Caderno de Resumos V Encontro A Europa e o Mundo. A Europa e a “Guerra Fria\": Mutações e Rupturas

May 22, 2017 | Autor: Isabel Valente | Categoria: European History, European Studies, International Relations, Political Science
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V Encontro A Europa e o Mundo

A Europa e a “Guerra Fria Mutações e Rupturas

CADERNO DE RESUMOS

COIMBRA 5 de abril de 2017

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V Encontro a Europa e o Mundo A Europa e a “Guerra Fria”. Mutações e Rupturas

5 de Abril de 2017 - Sala de São Pedro da BGUC 10h00 – Sessão de Abertura José Augusto Bernardes, Director da BGUC Isabel Maria Freitas Valente, Co-coordenadora Científica do V Encontro a Europa e o Mundo Maria Manuela Tavares Ribeiro, Coordenadora Científica do Grupo de Investigação Europeísmo, Atlanticidade e Mundialização do CEIS20-UC Pedro Aires de Oliveira, Presidente do IHC - UNL António Rochette Cordeiro, Coordenador Científico do CEIS20-UC 10h30 – Conferência de Abertura Europa, Ciência, Guerra Fria: a presença das (in) visibilidades científicas Maria de Fátima Nunes (UÉvora / IHC-CEHFCi-UE) Moderadora: Maria Manuela Tavares Ribeiro 11h15 – Coffee-break 11h30 Jacques Maritain, o pai da declaração Universal dos Direitos Humanos Olinda Rio (MEC/DGEstE) Cunha Leal, a “Guerra Fria” e a Descolonização (1960-1964) Júlio Rodrigues da Silva (FCSH-UNL; CHAM; CEIS20-UC) Moderadora: Isabel Baltazar

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12h15 Le choix difficile entre communauté européenne et communauté atlantique: l’exemple du nucléaire Aurélia Jandot (CHEC, Univ. Clermont Auvegne, Clermont-Ferrant, France) O processo de adesão de Portugal à Agência Internacional de Energia Atómica, 1954-1957 Gonçalo Sotto Maior (ISCTE) Moderador: Júlio Rodrigues da Silva 15h00 Nunca tanta coisa esteve no seu começo. Memórias da Guerra Fria e Identidade Europeia Isabel Baltazar (IHC; CEIS20-UC) Entre a salvação e o abismo: as repercussões do compromisso histórico em Itália e no Mundo Marco Gomes (CEIS20-UC) Remembering the Cold War. How Belgian diplomats constructed their memories of a divised Europe in twentieth century Michael Auwers (University of Antwerp) Studying globalization and foreign policy: is Cold War relevant as a time spam? Pedro Ponte e Sousa (IPRI- UNL) Moderadora: Alice Cunha 16h15 - Coffee-break

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16h30 Cold War Isomorphism: Communist regimes and West European model worker participation Astrid Hedin (University of Malmö, Suécia) A Guerra Fria e a URSS: perceções e interações com a Europa Vanda Amaro Dias (FEUC; CES) Moderadora: Dulce Lopes 17h15 – Conferência de Encerramento Velhos e Novos Impérios? A Guerra Fria e a descolonização Pedro Aires de Oliveira (FCSH-UNL; IHC) Moderadora: Isabel Maria Freitas Valente 18h00 – Encerramento

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RESUMOS

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Nome da autora: Maria de Fátima Nunes Instituição: Universidade de Évora Cargo: Professora Catedrática da Universidade de Évora E-mail: [email protected], Título da Comunicação: Europa, Ciência, Guerra Fria: a presença das (in) visibilidades científicas Resumo Cruzar cronologias estruturantes da história política transnacional com temáticas da Ciência, da prática científica, das políticas científicas e de cientistas em contextos diferenciados pode conduzir a uma arqueologia de saberes e de práticas que nos encaminha para uma fina rede de invisibilidades, porque foram visibilidades pouco cristalizadas pela memória da construção de A Europa e a 'Guerra Fria'. Mutações e Rupturas, mote deste V Encontro de a «Europa e o Mundo». Pedindo de empréstimo, para composição alargada, um dos eixos deste Encontro - Comunidade europeia e comunidade atlântica – propomos realizar um curto périplo pela Ciência e Internacionalização em tempo de «Guerra Fria», de forma a vislumbrar sinais no espaço público de pontes e de políticas científicas gizadas em contexto de uma Europa virada para o eixo geoestratégico do Atlântico, espaço de circulação, de trocas e de inovação científica. Sinais de ruptura e de mutação? Ou (também) marcas de inovação e de abertura de novas agendas…

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Nome da autora: Olinda Rio Instituição: Ministério da Educação - DGEstE Cargo: Técnica Superior E-mail: [email protected] Título da Comunicação: Jacques Maritain, o pai da declaração Universal dos Direitos Humanos Resumo O pensamento de Jacques Maritain é um campo de estudo complexo, desde logo porque é um pensador tomista, isto é, um discípulo de um filósofo da idade média, muito pouco estudado nas nossas cátedras universitárias, muito focadas na hermenêutica, na fenomenologia, na ontologia, no positivismo e no marxismo. Por outro lado, é difícil delimitar a universalidade da influência do seu pensamento. Mais citado do que lido, poderíamos definilo como um «mito», tal foi a atração exercida pela sua pessoa, ponto de referência para movimentos artísticos e literários e partidos políticos como os democratas cristãos. Maritain é um ser humano fora do comum, pela sua perspetiva intelectual, pelo seu percurso humanístico, pela sua capacidade de ouvir e de cuidar, pela sua disponibilidade para a amizade e o amor, pelo seu charme na inflexibilidade dos seus princípios. A palavra “pessoa”, muitas vezes acompanhada de “dignidade da”, aparece 23 vezes no texto final da Declaração Universal dos Direitos Humanos. Maritain faleceu em 1973, 25 anos depois da sua proclamação. O seu determinante contributo na sua formulação é sobejamente reconhecido sendo, por isso, por muitos considerado um guardião da humanidade. Maritain ficou, sobretudo, conhecido pela sua filosofia política que privilegiou a pessoa, de tal forma que, hoje, um juízo sobre uma nação depende diretamente de como a mesma trata e cuida da pessoa no seu sistema legal e na sua cultura cívica. A participação de Maritain no grupo que formulou a

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DUDH é responsável, em parte, pelo uso deste critério para julgar a civilidade das nações de hoje. No seu bem sucedido esforço de deixar aos homens e às mulheres do futuro, «numa linguagem que pudessem entender», os princípios que o inspiraram, Jacques Maritain escreveu com a coragem própria dos visionários que procuram mobilizar o seu próximo, tomando os seus próprios princípios com seriedade absoluta, incorporando-se na batalha das ideias, numa luta sem compromisso nem negociação. A Europa, que procura descobrir novos caminhos de salutar convivência e unidade política e económica na imensa diversidade que é hoje

seu

apanágio,

tem

em

Jacques

Maritain

um

pioneiro

no

desenvolvimento de temas como direitos humanos, paz, liberdade, democracia, educação, tolerância, respeito pela diversidade e pela subsidiariedade, procura do bem comum, entre outros considerados valores perenes para a plena realização do Homem e da Sociedade. Foram, e são ainda hoje, fundamentos para a construção de uma União Europeia que continua em construção e cuja força reside nesta ética implícita, nestes valores subjacentes à dignidade do ser humano. Cientes de que haveria todo um mundo a registar, neste texto que agora apresentamos, procurámos apenas enumerar alguns pontos de maior peso relacionados com a herança tomista em Portugal e a sua relação com o Magistério de Jacques Maritain.

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Nome do autor: Júlio Rodrigues da Silva Instituição: FCSH-UNL; CHAM; CEIS20-UC Cargo: Professor Associado da FCSH da UNL E-mail: [email protected] Título da Comunicação: Cunha Leal, a “Guerra Fria” e a Descolonização (1960-1964) Resumo O engenheiro Francisco da Pinto Cunha Leal (1888-1970) foi um constante opositor do Estado Novo e do Salazarismo, desde as suas origens nos anos 30 do século XX. Em meados dos anos 50 do século passado inicia a publicação de uma série de livros, sob o título genérico de “Coisas do Tempo Presente”, nos quais crítica as ligações perversas do poder financeiro e político no seio do regime. No entanto, a ameaça de invasão e a ocupação efectiva da Índia Portuguesa (1960-1961) e o início da insurreição anticolonial em Angola (1961) levam-no a redireccionar o seu pensamento para uma reflexão centrada no posicionamento de Portugal no plano internacional entre 1960 e 1964. Assim sendo, aborda os principais aspectos da Guerra Fria (1947-1991) marcada pela crise de Berlim (1960-1961), a crise dos Mísseis de Cuba (1962), o início da intervenção americana na Guerra do Vietnam (1954-1975) e a ameaça de um holocausto nuclear. A criação da CEE (1957) não deixa de estar presente nas suas reflexões sobre o futuro do país num contexto internacional de confronto entre as duas superpotências da época: U.R.S.S. e E.U.A. Na presente comunicação analisaremos

as

concepções

problemática,

tendo

em

políticas

consideração

de o

Cunha

Leal

entrecruzar

sobre

das

esta

questões

relacionadas com a Guerra Fria e com as da descolonização nos primórdios dos anos 60.

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Nome da autora: Aurélia Jandot Instituição: CHEC, Univ. Clermont Auvegne, Clermont-Ferrant, France Cargo: Enseignante en Histoire E-mail: [email protected] Título da Comunicação: Le choix difficile entre communauté européenne et communauté atlantique: l’exemple du nucléaire Resumo Au cours de la « Guerre froide », l’Europe doit faire face à de nombreux problèmes, à de nombreuses tensions, tant sur le plan interne que sur le plan international. Pour y répondre, une coopération plus poussée entre différents Etats apparaît régulièrement comme souhaitable. Le nucléaire illustre pleinement cette possibilité de coopération renforcée. La question reste alors de savoir quelle coopération mettre en place : une coopération intra-européenne ou une coopération avec les Etats-Unis d’Amérique ? Dans le domaine du nucléaire civil, la réponse demeure multiple. Une communauté européenne se dessine sur le plan de la recherche scientifique. Le Conseil Européen pour la Recherche Nucléaire et la Communauté Européenne de l’Energie Atomique en sont des exemples représentatifs. La coopération scientifique s’étend même parfois plus à l’Est, notamment dans le domaine des accélérateurs de particules. En parallèle pourtant se développe une communauté atlantique. L’enjeu a alors des conséquences plus directes et plus immédiatement concrètes sur le plan économique : le choix de la filière à mettre en place devient souvent un choix unique, la filière américaine à eau légère étant privilégiée. Dans le domaine du nucléaire militaire, de même, les Européens hésitent. Une communauté européenne occupe parfois le devant de la scène. Elle se traduit de façon diverse. A des coopérations bilatérales renforcées s’adjoint régulièrement un troisième partenaire, les trois acteurs étant

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généralement la France, le Royaume-Uni et l’Allemagne. Parfois, l’élan vers une solidarité européenne va plus loin : les nombreuses propositions effectuées devant l’Union de l’Europe Occidentale en sont l’une des traductions les plus récurrentes. Pourtant, en parallèle, se renforce une communauté atlantique. Face à la puissance militaire soviétique, la panoplie d’armes nucléaires dont disposent les Etats-Unis d’Amérique semble souvent le principal garant de la paix. Ainsi, que ce soit dans le domaine militaire ou dans le domaine civil, les choix des Européens ne sont jamais réellement définitifs. De ce fait, les hésitations entre communauté européenne et communauté atlantique se traduisent régulièrement par des tensions, parfois très vives, non sans impact sur la coopération entre Etats, sur le report voire l’abandon de projets pourtant initialement fédérateurs. Le projet Eurêka en est ici un exemple particulièrement symbolique. C’est d’ailleurs par le biais de tels exemples concrets que ces valses hésitations entre communauté européenne et communauté atlantique seront abordées. Et, pour rester dans ce même domaine du concret, c’est sur des sources tangibles que cette étude prendra appui, celles des grands titres de la presse française, sur la période ici délimitée de la fin des années 1960 à la fin des années 1980. Car que seraient ces possibilités de coopérations renforcées si elles n’étaient explicitées à l’opinion publique ?

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Nome do autor: Gonçalo Sotto Maior Instituição: ISCTE Cargo: Doutorando em História Moderna e Contemporânea na especialidade de Defesa e Relações Internacionais no ISCTE-Instituto Universitário de Lisboa E-mail: [email protected] Título da Comunicação: O processo de adesão de Portugal à Agência Internacional de Energia Atómica, 1954-1957

Resumo No ano de 1945, a detonação das bombas atómicas em Nagasaki e em Hiroxima revolucionou o mundo em inúmeros aspetos. O posterior início da Guerra Fria dividiu o mundo em dois blocos encabeçados por um lado pelos Estados Unidos da América e por outro pela URSS. Para além da intensa “batalha” ideológica travada entre os dois polos, ambos viram-se também embrenhados numa corrida ao armamento nuclear. Por razões estratégicas, políticas, económicas e militares, no dia 8 de Dezembro 1953, o então presidente dos EUA Dwight Eisenhower proferiu o famoso discurso Átomos para a Paz perante a Assembleia Geral da ONU. Neste discurso, Eisenhower transmite ao mundo a intenção de criar uma agência internacional e reguladora da indústria nuclear. A ideia de tal agência havia surgido imediatamente a seguir ao final da Segunda Guerra Mundial mas foi apenas com o discurso de Eisenhower que ela ganhou a propulsão e o apoio necessário para ser posta em prática. Em 1957, o estatuto da Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA) era aprovado após ser ratificado por 26 Estados. Por ser um país detentor de jazigos de urânio, anos antes, em 1954, Portugal foi convidado pelos EUA para integrar o grupo restrito de oito países

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que iriam delinear a estrutura e o funcionamento da Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA) e que se tornariam os seus membros fundadores. Esta comunicação tem como objetivo dar a conhecer o processo da integração portuguesa à Agência Internacional de Energia Atómica numa tentativa contribuir para o conhecimento sobre a diplomacia portuguesa junto das potências Ocidentais e das Organizações Internacionais no período após o final da Segunda Guerra Mundial caracterizado pelo início da era nuclear e da Guerra Fria.

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Nome da autora: Isabel Baltazar Instituição: IHC; CEIS20-UC Cargo: Investigadora E-mail: [email protected] Título da Comunicação: Nunca tanta coisa esteve no seu começo. Memórias da Guerra Fria e Identidade Europeia Resumo A Europa durante a Guerra Fria é reconstruída de uma forma identitária. A sua destruição foi também da memória e, por isso, para além da reconstrução económica é necessária uma reconstrução da identidade da Europa Ocidental, a partir da sua herança cultural e fundamentos comuns que sustentem um espírito europeu. É esta memória que poderá distinguir esta Europa da outra Europa dividida pela “cortina de ferro”. É tempo de definir a vocação da Comunidade Europeia, como lembrou Denis de Rougemont e outros intelectuais que partilhavam a ideia de uma Europa de valores, do diálogo, da tolerância e de uma identidade continental. Também os políticos, como Konrad Adenauer, Alcide de Gasperi, Jean Monnet e Robert Schuman reconheciam a fragilidade da Europa e o perigo de fragmentação desta velha Europa da cristandade. “Nunca tanta coisa esteve no seu começo”, na inspiradora expressão de Holderlin, mas, paradoxalmente, muito pouca coisa sobrevive a esta Guerra Fria, onde se desvanece a memória da Segunda Guerra Mundial e o sentido de uma solidariedade de espíritos unidos por um projecto que congregue esforços. As representações e as visões de uma identidade europeia precisam de renascer das cinzas do passado, para mostrar que a Europa tem futuro e que o sonho europeu terá de ser fundado em valores comuns e num projecto que mobilize os Europeus. O problema da Europa continua a ser esta falta de identidade europeia porque não pode reduzir-se à justaposição de culturas nacionais 16

diferentes. A cultura europeia é o conjunto de traços distintivos, espirituais e materiais, intelectuais e afectivos que caracterizam uma civilização. Jacques Delors confessaria que não nos podemos apaixonar por um grande mercado e que é preciso dar mais corpo a esta Comunidade e acrescentar-lhe um suplemento de alma. .

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Nome do autor: Marco Gomes Instituição: IPL; IPC; CEIS20-UC Cargo: Investigador E-mail: [email protected] Título da Comunicação: Entre a salvação e o abismo: as repercussões do compromisso histórico em Itália e no Mundo Resumo Esta proposta de comunicação tem como objetivo abordar o projeto do compromisso histórico levado a cabo pelo secretário-geral do Partido Comunista Italiano, Enrico Berlinguer. O triénio 1974-1976 italiano deve ser interpretado, simultaneamente, como um ponto de chegada e um ponto de partida de elementos que unificam ou conferem relações de sentido a um ciclo temporal mais extenso. O compromisso histórico é, em termos políticos, o principal elemento de chegada que outorga relevância a este triénio. As suas repercussões varrem com dramaticidade a sociedade e a política italianas, sendo o assassinato de Aldo Moro (1978), provavelmente, a face mais negativa. Mas significa mais, sobretudo no plano internacional. Significa um ponto de sobressalto no âmbito dos equilíbrios políticos do Ocidente, uma vez que possibilita uma séria aproximação dos comunistas italianos à área de governação. E logo num período em que a questão portuguesa (ameaça comunista) e o conflito greco-turco (questão cipriota) perturbam as relações entre países da NATO. Sempre mais distante da ortodoxia de Moscovo, Enrico Berlinguer encontra, ainda, nos homólogos espanhol e francês – primeiro com Santiago Carrillo e depois com George Marchais – pontos de contacto ideológico-programáticos. Trata-se de consensos no sentido de estabelecer sinergias tendentes a legitimar um novo tipo de comunismo adaptado à realidade europeia de cada país e aos princípios democráticos, o designado eurocomunismo. Ora é neste quadro de relações deterioradas 18

entre membros da NATO e de indefinição quanto à presença de forças comunistas em governos de países da Europa Ocidental que se coloca em causa o controlo efetivo do Mediterrâneo, região nuclear em termos estratégicos no contexto do mundo bipolar da Guerra Fria. Muitos colocam a proposta comunista no palco teratológico, percecionado como mais uma malformação da vida política, iniciativa pecaminosa e prodrómica, cilindro aniquilador de vários partidos e adverso às regras democráticas de alternância de poder.

Outros, por sua vez,

lobrigam-no como um projeto reformador capaz de responder à conjuntura crítica, a solução inevitável, a elucubração que permite selar a caixa de pandora e conceder a Itália um governo de salvação nacional. Em última análise, um mal necessário. A face da moeda que desloca eleitorado, jornalistas, analistas, políticos e intelectuais para os antípodas do compromisso histórico coabita com a outra face que atrai semelhante parcela de opinião pública para o consenso comunista. Neste sentido, importa compreender o compromisso histórico como um prolongado acontecimento discursivo (Faucault, 1971-1997) responsável pelos ingredientes que transformam o quadro político italiano numa espécie de pátria do aforismo e da exegese, numa seminal e, simultaneamente, fraturante caixa de ressonância entregue ao mais exacerbado confronto ideológico. O objetivo desta proposta de comunicação consiste em responder às seguintes perguntas: O que é o compromisso histórico? De que forma está relacionado com a ascensão comunista em Itália? Como caraterizar a oposição ao pensamento de Berlinguer do ponto de vista da política interna e externa? De que forma legitima uma renovada identidade e culturas políticas? Como se processa o debate interno no PCI?

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Nome do autor: Michael Auwers Instituição: University of Antwerp Cargo: Teaching Assistant and Visiting Lecturer at the History Department of the University of Antwerp E-mail: [email protected] Título da Comunicação: Remembering the Cold War. How Belgian diplomats constructed their memories of a divised Europe in twentieth century Resumo “Diplomacy never was quite what it used to be”, Keith Hamilton and Richard Langhorne argue in their 1995 seminal study on The Practice of Diplomacy, explaining that “the world perceived by a diplomat at the end of his career is bound to seem a very different place from that which he knew ... as an attaché.” This especially applies to Western European diplomats active during the Cold War. Following the defeat of the Nazis in 1945, the Old Continent is in ruins and its inhabitants bear witness to the emergence of a bipolar world in which their foreign policy executives are bound to play second fiddle to those of the United States and the Soviet Union. There is one field, however, in which Western European diplomats retain a certain degree of the prewar autonomy, that is the construction of a new Europe. This paper proposes to investigate the Cold War memories of Western European foreign policy executives through the experiences of Belgian diplomats. The case of these diplomats can be revealing not only because their home government attached great importance to the success of the European project, but also because it sheds light on the Cold War division of Europe from the perspective of small state representatives, whereas historiography has tended to privilege the writings of diplomats of the larger states. Perhaps more importantly, the Belgian case can be representative for the more general Western European (and even global) diplomatic experience because diplomats are outstanding examples of subjects that ‘transcend’ the 20

nation. They spend the best part of their lives as members of a transnational epistemic community of professionals from all over the world with whom they share and exchange ideas and values about the practice of international relations. This paper starts from the finding that whereas before the Second World War, diplomats from small states hardly ever published their career memoirs, the post-1945 period witnessed a rapidly growing stream of these writings. I believe that this phenomenon was related to the destruction of the old European states system and the advent of Cold War politics, which both favoured regional integration processes. The resulting multilateral institutions, such as the EU, NATO and OSCE, granted a considerably greater access to the negotiating table to diplomats of smaller states, and gave them, too, the impression that they had valid reasons to write their own professional history. Starting from this assumption, I will investigate how Belgian diplomats in their memoirs perceived both the rise and the end of the Cold War, periods of intensification and détente in between, and their own agency and identity in this new world order.

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Nome do autor: Pedro Ponte e Sousa Instituição: IPRI-UNL Cargo: PhD student in Global Studies at the Faculty of Social Sciences and Humanities of the New University of Lisbon (FCSH-UNL) E-mail: [email protected] Título da Comunicação: Studying globalization and foreign policy: is Cold War relevant as a time spam? Resumo Globalization is one of the most important social phenomena in the contemporary world, shaping all dimensions of societal life. However, both among globalization theory as well as foreign policy (FP) studies (and FPA, in particular), the impact of globalization on the state, the effects of political globalization and the transformations it brings to FP have been understood as (not so relevant) contextual elements, described in a generic way or even completely excluded from those research fields and interests. Nevertheless, the particular characteristics in which FP activities are developed render essential, rather than ignoring the state and its external action, to strengthen its study seeking to assess the scope, nature and impact of globalization on its international activity. A critical issue in this regard has to do with the origins, history and the best way to capture these phenomena in a scientific study. Firstly, among those supporting both a transformationalist view of globalization as well as a mutually constitutive approach of FP and globalization, a central claim of such a worldview is that international politics carries a dialectical effect of contributing simultaneously to globalization and fragmentation. The Cold War is the main research focus of such scholars, considered both the source of contemporary globalization and as pushed by specific political-military forces leading to a political, military, economic, and legal institutional framework, constituting a global cluster. This would be a critical moment in highlighting 22

how international politics and globalization are interconnected, and also the shift from internationalization to globalization. Secondly, it is crucial to interrelate such thesis on globalization with the five identified specific understandings and approaches to study globalization: namely, as ‘hardwired’ (to the history of human beings); as a long-term cyclical process (subject to expansions, contractions, and even disappear); focusing on different times or waves of globalization (sequential and with different causes, actors and formats); focusing on specific events (either of remote or recent history); or that more recent (from the second half of the 20th century) and relatively generic changes shape contemporary globalization. This paper aims to assess the impacts of both these theses and approaches to any specific study on globalization and FP. We are particularly interested in the characteristics and implications of some core prerogatives of selecting such elements, as well as the limitations and possible solutions to the challenges that studying the interaction between FP and globalization poses.

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Nome da autora: Astrid Hedin Instituição: University of Malmö Cargo: Visiting lecturer at the Department of Political Science, Lund University E-mail: [email protected] Título da Comunicação: Cold War Isomorphism: Communist regimes and West European model worker participation Resumo In studies of cultural globalisation, the influence of communist regimes on Western Europe has remained under-theorised and little explored. Addressing this gap in research, this article puts forward the glocalisation grid of world-polity theory as a means for conceptualising and investigating how East European communist regimes helped shape the evolution of West European welfare states during the Cold War. The article re-traces the 1960s struggle over expert discourse within the International Labour Organization (ILO) in which communist regimes, including Yugoslavia and Poland, struggled to win the bureaucratic legitimacy of the ILO for their domestic policies. In focus are vertical, horizontal and temporal dimensions of glocalisation and the ensuing perceived or superficial similarity – so-called isomorphism – of legislation on worker participation in decision-making at the workplace. The article maps the timing of reforms across Europe, showing how East European reforms preceded and were co-constitutive to a panEuropean process of policy isomorphism.

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Nome da autora: Vanda Amaro Dias Instituição: FEUC; CES Cargo: Investigadora / Professora Universitária E-mail: [email protected] Título da Comunicação: A Guerra Fria e a URSS: perceções e interações com a Europa Resumo A Guerra Fria pode caracterizar-se como uma situação de conflitualidade da segunda metade do século XX que opôs duas superpotências mundiais: os Estados Unidos da América (EUA), líder do bloco ocidental de ideologia liberal, e a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS), líder do bloco este de ideologia socialista. Neste contexto, a Europa desempenhou um papel fulcral nas estratégias das duas potências em confrontação. O objetivo desta comunicação é analisar as perceções e interações da URSS com a Europa, olhando para as diferentes estratégias desenvolvidas para a Europa Central e de Leste – considerada por Moscovo como uma zona tampão impedindo que a aliança liderada pela superpotência rival chegasse às suas fronteiras –, bem como para a Europa Ocidental onde a estratégia russa se pautava por uma lógica de separação entre os países Europeus e os EUA com o intuito que estes se tornassem neutrais no contexto da confrontação bipolar. Para o efeito, procurou reforçar a sua intervenção nestes países através do estreitar de laços com os partidos comunistas europeus, cuja interação com Moscovo será igualmente objeto de reflexão nesta comunicação.

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Nome do autor: Pedro Aires de Oliveira Instituição: FCSH-UNL; IHC Cargo: Professor Auxiliar da FSCH-UNL; Presidente do IHC E-mail: [email protected] Título da Comunicação: Velhos e Novos Impérios? A Guerra Fria e a descolonização Resumo Propomo-nos nesta comunicação discutir a relação entre estes dois fenómenos que marcaram profundamente o mundo do pós-Segunda Guerra Mundial. Até que ponto foi a Guerra Fria um acelerador de dinâmicas que já estavam a erodir a autoridade das potências coloniais antes de 1945, ou, pelo contrário, terá ela concorrido para oferecer um segundo sopro de vida às formações imperiais europeias? Seguidamente, de que forma terão os desenvolvimentos no mundo colonial contribuído para exacerbar as tensões bipolares, particularmente na segunda metade da década de 1950? Em terceiro lugar, em que medida terá a Guerra Fria influenciado o modelo de retirada imperial seguido pelas potências europeias no início da década de 1960, e depois na década de 1970? E terá esse cenário dado azo a novas modalidades de dominação imperial?

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ORGANIZAÇÃO E COORDENAÇÃO CIENTÍFICA: Grupo de Investigação Europeísmo Atlanticidade e Mundialização do CEIS20-UC (Maria Manuela Tavares Ribeiro e Isabel Maria Freitas Valente) Instituto de História Contemporânea (Maria Fernanda Rollo e Alice Cunha) CONTACTOS: CEIS20, Rua Filipe Simões, n.º 33; 3000-186 Coimbra Tel. 239-708870; E-mail: [email protected] LOCAL DE REALIZAÇÃO: Sala de São Pedro da Biblioteca Geral da Universidade de Coimbra

FICHA TÉCNICA Título: V Encontro a Europa e o Mundo. A Europa e a “Guerra Fria”: Mutações e Rupturas Coord.: Ribeiro, Maria Manuela Tavares; Rollo, Maria Fernanda; Valente, Isabel Maria Freitas; Cunha, Alice Local: Coimbra Edição: CEIS20 Ano de edição: 2017 Nem todos os textos obedecem ao novo Acordo Ortográfico

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