Cannabis sativa muito mais que uma droga ilicita possiveis farmacos

May 27, 2017 | Autor: Lucas Paconio | Categoria: Cannabis, Prohibition of Canabis and Drugs, Therapeutic Properties of Cannabis
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V Seminário Ensino em Saúde Trabalho Prescrito-Trabalho Real: Formação Profissional em Saúde 20 e 21 de outubro de 2016 Diamantina - MG Cannabis sativa muito mais que uma droga ilícita, possíveis fármacos Lucas Paconio Silva(1,*), Fernanda Maria Rodrigues(1) e Igor Ribeiro Abreu (1) 1

Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri – UFVJM, Diamantina-MG.

E-mail: [email protected] Palavras chave: canabidiol, Cannabis sativa; cannabinoids; therapeutic properties; envolvendo as 107 maiores cidades do país -

INTRODUÇÃO Este ensaio tem como objetivo discutir sobre a redução de danos a sociedade e aos seus usuários relacionado ao comércio ilegal de cannabis,

além

de

evidenciar

o

potencial

farmacêutico e a falta de pesquisas cientificas. Como será mostrado, a cannabis possui um grande potencial terapêutico sendo de grande relevância

para

a

comunidade

médica.

É

importante que pesquisas sobre este tema sejam realizadas para que em um futuro próximo possamos esclarecer melhor mitos e verdades sobre está planta. “Para alguns autores, é possível, até, admitir que, nos processos de elaborações de leis e políticas sobre o tema, vem havendo um desprezo às posições científicas, quando

não

uma

negligência

sistemática.”

2001, estima que 6,9% dos Brasileiros fizeram uso de maconha durante a vida. Estes mesmo estudos mostram que a maconha é a droga que é mais usada. Mesmo com a proibição e sua criminalização, o tráfico de maconha é muito intenso. Esta postura repressiva tanto quando ao uso quanto ao tráfico permaneceu durante décadas no Brasil, tendo para isso o apoio da Convenção

Única

de

Entorpecentes,

da

Organização das Nações Unidas (ONU), de 1961, da qual o Brasil é signatário. Como sabemos, essa convenção ainda considera a maconha uma droga extremamente prejudicial à saúde e à coletividade, colocando-a

comparando-a em

duas

listas

à

heroína

e

condenatórias.

(CARLINI, 2006, p. 316)

(VIDAL, 2009, p. 62-63). Foi também na década

Essa maldição sobre a maconha tem reflexos

de 1930 que a repressão ao uso da maconha

negativos em outras áreas como as de pesquisas

ganhou força no Brasil. Possivelmente essa

cientificas. Está sobejamente provado que o D9-

intensificação das medidas policiais surgiu, pelo

tetraidrocanabinol (D9-THC), o princípio ativo da

menos em parte, devido à postura do delegado

maconha, tem efeito antiemético em casos de

brasileiro na II Conferência Internacional do Ópio,

vômitos induzidos pela quimioterapia anticâncer e

realizada em 1924, (...). E, obviamente, os

é um orexígeno útil para os casos de caquexia

delegados dos mais de 40 países participantes

aidética e a produzida pelo câncer. (...) houve e

não estavam preparados para discutir a maconha.

há resistências, inclusive no Brasil, em aceitar

(CARLINI, 2006, p.316).

essa substância como medicamento.” (CARLINI, 2006, p. 316).

DISCUSSÕES Em pesquisa realizada no artigo Uso de drogas psicotrópicas

no

Brasil:

pesquisa

domiciliar

Após muitos anos de repressão e combates ineficazes contra o consumo de cannabis, surgem

linhas de pesquisa para o uso de componentes

tratamento

de

da planta, denominados canabinóides, para usos

mostrando

que

medicinais. “[...]O termo canabinóides foi atribuído

expoentes positivos em tratamentos de algumas

ao grupo de compostos com 21 átomos de

doenças em muitos casos principalmente onde

carbono presentes na Cannabis sativa, além dos

outras drogas não atingiram a expectativa no

respectivos

e

entanto devido ao baixo número de pesquisas

possíveis produtos de transformação.” (ARROIO;

ainda sim a indicação para o uso de canabinóides

SILVA, 2015, p. 319).

continua baixo mas devido a evidencias da

ácidos

carboxílicos,

análogos

dor

neuropática

canabinóides

e

cefaleia

podem

ser

eficácia da droga a autora mostra expectativas Como

no

artigo

Aspectos

terapêuticos

de

compostos da planta Cannabis sativa. Química Nova [online]. 2006, vol.29, n.2, pp. 318; mostra o grande potencial para aplicações em fármacos os canabinóides demonstram diversas aplicações mas os efeitos psicotrópicos ainda demonstram um empecilho. O artigo fomenta as pesquisas

em relação as pesquisas futuras sobre o assunto. “Os dados científicos até agora disponíveis permitem concluir que o canabidiol poderá desempenhar um papel importante no tratamento de

epilepsias

muito

difíceis,

em

casos

específicos, ainda não definidos cientificamente” (BRUCKI, et al., 372).

pois ainda são baixos os números de estudos e

Com o advento das pesquisas sobre cannabis,

testes de canabinóides. “O uso medicinal da

surge um movimento social que prega o cultivo

Cannabis hoje é permitido em alguns estados

doméstico

americanos e em países como Holanda e Bélgica,

mercado criminalizado da planta.

para aliviar sintomas relacionados ao tratamento

“Somente com o nascimento de um movimento

de câncer, AIDS, esclerose múltipla e síndrome

social baseado na prática do cultivo de Cannabis

de Tourette.” (ARROIO; Silva, 2015, p.318). Na

para consumo pessoal ou para compartilhamento

planta cannabis sativa, segundo Agnaldo Arroido,

entre um circuito fechado de pessoas e da

2006, foram identificadas 421 dentre elas o

emergência de leituras mais abrangentes acerca

Canabigerol testado para aumentar o apetite e o

do conceito de Redução de Danos, tornou-se

canabidiol

obrigatória a inclusão de uma nova figura nas

usado

para

controle

de

certas

como

melhor

relacionadas com o uso de maconha: as pessoas

entendimento a cannabis sativa e seus possíveis

que plantam para consumo próprio.” (VIDAL,

benefícios.

2009, p. 69)

“Clínicas

metodologicamente

são

bem

conduzidas

limitadas,

pois



políticas

ao

estudos

um

e

alternativas

discussões

para

leis

das

epilepsias; substancias estas que necessitam de aprofundados

sobre

uma

públicas

CONSIDERAÇÕES FINAIS

restrição legal ao uso de medicamentos derivados

A criminalização da maconha pode estar gerando

do cannabis, embora o canabidiol um dos

mais problemas do que o realmente deveria,

principais canabinóides pesquisados atualmente

como dito anterior mente, a maconha é a droga

e não possua propriedades psicoativas.” Sonia

mais utilizada e devido e sua falta de legalidade,

Brucki, 2015.

gera trafico desta droga no país. Uma distribuição

Segundo Sonia Brucki estudos realizados com

sem controle de qualidade aos usuários, assim

canabinóides para o tratamento de epilepsia,

como a agressividade policial aos usuários e as

esclerose

classes sociais desfavorecidas cujo são afetas

múltipla,

doença

de

Parkinson,

pelo comércio ilegal são problemas que podem

CHERNOVIZ, Pedro Luiz Napoleão. Formulário e

ser evitados com uma política melhor formulada

guia médico. Paris: Livraria de A. Roger & F.

para tratar da maconha no Brasil. Caso haja

Chernoviz. 1888 apud CARLINI, 2006, p. 315.

alguma regulamentação entorno da droga. A

GALDURÓZ, J.C.F; NOTO, A.R.; NAPPO, A.S;

regulamentação

da

CARLINI, E.A. Uso de drogas psicotrópicas no

maconha no Brasil, seria um grande passo para

Brasil: pesquisa domiciliar envolvendo as 107

um melhor combate ao tráfico, uma vez que é a

maiores cidades do país. 2001. Rev Latino-am

droga mais utilizada e também a comunidade

Enfermagem 2005 setembro-outubro; 13(número

academia poderia melhor estudas possíveis

especial):888-95.

princípios ativos relacionado a cannabis, uma vez

VIDAL, Sergio. A regulamentação do cultivo de

que esse devido a proibição do cultivo no território

maconha para consumo próprio: uma proposta de

Brasileiro e o processo para trabalhar com

Redução

substancias controladas é muito dificultado. Com

incidências clínicas e socioantropolicas. EDUFBA,

a facilitação do estudo da cannabis poderias

2009, p. 61-69.

do

uso

e

distribuição

melhor entender estes compostos canabinóides uma vez que foi mostrado que pode ser uma alternativa para tratamentos de muitas doenças, sintomas e síndromes. Porém, desde já, devemos considerar

o

estudo

de

cannabis

pela

comunidade científica do país, o que pode levar a um melhor entendimento sobre a cannabis para auxiliar

a

elaboração

melhores

leis

e

regulamentações no país. REFERÊNCIAS ARROIO,

Agnaldo;

SILVA,

Albérico

Borges

Ferreira da. Aspectos terapêuticos de compostos da planta Cannabis sativa. Química Nova [online]. 2006, vol.29, n.2, pp. 318-325. BESSA, Marco Antônio. Contribuição à discussão sobre a legalização de drogas. Ciênc. saúde coletiva [online]. vol.15, n.3, pp. 633-636, 2010; ISSN 1413-8123. BRUCKI, Sonia M. D. et al. Canabinoides e seu uso em neurologia – Academia Brasileira de Neurologia. Arq. Neuro-Psiquiatr., São Paulo, v. 73, n. 4, p. 371-374, abr. 2015. CARLINI, Elisaldo Araújo. A história da maconha no Brasil. J. bras. psiquiatr. 2006, [online]. vol.55, n.4, pp. 314-317.

de

Danos.

Livro:

Toxicomanias:

AGRADECIMENTOS Agradecemos aos nossos pais, a UFVJM e a república Sambarilove pelo apoio.

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