CARACTERIZAÇÃO DO CONSUMO DE MATÉRIA-PRIMA PELA INDÚSTRIA MOVELEIRA DE TEFÉ (AM)

July 14, 2017 | Autor: Viviane Marcos | Categoria: Madeira, Amazonas, Timber Industry, Demand Supply
Share Embed


Descrição do Produto

CARACTERIZAÇÃO DO CONSUMO DE MATÉRIA-PRIMA PELA INDÚSTRIA MOVELEIRA DE TEFÉ (AM) Viviane da Silva Marcos1,2, Leonardo Mauricio Apel¹ [email protected] 1

Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá – OS/MCTI 2

Universidade do Estado do Amazonas

A Amazônia tem um vasto estoque de madeira comercial, mas sua exploração ainda é feita de forma predatória. Atualmente cerca de 17% da Amazônia brasileira já foi desmatada, ocasionando danos a biodiversidade e dificultando a geração de dados concretos quanto ao desempenho do setor madeireiro. No estado do Amazonas até 2009 o consumo de madeira em tora foi de 357 mil m³, gerando uma renda bruta de 58 milhões de dólares e 6.525 empregos. No entanto, dados a respeito deste setor nos municípios ainda são escassos. A cidade de Tefé está localizada na parte central do estado e é considerada uma cidade chave, possuindo demanda própria de madeira por abrigar diversos empreendimentos fabricantes de móveis e esquadrias, absorvendo grande parte da sua produção. Este trabalho objetiva estimar a demanda e caracterizar o consumo de matéria-prima no setor madeireiro local. Para realizar o levantamento inicial, obtiveram-se junto ao Instituto de Desenvolvimento Agropecuário e Florestal Sustentável do Amazonas (IDAM) informações da localização de 23 movelarias em Tefé, nas quais foram aplicados questionários semiestruturados, visando levantar informações a respeito de consumo de matéria-prima e produção dos empreendimentos. Após esse levantamento foi feita um estratificação em três categorias de empreendimentos: pequenos (consumo até 2m³/mês), médios (consumo entre 2m³/mês e 4m³/mês) e grandes (consumo acima de 4m³/mês). Após a estratificação foram escolhidas duas movelarias no grupo das pequenas, três das médias e três grandes, para a realização do monitoramento mensal, entre novembro de 2013 a abril de 2014. Segundo os dados declarados inicialmente os empreendimentos consumiriam 74 m³ de madeira serrada por mês, uma média de 3,2 m³ (n=23; ±2,51) por estabelecimento, adquirindo matéria-prima de uma a duas vezes por mês, entre madeira manejada e de extração não licenciada. De acordo com dados fornecidos pelo IDAM, onze empreendimentos estão licenciados para comprar madeira manejada, mas somente quatro deles fizeram uma aquisição no mês de novembro de 2013. Durante o monitoramento outra compra seria feita, mas a Instrução Normativa n° 21/2013 do IBAMA passou a exigir que as movelarias movimentassem seus pátios no sistema de licença DOF (Documento Origem Florestal) informando o exato saldo contábil de seus estoques, suspendendo 10 movelarias que receberam o licenciamento em 2013, impedindo-as de fazer novas compras de matéria-prima. As espécies mais consumidas são o Angelim (Hymenolobiun excelsum Ducke), o Mulateiro (Calycophyllum spruceanum Benth) e o Abacatão (Lucuma speciosa Ducke). O valor pago pela matériaprima nos estabelecimentos varia de acordo com o fornecedor, a medida da prancha, o transporte e a espécie da madeira. O valor médio por prancha (medida mais recorrente: 2,20 m x 20 cm x 08 cm) é de R$ 17,52 (n=22, ±4,71) e em metros cúbicos de R$ 497,71 (n=22, ±133,8). Segundo os dados do monitoramento os empreendimentos adquiriram no total 52,5 m³ de madeira, isso leva a um consumo mensal médio por estabelecimento de 1,09 m³ (n=42, ±0,7), que nos permite inferir que a demanda média mensal de madeira pelo setor moveleiro na cidade de Tefé é de 25,16 m³. Portanto, o consumo de madeira

observado é menor do que o declarado no início do estudo, demonstrando a importância do monitoramento para gerir dados concretos para o setor. A compra também se dá em menor frequência, menos de uma vez por mês. As espécies mais consumidas provêm tanto da várzea, quanto de terra firme, principalmente das comunidades no entorno de Tefé e da estrada da Emade (estrada que liga a área urbana com a área rural de Tefé). A maioria dos estabelecimentos vende somente por encomenda, fazendo com que a produção do setor dependa da demanda dos consumidores. Logo, prováveis alterações na renda dos consumidores finais impactam diretamente no setor. Essa dependência influência no consumo da matéria-prima à medida que os estabelecimentos respondem à demanda. Mas há uma necessidade de movimentação mensal dos pátios, em função da regulamentação do setor, dificultando o gerenciamento da atividade para alguns estabelecimentos.

Palavras-chave: Consumo de matéria-prima, Indústria madeireira, Demanda. Key-words: Consumption of raw materials, Timber Industry, Demand.

Lihat lebih banyak...

Comentários

Copyright © 2017 DADOSPDF Inc.