Câmara dos Quatrocentos: um ensaio de prosopografia

July 5, 2017 | Autor: A. Oliveira | Categoria: Partidos políticos, Fascismo, Integralismo, Direita
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Alexandre Luis de Oliveira
Doutorando em História pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul


A Câmara dos Quatrocentos: um ensaio de prosopografia


O presente ensaio tem como foco sinalizar a possibilidade e a importância de se realizar um estudo prosopográfico referente à Câmara dos Quatrocentos, órgão burocrático, elaborado para função consultiva dentro da Ação Integralista Brasileira. Os estudos sobre o integralismo no Brasil tiveram sua primeira grande obra lançada em 1975, escrita por Hélgio Trindade em seu livro: Integralismo o fascismo brasileiro na década de 30. Nele Trindade fez um grande estudo sobre o integralismo, utilizando como base, questionários feitos com ex-integralistas e fontes primários, como os livros de Plínio. A segunda grande obra sobre o tema foi escrita por José Chasin: O integralismo de Plínio Salgado forma de regressividade no capitalismo hiper-tardio, onde o autor defende a ideia de o integralismo ter se espelhado no fascismo italiano. Marilena Chauí entrando na discussão, faz um caminho diferente do realizado pelos autores anteriores, em um capítulo intitulado: Apontamentos para uma crítica da Ação Integralista Brasileira, na obra de Maria Sylvia Franco Carvalho: Ideologia e mobilização popular, Chauí se concentra nos receptores da ideologia integralista e percebe que o integralismo foi um movimento basicamente de classe média. Outra grande obra sobre o tema foi o livro de Gilberto Vasconcellos: A ideologia curupira análise do discurso integralista. Neste livro Vasconcellos percebe o integralismo como um movimento tipicamente brasileiro, embora possa ter traço fascista. Hoje os estudos sobre o integralismo passaram para a esfera das trajetórias individuais. O professor Leandro Pereira Gonçalves realizou tese de doutorado sobre a trajetória de Plínio Salgado, produzindo estudos inéditos sobre o assunto pois, haviam poucas informações sobre o exílio de Plínio Salgado em Portugal. Tive a honra de contribuir para esses novos estudos, desenvolvendo como dissertação de Mestrado, a trajetória política de Raymundo Padilha, liderança integralista, ocupou cargos na Câmara dos Quatrocentos, na Câmara dos Quarenta e foi o representante de Plínio no Brasil, durante seu exílio. Há também em curso, a tese de doutoramento de Pedro Ivo Tanagino, O Sigma e o sentido da síntese: a teoria do conhecimento integralista e a obra de Miguel Reale (1932-2002), onde está sendo traçado o perfil de Miguel Reale, homem importante para o integralismo. Após esse levantamento, podemos verificar que ainda há lacunas sobre os estudos sobre o integralismo principalmente referentes a estudos prosopográficos. A Câmara dos Quatrocentos, a Câmara dos Quarenta, ainda não tiveram estudos aprofundados e carecem de atenção.
Trabalhos prosopográficos possibilitam um melhor domínio sobre certos aspectos históricos. Desenvolver um trabalho prosopográfico, e essencial para se perceber aspectos gerias e comuns de organizações dentro da história. De acordo com Lawrance Stone,

a prosopografia é a investigação das características comuns de um grupo de atores na história por meio de um estudo coletivo de suas vidas. O método empregado constitui-se em estabelecer um universo a ser estudado e então investigar um conjunto de questões uniformes – a respeito de nascimento e morte, casamento e família, origens sociais e posição econômica herdada, lugar de residência, educação, tamanho e origem de riqueza pessoal, ocupação, religião, experiência em cargos e assim por diante. (STONE, p. 115)

Com isso, podemos perceber que a prosopografia é um método utilizado para o estudo de um grupo específico a partir de um ou vários critérios, estabelecendo diretrizes que servirão para a descrição de sua dinâmica social, privada ou pública, ou política. (CHARLE, 2006, P. 41)
É importante destacar que, de acordo com Christophe Charle, o campo da história abdicou por muitas décadas das elites como objeto de estudo. No decorrer do desenvolvimento da história social, as categorias dominantes foram desprezadas, em função, principalmente da analogia imediata que se fez entre história social e a história do movimento social, das classes operárias. (CHARLE, 2006, P.19-20) Ainda de acordo com o autor, a atenção dada às elites como objeto da história foi se tornando expressiva na segunda metade dos anos 1960, após a aposentadoria de Ernest Labrousse. O momento também foi marcado pelas polêmicas acerca da interpretação da Revolução Francesa, que trazia a tona questionamentos sobre a noção de elite em história social, em detrimento do conceito marxista de classe. (CHARLE, 2006, P.21).
O historiador Lawrence Stone define a prosopografia (biografia coletiva segundo os historiadores modernos ou a análise de carreiras segundo os cientistas sociais) ou como sendo a investigação das características comuns de um grupo de atores na história, com base na análise coletiva de suas vidas e de comparações entre alguns aspectos comuns. O método utilizado consiste em estabelecer um universo a ser estudado e então, investigar um conjunto de questões uniformes, como nascimento, escolaridade, origens sociais, etc. (STONE, 1981).
O método, desenvolvido dentro da história política, estendeu-se também para a história social. As maiores contribuições para a prosopografia vieram de duas escolas, muito diferentes entre si: a escola elitista e a escola voltada para o estudo das massas. A escola elitista caracteriza-se pela análise de pequenos grupos, por meio da pesquisa sobre casamentos e laços econômicos. A técnica consiste no estudo minucioso da genealogia, dos interesses comerciais e da atividade política do grupo e o objetivo dessas análises é verificar a força de coesão do grupo analisado, por meio da união propiciada por laços sanguíneos, sociais, educacionais e econômicos. Entre os temas mais analisados por essa escola está a elite no poder, incluindo grupos de revolucionários. Já a escola voltada para o estudo das massas, a preocupação era maior com a história social. Os objetos eram mais amplos, ainda que inevitavelmente resultassem em análises mais superficiais. Muitos de seus trabalhos referem-se à mobilidade social, mas outros buscam analisar as relações estatísticas significativas entre o ambiente e as ideias e a relação entre as ideias e os comportamentos políticos. (STONE, 1981).
As duas escolas se desenvolveram entre os anos de 1920 e 1930, embora números significativos de estudos prosopográficos só tenham surgido nas décadas de 1950 e 1960. Como fontes, ambas utilizaram listas sobre qualificações profissionais ou educacionais e dicionários biográficos. O campo de pesquisa privilegiou as histórias da Inglaterra e a romana.
Em um balanço realizado nos anos 1970, Stone observou um distanciamento entre as duas escolas, a primeira tornando-se mais impressionista e devotada a exemplos individuais e a segunda, mais científica e quantitativa. Para o historiador, se o movimento tendesse a uma aproximação entre as duas escolas, seria possível combinar a habilidade humana na reconstrução histórica por meio da concentração meticulosa dos detalhes significativos e nos exemplos particulares com as preocupações estatísticas e teóricas, formando assim, o elo perdido entre a história política e a história social. (STONE, 1981) .
Nesse sentido, o avanço da adoção da análise das redes sociais contribuiu de maneira expressiva para o estudo de grupos e trajetórias coletivas. O propósito dessa metodologia desloca o centro da análise do grupo para as relações interindividuais, aceita-se a premissa da capacidade de cada Ego manipular o conjunto das suas relações para tentar atingir seus fins, no sentindo de melhorar a posição detida no interior do sistema social, fazendo uso de estratégias que objetivam aumentar a capacidade de controle sobre os recursos disponíveis. Essas estratégias envolvem a dinâmica das relações inter-individuais e são enquadradas e limitadas pelos contextos ideológicos e institucionais do sistema social onde o indivíduo ou grupo analisado está integrado. (CUNHA, 2000, p.396).
Partindo da teorização prosopográfica, a proposta é realizar um estudo sobre a Câmara dos Quatrocentos. Essa Câmara compunha o que o integralismo classificou como Cortes do Sigma. Essas cortes foram criadas em 16 de junho de 1936 e funcionaram até o golpe do Estado Novo em 10 de novembro de 1937. Não há até o momento, nenhum tipo de estudo sobre a composição desta Câmara, o que é possível afirmar é que este órgão serviu como base consultiva para o Chefe do Integralismo.

O integralismo

Fundado oficialmente após a publicação de uma carta de intenções que ficou conhecido como Manifesto de Outubro, em 7 de outubro de 1932, a AIB foi o resultado final de anos de articulação política feitas por Plínio Salgado. (MAIO, CYTRYNOWICZ, 2007. p. 41) Para compreender as características essenciais do integralismo, é imprescindível analisar aspectos da trajetória política de Salgado, seu principal idealizador, principalmente pela liderança suprema estabelecida no decorrer do movimento. Salgado teve uma formação muito formal. Nascido em família católica, desde cedo foi introduzido em um profundo patriotismo. (GONÇALVES, 2012, P. 32-88) Em 1922, integrou à geração de modernistas, participando da Semana de Arte Moderna, realizada em São Paulo, e que foi marcada pela tentativa de resgate de um profundo censo nacionalista. Salgado foi um dos líderes do Manifesto Verde-amarelismo que surgiu de influências trazidas por ele da Semana de Arte Moderna e também do Movimento da Anta, uma radicalização inspirada em regimes totalitários europeus e com forte apelo a um nacionalismo cultural e político. (GONÇALVES, 2010. p. 275.) Salgado iniciou sua participação no cenário político em 1928 quando se elegeu deputado estadual pelo Partido Republicano Paulista. (MAIO, CYTRYNOWICZ, 2007. p. 49)
Como resultado de sua participação política, idealizou e formulou o integralismo que surgiu da fusão de alguns movimentos além da SEP que já atuavam no cenário político brasileiro antes de outubro de 1932, tais como: Ação Social Brasileira (Partido Nacional Fascista), Legião Cearense do Trabalho, Partido Nacional Sindicalista e o neomonarquista, Ação Imperial Patrianovista Brasileira (AIPB), fundado em 1928. (TRINDADE, 1974. p. 103.) A AIPB cooptou seus membros em Congregações Marianas ligadas à Igreja Católica e estudantes das Faculdades de Letras, Filosofia e Direito da Universidade de São Paulo e manteve como objetivo a reconquista do espaço perdido pelo catolicismo após a proclamação da República brasileira em 15 de novembro de 1889. (MALATIAN, 2001. p. 37-38.)

Tanto as congregações marianas quanto a Faculdade de Filosofia e Letras de São Paulo instrumentalizaram a estratégia da "reação" essencialmente cultural, adotada pela Igreja Católica nos anos 1920, sob a orientação de D. Sebastião Leme, a qual ramificava-se ainda em centros de estudos teológicos e filosóficos, conferências sobre temas religiosos, cursos de teologia para leigos, edição de jornais e revistas. Tal estratégia consistia na tentativa de penetração do catolicismo em áreas consideradas cruciais, como o sistema de ensino, os circuitos de produção cultural e nos campos institucionais que abrigassem intelectuais, combatendo a política educacional que implantara no país o ensino dissociado da religião. (MALATIAN, 2001, p. 40)

Plínio Salgado e membros da AIPB conviveram juntos após a criação da SEP. A ligação entre patrianovistas e Salgado chegou ao fim após o lançamento da AIB em 1932. A separação ocorreu, pois o Manifesto de outubro de 1932, que marcou a fundação da AIB, não pregava o retorno da monarquia brasileira como previa os patrianovistas, e pelo fato do integralismo não definir o catolicismo como sua religião oficial, pelo contrário, o integralismo não sinalizou possuir uma religião oficial. Mas esse rompimento foi muito mais por causas discordantes que no campo das perseguições, tanto que durante o II Congresso Integralista realizado em Petrópolis, em 1935 os patrianovistas foram convidados a participar da cerimônia de homenagem à Família Imperial. (MALATIAN, 2001, p. 65-68)
Outro importante fator na formação do integralismo foi a viagem de Plínio à Europa durante o ano de 1930, quando o futuro chefe da AIB manteve contato com o fascismo italiano. Embora o movimento integralista tenha tido raízes brasileiras, houve sim uma afinidade e uma proximidade de ideias entre o integralismo e o fascismo italiano, mas isso não significou uma tentativa de adoção sistemática por parte do integralismo de um governo fascista no Brasil. O integralismo foi inspirado em movimentos de caráter conservador, como o Integralismo Lusitano, oriundo da vertente francesa, a Action Française, sustentados por um discurso religioso identificado com a Doutrina Social da Igreja. Além dessa relação a AIB de Plínio Salgado encontrou no Fascismo de Mussolini a prática política que necessitava para organizar politicamente o movimento. (GONÇALVES, 2012, P. p.159-215) O movimento nasceu em um momento de transformação política mundial e principalmente no Brasil, sendo que a década de 1930 pode ser vista como o local de encontro de várias correntes políticas que, estando em desacordo com as regras do capitalismo liberal, ansiavam por políticas mais nacionalistas. O integralismo surgiu deste turbilhão de interesses que viam no governo de Getúlio Vargas uma oportunidade de colocar em prática seus interesses políticos. (MAIO, CYTRYNOWICZ, 2007, p. 48)
De certa forma, o integralismo foi visto de perto por agentes ligados ao fascismo italiano. De 1932 até 1936 o integralismo era seguido de longe pelos embaixadores italianos no Brasil que julgavam Plínio Salgado um líder fraco e despretensioso, muito aquém do exemplo máximo do Fascismo, Mussolini. A partir de 1936 o integralismo foi acompanhado mais de perto pelos fascistas que viam em uma possível chegada de Plínio Salgado à Presidência da República Brasileira a possibilidade de expansão dos ideais fascistas para o Brasil. Com Plínio na Presidência "o integralismo estaria disposto a fazer, depois, concessões para a Itália; sempre, bem entendido, dentro dos limites permitidos pela honra do País." (TRENTO, 1986. p. 83.) Os italianos chegaram a ajudar financeiramente o integralismo considerado-o um "Partido Irmão". (TRENTO, 1986. p. 84) O financiamento e a aproximação com o integralismo chegaram ao fim após o golpe do Estado Novo, em que Vargas findou com as expectativas eleitorais de Plínio, que a partir desde momento não era mais útil para os fascistas italianos. (TRENTO, 1986. p. 86-88)
Mas não se pode definir o integralismo brasileiro como um simples resultado do fascismo italiano. O integralismo manteve suas especificidades que, "embora de ponta a ponta mimético, o discurso integralista ostenta um traço que o diferencia de seus congêneres europeus, e cuja razão de ser nasce da resposta equivocada à heteronomia de país periférico".(VASCONCELLOS, 1979, p. 17) No contexto de década de 1930, o Brasil, como já pudemos acompanhar, estava passando por muitas transformações, principalmente com as mudanças trazidas pelo capitalismo que alterou as bases produtivas agrárias para o capitalismo industrial. Nesse sentido o integralismo não pode ser identificado como uma cópia fascista, mas sim como uma ideologia reacionária contrária a fase capitalista em que o Brasil estava passando. (CHASIN, 1978, p. 652.) Mais importante que definir o integralismo como fascista ou não fascista é analisar as especificidades da estrutura desenvolvida por Plínio Salgado e seus seguidores e estabelecer como esses agentes formularam suas ideias em uma década de intensas transformações no Brasil. (CHAUÍ, 1978, p. 116.)
Estruturalmente o integralista manteve três principais alvos de ataque: o liberalismo, o socialismo e o capitalismo internacional. Estes três alvos são claramente percebidos no discurso político de Padilha desde os primeiros anos de sua vinculação ao movimento. Um dos principais argumentos do combate às políticas socialistas se deve ao motivo de "os integralistas consideram que o socialismo não seria a antítese do capitalismo, mas o resultado natural de sua evolução, porque ambos se apoiam na mesma concepção materialista da sociedade". (TRINDADE, 2007, p. 390 – 391). Com isso pode-se perceber que a crítica direta dos integralistas era em relação ao capitalismo internacional que ao invés de servir como freio das ações socialistas realizava o caminho inverso, pois, quanto mais problemas o capitalismo gerava para o mundo, tais como pobreza, desemprego, abismos sociais, mais a doutrina socialista ganhava adeptos. Com isso nota-se que os integralistas teceram críticas ferrenhas ao liberalismo justamente por argumentarem que a expansão do socialismo se deu como causa dos problemas gerados pelo liberalismo. Outro ponto importante é com relação ao capitalismo. As principais críticas do integralismo ao capitalismo ficam no âmbito do capitalismo financeiro internacional. O movimento tinha como objetivo "transformar o capitalismo liberal clássico num capitalismo nacional e social controlado pelo Estado Integral." (TRINDADE, 2007, p. 390 – 391)
O integralismo surgiu em meio a uma sociedade que sentia o ressoar do impacto internacional da Revolução Soviética e a ascensão dos movimentos de caráter autoritário na Europa. Na década de 1930, as tendências antiliberais encontraram um clima propício para se expandirem, encontrando expressiva recepção em amplos setores da classe média, dentro do clero católico e na ala feminina, ansiosa para tornar-se agente social. (CARNEIRO, 1999, p.12) Além disso, durante a década de 1930, os discursos autoritários do fascismo italiano e do nacional-socialismo alemão encontraram receptividade em diversos grupos no Brasil, que tentaram propor um modelo viável à realidade brasileira, apesar das diferentes condições históricas e sociais da Europa. Dentre os vários segmentos que se identificou com esse discurso, a AIB foi o primeiro partido nacional, com uma organização de massa, a existir no Brasil. (CARNEIRO, 1999, p.12) Consolidada a sua posição em São Paulo, em agosto de 1933, a AIB iniciou uma fase de expansão para outras regiões do Brasil. Neste período, os trabalhos de propaganda e organização se intensificaram. (FAGUNDES, 2011, p. 52-54)
O integralismo criou núcleos nas principais cidades do Estado do Rio de Janeiro e a partir da implementação desses núcleos eram articulados subnúcleos com objetivos de alcançar todo território fluminense. Estruturalmente a AIB foi alicerçada na figura do "Chefe Nacional" que sempre se baseou em Plínio Salgado. Além do "Chefe" o integralismo contava com um Conselho Supremo, ligado diretamente a Salgado; a Câmara dos Quarenta; Câmara dos Quatrocentos, também ligada diretamente a Salgado; as Secretarias; os Chefes Arquiprovinciais; os Chefes Provinciais; os Chefes Locais, além de numerosos conselhos que tinham a finalidade de auxiliar as ações da chefia nacional e eram conhecidos como as cortes do integralismo. (SALGADO, 1937, p. 39)
A Câmara dos Quatrocentos reunia os membros mais importantes do integralismo, pessoas ilustres que se associavam ao movimento. "Dentro do projeto integralista a ele foi reservado um amplo espaço, desde publicações nos grandes periódicos integralistas (principalmente nas publicações de caráter nacional, como no jornal A Offensiva e nas revistas Anauê e Panorama) até a ocupação de importantes cargos administrativos nos quadros da AIB." (TORQUATO, 2008, P. 44)
Essa Câmara congregava as pessoas da cúpula do integralismo os quais mantinham acesso direto com Plínio Salgado. A estrutura organizacional do integralismo tinha como base estrutural uma burocracia rigidamente hierarquizada, centrada na figura do chefe. (BARBOSA, 2006, p. 72) De acordo com Hélgio Trindade, a Câmara dos Quatrocentos se tornaria, após a ascensão do integralismo ao poder, uma Câmara Corporativa e teria lugar certo no novo governo integralista que seria instaurado no Brasil.
Hélgio Trindade também conseguiu mapear a formação da Câmara no ano de 1937. Os membros eram figuras de destaque que figuravam como articuladores do integralismo em suas cidades. Esses atores sociais não poderiam fazer parte da Câmara dos quarenta, órgão bem mais restrito, pois não residiam na cidade do Rio de Janeiro, então capital do Brasil. Essa era uma das exigências para se tornar membro da Câmara dos quarenta, e os membros abaixo não se encaixavam nesse perfil. (TRINDADE, 2010).

Referência Bibliográfica:

BARBOSA, Jefferson Rodrigues. A Ascensão da Ação Integralista Brasileira (1932-1937). Revista de Iniciação Científica da FFC, v. 6. p. 67-81, 2006.

CARNEIRO, Maria Luiza Tucci. Prefácio. In: CALDEIRA, João Ricardo de Castro. Integralismo e política regional. A ação integralista no Maranhão. (1933-1937). São Paulo: Annablume, 1999.

CHARLE, Christophe. Como anda a história social das elites e da burguesia? Tentativa de balanço crítico da historiografia contemporânea. In: HEINZ, Flávio. (org). Por outra história das elites. Rio de Janeiro: FGV, 2006.

CHASIN, José. O integralismo de Plínio Salgado – forma de regressividade no capitalismo híper-tardio. São Paulo: Ciências Humanas, 1978.

CHAUÍ, Marilena, CARVALHO FRANCO, Maria Sylvia. Ideologia e Mobilização Popular. 2. Ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1978.

CUNHA, Mafalda Soares da. A Casa de Bragança, 1560-1640: práticas senhoriais e redes clientelares. Lisboa: Estampa, 2000, p.396.

FAGUNDES, Pedro Ernesto. Os primeiros anos da Ação Integralista Brasileira (AIB): da Sociedade de Estudos Políticos (SEP) ao I Congresso Nacional da AIB. In: VICTOR, Rogério Lustosa (org). À direita da Direita: estudos sobre o extremismo político no Brasil. Goiânia: Editora da PUC Goiás, 2011.

GONÇALVES, Leandro Pereira. Entre Brasil e Portugal: trajetória e pensamento de Plínio Salgado e a influência do conservadorismo português. 2012. 668f. Tese (Doutorado em História) – Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo, 2012.

___________________________. Literatura e Autoritarismo: a busca da autenticidade nacional nos romances de Plínio Salgado. In: SILVA, Giselda Brito. GONÇALVES, Leandro Pereira. PARADA, Maurício B. Alvarez (org.). Histórias da Política Autoritária: Integralismos, Nacional sindicalismo, Nazismo, Fascismos. Recife: UFRPE, 2010.

MAIO, Marcos Chor. CYTRYNOWICZ, Roney. A Ação Integralista Brasileira: um movimento fascista no Brasil. (1932-1938). In: FERREIRA, Jorge. DELGADO, Lucília de Almeida Neves (orgs.). O Brasil Republicano: o tempo do nacional-estadismo. Do início da década de 1930 ao apogeu do Estado Novo. 2 ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2007. p. 41

MALATIAN, Teresa. Império e Missão: um novo monarquismo brasileiro. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 2001.

SALGADO, Plínio. Protocolos e Rituais da Ação Integralista Brasileira. Edição do Núcleo Municipal de Niterói, abril de 1937.

STONE, Lawrence. Prosopography. The Past and Present. Oxford, 1981. Tradução disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0104-44782011000200009&script=sci_arttext

TORQUATO, Arthur Luis de Oliveira. Silenciando peças e criando lacunas: uma análise da trajetória integralista na biografia de Luis da Câmara Cascudo (1932-1945). 2008. 96 f. Monografia (Graduação em História) Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, 2008.

TRENTO, Angelo. Fascismo Italiano. São Paulo: Editora Ática, 1986.

TRINDADE, Hélgio. A Câmara dos Quatrocentos. In: ABREU, Alzira Alves de et al (coords.). Dicionário Histórico-Biográfico Brasileiro – Pós-1930. Rio de Janeiro: CPDOC, 2010. Disponível em: . Acesso em: 20/11/2014.

__________________. Integralismo: o fascismo brasileiro na década de 30. São Paulo: Difel; 1974.

__________________. Integralismo: teoria e práxis política nos anos 30. In: GOMES, Ângela de Castro. [et al.]. História Geral da Civilização Brasileira. O Brasil Republicano. V,10: sociedade e política. 9 ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2007.

VASCONCELLOS, Gilberto. A ideologia curupira – análise do discurso integralista. São Paulo: Brasiliense, 1979.

Anexo:
A relação dos membros da Câmara dos Quatrocentos, designados por Plínio Salgado em 5 de julho de 1937, é a seguinte: Abdon Pacheco do Nascimento, Abdul Saiol de Sá Peixoto, Abel Falcão Lima, Abelardo Fajardo, Adamastor Boldomero Fontoura, Adelina Silva Prado, Adolfo Lopes, Adélio Ramires de Assis, Adolfo Pereira Marques, Afonso del Caro, Afrânio Salgado Lajes, Afrânio Teixeira Pinto, Agostinho Serrano, Alberto Lamego, Alberto Silvares, Alcides Meira, Alencar Viana, Alexandre Belfort de Matos, Alfredo Montenegro de Mesquita, Alfredo Peres, Aluísio Meireles, Altevir Soares, Álvaro Parente, Álvaro Sardinha, Amaurílio Resende, Amazonas Duarte, Américo de Araújo, Américo Gasparini, Américo Matrangula, Américo Padilha, Américo da Silva Oliveira, Angélico Loureiro, Antônio de Almeida, Antônio Amélio, Antônio de Andrade Lima, Antônio Cássia, Antônio Dib Mussi, Antônio Ferreira de Melo Couto, Antônio Fróis Cruz, Antônio Garchet Santos Reis, Antônio Garcia, Antônio Jaguaribe, Antônio Lima de Faria, Antônio Pagani, Antônio Pereira Vieira, Antônio Pompeu de Camargo, Antônio Procópio Teixeira, Antônio Ribeiro Fonseca, Antônio de Lima e Silva, Antônio Soares de Pinho, Antônio Vernhoest, Antônio Viçosa Costa, Arquilau Vivacqua, Aristides Milano, Aristóbulo Soriano de Melo, Armando Bhering, Armando Paraíso Pereira, Arnaldo Magalhães, Arnóbio de Sousa Graça, Arquimedes de Matos, Arsênio Alves de Sousa, Artur Antunes de Morais, Augusto Medeiros, Aurélio Bulhões Pedreira, Aurélio Rocha, Balbino Moreno, Belísio Cordula, Benedito Antônio Silvestre, Bento de Almeida Prado, Benevenuto José da Silva, Bernardino Sousa Ferreira, Bonifácio de Sousa e Brasílio Otávio de Sá.
Seguem-se Carlos Machado Júnior, Caetano Spinelli, Caio Marques de Sousa, Cantídio Pais Leme, Carloman Carneiro, Carlos Astrogildo Correia, Carlos Cavalcanti Fernandes, Carlos Crisci, Carlos Henrique Liberalli, Carlos Machado, Carlos de Morais Pereira, Carlos Ramos de Azambuja, Carlos Seild, Caubi da Silva Rego, Ceci Filho, Celestino Cardoso, Cherubim Chagas, Ciro Resende, Clito Lemos, Clóvis Martins de Camargo, Colombo de Sousa, Conrado Van Erven, Cosme Batista, Cristóvão Devoto, Custódio Guerra de Carvalho, Dalton Penedo, Darci Pereira, Dario Bittencourt, Décio Pagani, Deusdedite Cortes Vieira da Silva, Dilermando Rocha, Dulce Thompson, Dantas Mota, Edmundo Amaral, Edmundo Cavalcanti, Eduardo Gilson, Eduardo Graziano, Efigênio Salgado, Elias Ferreira de Melo, Emanuel Bittencourt, Emanuel Bianchi, Emílio Niemeyer, Epifânio Augusto de Oliveira, Ernâni Giudice, Ernâni da Silva Bruno, Etienne Dessaunne, Eugênio La Maison, Eurico Hildebrando Aurélio Ruschi, Eurico Pontes Lira, Esequiel Borges, Fernando Cochrane, Fernando Posa Oiticica, Fernando Vieira de Melo, Filemon Barbosa Cordeiro, Filemon da Mata, Floriano Correia, Floriano Nunes Pereira, Floriano Thompson Steve, Francisco Aranha, Francisco Edgar de Macedo, Francisco Leite Vilela, Francisco de Paula Watson, Francisco Sabóia Barbosa, Francisco Stella, Francisco Veras Bezerra, Franklin Chaves, Frederico Carlos Ferreira, Frederico Carlos de Abreu e Sousa, Frederico Ferreira Lajes, Frederico Sócrates, Fúlvio Mandeta, Gaston Luís do Rego, Gastão Cavalcanti de Albuquerque, Gastão Roubach, Genelício Alves Porto, Genésio Rosa, Georges Leonardos, Gil Guatimozim, Gil Vieira do Nascimento, Gilberto de Assis Pacheco, Glauco Ribeiro, Guilherme Rennaux, Hamilton Leite, Haroldo Bezerra Cavalcanti, Helvido Martins, Henrique Bissini, Henrique Pinheiro de Vasconcelos, Heráclito Carneiro Ribeiro, Herbert Parentes Fortes, Hormando Feitosa, Hugo Berta, Humberto Haniquini de Carvalho, Inácio Prado, Israel Galdino de Sousa, lvete Ribeiro, lvan Bichara, J. C. Moreira Guimarães, J. Francia Júnior, Jacinto Figueiredo, Jacob Vitali, Jair Tavares, Jefferson Carlos de Sousa, João Alberto da Cunha, João Alfredo Correia de Oliveira Neto, João Alves da Costa Ourto, João Barbosa de Sabóia, João Batista Bernardes Lima, João Batista Cerrão, João Cabral, João Cândido, João Carvalho Santos, João Ernesto Lisboa, João J. Magalhães, João Leães Sobrinho, João Pinheiro de Andrade Lira, João Queirós, Joaquim Cerqueira, Joaquim Fraga Lima, Joaquim Mendes Contente, Joaquim Vaz da Costa, Jorge Claudino de Oliveira, Jorge Coury, José Alves Pessoa, José Antônio Vieira da Silva, José Nolasco, José Apóstolo de Oliveira Neto, José Bernardo da Silva, José de Campos Sales, José Carlos Monteiro de Sousa, José Cola, José Esteves da Silva, José Ladim, José Fernandes da Cunha, José Fleury, José Flores, José Francisco de Amorim, José Guiomar dos Santos, José Muniz Nascimento, José Hercili Fleury, José de Lima Verde, José Medeiro de Freitas, José de Oliveira Rangel, José Rodrigues Leite, José Sanches, José Soares Brandão, José Teófilo Leão de Aquino, José Vieira Mendonça, José Xavier de Melo, Josias Vaz de Oliveira, Júlio Antônio Martins Vieira, Júlio Oliveira, Júlio Pinheiro, Júlio dos Santos, Jurandir Costa Campos e Juventino Linhares.
Completam a lista Lafayette Mendonça, Lastênio Calmon Júnior, Lauro Maciel, Leônidas Santos Damásio, Leopoldo Aires, Levi Saldanha, Lincoln de Carvalho, Luís Amaro Farol, Luís Arruda Campos, Luís da Câmara Cascudo, Luís Gonzaga Palmeira, Luís Guimarães Araújo, Luís Leite Oiticica, Luís Morgan Snell, Luís Passarelli, Luís Pujol, Luís de Sousa, Manuel Adolfo dos Santos, Manuel Cláudio da Mota Maya, Manuel Duarte, Manuel Elói Alvim Pessoa, Manuel Ferreira, Manuel Messias de Gusmão, Manuel Neto, Manuel Oliveira, Manuel Pedro de Campos, Manuel Sobrinho, Marcelo Torres, Maria Teles Ferreira, Marinha da Rocha Vaz Vernardelli, Marinho de Sousa Lobo, Mário Bulhões Ramos, Mário Dolores, Mário Giorgi, Mário Marroquim do Nascimento, Mário Reis, Martinho Penteado da Silva Prado, Maurício de Andrade, Maurício Lincoln de Abreu, Melquíades Rodrigues Monte, Miguel Seabra, Milcíades Ponciano Jaqueira, Mílton Albuquerque, Moacir Aguiar, Moacir Barbosa, Múcio Murgel, Nélson de Castro Silva, Nélson Dantas, Nélson de Oliveira, Nilo de Sousa Pinto, Nilza Peres, Oldemar Finkenauer, Olímpio Mourão, Omar de Freitas Almeida, Onésimo Coelho, Orlando Ribeiro da Costa, Orlando Sampaio, Oldemar Lacerda, Osmário do Prado Leite, Osni Campelo, Osolino Tavares, Osvaldo Ferraz, Osvaldo Nicácio, Osvaldo Urioste, Otaviano Santos, Oto Guerra, Otocar Rodolfo Grubbe, Paulo Aguirre Neiva, Paulo Figueira de Melo, Paulo Japiassu, Paulo Paulista de Ulhoa Cintra, Paulo Salvador, Paulo Vieira da Rosa, Pedro Amaral, Pedro Bentes, Pedro Carneiro Lejes Sobrinho, Pedro Ferreira, Pedro Ivo Rosteney, Pedro Morais, Peri da Silva Quintais, Pio Sampaio, Pompílio Espinheira, Ponciano Stenzel dos Santos, Raimundo Alves da Rocha, Raimundo Correia de Araújo, Raimundo Ribeiro Roland, Ramilson de Sá Barreto, Ramiro Coutinho, Raul Dias Cardoso, Raul de Melo Senra, Renato Egídio de Sousa Aranha, Renato Heinselmann, Renato Vieira da Silva, Renê Pena Forte Chaves, Ribas Farias, Ribeiro de Barros, Ricardo Grewaldt, Roberto Duque Estrada, Rocha Loures, Rodolfo Figueira de Melo, Rodolfo Weickert, Rodomarque Barros de Mendonça, Romano Toffoli Guião, Rômulo Mercuri, Rosalvo Wyne Queirós, Rubens Marcondes, Rui Presser Belo, Sálvio de Sá Gonzaga, Samuel Teixeira Magalhães D. Santa Guerra, Sebastião do Banho, Sebastião Cardoso D'Ávila, Serafim Lacerda, Sérgio Severo, Severino Novais, Severino de Resende, Silvério del Caro, Sílvio de Couto Prado, Sílvio Freire, Sílvio Vieira da Silva, Sílvio Wright Neto Machado, Sinfrônio Brochado Júnior, Sinval Carvalho, Telmo Amorim Pontual, Teófilo Canduru, Teófilo Costa, Tomás de Aquino, Tibiriçá de Oliveira, Tito Carlos Pereira Filho, Ulisses da Rocha Pereira, Val de Lírio Pimentel, Valdemar de Almeida, Valdemar Coutinho, Valdemar de Sá Peixoto Detarto, Valdemar Stelita Romeiro de Melo, Valdomiro Vasconcelos Ferreira, Válter Brandão de Oliveira Aguiar, Válter Cavalcanti Venceslau Dytz, Virgílio Guade Fleury, Virgílio Vieira Romão, Vítor Romaigna, Volnei Loureiro Tavares, Wilson Coutinho, Wilson Ferreira, Wolfram Metzler, Zeferino Contrucci, Zenóbio Ramos e Ziegler de Paula Bueno.



Relação dos componentes em anexo.


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