibilidade ao problema da discriminação para com os grupos religiosos minoritários e força para muitos agentes, sejam eles religiosos ou lideranças de movimentos negros, para reivindicar e implementar leis e ações que contribuam para a grande parcela marginalizada da população brasileira, os afro-descentes e aqueles que estão ligados. Palavras-chave: manifestações políticas; manifestações culturais; religiosidades de matriz africana. 8

Mestre em Ciência Sociais pela UFU. Contato: [email protected].

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30 de outubro, quarta-feira Comunicações Religião e política: uma via de mão dupla Cínthia Annie de Paula Ferreira9 Apresenta-se um estudo do processo de construção da carreira de um político evangélico, a partir da aquisição de competências necessárias para a prática política. Optou-se pelo mapeamento deste percurso, pois abre caminho para pensarmos certas formas possíveis de justaposição entre as normas do universo político e do religioso. Assim, refletimos acerca das relações estabelecidas entre diversos campos sociais, quando os indivíduos convertem capitais entre eles. É no próprio campo que suas regras são formuladas, pelos “profissionais”, pois competentes para fazer política. Contudo, a legitimação dessas regras resulta da aceitação, por desconhecimento, dos “profanos”, aqueles que são excluídos do campo político exatamente por ignorarem suas normas. O diálogo entre os valores que norteiam as práticas eleitorais no Brasil e a lógica própria dessas instituições representativas se estabelece através das redes tecidas por estes indivíduos. Por meio da análise das interpretações a respeito das práticas adotadas por um político evangélico na construção de sua carreira, decodificamos esses sistemas de percepções e de ações. Palavras-chave: política; pentecostalismo; conversão de capitais.

*** Direito natural e moralidade cristã no Império Brasileiro Patrícia Martins10 A secularização, comumente circunscrita pelos teóricos sociais como um movimento filosófico cultural do século XIX, encontra sua variações na contingência do ordenamento político e cultural que forma neste mesmo período. 9

Mestranda em História pela UFRRJ. Contato: [email protected]. Doutora em Ciências da Religião pela PUC/SP. Doutoranda em História pela UNESP/Franca. Membro do NE Memória e Cultura (NEMEC). Contato: [email protected]. 10

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No caso específico do Brasil, os manuais de Direito Natural utilizados nas Faculdades de Ciências Jurídicas e Sociais de São Paulo e Pernambuco, indicam que a constante presença da moralidade cristã como elemento constitutivo da unidade da Nação promovida pela construção do Estado Monárquico constitucional. O objetivo desta comunicação é fazer uma breve exposição estrutura das matrizes teológicas que vigoraram no processo de construção, auge e declínio do Império. Fator que coloca o cristianismo dentre entre os elementos que constituem uma cultura política de longa duração no Brasil. Palavras-chave: Direito Natural; moralidade cristã; teologia; império.

*** Religião, política e memória nos escritos de D. Luciano Mendes de Almeida Virgínia Buarque11 A comunicação visa interpretar as interrelações promovidas por Dom Luciano Mendes de Almeida, bispo-auxiliar de São Paulo (1976-1988) e arcebispo de Mariana (1988-2006), entre sua memória biográfica como cristão, jesuíta e prelado, o ato de crer e o exercício da autoridade político-religiosa. Como fundamentação teórica, recorre-se à reflexão desenvolvida pelo teólogo e historiador jesuíta Michel de Certeau, que longe de definir o religioso como um repertório de crenças, contextualizadas em sistemas sócio-históricos, o abordava como um ato de crer, ou seja, o “[...] investimento das pessoas em uma proposição, o ato de enunciá-la considerando-a verdadeira – noutros termos, uma ‘modalidade’ da afirmação e não seu conteúdo”. Em termos documentais, a pesquisa priorizou a interpretação dos escritos de D. Luciano de perfil autobiográfico, dispersos por entrevistas, anotações de retiro e alguns artigos. Palavras-chave: Dom Luciano Mendes de Almeida; Arquidiocese de Mariana; memória; poder eclesiástico; Michel de Certeau.

*** Doutrina social da igreja católica como fundamentos históricos do serviço social no Brasil Jefferson Pinto Batista12 11

Doutora em História Social [email protected].

pela

UFRJ.

Professora

na

UFOP.

Contato:

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Um diálogo a partir da perspectiva social de mudança fazendo um resgate histórico da formação do Assistente Social brasileiro a partir da influência da igreja católica nos fundamentos históricos do serviço social. Vamos compreender como como constituíram um paradigma na formação do Assistente Social, estudando fatores históricos dessa formação baseados na Doutrina Social da Igreja Católica. A referência teórica que interliga a religião e o Serviço Social no Brasil está vinculada diretamente a estes fatos a partir do final do século XIX. Através da “Rerum novarum”, uma encíclica escrita pelo Papa Leão XIII, a igreja católica demonstrou o pensar no social debatendo as condições das classes trabalhadoras. Em 1920 o Papa Pio XI, buscando com a missão da Igreja frente à questão social, estimulou a "Ação Católica", às mudanças acarretadas pelo processo de urbanização e industrialização no período entre-guerras. Palavras chave: doutrina social da igreja; fundamentos; serviço social.

*** Ensinai o respeito à ordem! O papel da igreja católica na consolidação do Império Brasileiro Ítalo Domingos Santirocchi13 A construção do Estado Imperial já foi, e continua sendo, objeto de vários estudos e pesquisas. No entanto, um aspecto parece continuar sendo negligenciado. O Império do Brasil era um Estado Confessional, existindo a união entre os poderes secular e espiritual. Surge, então, quase espontânea, a pergunta: qual o papel da Igreja católica na construção do Estado no Brasil imperial? Está comunicação não tem a pretensão de esclarecer totalmente a questão, mas apenas apresentar alguns resultados e indicar algumas possibilidades de pesquisas que permitam avançar no esclarecimento desta problemática. O texto será dividido em duas partes. Na primeira será feita uma analise geral sobre a importância do corpo burocrático da Igreja na fase de instauração e legitimação do Império, e uma reflexão sobre a participação do clero nos cargos eletivos e nas revoltas políticas, com seu posterior afastamento. Na segunda parte serão analisados os motivos que levaram o Estado a

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Mestrando em Ciências da Religião pela PUC/MG. Membro do GP Cristianismo, Política e Educação no Brasil Republicano. Assistente Social de Base da Comissão de Orientação e Fiscalização do CRESS 6ª Região - MG. Contato:[email protected]. 13 Pós-doutorando em História pela UFRRJ. Contato: [email protected].

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nomear os bispos ultramontanos, a partir da década de 1840, e quais as suas expectativas em relação a eles, ou em relação à função ordenadora de uma diocese. Palavras-chave: Estado; Império; Igreja.

*** Igreja e religião na Constituinte de 1823 Joelma Santos da Silva14 O período inicial de consolidação da independência do Brasil é marcado pelo início da sua vivência parlamentar, sendo realizada a primeira Assembleia Geral Constituinte e Legislativa no ano de 1823. A grande presença numérica de clérigos católicos entre os parlamentares pode ser considerada indício de uma íntima ligação entre as esferas política e religiosa no período constituição do Estado do Brasil. Entre os diversos debates daquela constituinte, a relação do novo Império com os outros Estados Nacionais e a Cúria Romana passou a ser questionada, bem como demandas diversas ligadas a religião, subordinação, soberania e projetos de Igreja foram pautas entre os parlamentares. Nesse sentido, este trabalho busca entender o posicionamento dos membros do clero que compuseram essa Assembleia, analisando as concepções por ele defendidas ou rejeitadas em relação às questões ligadas a Igreja e religião, identificando os seus determinantes, pertencimentos diversos e ações. Palavras-chave: Igreja; religião; política; clero.

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Mestra em Ciências Sociais pela UFMA. Contato: [email protected]

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31de outubro, quinta-feira Comunicações A participação político-partidária dos carismáticos católicos no Brasil Marcos Vinicius de Freitas Reis15 O objetivo deste trabalho é analisar o projeto político partidário dos candidatos apoiados pela Renovação Carismática Católica (RCC) no Brasil. Pretende-se pesquisar como este movimento tem se organizado internamente para participação nas eleições e no acompanhamento de seus representantes. A influência de bispos e padres na participação política dos carismáticos e a sua relação com os partidos políticos. A escolha dos políticos com essa filiação religiosa deu-se em razão do número expressivo de adeptos, apoio da Igreja Católica e a visibilidade de seus eventos em nível nacional. Para isso, serão analisados: entrevistas, discursos de parlamentares e gestores públicos, lideranças e membros da RCC, materiais de propaganda eleitoral, documentos oficiais da RCC sobre as diretrizes políticas, fotografias e documentos impressos. Palavras-chave: Renovação Carismática Católica; religião e política; representação política.

*** Poder e Religião: possibilidades de análise historiográfica das constituições eclesiásticas do Império Português (século XVI) Durval Saturnino Cardoso de Paula16 A presente comunicação visa trazer ao conhecimento da comunidade acadêmica o conteúdo de pesquisa de mestrado iniciada no ano de 2013 no Programa de Pósgraduação em História da Universidade Federal de Uberlândia. Visa-se, trazer algumas das inúmeras possibilidades de estudo, interpretação e análise 15

Professor no Curso de Graduação em Relações Internacionais da UNIFAP. Contato: [email protected]. 16 Mestrando e bacharel em História pela UFU. Pesquisador do NE sobre Escravidão em Minas Gerais (NEEMG) e do Centro de Estudos da Religião Pierre Sanchis/UFMG. Contato: [email protected].

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historiográfica das constituições eclesiásticas do império português no século XVI, bem como, estimular reflexão sobre o contexto histórico em que se inserem, em especial, sobre algumas das relações complexas e dinâmicas existentes entre essas constituições e as diretrizes tridentinas. A pesquisa que origina esta comunicação possui por objetivo principal compreender, analisar e interpretar por meio da análise comparativa das Constituições de Bispados e Arcebispados das sedes dos tribunais eclesiásticos do Império Português (séculos XVI) as imagens de uma sociedade, que no plano da disciplina, da ordem e dos sacramentos se almejava ter e possuir. Vale ressaltar que tal pesquisa recebe financiamento do Programa de Bolsas de Pós-graduação da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES). Palavras-chave: catolicismo; poder; controle.

*** Republicanismo e cristianismo: intersecções e ruptura Sandro Amadeu Cerveira17 Os estudos sobre a tradição política republicana, ou republicanismo, tem sido alvo, nos últimos anos, de considerável investimento teórico e historiográfico. Dentre os principais autores dedicados a essa temática destacam-se nomes como Quentin Skinner e Phillip Pettit. Esse conhecidos autores tem se destacado por sublinhar as especificidades da tradição republicana em relação ao liberalismo e o cristianismo. Por outro lado outros autores como Cary Nederman tem chamado a atenção para as intercessões e convergências entre o republicanismo e outras vertentes, em especial algumas formas de teologias políticas desenvolvidas no campo cristão. O presente trabalho tem como objetivo fazer um breve balanço crítico dessa polêmica contrastando autores e argumentos. A hipótese inicial desse trabalho é de que a perspectiva sustentada por Petit e Skinner, de uma especificidade “forte”, deve ser matizada levando em conta as intercessões com algumas das tradições cristãs. Palavras chaves: republicanismo; cristianismo; religião; política; teoria.

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Doutor em Ciência Política [email protected].

pela

UFMG.

Professor

na

UNIFAL.

Contato:

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“Ai de quem tiver a audácia de falar de injustiça”: espionagem militar Igreja Católica no Maranhão Camila da Silva Portela18 Na análise da documentação do período do Regime Militar (1964-1985) é possível perceber os interesses dos militares e a busca por possíveis indícios de subversão no ideário e nas ações políticas de parte do clero católico. O presente trabalho tem como objetivo apresentar aquilo que os órgãos de informação da Delegacia de Ordem Política e Social (DOPS-MA) entendiam como comunização da Igreja Católica, a partir da análise do discurso de Dom Hélder Câmara durante a comemoração do tricentenário da Arquidiocese de São Luís do Maranhão em 1977. Em seu sermão – gravado e transcrito por um agente de informação presente na missa – o bispo trabalha com as noções de opção pelos pobres, justiça social entre outros elementos que estão no centro do choque ideológico entre setores do clero católico e do regime militar. Palavras-Chave: Hélder Câmara; vigilância; ditadura militar.

*** A Bancada Religiosa e o “Kit Gay”: elementos de um fazer-político cristão Yuri Galvão Sabino19 O presente trabalho busca investigar as práticas e discursos presentes nos parlamentares da “Bancada Religiosa”, deputados ligados a denominações religiosas de matriz cristã, e seus embates com projetos de políticas afirmativas, sobretudo as de gênero. Para tanto, tal análise partirá das críticas deste referido grupo, ao projeto elaborado em 2011 pelo Ministério da Educação, intitulado “Escola Sem Homofobia” (recebendo a alcunha de Kit Gay por estes parlamentares), contendo uma cartilha a ser distribuída nas escolas públicas do país, a fim de conscientizar e promover a igualdade de gênero, que, devido à pressão politica desses parlamentares, fora vetado pela presidente Dilma Rouseff. Valendo deste caso, buscarei compreender e problematizar uma prática marcada pela hibridização entre a esfera religiosa e o campo político, caracterizada por uma

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Mestranda em História pela UFMA. Bolsista CAPES. Membro do GP História e Religião. Contato: [email protected]. 19 Graduando em Ciências Social pela UEL. Contato: [email protected].

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formação discursiva baseada em preceitos morais, onde a posição política deste grupo se apresenta sob a forma de um dever moral-cristão. Palavras-chave: kit gay; bancada religiosa; política.

*** A política religiosa “evangélica”: o comportamento das lideranças protestantes e seu engajamento no processo político eleitoral nas eleições de 2010 Rogério da Costa20 A presença de representantes religiosos evangélicos no cenário político nacional demonstram a força desse segmento junto à população e reforça a sua posição de ator político considerável na atual conjuntura política. Esse segmento em suas tipologias e interpretações de mundo não apresentam mais somente um quadro espiritual. Partindo desta constatação, este trabalho se propõe a realizar uma reflexão do atual contexto político e social referente à relação entre os religiosos na política, buscando compreender: a que ponto estes em sua práxis movida pela sua visão de mundo, pelo discurso de seus líderes religiosos e segundo seus interesses particulares, corroboram para a conquista ou não de um representante político em determinado pleito. Tomaremos por base, o ocorrido nas eleições de 2010, onde, houve um grande levantamento de religiosos (evangélicos e Católicos) demonizando a postulante Dilma Rousseff ao pleito de presidente do Brasil por uma série de posicionamentos que, segundo eles; ferem os ensinamentos bíblicos. As principais questões em debate foram: “a legalização do aborto” e a “união civil entre homossexuais”, pontos amplamente discutidos e divulgados pela mídia. O texto apresenta parte da trajetória do PT procurando mostrar o trajeto de conquista do voto religioso, onde em 2002 com apoio de denominações com forte poder midiático no Brasil; IURD e Assembléia de Deus. Palavras-chave: religião; política; estado laico.

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Mestrando em Ciêncis Sociais pela UEL. Contato: [email protected].

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GT23 – Religião e violência Coordenadores Edin Sued Abumanssur Doutor em Ciências Professor na PUC/ SP.

Vagner Aparecido Marques Mestre em Ciências da Religião pela PUC/SP.

Sociais.

Resumo Nas grandes cidades, em especial em suas periferias, o ordenamento local é produto das relações de diferentes grupos, instituições e indivíduos. Entre eles estão os comerciantes, a polícia, o trabalhador, as igrejas, os traficantes, os crentes. A violência, e a maneira como ela é experimentada pelos diferentes grupos e agentes sociais, podem ser esclarecedoras das dinâmicas de sociabilidade das populações que compartilham o mesmo território nas cidades. Nesses territórios urbanos, periféricos ou não, a religião e as religiões têm olhado a violência de frente e mantêm com ela relações de enfrentamento, de confronto, de convivência ou conivência. Este GT acolherá as comunicações que procuram esclarecer e desvelar as relações entre religião, violência e crime, bem como as diversas maneiras como as igrejas enfrentam, convivem, negociam ou se aproveitam da violência e do crime para construírem suas identidades e de que forma essas relações cooperam ou não para viabilizar a vida nas metrópoles.

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Dia

29/10 (3ª feira)

30/10 (4ª feira)

31/10 (5ª feira)

Comunic.

Sem atividades

Intolerância religiosa e religiões afro-brasileiras

Em Busca da Palavra: exemplo e ressignificação nas dinâmicas de uma igreja do pentecostalismo tradicional em um contexto de favela

Celia Morgado Vaz PUC/GO

Evandro Cruz Silva UFSCar Yorubás e Males: conflito e aliança no Brasil escravocrata

Sobre armas e orações: religião e crime a partir de uma pesquisa etnográfica

Lidice Meyer Pinto Ribeiro USP, Mackenzie

Evelyn Louyse Godoy Postigo UFSCar

A superação da violência angolana nos ritos culturais de morte

Cosmologia, crime e violência: uma perspectiva teológica dos Racionais MC’S

Francisco José Barbosa PUC/SP

Henrique Yagui Takahashi UFSCar

Missa dos quilombos: encruzilhada diaspórica Augusto Marcos Fagundes Oliveira UESC, UFSC

“Se o irmão falou, meu irmão é melhor não duvidar”: políticas estatais e políticas criminais referentes a homicídios na cidade de Luzia (2001 – 2013) José Douglas dos Santos Silva UFSCar

O universo religioso do povo indígena como forma de superação da violência sofrida ao longo da história

A violência de Lars Von Trier em Anticristo Flávia Santos Arielo PUC/SP

Luiz Alberto Sousa Alves PUC/SP

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30 de outubro, quarta-feira Comunicações Intolerância religiosa e religiões afro-brasileiras Celia Morgado Vaz1 O trabalho em apreço trata do preconceito, da intolerância religiosa e da violência a que são acometidos os terreiros de umbanda ainda no Brasil de hoje. Apesar de termos leis defendendo a liberdade religiosa, cenas de depredação e violência contra os símbolos religiosos africanos são muito comuns entre nós. É feito um apanhado teórico dentro do tema em autores como Leonardo Boff, Eduardo Arens, Irene Oliveira, Aldo Terrin, para então se analisar um caso de intolerância religiosa. O caso apresentado refere-se às agressões ao terreiro de umbanda “Pai Benedito de Angola das Almas Purificadas” localizado na periferia de Brasília. Palavras-chave: violência religiosa; preconceito; intolerância religiosa; fundamentalismo.

*** Yorubás e Malês: conflito e aliança no Brasil Escravocrata Lidice Meyer Pinto Ribeiro2 No período escravocrata brasileiro, diversas etnias africanas foram trazidas indiscriminadamente para o país. Dentre estas, algumas apresentavam já em solo africano sinais de rivalidade política, social e religiosa. Este é o caso das nações Yorubás e Malês, que foram as mais representativas em solo brasileiro. Este trabalho tem como objetivo verificar como, apesar das diferenças, estas duas nações superaram as distâncias que as separavam e se juntaram em prol de uma luta em comum: a conquista da liberdade. Através de diversos autores historiadores e antropólogos, procura-se resgatar os encontros e desencontros das duas religiosidades representadas por estas nações: o candomblé e o islamismo. Palavras-chave: Yorubás; Malês; Brasil Escravocrata. 1 2

Mestranda em Ciências da Religião pela PUC/GO. Contato: [email protected]. Pós-doutoranda em Antropologia pela USP. Contato: [email protected].

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*** A superação da violência angolana nos tiros culturais de morte Francisco José Barbosa3 Esse artigo é um recorte de uma pesquisa em andamento no curso de doutorado em Ciências Sociais na PUC-SP que tem por questão investigativa abordar as marcas sociais herdadas pelo sofrimento como resultado da violência gerada pela descolonização portuguesa e sua possível relação com o rito de morte em tempo pós-colônia, tornando o principal meio de arrefecer o sofrimento social. Para o desenvolvimento da pesquisa qualitativa aborda-se a metodologia etnográfica e observação participante não estruturada, pois o pesquisador participa do cotidiano do objeto pesquisado. Dentre os resultados investigados na pesquisa, identificamos que a descolonização de Portugal não conseguiu acabar com as desigualdades sociais corroborando ainda mais para a redução do sujeito, gerando baixo alto estima. No entanto, todo esse sofrimento que foi causado ao povo, era arrefecido pelo rito de morte, sendo uma forma usada para se aproximar da sua ancestralidade e de amenizar o sofrimento das agruras no período da guerra civil, sendo este método a principal conexão para chegar ao paraíso. Palavras-chave: colonização; violência; sofrimento; ritos.

*** Missa dos Quilombos: encruzilhada diaspórica Augusto Marcos Fagundes Oliveira4 Missa proibida pelo Vaticano de ser executada enquanto eucaristia, esta se recompôs em teatro. Sua primeira execução ocorreu em novembro de 1981, nela aflui o drama social da diáspora negra, polifônica nos convida a pensar as relações interétnicas como tensões, como hybris ela mesma. A Missa é zona onde transitam e protagonizam Quilombos, novos e velhos, seja enquanto texto missal, seja como montagem cênica dimensionada historicamente, o seu enunciado é revisitado e ao longo de três décadas se permite em atualizações num conjunto de discursos, da 3

Doutorando em Ciências Sociais pela PUC/SP. [email protected] Mestrando em Educação pela UFBA. Professor na UESC. Contato: [email protected] 4

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fidelidade ao texto original e sua contextualização. Indago como esta missa se põe e se desloca ao descortinar vozes subalternas como expressão estética e política, através de cicatrizes da colonização, confrontos de tradições, como reconhecimento de conflitos e agência. Objetivo relacionar memória da escravidão e os processos de ressemantização do quilombo; e analisar esta encruzilhada de expressão estética e política. Palavras-chave: diáspora; dogma; subalternidade; resistência.

*** O universo religioso do povo indígena como forma de superação da violência sofrida ao longo da história Luiz Alberto Souza Alves5 Este trabalho aborda os processos de violência contra a identidade, etnia, religião e preconceitos sofridos pelos povos indígenas, com ênfase ao povo Guarani Mbya, ao longo da história do Brasil. Uma das maneiras de superação das várias formas de violências cometidas contra os povos indígenas é superação pela utilização de um dos princípios religiosos, chamado de jeguatá, que entre (principalmente ) os Guarani Mbya, significa: o ato de andar; viagem e deslocar-se não somente no espaço físico, como também no sentido de uma viagem xamânica, com o objetivo de receber do mundo espiritual, formas/ idealizações de lutas para superar os problemas. O jeguatá é também uma forma de caminhar em busca da terra sem males, que é um espaço onde não existe o mal que impede a plenitude da vida, e da mesma forma por um ideal de terra, onde possa ser construído o tekoa, o território ocupado, que nós juruás (não índios) chamamos de aldeia. Teko se refere ao modo de ser, o sistema, as leis e os costumes, a cultura do povo. Tekoa é o território, em que acontecem as condições de possibilidades do modo de ser guarani, sem tekoha não existe teko. O caminhar é também uma maneira de acumular conhecimentos, cuidar da saúde e dos meios de produção que garantam a existência neste mundo. O procedimento metodológico utilizado é o da pesquisa bibliográfica fundamentando-se em autores como, Melià, Pradella, Gehlen, Litaiff, Lima. A conclusão pretendida é a de demonstrar a importância dos elementos religiosos como ferramentas na superação da violência. Palavras-chave: religião; violência; preconceito.

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Doutorando em Ciências da Religião pela PUC/SP. Professor Adjunto 03 do Curso de Teologia da PUC/PR. Vice Líder do GP Educação e Religião (GPER). Contato: [email protected].

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31 de outubro, quinta-feira Comunicações Em Busca da Palavra: Exemplo e ressignificação nas dinâmicas de uma igreja do pentecostalismo tradicional em um contexto de favela Evandro Cruz Silva6 O artigo se insere no âmbito das pesquisas sobre igrejas em relação com contextos de violência. Neste sentido, pouco tem-se estudado sistematicamente sobre as dinâmicas de igrejas tradicionais que se localizam em ambientes estigmatizados pela violência como favelas. Para tanto, acompanho os cultos da Congregação Cristã no Brasil em uma favela da cidade de São Vicente/SP desde outubro de 2012 estudando as formas de como o mundo, categoria utilizada pelos membros da Congregação designam os componentes que não fazem parte da Congregação, interferi nas dinâmicas e nas significação dos irmãos da igreja. São estudados especificamente 1) Como as dinâmicas da CCB criam uma relação de cristianização das coisas do mundo CCB 2) como a violência urbana é utilizada como exemplo de reafirmação do poder da palavra de deus Palavras- chave: pentecostalismo tradicional, violencia urbana, ressignificação,

*** Sobre armas e orações: religião e crime a partir de uma pesquisa etnográfica Evelyn Louyse Godoy Postigo7 A cidade do Rio Janeiro passou por significativas mudanças nas duas últimas décadas, as quais explicitam que o conflito social tem sido cada vez mais entendido pela chave da violência. Tendo em vista este cenário, o objetivo deste artigo é refletir, a partir de uma pesquisa etnográfica realizada na Cidade de Deus - Rio de Janeiro (uma das primeiras favelas a receber o projeto Unidade de Polícia 6 7

Graduando em Ciências Sociais pela UFSCar. Contato: [email protected]. Graduanda em Ciências Sociais pela UFSCar. Contato: [email protected].

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Pacificadora - UPP), como a religião, mais especificamente as igrejas Assembleias de Deus, atuam, negociam e assumem um papel central na regulação do conflito dentro deste contexto. Antes de discutir diretamente religião ou crime, o objetivo é explicitar como estas instâncias são experienciadas cotidianamente. Argumenta-se que, se no âmbito do discurso, religião e crime podem estar em conflito, no nível das relações capilares, as fronteiras entre estas instâncias são borradas, sendo vivenciadas de forma fluída. Tensionam-se, mas não são excludentes entre si. Palavras-chave: violência; crime; religião; Assembleia de Deus; tráfico de drogas.

*** Cosmologia, crime e violência: uma perspectiva teológica dos Racionais MC’S Henrique Yagui Takahashi8 Este trabalho tem como objetivo fazer uma análise estético-musical das músicas dos Racionais MC’s, grupo de rap de São Paulo. De modo que as músicas seriam cosmovisões a respeito do cotidiano das periferias urbanas. O enfoque analítico será realizado em dois álbuns: Sobrevivendo no inferno (1997) e Nada como um dia após o outro dia (2002). Período de expansão do rap na mídia, e, simultaneamente, um período de expansão e gestão do “mundo do crime”. Assim, os enunciados produzidos pelos Racionais MC’s além de serem descrições (ficções reais) do cotidiano nas periferias, seriam, narrativas de perspectiva cosmológica que abordariam temas como: violência, crime, opressão policial, racismo, pobreza, religiosidade, entre outros. Esse conjunto de álbuns seriam reatualizações bíblicas nas periferias,e que a partir de três matrizes discursivas: “crime”, “crente” e “negro”, comporiam uma “escritura cosmológica dos Racionais MC’s”.

*** “Se o irmão falou, meu irmão é melhor não duvidar”: políticas estatais e políticas criminais referentes a homicódios na cidade de Luzia (2001-2013) José Douglas dos Santos Silva9 8 9

Mestrando em Sociologia pela UFSCar. Contato: [email protected]. Graduando em Ciências Sociais pela UFSCar. Contato: [email protected].

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No período entre 2001 e 2011 ocorreu uma significativa redução das taxas de homicídios no Estado de São Paulo. Há uma polêmica no campo das Ciências Sociais em torno das causalidades múltiplas e dos pressupostos analíticos que explicariam esse fenômeno, uma especificidade paulista no quadro nacional. Em 2001 a cidade a ser aqui estudada, localizada na Região Metropolitana de São Paulo (RMSP), apresentou taxa de homicídio de 51,57/100 mil habitantes; em 2010 chegou a 5,53/ 100 mil habitantes, um décimo do valor inicial. Contudo, no ano de 2011, houve um novo aumento significativo, para 18,11/100 mil habitantes no município. O objetivo deste projeto é estudar as causalidades que condicionam a variação nas taxas de homicídios, entre 2001 e 2011. Estudar os fatores que, combinados, entre dinâmicas estatais e criminais, condicionam a queda das taxas de homicídios entre 2001 e 2010 e analisar as causalidades que, também combinadas entre dinâmicas estatais e criminais, condicionam a elevação recente (2011). Os dados têm sido coletados pela atuação profissional do pesquisador em diversas organizações locais. Cabe ressaltar o dialogo do pesquisador em uma Igreja “evangélica” com um ex-traficante e atual pastor desta Igreja. Ainda assim, será realizada nova pesquisa documental em 2013, além de pesquisa qualitativa no território. Palavras-chave: criminalidade; etnografia; PCC; periferia; políticas; São Paulo.

*** A violência de Lars Von Trier em Anticristo Flávia Santos Arielo10 O filme Anticristo, do diretor dinamarquês Lars von Trier, apresenta um enredo e estética pouco comerciais para os gostos mais sensíveis. O enredo trata da perda de um filho e do luto intransponível da mãe. O pai e marido, um terapeuta comportamental, busca cercar a esposa com seus tratamentos racionais, que cabem à situação. Mas fatos que ultrapassam a racionalidade acometem o casal, imersos numa cabana de um lugar chamado Éden. A ideia de um casal habitando um Éden em particular, faz remeter diretamente ao repertório cristão, e o diretor Lars von Trier não poupa recursos lúdicos, estéticos e narrativos para conduzir sob essa ótica o desenlace do filme. A história do filme gira em torno de vários tipos de violências diferentes: 1. A morte inesperada e traumática de um filho; 2. O luto incessante e infindável da mãe; 3. A violência do mundo natural; 3. A relação 10

Graduada em História pela UEL. Contato: [email protected].

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brutal da natureza com o homem e da natureza do homem. Estes são apenas alguns de muitos fatores que podem ser debatidos a partir desse filme, que, analisado sob a ótica da religião, especificamente do gnosticismo, leva a caminhos tortuosos e pouco conhecidos. Essa comunicação abordará, portanto, o universo criado pelo cinema de Lars von Trier, um Éden particular, com seu Adão e Eva tão singulares quanto o lugar, e, inseridos no contexto gnóstico de um mundo criado por Satã, tentar esmiuçar as relações de violência presentes nesse mundo paralelo. Palavras-chaves: cinema; gnosticismo; mal; violência.

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GT24 – Religiosidade, identidade e intolerância: (novas) reconfigurações da religião Coordenadores Milton José Bortoleto Mestrando em Antropologia Social pela USP.

Rosenilton Silva de Oliveira Doutorando em Antropologia Social pela USP.

Comentador Lucas Lopes de Moraes Mestrando em Antropologia Social pela USP.

Resumo O objetivo desse GT é fomentar o diálogo entre pesquisadores de diferentes áreas, cujos trabalhos versem sobre diálogos inter-religiosos configurados por meio de processos de mediação, ataques ou reações na esfera pública. Daremos ênfase às contribuições que apresentem contextos etnográficos com novas formações religiosas, como por exemplo: a relação entre religião e identidade, a interlocução entre o daime e a umbanda, os diálogos entre o catolicismo e as religiões afrobrasileiras, a presença de evangélicos na África, os embates públicos entre grupos religiosos distintos (os ataques de algumas igrejas pentecostais às religiões afro e suas respectivas reações) ou a presença de grupos que acionam em seus discursos e práticas símbolos religiosos (p.ex., os adeptos do Black Metal). Tal ênfase centrase na busca do afinamento de subsídios teórico-metodológicos que permitam discutir perspectivas de interpretação sobre as configurações da religião na esfera pública.

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Dia

Comunic.

29/10 (3ª feira)

30/10 (4ª feira)

31/10 (5ª feira)

Evangélicos Divergentes: uma nova sexualidade cristã

A folclorização das religiões afrobrasileiras em Alagoas (1970-1980)

Entrei numa batalha: o processo de legitimação das religiões da Ayahuasca

Gabriela Torres UFAL

Luciane Ferreira de Melo UNIR

Religião tradicional africana e filosofia Bantu entre os Nyungwe e Dema de Moçambique

Distintos e Invisíveis: perspectivas sobre a Umbanda no espaço público de Teresina

Evanway Sellberg Soares UNESP

Uma análise da religiosidade dos sem religião no Brasil: uma nova forma de crer? Ronaldo Robson Luiz UFRN José Roberto de Souza UNICAP

Louvores a Jah/Jesus: reggae e espaços de fronteira religiosa Thiago de Menezes Machado UFJF

Cruzadas Satânicas: concepções sobre o Satanismo e a Quimbanda entre os adeptos do Black Metal Lucas Lopes de Moraes USP

Antonio Alone Maia USP Maria Luisa Lopes Chicote USP

Ariany Maria Farias de Souza UFPI Robson Rogério Cruz UFPI

Identidade, política e Intolerância religiosa na ritual: algumas notas percepção dos adeptos das sobre a configuração do religiões afro-brasileiras campo afro-religioso Lana Lage da Gama Lima em Santarém-PA UENF Telma Bemerguy UFOPA Leonardo Vieira Silva UENF

Religião e modernidade: uma análise da presença religiosa no meio estudantil da Universidade Estadual de Londrina (2011-2012) Pedro Vinicius Rossi UEL

A religiosidade e o direito entre o ateísmo e a (a)confessionalidade: ressignificando os parâmetros de laicidade estatal Marina Lima Campos UNISEB David Carlos Santos Sarges UFPA

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Diversidade religiosa e ação social - práticas de uma comunidade no bairro do Coque na cidade do Recife Bruna Albuquerque de Souza UFRPE

Uso religioso da Ayahuasca como patrimônio nacional: repercussões e análises

"Não Sacrificarás" Esfera pública e conflito religioso entre pentecostais e afrobrasileiros

Maíra de Oliveira Dias UFPB

Milton Bortoleto USP

Cássio Raniere Ribeiro da Silva UFRPE

Pôsteres

Paz e Comunhão: uma leitura cristã para o futuro do pluralismo religioso

Identidade étnico-racial e religião: o vai-e-vem das categorias

Jeferson Ferreira Rodrigues PUC/RS

Rosenilton Silva de Oliveira USP

A construção da identidade em grupos pentecostais e neopentecostais Flavia Tortul Cesarino UNESP

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29 de outubro, terça-feira Comunicações Evangélicos Divergentes: uma nova sexualidade cristã Evanway Sellberg Soares319 Com a crescente diversificação e expansão dos discursos sobre a sexualidade, os evangélicos contemporâneos tem se mostrado divergentes dos dogmas tradicionais da evangélicos contemporâneos tem se mostrado divergentes dos dogmas tradicionais da igreja, porém, para eles, a divergência dogmática não altera sua identidade enquanto cristãos, de modo que não são somente cristãos nominais, mas realmente veem o cristianismo como parte importante da sua vida. Com isso, busca-se compreender como a identidade cristã pode ser preservada, mesmo com a renúncia de dogmas, no meio evangélico. Assim, por meio de entrevistas com divergentes foi-se analisada a relação do sexo e sexualidade com a fé, para por meio dos resultados obtidos, tentar compreender como se constitui a nova sexualidade evangélica, e com isso, foi possível também perceber como o evangélico divergente transita no meio tradicional, e responde às técnicas e mecanismos de controle religiosos. Palavras-chave: sexualidade; reflexividade; pós-modernidade; identidade.

*** Uma análise da religiosidade dos sem religião no Brasil: uma nova forma de crer? Ronaldo Robson Luiz320 José Roberto de Souza321 O campo religioso brasileiro nunca foi caracterizado, segundo estudiosos da religião, pela constituição de “fronteiras rígidas” entre as diversas formas de crer e 319

Graduando em Ciências Sociais pela UNESP. Bolsista FAPESP. Contato: [email protected]. 320 Doutorando e mestre em Ciências Sociais pela UFRN. Contato: [email protected]. 321 Mestre em Ciências da Religião pela UNICAP. Pesquisador do GP Religiões, identidade e diálogos.

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de ser religioso. Para além dessa dinâmica do trânsito religioso no Brasil e do surgimento de novas identidades religiosas, encontramos no Brasil, através dos dados do Censo do IBGE – 2010 , a existência de 12 milhões de pessoas religiosas que não fazem parte das religiões instituídas e tradicionalmente conhecidas. Sãos os sem religião do Brasil. As informações do Censo também sinalizam para o crescente quantitativo desse grupo específico que é contabilizado em cerca de 7,4% da população brasileira. Estes, de acordo com Pierucci (2004) podem ser definidos como os que estão desencaixados de qualquer religião, desfiliados de toda e qualquer autoridade religiosamente constituída. O objetivo desse artigo é analisar a(s) religiosidade(s) dos sem religião a partir das contribuições teóricas de Peter Sloterdijk (2009; 2012) e Simmel (2010; 2011), este último, de uma forma específica, sobre sua obra Religião: ensaios, publicada em dois volumes. O presente texto se constitui como fruto de um esforço teórico e metodológico que teve seu início no âmbito do grupo de pesquisa Religiões, Identidades e diálogos,ligado ao programa de pós-graduação em Ciências da Religião da UNICAP e que está em desenvolvimentocomo parte integrante de uma pesquisa de doutorado no âmbito das Ciências Sociais da UFRN. Palavras-chave: novas religiosidades; censo IBGE; identidade religiosa.

*** Louvoresa Jah/Jesus: Reggae e espaços de fronteira religiosa Thiago de Menezes Machado322 O objetivo deste trabalho é analisar relações entre juventude e religião, lançando um olhar antropológico sobre elementos religiosos em shows de reggae em Alto Paraíso de Goiás. Conduzidos como espetáculo e expressão de espiritualidade, eles incorporam orações, músicas religiosas que exaltam a Jah/Jesus e promovem uma conduta de vida segundo princípios religiosos.Paineis com versículos bíblicos e a proibição do comércio de bebidas alcoólicas marcam a consagração do espaço.Atravésdo louvor e da espirtualidade bíblica, os eventos atraem rastas e evangélicos, sendo espaço de fronteiras religiosas. Este trabalho se fundamenta na etnografia e nas contribuições de pesquisadores que ajudam a compreender as contaminações religiosas (Sanchis), e as características do movimento rasta (Chevannes). Verifica-se que os eventos oferecem a ocasião para a construção de identidades religiosas e fortalecem laços comunitários entre rastas e cristãos. 322

Mestrando em Ciência da Religião pela UFJF. Contato: [email protected].

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Palavras-chave: reggae; espetáculo; rastafarianismo; cristianismo.

*** Cruzadas Satânicas: concepções sobre o Satanismo e a Quimbanda entre os adeptos do Black Metal Lucas Lopes de Moraes323 O trabalho aqui apresentado é resultado de uma pesquisa de mestrado realizada junto ao PPGAS da USP e ao LabNAU. Inicialmente o foco de análise estava voltado para as práticas coletivas e estratégias de ocupação dos espaços urbanos dos atores sociais auto-denominados como adeptos do Black Metal, um estilo musical derivado do gênero heavy metal. Contudo, no decorrer da coleta de dados e das observações de campo na cidade de São Paulo as apropriações de elementos da Quimbanda, como também a elaboração de noções específicas de satanismo chamaram a atenção para uma dimensão relacionada ao campo dos estudos da religião. Entre os adeptos do Black metal, tanto os discursos como as performances musicais são elaborados no sentido de estabelecer um posicionamento contrário às religiões judaico-cristãs. Dessa forma, através dos dados etnográficos recolhidos e da bibliografia relacionada ao tema, pretende-se analisar como esses atores sociais se apropriam de elementos ligados às religiões afro-brasileiras, assim como aqueles referentes aos mais diversos "cultos satânicos" no sentido de definir um posicionamento "religioso" e "político". Palavras-chave: black metal; satanismo; quimbanda; intolerância religiosa; música.

*** Diversidade religiosa e ação social: práticas de uma comunidade no bairro do Coque na cidade do Recife Cássio Raniere Ribeiro da Silva324 Bruna Albuquerque de Souza325

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Mestrando em Antropologia Social pela USP. Membro do Laboratório de Antropologia Urbana (LabNAU/USP). Contato: [email protected]. 324 Graduando em Ciências Sociais pela UFRPE. Pesquisador do projeto Diversidade e tolerância religiosa nas práticas de uma comunidade no bairro do Coque na cidade de Recife (PE). Contato: [email protected]. 325 Graduanda em Ciências Sociais pela UFRPE. Membro do GE Sobre a Diversidade Religiosa e Intolerância (GEDRI). Contato: [email protected].

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A presente pesquisa percebe as reorientações da fé junto à construção das identidades promovidas pela experiência sócio religiosa no cenário contemporâneo brasileiro. Neste sentido, identificam-se nas práticas religiosas experimentadas pelos integrantes do NEIMFA (Núcleo Educacional Irmãos Menores de São Francisco de Assis) apontamentos sobre as transformações da fé vinculados a projetos de caráter social. Através de entrevistas semiestruturadas feitas com os envolvidos e a observação participante das atividades religiosas, percebe-se o universo particular do NEIMFA, localizado na comunidade do Coque no bairro de Joana Bezerra – PE. Na esfera do sagrado, encontram-se tendências religiosas como Jurema, Catolicismo, Budismo, Hinduísmo e Espiritismo associados às práticas de ação social comunitária. Fora proposto a análise das diversas práticas religiosas do NEIMFA como o mote principal de ação social da instituição, permitindo e reforçando laços com a comunidade do Coque. Palavras-chave: diversidade; religião; identidade; sagrado; comunidade.

*** Paz e Comunhão: uma leitura cristã para o futuro do pluralismo religioso Jeferson Ferreira Rodrigues326 Esta pesquisa busca refletir as categorias de paz e comunhão como leitura cristã para o futuro do pluralismo religioso. A leitura cristã é a partir da perspectiva de Hans Küng “não haverá paz entre as nações sem paz nas religiões e não haverá paz nas religiões sem diálogo inter-religioso”. Essa leitura não é exclusiva nem excludente, mas permite compor um novo horizonte para a vivência do pluralismo religioso. O foco é a paz e o conhecimento mútuo, resultado de um diálogo interreligioso. O novo cenário religioso brasileiro é marcado por uma multiplicidade de expressões religiosas. É um valor que precisa ser melhor explorado. Para isso, não basta permanecer nas afirmações em torno de declínios e elevações de religiões, mas permitir um profundo encontro entre todas as religiões. sociedade é religiosa. Isso pode ser constatado nos censos realizados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística a cada década, pois a maioria dos brasileiros professam uma fé ou crença. Desta forma, as religiões assumem um compromisso privilegiado na promoção da paz, mesmo sendo constatado que inúmeras vezes elas promoveram ou promovem violências em âmbitos internos e externos. Isso não deverá ser empecilho para um futuro diferente e compromissado com a promoção da paz, 326

Mestrando em Teologia pela PUC/RS. Contato: [email protected].

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justiça e fraternidade. Diante desse paradoxo original de paz e de violência pode surgir uma interrogação: a origem da violência e da paz está nas religiões (instituições) ou no ser humano religioso? A experiência com o sagrado humaniza ou desumaniza? Qual é o real sentido da religião para o ser humano? Palavras-chave: paz; comunhão; pluralismo religioso.

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30 de outubro, quarta-feira Comunicações A folclorização das religiões afro-brasileiras em Alagoas (1970-1980) Gabriela Torres Dias327 Na década de 1970 o título de “Rei do Candomblé”, a ser conferido ao babalorixá Benedito Maciel provocou imensas divergências entre o povo de santo de Alagoas. Neste contexto analisa-se a visão folclorizante atribuída às religiões afrobrasileiras, sua aceitação entre religiosos e as repercussões que ela possibilitou a essa vertente religiosa do ponto de vista social. Assim, busca-se compreender as problemáticas e a dinâmica de tais religiões na sociedade alagoana e na sociedade brasileira. Pretende-se, então, contribuir para os estudos referentes ao elemento afro-brasileiro na historiografia de Alagoas, sendo utilizadas fontes da imprensa alagoana com auxílio da bibliografia complementar. Palavras-chave: “Rei do Candomblé”; folclorização; religiões afro-brasileiras.

*** Religião tradicional africana e filosofia bantu entre os nyungwe e dema de Moçambique Antonio Alone Maia328 Maria Luisa Lopes Chicote329 Esta pesquisa é fruto de um mergulho contextualizado na reflexão sobre Religiões Tradicionais Africanas e seus fundamentos intrínsecos diante da crescente onda de religiões de matriz cristã, que de alguma forma vem se apropriando de certas práticas que dizem respeito as Religiões Tradicionais Africanas. Neste sentido, 327

Graduanda em História pela UFAL. Membro do LAHAFRO. Contato: [email protected]. 328 Doutorando em Antropologia Social pela USP. Contato: [email protected]. 329 Doutoranda em Psicologia pela USP. Membro do GP El@dis- USP, Ribeirão Preto. Contato: [email protected].

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pretendemos trazer à tona o que é específico das Religiões Tradicionais Africanas. O objetivo principal é tratar sobre tais as religiões no universo Bantu e especificamente, na filosofia Bantu dos povos Dema e Nyungwe de Moçambique. A experiência humana mostra que diante de situaões existenciais tais como a falta de saúde, insônias, mortes, acidentes, esterilidade ou infertilidade, emerge uma questão filosófica intrínseca sobre: por quê eu e não outro? Nesse dilema, qual tem sido o papel da Religião Tradicional entre os Dema e Nyungwe de Moçambique para dar resposta a estas questões de fundo? Este trabalho resulta de um estudo de caso entre os Dema e Nyungwe, onde estivemos como observador participante num ritual específico. Os resultados deste estudo revelam que a Religião Tradicional Africana, entre os Dema e Nyungwe, se configura como sendo, a priori, uma Religião de Família e que tem o ancestral como mediador entre a comunidade e o Ser Supremo. Palavras-chave: religião tradicional; família; médico tradicional; profeta; ser supremo.

*** Identidade, política e ritual: algumas notas sobre a configuração do campo afro-religioso em Santarém-PA Telma de Souza Bemerguy330 A partir da análise da atuação da Federação Espírita Umbandista e dos cultos afrobrasileiras do Estado do Pará (FEUCABEP) na organização do espaço afroreligioso da cidade de Santarém-PA na década de 80 buscarei compreender como os mecanismos de regulação social, erigidos em função da interatividade de agentes múltiplos – religiosos e não religiosos -, atuam na configuração de identidades neste campo particular.Segundo os informantes, a Federação introduziu no campo um discurso que propunha a legitimação e legalização das práticas afroreligiosas já existentes a partir da adesão ao movimento federativo e da realização de “rituais de feitura” segundo os preceitos do Candomblé. A partir daí, construo as seguintes indagações: os “rituais de feitura” se consolidam enquanto elemento de legitimação no campo das práticas afro-religiosas de Santarém? Por que a FEUCABEP estabelece a “feitura” no Candomblé enquanto mecanismo de

330

Graduanda em Antropologia pela UFOPA. Membro do NP e documentação das religiões afrobrasileiras do oeste do Pará e Caribe (NPD-AFRO). Orientada pelo Prof. Msc. Carla Ramos. Contato: [email protected].

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regulação do campo?Através de análise de entrevistas e de revisão bibliográfica, buscarei refletir sobre essas questões. Palavras-chave: religiões afro-brasileiras; identidade; regulação social.

*** Religião e Modernidade: Uma análise da presença religiosa no meio estudantil da Universidade Estadual de Londrina (2011-2012) Pedro Vinicius Rossi331 A investigação objetivou criar um estudo que relacionasse os processos de secularização e proselitismo no espaço público correspondente a Universidade Estadual de Londrina. A pesquisa elaborada tencionou questionar, compreender e analisar como os valores religiosos são reproduzidos no meio acadêmico aos graduandos dos diversos cursos ofertados pela universidade. Por meio de pesquisa bibliográfica, observação de campo e coleta de materiais de origem proselitista, foi possível desenvolver a reflexão acerca da relação entre o individuo e os ideais religiosos contrapostos aos valores modernos dentro da esfera acadêmica. A pesquisa possibilitou a percepção de como ideais e valores religiosos encontram dentro dos muros da universidade – no individuo e nos aspectos modernos de sua interação social – meios que permitem a propagação de uma moral apaziguadora, sólida, e como os meios para essa difusão agem direta e abertamente para com o indivíduos presentes na investigação. Palavras-chave: Sociologia das Religiões; religiosidade; religiões e modernidade; secularização e proselitismo.

*** Uso religioso da Ayahuasca como patrimônio nacional: repercussões e análises Maíra de Oliveira Dias332 Em 2008 representantes da Barquinha, do Santo Daime e da União do Vegetal oficializaram ao Ministério da Cultura o pedido de reconhecimento do uso da 331

Graduando em Ciências Sociais pela UEL. Esta pesquisa está vinculada ao projeto de pesquisa 07868 - Estudos sobre religiosidades e mídia religiosa. Orientado pelo Prof. Dr. Fabio Lanza.. Contato: [email protected]. 332 Mestranda em Ciências das Religiões pela UFPB. Contato: [email protected].

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Ayahuasca em rituais religiosos como Patrimônio Imaterial da Cultura Brasileira. Este chá, conhecido, entre outros, por Vegetal e Daime, tradicionalmente utilizado por indígenas, feito de um cipó e das folhas de um arbusto, é o sacramento fundamental dessas novas expressões religiosas nascidas na floresta amazônica brasileira no século XX, hoje presentes em todo Brasil e em muitos países. Este pedido, que hoje é processo na fase de inventário no Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, levantou questionamentos que costumam direcionar-se sobre os limites e as controvérsias de entendermos o uso religioso da Ayahuasca, uma bebida psicoativa, enquanto patrimônio nacional. Objetivamos cartografar as repercussões deste pedido na mídia, na academia e na sociedade, e analisar o panorama teórico desta discussão nestes quatro anos. Palavras-chave: ayahuasca; religião; patrimônio imaterial; cultura.

*** Identidade étnico-racial e religião: o vai-e-vem das categorias Rosenilton Silva de Oliveira333 Os crescentes movimentos de afirmação de identidades étnico-raciais observados nos últimos anos, em várias partes do mundo, bem como a implementação de políticas públicas de ação afirmativa, no Brasil, têm colocado em questão a forma como são definidas essas identidades. Neste contexto, analisar as práticas discursivas e as categorias operacionalizadas nos processos de distinção e identificação dos indivíduos e seus grupos possibilita compreender a (re)configuração dos espaços públicos em torno das disputas políticas de cunho identitário. Além dos organismos públicos e dos movimentos sociais, as religiões têm se mostrado como importantes agentes neste debate, sobretudo porque, no Brasil, elas exercem grande papel na conformação de valores raciais e morais. Nota-se que a visibilidade de lideranças religiosas manifestando-se sobre as categorias “identidade negra” e “cultura negra” aumentou nos últimos anos, provocando rearranjos conceituais bastante interessantes. Desta forma, este texto tem por objetivo apresentar o mapeamento da produção antropológica sobre “identidade e cultura negra”, desenvolvida a partir da promulgação da lei 10.639/2003 (que inclui no currículo oficial da Rede de Ensino a obrigatoriedade da temática "História e Cultura Afro-Brasileira") e refletir como alguns líderes 333

Doutorando em Antropologia Social pela USP. Pesquisador do Centro de Estudos das Religiosidades e Culturas Negras da USP (NERNe/USP) e membro do Laboratório de Antropologia Urbana (LabNAU/USP). Bolsista FAPESP. Contato: [email protected].

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católicos apropriam-se dessa produção e a utilizam, a partir de suas orientações dogmáticas, na promoção de atividades sociais e religiosas. Palavras-chave: identidade étnico-racial; catolicismo; inculturação; religiões afrobrasileiras.

*** Pôsteres A construção da identidade em grupos pentecostais e neopentecostais Flavia Tortul Cesarino334 O pentecostalismo e o neopentecostalismo têm crescido muito no Brasil, o que representa a construção de uma identidade específica em ambos os casos, pois influenciam no comportamento dos indivíduos. A princípio, cabe definir o que é pentecostalismo e neopentecostalismo e como surgiram, e para isto, são utilizados os autores Antonio G. Mendonça e Ricardo Mariano. Caracterizando assim ambos os grupos: os pentecostais com uma clara rejeição ao mundo, e os neopentecostais com uma postura de afirmação do mundo. Posteriormente é possível embasá-los a partir de conceituações antropológicas de identidade, tendo Paula Montero como referência, quanto sociológicas, com Stuart Hall como referência. Logo, o objetivo deste trabalho é, através de breve revisão bibliográfica acerca das temáticas referentes ao pentecostalismo, neopentecostalismo e identidade, analisar como são construídas as identidades específicas de ambos os grupos, tomando como exemplo um ritual comum entre os dois: o batismo. Palavras-chave: identidade; construção; batismo; pentecostalismo; neopentecostalismo.

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Mestranda em Ciências Sociais, na Linha Cultura, Identidade e Memória pela UNESP Marília. Contato: [email protected].

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31 de outubro, quinta-feira Comunicações Entrei numa batalha: o processo de legitimação das religiões da ayhuasca Luciane Ferreira Melo335 O presente trabalho tem como objetivo principal realizar um estudo em relação ao processo de legitimação do uso do chá ayahuasca em rituais religiosos no Brasil. Para isso, serão analisados os aspectos culturais e legais/jurídicos envolvendo o tema. As três principais religiões da ayahuasca existentes no Brasil são: Daime, União do Vegetal e Barquinha. Existem, também, grupos ‘independentes’, os chamados neo-ayahuasqueiros. Atualmente, tais grupos devem seguir a resolução nº 1, de 26 de janeiro de 2010, do CONAD. Em relação aos aspectos jurídicos, podemos dizer que o objeto em questão ainda não está totalmente explorado, motivo pelo qual o presente estudo pretende realizar a análise acerca dos aspectos históricos e culturais que permearam o caminho da legitimação do uso do chá acima citado. Pretendemos, com isso, contribuir à pesquisa bibliográfica de futuros estudos acadêmicos. Palavras-chave: ayahuasca; Santo Daime; religião; CONAD.

*** Distintos e invisíveis: perspectivas sobre a Umbanda no espaço público de Teresina Ariany Maria Farias de Souza336 As religiões afro-brasileiras surgem no Brasil sob o estigma da diferenciação sendo “julgadas” diferentes de outras tradições religiosas, fato defendido por Nina Rodrigues no século XIX. A invisibilidade religiosa dos cultos afro-brasileiros em alguns casos mostra uma idéia que coloca esta religiosidade junto do “diferente” e, 335

Mestranda em História e Estudos Culturais pela UNIR. Bolsista da CAPES. Contato: [email protected]. 336 Mestranda em Antropologia pela UFPI. Licenciada em História pela UESPI, especialista em Estado, Movimentos Sociais e Cultura pela UESPI. Contato: [email protected].

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portanto invisível para a sociedade. O propósito deste estudo é apontar possíveis explicações e questionamentos que venham a esclarecer a invisibilidade da religiosidade umbandista observada em pesquisas na Tenda Espírita Umbandista de Santa Bárbara em Teresina PI. Para tanto, utilizaremos o conceito de “teoria da ação social” Souza (2006) para entendermos porque as práticas sociais cotidianas desta tenda são de certa forma “encobertas”, além de pensar sobre o núcleo de poder e distinção que comanda uma rede de conexões simbólicas e materiais capazes de separar o visível do invisível neste contexto. Partiremos de narrativas orais, textuais e imagéticas. Palavras-chave: invisibilidade; umbanda; espaço público.

*** Intolerância religiosa na percepção dos adeptos das religiões afro-brasileiras Leonardo Vieira Silva337 Lana Lage da Gama Lima338 O trabalho visa analisar as formas de administração de conflitos religiosos passíveis de enquadramento Art. 20 da Lei nº 7.716/89 – denominada, Lei Caó, a qual criminaliza, entre outros atos discriminatórios, a intolerância religiosa. Focalizamos particularmente os conflitos que têm como principais agressores os membros da Igreja Universal do Reino de Deus - IURD e como agredidos os adeptos das religiões afro-brasileiras ocorridas no município de Campos dos Goytacazes, norte do Estado do Rio de Janeiro. Em pesquisa anterior, foi possível ter a perceber que o chamado “povo de santo” se mostra descrente das instituições policiais e judiciárias como instancias de administração desses conflitos, procurando formas alternativas para enfrentarem as manifestações de intolerância religiosa, apesar da existência da Lei. A intenção desse trabalho é verificar como os adeptos das religiões afro-brasileiras percebem e atuam nesses conflitos. Palavras-chave: paz; comunhão; pluralismo religioso.

*** 337

Graduando em Ciências Sociais pela UENF. Pesquisador em formação do Instituto de Estudos Comparados em Administração Institucional de Conflitos – INCT/ InEAC e do NE da Exclusão e da Violência – NEEV/UENF. Contato: [email protected]. 338 Doutora em Historia Social pela USP. Professora do Laboratório de Estudos da Sociedade Civil e do Estado – LESCE/ UENF. Pesquisadora Sênior do Instituto de Estudos Comparados em Administração Institucional de Conflitos – INCT/ InEAC e coordenadora do NE da Exclusão e da Violência – NEEV/UENF. Contato: [email protected].

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A religiosidade e o Direito entre o ateísmo e a (a)confessionalidade: ressignificando os parâmetros de laicidade Estatal Marina Lima Campos339 David Carlos Santos Sarges340 A asseveração de que o Brasil é um Estado Laico é produzida, na maioria das vezes, como um argumento retórico divorciado da compreensão do modelo de laicidade encampado. E o sentido desta afirmação nem sempre é claro para os “interlocutores”, já que há uma grande diferença entre afirmar que o Brasil é laico e compreender os contornos desta laicidade. Inicialmente, e ciente das dificuldades oriundas da forte carga emocional que permeia todos os debates relacionados à livre manifestação do pensamento religioso, não é perceptível, para o sentido comum, que inexiste um modelo universal de laicidade. E em um sentido mais superficial, quando a ideia de laicidade tangencia a de aconfessionalidade – isto é, o fato de que um determinado Estado não adota oficialmente uma crença religiosa –, o conceito de laicidade estatal serve para identificar a experiência constitucional da maioria dos países ocidentais. Neste contexto, a presente proposta objetiva analisar a questão relativa à liberdade de consciência e de culto, à luz dos institutos do direito brasileiro. Palavras-chave: aconfessionalidade; laicidade; liberdades.

*** "Não Sacrificarás": Esfera pública e conflito religioso entre pentecostais e afro-brasileiros Milton Bortoleto341 Fruto do relatório de qualificação de mestrado junto ao programa de pós-graduação em antropologia social da USP (PPGAS-USP) este trabalho busca observar alguns aspectos do conflito religioso que envolve atores ligados as religiões pentecostais e 339

Especialista em Direito Penal e Processual Penal pelo Centro Universitário de Ribeirão Preto. Mestranda em Ciênciass da Religião pela UEPA. Contato: [email protected]. 340 Mestrando e graduando em Ciências da Religião pela UEPA. Especialista em Ciências da Religião pela Universidade Cândido Mendes/RJ. Contato: [email protected]. 341 Mestrando em Antropologia Social pela USP. Pesquisador do CEBRAP e membro do Centro de Estudos das Religiosidades e Culturas Negras da USP (CERNe-USP). Contato: [email protected].

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afro-brasileiras na esfera pública política brasileira. Especificamente, detenho-me em dois casos de intolerância religiosa, um na cidade de São Paulo e outro na cidade do Rio de Janeiro, problematizando-os a luz da noção de esfera pública e esfera privada presente no pensamento de Jürgen Habermas. Dois casos que envolvem uma polifonia de discursos sobre liberdade religiosa/intolerância religiosa e até mesmo direitos animais, assim como uma caminhada na orla de Copacabana (RJ) que reuniu cerca de 200 mil pessoas pedindo liberdade religiosa no ano de 2011. Palavras-chave: esfera pública; sistema religioso afro-brasileiro; sistema religioso pentecostal; intolerância religiosa; controvérsia pública.

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GT25 – Representações, (re)leituras e relações entre religiões e (in)tolerâncias religiosas no cinema Coordenador Geovano Moreira Chaves Doutorando em História e Culturas Política pela UFMG. Professor Estágio Docente na UFMG. Bolsista CAPES. Resumo Representando situações de religiosidades em contextos específicos, ou mesmo produzindo releituras de manifestações religiosas no decurso do tempo histórico, o cinema, desde o início do século XX, fez usos das religiões e das (in)tolerâncias religiosas como fontes de suas narrativas, em suas mais variadas linguagens. Por outro lado, é sabido que também as religiões utilizaram o cinema, sobretudo, quando as próprias religiões procuraram apropriarem-se do cinema enquanto aparato de intenso alcance social, difusor de representações e imaginários coletivos. Também nota-se a existência de filmes que visam promover ou questionar as doutrinas e práticas religiosas, causando polêmicas por entrarem em contradição e conflito com os dogmas das mesmas. Assim sendo, diante da abrangente possibilidade de abordagens e (re)leituras acerca desta temática, este GT tem como objetivo reunir trabalhos que dialoguem e/ou problematizem as relações entre religiões e (in)tolerâncias religiosas no cinema.

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Dia

29/10 (3ª feira)

Comunic.

Sem atividades

30/10 (4ª feira)

31/10 (5ª feira)

Sem atividades Os Sete Pecados Capitais e a dicotomia entre a moral católica medieval e a moral católica pós-moderna no filme “Seven” de David Fincher Albert Drummond PUC/MG

Representações da fé em Dexter: entre a ação doentia e a doação ao totalmente outro Lucila Jenille Moraes Vilar UEPA Transcendência, transitoriedade e transgressão: o indivíduo entre tradição e modernidade na cinematografia brasileira Joe Marçal Gonçalves dos Santos UFRGS Martinho Lutero no Brasil na década de 1950: entrada permitida ou não? Geovano Moreira Chaves UFMG

S(C)em Sertões: Canudos e Conselheiro nas telas do cinema Amauri Araujo Antunes IFSC Anahy Sobenes UFSC

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30 de outubro, quarta-feira Comunicações Os Sete pecados capitais e a dicotomia entre a moral católica medieval e a moral católica pós-moderna no filme “Seven” de David Fincher Albert Drummond1 Tratar dos pecados capitais significa, com efeito, sustentar uma discussão sobre a boa ordem da sociedade. O sucesso da lista dos sete pecados capitais na historiografia é explicado por sua notável eficácia e por sua capacidade de adaptarse às realidades sociais em permanente transformação. O pecado e o seu papel como instrumento de reorientação social permite indicar os processos e caminhos percorridos pelos diversos setores dentro da sociedade medieval e pós-moderna. Em 1995 David Fincher dirigiu o filme Seven, que trata dos reflexos de uma doutrina moral católica em decadência, dentro de uma sociedade que inverte a condição dos pecados e os elevam à categoria de virtude. O antagonista do filme revela, através de seus crimes, a necessidade da retomada do discurso dos sete (...) capitais em um mundo auto-destrutivo consolidado em seu imaginário. Trabalhando com autores como São Tomás de Aquino, Jacques Le Goff, Jerome Baschet, Eric Hobsbawm, Jean Delumeau e Perry Anderson pretendo compreender a dicotomia entre a moral católica medieval e pós-moderna no filme de Fincher. Palavras-chave: sete pecados capitais; Seven; moral católica medieval; moral católica pós-moderna; inversão de valores.

*** Representações da Fé em Dexter: entre a ação doentia e a doação ao totalmente outro

Lucila Jenille Moraes Vilar 2

1

Mestrando em Ciências da Religião pela PUC/MG. Bolsista PROSUP. Contato: [email protected]. 2 Pós-graduanda em Ciências da Religião pela UEPA. Contato: [email protected].

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Tomando como pré-suposto que a linguagem cinematográfica está para além das telas do cinema e que as narrativas seriais ficcionais televisivas podem ser consideradas como produtos com características de películas, o presente artigo analisa como é representado o ato de ter Fé na sexta temporada da série televisiva norte americana Dexter. Tendo como pano de fundo interpretações sociológicas e teológicas para a ação em uma sociedade dita ‘pós-moderna’ e ‘secularizada’. Para tal análise destacamos dois personagens da temporada: Brother Sam e o Assassino do Apocalipse, utilizando-os como possíveis representações distintas de um mesmo processo. Para desenvolver o estudo tomou-se como referencial teórico as discussões feitas por Paul Tillich em sua obra Dinâmica da Fé e por Jürgen Moltmann em Teologia da esperança: estudos sobre os fundamentos e as conseqüências de uma escatologia cristã. Palavras-chave: Dexter; fé; pós-modernidade; secularização.

*** Transcendência, transitoriedade e transgressão: o indivíduo entre tradição e modernidade na cinematografia brasileira Joe Marçal Gonçalves dos Santos3 O estudo propõe analisar comparativamente aspectos da relação entre tradição e modernidade marcados pelo elemento religioso na construção de personagens centrais dos filmes O Pagador de Promessas (Anselmo Duarte, 1962), Central do Brasil (Walter Salles, 1998) e Amarelo Manga (Claudio Assis, 2003). O objetivo é traçar características, analisar e desenvolver uma hermenêutica teológica da representação moderna do indivíduo correlacionada a aspectos tradicionais religiosos presentes no desenvolvimento dramático destes personagens. O estudo parte da concepção da experiência cinematográfica como constitutiva de uma antropologia do imaginário (E. Morin) tão relativa à modernidade quanto a esta resistente, em razão de sua constituição mítico-simbólica e apelo à uma ontologia direta própria da imagem em movimento (A. Tarkovksi). Para desenvolver a análise interpretativa recorremos a teologia da cultura de P. Tillich em diálogo com conceitos da estética da forma e da linguagem cinematográfica de G. Deleuze. Palavras-chave: Tradição; Modernidade; Religião; Indivíduo.

*** 3

Pós-doutorando em Antropologia Social pela UFRGS. Contato: [email protected].

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Martinho Lutero no Brasil na década de 1950: entrada permitida ou não? Geovano Moreira Chaves4 Em 1953, sob patrocínio da Lutheran Church Productions e Luther Film G.M.B.H, Irving Pichel dirigiu o filme “Martinho Lutero” (Martin Luther), que inclusive, foi concorrente ao Oscar daquele ano. No entanto, pode-se perceber que a recepção deste filme no Brasil, sobretudo pelas comunidades de interpretação fílmica de Belo Horizonte, formadas por dirigentes e integrantes de cineclubes e críticos de orientações políticas e morais divergentes, foi marcada por uma polêmica que se encontra nas páginas da “Revista de Cinema” publicada no contexto. Tal polêmica gira em torno da questão de saber se o filme deveria ser censurado ou não, e quais os motivos para a defesa ou negativa desta censura, assim como quem autorizaria ou não a liberação para a exibição deste filme em território nacional. É sabido que, em meados da década de 1950, os cineclubes da capital mineira tiveram papel de destaque na crítica de cinema nacional por meio das revistas de cinema por eles publicadas. Palavras-chave: História; crítica de cinema; censura.

*** S(C)em Sertões: Canudos e Conselheiro nas telas do cinema

Amauri Araujo Antunes5 Anahy Sobenes6 O objetivo do trabalho é promover uma leitura sobre a questão da intolerância religiosa a partir de três obras cinematográficas que abordam, direta ou indiretamente, o tema da “Guerra de Canudos”, ocorrida no final do século XIX. Discorre-se sobre aspectos históricos e sociais que envolveram o episódio, contrapondo a tais aspectos a interpretação dos filmes: “Guerra de Canudos”, de Sérgio Rezende (1997); e “Paixão e Guerra no Sertão de Canudos”, de Antonio Olavo (1993). Como uma terceira referência, o filme “Deus e o Diabo na Terra do Sol”, de Glauber Rocha (1964), que explora com maior liberdade narrativa o episódio. O estudo proposto considera que há uma unidade temática, que envolve forças sociais, políticas, econômicas e religiosas em torno da figura de 4

Doutorando em História e Culturas Políticas pela UFMG. Contato: [email protected]. Professor do IFSC. Contato: [email protected]. 6 Mestranda em História pela UFSC. Contato: [email protected]. 5

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Antonio Conselheiro (representada por Sebastião, na obra de Glauber Rocha) que acreditava ser um enviado de Deus, um profeta destinado a guiar o povo para a salvação. Apesar de as três obras partirem de uma mesma temática, as abordagens são extremamente distintas. Distinções que transcendem aspectos financeiros, revelando questões ideológicas subjacentes. Palavras-chave: Canudos; História e Cinema; intolerância religiosa.

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GT 26 – Saúde, religião e cultura: um diálogo a partir das práticas terapêuticas culturais e religiosas Coordenador/a Márcio Luiz Mello Professor na Fundação Oswaldo Cruz/Instituto Oswaldo Cruz. Doutorando em Ciências/Saúde Pública.

Simone Oliveira Professora na Fundação Oswaldo Cruz/Escola Nacional de Saúde Pública. Doutora em Ciências/Saúde Pública.

Resumo Atualmente, a diversidade é um dos aspectos mais relevantes em se tratando do acesso e da prestação de cuidados de saúde. Por outro lado, a complexidade dos problemas de saúde não pode ser vista apenas pela perspectiva do modelo biomédico, o que exige análises que incorporem as ciências sociais como uma forma ampliada de se pensar a atenção integral, buscando conjugar conhecimentos biológicos, psicológicos, sociais e culturais na compreensão do processo saúde/doença; sobretudo no Brasil, que possui uma ampla variedade cultural, de crenças e orientações religiosas disseminadas na sua população. Neste GT, buscamos discutir a possível complementaridade entre o sistema de saúde oficial e as terapêuticas culturais e/ou religiosas, considerando especialmente as inscritas no campo afro-brasileiro. Aceitaremos comunicações que reflitam sobre terapias, crenças, ritos, espíritos e religiões praticadas no Brasil e que atuam para a promoção da saúde.

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Dia

Comunic.

29/10 (3ª feira)

30/10 (4ª feira)

31/10 (5ª feira)

A cura espiritual kardecista um fenômeno cultural na pósmodernidade

A pajelança maranhense: elementos para a compreensão de uma religião ilegal

Sem atividades

Cristiane Martins Gomes PUC/SP

Cura na Umbanda: caminhos complementares entre saúde e religião Maria do Amparo Lopes Ribeiro UFPI

A cultura como paciente e como promotora da saúde: a vivência em grupo do rito e do sagrado nas grandes cidades brasileiras por meio das danças tradicionais e contemporâneas em círculo

Thiago Lima dos Santos UFMA

Reflexões sobre práticas de cura em um Terno de Moçambique de Itapecerica – MG Talita Viana e Clarissa Ulhoa UNB Práticas terapêuticas populares na Amazônia: curandeirismo e plantas poderosas Dayana Dar’c da Silva e Silva UEPA

Tânia Pessoa de Lima PUC/SP, USP

A Cultura e as Práticas Terapêuticas Alternativas na Busca pela Cura Adrielle M. Fernandes IOC/FIOCRUZ

Ayahuasca: o transe multidimensional da floresta presente na contemporaneidade Tarik Ganizev Jimenez PUC/SP

Cultura, Religiosidade e Saúde no Brasil Márcio Luiz Mello IOC/FIOCRUZ Simone Santos Oliveira ENSP/FIOCRUZ

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Pôsteres

As influências da religião cristã Memória do Santo Daime na promoção da saúde integral: na Paraíba: História, ritos uma abordagem cognitivo e cura comportamental Dávila Maria da Cruz Paula Bianchi Romer UFPB Mackenzie

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29 de outubro, terça-feira Comunicações A cura espiritual kardecista: um fenômeno cultural na pós-modernidade Cristiane Martins Gomes1 A Religião tendo como base a condição imanente de harmonizar o ser em sua totalidade, traz em si a cultura religiosa da cura espiritual, tendo em vários credos religiosos sua análise e o desenvolvimento segundo seus ritos. A curiosidade pelos fenômenos espirituais kardecista abre novos entendimentos na religiosidade Brasileira. Pessoas buscam nas práticas mediúnicas a cura espiritual. Questionamos se é possível identificar dentro do contexto plural religioso esse fenômeno? Será possível identificar o fenômeno da cura espirita inserido no panorama da pósmodernidade? Através da incerteza e levadas pela confusão e a possibilidade do tudo é possível, pessoas passam pelo cenário de frustrações, instabilidade e são tomadas de novas oportunidades no campo da fé, buscam abrir o caminho para a diversidade do modo de viver e agir na vida humana. Entender essa necessidade vem a vontade de compreender a respeito da multiplicidade de evidências do caráter natural pela busca da cura espiritual kardecista. Palavras-chave: cura espiritual; fenômeno; kardecista; pós-modernidade.

*** Cura na Umbanda: caminhos complementares entre saúde e religião Maria do Amparo Lopes Ribeiro 2 Na Umbanda as práticas de saúde são consideradas em termos do acolhimento prestado a quem a procura, possuindo um grande potencial de complementariedade entre o sistema de saúde oficial e suas práticas terapêutico religiosas. O objetivo desta pesquisa é analisar seus rituais de cura, procurando pensar sobre a questão do binômio saúde-doença, em termos dos sentidos que permeiam o adoecer e a cura. 1

Mestranda em Ciências da Religião pela PUC/SP. Professora no curso de Ciências da Religião da Unimontes. Contato: [email protected]. 2 Mestranda em Antropologia e Arqueologia pela UFPI. Contato: [email protected].

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O estudo se dará por meio de observação participante e entrevistas semiestruturadas. Espera-se analisar as representações que os participantes (adeptos e não-adeptos) dos rituais observados conferem às suas experiências, os sentidos e quais discursos advêm destas práticas. Palavras-chave: religião; umbanda; processo; saúde-doença.

*** A cultura como paciente e como promotora da saúde: a vivência em grupo do rito e do sagrado nas grandes cidades brasileiras por meio das danças tradicionais e contemporâneas em círculo Tânia Pessoa de Lima 3 Quando pensamos em saúde na atualidade das grandes cidades não podemos mais nos ater à visão que problematiza e responsabiliza apenas os indivíduos em seus comportamentos e hábitos. A psicologia tem sido considerada como uma ciência que cuida de indivíduos, nascida a partir do modelo médico. A partir das contribuições da psicologia analítica de Carl Gustav Jung, em parceria com os estudos antropológicos, sociológicos e das ciências da religião, a psicologia pode voltar o olhar para seu mais novo paciente: a civilização urbana. A cultura produz símbolos destinados a restaurar seu equilíbrio, tais como as danças circulares dos povos e sagradas que chegaram ao Brasil e vem se expandindo por parques, praças e eventos, mais rapidamente e intensamente que em outros países. Pesquisa em andamento mostra que seu rito, formato, foco na vivência do sagrado e sua prática promovem a saúde bio psíquico social, a qual engloba a religiosidade. Experiências significativas são relatadas. Palavras-chave: cultura; religiosidade; saúde; dança; vivência em grupo.

*** A cultura e as práticas terapêuticas alternativas na busca pela cura Adrielle M. Fernandes4 3

Doutoranda em Ciências da Religião pela PUC/SP, Mestre em Educação pela USP. Psicóloga no Instituto de Psicologia da USP. Membro do GP Traços Religiosos na Atividade Científica Contemporânea. Contato: [email protected]. 4 Egressa do Programa de Vocação Científica/EPJV Fiocruz. Graduanda em enfermagem pela UERJ. Contato: [email protected].

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A cultura influência em diversos aspectos, no modo de viver, de se relacionar e além disso direciona também nas terapêuticas utilizadas para a obtenção da cura. A cada ano que passa, o modelo biomédico se torna cada vez mais tecnológico e cheio de novidades, porém muitas pessoas ainda encontram na religião e na fé, o principal conforto para tratar suas enfermidades. Nesta pesquisa foi possível conhecer rituais e aspectos das religiões afrodescendentes, Umbanda e Candomblé,procuradas por muitos com o objetivo curativo. Realizou-se através de fichamentos e leitura de artigos e transcrições de entrevistas feitas com líderes religiosos.Os principais objetivos são:conhecer sobre as formas que os indivíduos relacionam o processo saúde/doença e como buscam a cura e relacionar os aspectos psicológicos, culturais e sociais com as terapêuticas utilizadas. A partir dos conhecimentos obtidos, foi possível entender mais sobre o valor da religiosidade e da cultura no processo saúde/doença. Palavras-chave: cura; práticas terapêuticas alterinativas; religiosidade.

*** Pôsteres As influências da religião cristã na promoção da saúde integral: uma abordagem cognitivo comportamental Paula Bianchi Romer5 Este trabalho trata da religião cristã (protestante histórico e pentecostal), configurando o grupo pesquisado e as crenças religiosas associadas à sua fé. Observaremos qual o apoio dessas crenças na formação dos fieis, o uso delas na vida prática e sua influência na promoção ou não da saúde integral dos pesquisados, relacionando as crenças religiosas com o enfrentamento da doença. Atentaremos na contribuição que a terapia cognitivo comportamental oferece na prática psicológica ao valorizar e respeitar os aspectos religiosos dos pacientes da pesquisa, onde associam sua espiritualidade nos processos de cura ou agravo da saúde. O objetivo geral do projeto é verificar o quanto essas crenças religiosas tem significado e são usados na resolução de dificuldades, enfrentamento de doença e saúde; e finalmente, o quanto essa convergência entre psicologia e religião cooperam para a saúde integral do individuo.

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Graduanda em Ciências da Religião pelo Mackenzie. Contato: [email protected].

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30 de outubro, quarta-feira Comunicações A pajelança maranhense: elementos para a compreensão de uma religião ilegal Thiago Lima dos Santos6 A pajelança é um fenômeno religioso característico do Maranhão que engloba elementos do catolicismo, tambor de mina, das culturas indígenas e da medicina não oficial. Sua origem é atribuída aos índios, mas os registros históricos também confirmam a prática pela população afrodescendente forma pela qual teria se expandido e se sincretizado com outros elementos culturais. Por considerar que doenças tenham origens espirituais e que devem ser tratadas por meio de uma farmacologia própria e de rituais oficiados por um curandeiro, a pajelança sempre foi alvo de críticas e perseguições, como é possível perceber nos jornais do século XIX e XX. Este trabalho pretende compreender a partir da análise de fontes históricas a relação entre a saúde pública e as práticas religiosas em um contexto em que a demanda pela cura fortaleceu a prática da pajelança, ainda hoje criticada e combatida pelo modelo biomédico de tratamento. Palavras-chave: pajelança; práticas religiosas; perseguição.

*** Reflexões sobre práticas de cura em um Terno de Moçambique de Itapecerica – MG Talita Viana7 Clarissa Ulhoa8 Apresentamos reflexões sobre o trabalho de cura desenvolvido por membros de um Terno de Moçambique do Congado de Itapecerica, MG. Os trabalhos acontecem semanalmente na casa do Capitão e envolvem a participação de integrantes do 6

Mestrando em Ciências Sociais pela UFMA. Membro do GP Religião e Cultura Popular e do GP História e Religião. Contato: [email protected]. 7 Mestranda em Antropologia Social pela UNB. Contato:[email protected]. 8 .Mestre em História. Contato:[email protected].

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terno e familiares, ademais de entidades, guias e espíritos de pessoas que já morreram. As cosmologias e saberes que norteiam os trabalhos, igualmente cantos, objetos rituais e a presença de espíritos e entidades, estão intimamente relacionados ao universo do Congado. Os congados são festas de coroação de rei congo em festividades de devoção a Nossa Senhora do Rosário e outros santos de devoção notadamente negra que tiveram origem nas Irmandades dos Homens Pretos. Trata-se de festa híbrida em louvor a santos católicos, com marcantes elementos de matriz africana. Apontamos para noções ampliadas de saúde, enfermidade e cura e que só fazem sentido se pensadas dentro de um conjunto maior de concepção e compreensão de mundo. Palavras-chave: congado; saúde popular; religião; práticas de cura; festa. .

*** Práticas terapêuticas populares na Amazônia: curandeirismo e plantas poderosas Dayana Dar’c da Silva e Silva 9 As plantas são usadas para diversas finalidades, entre elas estão as práticas terapêuticas populares que envolvem um conjunto de crenças, costumes, métodos e usos dos recursos vegetais. Embora a medicina oficial tenha avançado no combate das doenças, os seres humanos ainda buscam nos recursos da natureza os auxílios para suas necessidades cotidianas, entre as quais podemos destacar, por exemplo, a proteção do indivíduo e do meio em que vive. Para tanto, esta pesquisa realizou um estudo com uma curandeira amazônica, suas práticas de cura e saberes acerca das plantas poderosas, ou seja, plantas que possuem o poder de proteger, atrair sorte, felicidade, dinheiro, afastar inveja e curar doenças espirituais. Tem como objetivo analisar as práticas terapêuticas que solucionam problemas de doenças sobrenaturais, contextualizando a doença na sua dimensão mágico-religiosa e identificar as formas elementares de preparações das receitas usadas para demandas variadas (proteção, amor, negócios, afastar os males espirituais). Palavras-chave: curandeirismo; plantas poderosas; Amazônia.

*** 9

Graduanda em Ciências da Religião pela UEPA. Contato: [email protected].

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Ayahuasca: o transe multidimensional da floresta presente na contemporaneidade Tarik Ganizev Jimenez10 A relação dos homens com substâncias psicoativas é comum na História, sendo o uso da Ayahuasca um dos mais recorrentes, possuindo relatos de uso datados de 300 a.C por tribos da Amazônia Peruana, contudo acredita-se que seu uso é muito anterior a esta data. Sua alquimia é realizada através do uso do fogo, da água e de duas plantas: a Banisteriopsis caapi e a Psychotria viridis, ambas de origem amazônica. A primeira corresponde ao Cipó-Mariri e a segunda a Chacrona, um arbusto da família Rubiaceae. Apesar de contarmos com uma vasta bibliografa científica quanto aos ritos culturais e religiosos onde a Ayahuasca é utilizada como sacramento, muita dúvida permanece quanto a sua utilização com fins terapêuticos. Minha pesquisa, além de contar com um relato preciso sobre as religiões ayahuasqueiras e sobre a história da ayahuasca no Brasil, abordará também o papel terapêutico que esta tem com a saúde biopsicosocial e espiritual do indivíduo através de uma análise fenomenólogica do transe. Palavras-chave: ayahuasca; Santo Daime; religiões ayahuasqueiras; Porta do Sol, União do Vegetal.

*** Cultura, Religiosidade e Saúde no Brasil Márcio Luiz Mello11 Simone Santos Oliveira12

O modelo biomédico de atenção à saúde não é capaz de lidar isoladamente com a complexidade dos problemas de saúde da população brasileira. A análise desse modelo produz um interesse maior pela aplicação das ciências sociais ao campo da saúde. Para pensar a saúde de forma integral, é necessário conjugar os conhecimentos biológicos, psicológicos, sociais e culturais na compreensão das

10

Graduando em Psicologia pela PUC/SP. Contato: [email protected]. Doutor em Ciências pela ENSP/FIOCRUZ. Pesquisador e Professor na Fundação Oswaldo Cruz/ Instituto Oswaldo Cruz. Membro do Laboratório de Inovações em Terapias, Ensino e Bioprodutos, do GP Ciência, Arte e Cultura na Saúde e do Pesquisa e Intervenção em Atividade de Trabalho, Saúde e Relações de Gênero (PISTAS). Contato: [email protected]. 12 Doutora em Ciências pela ENSP/FIOCRUZ. Pesquisadora e professora na Fundação Oswaldo Cruz e ENSP. Membro do PISTAS. Contato: não informado. 11

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doenças, sobretudo no Brasil, que possui uma ampla variedade de crenças e orientações religiosas, disseminadas na sua população. Palavras-chave: saúde e doença; cultura; religião; Brasil; integralidade.

*** Pôsteres Memória do Santo Daime na Paraíba: história, ritos e cura Dávila Maria da Cruz Andrade13 Conhecida como a Religião da Floresta, o Santo Daime que faz uso da Ayahuasca, bebida que há séculos é usada pra fins de cura pelos povos nativos das Américas, em seus rituais, nasceu por volta de 1930, no Acre. Foi fundada pelo maranhense Raimundo Irineu Serra, que como outros tantos nordestinos foram em busca do sonho seringueiro durante o ciclo da borracha. Aqui refletiremos como o Santo Daime de raízes e costumes fortemente influenciados pela cultura nordestina, somada a cultura vegetalista da floresta amazônica, que hoje leva pessoas de várias partes do Brasil e do Mundo a migrarem para a floresta por motivos religiosos, está presente onde tem tão claras raízes: no Nordeste. O Santo Daime chega a região Sudeste a 30 anos e ao Nordeste a 20 anos, através do Encontro da Nova Consciência que acontece no período do carnaval na cidade de Campina Grande na Paraíba e depois se estendeu aos demais estados nordestinos. Buscamos mapiar o campo das religiões ayahuasqueiras na Paraíba, sua história e memória, relatos de curas e como vem se formando o povo daimista paraibano, suas particularidades e tendências. Palavras-chave: campo religioso; Santo Daime; Paraíba.

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UFPB. Contato: [email protected].

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GT27 – Universos simbólicos de religiosidades no Japão Coordenadoras Andréa Gomes Santiago Tomita Doutora em Ciências da Religião. Coordenadora da Faculdade Messiânica.

Edileia Diniz Motta Mestre em Ciências da Religião. Docente na Faculdade Messiânica

Comentador Claudio Domingues Moreno Mestre em Artes Visuais. Docente da Faculdade Messiânica

Resumo Se tudo que o homem produz, de alguma forma, é simbólico; se ele constrói símbolos continuamente, então a compreensão e/ou interpretação dos símbolos torna-se imprescindível para a análise de determinados campos, em especial, o religioso. Neste sentido, Trias (2000:122-123) toma o símbolo como palavrachave para refletir sobre a religião. Mais do que este ou aquele símbolo (que não é uma coisa ou objeto, preferencialmente), pensemos o simbólico em todas as suas dimensões. Este GT pretende reunir propostas de estudos sobre religiosidades do Japão (tradicionais ou novas) a partir da perspectiva teórica das ciências da religião com enfoque na linguagem religiosa, suas características e modalidades (gestos, imagens, mito e narrativa, gêneros literários, símbolo, metáfora, rito, doutrinas). (TRIAS, E. "Pensar a religião - o moderno e o sagrado". In: VATTIMO, G. & DERRIDA, J et al. A religião: seminário de Capri. SP: Estação Liberdade, 2000)

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Dia

29/10 (3ª feira)

30/10 (4ª feira)

31/10 (5ª feira)

Comunic.

Sem atividades

A sucessão do carisma nas Novas Religiões Japonesas: uma perspectiva de gênero

Sem atividades

Ediléia Mota Diniz UMESP, Messiânica

Felicidade, amor, empatia no Instituto de Moralogia do Brasil: sentimentos envolvidos na manutenção da identidade e da cultura japonesa Letícia Nagao USP

A interação de múltiplas tendências religiosas: a religião messiânica no Japão e no Brasil Andréa Tomita UMESP, Messiânica

A procura do sagrado: a metáfora nas expressões linguísticas dos textos do Fundador da Igreja Messiânica Mundial Emilson Soares dos Anjos PUC/SP, Messiânica

Johrei e Reiki: o universo simbólico de técnicas de imposição de mãos de origem japonesa na promoção de saúde e espiritualidade Ricardo Monezi UNIFESP/ Faculdade Messiânica

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O ato purificador do Johrei e as diferentes concepções de Cura e Doença Renato Müller Pinto UNIFESP

Pôsteres

Solo Sagrado de Guarapiranga e suas possíveis relações com espiritualidade e qualidade de vida Rodrigo Mostacatto Sampaio de Andrade Messiânica Lilia Dineli Messiânica

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30 de outubro, quarta-feira Comunicações A sucessão do carisma nas Novas Religiões Japonesas: uma perspectiva de gênero Ediléia Mota Diniz1 Um elemento importante na organização religiosa em que a Seicho-No-Ie se tornou é a orientação familiar na composição do poder, liderança e sucessão. Em todas essas dimensões nota-se a presença da tradição japonesa. O mesmo ocorreu quando da sucessão do “mestre”, forma como Masaharu Taniguchi é carinhosamente chamado. Uma solução não-japonesa implicaria na ascensão à posição de mando por sua filha, mas predominou o arranjo japonês. Nesse sentido, a questão da sucessão de Masaharu Taniguchi é um importante elemento que demonstra o estilo de dominação instituído pelo fundador em todas as suas instâncias. Apesar de Taniguchi ter atribuido a escolha do genro como seu sucessor a uma inspiração ou “um murmúrio de Deus”, podemos observar neste modelo, uma forma de reprodução e manutenção da ordem alicerçada na cultura japonesa. Palavras-chave: carisma; Seicho-No-Ie; patriarcado.

*** Felicidade, amor, empatia no Instituto de Moralogia do Brasil: sentimentos envolvidos na manutenção da identidade e da cultura japonesa Letícia Nagao2 Tendo como base pesquisas etnográficas e relatos de membros do Instituto de Moralogia, a presente comunicação busca partilhar descobertas importantes sobre a criação de vínculos com o Japão. Nesse sentido, o que acreditamos que tenha sido descoberto não são elementos da cultura japonesa e nem mesmo novos conceitos, mas sim uma nova maneira de compreender os sentimentos e vínculos que ligam 1

Mestre em Ciências da Religião pela UMESP. Professora na Faculdade Messiânica. Contato: [email protected]. 2 Mestranda em Letras pela USP. Contato: [email protected].

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descendentes de japoneses entre si e permitem que cada um continue vivendo da maneira que sempre desejou - admirando e experimentando modos de empatia e sensibilidade que nem sempre são compreendidos (por brasileiros). De muitas maneiras, o tema desta comunição pertimite que a análise do papel de religiões e instituições na manutenção da identidade japonesa seja feita sob um ponto de vista diferente. Por conseguinte, esta comunicação é um convite para que nós, que vivemos e estudamos cultura japonesa, possamos por alguns momentos olhar e sentir vínculos, sobre os quais pesquisamos e escrevemos, de modos diferentes. No caso em questão, o modo diferente é constituído por diversos sentimentos e pelas “empatias” que foram observadas e vividas no Instituto de Moralogia. Palavras-chave: Instituto de Moralogia; felicidade; identidade cultural; japoneses no Brasil.

*** Interação de múltiplas tendências religiosas: a religião messiânica no Japão e no Brasil Andréa Gomes Santiago Tomita 3 A proposta desta comunicação é apresentar o contexto sócio-histórico do surgimento de uma nova religião japonesa conhecida no Brasil como Igreja Messiânica. Seu fundador Mokiti Okada (cujo nome religioso é Meishu-Sama) foi adepto de uma religião de raízes xintoístas conhecida como Omoto-kyo e, posteriormente, fundou sua própria religião que mescla tendências tanto de crenças populares quanto de outras religiosidades presentes em seu país de origem. Serão abordados aspectos relativos à sua teologia e práticas religiosas além da sua integração no Brasil através de análises de suas recomposições identitárias. Palavras-chave: Nova religião japonesa; religião messiânica; teologia; identidade.

*** A procura do sagrado: a metáfora nas expressões linguísticas dos textos do Fundador da Igreja Messiânica Mundial Emilson Soares dos Anjos 4 3

Doutora em Ciências da Religião pela UMESP. Professora na Faculdade Messiânica. Contato: [email protected].

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Este artigo aborda questões relacionadas às transladações de textos de MokitiOkada, Fundador da Igreja Messiânica Mundial (IMM), como expressões metafóricas, vistas e analisadas a partir de seu alcance e limites no campo religioso.Na minha hipótese, a IMM do Brasil não sofre alteração na sua doutrina e nem sempre nas traduções. Pelo contrário, há um esforço na tradução literal ou em metáforas para manter o sentido pregado pelo que foi ensinado pelo Fundador.É possível que na falta desses elementos, as pessoas não sintam atraídas para lerem nas entrelinhas a beleza da linguagem propriamente dita à mensagem original do fundador.Portanto, na IMM e na IMMB há divergências na linguagem, e a tradução para o idioma português utilizando metáforas é uma possibilidade de garantir o crescimento da Igreja no país. A compreensão dos aspectos metafóricos translada por intermédio da leitura dos textos acima estudados, cujas palavras singulares substituem as palavras literais por razões poéticas. Nesse sentido, as metáforas vão além (deslocamento), substituição e suas filosofias. Palavras-chave: Mokiti Okada; Igreja Messiânica Mundial; metáforas.

*** Johrei e Reiki: o universo simbólico de técnicas de imposição de mãos de origem japonesa na promoção de saúde e espiritualidade Ricardo Monezi5 Intervenções de cuidado baseadas na imposição de mãos e transmissão de energias não qualificadas pela física atual são descritas através da história, onde existem registros de que Hipócrates (460 a.C.) referia a provável existência de um campo bioenergético presente nos seres vivos, sendo que o bloqueio de seu fluxo poderia desencadear doenças. Acredita-se que as técnicas de imposição de mãos e transmissão de energia podem exibir propriedades terapêuticas, estando presentes em muitas culturas, especialmente no Japão, onde foram sistematizadas, entre outras, o Reiki e o Johrei. O objetivo deste trabalho é discutir o papel destas técnicas no desenvolvimento da saúde integral do ser humano, levando-se em conta que ambas consideram o cuidado humano como o contato dos mundos subjetivos do cuidador e do cuidado, o qual tem o potencial de ir além do físico-material ou 4

Doutorando em Ciências da Religião pela PUC – SP. Professora na Faculdade Messiânica. Contato: [email protected]. 5 Doutor em Psicobiologia pela UNIFESP. Pesquisador na Faculdade Messiânica. Contato: [email protected].

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do mental-emocional, já que entram em conexão e tocam o mais alto senso espiritual do self, da alma e do espírito. Palavras-chave: Johrei; Reiki; imposição de mãos; Japão; saúde.

*** O ato purificador do Johrei e as diferentes concepções de Cura e Doença Renato Müller Pinto6 O presente trabalho está sendo realizado no Solo Sagrado da Igreja Messiânica Mundial, às margens da Represa Guarapiranga e tem como objetivo central identificar e analisar,no contexto do ritual de cura do Johrei, a maneira pela qual as diferentes formulações dos conceitos de Cura e Doença interagem na formação de um campo simbólico específico. A metodologia utilizada consiste em revisão bibliográfica, entrevistas periódicas com os líderes religiosos, devotas e turistas, bem como observação participante. Palavras-chave: Johrei; Solo Sagrado; religião e cura.

*** Pôsteres Solo Sagrado de Guarapiranga e suas possíveis relações com espiritualidade e qualidade de vida

Rodrigo Mostacatto Sampaio de Andrade7 Lilia Dineli8 Há décadas, o tema da espiritualidade vem se tornando alvo de atenção de profissionais de saúde que buscam estabelecer uma relação entre espiritualidade e qualidade de vida. A proposta deste trabalho foi investigar e desenvolver uma reflexão acerca da espiritualidade e a importância da mesma para a promoção da saúde daqueles que a praticam no seu cotidiano, possibilitando, assim, uma melhor qualidade de vida. Para alcançar esse objetivo, foi realizada uma pesquisa que 6

Graduando em Ciências Sociais pela UNIFESP . Contato: [email protected]. Graduando em Teologia pela Faculdade Messiânica. Contato: [email protected]. 8 Professor no curso de Teologia na Faculdade Messiânica. Contato: não informado. 7

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avaliou frequentadores do Solo Sagrado de Guarapiranga (SSG), o maior templo da Igreja Messiânica Mundial do Ocidente, onde fiéis de todas as partes do mundo se reúnem para orar a Deus e a seus antepassados que se encontram assentados no sagrado altar. Através dessa pesquisa, pode-se deduzir que o SSG é predominantemente frequentado por pessoas que buscam vivenciar ou praticar a espiritualidade, ou, ainda, por pessoas, que em contato com o local, acabam desenvolvendo de alguma forma o que se entende por espiritualidade. Palavras-chave: espiritualidade; qualidade de vida; Solo Sagrado de Guarapiranga; Igreja Messiânica Mundial.

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