Caderno de Resumos do I Seminário Grupo de Pesquisa CNPq \'Representações: Imaginário e Tecnologia\' 2015

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CADERNO DE RESUMOS

CADERNO DE RESUMOS DO I SEMINÁRIO DO GRUPO DE PESQUISA CNPq “REPRESENTAÇÕES: IMAGINÁRIO E TECNOLOGIA”

Artur Simões Rozestraten Vânia Mara Alves Lima Karina Oliveira Leitão

São Paulo, 2015 - 1a. edição FAUUSP - Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo

CADERNO DE RESUMOS DO I SEMINÁRIO DO GRUPO DE PESQUISA CNPq “REPRESENTAÇÕES: IMAGINÁRIO E TECNOLOGIA” FAUUSP São Paulo 23 de fevereiro de 2015 Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO Reitor Marco Antônio Zago Vice-Reitor Vahan Agopyan FACULDADE DE ARQUITETURA E URBANISMO DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO Diretora Maria Angela Faggin Pereira Leite Vice-diretor Ricardo de Azevedo Marques Capa Rodrigo Luiz Minot Gutierrez Produção Gráfica Daniele Queiroz dos Santos LPG FAUUSP - José Tadeu de Azevedo Maia ____________________________________________________________________ FICHA CATALOGRÁFICA Seminário do Grupo de Pesquisa CNPq (1. : 2015 : São Paulo, SP) Caderno de resumos do I Seminário do Grupo de Pesquisa CNPq – Representações: imaginário e tecnologia / organizadores: Artur Simões Rozestraten, Vânia Mara Alves Lima, Karina Oliveira Leitão. -- São Paulo : Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo, 2015. 45 p. : il. ISBN: 978-85-8089-059-4

1.Arquitetura 2.Representação 3.Imaginário 4.Tecnologia I.Rozestraten, Artur Simões II.Lima, Vânia Maria Alves III.Leitão, Karina Oliveira IV.Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo V.Título

CDD 720 ____________________________________________________________________

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“REPRESENTAÇÕES: IMAGINÁRIO E TECNOLOGIA”

in memoriam Gabriela Previdello Orth

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SUMÁRIO APRESENTAÇÃO 08 REGISTRO

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RESUMOS 10 Mesa 1



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Fernando Gobbo Ferreira - Mestrando FAUUSP, bolsista CAPES (Mediador) Residências em Ribeirão Preto: Um legado silencioso

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Carlos Henrique Barreto da Silva – Graduando ECAUSP em IC A representação temática de imagens de arquitetura em ambiente colaborativo web: fase 2 - levantamento terminológico no domínio da arquitetura para representação e recuperação da informação de imagens

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Marina de Souza Barbosa Ferreira – Graduanda ECAUSP em IC Levantamento de novos procedimentos e normas para a representação descritiva e temática de imagens em ambientes colaborativos na Web

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Mesa 2 15 Juliano Carlos Cecílio Batista Oliveira – Doutorando FAUUSP (Mediador) Teoria do projeto de arquitetura: revisão crítica de uma produção teórica brasileira moderna

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Claudio Walter Gomez Duarte – Doutorando MAEUSP, bolsista FAPESP “Elegância” e “Sutileza” na concepção dos templos dóricos gregos (Sécs. V-II a.C.)

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Rodrigo Luiz Minot Gutierrez – Mestrando FAUUSP Desenho, Riscos e Modelo Tridimensional: Estudo sobre as representações e o processo de produção da arquitetura colonial em Ouro Preto no século XVIII

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Mesa 3 21 Daniele Queiroz dos Santos – Mestranda FAUUSP, bolsista CAPES (Mediadora) O homem na cidade: as formas de representação do espaço urbano pelo olhar cinematográfico

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Lorran Siqueira – Arquiteto e Urbanista Graduado FAUUSP, TFG Reflexões imagéticas: investigações no campo da representação

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Raquel Yumi Takamoto – Graduanda FAUUSP, TFG

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Apreensão sensível da materialidade da arquitetura7

Mesa 4 27 Gil Barros – Docente FAUUSP (Mediador) Revisão bibliográfica para o mapeamento de temas de pesquisa sobre a prática profissional em arquitetura

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Caio Adorno Vassão – Pós-doutorando FAUUSP Cidade Distribuída: urbanidade, telecomunicação e processos emergentes

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Diogo Augusto Mondini Pereira – Arquiteto e Urbanista Graduado FAUUSP, TFG Universidade de Artes e Biblioteca Municipal: proposta para o centro de Blumenau

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Mesa 5 31 Gabriela Previdello Orth – Doutoranda ECAUSP (Mediadora) Curadoria da informação digital para as artes e cultura: aspectos da organização do conhecimento

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Thaísa Miyahara – Graduanda FAUUSP em IC, bolsista CNPq/PIBIC Projeto Artigas 100 anos: um estudo sobre o acervo fotográfico da biblioteca da FAU-USP acerca da obra de João Batista Vilanova Artigas

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Tatiana Kuchar – Graduanda FAUUSP, bolsista ‘Aprender com Cultura e Extensão’ USP Integração da coleção de imagens fotográficas do casal João Walter e Odiléa Toscano ao acervo iconográfico da Biblioteca da FAUUSP e ao Arquigrafia

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Mesa 6 38 Ruth Cuiá Troncarelli – Graduanda FAUUSP em IC, bolsista FAPESP (Mediadora) Ruth Verde Zein, a Revista Projeto e o Arquigrafia: um estudo sobre uma coleção de imagens fotográficas da arquitetura brasileira

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Paula Brazão Gerencer – Graduanda FAUUSP, ‘Aprender com Cultura e Extensão’ Representações e Imaginário da Arquitetura no Círio de Nazaré e no Guerreiro Alagoano - Projeto de Exposição

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Joel Marques de Sousa – Graduando FAUUSP, ‘Aprender com Cultura e Extensão’ Conservação e difusão Web do acervo de imagens fotográficas da Arquitetura Brasileira da Biblioteca da FAUUSP

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APRESENTAÇÃO O I Seminário do Grupo de Pesquisa CNPq ‘Representações: imaginário e tecnologia’, realizado ao longo do dia 23/02/2015 na FAUUSP, Cidade Universitária, em São Paulo, reuniu pela primeira vez os pesquisadores associados, docentes e alunos, com o objetivo de estimular: • • • • •

a comunicação pública das pesquisas em andamento; o intercâmbio entre pesquisadores; as possibilidades de interação entre pesquisas; o reconhecimento da natureza multidisciplinar do grupo; perspectivas futuras de investigação e desdobramentos.

Ao longo do dia houve 6 mesas-redondas temáticas, seguidas de debate aberto ao público, nas quais foram apresentadas 18 pesquisas em andamento em nível de graduação e pós. Este grupo formalizado junto ao CNPq em 2013 trabalha conjuntamente desde 2012 e reúne pesquisadores da FAUUSP, da ECAUSP, do IMEUSP, da FAUUFPA e da Faculdade de Filosofia da Universidade Jean Moulin, Lyon 3. Os projetos de pesquisa em andamento, com características multidisciplinares, são os elementos estruturadores da real colaboração acadêmica interinstitucional e muldisciplinar que se realiza de fato, na prática, motivada por problemas comuns e desafios metodológicos, que ultrapassam a especificidade das áreas e demandam intercâmbios e cooperações conceituais e científicas. A partir dos debates realizados, configurou-se a proposta de um trabalho conceitual, a ser levado adiante pelos pesquisadores do Grupo a médio prazo, com o intuito de investigar termos comuns, básicos e fundamentais às várias pesquisas e construir sobre os mesmos definições mais precisas, aproximações críticas, que enriqueçam e aprofundem a compreensão de suas acepções. Para tanto, coloca-se como um primeiro desafio o termo Representação nas áreas da Arquitetura, do Urbanismo, do Design, do Imaginário e da Ciência da Informação. Outro termo neste mesmo horizonte semântico é Metodologia e, seguindo esta linha investigativa, certamente novos termos virão à tona. O diálogo entre todos os presentes foi tão integrador e estimulante que fomentou o desejo de ser repetido com uma frequência regular, isto é, em todo início de semestre; duas vezes por ano; desdobrando-se em mais de um dia de atividades para contemplar as várias comunicações de pesquisa em andamento. Neste caderno está o programa do Seminário, imagens fotográficas deste encontro e os resumos das pesquisas apresentadas organizados por mesa-redonda temática. A abertura dos resumos de cada mesa é feita por um texto curto do mediador expondo as características principais dos trabalhos em foco, aspectos da convergência que os aproxima e uma síntese das questões principais enunciadas no debate ao final da mesa. Comissão Organizadora Prof. Artur Rozestraten - FAUUSP Profa. Vânia Mara Alves Lima - ECAUSP Profa. Karina Oliveira Leitão - FAUUSP

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REGISTRO

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RESUMOS MESA 01 As pesquisas apresentadas nessa primeira mesa, promovem a convergência de questões sobre um universo de imagens, seu armazenamento e interface em um ambiente colaborativo digital (no caso, o Arquigrafia), ao mesmo tempo em que expōem a complexidade de normas e linguagens, possíveis de serem exploradas e aplicadas. A Representação dessas imagens, e a possibilidade de, através delas, construir e recuperar um imaginário arquitetônico, é fundamental dentro das discussões desse grupo de pesquisa. Através de um levantamento de residências projetadas por arquitetos, na cidade de Ribeirão Preto (norte do estado de São Paulo), e da recuperação de um imaginário e legado quase esquecido, a corrida contra o tempo e a importância desse registro, Fernando Gobbo coloca em prática a capacidade do Arquigrafia em auxiliar pesquisas e divulgar um panorama arquitetônico brasileiro, nesse caso a produção moderna de uma cidade do interior paulista, que, aparentemente, nada deve à arquitetura publicada e estabelecida. Através do ambiente colaborativo online, novas metodologias de pesquisa poderão ser exploradas. Partindo da discussão da construção coletiva de algo em comum, e da padronização de termos que poderiam facilitar a interface, não apenas do indivíduo que “sobe” imagens, mas justamente do coletivo que dispōe delas no Arquigrafia, a pesquisa de Carlos Henrique procura esclarecer a importância de constituir uma listagem de tags, e de um levantamento terminológico que padronize a inserção de dados, importantes para a pesquisa no grande acervo de representações de arquiteturas que se busca estabelecer. Após a devida catalogação e armazenamento das imagens no Arquigrafia, levando em conta que estas são extensões de arquiteturas “reais” (sejam projetadas, construídas, demolidas ou esquecidas), Marina Barbosa investiga os dados que são atribuídos às representações, estabelecendo laços com o mundo não digital. A normatização de tais imagens no Arquigrafia, se faz necessário frente às possibilidades de uso, construção e citação que tal tecnologia e interface digital possibilita, principalmente levando-se em consideração que imagens não são livros. Fernando Gobbo Ferreira Mediador

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Residências em Ribeirão Preto: Um legado silencioso Fernando Gobbo Ferreira - Mestrando FAUUSP, bolsista CAPES (Mediador) Orientador: Prof. Dr. Artur Simões Rozestraten

Na cidade de Ribeirão Preto, existem residências escondidas, que passam desapercebidas ao olhar rotineiro, não pela sua localização, mas porque são diferentes do restante. Essas residências projetadas por arquitetos, em um período de tempo que se estende desde a consolidação da profissão na década de 1950 (quando chegam à cidade os primeiros profissionais formados na FAUUSP e Mackenzie), até o início da década de 1980 (quando surge o primeiro curso de arquitetura da cidade), são o registro de uma produção do espaço urbano. O estudo e levantamento desses projetos coloca em evidência o contraste entre a cidade construída naquelas décadas e a atual situação de Ribeirão Preto, onde o legado dessas residências é silencioso, tanto no que diz respeito a um imaginário residencial, quanto a uma reflexão construtiva, programática, maneiras de representação e de vocabulário daquilo que antes foi feito. Dado o fato de que a exposição geral desses projetos nunca foi realizada, esta pesquisa pretende estudá-los e contribuir para a construção de um imaginário moderno, resgatar uma memória, evidenciar esse legado, propor uma reflexão sobre o modo pelo qual os espaços de nossas cidades foram construídos, em uma época que os arquitetos desafiavam o status quo, propunham novas maneiras de habitar e de construir. A pesquisa se concentra sobre um conjunto de residências produzidas em Ribeirão Preto por arquitetos, entre 1950 e 1980, nos bairros: Alto da Boa Vista, Jardim Sumaré, Jardim Recreio e Ribeirânia.

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A representação temática de imagens de arquitetura em ambiente colaborativo web: fase 2 levantamento terminológico no domínio da arquitetura para representação e recuperação da informação de imagens Carlos Henrique Barreto da Silva – Graduando ECAUSP em IC Orientadora: Profa. Dra. Vânia Mara Alves Lima

Este projeto de pesquisa consiste na segunda fase do projeto “A representação temática de imagens de arquitetura em ambiente colaborativo web”, cujo objetivo era o estudo analítico e crítico das linguagens documentárias utilizadas na indexação das imagens referentes à Arquitetura Brasileira provenientes do acervo do Serviço de Biblioteca e Informação da FAU/USP, e sua digitalização e cadastramento no ambiente colaborativo a Rede Social Arquigrafia < www. arquigrafia.org.br >. Como resultado da primeira fase de pesquisa, foram constatadas as vantagens e desvantagens quanto às linguagens documentárias existentes no ambiente colaborativo Arquigrafia, para sua potencialização e melhor precisão na recuperação das informações contidas nas imagens o controle terminológico se faz necessário, buscando uma linguagem documentária única com termos definidos e de fácil acesso ao usuário. A partir das informações referidas está em vigência a segunda fase do projeto, que tem como objetivo a realização de um levantamento terminológico no domínio da Arquitetura, dado a necessidade de se definir os termos de Arquitetura para que os mesmo possam ser utilizados para representar e recuperar as informações presentes nas imagens, especificamente, a análise das imagens existentes no acervo do Serviço de Biblioteca e Informação da FAU/USP e as Tags (palavras-chave) utilizadas atualmente para a indexação dessas mesmas imagens em ambiente eletrônico.

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Levantamento de novos procedimentos e normas para a representação descritiva e temática de imagens em ambientes colaborativos na Web Marina de Souza Barbosa Ferreira – Graduanda ECAUSP em IC Orientadora: Profa. Dra. Vânia Mara Alves Lima

Tabelas de representação descritiva e modelos de aplicação, 2014. Fonte: Elaborado pela autora para relatório de iniciação científica sem bolsa ECAUSP.

Este trabalho de pesquisa consiste em um levantamento bibliográfico de procedimentos e normas existentes, para representação descritiva e temática de imagens em ambientes colaborativos na web. Partindo-se da hipótese de que a informação presente em acervos iconográficos, e atualmente, compartilhada cada vez mais em ambientes virtuais pressupõe por em prática o uso de ferramentas tecnológicas e novas formas de representação como os metadados, cujas características procuram garantir a sua transferência. Características específicas de documentos iconográficos que os diferem dos textuais forçaram instituições a reverem seus modos de representação deste material e a dialogarem para que padrões e normas emergentes sejam aplicados em seus acervos e ambientes de informação. Neste trabalho, levantou-se iniciativas como o Cataloguing Cultural Objects, que intentam abranger o escopo da arte e da arquitetura para o regimento de metadados e da interoperabilidade entre sistemas de informação, preceitos fundamentais para a disseminação da informação em ambientes colaborativos na internet. Como estudo de caso foi analisado o projeto do site Arquigrafia, em colaboração com a Biblioteca da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo na identificação das demandas existentes para representação descritiva em ambientes colaborativos a partir dos acervos de fotografias das áreas de arte e arquitetura. Levantando problemas para a correspondência de campos catalográficos entre os sistemas, e propondo soluções para que a representação descritiva do projeto atenda ao mesmo tempo, as exigências internacionais de interoperabilidade da área e às necessidades locais de organização e, sobretudo, o acesso às suas informações.

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MESA 02 A mesa contou com os trabalhos de três pesquisadores, Cláudio Walter Gomez Duarte, que apresentou sua pesquisa de Doutoramento em Arqueologia “’Elegância’ e ‘Sutileza’ na concepção dos templos dóricos gregos – século V-II a. C.” pelo Museu de Arqueologia e Etnologia/USP, Rodrigo Luiz Minot Gutierrez com a apresentação da sua proposta de Qualificação para o Mestrado em Arquitetura, em desenvolvimento na FAU/USP, intitulado “Desenhos, Riscos e Modelo Tridimensional: estudo sobre as representações e o processo de produção da arquitetura colonial em Ouro Preto no século XVIII” e Juliano Carlos Cecílio Batista Oliveira, com a produção inicial de sua pesquisa de Doutorado “Teoria do Projeto de Arquitetura: revisão crítica de uma produção teórica brasileira moderna”, em desenvolvimento na FAU-USP. De maneira geral, a discussão derivada das apresentações refletia sobre as formas do registro do projeto de arquitetura e, consequentemente, sobre como pensar o projeto ou a própria feitura do projeto. A partir desta abordagem, refletiu-se também sobre o registro do projeto como o registro das formas de um fazer arquitetônico. Os trabalhos buscam construir uma interpretação da obra escrita de determinados autores mediante a observação e análise complementar aos registros de projeto e à própria obra construída – com ênfases diferenciadas nestes aspectos, em cada pesquisa. Mas, ainda assim, buscando de alguma maneira revelar um “modus operandi” da concepção das diferentes arquiteturas em vista: antiguidade clássica, barroco mineiro, arquitetura moderna brasileira. A diferente e distante condição temporal e geográfica entre as obras analisadas reforça o papel dos registros do processo de projeto e seu apagamento ao longo do tempo, apesar da resistência das próprias arquiteturas e, daí, a condição para sua reinterpretação e recolocação no debate contemporâneo. Finalmente, um interessante aspecto ressaltou uma possível convergência entre as pesquisas apresentadas e, possivelmente, um campo a ser ampliado dentro do próprio grupo: a representação e o design da informação como estratégia de análise e mesmo forma de investigação das diferentes questões em foco – a representação não apenas como tema da pesquisa, mas como meio para a pesquisa. Juliano Carlos Cecílio Batista Oliveira Mediador

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Teoria do projeto de arquitetura: revisão crítica de uma produção teórica brasileira moderna Juliano Carlos Cecílio Batista Oliveira – Doutorando FAUUSP (Mediador) Orientador: Prof. Dr. Artur Simões Rozestraten

Cronologia do início das Faculdades de Arquitetura e Urbanismo no Brasil. Fonte: Autores, 2014.

Esta pesquisa busca revisar uma produção teórica vinculada à arquitetura moderna brasileira que contribuiu para o ensino e a produção do projeto de arquitetura. A qualidade desta produção, envolvendo os diversos campos que envolvem o pensar a arquitetura, constrói uma herança cultural que caracteriza seus arquitetos como autores de textos relevantes tanto para a prática quanto o ensino da arquitetura, no Brasil. Assim, pretende-se verificar a contribuição teórica da arquitetura moderna brasileira na construção de procedimentos projetuais que viabilizaram sua afirmação como uma produção com qualidade internacionalmente reconhecida e esclarecer o quanto os escritos dos arquitetos modernos brasileiros, indo além de uma explicitação e debate sobre a Arquitetura, enquanto objeto, informavam também um ‘como fazer Arquitetura’, num sentido operativo para a prática profissional. A partir da análise desta produção, estabelecida num panorama que se situa entre a constituição do “paradigma moderno” no Brasil (cerca de 1930) e estende-se até a abertura dos primeiros cursos de pós graduação em Arquitetura e Urbanismo no Brasil (cerca de 1970), a pesquisa buscará mapear a produção de Lucio Costa, Oscar Niemeyer, Vilanova Artigas e Lina Bo Bardi, relacionando-a às suas fontes, às principais teorias em voga no momento, à abertura das Faculdades de Arquitetura brasileiras e a episódios significativos da arquitetura moderna brasileira, repensando o papel destes escritos na formação de uma base teórica para a prática projetual, finalmente organizando um referencial bibliográfico sobre a teoria do projeto no Brasil, comentado e estruturado em eixos temáticos, a partir de bases conceituais específicas.

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Acima: Cartografia das Faculdades de Arquitetura e Urbanismo no Brasil, entre 1930 e 1960. Fonte: Autores, 2014. À esquerda: Cronologia da obra teórica e projetual do arquiteto Lucio Costa. Fonte: Autores, 2014.

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Visualização de relações entre a produção do arquiteto Lucio Costa e a abertura de novas Faculdades de Arquitetura no Brasil. Fonte: Autores, 2014. 19

“Elegância” e “Sutileza” na concepção dos templos dóricos gregos (Sécs. V-II a.C.) Claudio Walter Gomez Duarte – Doutorando MAEUSP, bolsista FAPESP Orientadora: Profa. Dra. Haiganuch Sarian Co-orientador: Prof. Dr. Artur Simões Rozestraten



A concepção arquitetônica dos templos dóricos gregos é abordada na interface da análise entre as fontes textuais e a cultura material. Verificamos a relevância e o papel que tiveram a “elegância” e a “sutileza”, segundo Vitrúvio, no modus operandi dos arquitetos gregos, como recursos técnicos e metodológicos para o desenvolvimento do projeto do templo dórico grego entre o século V-II a.C. Visamos esclarecer e estabelecer vínculos entre esses conceitos relativamente subjetivos e a lógica subjacente que norteou os arquitetos, tanto em projeto como nas aplicações precisas em obra, verificando assim a Hipótese Modular proposta por Mark Wilson Jones, para a concepção dos templos dóricos gregos. Para isso, abordarmos os fundamentos científicos da arquitetura grega a partir da análise de dois grupos de templos: o Grupo 1, composto de oito templos hexastilos, de colunata 6 x 13, do século V a.C. e o Grupo 2, composto de nove templos hexastilos perípteros de configuração de colunata lateral variada, datados entre o IV-II século a.C. Adotamos como ponto de partida da pesquisa, e referência fundamental, os artigos publicados por Mark Wilson Jones em 2001 e 2006, respectivamente, nos periódicos: American Journal of Archaeology e Nexus. Procuramos sistematicamente atualizar o debate apoiados nas discussões mais recentes e em nossas próprias análises e conclusões. 20

Desenho, Riscos e Modelo Tridimensional: Estudo sobre as representações e o processo de produção da arquitetura colonial em Ouro Preto no século XVIII Rodrigo Luiz Minot Gutierrez – Mestrando FAUUSP Orientador: Prof. Dr. Artur Simões Rozestraten

Diagrama de desenvolvimento da pesquisa, 2015. Elaboração do autor.

Na região de Ouro Preto, em Minas Gerais existem alguns vestígios dos processos de elaboração da arquitetura nas etapas que precedem ou que acompanham a materialização da obra, e que fazem parte da Representação ou Elaboração de uma idéia, sendo: 1. Desenhos em grande escala na parede do consistório da capela do Carmo. 2. Riscos na parede da galeria esquerda da capela de São Francisco de Ouro Preto. 3. Riscos no piso de madeira do Consistório da Capela de São Francisco de Ouro Preto. 4. Documentos da irmandade da Matriz do Pilar mencionando o uso de uma maquete para resolver problemas estruturais antes da execução de um Zimbório. 5. Desenhos em papel no acervo do Museu da Inconfidência com representações da Capela de São Francisco de Assis de São João Del Rey. É proposta desse estudo unir esses objetos/documentos em um único trabalho que se envereda por um campo pouco explorado, o da História da Projetação do Brasil, tendo como objetivo expor uma postura investigativa acerca das Tecnologias e da Representações nos Processos de produção da Arquitetura, tomando como partido a já muito explorada História do Barroco Mineiro, que por sua vez apresenta necessidade de uma revisão crítica. Para alcançar esses objetivos pretende-se Documentar de forma sistematizada esses objetos/documentos, para em seguida fazer análises, incluindo, portanto, revisão bibliográfica conceitual e historiográfica. A pesquisa, de mestrado, se encontra em etapa de qualificação. 21

MESA 03 Esta mesa caracterizou-se pela convergência de trabalhos que abrangem a construção subjetiva do conhecimento, através da apreensão sensível dos temas e suas interpretações poéticas, mesclando a arquitetura e o urbanismo com diversas linguagens artísticas. O cinema como arte que se relaciona ao tempo de caminhada e aos diversos pontos de vista que a arquitetura proporciona foi citado no trabalho de Daniele Queiroz. A possibilidade de criação de cidades na tela do cinema possibilita que essas representações venham como mote da discussão sobre as formas de representação e apreensão das cidades reais. Da mesma forma, o desenho se liberta da especificidade técnica do fazer arquitetônico para, através de múltiplos layers, produzir imagens que se relacionam às diversas camadas e níveis de complexidade das grandes cidades, amparados pelo texto de diversos arquitetos e pensadores das cidades, mas desprendendo-se dele e partindo para caminhos próprios ao fazer artístico. A questão dos layers volta no trabalho de Raquel Takamoto. Partindo da materialidade da arquitetura, ela se encontra com as camadas que as mesmas produzem na cidade, alterando modos de olhar e sentir o espaço físico, com seus cheios e vazios. Nos três trabalhos as linguagens artísticas e poéticas são o mote. O cinema, a fotografia e o desenho são pontos de partida para questões que se reproduzem no cotidiano, alimentando circularmente o fazer e o viver (objetivo e subjetivo) nas cidades. Daniele Queiroz dos Santos Mediadora

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O homem na cidade: as formas de representação do espaço urbano pelo olhar cinematográfico Daniele Queiroz dos Santos – Mestranda FAUUSP, bolsista CAPES (Mediadora) Orientador: Prof. Dr. Artur Simões Rozestraten

Cena do filme Solaris.

O trabalho proposto busca estudar as possibilidades de representação do espaço arquitetônico e urbano, através da análise fílmica de três obras cinematográficas: Solaris, de Andrei Tarkovski (1972), Alice nas Cidades, de Wim Wenders (1974) e Dogville, de Lars Von Trier (2003). Cabe ao trabalho considerar que a representação não se baseia somente no registro dos espaços construídos mas também nos espaços imaginados, desejados e todo o entendimento sensível das relações que ali se produzem. Entende-se também que a partir da imagem surge o movimento que provoca olhares e conhecimentos distintos para o espaço real em que se habita. Uma via de mão dupla. Busca-se em um primeiro momento compreender as discussões sobre representação e imaginário, atuando de forma mais direcional no entendimento sobre as imagens e suas possibilidades em torno da presença e ausência. A partir desse entendimento, a análise das imagens cinematográficas abre um leque de símbolos para criar um imaginário urbano em cada um dos filmes propostos. A análise da representação do espaço pelo cinema encontra força no entrelaçamento com outras artes visuais e também com a música. Considerar a fotografia e a pintura como agentes dentro da própria tela do cinema é um exemplo dessa rede. Assim, o conjunto de representações e sensibilidades forma uma teia que tem o espaço da cidade, com seus dilemas, ausências e presenças como palco e protagonista de experiências, emoções, sentimentos e representação política e social do período onde vivemos

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Reflexões imagéticas: investigações no campo da representação Lorran Siqueira – Arquiteto e Urbanista Graduado FAUUSP, TFG Orientador: Prof. Dr. Artur Simões Rozestraten O ato de representação das imagens que formamos em nossas mentes sempre foi um dos aspectos da profissão de arquiteto e urbanista cuja investigação me causa especial interesse. As primeiras aproximações à apropriação que o arquiteto e urbanista fazem do desenho foram marcadas pelo rigor técnico exigido. E apesar de compreender as vantagens, a necessidade e a pertinência do desenho técnico (ao ponto de não cogitar colocá-lo “em cheque” no processo de projeto), eu percebi que sua influência reverberava em uma postura excessivamente assertiva, marcada pela necessidade de responder e quase nunca pela de questionar, ou estimular reflexões. A grande maioria dos escritórios brasileiros de arquitetura demonstra uma atuação comprometida com um pragmatismo positivista, onde o desenho raramente assume um papel de ferramenta para a crítica, ou problematização de conceitos. Mesmo na fase preliminar, de exposição do partido, ele tende a assumir um papel extremamente burocrático. Esse incômodo me pôs em contato com diversos textos, dentre eles “O papel do desenho”, de Pedro Janeiro - que me ajudou a entender o processo de representação e as relações entre o criador, o objeto-desenho e o indivíduo-outro que o apreende. Por este motivo, o trabalho tem como eixo: a investigação de determinado mote e o desenvolvimento de reflexões através da imagem. A pesquisa foi conduzida de forma que promovesse uma aliança entre a experimentação prática, de produção de imagens, e o entendimento e as discussões teóricas acerca de determinado problema.

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Experimentação digital, 2015. Elaborado pelo autor. 25

Apreensão sensível da materialidade da arquitetura Raquel Yumi Takamoto – Graduanda FAUUSP, TFG Orientador: Prof. Dr. Artur Simões Rozestraten

Montagem fotográfica - experimentação digital, 2015. Elaborado pela autora.

Se os aspectos subjetivos são relevantes no fazer arquitetônico, ao considerarmos o ponto de vista de quem utiliza, intervêm e se relaciona com a obra, podemos acrescentar mais uma camada de subjetividade. A arquitetura é tanto o que se produz, quanto o que se percebe. As impressões pessoais sobre um espaço provém de, sinteticamente, fatores de natureza contextual e de natureza humana. Os de natureza contextual são aqueles que indicam condições formalizadas que se fazem presente em uma situação pontual, enquanto que os de natureza humana incluem aspectos ligados à percepção, podendo eles serem físicos ou psíquicos. A questão da apreensão sensível é um tema que explora a subjetividade e, portanto, o caráter artístico da arquitetura, que a diferencia de outras ciências técnicas. Os materiais permitem que o projeto arquitetônico se concretize e ao mesmo tempo são responsáveis por configurar um resultado único, capaz de provocar sensações únicas. Interessa justamente a esse trabalho essas interpretações poéticas únicas da arquitetura. O tema Apreensão sensível da materialidade da arquitetura pretende a partir do uso da linguagem das artes explorar a reflexão sobre os materiais empregados na arquitetura do ponto de vista da sensibilidade. A partir das características físicas dos materiais e somados aos fatores contextuais (sociedade, cultura, economia, política etc.), a questão da percepção dos materiais sugere uma série de reflexões, que serviram como impulso para as experimentações artísticas. Essas reflexões partem de um conjunto de temas envolventes sobre a materialidade da arquitetura e suas possibilidades sensíveis.

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Rizoma - diagrama de temas relacionados, 2015. Elaborado pela autora. 27

MESA 04 Esta mesa contou com ponderações a respeito da prática profissional do arquiteto, e de suas consequências para o desenvolvimento de projetos em arquitetura e urbanismo, com especial atenção para novas modalidades de urbanidade que emergem no mundo contemporâneo. Por um lado, há uma prática profissional estabelecida e que conta com manifestações no meio urbano. Por outro lado, há mudanças no contexto social e cultural que requerem, provavelmente, uma revisão desta prática do arquiteto e urbanista para a construção da urbanidade vindoura. Em especial, considerando tanto o aumento do trabalho colaborativo na arquitetura e urbanismo, e o surgimento de uma urbanidade “distribuída”, ou “em rede”, pode-se questionar a atividade profissional do arquiteto como estando entre o “projetista” e o “facilitador”, e ele poderia assumir o papel de mediador em processos de criação do meio urbano, ajudando a sociedade a revelar o caráter das intervenções arquitetônico-urbanas por meio de processos socialmente distribuídos de projeto. Barros apresenta a necessidade de uma revisão bibliográfica em profundidade sobre a prática profissional em arquitetura, na qual já está engajado, contando com um mapeamento prévio dos principais autores que tratam da questão (no contexto FAUUSP e global). O pesquisador preocupase com os contornos gerais da relação do arquiteto com o mercado, o cliente, e o conhecimento em arquitetura, o que resulta em um “lugar social e cultural” do arquiteto. Propõe, ainda, a superação do entendimento da prática profissional sob uma ótica estritamente técnica, e aponta para um campo mais sofisticado, em que diversas teorias a respeito do autoconhecimento do arquiteto e sua prática profissional são postas em ação. Pereira apresenta o desenvolvimento de seu TFG (2014), que trata do projeto de uma Universidade de Artes em Blumenau, com especial atenção para sua Biblioteca. O arquiteto e pesquisador apresenta uma análise detalhada do contexto urbano e histórico da cidade, e do entorno específico, e propõe uma intervenção arquitetônica ambiciosa, em que a Biblioteca da Universidade de Artes seria capaz de traçar duas formas de interação com a cidade: o convívio público, em que o conhecimento é tratado como um fruto da intensa interação social, e a introspecção, em que o conhecimento é fruto de um processo de elaboração solitária e profunda. O edifício resultante é uma intervenção sofisticada e bipartida, que tem presença e diálogo com o contexto da Universidade proposta, e com o entorno urbano ao qual dedica-se. Vassão apresenta sua pesquisa de pós-doutoramento, em que estuda a emergência de um novo modelo de urbanidade, a “Cidade Distribuída”. Trata-se de uma urbanidade que sustenta-se a partir de organizações sócio-técnicas “distribuídas”, que não são dotadas de centros e completo planejamento prévio. O pesquisador detectou uma série de características para a Cidade Distribuída, que podem ser resumidos em decorrentes da telecomunicação popularizada e da autoorganização das redes sociais. Sua proposta é a revisão bibliográfica para a corroboração de uma sequência histórica de modelos de urbanidade, e das características já elaboradas, e a elaborar, da Cidade Distribuída. Gil Barros Mediador Caio Adorno Vassão Mediador

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Revisão bibliográfica para o mapeamento de temas de pesquisa sobre a prática profissional em arquitetura Gil Barros – Docente FAUUSP (Mediador)

Versão inicial do mapa de conceitos sobre prática profissional em arquitetura, 2015. Elaborado pelo autor.

A prática profissional na arquitetura lida com diversos temas ligados às condições que circundam a produção arquitetônica. No entanto até o momento não foi encontrado um trabalho que procure mapear esta produção e, mais importante, que procure relacionar os diversos temas entre si. Portanto a falta de um mapeamento como este abre diversas questões de pesquisa como a definição de conceitos principais, de pontos controversos e mesmo se existem áreas ainda não exploradas. A bibliografia existente trata de diversos assuntos relacionados mas falta um quadro geral que mapeie esta produção e apresente suas interrelações. Tendo isto em vista, o objetivo geral deste trabalho é fazer uma revisão bibliográfica da área de prática profissional em arquitetura, com um enfoque de mapeamento de temas de pesquisa. Em termos específicos busca-se identificar e discutir os conceitos essenciais além de mapear as obras e autores principais. Em termos de procedimentos a serem adotados neste plano de pesquisa serão seguidas práticas recomendadas para uma revisão bibliográfica combinadas com estratégias comumente utilizadas para o mapeamento de conceitos. Ao final deste processo deverá ser gerado um mapa de temas e assuntos relacionados à prática profissional da arquitetura e partir deste mapa será possível elaborar uma análise crítica do conjunto das obras consultadas, visando atingir os objetivos específicos do trabalho. 29

Cidade Distribuída: urbanidade, telecomunicação e processos emergentes Caio Adorno Vassão – Pós-doutorando FAUUSP (Mediador) Supervisor: Prof. Dr. Artur Simões Rozestraten

Diagrama relacional entre quatro modelos hipotéticos de urbanidade - Cidade Industrial, Cidade “de Condomínio”, Cidade Compacta, Cidade Distribuída, 2011. Elaborado pelo autor.

O modelo de urbanidade “Cidade Distribuída” descreve cidades que operam como “redes distribuídas”, desprovidas de centro, dispersas pelo território e capazes de se autoorganizar. A popularização da telecomunicação pessoal, baseada em “redes distribuídas”, promove maneiras renovadas para a população, empresas e governos construírem práticas em escalas sociais e geográficas muito variadas, do global ao local, do empreendimento à comunidade – ativando características dos “sistemas distribuídos”: adaptabilidade, resiliência, flexibilidade, autoorganização. O impacto da disseminação dos sistemas distribuídos já pode ser verificado no surgimento de novas práticas em áreas como energia, indústria, agricultura, trabalho e hospedagem, e carece de análise que descreva suas características de modo adequado. Consideramos que tais objetos são do domínio dos Estudos em Complexidade, que oferecem um modo renovado de compreender-se a própria cidade – em especial, considerar a importância das comunidades na micro-escala sócio-urbana para a composição de processos na macro-escala regional e global. Deste modo, o Metadesign, entendido como “projeto da complexidade”, pode elucidar modos de ação para a “Cidade Distribuída”. A caracterização preliminar do modelo “Cidade Distribuída” consiste nos seguintes conceitos: tele-pertença, o senso de participação em comunidades dispersas em escala regional e global; a sobreposição de diferentes modos de interação social na construção do espaço urbano; a organização topológica do espaço urbano, sobreposto aos modos topográficos; a compreensão da cidade como uma entidade virtual que se expressa oportunamente no território. 30

Universidade de Artes e Biblioteca Municipal: proposta para o centro de Blumenau Diogo Augusto Mondini Pereira – Arquiteto e Urbanista Graduado FAUUSP, TFG Orientador: Prof. Dr. Artur Simões Rozestraten

Maquetes da biblioteca municipal. Data: Jan/2015 Autor (Fonte): Diogo Pereira

A proposta para a Universidade de Artes e a Biblioteca Municipal visou recuperar uma região degradada, centro histórico de Blumenau, dando a ela novos usos e atraindo nova vida para essa pequena faixa de 500 metros de extensão na confluência do Ribeirão Garcia com o Rio ItajaíAçu. A região do projeto coincide com o Porto Fluvial desativado, que foi um importante vetor histórico da ocupação da cidade, bem como a sua primeira praça e primeira rua. A Universidade de Artes ocupa o eixo da primeira rua da cidade, a Rua das Palmeiras. No espaço do campo de futebol abandonado estão as atividades voltadas ao ensino, entre antigos casarões comerciais estão as atividades que aproximam a produção universitária do cotidiano como teatro e museu de artes. Na periferia desse eixo estão usos complementares, mas que garantem o movimento da região, como habitação estudantil. Logo no cruzamento da Rua das Palmeiras com a Rua XV de Novembro, importante rua comercial da cidade, ao lado da primeira praça (chamada de Stadplatz, na época da fundação) e onde era o Porto Fluvial fica a Biblioteca Municipal, como elemento marcador da requalificação do centro histórico como ambiente de cultura. Ela se divide em dois blocos: um bloco de convívio, aberto para reuniões e trabalhos em grupo e um bloco de acervo, para consulta individual dos livros. Ambos os blocos se contectam por uma passarela elevada.

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MESA 05 O tema curadoria é averiguado nos projetos apresentados nesta seção, através de práticas no tratamento de recursos imagéticos, a partir do acervo de fotografias de arquitetura brasileira da Biblioteca FAUUSP. As coleções especiais aqui examinadas (material fotográfico de João Batista Vilanova Artigas e de João Walter Toscano e Odiléa Setti Toscano) antes restritas às consultas in loco, serão preparadas para a plataforma Arquigrafia, via processos de conservação, organização e difusão da informação, característicos das práticas de tratamento de acervos, curadoria digital e ciência da informação em geral. O que torna as propostas de intervenção singulares, além do ineditismo do material em ambiente web e da metodologia específica aplicada para atender aos parâmetros da instituição e do site, é o olhar criativo e simbólico que aproximou as pesquisadoras do material bruto, revelando aspectos de análise pouco observados nestas coleções - categorias dos modelos, ambientes internos, canteiros de obra, projetos. Este fluxo de informação e os desdobramentos possíveis da interatividade de usuários sob o material disponível no Arquigrafia é uma das principais preocupações dos projetos de curadoria digital, também analisados pela mesa. Gabriela Previdello Orth Mediadora

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Curadoria da informação digital para as artes e cultura: aspectos da organização do conhecimento Gabriela Previdello Orth – Doutoranda ECAUSP (Mediadora) Orientadora: Profa. Dra. Marilda Lopez Ginez de Lara

Os números que atestam o aumento exponencial da produção digital e de sua indexação na web indicam, além da iminente mudança de escala no tratamento da informação, a imprescindibilidade da adoção de filtros e do agenciamento desta produção. Soma-se a isso a premência da preservação de objetos digitais e a criação de repositórios de salvaguarda e distribuição de conteúdo. O objetivo da pesquisa é explorar as peculiaridades de organização para o acesso e recuperação da produção digital no domínio da arte, de modo a reunir elementos para propor critérios de estruturação e organização de conteúdos de repositórios e plataformas digitais buscando a interoperabilidade. Do ponto de vista metodológico, exploraremos a literatura de organização do conhecimento sobre o tema, recuperando simultaneamente textos sobre curadoria produzidos no domínio da arte, visando delimitar melhor o conceito e o âmbito de aplicação da curadoria digital. Partimos da hipótese de que as teorias de base linguístico-semânticas da organização do conhecimento e a promoção da interoperabilidade são pouco exploradas nos ambientes digitais de pesquisa em arte, embora sejam constituintes essenciais para os programas de curadoria digital no campo. Do ponto de vista prático-operacional propomo-nos a validar essas referências a partir da aplicação de ferramentas semiautomáticas de mapeamento e alinhamento terminológicos em repositórios já existentes, de modo a testar sua adequação e verificar a viabilidade de promover a interoperabilidade nos programas de curadoria digital das artes.

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Projeto Artigas 100 anos: um estudo sobre o acervo fotográfico da biblioteca da FAU-USP acerca da obra de João Batista Vilanova Artigas Thaísa Miyahara – Graduanda FAUUSP em IC, bolsista CNPq/PIBIC Orientador: Prof. Dr. Artur Simões Rozestraten

Parte de um projeto de pesquisa que comemora o centenário do arquiteto João Batista Vilanova Artigas, este estudo busca analisar e avaliar o acervo fotográfico da biblioteca da FAU-USP acerca de sua obra através de uma espécie de pré-curadoria que busca explorar vertentes inusitadas ou talvez inéditas de seu legado assim como o percebemos pictoricamente. A primeira fase desta pesquisa concentrou-se em realizar um levantamento e quantificação, bem como verificação do estado físico do material e qualificação. Assim, tabelou-se e caracterizou-se as fotografias, divididas entre 156 pastas ordenadas de acordo com seus respectivos números de localização. Esse abrangente reconhecimento do acervo levantou questões e possibilidades de abordagem de alguns temas acerca da obra de Artigas, das quais três são destacáveis: • Maquetes do arquiteto Vilanova Artigas • Projetos de Vilanova Artigas: a perspectiva do canteiro de obras • Projetos de Vilanova Artigas: um registro dos ambientes internos

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Integração da coleção de imagens fotográficas do casal João Walter e Odiléa Toscano ao acervo iconográfico da Biblioteca da FAUUSP e ao Arquigrafia Tatiana Kuchar – Graduanda FAUUSP, bolsista ‘Aprender com Cultura e Extensão’ USP Orientador: Prof. Dr. Artur Simões Rozestraten

Slides da Coleção Toscano acondicionados em mobiliário de aço da Biblioteca da FAUUSP. 2015. Foto de Tatiana Kuchar.

O projeto busca a continuidade e aprofundamento dos trabalhos iniciados no projeto Difusão de imagens fotográficas da Arquitetura Brasileira do acervo da Biblioteca da FAUUSP na Internet no ambiente colaborativo ARQUIGRAFIA [Editais especiais 2012], tratando especificamente da coleção de material fotográfico de João Walter Toscano e Odiléa Setti Toscano. A coleção Toscano, armazenada em um armário móvel, foi doada a Biblioteca da FAUUSP em julho de 2014. A primeira ação realizada foi a pré-catalogação de todo o material e preenchimento de planilhas com as informações obtidas, através das quais se deu o entendimento do conteúdo da coleção e planejamento das ações de conservação e acondicionamento da mesma. Dentre os 2604 slides que compõem a coleção, foram reconhecidos assuntos recorrentes, organizando-se o material em seções, a saber: projetos de João W. Toscano - 780 slides, arquitetura brasileira – 420 slides, arquitetura internacional – 523 slides, e outros – 642 slides. O material do acervo familiar (retratos e cenas familiares) foi higienizado e devolvido. Optou-se por priorizar a seção de projetos de João W. Toscano devido a importância de sua obra - produção diretamente ligada a FAUUSP e seu papel no panorama da arquitetura brasileira – e ao caráter inédito de um grande número de imagens. Fazem parte dessa seção registros fotográficos das maquetes e desenhos de projeto, além de imagens das obras em construção e finalizadas, como a Estação Largo 13 de Maio (1985), o Campus Universitário de Araraquara (1968) e o Balneário de Águas da Prata (1974). Iniciou-se a higienização – seguindo os padrões de procedimento utilizados no ARQUIGRAFIA - e acondicionamento no mobiliário de aço dessa seção, organizada em ordem alfabética do título do projeto. Posteriormente, se seguirá para a catalogação, digitalização e inclusão das imagens no ARQUIGRAFIA. O mesmo será feito com a seção de arquitetura brasileira, com slides referentes a arquitetos como Oscar Niemeyer, João Filgueiras Lima, João Batista Vilanova Artigas e outros. 36

Interior do Mosteiro Concepcionista Nossa Senhora das Mercês, em Itu/SP. Acervo fotográfico de João Walter e Odiléa Setti Toscano.

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Plataforma da Estação Largo 13 de Maio, em São Paulo/SP. Foto do Acervo fotográfico de João Walter e Odiléa Setti Toscano.

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MESA 06 Os trabalhos apresentados nesta mesa abordaram o imaginário relacionado à arquitetura, que é representado por meio de imagens fotográficas, seja tendo como tema a arquitetura brasileira, com edifícios e espaços urbanos, ou por meio das festas de Círio de Nazaré e Guerreiro Alagoano, em que se tem o símbolo da “casa”, da “habitação”, em que a representação arquitetônica aparece miniaturizada. Por meio das exposições dos trabalhos se verificou a presença de dois tipos de patrimônio cultural, que se relacionam e não deixam de estarem integrados: o imaterial e o material. No trabalho de Paula Gerencer temos o patrimônio imaterial, em que estão contidos os saberes e as crenças, além de revelar um viés do que as pessoas consideram significativo e importante. Este tipo de patrimônio se realiza com as cerimônias, os rituais, as manifestações artísticas e plásticas nessas festas. Nos trabalhos de Ruth Troncarelli e Joel de Sousa, os diapositivos e as imagens fotográficas são patrimônios materiais públicos, que devem ser preservados e conservados. A preservação ocorre por meio da higienização das fotografias e seu acondicionamento adequado, além da digitalização, que preserva o material original. A documentação com o uso das fotografias não deixa de ser uma maneira de se preservar, e mais do que isso, difundir esses dois tipos de patrimônio, dando visibilidade à uma manifestação cultural, ou ao estado de um edifício em uma certa época por exemplo. Os resultados dos trabalhos têm outro ponto em comum, no qual podem se convergir, que é o Projeto Arquigrafia. Por meio dele a difusão das imagens dos patrimônios pode se realizar, visto que é um ambiente colaborativo na web, que tem como objetivo expandir o universo das imagens de arquitetura. Ruth Cuiá Troncarelli Mediadora

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Ruth Verde Zein, a Revista Projeto e o Arquigrafia: um estudo sobre uma coleção de imagens fotográficas da arquitetura brasileira Ruth Cuiá Troncarelli – Graduanda FAUUSP em IC, bolsista FAPESP (Mediadora) Orientador: Prof. Dr. Artur Simões Rozestraten

Esta pesquisa investigará o acervo fotográfico doado pela arquiteta e urbanista Ruth Verde Zein à Biblioteca da FAUUSP, no ano de 2014. Esse material é formado por imagens da arquitetura internacional e nacional, porém o foco da pesquisa será dado à arquitetura brasileira, conjunto composto por 1.411 cromos. Pretende-se investigar se essas fotografias constituíram e integraram os acervos iconográficos da Revista Projeto, nos anos de 1982 a 1991, e da revista Projeto Design, de 1992 a 1996, períodos em que a arquiteta foi colaboradora e editora das Revistas, e indagar sua contribuição na construção de uma cultura visual arquitetônica sobre arquitetura brasileira. Considerando a relevância deste conjunto de imagens para a construção de conhecimento específico, esta pesquisa propõe que estas ima¬gens sejam catalogadas de acordo com os procedimentos adotados pela Bibliote¬ca FAUUSP, higienizado, a fim de preservá-lo, para então ser acondicionado em mobiliário específico nas dependências da Biblioteca. Com o objetivo de ampliar o acesso ao material, os diapositivos serão digitalizados, e inseridos no Arquigra¬fia . O Arquigrafia é um ambiente colaborativo web, que desde 2009 conta com uma equipe multidisciplinar (FAU, IME e ECA / NAWEB), que busca por meio da difusão de imagens ampliar o debate e a crítica acerca das ima¬gens de arquitetura e discutir os seus papéis no campo crítico das representações.

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Representações e Imaginário da Arquitetura no Círio de Nazaré e no Guerreiro Alagoano - Projeto de Exposição Paula Brazão Gerencer – Graduanda FAUUSP, bolsista ‘Aprender com Cultura e Extensão’ USP Orientador: Prof. Dr. Artur Simões Rozestraten

Círio de Nazaré, 2012. Foto de Artur Rozestraten.

O projeto consiste no planejamento e materialização de uma exposição itinerante, com a intenção de ser realizada em sua primeira edição nos espaços da FAU-USP, que irá abordar o imaginário da arquitetura nos nas manifestações culturais e religiosas: Círio de Nazaré e Guerreiro Alagoano. A exposição tem como proposta um caráter imersivo, menos descritivo com propostas de experiências que remetam tanto às manifestações culturais mencionadas, como às análises realizadas acerca de suas relações com a arquitetura e mudanças no cenário político e social da habitação. Para alcançar esse resultado, o projeto tem como principal recurso projeções de imagens dos eventos e entrevistas com os envolvidos, seleções de fotografias expostas em varais e matérias que remetam aos temas para divisão dos espaços (fitas, tecidos). Como produto final do projeto está prevista também, e aliada às exposições, a impressão e distribuição de catálogo do tema. No contexto do projeto, as bolsistas de Aprender com Cultura e Extensão têm um papel de suporte e participação principalmente na seleção e tratamento do material a ser utilizado na exposição e no catálogo, e acompanhamento do processo envolvido na concepção do projeto de exposição.

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Conservação e difusão Web do acervo de imagens fotográficas da Arquitetura Brasileira da Biblioteca da FAUUSP Joel Marques de Sousa – Graduando FAUUSP, bolsista ‘Aprender com Cultura e Extensão’ USP Orientador: Prof. Dr. Artur Simões Rozestraten

Acervo da biblioteca da FAUUSP, 2015. Imagem do autor.

Partindo do caráter generalista do programa Aprender com Cultura e Extensão, dentro do projeto ARQUIGRAFIA que atua sobre o conjunto de imagens da biblioteca da FAU USP, abordo o trabalho realizado pautado na possibilidade de compreendê-lo como um todo, reconhecendo a importância de cada etapa, mas visando entender de que modo se estrutura o processo de conservação e difusão de um acervo de tamanha significância e potencial. Lidando com as diversas etapas de trabalho, tomo uma visão ampla sobre as principais atividades realizadas. A participação do workshop de higienização e conservação de material fotográfico trouxe conhecimento sobre especificidades técnicas destes processos, o contato direto com os materiais físicos originais o reconhecimento dos métodos de acondicionamento, o controle de saída de materiais para digitalização, noções sobre a difusão do acervo e o trabalho com a coleção de fotografias doadas pela Fundação Vilanova Artigas a experiência de catalogação. Sendo assim, foco na possibilidade de compreensão do processo em sua integralidade, reconhecendo a importância da difusão deste material e a possibilidade de aplicação de tais métodos em outros acervos dos mais variados tipos.

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Acervo da biblioteca da FAUUSP, 2015. Imagem do autor.

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