CAMPESINATO, RELIGIOSIDADE E FESTA NA COMUNIDADE RURAL LINHA CRICIUMAL EM CÂNDIDO DE ABREU -PR

June 6, 2017 | Autor: Juliano Strachulski | Categoria: Campesinato, Meio Rural
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CAMPESINATO, RELIGIOSIDADE E FESTA NA COMUNIDADE RURAL LINHA CRICIUMAL EM CÂNDIDO DE ABREU - PR Juliano Strachulski* RESUMO Este artigo visa caracterizar o campesinato de Linha Criciumal, bem como os eventos que possibilitam uma maior intensidade de relações sociais entre os membros da comunidade rural Linha Criciumal. Desse modo, o texto mostra de forma sintética a gênese da presente comunidade, apresentando na sequência as características do campesinato de Linha Criciumal, como o estabelecimento de relações de ajuda mútua, como os mutirões, as trocas de dias de serviço e os “plantios de as meia”. De forma complementar ressalta-se práticas sociais religiosas e festivas, que proporcionam grande união entre os membros da comunidade, como a procissão da Sexta-Feira Santa e a festa do Imaculado Coração de Maria. Palavras-chave: Linha criciumal. Campesinato. Procissão. Festa. INTRODUÇÃO A comunidade rural de Linha Criciumal, que teve sua origem no final do século XIX e início do XX, com a vinda de imigrantes do leste europeu, e que receberam lotes do governo brasileiro, com tamanho médio de dez alqueires paulistas, apresenta interessantes características, quanto a sua constituição interna, pois possui tanto os atributos de uma comunidade fechada, como o controle psicológico através da inveja institucionalizada, como de comunidade aberta (WOLF, 2003), pois visa tanto a subsistência como a venda de produtos ao mercado. Na presente comunidade, percebe-se claramente o desenvolvimento de práticas comunais, como a troca de dias de serviço *

Geógrafo, mestrando no Programa de Pós-Graduação em Geografia, Mestrado em Gestão do Território, da Universidade Estadual de Ponta Grossa. E-mail: [email protected]

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entre vizinhos, o “plantio de as meia” (parceria à meia), e os mutirões que atualmente ocorrem de forma esporádica. Tais formas de relação constituem-se em elementos que vêm a fortalecer os laços de harmonia entre os membros da comunidade. Contudo, a família conjugal, como unidade produtiva, tem o direito sobre sua produção, não dependendo de uma decisão coletiva acerca de o quê e quando plantar, definindo ela própria o que produzir e como vender, tendo na figura do pai o responsável por todos os procedimentos, desde o plantio até a venda dos produtos obtidos nas produções. Já as atividades religiosas, como a procissão da Via Sacra, na Sexta-Feira Santa, as visitações da “capelinha” e as festas periódicas, como a festa do Imaculado Coração de Maria (padroeira) garantem uma maior intensidade das relações sociais estabelecidas entre os membros da comunidade, tendo em vista que praticamente toda a comunidade participa direta ou indiretamente da realização das procissões, novenas e/ou festas. Todos esses elementos de sociabilidade favorecem ao diálogo entre os seus, que, ao ficar muito tempo sem se ver acabam se reencontrando através da religião e/ou festas. Assim, o presente trabalho teve como objetivo caracterizar o campesinato da comunidade rural Linha Criciumal, bem como os eventos que possibilitam uma maior intensidade de relações sociais entre os membros da comunidade. GÊNESE DACOMUNIDADE DE LINHACRICIUMAL A comunidade rural de Linha Criciumal, com coordenadas geográficas de 49º 36'33” E, e de 72º 38'35” N, pertence ao município de Cândido de Abreu, que por sua vez se localiza no centro do território do Estado do Paraná, uma das regiões do estado com maior concentração de estabelecimentos classificados como de agricultura familiar (IPARDES, 2007, p. 81). Segundo o Ipardes (2007, p. 82), a agricultura familiar é relativamente mais frequente nessa região, em relação ao Estado, com predomínio de unidades produtivas, com área total de quatro módulos fiscais e menos (87,3%), representando aproximadamente um terço das áreas destinadas à agropecuária nessa região, sendo que o município de Diálogos & Saberes, Mandaguari, v. 9, n. 1, p. 109-128, 2013 110

Cândido de Abreu, por sua vez, possui quase 40% de suas áreas constituídas por propriedades familiares (PARANÁ, 2006, p. 20). O tipo de propriedade familiar do território do Paraná Centro apresenta-se com área média de 25 hectares, estando próxima da média do estado (23,4 ha). Tal constatação confirma que os agricultores familiares donos das propriedades souberam se adaptar às mudanças políticas, sociais e econômicas que ocorreram no campo ao longo dos anos (êxodo, modernização da agricultura, expansão do agronegócio etc.), mantendo suas propriedades eaatividade agrícola familiar frente à expansão dos latifúndios. O histórico de formação e ocupação dessa região teve a organização do espaço sempre vinculada às atividades econômicas tradicionais, relacionadas na maioria das vezes a empreendimentos familiares de pequeno porte, como a agricultura, criação de gado e extração de recursos vegetais (IPARDES, 1985, p. 16), concentrando colonos poloneses e de demais etnias do leste europeu. Tais imigrantes vieram para o Brasil, especificamente para o Estado do Paraná, na passagem do século XIX para o XX, durante a política de colonização do governo deste Estado, com incentivos à colonização da região, caracterizando-a como uma região de agricultores familiares, com propriedades de pequeno e médio porte. Neste sentido, o histórico de formação da comunidade de Linha Criciumal teve sua origem na imigração europeia, que chegou à região da comunidade e ali se estabeleceu. No entanto, a formação da comunidade Linha Criciumal também contou com a presença de “caboclos”, que vieram de outras províncias e da própria província do Paraná, praticamente na mesma época em que os colonos europeus vieram para a presente região. A comunidade, como outras tantas, iniciou-se com poucas famílias de imigrantes que chegaram e logo ganharam a companhia de outras famílias, formando um agrupamento de pessoas que, apesar de as casas serem distantes umas das outras, acabaram por constituir uma comunidade. As primeiras famílias a chegarem no local foram: a de Ludovico e Senha Filiposki, Alexandre e Cristina Guiloski, Francisco e Francisca Czerski, Estefano e Estanislawa Strachulski, Alexandre e Estanislawa Tarades, depois vieram outras famílias como Pocholuico, Crul, Bruniski etc. Em conversas com os moradores mais antigos do local, pode-se Diálogos & Saberes, Mandaguari, v. 9, n. 1, p. 109-128, 2013 111

constatar que as famílias de colonos que ali chegavam recebiam do governo lotes em torno de 10 alqueires paulistas (entre 25 e 30 hectares). Assim como Seyferth (1985, p. 2) inferiu para a ocupação do vale do Itajaí-Mirim (SC), na região da comunidade Linha Criciumal o povoamento também obedeceu ao padrão geral da colonização europeia no sul do Brasil. Dadas as características geográficas da área: vales em “V” (aberto), com terrenos acidentados e cercados por pequenas serras. Portanto, os colonos tiveram que se adaptar às especificidades do meio físico local, tendo em vista que na Europa os terrenos, em sua maior extensão, encontravam-se em relevo plano. Já os lotes que aqui receberam apresentavam topografia acidentada comprometendo o uso de certos equipamentos, como o arado. Seus terrenos geralmente possuíam sangas (nascentes e pequenos córregos) em seu interior e apesar de apresentar quatro módulos fiscais e menos, a área destinada, ou melhor, a área “apta”, para a agricultura era muito pequena, independente da localização das propriedades da comunidade, pois o relevo é forte ondulado e as declividades em sua maioria encontram-se em torno de 24º. Os agricultores, assim, tiveram que adaptar o seu conhecimento agrícola europeu às características do meio físico local, pois até hoje a utilização de arados ou demais equipamentos para revolver o solo é pouco feita pelos agricultores. Neste sentido, passaram a adquirir características da agricultura dos nativos, chamados de “caboclos”, como a técnica de coivara (derrubada-queimada) com rotação de áreas e de cultivos, deixando áreas em pousio, bem como cultivando espécies vegetais nativas. Segundo os agricultores, os lotes recebidos do governo pelas famílias dos colonos eram financiados pelo governo da província do Paraná e eram pagos tanto em serviços prestados ao governo, como na abertura de estradas, em “picadas”, sempre em companhia de um engenheiro que “ia desviando das sangas”, como também eram pagos em dinheiro após a venda de seus cultivos. A prestação de serviços também permitiu a alguns a aquisição de mais terras. As estradas, assim foram abertas por serviços braçais, tanto por mulheres como por homens, que usavam foices, machados, enxadas, picaretas etc. Por ali não havia nada além da vegetação, segundo os Diálogos & Saberes, Mandaguari, v. 9, n. 1, p. 109-128, 2013 112

agricultores. Estes enfatizaram que até carroças tinham dificuldade em rodar pelas estradas, que para eles eram mais como caminhos. Tais caminhos tinham a função de ligar a comunidade com outras comunidades e com a comunidade núcleo de Teresa Cristina. A comunidade recebeu o nome de Criciumal pelos primeiros colonos que adentraram à região, devido à grande quantidade de uma espécie de taquara denominada de Criciúma (Chusquea sp.). Pouco mais tarde passou a se chamar de Linha Criciumal, levando-se em conta, além da grande quantidade de Criciúma, a forma de ocupação espacial dos colonos dessa região e de regiões vizinhas, que passaram a se estabelecer ao longo de uma estrada principal formando uma linha de ocupação (HAURESKO, 2002, p. 63), e que permanece até hoje. Todas essas especificidades acabam proporcionando um sentimento de união entre os membros da comunidade, pois havia a necessidade de um elevado contingente de mão-de-obrano tocante ao trabalho agrícola,permitindo que conseguissem se adaptar às especificidades dos seus lotes, de um lado, e de outro, permitindo que se estabelecessem e se intensificassem as relações de ajuda mútua, como as trocas de dias de serviço, os mutirões e plantios “de as meia”. Assim, as famílias acabam estabelecendo um sentimento de pertencimento com o local, pois apesar das grandes adversidades no início, se adaptaram e aprenderam a conviver com elas. CARACTERÍSTICAS DO CAMPESINATO LOCAL Os camponeses locais parecem manter uma produção agrícola mista, pois visa tanto a subsistência como também a venda de produtos ao mercado. Nesse sentido, assim como Wolf (2003, p. 119), parte-se do pressuposto que camponês é todo aquele trabalhador que se reproduz a partir da produção agrícola. Segundo Prado Junior (1966, p. 204 apud VELHO, 2009, p. 90) “A expressão camponês refere-se ao pequeno agricultor que é empresário de sua própria produção”. O camponês para Wolf (2003, p. 120) “tem por objetivo sua subsistência, não o reinvestimento. Seu ponto de partida são as necessidades definidas por sua cultura”. Os camponeses de Linha Criciumal têm como fonte principal Diálogos & Saberes, Mandaguari, v. 9, n. 1, p. 109-128, 2013 113

de renda a venda de parte da produção de feijão, que é a base tanto da economia como também componente básico da alimentação. O milho, outro cultivo de suma importância, assim como o feijão, faz parte da base alimentar, ao contrário do feijão é pouco comercializado, servindo mais ao consumo humano e animal. Outros cultivos locais que compõem a base alimentar são: a abóbora, a batata-doce, a cebola, a mandioca, a melancia, que dependendo da produção pode ser comercializada na comunidade núcleo (Teresa Cristina), o melão, o tomate, entre outros. Desta forma, a comunidade vai apresentar características de comunidade fechada ou corporada (WOLF, 2003. p. 123) com a venda de seus produtos para obter dinheiro para comprar insumos e implementos para subsistência e manutenção do status social, não para ampliar sua escala de produção. Uma interessante característica que Wolf (2003. p. 128) aponta para esse tipo de comunidade são os mecanismos de controle psicológico, como a inveja institucionalizada, que aparece em várias manifestações, tais como mexerico, ataques de mau olhado ou no medo e na prática da feitiçaria [...], pois o feitiço minimiza fenômenos desagregadores tais como a mobilidade econômica, o abuso do poder atribuído, ou a exibição individual de riqueza (WOLF, 2003, p. 129).

Isso se comprova na comunidade de Linha Criciumal, pois há sempre rumores de que uma pessoa possui o “livro de São Cipriano”, outros falam que tem gente que vai a “curandeiros”, “pais de santo” etc., para pedir a “desgraça” do outro ou pedir dinheiro. Outra característica é a utilização de tecnologia tradicional, pois na comunidade em questão ainda (se) utilizam como principais implementos agrícolas a foice, o machado, a enxada, a máquina de plantar milho e feijão e de tempos em tempos o arado. Segundo Wolf (2003, p. 129): [...] a tecnologia é mantida pela necessidade de aderir aos papéis tradicionais a fim de validar a situação de Diálogos & Saberes, Mandaguari, v. 9, n. 1, p. 109-128, 2013 114

membro da comunidade, e essa adesão é produzida pela negação consciente de formas alternativas de comportamento, pela inveja institucionalizada e pelo medo de perder o equilíbrio com o vizinho.

Compreende-se, contudo, que não existe campesinato que possa sobreviver vivendo no extremo da economia fechada, pois sempre haverá uma brecha para a entrada de capital de fora, ora por assédio exterior, ora por necessidade interna da comunidade (WOLF, 2003; QUEIROZ, 2009, p. 57). Assim, a comunidade analisada também possui características de comunidade aberta (WOLF, 2003, p. 130), pois comercializa grande parte de sua produção com o mercado externo e, com o processo de globalização, a comunidade tende a uma interação cada vez maior e mais contínua com o mundo externo, não se esquecendo, contudo, da riqueza essencial das comunidades campesinas, a cultura, que não permite uma homogeneização. A inserção de reflorestamentos de eucalipto há mais ou menos oito anos, em Linha Criciumal, mostra bem uma abertura cada vez maior da comunidade ao mundo externo, no entanto, a inserção no mercado não indica uma baixa campesinidade (WOORTMANN, 1990, p. 15). Além da inserção no mercado externo do feijão, na presente comunidade ocorre também a venda de animais, vivos ou mortos, entre os vizinhos ou a pessoas de outros locais, como renda complementar. Têm-se ainda agricultores que vão trabalhar em empresas madeireiras, no plantio de eucalipto, ou fazendo cercas e demais construções para fazendeiros, pois segundo um dos moradores: “feijão não dá nada, então a única coisa que dá dinheiro aqui [Linha Criciumal] são as cercas”. Assim, pode-se afirmar, em alusão ao que disse Seyferth (1985, p. 6), referindo-se aos camponeses do vale do Itajaí-mirim (SC), que alguns agricultores da comunidade são proletários-camponeses, pois além de trabalharem como agricultores também se sujeitam a proletarização em detrimento da má produtividade do feijão, tendo assim uma dupla jornada. Sendo assim, ocorre a formação de agricultores fortes e outros que são fracos, para citar Seyferth (1985, p. 4), pois outra característica Diálogos & Saberes, Mandaguari, v. 9, n. 1, p. 109-128, 2013 115

desse tipo de comunidade é “a acumulação individual e a exibição de riqueza durante (os) períodos de crescimento da demanda [...]” (WOLF, 2003, p. 131). Assim, veem-se na comunidade agricultores que possuem dois a três veículos, uma casa grande de alvenaria e repleta de eletrodomésticos e eletroeletrônicos, com quase cem por cento de sua produção voltada ao mercado externo. Já outros vivem em casas de madeira, mais modestas, quando no máximo se tem um fogão a lenha e uma geladeira de pequeno porte e a sua produção voltada mais ao consumo do que a comercialização, acarretando também na troca de produtos entre esses agricultores. Em Linha Criciumal, inclusive há casos em que ocorre uma livre circulação de dinheiro até mesmo dentro da própria família, pois um pai pode pagar para um filho o dia de trabalho como o inverso também. O exemplo encontra-se na seguinte frase, em que um filho reclama do pai pelo baixo valor pago pelo dia de trabalho: “se o pai me paga quinze [R$ 15,00] pra ir arrancar o [feijão] do pai eu pago vinte [R$ 20,00] pro pai arrancar o meu [feijão] e eu não ter que ir”. Como aponta Wolf (2003, p. 132), é preciso “evitar a visão da produção para subsistência e para o mercado como dois estágios progressivos de desenvolvimento”, pois se deve compreender que há uma alternância repetitiva dos dois tipos de produção na mesma comunidade, percebendo-se que ambos os tipos podem ser respostas alternativas às mudanças das condições do mercado externo. A comunidade Linha Criciumal, apesar de assim ser denominada, não apresenta o uso comum das terras, sendo todas propriedades privadas. Assim, as decisões, quanto à produção, à compra de implementos, de equipamentos e de mudança de cultivo são tomadas pelas famílias individualmente. Como exemplo dessa liberdade de escolha, houve, há alguns anos, de três a quatro famílias que resolveram trabalhar por certo período com a fumicultura, ao invés dos tradicionais cultivos de milho e de feijão, havendo também os arrendamentos de terra, apesar de serem pouco expressivos. Os terrenos familiares podem ser descontínuos, possuindo várias parcelas, tanto próximas, quanto distantes da moradia, sendo que alguns agricultores têm que andar mais de dois quilômetros todos os dias, Diálogos & Saberes, Mandaguari, v. 9, n. 1, p. 109-128, 2013 116

até chegar à área de lavoura mais distante. O total de terras que essas famílias de agricultores possuem e utilizam é o resultado da soma de várias glebas, adquiridas por herança e/ou compradas, que foram preservadas ao longo do tempo e que se relacionam com a condição geográfica do ambiente. Outros lotes rurais são um todo, em que todas as parcelas encontram-se dispostas em uma mesma propriedade. As propriedades basicamente dividem-se em área de lavoura e de moradia e, em alguns casos, também a de pastagem. Essas propriedades são chamadas pelos agricultores de sítios, conceito abrangente que engloba não somente a área de morada e lavoura, mas tudo aquilo que contém em suas terras, como: pastagens, riachos, vegetação, benfeitorias, animais, plantações etc. Na área de lavoura, o pai é quem comanda as ações, apesar de todos irem para a “lida”, exceto as filhas, as quais de tempos em tempos também vão para a “roça”. É o pai quem decide sobre a época de plantio e de colheita: onde fazer esse plantio, os insumos que serão utilizados, além de ser ele o responsável pela venda da produção. O pai também se encarrega da distribuição das tarefas, pois os filhos em idade adulta normalmente auxiliam na lavoura, os mais novos auxiliam a mãe nos afazeres da casa e do terreiro, como dar comida aos animais, buscar lenha etc. Já na área de moradia, a mulher parece ter um maior controle, sobre o terreiro, que é a entrada de sua varanda e sobre a casa, onde se alimentam, dormem, e discutem acerca da lavoura. As filhas que ficam na casa, encarregam-se dos afazeres domésticos inerentes à casa, como lavar a louça, fazer comida, limpar a casa etc. Na área de moradia também se tem o paiol, onde guardam insumos e implementos, e o terreiro é o local em que se encontram os animais domésticos (cães e gatos) e aqueles destinados para o consumo (porcos, e galinhas). Deste modo, parece conveniente o que disse Mendras (1978, p. 81), pois: [...] parece característico das sociedades camponesas que toda a vida econômica seja organizada no seio dos grupos domésticos e que a repartição das tarefas

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entre sexos e idades se faça no interior do grupo doméstico, em virtude de princípios de divisão do trabalho comuns a toda a sociedade e suas características próprias.

Em relação à tomada de decisão, os filhos parecem ser os atores coadjuvantes, pois não se leva muito em consideração sua opinião quanto à lavoura, nem mesmo sobre a casa. que é de domínio da mãe, sendo sempre subordinados ao pai e à mãe, a não ser que se casem e vão morar em outra casa, constituindo outra família. Apesar da liberdade de cada família, em relação à produção e ao controle de sua propriedade, ainda persistem relações coletivas compartilhadas por toda a comunidade, como a troca de dias de serviço na lavoura, em que ocorre a ajuda mútua entre famílias no tocante à colheita de feijão. Geralmente toda família ajuda os vizinhos, para depois os vizinhos retribuírem a ajuda. Também tem o plantio em parceria ou por porcentagem. Isto ocorre quando a pessoa que não possui a propriedade da terra, trabalha nas terras de outra pessoa e combina com ela os valores que serão pagos pelo uso das mesmas, podendo ser em dinheiro ou em quilos (sacos) do produto cultivado (geralmente é o feijão). Outra prática interessante é a realização de mutirões, que atualmente ocorrem de forma restrita e somente em casos extremos. Por exemplo, quando alguma pessoa fica doente e trabalha sozinha ou possui somente filhas mulheres, várias pessoas se reúnem para prestar auxílio na colheita do feijão ou construção de cercas.Assim, como infere Queiroz (2009, p. 58): O gênero de vida que levam é marcado pela coletivização das atividades, sendo a principal delas a ajuda mútua no trabalho, sob a forma de mutirão, muxirão, batalhão ou outro nome qualquer: quando, para determinada tarefa, se requer quantidade de mão-de-obra, os habitantes da comunidade atendem à convocação, sabedores de que poderão contar com o auxílio dos outros, em condições idênticas.

As práticas produtivas tradicionais realizadas pela família Diálogos & Saberes, Mandaguari, v. 9, n. 1, p. 109-128, 2013 118

conjugal enquanto unidade econômica como: o plantio direto, a queimada e/ou roçada, a troca de dias de serviço entre vizinhos, o plantio em parceria, constituem-se em características particulares, pois demonstram uma forma específica de ajustamento ao meio ecológico local e fortalecem os laços de harmonia entre os membros da comunidade. Já as atividades religiosas, por meio das procissões e festas periódicas, como a festa do Imaculado Coração de Maria (a Padroeira) garantem maior intensidade dessas relações entre os membros do grupo, promovendo uma maior união entre todos, pois praticamente toda comunidade ajuda direta ou indiretamente na realização das festas, que visam arrecadar fundos para a igreja. Além disso, há rodas de chimarrão, partidas de truco, torneios de futebol, festas de ano novo, em que uma pessoa sai convidando os demais membros da comunidade para celebrar consigo a virada do ano e ou festa de aniversários, em que também se convidam pessoas da comunidade para uma bela celebração. Em meio a esse conjunto de relações sociais, aparece com muita intensidade o sentimento de pertencimento à comunidade. RELIGIOSIDADE E FESTA No presente local percebem-se nitidamente características típicas de comunidade rural católica, apesar da presença de uma minoria evangélica, pois os moradores geralmente participam das atividades religiosas dentro da Igreja, como as missas e os cultos, sendo que as missas são celebradas uma vez por mês, com a vinda do padre, e os cultos são realizados pelos próprios moradores, ocorrendo todos os domingos. Embora a maioria seja católica, nem todos os moradores participam das atividades realizadas na Igreja. Já as atividades que ocorrem fora da Igreja, como as festas, procissões e visitações reúnem grande número de pessoas. Esta catolicidade é comprovada pelas palavras de Brandão (1989, p. 39), o qual infere que: [...] o que torna ritual uma cerimônia devota do catolicismo é sua qualidade de deslocamento, de viagem: [...] Conduzindo seres sagrados através de Diálogos & Saberes, Mandaguari, v. 9, n. 1, p. 109-128, 2013 119

espaços profanos, como a procissão; levando símbolos e sentidos de sacralidade à casa do outro, como na visitação [...].

Dessa forma, na presente comunidade, normalmente ocorrem visitações da “santinha” (capelinha), em que se leva a imagem da Virgem Maria dentro de uma pequena capela feita de madeira, conduzida à casa do morador (católico) seguinte pelo anterior que a recebeu, cujo objetivo é a realização de uma novena, além da ocorrência de uma procissão na Sexta-Feira Santa. Normalmente os dias santos de guarda são seguidos à risca pelos moradores, pois não se trabalha nem se realiza qualquer atividade. O feriado religioso mais importante, ou um dos mais importantes é o da Sexta-feira Santa, em que os devotos mais fervorosos não saem de casa o dia todo, a não ser para ir à procissão, e também passam praticamente o dia todo sem comer nem ingerir qualquer tipo de líquido, permanecendo em jejum até às seis horas da tarde. Isso se confirma com uma singela pergunta feita na Sexta-Feira Santa a um morador: O senhor por acaso não teria água aí? - Ele responde: Eu não tomei nada o dia inteiro e pra mim tá bom. Como Jesus ficou quarenta dias e quarenta noites sem comer nem beber? Porque nós não podemos ficar um dia?

O diálogo acima mostra que a Via Sacra deve ser feita em jejum, e, segundo os moradores , este marca o sacrifício de cada um pela crucificação de Cristo que é considerado O Salvador pelos fiéis da comunidade. Esta procissão de Via-Sacra normalmente sai da casa de alguma autoridade religiosa (coordenador do conselho), tendo seu início por volta das duas horas da tarde. As pessoas seguem o caminho, a maioria de chinelos, em sinal de respeito e sacrifício pela morte de Cristo, carregando a imagem de seu Salvador Crucificado (cada um carrega até certo trecho e então repassa a outra pessoa). À medida que a procissão progride ela vai encontrando pelos caminhos novos integrantes que esperam em suas casas ou em cruzamentos principais das estradas. Esta celebração ocorre juntamente Diálogos & Saberes, Mandaguari, v. 9, n. 1, p. 109-128, 2013 120

com a reza do terço, que é conduzida desde o local de saída, parando na casa de cada pessoa católica. Ali se reza uma dezena do terço, com destino à igreja da comunidade Linha Criciumal. Neste sentido, confirma-se o que diz Brandão (1989, p. 32) quando afirma que “no catolicismo camponês a reza do terço tanto pode ser todo o rito de um momento quanto pode acompanhar qualquer outro: a procissão, a romaria, a festa e a folia [...]”. Após a chegada à igreja, os fiéis dão algumas voltas ao seu redor, continuando com a reza do terço e em seguida entram na igreja, onde celebram o culto. O percurso que fazem até chegar à igreja relembra o enterro de Cristo. Posteriormente a celebração do culto ocorre um momento de socialização, em que se compartilham gentilezas, em meio a conversas com parentes e “compadres” que se encontraram graças à devoção religiosa. Quando se retorna para a casa, o jantar preparado não inclui carne, pois dizem que isto ocorre em respeito ao “sangue de Jesus que foi derramado”. Outro elemento da catolicidade local é a realização anual no último domingo de janeiro, da festa em homenagem à Padroeira, que é o Imaculado Coração de Maria, entretanto para a igreja tal festa comemora-se no dia 16 de junho. Quando se pergunta por que a festa é realizada no começo do ano, então os organizadores respondem: “É porque nesse tempo todo mundo tem dinheiro na mão”. Tal celebração aliada às visitações da “capelinha” confirma as palavras de Brandão (1989, p. 31), pois, Nossa Senhora, a Virgem Maria, é o ser santificado que abarca a maior pluralidade de formas de celebração popular no mundo camponês. Ela é um ser de festa, de procissão, de romaria, de folia, de cortejo e de visitação.

Apesar de a festa ocorrer somente no dia 29 de janeiro, os preparativos começam alguns meses antes, pois os organizadores (Conselho da Igreja) tem que pedir prendas (animais como: porcos, galinhas e vacas, utensílios em geral) para o leilão e também conseguir doação de gado para o churrasco. Para tanto, a dinâmica festiva não se restringe apenas ao dia de sua realização, tendo um caráter Diálogos & Saberes, Mandaguari, v. 9, n. 1, p. 109-128, 2013 121

organizacional até o dia da festa. Como exemplo, tem-se a realização das reuniões do conselho da igreja, que elege os festeiros, pessoas que participarão trabalhando na festa ou doando um determinado valor, normalmente se encarregam de organizá-la, promovendo uma maior integração entre seus membros e as pessoas da comunidade que deles receberão as tarefas que terão que executar no dia da festa. O dia anterior ao da festa, na parte da manhã, é destinado à limpeza da igreja pelas mulheres. Já os homens fazem a roçada do mato, confeccionam as mesas e bancos, vão a “capoeira buscar espetos”, apanhar madeira para a churrasqueira, entre outras atividades. No período da tarde, os homens se incumbem do preparo da carne (temperá-la). À noite, as mulheres ficam encarregadas de cozinhar batatas, em meio à ingestão de bebidas e muita descontração. Aproximadamente cinco horas da madrugada do dia seguinte (dia da festa) as mulheres se reúnem numa determinada casa e começam a fazer a maionese. Enquanto elas preparam a maionese, cerca de sete horas da manhã os homens começam a fazer o fogo para assar a carne. A partir das oito horas da manhã começam a chegar os primeiros “festeiros”. Nesse momento é que se vê a ação coletiva intensificando os laços de afetividade e de pertencimento ao lugar, com os preparativos sendo realizados de forma coletiva. A festa tem como palco o “terreiro” do entorno da igreja, local em que se encontram as churrasqueiras, um caminhão com caixas de som na carroceria (cedido ou alugado), um galpão, onde as pessoas convocadas a trabalhar na festa ficam vendendo as fichas para a compra de bebidas, salgados, doces e do churrasco, outras ficam entregando os pedidos e outras mais, cuidando do churrasco. As pessoas que vão à festa para trabalhar parecem ficar à sua margem, pois permanecem praticamente o dia todo dentro do galpão. Já o coordenador do conselho, o responsável pela organização, tem o papel mais importante e mais ingrato também. É o mais importante, pois é ele que decide como acontecerá à festa. A parte ingrata de ser o coordenador é que não desfruta da festa, pois recaem sobre ele, praticamente, todas as decisões. Desde as primeiras horas de festa a música já começa a animar as pessoas que vêm chegando e estas logo são abordadas por crianças que Diálogos & Saberes, Mandaguari, v. 9, n. 1, p. 109-128, 2013 122

colocam uma fita de festeiro, e em troca essas pessoas devem dar qualquer valor a partir de dez centavos. Tal fita identifica a pessoa como participante da festa, tornando-se um símbolo de receptividade, apesar de normalmente ter que se pagar por ela. Perto das dez horas, aumenta o fluxo de pessoas, pois chega o momento da missa, que ocorre às dez horas da manhã, sendo celebrada pelo padre e de forma concomitante a festa, nem mesmo o sistema de som é desligado. Neste sentido, corrobora-se com o pensamento de Brandão (1989, p. 37) quando fala que o catolicismo pode combinar um grande número de formas diferentes de celebrações e fazer formas diferentes de celebrações sucederem-se umas às outras, pois em Linha Criciumal, ao mesmo tempo em que ocorre a festa do Imaculado Coração de Maria, como visto, também ocorre a missa. Assim, não se pode esquecer que nesses momentos em que as pessoas fogem do cotidiano para participar da festa, é o espaço das exaltações em que fé e festa são motivos de se viver intensamente suas vidas. Cada um desfruta desse espaço de diversas formas: trabalhando, orando, e se divertindo, para muitas pessoas os momentos de diversão estão atrelados aos momentos da oração. A festa, além de alegria, de celebração religiosa, é também um local de reencontros, em que pessoas (compadres e comadres) que há muito tempo não se viam acabam se reencontrando, passando a trocar gentilezas, expandindo os laços de união, e até fazendo novas amizades, pois para a festa não vem somente pessoas da comunidade, mas de outras comunidades, de outras cidades como, Reserva, Ponta Grossa e Curitiba e dela também participam os moradores evangélicos da comunidade. As pessoas que vêm, para a festa, de outras cidades normalmente são ex-moradores da comunidade, que vêm com suas famílias ou trazem seus amigos para celebrar e se divertir. Ao contrário de estudos, como os de Cambuy (2011, p. 161) que apontam que os evangélicos não participam de celebrações católicas, nem comem comidas feitas por estes, aqui isso não ocorre, pois os evangélicos, além de participarem da festa e comerem suas comidas, em alguns momentos ajudam até nos preparativos desta. A integração entre pessoas das comunidades e/ou cidades diferentes normalmente ocorre entre os jovens, que interagem por meio Diálogos & Saberes, Mandaguari, v. 9, n. 1, p. 109-128, 2013 123

de relações afetivas como as paqueras. O estímulo às paqueras vem através do “correio-elegente”, uma espécie de mensageiro do amor. São escritas frases românticas e coladas a bombons, que são ofertados por algumas jovens que os vendem. A pessoa que compra o bombom com a mensagem pede que estas jovens o entreguem a alguém em quem a pessoa que comprou ficou interessada. Em meio a todos esses acontecimentos, um dos momentos mais importantes da festa é o leilão, que ocorre concomitante a tudo isso, sendo conduzido pelo “narrador de leilão”, um dos personagens mais importantes da festa, ele é o responsável por instigar os presentes a darem seus lances para arrematar as prendas, cujo lucro é direcionado à manutenção da própria festa e de benfeitorias para a igreja. O leilão, geralmente ocorre a partir das duas da tarde e vai até próximo das cinco horas. Encontra-se de tudo, desde uma sacola com abacaxis, bolos, um quadro de santo, um chapéu, porcos, galinhas e até uma novilha. Nesse momento a carroceria do caminhão é o palco principal da festa, todas as atenções são voltadas para ela. Aproveitando-se da situação, alguns políticos fazem uma propaganda política “disfarçada”, pois não falam abertamente de suas intenções, mas lendo as entrelinhas percebe-se claramente sua intenção em angariar votos para as próximas eleições. Concomitante ao leilão ocorre também a venda de uma rifa e a realização de um bingo. Outra forma de sociabilidade que ocorre durante o leilão é o jogo do truco. Com o fim do leilão, e com todas as prendas arrematadas, tem-se o início do “matibaile”, que ocorre no galpão, agora este é o palco principal, onde eram vendidas as fichas e entregues as bebidas, doces e salgados. É o evento mais “festivo” da festa, pois todos dançam, desde crianças, pessoas de idade e outros que nunca tinham se visto antes. É um momento de integração em que ninguém fica parado, todos ocupam o pequeno espaço destinado para a dança, ao som de músicas gaúchas e sertanejas. Completando o raciocínio, entende-se que nas festas, nos posicionamos diante de uma coletividade em que muitos ‘estranhos’ tornam-se ‘próximos’, e isto em virtude da excepcionalidade expositiva e receptiva e do momento festivo (MAIA, 1999, p. 197). Diálogos & Saberes, Mandaguari, v. 9, n. 1, p. 109-128, 2013 124

Às seis horas ou no máximo às sete horas a festa se dá por encerrada, as pessoas voltam para suas casas, muito cansadas, mas também felizes, tanto aquelas que trabalharam na festa como aquelas que somente vieram para se divertir. As festas populares como essa de Linha Criciumal são como rituais e, dessa forma, versam sobre “momentos especiais de convivência social, [...] sendo momentos extraordinários marcados pela alegria e por valores que são considerados altamente positivos” (DAMATTA, 1983 apud MAIA, 1999, p. 192). Assim, as atividades que envolvem toda a comunidade como as festas periódicas e procissões garantem uma maior intensidade de relações entre os membros do grupo, fortalecendo os laços de união da comunidade, bem como criando laços entre moradores de comunidades diferentes, até aproximando religiões. CONSIDERAÇÕES FINAIS O presente trabalho apresentou elementos importantes da comunidade rural de Linha Criciumal no que tange a sua gênese, ressaltando características de sua formação. Assim, os camponeses da presente comunidade têm características próprias ao que se refere à organização de seu “sítio”, muitas vezes associada à autoridade do patriarca. A individualidade da família conjugal aliada à necessidade de um elevado contingente de mão-de-obra, no tocante ao sistema produtivo, permitiu que conseguissem se adaptar às especificidades dos seus lotes, de um lado, e de outro, permitiu que se estabelecessem certas relações de ajuda mútua com seus vizinhos, como as trocas de dias de serviço, os mutirões, o plantio “de as meia” etc. Outras práticas mais afeitas ao meio social vêm permitindo a integração da comunidade, com uma capacidade incrível de mobilização de pessoas, no que tange à realização de eventos coletivos, como procissões e festas. Tal sociabilidade é criada pelas relações que se estabelecem no dia-a-dia e que tendem a se intensificar nos eventos coletivos, pois nesses há a participação de praticamente toda comunidade de forma direta ou indireta. Diálogos & Saberes, Mandaguari, v. 9, n. 1, p. 109-128, 2013 125

A festa do Imaculado Coração de Maria é o maior exemplo de união da comunidade, pois mobiliza um grande contingente de pessoas, em que cada uma cumpre o seu papel. Essa mobilização, tanto tem a ver com o motivo religioso (devoção), com a realização da missa, como também o motivo social, pois as pessoas relacionam-se de formas diferentes e por diferentes motivos. PEASANTRY, RELIGIOSITY AND PARTY IN THE RURAL COMMUNITYLINHACRICIUMALIN CÂNDIDODEABREU - PR ABSTRACT This article aims to characterize the peasantry of Linha Criciumal, as well as the events that allow a greater intensity of social relations among members of the rural community Linha Criciumal. In this way, the text shows in summary form the genesis of this community, presenting the following characteristics of the peasantry Linha Criciumal,, such as the establishment of relations of mutual help and joint efforts, exchanges of days of service and the "plantio de as meia". Supplementary shaped emphasized religious and festive social practices, which provide great union among the members of the community as the procession of Good Friday and the feast of the Immaculate Heart of Mary. Keywords:Linha Criciumal. Peasantry. Procession. Party. REFERÊNCIAS BRANDÃO, C. R. A cultura na rua. Campinas, SP: Papirus, 1989. CAMBUY, A. O. S. Comidoria em João Surá: o sistema alimentar como um fato social total. 2011. Dissertação (Mestrado em Antropologia Social)-Universidade Federal do Paraná, Curitiba, 2011. Disponível em: . Acesso em: 15 maio 2012. Diálogos & Saberes, Mandaguari, v. 9, n. 1, p. 109-128, 2013 126

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