Carlos Gomes: Abertura Salvator Rosa (1874)

July 13, 2017 | Autor: S. Igayara-Souza | Categoria: Opera, Brazilian Music, Carlos Gomes, Musica Brasileira
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Carlos Gomes – Abertura Salvator Rosa

Texto publicado no Programa de Concerto da - OSESP - Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo, Fevereiro de 2000. Projeto Criadores do Brasil.

Susana Cecilia Igayara

A ópera Salvator Rosa foi composta em 1874, aparecendo na sequência de O Guarani (1870) e Fosca (1873).
Carlos Gomes agrada o público italiano com esta ópera, que foi vista por alguns críticos como uma obra mais "fácil", voltada ao gosto do público. Carlos Gomes acompanha atentamente a repercussão de suas obras. Em carta ao amigo Visconde de Taunay, em março de 75, conta entusiasmado que seu Salvator Rosa já havia sido representado em seis teatros da Itália. Em 77, em carta ao mesmo Taunay, queixa das críticas recebidas no Brasil: " Mas diga-me meu bom amigo, do que serve acusar-me tanto no Brasil, ao mesmo tempo que desprezam as minhas óperas Salvator Rosa e Fosca?"
É verdade que houveram os críticos, mas e os admiradores?
Em julho de 1896, quando Carlos Gomes já estava bastante doente e sem recursos, no Pará, foi organizado um Festival Carlos Gomes, com um concerto especial no Teatro Lírico do Rio de Janeiro. Neste concerto, Alberto Nepomuceno regeu a Protofonia do Guarani, abrindo o programa, e a Alvorada do Escravo, como última obra. No mesmo Teatro Lírico, em setembro de 96, foi realizado um novo concerto em homenagem a Carlos Gomes, o primeiro depois de sua morte, e mais uma vez foi Alberto Nepomuceno o regente. Uma nota no Jornal do Comércio dizia que o público ouviu a Protofonia do Guarani de pé, e que era visível a emoção do Maestro.
A Abertura de Salvator Rosa inicia com um motivo rítmico, apresentado pelos metais, intercalado pelo ataque dos tímpanos e bombo juntos. Sobre uma estrutura harmônica simples, e após uma breve expansão do primeiro motivo rítmico, aparecem os temas desta Abertura, exemplos do melodismo típico de Carlos Gomes, que serão aproveitados durante a ópera.
Com grande equilíbrio formal são trabalhados os temas principais. O primeiro deles é apresentado pelos violinos no Andante Moderato, e um segundo, mais movido e derivado do primeiro, é exposto no Allegro Giusto, inicialmente pelos violoncelos, e logo ouvido também nos violinos e na clarineta. Separando os dois, um episódio com o motivo rítmico inicial. Chamadas de um pequeno motivo descendente e a entrada da harpa preparam a chegada do novo tema. Este tema surge nos violoncelos, acompanhado pelas cordas em pizzicato, e logo é assumido pelas madeiras. Seu caráter cantábile, em movimento escalar ascendente, contrasta com os motivos anteriores. Com o material temático apresentado, Carlos Gomes passa a usá-los todos, equilibrando e distribuindo os diversos temas e motivos pela orquestra.


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