CARATERIZAÇÃO OSTEOMÉTRICA DAS POPULAÇÕES ATUAIS DE LOBO-IBÉRICO Canis lupus signatus um alicerce para o seu conhecimento no registo arqueológico

May 27, 2017 | Autor: Marta Moreno-García | Categoria: Osteometry, Wolves
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CARATERIZAÇÃO OSTEOMÉTRICA DAS POPULAÇÕES ATUAIS DE LOBO-IBÉRICO

Canis lupus signatus

um alicerce para o seu conhecimento no registo arqueológico Marta Moreno García 1, Carlos Pimenta 2,3, Rafael M. Martínez Sánchez 4, Inês Barroso 5, Virgínia Pimenta 3,5,6 , Nuno Santos 3, 5 Instituto de Historia, GI Arqueobiología, CSIC, Madrid, Espanha 2 Laboratório de Arqueociências, Direção Geral do Património Cultural, Portugal 3 CIBIO / InBIO, DGPC, Centro de Investigação em Biodiversidade e Recursos Genéticos, Universidade do Porto, Campus de Vairão, Portugal 4 Departamento de Prehistoria y Arqueología, Universidad de Granada, Espanha 5 Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas, I.P., Portugal 6 CEABN / InBIO, Centro de Ecologia Aplicada “Professor Baeta Neves, Instituto Superior de Agronomia, Universidade de Lisboa, Portugal 1

O trabalho pluridisciplinar desenvolvido em torno das populações atuais de Lobo-ibérico, propiciado pela implementação do Sistema de Monitorização de Lobos Mortos (SMLM) no Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas, I.P. (ICNF), traduziu-se na criação da maior coleção de esqueletos completos desta espécie na Península

Ibérica, totalizando no presente 44 exemplares (12♀, 31♂, 1?). Cada um destes esqueletos contém uma história diferente bem reconhecida nas múltiplas variáveis biológicas que incidiram sobre o cadáver que o originou. Mas cabe ainda perguntar:

O QUE É UM LOBO-IBÉRICO, OSTEOLOGICAMENTE FALANDO? Seguindo os critérios osteométricos de von den Driesch (1976) apresentamos as médias retiradas dos principais elementos óseos e dentais dos espécimes adultos* (27♂ e 7 ♀) representados na coleção. O cálculo dos Coeficientes de Variação permite-nos avaliar o modo como as diferentes medidas variam e quais os parámetros mais diagnósticos para separação de ambos os sexos.

OSSO Escápula

Úmero

Radio

Ulna

Mtc1

Mtc2

Mtc3

Mtc4

Mtc5

Pélvis

Fémur

Tibia

Astrágalo Calcâneo Mtt2

Mtt3

Mtt4

Mtt5

Lm1 Up4

FÊMEAS ADULTAS

MEDIDA HS SLC GLP BG GL DP SD BD HTC GL BP SD BD BFD GL SDO DPA BPC GL BP BD GL BP BD GL BP BD GL BP BD GL BP BD GL Lfo SB SH LAR AMP GL BP DC SD BD GL BP SD BD DD GL GL GL BP BD GL BP BD GL BP BD GL BP BD L B L B

N 6 7 7 7 6 6 6 6 6 6 6 6 5 5 7 7 7 7 6 6 6 6 6 6 5 5 5 6 6 6 6 6 6 6 6 6 6 6 6 6 6 6 6 6 6 6 6 6 6 6 6 6 6 6 6 6 6 6 6 6 6 6 6 5 5 5 5

x 161,4 31,0 36,0 22,4 194,7 50,6 15,5 39,8 16,2 192,8 22,2 16,6 30,0 23,1 228,4 26,2 31,4 22,1 25,0 5,7 6,5 69,9 8,2 11,7 79,3 10,0 11,4 79,3 8,8 10,8 68,2 12,5 11,7 165,4 36,1 11,0 23,6 24,6 10,1 208,8 47,8 22,4 15,4 39,0 213,4 43,1 14,5 26,6 19,9 31,3 54,9 77,6 6,1 11,0 87,4 10,8 11,4 89,6 9,2 10,5 80,4 9,0 10,1 26,6 10,7 22,9 12,2

CV 39,4 12,5 6,4 2,6 40,5 5,5 1,2 3,5 ,5 34,6 0,8 14,8 2,3 ,7 60,2 1,3 1,6 ,9 1,3 ,09 ,09 9,4 ,1 ,3 13,2 ,4 1,0 14,1 ,0 ,3 12,8 ,1 ,4 49,0 2,8 1,5 1,0 1,9 2,9 50,0 11,1 1,9 2,2 2,4 103,2 3,4 2,5 1,2 1,5 1,0 4,7 19,6 ,0 ,3 20,0 ,2 ,4 25,1 ,6 ,4 24,1 ,5 ,6 ,7 ,0 ,1 ,9

MACHOS ADULTOS N 20 21 21 21 18 18 19 18 18 19 19 19 19 19 18 18 18 18 17 16 17 18 18 18 19 19 19 18 18 17 19 19 19 21 20 21 21 20 20 20 20 20 20 20 22 22 23 23 22 20 20 20 20 19 20 20 20 20 20 20 20 20 21 21 21 19 19

x 172,5 33,2 40,6 24,1 214,6 55,2 16,8 44,5 18,0 206,5 24,1 16,8 32,4 25,4 245,2 28,8 33,2 24,0 27,2 6,2 6,9 76,6 8,7 11,9 85,3 10,8 12,0 86,5 9,7 11,5 72,3 13,7 12,7 180,2 37,7 11,5 25,1 26,3 11,9 226,9 51,6 23,8 16,3 42,4 230,4 46,0 15,3 29,1 21,5 33,6 58,4 84,2 6,6 11,8 94,3 11,7 12,0 96,7 10,2 11,2 86,1 9,6 10,7 28,3 11,4 24,8 13,3

CV 34,2 2,3 2,6 0,8 54,1 3,3 ,7 4,4 ,7 41,3 1,2 ,5 7,4 2,2 33,3 1,7 2,4 1,7 2,3 ,04 ,1 11,1 ,3 5,7 40,4 ,3 ,1 10,8 ,3 ,1 70,6 ,5 ,5 39,0 2,5 ,8 1,9 1,9 3,2 52,3 3,6 1,3 ,3 4,3 42,4 4,4 0,9 1,2 1,3 1,9 4,9 12,7 ,1 ,3 13,5 ,6 ,1 13,9 ,2 ,2 11,1 ,3 ,5 2,5 ,3 1,9 ,6

Ordenando o valor das diferenças das médias entre machos e fêmeas discriminados na Tabela para cada um dos ossos principais do esqueleto apendicular, fica evidente que os comprimentos (GL- em fundo azul) são a medida que permite reconhecer com nitidez machos e fêmeas sendo simultaneamente aquela que apresenta maior variação. A diferença é sempre significativa P < 1%.

DIFERENÇA ENTRE AS MÉDIAS DE FÊMEAS E MACHOS 11,1 2,2 4,6 1,6 19,8 4,6 1,3 4,6 1,7 13,6 1,9 ,2 2,4 2,3 16,8 2,6 1,7 1,8 2,2 ,4 ,3 6,6 ,4 ,2 6,0 ,7 ,5 6,7 ,8 ,9 4,1 1,2 1,0 14,8 1,6 ,4 1,5 1,7 1,7 18,0 3,7 1,4 0,8 3,3 17,0 2,9 ,8 2,5 1,6 2,3 3,4 6,6 ,4 0,8 6,8 0,9 0,6 7,0 ,9 ,6 5,6 ,6 ,5 1,7 0,7 1,8 1,0

t 4,374 2,734 6,005 3,889 6,348 4,378 2,602 5,141 4,841 4,855 4,307 ,136 2,630 4,405 5,202 4,847 2,945 3,821 3,737 3,460 2,561 4,514 2,525 ,352 2,781 2,222 1,216 4,175 5,930 2,839 1,694 5,020 3,208 4,694 2,134 ,785 2,979 2,648 2,162 5,456 2,648 2,226 1,403 4,241 3,890 3,307 1,277 4,832 2,854 4,530 3,411 3,350 3,058 2,953 3,436 3,296 2,333 3,175 2,868 2,269 2,649 2,005 1,630 3,350 4,348 5,383 2,272

significância ,001 ,020 ,000 ,002 ,000 ,003 ,036 ,001 ,001 ,001 ,001 ,897 ,022 ,001 ,001 ,000 ,011 ,002 ,003 ,011 ,027 ,001 ,023 ,728 ,017 ,068 ,285 ,003 ,000 ,029 ,105 ,000 ,010 ,002 ,066 ,460 ,013 ,029 ,061 ,001 ,038 ,061 ,214 ,001 ,008 ,009 ,249 ,001 ,023 ,001 ,009 ,012 ,010 ,018 ,011 ,006 ,057 ,016 ,027 ,059 ,036 ,085 ,144 ,006 ,000 ,000 ,066

COMO SE REFLETEM NOS DIFERENTES ELEMENTOS QUE COMPÕEM OS SEUS ESQUELETOS ASPETOS COMO A IDADE, O DIMORFISMO SEXUAL, PATOLOGIAS ORIGINADAS POR MÁ NUTRIÇÃO, DOENÇAS…?

* São considerados adultos os individuos cujas articulações se encontram consolidadas às respetivas diáfises.

QUAL A IMPORTÂNCIA DESTE PATRIMÓNIO PARA RECONHECER RESTOS ARQUEOLÓGICOS? ALGUNS EXEMPLOS ...

Contrariamente ao que sucede com outros ossos longos a epífise distal do úmero consolida antes de ser atingido um ano de idade. Assim, o gráfico evidencia que a relação entre GL e BD (largura distal) neste elemento, independentemente de se tratarem de individuos adultos ou sub-adultos, discrimina ambos os sexos. Porém, a exceção assinalada com seta na imagem corresponde a uma fêmea que apresentava uma fratura antiga, em bisel, na parte distal da diáfise do úmero esquerdo. Esta circunstância que dificultaria a sua locomoção, poderá ter originado o desenvolvimento anormal do úmero direito (cujas medidas foram consideradas no gráfico), resultando na sua integração no cluster dos machos?

GL

BD

IV CONGRESSO IBÉRICO DO LOBO. CASTELO BRANCO 27-30 OUTUBRO 2016

PENEDO DO LEXIM (CALCOLÍTICO)

L

Relação entre comprimento (L) e largura (B) do LM1. O ponto laranja posiciona o mesmo dente recuperado num contexto Calcolítico (3º milénio a.C.) no povoado do Penedo do Lexim, Mafra (Moreno García e Sousa 2015).

B

Relação entre o comprimento do processus articularis (GLP) e a largura da cavidade glenoidal (BG) da escápula. O ponto verde assinala o resto proveniente do Abrigo do Lagar Velho, Leiria (Moreno García e Pimenta 2002) num contexto do Paleolítico Superior (Gravetense Final), ilustrado na imagem da direita.

FOTOS: JOSÉ PAULO RUAS (DGPC) FOTOS: JOSÉ PAULO RUAS (DGPC) BIBLIOGRAFÍA BIBLIOGRAFÍA Moreno-García,M., M.,Pimenta, Pimenta,C.M., C.M.,2002. 2002.The Thepaleofaunal paleofaunalcontext, context,In: In:Zilhão, Zilhão,J.,J.,Trinkaus, Trinkaus,E.E.(Eds.), (Eds.),Portrait Portraitofofthe theArtist ArtistasasaaChild. Child.The TheGravettian GravettianHuman HumanSkeleton Skeletonfrom fromthe theAbrigo Abrigodo doLagar LagarVelho Velhoand andits itsArcheological ArcheologicalContext. Context.Instituto InstitutoPortuguês Portuguêsde deArqueologia, Arqueologia,Lisboa, Lisboa,pp. pp.112-131. 112-131. Moreno-García, MorenoGarcía, García,M., M.,Sousa, Sousa,A.A.C., C.,2015. 2015.Para Paraalém alémdas dasmuralhas, muralhas,uma umaperspetiva perspetivados dosrecursos recursosfaunísticos faunísticosno noCalcolítico Calcolíticoda daEstremadura: Estremadura:ooconjunto conjuntoarqueofaunístico arqueofaunísticodo dolocus locus55do doPenedo Penedodo doLexim Lexim(Mafra). (Mafra).Revista RevistaPortuguesa Portuguesade deArqueologia Arqueologia18, 18,pp. pp.101-124. 101-124. Moreno vonden denDriesch, Driesch,A., A.,1976. 1976.AAguide guidetotothe themeasurement measurementofofanimal animalbones bonesfrom fromarchaeological archaeologicalsites. sites.Peabody PeabodyMuseum MuseumBulletin, Bulletin,Harvard. Harvard. von

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