CapCam–um Dispositivo Portátil e Vestível para Aplicações de RA para Suporte à Inspeção Termal de Equipamentos

July 13, 2017 | Autor: Judith Kelner | Categoria: Image Sensor
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CapCam – um Dispositivo Portátil e Vestível para Aplicações de RA para Suporte à Inspeção Termal de Equipamentos Aline Silveira Cavalcanti, Felipe Borba Breyer, João Marcelo Teixeira, Veronica Teichrieb, Judith Kelner Grupo de Pesquisa em Realidade Virtual e Multimídia – Centro de Informática Universidade Federal de Pernambuco {aline, felipe; jmxnt, vt, jk}@gprt.ufpe.br

Abstract This paper presents the conception of a portable and wearable device, which is able to aggregate relevant information to the task of thermal inspection on industrial equipments. An ergonomics study was performed in order to find the best shape to the prototype, and as a result it was created the CapCam, a helmet with two integrated cameras, an image sensor and a thermal one. This work exposes the methodology and the results of the tests done with the prototype, and after a detailed analysis of positive and negative aspects, CapCam was considered effective on the execution of the proposed task.

Resumo Este artigo apresenta a concepção de um dispositivo portátil e vestível, que cumpra o objetivo de agregar informações relevantes à tarefa de inspeção termal de equipamentos em indústrias. Um estudo de ergonomia foi realizado com o objetivo de encontrar a melhor forma para o protótipo, e como resultado criou-se o CapCam, um capacete com duas câmeras integradas, um sensor de imagem e outro termal. Este trabalho expõe a metodologia e os resultados dos testes realizados com o protótipo, e após a análise detalhada dos aspectos positivos e negativos, o CapCam foi considerado eficaz na execução da tarefa para a qual foi proposto.

1. Introdução A manutenção constante de equipamentos é uma prática comum que evita imprevistos para os usuários e custos desnecessários de produção. Existem várias maneiras de identificação prévia de falhas em um sistema, sendo a inspeção termal um dos focos desse trabalho. Essa atividade procura identificar

aquecimento excessivo ou funcionamento de equipamentos em faixas de temperatura diferentes do previsto, e é comumente realizada em empresas de transmissão e distribuição de energia elétrica [1]. Normalmente, a detecção de alguma anormalidade no padrão de temperatura resulta na realização da manutenção preventiva, ou seja, a falha no equipamento é corrigida por um operador antes que problemas críticos ocorram. Empresas de médio e pequeno porte muitas vezes têm dificuldade de acesso a tecnologias para inspeção de equipamentos, e em boa parte dos casos a tarefa é realizada por um funcionário, que observa a máquina em atividade e analisa sinais emitidos por ela, tais como ruídos, velocidade de trabalho e temperatura. Todavia, existe uma freqüente necessidade de informações mais precisas do que o inspetor é capaz de detectar sem a ajuda de equipamentos especializados, como por exemplo, a temperatura das máquinas, foco do nosso trabalho. O processo de inspeção seria otimizado se o inspetor pudesse usar um dispositivo capaz de fornecer essas informações em tempo real. É essa a proposta do sistema mivaTherm, através do uso de realidade aumentada (RA) [2]. RA é uma área de pesquisa computacional que trata da integração de elementos virtuais gerados por computador com o mundo real, realizando a composição de um ambiente misto, que visa aprimorar a percepção sensorial dos usuários [3]. O projeto mivaTherm faz uso das propriedades da RA para agregar ao ambiente real informações relevantes à execução da tarefa de inspeção termal de equipamentos. Na Figura 1, pode-se visualizar a interface da aplicação móvel, cuja captura de imagens se dá através de uma webcam e uma câmera de visão termal.

A

protótipo do CapCam decorrentes dos testes realizados. São enumeradas as características satisfatórias do projeto e as que ainda precisam de melhorias. São mostrados, ainda, alguns pontos a serem observados em trabalhos futuros e propostas de análises mais detalhadas do trabalho realizado.

2. Processo criativo

B

Figura 1. Interface do software MivaTherm, que possui recursos de (A) imageamento térmico e (B) detecção de componentes A proposta é tornar a tecnologia de imageamento termal leve e portátil, e que possa ser “vestida” pelo funcionário responsável pela inspeção, permitindo assim sua aplicação em atividades de campo e locais de difícil acesso. A solução encontrada foi o CapCam, um capacete com câmeras integradas, que funciona como uma expansão do miva, uma plataforma de processamento móvel em forma de cinturão, acoplada a um Head Mounted Display (HMD) [2]. Na seqüência, a seção 2 compreende a definição dos pré-requisitos do projeto, além de relatar as etapas de pesquisa, análise e síntese [4] que fizeram parte do processo de criação do CapCam. Na seção 3, é detalhada a forma final do protótipo, bem como o material utilizado para confeccioná-lo e suas características de fixação, posicionamento e proteção dos componentes. A seção 4 demonstra os métodos utilizados para avaliar o protótipo em fatores como mobilidade do usuário, sustentação, conforto e tempo gasto em sua configuração. Os resultados dos testes aplicados são expostos e analisados na seção 5. Por fim, a seção 6 apresenta as conclusões sobre o

Anteriormente à definição da forma do CapCam, mostrou-se necessário conhecer os dispositivos integrados num mesmo artefato que permitiriam a execução do software mivaTherm. São eles: uma webcam Microsoft VX-6000 e uma câmera de visão termal modelo Irisys 1011. O principal requisito do projeto é a adaptabilidade a esses dispositivos da forma mais prática, ergonômica e funcionalmente possível. A primeira etapa da busca por soluções constituiu na verificação dos componentes de cada uma das câmeras. Para isso, elas foram desmontadas e tiveram suas lentes e circuitos medidos. Os dados obtidos determinaram requisitos ergonômicos e dimensionais do projeto, que serão apresentados a seguir. O formato de capacete foi escolhido devido à necessidade de proteção, tanto do crânio do usuário como dos componentes eletrônicos do CapCam. Além disso, o usuário deve estar com as mãos livres para corrigir eventuais falhas no equipamento inspecionado, o que elimina a possibilidade de posicionamento das câmeras no braço ou em uma das mãos. Tendo definido a forma básica do CapCam, a etapa seguinte foi a pesquisa e análise de produtos existentes no mercado, com características iguais ou que se aproximassem da idéia proposta. Devido ao fato do CapCam ser um projeto inovador, não foi possível encontrar nenhum capacete com câmera de visão termal acoplada. Foram registrados, porém, outros capacetes com dispositivos (fossem eles câmeras ou não) integrados, tais como capacetes para ciclistas, capacetes para saltos de pára-quedas, bonés com câmeras ocultas e capacetes de mineração, como mostra a Figura 2.

Figura 2. Capacetes com propriedades similares ao Capcam Algumas opções foram consideradas, mas não se mostraram eficazes: o posicionamento lateral, seguindo a linha horizontal dos olhos, com as duas lentes alinhadas verticalmente, concentraria todo o peso em um dos lados da cabeça do usuário, causando incômodo e desequilíbrio para o mesmo. Por outro lado, a disposição de uma lente em cada lado da cabeça, estando as duas alinhadas horizontalmente com os olhos, não resolve o problema do peso por causa da diferença entre as duas (a webcam pesa 12g, enquanto a câmera de visão termal pesa 112g, cerca de 9 vezes mais), e acrescenta ainda a dificuldade em sobrepor as imagens. Tendo detectado esses problemas, a solução formal teve sua inspiração nos capacetes de mineradores. Sua característica principal é a protuberância na parte da frente, para comportar as lentes, de maneira semelhante à que um capacete de minerador comporta sua lanterna. Optou-se por posicioná-las alinhadas verticalmente, na parte da frente do capacete, com a mínima distância possível entre as duas. Essa disposição frontal se mostrou a mais satisfatória tanto em termos de alinhamento das lentes como para a distribuição de peso na cabeça do usuário. Na organização dos dispositivos dentro do CapCam, um requisito ergonômico do projeto foi observado: a distribuição do peso, tanto dos componentes como do próprio capacete, na cabeça do usuário, deveria causar o mínimo de desconforto possível. Para que o equilíbrio fosse mantido, a localização das câmeras foi dividida entre a parte anterior, com as lentes alinhadas

verticalmente, e a parte posterior interna, que abrigou seus circuitos de controle. A frente do capacete teve maior concentração de peso, e tal fato seria inevitável, já que as duas lentes das câmeras pesam cerca de 4 vezes mais que os demais componentes. A conectividade entre o CapCam e o miva (plataforma móvel mencionada anteriormente) [2] se dá através de 2 cabos, responsáveis pela transmissão da alimentação e dos dados necessários ao funcionamento da webcam e da câmera de visão termal. Ambos são conectados nas entradas correspondentes do cinto. A localização da saída dos cabos, através de uma abertura na parte posterior do capacete, foi planejada de modo a não causar incômodo ao usuário ou interferir na realização da tarefa, já que, no cinturão do miva, essas entradas também se localizam na parte posterior. Desde o início do projeto, notou-se a necessidade de um sistema para prender o CapCam à cabeça, para garantir ao usuário mobilidade, sustentação e fixação das câmeras. Para isso, foi utilizado um boné comum de tecido e espuma, que teve sua aba frontal removida, para não causar interferência visual ou dificultar o posicionamento do HMD. Essa estrutura interna garante maior firmeza para a cabeça, já que o diâmetro de 68,5cm do capacete é consideravelmente maior que o diâmetro médio da cabeça humana, de 57cm [5], além de protegê-la do contato direto com os componentes eletrônicos e câmeras. A principal referência para o modo de prender o boné à cabeça foi baseada nos capacetes de ciclismo e hipismo. Praticantes desses esportes necessitam que o capacete esteja bem preso à cabeça, e isso se dá por um sistema de correias que passam pela frente e por trás das orelhas, e se fecham embaixo do queixo. Dessa forma, tanto a parte posterior como as laterais da cabeça ficam seguras.

3. Definição do protótipo Todos os requisitos acima descritos foram observados durante a construção do protótipo do CapCam, e como conseqüência o capacete foi moldado em fibra de vidro e resina de poliéster. Os principais motivos da escolha desses materiais foram suas propriedades de leveza e resistência. Usada em objetos de mobiliário e na indústria automobilística, a fibra de vidro, aliada à resina, é facilmente moldável a diversas formas e apresenta alta resistência a impactos, o que é interessante para o contexto no qual o CapCam será utilizado. A Figura 3 detalha a forma do capacete, cujo diâmetro é de 68,5cm. A face frontal apresenta um orifício para encaixe da câmera de visão termal e um orifício para encaixe da webcam. A parte posterior possui uma abertura para passagem dos cabos de

conexão com o miva. Na parte interna há ainda dois parafusos de 20mm de comprimento e 2mm de diâmetro, usados para prender os circuitos das câmeras ao capacete e 8 botões de pressão, nos quais é afixado o boné (vista interna).

Figura 3. Vistas (a) frontal, (b) lateral, (c) posterior e (d) interna do CapCam Para proteção tanto dos circuitos das câmeras como da cabeça do usuário, foram adicionados dois segmentos de espuma de poliuretano: um entre as placas e o capacete, para evitar o contato direto entre os dois, e outro, mais fino, entre as placas e a estrutura do boné, que fica em contato com a cabeça do usuário (Figura 4). O uso desse tipo de espuma se deve à sua resistência térmica, característica que impediria a passagem de calor para a cabeça do usuário em caso de aquecimento dos circuitos em funcionamento.

Figura 4. CapCam com (a) as câmeras e circuitos de controle instalados e (b) a proteção de espuma entre as placas e a estrutura do boné O sistema de fixação do CapCam à cabeça se dá através de quatro tiras elásticas com 3cm de largura, que partem das laterais da cabeça, na altura das

orelhas, e são presas uma à outra, duas a duas, com botões de pressão iguais aos utilizados para prender o boné ao capacete. Esses botões mostraram ser uma alternativa segura e confortável ergonomicamente, por conta de seu tamanho reduzido, ao contrário de fivelas e outros tipos de prendedores que também foram considerados como alternativa. As tiras elásticas são reguláveis em cinco posições diferentes, adaptando-se, assim, a vários tamanhos de cabeça diferentes (Figura 5Figura 5).

Figura 5. (a) Estrutura do boné presa ao CapCam; (b) sistema de fixação do CapCam à cabeça do usuário

4. Metodologia de testes Cinco fatores foram observados durante a avaliação do protótipo do CapCam: • o tempo gasto para vesti-lo e configurá-lo para o uso; • a mobilidade do usuário com o capacete e a fixação à cabeça; • a adaptabilidade do CapCam a usuários com diferentes diâmetros cranianos; • o nível de incômodo provocado no usuário; • a fadiga gerada pelo uso contínuo do protótipo. A variável do tempo gasto para vestir e configurar o CapCam foi considerada devido à necessidade de verificar o impacto da adição dessa tarefa às atividades do funcionário responsável pelas inspeções, enquanto a avaliação de sua mobilidade foi analisada para garantir que a execução das atividades regulares à sua função não fossem prejudicadas pela presença do novo periférico. A avaliação da adaptabilidade do CapCam às diferentes dimensões cranianas dos futuros usuários mostrou-se necessária devido ao requisito do projeto de design universal, ou seja, por não ser possível determinar a especificação exata para uma variável tal como o diâmetro craniano do usuário. Como parâmetro inicial, foi tomada como medida a média antropométrica de 56cm para homens de 1,85m e 54,6cm para mulheres de 1,61m, segundo Neufert et al. [5]. Deve-se considerar ainda o fator subjetivo do nível de incômodo provocado no usuário, que sofre

influência direta desta adaptação. Por fim, a fadiga gerada pelo uso contínuo do CapCam foi investigada devido à necessidade de estimarmos qual a média de tempo gasta por uma pessoa usando o sistema e a verificação de possíveis danos à musculatura da região do pescoço dada a carga extra imposta pelo protótipo. Para abarcar estas cinco variáveis, dois tipos de testes foram realizados com usuários. O primeiro teste foi responsável pela avaliação do tempo de configuração, mobilidade e adaptabilidade, enquanto o segundo pelo conforto e fadiga. O método escolhido para o primeiro teste foi a observação da análise da tarefa, que consistiu em vestir o protótipo do CapCam, configurá-lo corretamente e realizar movimentos variados em todas as direções com a cabeça. O segundo método selecionado foi o questionário, por permitir o levantamento de dados quantitativos para a avaliação do conforto e fadiga e manter o anonimato do voluntário. O procedimento do teste de análise da tarefa constituiu numa etapa de treinamento onde o voluntário era apresentado ao projeto, incluindo explicações sobre seu propósito e funcionamento, e orientado por especialistas quanto à configuração adequada do equipamento. Esta etapa foi inserida de acordo com o cenário prescrito inicialmente no projeto, onde novos usuários do sistema de inspeção industrial deveriam estar sujeitos a um treinamento antes de operar o equipamento. Em um segundo momento, o usuário era auxiliado na disposição do conjunto composto pela plataforma miva juntamente com o HMD, possibilitando os devidos ajustes e a investigação dos conectores e demais módulos do computador vestível. É importante salientar que o teste elaborado visava avaliar aspectos relacionados apenas ao CapCam como um periférico independente da plataforma sobre a qual ele funciona. Desta forma, foi necessário que o cinturão do miva e o HMD já estivessem devidamente posicionados e configurados pelo usuário (Figura 6). Na terceira etapa do teste, o usuário foi observado realizando a tarefa de instalar o CapCam ao mesmo tempo em que era encorajado a “pensar alto” pelos especialistas. Dois avaliadores acompanharam os procedimentos, dividindo as atividades de registrar o tempo gasto a cada tentativa do usuário, enquanto outro avaliador registrava as considerações de cada indivíduo. Este procedimento foi repetido três vezes com cada voluntário para avaliar o impacto que a familiaridade com o dispositivo exerce sobre o tempo gasto na realização da tarefa.

Figura 6. (a) Usuário equipado para utilizar o CapCam, vestindo, além do capacete, o cinturão do miva e o HMD; (b) detalhe da cabeça – o CapCam não interfere no HMD; (c) os cabos de conexão ficam posicionados por trás do usuário Na etapa final, o voluntário era orientado a fazer diferentes movimentos com a cabeça em todas as direções (para frente, para trás e para os lados), como também variar a intensidade dos gestos, desde movimentos suaves a bruscos. Os indivíduos ainda deveriam caminhar e tentar alcançar locais de difícil acesso, simulando uma inspeção de equipamentos usando o capacete. Mediu-se a alteração de posição do capacete na cabeça e o nível de intensidade de movimento que ele é capaz de suportar mantendo a sustentação. Como parâmetro de controle do tempo gasto no posicionamento e configuração do CapCam, a tarefa foi realizada por pesquisadores envolvidos no projeto, que já possuíam familiaridade com o protótipo. O propósito desta medição foi averiguar o tempo gasto por usuários experientes, considerado inicialmente como ideal, para comparação com usuários novatos. O segundo método aplicado foi um questionário quantitativo de diferencial semântico, sobre o conforto ao usar o CapCam, a segurança em movimentos leves e em movimentos bruscos, em escala de 1 a 5, sendo 1 totalmente desconfortável/inseguro e 5 totalmente confortável/seguro. O questionário era entregue aos candidatos e estes eram informados que não deveriam produzir nenhum tipo de identificação na ficha de

respostas, excluindo possíveis influências nas respostas devido à presença dos avaliadores. A escolha dos indivíduos para a realização dos testes foi feita buscando atingir a máxima compatibilidade com os usuários reais (inspetores de equipamentos em indústrias). Os indivíduos deveriam ser maiores de 18 anos, de ambos os sexos, possuir nível de escolaridade mínimo de 2º grau completo e não possuir conhecimento prévio do projeto. Os resultados obtidos serão apresentados e analisados na seção seguinte.

O primeiro teste foi realizado com 10 indivíduos. A Tabela 1 mostra a otimização do tempo gasto no posicionamento e configuração do CapCam. Os indivíduos receberam instruções rápidas e realizaram a tarefa de vestir o CapCam, estando já paramentados com o cinturão do miva e o HMD.

conexão entre o CapCam e o miva e, conseqüentemente, realizando as atividades de forma mais lenta. Em seguida, foi realizado um teste mais detalhado com 4 indivíduos, considerando a diferença do diâmetro da cabeça deles. Tal tarefa consistiu em posicionar corretamente o CapCam na cabeça e simular uma inspeção de equipamentos, na qual os indivíduos caminharam, moveram a cabeça levemente em diferentes direções, tentaram alcançar locais de difícil acesso e, por último, fizeram movimentos bruscos com a cabeça, para testar a sustentação do capacete. A média do diâmetro craniano dos indivíduos testados se enquadrou na média antropométrica segundo Neufert et al. [5]. O teste durou cerca de 10 minutos, e durante esse tempo os indivíduos analisaram o nível de incômodo causado pelo peso e posicionamento dos componentes dentro do CapCam e pela fivela de fixação. A Tabela 2 mostra os resultados obtidos com o questionário aplicado.

Tabela 1. Tempo gasto para posicionar o CapCam

Tabela 2. Resultados do questionário sobre segurança e conforto do CapCam

O tempo médio geral de preparação do capacete foi de 56,88 segundos, sendo a média de 69,75 segundos na primeira tentativa e de 41,24 segundos na última, comprovando que o tempo de preparação diminui com a prática constante. Observou-se também que o conhecimento prévio do projeto foi irrelevante nos resultados, já que alguns dos indivíduos analisados conseguiram realizar a tarefa em menos tempo que os pesquisadores envolvidos no projeto. Tal diferença de tempo deve-se ao fato dos especialistas terem se preocupado com a fixação total do capacete à cabeça, prendendo as presilhas em todos os pontos de contato, ao contrário dos indivíduos testados, que apenas fixaram o capacete superficialmente. Os especialistas também tomaram um cuidado especial com o equipamento, observando detalhes como o posicionamento correto dos cabos de

Conforme mostrado na tabela anterior, a maioria dos usuários considerou o CapCam seguro para realização de movimentos leves. Nenhum dos indivíduos questionados considerou o capacete desconfortável a ponto de inviabilizar seu uso. Os indivíduos relataram leve desconforto causado pela fivela de fixação, que prende o capacete à cabeça através do queixo. O incômodo causado pela posição dos componentes dentro do CapCam foi apenas o da concentração de peso na parte da frente, e os usuários não sentiram nenhum tipo de contato dos circuitos de controle ou das lentes das câmeras com o crânio. Ao fazer movimentos de projeção da cabeça para frente e para trás, os indivíduos freqüentemente sentiam o capacete escorregar em direção à nuca, aumentando a sensação de insegurança. A média quantitativa dos resultados de segurança em movimentos leves foi de 4,0. O grau de conforto experimentado pelos usuários

5. Resultados

teve média de 3,25, e ambos os resultados foram considerados satisfatórios, considerando a escala de 1 a 5. Já a segurança em movimentos bruscos atingiu média de 2,0, revelando a necessidade de ajustes no protótipo. Os testes expuseram algumas falhas no sistema de fixação do capacete, que serão analisadas detalhadamente na próxima seção.

6. Conclusão e trabalhos futuros Este artigo mostrou o processo de criação de um acessório utilizado em uma aplicação de RA, o CapCam. Através de sua utilização, é possível capturar imagens com uma webcam e informação termal do ambiente em que o usuário se encontra. Um estudo de ergonomia foi realizado com o objetivo de encontrar a melhor forma para o protótipo, a qual proporcionasse menos desconforto e mais facilidade na realização da tarefa. Os resultados dos testes realizados com o CapCam revelaram quais os pontos satisfatórios do projeto e aqueles que ainda precisam de ajustes. Em termos gerais, o protótipo atingiu seu objetivo de agregar informações relevantes à tarefa de inspeção termal de equipamentos, através de suas duas câmeras. A solução formal encontrada se mostrou eficiente, com a colocação da webcam e da câmera de visão termal na parte frontal do capacete. A localização dos circuitos de controle na parte posterior e presos por parafusos e porcas também não apresentou problemas. Havia receio de que a cabeça dos usuários ficasse muito próxima dos parafusos, mas a proteção de espuma entre os circuitos e a estrutura do boné (parte interna) foi suficiente para que os componentes não causassem nenhum desconforto. O sistema de fixação dos circuitos de controle funcionou corretamente. Não foi observada nenhuma movimentação acidental de tais componentes, e a espuma colocada entre as placas e a estrutura de fibra de vidro do CapCam colaborou para que os circuitos internos permanecessem imóveis. O peso dos componentes, reduzido ao mínimo possível dados os requisitos do projeto, foi considerado aceitável pelos indivíduos que testaram o protótipo, apesar de provocar incômodo. A fibra de vidro, material de confecção do CapCam, se mostrou leve e resistente. O diâmetro do capacete comportou satisfatoriamente várias cabeças de diferentes tamanhos e proporções, comprovando que foi válida a preocupação em tornar o CapCam o mais versátil possível. A usabilidade do protótipo é outro ponto positivo. A localização da saída dos cabos de conexão, através de um orifício na parte posterior do capacete torna prático o ato de conectar o CapCam ao miva (ver Figura 5), além de não oferecer incômodo ao usuário, já que os

cabos ficam paralelos às costas do indivíduo. A chave que liga e desliga o CapCam, localizada na parte posterior direita do capacete, é de fácil acesso à mão do usuário, e ao mesmo tempo difícil de ser atingida acidentalmente durante o uso. Durante os testes, foram observados alguns pontos no projeto que ainda precisam de ajustes. O principal problema ocorreu com o sistema de fixação do CapCam à cabeça. A correia elástica utilizada não teve resistência suficiente, apesar dos 30mm de largura, para suportar os movimentos realizados pelos usuários com a cabeça, principalmente os mais bruscos. Além disso, os usuários relataram ter sentido incômodo na parte que fica em contato com o maxilar, e alguns chegaram a sugerir que a correia fosse mais estreita e com elástico mais resistente. O modo de prender a correia também não foi eficiente. Os botões de pressão, a princípio considerados a melhor opção por conta de seu tamanho reduzido, se mostraram pouco práticos, levando os indivíduos ao mau uso do artefato. Um ponto que dificulta bastante o ato de prender os botões é o fato de o usuário não visualizar o que está fazendo, e depender exclusivamente do tato para realizar a tarefa corretamente. Por conta disso, ocorreram algumas situações imprevistas, tais como correias deslocadas e torcidas, diminuindo a segurança na fixação, botões que não eram presos corretamente e dificuldade para encontrar o melhor ajuste. Outro ponto que não funcionou foi o modo de prender a estrutura do boné ao capacete, através de botões de pressão iguais aos da correia. Os testes mostraram que eles não são resistentes a impacto, e quando o indivíduo prendia a correia num dos ajustes mais apertados, a tensão provocada levava os botões a se soltarem, e apesar de a estrutura não se soltar completamente de capacete, tal fato aumentava a sensação de insegurança por parte do usuário. Tendo observado as características do protótipo e o que ainda pode ser melhorado, são propostas algumas melhorias em forma de trabalhos futuros. A principal prioridade é encontrar uma solução mais eficiente para o sistema de fixação do CapCam à cabeça. Será necessária uma pesquisa aprofundada de materiais – tanto os existentes no mercado como os que estão em uso em outros equipamentos - para esse propósito, seguida da geração de alternativas e um novo projeto de sistema de fixação. Deve-se realizar uma nova série de testes, depois de substituídos os elementos em uso atualmente no CapCam. O mesmo processo será aplicado na busca por uma solução mais satisfatória para a união entre a estrutura do boné e o capacete de fibra de vidro. É proposta também uma nova fase de testes em condições diferentes das relatadas neste artigo. Se o

protótipo for considerado apto, existe o propósito de realizar os testes em campo, com o software mivaTherm sendo executado através do miva, dentro de uma indústria em funcionamento, com possíveis usuários reais do CapCam, em quantidade maior do que a que foi delimitada nesta primeira fase. Tais condições possibilitariam a análise de aspectos que ainda não foram contemplados, tais como o aquecimento dos circuitos em uso e a influência do protótipo na usabilidade do software.

7. Agradecimentos Gostaríamos de agradecer ao professor Cloves Parísio, do Departamento de Design da UFPE, pela ajuda na construção do protótipo do CapCam. Agradecimentos especiais aos voluntários que colaboraram com os testes e tornaram possível a realização do trabalho.

8. Referências [1] CHESF, “Relatório de Administração e Demonstrativo Contáveis”, 2006. Disponível em http://www.chesf.gov.br [2] TEIXEIRA, João Marcelo; SILVA, Daliton; MOURA, Guilherme; COSTA, Luiz Henrique; TEICHRIEB, Veronica; KELNER, Judith. miva: constructing a wearable platform prototype. In: Symposium on Virtual and Augmented Reality, 2007, Petrópolis. Porto Alegre: SBC, 2007. p. 68-76. [3] AZUMA, Ronald T. A Survey of Augmented Reality. Presence: Teleoperators and Virtual Environments, 6(4): 355385, 1997. [4] LÖBACH, B. Design industrial bases para a configuração dos produtos. São Paulo. Edgar Blucher. 2001. [5] NEUFERT, Ernst, NEUFERT, Peter, Arte Arte de Proyectar en Arquitectura. Barcelona. Gustavo Gili GG. 2004

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