Capitalismo Tardio e Sociabilidade Moderna

July 14, 2017 | Autor: Enio Vieira | Categoria: Historia, História do Brasil, História Oral, Ditadura Militar
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Descrição do Produto

"Universidade Nove de Julho – Uninove "
"Curso: História "
"Disciplina: História do Brasil IV (2013-1) "
"Professor responsável: Elaine Lourenço "
"Período: Noturno "
" "
"Enio Everton Vieira – RA: 911200134 "
" "
"CAPITALISMO TARDIO E SOCIABILIDADE MODERNA "
" "
"Esse texto tem como função e editar e reescrever o texto homônimo de João "
"Manuel Cardoso e Fernando A. Novais. Utilizamos para tal citações diretas "
"do texto original, além de paráfrases e, para os fins desta pequena obra, "
"substituímos todas as entrevistas feitas no texto original por entrevistas "
"distintas de pessoas próximas aos mesmo do grupo que escreve. Foram "
"entrevistadas a dona Maria Antônia de Souza, dona de casa, 60 anos "
"(aproximadamente, pois não tem certeza absoluta da data de seu nascimento),"
"imigrante nordestina; a dona Francisca Ledice Vieira Costa, 55 anos, também"
"dona de casa e imigrante nordestina; o senhor Jaime Carneiro, 61 anos, "
"original do litoral paulista e diretor comercial de uma importante "
"editora;... "
"Com base nessas entrevistas, seguiremos agora com a nossa reinterpretação "
"do texto original, procurando sempre nos manter fiéis a ideia original de "
"ter no relato oral para uma melhor compreensão das mudanças ocorridas em "
"nosso país entre os anos de 1950 até final da década de 1980, nos apoiando "
"na técnica de história oral como uma fonte fidedigna para o trabalho "
"historiográfico. "
" "
"OS NOVOS PADRÕES DE CONSUMO "
" "
"Mello e Novais nos dizem como que "num período relativamente curto de "
"cinquenta anos [...] tínhamos sido capazes de construir uma economia "
"moderna, incorporando os padrões de produção e de consumo próprio aos "
"países desenvolvidos" (p 562). O período aqui em análise viu a "
"popularização de muitos eletrodomésticos, o que era uma dificuldade "
"anteriormente, principalmente em famílias com menos posses. Nas palavras de"
"dona Francisca, que no interior do Ceará "eu só via televisão quando ia pra"
"cidade e não dava nem tempo, porque a gente só ia pra resolver alguma coisa"
"[...] eu ficava só ouvindo rádio, sabe? Porque era muito caro (uma) "
"televisão, nossa! E era preto e branco ainda!". A experiência de ter uma "
"geladeira em casa chegou até mesmo a marcar a infância do senhor Jaime, que"
"com sua excelente memória nos disse como antigamente "a comida era feita em"
"espiriteiras, ou em fogão à lenha, certo? A primeira geladeira em casa eu "
"devia ter 8 ou 9 anos, quase no final da década de 50." Essa comida feita "
"em forno a lenha nos relembra como os anos entre 1950 e 1980 foram o "
"período no qual "veio, também, o predomínio esmagador do alimento "
"industrializado" (p. 564), pois antes disso, em especial nas cidades "
"interioranas do país, a comida plantada nos quintais de casa era a "
"principal forma de consumo. Nas palavras de dona Francisca: "
" "
""Meu pai plantava arroz, plantava tudo. Então era aquela comida que a gente"
"ia lá, catava na roça. Aí tinha a época de frutas, tinha a época de "
"melancia, tinha a época de limão. Aí colhia o feijão, aí comia aquele "
"feijão verde, que a gente fala, só que cozido. Mas tudo era motivo de "
"alegria quando tinha legumes, frutas". "
" "
"Podemos concluir que tais práticas também eram comuns nas cidades "
"praieiras, como nos explica seu Jaime ao nos falar de sua infância em São "
"Vicente, aos descrever como sua casa "tinha um quintal fantasticamente "
"grande, com árvores; tinha cana, nós fazíamos caldo de cana em casa, "
"fazíamos doce de goiaba, de carambola, de manga, de abacate, tudo isso "
"[...] em casa". Assim que essa prática de ter plantações em casa foi sendo "
"gradativamente pela comida enlatada e empacotada, tão comum entre nós nos "
"dias de hoje. "
"Outra grande revolução do período, ainda que, segundo os autores, "com "
"certo atraso", foram os progressos da indústria farmacêutica, pois nesta "
"época tivemos: "
" "
"Os remédios com base nos produtos naturais, de origem vegetal ou animal – "
"por exemplo, os xaropes, os reguladores femininos, os fortificantes – sendo"
"substituídos pelos farmacoquímicos. Houve uma verdadeira revolução dos "
"antibióticos [acompanhada de uma] revolução das vacinas (pp.573-573). "
" "
"Enquanto que dona Francisca, moradora do sertão do Ceará nos disse que "não"
"tinha médico de jeito nenhum", e que só ia se tratar na cidade com um "
"médico quando estava realmente "muito doente", seu Jaime nos relembra que "
"no litoral, os hospitais públicos funcionavam, que não consegue "lembrar "
"[...] de grandes dificuldades pra se hospitalizar ou para ser atendido na "
"rede pública". Se no sertão tínhamos práticas lavar os olhos com manjericão"
"para curar a conjuntivite, ou ainda pingar olho morno no ouvido para curar "
"uma eventual dor ("uma coisa proibida mesmo"), na cidade já não haviam "
""grandes sustos", pois os centros de saúde funcionavam com suas campanhas "
"de vacinações, nas palavras de dona Francisca e seu Jaime, respectivamente."
" "
" "
"UMA SOCIEDADE EM MOVIMENTO "
" "
"Os anos de 1950 à 1990 são especialmente lembrados como a época na qual "a "
"vida do campo [...] repele e expulsa": "
" "
"A vida da cidade atrai e fixa porque oferece melhores oportunidade e acena "
"um futuro de progresso individual, mas, também, porque é considerada uma "
"forma superior de existência [...]. O que aproximava a todos, fossem "
"assalariados permanentes, pequenos proprietários, posseiros e parceiros, "
"era, a miséria ou a extrema pobreza em que viviam (pp. 574-576). "
" "
"Essa extrema pobreza é lembrada por dona Maria ao dizer como "só ganhava "
"roupa no natal, no fim de ano ganhava uma roupa e um calçado, mas não era "
"sempre [...]. Quando tinha (comida) comia, quando não tinha não comia [...]"
"tinha dia que só dava pra comprar feijão ou só farinha nunca dava os dois"."
"Mas para o imigrante recém-chegado, a situação não era tão melhor. Ao "
"chegar a São Paulo nos anos de 1970, seu Jaime se lembra das dificuldades "
"financeiras e da saudade da comida caseira, já que "você almoçava fiado na "
"pensão, e a pensão nem sempre tinha a qualidade que você gostaria de ter, "
"ou que você tinha em sua casa, onde eu tinha a comida limpa, saborosa... e "
"pensão meu amigo, não tinha o que escolher não". Dona Francisca lembra com"
"tristeza como seu marido, ao economizar para construir a primeira casa "
""chegou a desmaiar porque não tinha dinheiro pra comprar um lanche e ele "
"vinha a pé e vinha a pé [do trabalho] [...] para não gastar dinheiro com "
"passagem para poder comprar material da casa". "
""A vida social girava em torno da família conjugal, dos parentes, compadres"
"e vizinhos" (p. 576). Esta frase é confirmada pelo fato que muitos de "
"nossos entrevistados só vieram à São Paulo por incentivo de seus parentes, "
"ou por ocasião de contrair matrimônio com um cônjuge já estabelecido na "
"cidade grande. Quando perguntada o porquê de ter vindo a São Paulo, dona "
"Maria nos diz que: "
" "
""Não me lembro muito não, meu irmão veio pra São Paulo muitos anos quando "
"era pequena ainda, com minha madrinha, depois daquilo mandou buscar mais 2 "
"irmãos [...] e depois de 2 anos [...] meu pai vendeu tudo o que tinha e "
"nessa época [...] e vimos embora. Eu deixei meu noivo lá, já tinha tudo "
"pronto o enxoval, ai meu pai me obrigou a desmanchar o noivado, disse que "
"eu tinha que vim (sic)". "
" "
"Enquanto dona Maria foi obrigada a deixar seu noivo em Pernambuco para "
"acompanhar a família, dona Francisca viveu a situação oposta, de largar a "
"família para acompanhar o marido, pois só veio para São Paulo "porque a "
"gente (ela e seu marido) começou a namorar, casou, e eu vim pra cá". No "
"caso de seu Jaime, ele encara a vinda à cidade grande uma "aventura", "
"incentivada pela presença de seus irmãos já estabelecidos em São Paulo, mas"
"como fator o principal o fato de que já tinha um emprego garantido: "eu já "
"tinha emprego. Normalmente o emprego, o se colocar, era a maior dificuldade"
"na época, e eu já vinha empregado pra cá". "
" "
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