Carregar o ponto é carregar o mundo

Carregar o ponto, é carregar o mundo.

Vivemos um momento sem precedentes na história com o crescimento da produção e da circulação de imagens à nossa volta. "Clicamos" e produzimos imagens praticamente o dia todo; ela passou a ser a principal “matéria e forma” utilizada pelo homem para as suas comunicações.

O digital trouxe a possibilidade de todo o mundo fotografar ou produzir fotografias bem como distribuí-las. Vale a pena relatar aqui uma cena vivida recentemente por um importante profissional da fotografia brasileira. Ele estava numa festa na casa de amigo quando um garoto se aproximou e perguntou qual era a sua profissão. Respondeu: “sou fotógrafo”. Na mesma hora, o garoto sacou seu celular do bolso e falou extasiado “eu também!” e começou a “folhear” a tela do aparelho e mostrar suas imagens. A atitude do garoto nos mostra como a produção da imagem atravessa diametralmente o “caminho do profissional da área” e segue como uma imensa onda que se propaga por entre os dedos ansiosos dos homens, a ponto da ciência considerar o humano

do futuro com um dispositivo introjetado em seu corpo, sendo capaz de projetar suas “imagens pensamentos” através dele. É muito mais interessante se entendêssemos o ato de fotografar como algo criativo, livre da representação óbvia da máquina e do registro rápido, "mais do mesmo", como se a necessidade do apertar o botão fosse mais importante do que a fotografia em si; um excesso que não se faz enxergar. A comunicação acessível nos transforma em seres ansiosos. Proponho uma dica valiosa: muito do que alimenta minha visualidade vem das fotografias que faço apenas com os olhos, sem a câmera. Esta experimentação fornece referência e subsídio para que eu produza as fotografias que serão a "real interpretação” daquilo que me interessa representar. Se nos encontramos em um mundo onde as possibilidades de produção criativa está nas mão de todos, é obrigatório que todos se engajem na ideia de uma sociedade criativa e criadora.

O digital e suas possibilidades estão aí para isso.