CARACTERIZAÇÃO DAS PODAS REALIZADAS EM INDIVÍDUOS ARBÓREOS NO CAMPUS MINISTRO PETRÔNIO PORTELLA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ

June 28, 2017 | Autor: Dinael Lima | Categoria: Arborização Urbana, Paisagismo, Ufpi
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IV SEMINÁRIO DE EXTENSÃO E CULTURA DA UFPI II MOSTRA DE COMUNIDADES I ENCONTRO DE EXTENSÃO E CULTURA DAS IES – PIAUÍ

REDEFININDO A EXTENSÃO NAS INSTITUIÇÕES DE ENSINO SUPERIOR: CONCEITO, METODOLOGIA E POLÍTICA DE FINANCIAMENTO

ANAIS

Prof. Dr. João Berchmans de Carvalho Sobrinho (org.)

Direitos de Publicação reservados à: Universidade Federal do Piauí (UFPI) Rua Doutor Natan Portela Nunes, s/n – Ininga 64049-550 - Teresina – Piauí Fone.: 86 3215-5571 Homepage: http://www.ufpi.br/prex

IV Seminário de Extensão Universitária e I Mostra de Comunidades, UFPI 2014. ISSN: 2237-4353

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CARACTERIZAÇÃO DAS PODAS REALIZADAS EM INDIVÍDUOS ARBÓREOS NO CAMPUS MINISTRO PETRÔNIO PORTELLA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ Thiciane Maria Barreto Rodrigues1; Dinael David Ferreira Lima2; Sabrina Evelyn Silva Gomes3; Jacqueline Santos Brito4

RESUMO Este estudo teve por objetivo principal caracterizar as podas realizadas em indivíduos arbóreos em determinado trecho do Campus Ministro Petrônio Portella na Universidade Federal do Piauí. Estabeleceram-se como objetivos específicos para a contemplação dos resultados necessários: identificar as espécies existentes na área de estudo e averiguar os tipos de podas realizadas nas espécies catalogadas. Um dos principais problemas com a arborização urbana são os conflitos com os equipamentos urbanos, sendo necessária manutenção esporádica dos mesmos com constantes podas, porém geralmente as podas realizadas são drásticas

ocasionando

danos

ecológicos

ao

individuo

vegetal

como

mutilações,

desencadeando danos à saúde do mesmo, ou até a morte do individuo. Observando os problemas na arborização de espaços urbanos e reconhecendo-se a relevante importância da mesma para a melhoria da qualidade de vida das populações, torna-se necessário verificar quais os principais danos que estão sendo causados por podas indevidamente realizadas na arborização do Campus Ministro Petrônio Portella da Universidade Federal do Piauí, situado na cidade de Teresina-PI, contribuindo dessa maneira, para o conhecimento dos aspectos paisagísticos da área em estudo. Palavras-chave: Podas, Arborização, UFPI. INTRODUÇÃO De forma mais intensa, sobretudo nas últimas décadas, a discussão dos problemas ambientais vem se tornando uma temática obrigatória no cotidiano citadino. Assim sendo, as áreas verdes tornaram-se os principais ícones de defesa do meio ambiente pela sua degradação, e pelo exíguo espaço que lhes é destinado nos centros urbanos (LOBODA & DE ANGELIS, 2005).

1

Graduada em Gestão Ambiental pelo Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Piauí. Graduado em Gestão Ambiental pelo Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Piauí. 3 Graduanda do curso de Gestão Ambiental pelo Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Piauí. 4 Docente do curso de em Gestão Ambiental do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Piauí. 2

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E, conforme Abbud (2006) é por meio dos vazios urbanos que se conhece e se formula uma opinião sobre a qualidade de uma cidade, vazios estes que podem abrigar uma considerável área arborizada, tais como ruas, calçadas, largos, rotatórias, praças, entre outros. A arborização no meio urbano traz diversos benefícios às pessoas em seu entorno, desde aspectos psicológicos e paisagísticos até as interferências positivas nos elementos ambientais, tais como no clima, na poluição sonora e do ar. Facilmente é possível serem notados os benefícios da presença arbórea na minimização do calor, como no município de Teresina-PI, no qual a temperatura do ar em meses mais quentes chega a 37,6° C (EMBRAPA MEIO NORTE, 2010). A composição arbórea de determinado ambiente urbano é representada pelas áreas verdes públicas e privadas, que podem estar em logradouros, alamedas, parques, complexos turísticos, centros universitários, dentre outros. Os grandes centros universitários abrigam uma grande massa de estudantes, profissionais, pesquisadores e visitantes. Para que o conforto destes venha a ser alcançado, além de vestimentas adequadas, é necessário um aparato arbóreo que forneça sombreamento suficiente, bem como a amenização do calor excessivo. Contudo, arborizar uma cidade não significa apenas cultivar espécies vegetais aleatoriamente ou por simples modismos, sendo o adequado conhecimento das características e das condições do ambiente um pré-requisito imprescindível ao sucesso da arborização. As condições do ambiente onde se pretende implantar arborização devem ser bem conhecidas, uma vez em que a multiplicidade de fatores relativos ao ambiente artificial criado pelo homem, torna complexa a tarefa de arborizar as cidades, exigindo para tanto bons conhecimentos técnicos (BALENSIEFER; WIECHETECK, 1987). A poda em árvores urbanas é um dos principais motivos de perda do indivíduo e quando tal poda é drástica se torna, ainda, antieconômica, uma vez que depois de sua execução ocorre uma super brotação nas proximidades do corte e de ramos que tendem a uma posição ascendente (BALENSIEFER, 1987). Tendo isso em vista, esse estudo teve por objetivo principal caracterizar as podas realizadas em indivíduos arbóreos em determinado trecho do Campus Ministro Petrônio Portella na Universidade Federal do Piauí. Estabeleceram-se como objetivos específicos para a contemplação dos resultados necessários: (1) identificar as espécies existentes na área de estudo; (2) averiguar os tipos de podas realizadas nas espécies catalogadas.

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MATERIAIS E MÉTODOS O estudo foi realizado no município de Teresina, capital do Piauí, localizada entre a Latitude 05°05’21’’ e Longitude 42°48’07’’, na confluência dos rios Poti e margem esquerda do rio Parnaíba. Possui uma área de 1.391,981 Km2, com população de 814.230 mil/hab, e densidade demográfica 584,95 hab/Km2; possuí em seu território os biomas Cerrados e Caatinga (IBGE, 2010). Dentro da cidade de Teresina está inserida a Universidade Federal do Piauí, que foi criada com a aprovação da Lei 5.528/1968 e tem recursos providos do Governo Federal, agências de fomento educacional, entre outras. Tem sede principal na capital do Piauí, e campus distribuídos em algumas cidades do estado (UFPI, 2010). É em sua sede principal que está localizada a Biblioteca Carlos Castelo Branco (BCCB), inaugurada em 1995, funcionando seis dias por semana (UFPI, 2010), está situada ao lado de um dos Restaurantes Universitários, próxima de bancos e outros órgãos de apoio ao andamento das atividades cruciais da universidade (Farmácia Escola, Comitê de Ética em Pesquisa Animal, Fundação Cultural e de Fomento à Pesquisa, Ensino e Extensão, Cine Teatro, entre outros), sem contar com sua ligação com os canteiros, estacionamentos e praças, o que configura este espaço como um local intensamente utilizado para os mais variados fins, sendo estes fatores decisivos para a delimitação da área de estudo deste trabalho. Para idealização do presente estudo foram realizadas pesquisas bibliográficas acerca do tema, além de visitas in loco (no segundo semestre de 2013) para identificação e caracterização das espécies, bem como para especificação dos tipos de podas realizadas nos indivíduos existentes no local de estudo. Os tipos de poda considerados para fins deste trabalho foram: a poda em “U” ou “V”, a poda em furo, a poda lateral e poda de levantamento de copa. Cada tipo de poda é adequado para um tipo (ou vários) de diferentes situações. A poda em “U” ou em “V” (praticamente idênticas) é adequada para situações em que há conflito dos galhos com a rede elétrica (MATOS; QUEIROZ, 2009). E o mesmo ocorre com a poda em furo, onde há a cautela em se extrair menos galhos do indivíduo, também se caracteriza como manutenção da árvore que sofreu poda em “V” ou em “U” (PIRES et al, 2007). A poda lateral ou de levantamento são mais utilizadas para o controle do volume da copa do indivíduo (PETTO NETO, 1991 apud MENDONÇA et al, 2004), dessa forma, deve ser indicada para otimizar a passagem de transeuntes e veículos, bem como evitar o contato da copa com outras estruturas, ou com outras copas que estejam contaminadas ou infestada por insetos parasitas.

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Na pesquisa de campo foram realizados registros fotográficos para catalogação das espécies (todas de médio ou grande porte) e posterior avaliação dos tipos de podas e uma ficha de levantamento arbóreo, elaborada para o levantamento das seguintes informações: nome vulgar, localização, tipo de podas, motivos das podas.

RESULTADOS E DISCUSSÃO Identificação e distribuição das espécies encontradas Com base em leituras e pesquisa feitas na literatura foi elaborado o Gráfico 1, com dados sobre os 88 indivíduos de 11 espécies diferentes encontradas no local delimitado, dentre as informações coletadas com base no nome vulgar das espécies estão: o nome científico, ocorrência natural da espécie, altura máxima em metros e diâmetro máximo da copa em metros.

Gráfico 1: distribuição de espécie por nome vulgar. (Fonte: Pesquisa direta, 2013).

Tipos de podas averiguadas Segundo Santos & Teixeira (1991), na arborização urbana a poda é utilizada adequar a planta ao interesse do homem que habita a cidade, sendo, desta forma, executada para corrigir os conflitos existentes entre a árvore e os equipamentos e/ou as edificações da cidade.

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Distribuição das podas 5% 1% 2%

1%

22%

1%

1%

26% Lateral/Levantamento de copa(19) Furo/em "U"(1) Lateral(36) Levantamento de copa(23) Levantamento de copa/em "U"(1) Crescimento(1) 41%

Gráfico 2: distribuição das podas no estacionamento da BCCB (Fonte: Pesquisa direta, 2013).

Como pode-se constatar no Gráfico 2, o tipo de poda mais realizado na área de estudo é a poda lateral, observado em 36 indivíduos de diferentes espécies correspondendo a 41% no total de poda, isso ocorre, em grande parte, devido a conflitos entre o individuo arbóreo e os postes de iluminação e/ou fiação elétrica. Outro tipo de poda frequente em árvores urbanas e que foi encontrada em 26% dos indivíduos na área de estudo é a poda para levantamento de copa, que, segundo a CEMIG (2011) consiste na retirada de galhos baixos da copa da árvore a fim de propiciar espaço para edificações, trânsito de pedestres e veículos, e acesso visual a paisagem. Pôde-se observar que a maior parte dos indivíduos onde se realizaram podas do tipo levantamento de copa foi, principalmente, devido a iluminação publica do local, o que proporciona uma melhor iluminação ao local, e ao usuário o poder de usufruir o bem estar que uma área verde urbana a qualquer momento do dia. A poda é uma intervenção agressiva para o organismo vegetal, mas muitas vezes necessário, especialmente no ambiente urbano, onde sua finalidade principal é a adequação da árvore a arquitetura. Observou-se que há uma grande quantidade de indivíduos, 19, totalizando

22%

das

árvores

observados

que

combinam

dois

tipos

de

poda

lateral/levantamento de copa, a maior parte desses indivíduos, 8, 42% foram podados para adequação a uma estrutura de trailler que já não existe no local, o que significa uma falta de manejo e manutenção adequados no local de estudo.

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Foram observados na área de estudo, totalizando 1% cada, podas dos tipos: combinação de podas em “furo” e “U” devido à fiação elétrica, e combinação de podas levantamento de copa e em “u”. Na pesquisa de campo, foi observada também a necessidade da realização de podas em alguns indivíduos, principalmente de manutenção, para evitar o alastramento de pragas como o cupim a outros indivíduos circunvizinhos a árvore que apresenta infestações, além de um caso de poda de crescimento (ou educação), segundo a CEMIG (2011) são usadas na fase jovem da árvore, através do corte de galhos mais finos, visando a obtenção de uma copa bem formada.

CONSIDERAÇÕES FINAIS Com base nos resultados, pôde-se inferir que as podas mais realizadas na área de estudo são as podas referentes ao alivio dos conflitos do individuo arbóreo com o aparato urbano (Podas Laterais e de levantamento de Copa), como postes de iluminação e redes de fiação elétrica, concluindo assim que as maiorias das podas realizadas condizem com a sua finalidade, porém quase sempre o serviço de poda é confiado a pessoas sem preparo correto para o corte tanto de mudas quanto de arvores adultas, o que torna necessário a recomendação de um treinamento constante desses profissionais. No local, o estacionamento é arborizado com indivíduos médios e de copas densas, contudo os algodoeiros da praia que somam a maioria das arvores escolhidas para arborização do estacionamento, encontravam-se com sinais de doença (por fungo não identificado). Pôdese observar uma atrofiação das folhas, onde foi perceptível a não adapção da espécie ao fatores ambientais locais, não atendendo o objetivo de sombreamento que é necessário para estacionamentos. Recomenda-se para este caso a substituição de todos os algodoeiros da praia por Pauferro, pois além de ser nativa constatou-se que ele é médio porte, não tem raízes agressivas, com copa arredondada e ampla oferecendo assim sombra, características ideais para o estacionamento, mas, contudo deve-se evitar sua inserção em áreas com rede de fiação elétrica devido à estrutura da copa. Assim concluí-se que a área de estudo apresenta uma arborização satisfatória visto que suas árvores proporcionam sombra em quase toda a extensão do local. Porém pode-se ressaltar que há necessidade de realizar podas periódicas de manutenção, para evitar conflitos futuros com os aparatos de iluminação existentes no local.

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Portanto, o adequado conhecimento das características e condições do ambiente estudado é uma das principais condições ao sucesso da arborização. Aliado a isso, uma monitoração constante do desenvolvimento das espécies plantadas é imprescindível para a boa qualidade da arborização urbana.

REFERÊNCIAS ABBUD, B. Criando paisagens: guia de trabalho em arquitetura paisagística. São Paulo: Editora SENAC São Paulo, 2006. BALENSIEFER, M. Poda em arborização urbana. Curitiba: ITCF, 1987, 27 p. BALENSIEFER, M., WIECHETECK, M. Arborização de cidades. Instituto de Cartografia e Florestas: Curitiba, 1987. CEMIG - Companhia Energética de Minas Gerais. Manual de arborização. Belo Horizonte: Cemig / Fundação Biodiversitas, 2011. 112 p. EMBRAPA MEIO NORTE. Série de dados meteorológicos de Teresina-PI referentes ao período 1977 a 2009. Estação Meteorológica Convencional da EMBRAPA - Meio Norte. Teresina, 2010. IBGE. Cidades / Piauí / Teresina. Senso 2010. Disponível em: < http://cidades.ibge.gov.br/xtras/perfil.php?codmun=221100>. Acesso em setembro de 2013. LOBODA, C. R.; DE ANGELIS, B. L. D. Áreas Verdes Públicas Urbanas: Conceitos, Usos e Funções. Ambiência-Revista do Centro de Ciências Agrárias e Ambientais. V. 1 Nº 1, Pag 125-139. Garapuava, PR: Jan-Jun, 2005. MATOS, E; QUEIROZ, L. P. Árvores para cidades. Salvador: Ministério Público do Estado da Bahia: Solisluna, 2009. 340 p. MENDONÇA, V. Poda de recuperação em tangerineira 'ponkan' no município de PerdõesMG. Ciência e agrotecnologia. Lavras, v. 28, n. 2, p. 456-459, mar./abr., 2004. PETTO NETO, A. Práticas culturais. In: VIÉGAS, R. F.; POMPEU JÚNIOR, J.; AMARO, A. S. (Eds.). Citricultura brasileira. 2. ed. Campinas: Fundação Cargill, 1991. v. 1, p. 476492. PIRES, R. K.; DIAS, M. B.; BRITO, J. S. O conflito: arborização x energia elétrica, no bairro Vermelha, em Teresina-PI. II Congresso de Pesquisa e Inovação da Rede Norte Nordeste de Educação Tecnológica [anais]. João Pessoa, 2007. SANTOS, N. R. Z. ; TEIXEIRA, I. F. Avaliação qualitativa da arborização da cidade de Bento Gonçalves, RS. Ciência Florestal. Santa Maria, v.1, n.1, p.88-99, 1991.

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