Caracas bloqueia Brasília. Dilma vira refém política do PSDB. É bom desconfiar.

July 13, 2017 | Autor: C. Pereira da Sil... | Categoria: International Relations, Diplomacy, Political Prisoners, Venezuela, History of Brazilian Foreign Relations, Mercosur/Mercosul, Brasil, Brazilian Foreign policy, Relaciones Internacionales, Aécio Neves, Relações Internacionais, Diplomacia, Unasur/Unasul, Política Exterior Brasileña, História da Política Externa Brasileira, Venezuelan Politics, Chávez y la política exterior de Venezuela, gramáticas políticas no Brasil, Itamaraty, Diplomacy and international relations, Política Externa Brasileira, Venezuelan foreign policy, PT (Partido Dos Trabalhadores), Política Externa Brasileira No Governo DIlma, Contemporary Venezuelan and Bolivian Politics, PSDB, Política Brasileira E Partidos Políticos, Entre Outros, Dilma Rousseff Foreign Policy, Brasil - Itamaraty - PEB, Nicolás Maduro, Política no Brasil Governo Lula e Dilma, Prisioneros Politicos, Mercosur/Mercosul, Brasil, Brazilian Foreign policy, Relaciones Internacionales, Aécio Neves, Relações Internacionais, Diplomacia, Unasur/Unasul, Política Exterior Brasileña, História da Política Externa Brasileira, Venezuelan Politics, Chávez y la política exterior de Venezuela, gramáticas políticas no Brasil, Itamaraty, Diplomacy and international relations, Política Externa Brasileira, Venezuelan foreign policy, PT (Partido Dos Trabalhadores), Política Externa Brasileira No Governo DIlma, Contemporary Venezuelan and Bolivian Politics, PSDB, Política Brasileira E Partidos Políticos, Entre Outros, Dilma Rousseff Foreign Policy, Brasil - Itamaraty - PEB, Nicolás Maduro, Política no Brasil Governo Lula e Dilma, Prisioneros Politicos
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22/06/2015

Caracas bloqueia Brasília. Dilma vira refém política do PSDB. É bom desconfiar ­ Carta Maior

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Caracas bloqueia Brasília. Dilma vira refém política do PSDB. É bom desconfiar

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Carta Maior 1 h

A narrativa tucana se cristalizou: na Venezuela, o governo local e o governo do Brasil não se importam com presos políticos e por tabela, com a liberdade. Tweetar

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Dilma saiu vitoriosa porque centrou o discurso em sua base. Uma vez eleita, porém, tentou resgatar o pacto sociopolítico, sem sucesso.

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Carlos Frederico Pereira da Silva Gama é professor de Relações Internacionais da Universidade Federal do Tocantins (UFT). Come on people, don't you look so down  You know the rain man is coming to town He'll change your weather, change your luck And it'll teach you how to Find yourself L'America   (The Doors, ‘L’America’, 1971).

O fim do pacto sociopolítico

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2015. A oposição derrotada nas urnas brasileiras em Outubro de 2014 controla as duas casas do Congresso. O segundo governo Dilma Rousseff segue acossado por incessante pressão parlamentar, em parte responsável pelo seu desgaste prematuro (somada aos efeitos corrosivos do marketing da própria Presidenta e das alianças questionáveis que permitiram ao PT a apertada vitória). Quando essa mesma oposição obtém uma improvável vitória na política externa, é bom desconfiar.      

A segunda quinzena de Junho principiou com a derrota da Presidenta e do PT na Comissão de Constituição e Justiça, que aprovou parecer favorável à redução da maioridade penal – uma das mal disfarçadas bandeira da oposição no pleito de 2014. No dia seguinte, o Tribunal de Contas da União rejeitou as contas do primeiro mandato de Dilma, sumarizada sintomaticamente em 13 itens que configurariam irregularidades. E em seguida, Aécio Neves comandou uma comitiva de senadores da oposição numa atribulada viagem à Venezuela turbulenta do Presidente Nicolás Maduro.

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Aécio e o PSDB gastaram boa parte de seu marketing eleitoral associando as contas do governo e a Venezuela a um hipotético pedido de impeachment no Congresso. Na mesma semana – estranha coincidência – as cartas se encontram todas na mesa. Na Câmara, a toada do binômio fundamentalismo religioso­fisiologismo de Eduardo Cunha (PMDB) levou Dilma a sofrer seguidas derrotas em sua tentativa de implementar o que restou do programa vitorioso nas urnas. E mesmo o ajuste contracionista do ministro da Fazenda Joaquim Levy foi interrompido na última quinta­feira, dia 18. O motivo: a viagem dos oposicionistas a Caracas. No Senado, além dos rompantes colloridos de Renan Calheiros (PMDB), o PSDB controla a

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Caracas bloqueia Brasília. Dilma vira refém política do PSDB. É bom desconfiar ­ Carta Maior Comissão de Relações Exteriores. Integrada por oposicionistas como Ricardo Ferraço (colega de Cunha e Renan), a CRE rejeitou, em Maio, a indicação do diplomata Guilherme Patriota para representar o Brasil na Organização dos Estados Americanos – situação inédita na história brasileira. A CRE organizou a comitiva opositora, que chegou a Caracas num avião oficial da Força Aérea Brasileira sob alegações “humanitárias”, liderada pela chapa derrotada em 2014: os tucanos Aécio e Aloysio Nunes Ferreira (atual presidente da CRE). O que tornou possível essa inusitada visita? Além do desgaste de Dilma, o esgarçamento das relações entre a Presidência e o Itamaraty criou oportunidade para o Senado agir em questões de política externa. Na Venezuela, o calcanhar de Aquiles de Maduro foi apontado por ONGS internacionais (como a Anistia) e pela missão da UNASUL no país: prisões ilegais, arbitrárias, politicamente motivadas e que violam tratados internacionais aos quais a Venezuela aderiu (e também o Brasil). A existência de prisioneiros políticos (incluindo destacados oposicionistas, como o prefeito de Caracas Antonio Ledezma e o ex­candidato presidencial Leopoldo López) abriu caminho para a viagem de parlamentares brasileiros à Venezuela após a CRE acolher denúncias de familiares dos presos em visita ao Brasil. Direitos Humanos não são “questões internas”; a CRE se resguardou de acusações de ingerência indevida na soberania alheia. A missão foi rapidamente orquestrada distante dos canais diplomáticos do Itamaraty. Sua composição não deixa dúvidas quanto à motivação de sua presença na Venezuela. Tampouco desperta surpresa a recepção hostil que lhes foi concedida por Maduro, responsável pelas prisões e na corda bamba de um país cingido politicamente no declínio econômico de sua petrodependência.

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A narrativa da oposição se cristalizou diante dos olhos: na Venezuela, o governo local e o governo do Brasil não se importam com presos políticos e por tabela, com a liberdade. A imagem da Presidenta Dilma como líder “hesitante” diante de práticas autoritárias deu imerecido presente de marketing para seu adversário Neves, tornado defensor da liberdade além­fronteiras ao lado de figuras como Agripino Maia (DEM)... O custo do “fracasso” foi colocado na conta do Itamaraty, alimentando rusgas com a Presidência. Jogado aos leões, o órgão foi fustigado por todos os lados. Os parlamentares responsáveis pelo veto a Patriota conseguiram “domesticar” a Venezuela, transformando­a em instrumento de pressão sobre Dilma e colocando o Itamaraty na berlinda. Além de enfraquecer a posição brasileira na missão da Unasul e de criar constrangimentos na relação bilateral com a Venezuela, cabe lembrar o contexto internacional dessa visita.  Na véspera da chegada do avião de Aécio, a OEA anunciara disposição de “substituir” a Unasul, ao fazer pressão pela divulgação das datas eleitorais. Na mesma semana, os

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Caracas bloqueia Brasília. Dilma vira refém política do PSDB. É bom desconfiar ­ Carta Maior candidatos presidenciais nos Estados Unidos iniciavam suas campanhas, cortejando o voto latino com demonstrações de que buscarão retomar a “liderança hemisférica”. Em contraste com a aproximação do governo Barack Obama e Cuba, os EUA impuseram sanções econômicas à Venezuela. Dado interessante: os EUA diminuíram suas importações de petróleo recentemente, ao se tornar os maiores produtores mundiais... O que impactou significativamente as já combalidas exportações venezuelanas. A transformação do Itamaraty em Geni fortalece a CRE como núcleo de formulação da “política externa oposicionista”. No day after de Caracas, a oposição acusa o Itamaraty de abandono e Dilma de ser conivente com prisões políticas e de desrespeitar o Senado. Convocações para o Ministro Mauro Vieira e o embaixador Pereira deporem perante a CRE já foram entabuladas. Mais perturbador: a excursão venezuelana granjeou insuspeitos apoios para o PSDB no Congresso. Na quinta­feira, Cunha paralisou uma das votações do ajuste de Levy. No lugar da medida, deputados votaram uma moção de repúdio a Maduro. Enquanto Dilma se reunia às pressas com Vieira, Calheiros demandava “altivez” na política externa. Para bom entendedor... No terceiro turno murmurado, há um bloqueio a meio­caminho entre Caracas e Brasília. A “domesticação” da Venezuela alimenta o rolo compressor na Câmara e ações de política externa do Senado oposicionista, com impactos internos consideráveis. Existem alternativas à narrativa “inevitável” protagonizada por PSDB e PMDB? Cabe ao PT responder mais essa pergunta. E já.

Créditos da foto: Aécio Neves/facebook Voltar para o Índice

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