CAPA - Museus e memória indígena no Ceará: uma proposta em construção

August 12, 2017 | Autor: Alexandre Gomes | Categoria: Etnicidade, Museus Indígenas, Museus Comunitários
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Alexandre Oliveira Gomes e João Paulo Vieira Neto

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Uma proposta em construção

O museu é um lugar dinâmico. Para além da preservação de memórias, neste espaço acontece a construção da diversidade étnica e da alteridade, tão necessárias à aceitação das diferenças. Infinitas são as atividades a serem desenvolvidas no espaço museal indígena: expressões ritualísticas, oficinas para reaprender e reinventar saberes aparentemente esquecidos, trabalhos com a história oral. Os guardiões da memória coletiva, os “troncos velhos”, podem narrar, para as novas gerações, suas lembranças e conhecimentos, a partir da cultural material e simbólica. O museu transforma-se num potencial vetor para dar visibilidade às diferenças culturais e terreno fértil para as lutas provindas do processo de construção social da memória. A atuação de sujeitos outrora marginalizados e as possibilidades de (re)escrita da história, tornam os museus lugares privilegiados no conjunto de lutas provindas da organização dos povos indígenas contemporâneos.

Museus e memória indígena no Ceará

de orientar a (re)estruturação destes espaços de memória comunitários. O livro que ora chega às mãos do leitor foi elaborado a partir do relatório Propostas de (re)estruturação museológica para comunidades indígenas no Ceará. Traz os resultados dos diagnósticos participativos e das reflexões que os fundamentaram, de acordo com as demandas e potencialidades apontadas durante as oficinas. A publicação está dividida em três partes. Na primeira (A construção das memórias indígenas no Ceará), realizamos uma discussão conceitual sobre o processo de construção da diversidade de memórias indígenas no Ceará, enfatizando a importância política da memória nos processos de etnogênese, organização comunitária e afirmação étnica. Nos outros dois capítulos apresentamos as sugestões e possibilidades para a organização desses museus, lembrando sempre tratar-se, como afirma o título desta publicação, de uma proposta em construção.

Museus e memória indígena no Ceará Uma proposta em construção

Alexandre Oliveira Gomes João Paulo Vieira Neto

Existem hoje três museus indígenas no Ceará: o Memorial Cacique-Perna-dePau, construído pelos Tapeba, em Caucaia, no ano de 2005; a Oca da Memória, organizada pelos Kalabaça e Tabajara, em Poranga, em meados de 2008; e o Museu dos Kanindé, em Aratuba, organizado pelo Cacique Sotero e aberto ao público a partir de 1995. Existem ainda três espaços comunitários de outros grupos: a Abanaroca (Casa do Índio) dos Potyguara/ Gavião/Tabajara/Tubiba-Tapuia, em Monsenhor Tabosa; a Casa de Apoio dos Pitaguary, em Monguba (Pacatuba); e a primeira sede da Escola Maria Venância, em Almofala (Itarema). Cada um destes espaços atua com funções específicas, de acordo com a organização de cada grupo indígena. No primeiro semestre de 2009, coordenamos a realização de visitas técnicas a estas seis comunidades étnicas, como uma das atividades do “Projeto Emergência étnica”. Durante estas visitas, foi ministrada a oficina “Diagnóstico participativo em museus”, que discutiu a estrutura e os fundamentos dos espaços museológicos, com o objetivo

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