CARACTERIZAÇÃO DO MEIO FÍSICO DA REGIÃO DE PIRAÍ DA SERRA – PARANÁ, VISANDO A PRESERVAÇÃO DO PATRIMÔNIO NATURAL

July 22, 2017 | Autor: F. Pereira de Oli... | Categoria: Geografia
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CARACTERIZAÇÃO DO MEIO FÍSICO DA REGIÃO DE PIRAÍ DA SERRA – PARANÁ, VISANDO A PRESERVAÇÃO DO PATRIMÔNIO NATURAL

AUTORES: RAFAEL KÖENE FERNANDA CRISTINA PEREIRA ORIENTADORES: MÁRIO SÉRGIO DE MELO GILSON BURIGO GUIMARÃENS

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA

A área de estudo compreende cerca de 750 km², abrangendo o reverso da Escarpa Devoniana no local denominado Piraí da Serra e vizinhanças. Está situada entre as coordenadas UTM da Zona 22 S, N 7275000 a 7300000, E 560000 a 600000, em grande parte no Município de Piraí do Sul e em menores partes nos Municípios de Tibaji e Castro. Esta área foi selecionada por apresentar associação de fatores ambientais únicos, e por se apresentar preservada, fatos que a credenciam para a pesquisa científica e para uma nova unidade de conservação (MELO et al., 2004). A região dos Campos Gerais, no entorno de Piraí da Serra, ainda tem sua economia fortemente ligada às atividades agrícolas e isto vem causando na região, nos últimos 40 anos, grandes problemas em relação à conservação do patrimônio natural. A agricultura mecanizada avança sobre os campos, e os locais com relevo mais acidentado estão sofrendo com a invasão da monocultura de espécies exóticas (Pinus e Eucalipto). A riqueza do patrimônio natural regional e a agudeza dos riscos que o ameaçam têm justificado a inclusão dos Campos Gerais entre as áreas prioritárias para conservação ambiental por parte de programas da UNESCO - United Nations Educational, Scientific and Cultural Organization - e do Ministério do Meio Ambiente (MMA, 2002). Em conseqüência, em 2005 o IBAMA - Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - propôs a criação de três novas unidades de conservação na região, duas delas com respectivos decretos assinados no início de 2006, devendo o terceiro decreto ser assinado proximamente. Paralelamente, o IAP - Instituto Ambiental do Paraná - vem desenvolvendo o plano de manejo da APA - Área de Proteção Ambiental - da Escarpa Devoniana (SEMA, 2004), e analisando a criação de novas unidades de conservação estaduais na região. Uma delas corresponde à área de Piraí da Serra, que contém rica 1

diversidade de flora e fauna ainda preservadas, formas de relevo e hidrografia únicas (MELO et al., 2004). Piraí da Serra possuí um relevo bastante marcante, pois situa-se no reverso da Escarpa Devoniana. Várias são as feições geomorfológicas lá encontradas, como: erosão subterrânea que se estende à superfície do terreno (furnas, sumidouros, túneis), rios em profundos canyons, exposições rochosas, relevo ruiniforme. Tais feições obedecem a um controle estrutural imposto pelo Arco de Ponta Grossa cujo eixo se encontra na direção NW–SE. Para a caracterização geológica, geomorfológica e pedológica utilizou-se a seguinte metodologia: fotointerpretação em fotografias aéreas pancromáticas em escala 1:70.000 (DGTC), 1962 / 1963, extraindo dados em overlays e digitalizados em ambiente SIG (Sistema de Informação Geográfica) utilizando o

programa

Spring, versão 4.3.3 do INPE, no qual foram confeccionados dois mapas representando a Geologia e os Solos da região. Também nesta etapa inclui a identificação

de

feições

de

relevo

singulares

(lineamentos

estruturais,

escarpamentos, canyons, relevo ruiniforme, morros testemunhos), corpos d`água e feições erosivas. Foram realizados levantamentos de campo que propiciaram a aquisição de dados para controle da fotointerpretação, concomitantemente adquirindo dados geológicos (litotipos, estruturas) para elaboração de mapa litoestratigráfico e estrutural. Também foram colhidos dados sobre tipos de solos (classificados segundo EMBRAPA 1999). A geologia da região de Piraí da Serra (Figura 1) é formada por rochas dos Grupos: Paraná, Castro e Magmatísmo Serra Geral. O Grupo Castro, o mais antigo dos grupos, é de difícil definição em relação às formações que o compõem, além de um arranjo estratigráfico complexo. As rochas encontradas neste grupo são vulcânicas ácidas e intermediárias (riolitos, andesitos, tufos, ignimbritos), além de rochas sedimentares clásticas diversas (arcósios, siltitos, conglomerados etc.). O Grupo Paraná é constituído, da base para o topo, pelas formações Furnas e

Ponta

Grossa.

Elas

têm

sua

gênese

associada

e

são

parcialmente

contemporâneas. A Formação Furnas é composta de rochas de origem sedimentar, originadas desde o final do Siluriano até o início do Devoniano, provavelmente em ambiente marinho e constituída de arenitos quartzosos cimentados por caulinita, um argilomineral passível de dissolução. Possui estratificação cruzada, e em sua base encontram-se conglomerados, diferente do topo em que a granulometria da rocha é bastante fina. Nesta formação é possível encontrar icnofósseis, ou seja, pistas de 2

fósseis e ainda macrofósseis vegetais. A Formação Ponta Grossa, também de origem sedimentar, foi depositada do início até o final do Devoniano e em ambiente marinho. Possui uma granulação bastante fina (folhelhos, siltitos), apresentando muitos macro e microfósseis entre os quais destacam-se acritarcas, quitinozoários, trilobitas e braquiópodes. O Magmatismo Serra Geral, com idade de cerca de 130 milhões de anos, é representado por rochas ígneas como o diabásio, em corpos como soleiras e diques. Estas rochas têm sua gênese atribuída ao processo de rompimento da Gondwana, o supercontinente que existia na época. Durante este processo, na região que é hoje o Paraná, começou a se formar o Arco de Ponta Grossa, o qual fazia parte de um sistema de Rift Continental, acarretando em fraturas na base rochosa da região e dando passagem ao magma. Figura 1 – Mapa Geológico de Piraí da Serra.

A região de Piraí situa-se na borda leste do Segundo Planalto Paranaense. A altitude máxima na beira da escarpa chega a 1290 m. A formação da escarpa se deve ao processo do Arco de Ponta Grossa que soergueu o relevo na região e deu origem a várias feições geomorfológicas, sendo as mais marcantes os canyons que cortam a superfície em profundos vales no sentido NW-SE. A seguir estão indicadas as principais formas de relevo da área. Escarpas: penhascos com grandes desníveis expondo as rochas da Formação Furnas, 3

associadas com profundos canyons. Estes na maioria apresentam rochas magmáticas no proporcionadas

fundo pela

de

erosão

seus

vales.

(mecânica

Relevos e

Ruiniformes:

química)

atuante

são

formas

sobre

rochas

principalmente do Arenito Furnas, dando origem a feições que lembram ruínas de uma cidade. Cachoeiras e Corredeiras: ocorrem em pequenos rios que correm sobre arenitos e rochas magmáticas, e que encontram degraus no seu curso, formando quedas d'água. Caneluras e Canaletas: pequenos canais entalhados em afloramentos rochosos por ação da água pluvial através da conjugação de dissolução mecânica e química. Bacias de Dissolução: pequenas depressões em que se acumula água, formadas no arenito por erosão química. Lapas: são tetos nas rochas, que podem ser usados como abrigo, sendo que muitas contêm pinturas rupestres. Os solos (Figura 2) muitas vezes são rasos e pobres em decorrência da rocha matriz (na maioria dos locais o Arenito Furnas), que não fornece grande variedade de nutrientes. Figura 2 – Mapa Pedológico de Piraí da Serra.

Predomina o Neossolo Litólico, encontrado principalmente na borda da Escarpa Devoniana. A noroeste e norte da área, ocorre o Latossolo Vermelho, oriundo da Formação Ponta Grossa, que é favorável para agricultura. Além destes 4

solos citados ainda se encontram em menores quantidades o Cambissolo Húmico e Háplico, Latossolo Vermelho Amarelo e Bruno e o Argissolo Vermelho Amarelo + Cambissolo Háplico. Os solos formados por diques (no fundo dos vales), são muito ricos em nutrientes, devido aos minerais fornecidos a partir da decomposição de suas rochas, por isso sobre os mesmos encontram-se exuberantes florestas com Araucárias.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

DGTC - Departamento de Geografia, Terras e Colonização do Estado do Paraná. Levantamento aerofotogramétrico 1:70.000 do Estado do Paraná. Curitiba: DGTC (órgão incorporado pela atual Secretaria de Estado do Meio Ambiente - SEMA), 1962/1963. EMBRAPA – Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária. Sistema brasileiro de classificação de solos. Brasília: Embrapa, 1999, 412p. MELO, M.S.; MATIAS, L.F.; GUIMARÃES, G.B.; BARBOLA, I.F.; GEALH, A.M.; MORO, R.S.; CRUZ, G.C.F.; MORO, P.R.; MOREIRA, J.C.; AYUB, C.L.S.C. Piraí da Serra - proposta de nova unidade de conservação nos Campos Gerais do Paraná. Ponta Grossa: Publicatio UEPG (Ciências Biológicas e da Saúde), 2004, v.10, n.3/4, p.85/94. MMA - Ministério do Meio Ambiente. Biodiversidade brasileira: avaliação e identificação de áreas prioritárias para conservação, utilização sustentável e repartição de benefícios da biodiversidade brasileira. Brasília: MMA/SBG, 2002, 404p. SEMA - Secretaria de Estado do Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos. APA da Escarpa Devoniana: zoneamento ecológico, plano de manejo e regulamentação legal. Curitiba: SEMA/IAP, 2004, 78p.

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