Carta Turística da Serra da Estrela: um instrumento de planeamento e promoção turística

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Carta Turística da Serra da Estrela: um instrumento de planeamento e promoção turística CONFERENCE PAPER · SEPTEMBER 2015

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3 AUTHORS: Gonçalo Fernandes

Emanuel De Castro

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Available from: Gonçalo Fernandes Retrieved on: 24 October 2015

Atas X Congresso da Geografia Portuguesa OS VALORES DA GEOGRAFIA

Maria José Roxo Rui Pedro Julião Margarida Pereira Daniel Gil

X CONGRESSO DA GEOGRAFIA PORTUGUESA Valores da Geografia Lisboa, 9, 10 e 11 de setembro de 2015 Carta Turística da Serra da Estrela: metodologia de trabalho e importância para o planeamento e promoção do turismo G. Fernandes a),b) e C), E. Castro b) e C), G. Firmino c) a)

CICS.NOVA- Centro Interdisciplinar de Ciências Sociais, UNL/FCSH. [email protected] Instituto Politécnico da Guarda – UDI/IPG. [email protected] c) Observatório do Turismo da Serra da Estrela, OTSE/ESTH/IPG, [email protected] b)

Resumo O fenómeno turístico pelo seu caráter indutor, tem a capacidade de promover os recursos territoriais e contribuir para a valorização do património endógeno. Na atualidade constitui-se como motor de desenvolvimento de muitas economias regionais, quando corretamente gerido, em particular nas que os recursos ecoculturais são valorizados e geram atratividade. A articulação entre as diferentes entidades que atuam sobre o destino turístico e o desenvolvimento de uma estrutura colaborativa, comprometida com o território e com as sinergias de cooperação territorial, sustentam a estratégia de desenvolvimento de uma plataforma de integração dos recursos e produtos turísticos, num formato de construção permanente e de interatividade. Neste contexto, a Carta Turística para a Serra da Estrela pretende ser um projeto dinâmico, através da aplicação de metodologias de informação geográfica que constituirá um instrumento de planeamento turístico e uma plataforma interativa de acesso à informação por parte dos turistas. Palavras chave: Turismo, Serra da Estrela, Metodologias, SIG, Montanha.

1. Introdução A Carta Turística da Serra da Estrela pretende constituir um instrumento de gestão, promoção e revalorização da Serra da Estrela enquanto destino turístico. Neste sentido, importa conhecer os recursos no seu contexto territorial e o modo como os mesmos são turisticamente apropriados, procurando otimizar as potencialidade e gerir os impactes produzidos. O fenómeno turístico encerra em si mesmo um caráter indutor, capaz de promover os recursos territoriais e contribuir para a valorização do património endógeno. Trata-se de uma atividade que constitui o motor de desenvolvimento de muitas economias regionais, quando corretamente gerido. Pela sua natureza, o turismo é um fenómeno complexo que integra os subsistemas político, económico, social, cultural, biofísico, ecológico e estético, e é da simbiose entre estes diferentes domínios que resulta a sua sustentabilidade. Neste contexto, o presente artigo pretende demostrar as potencialidades de uma Carta Turística para a Serra da Estrela, de carácter dinâmico, através da aplicação de metodologias de informação geográfica que constituirá, a montante um instrumento de planeamento turístico, e a jusante uma plataforma interativa de acesso à informação por parte dos turistas. Para este trabalho a Serra da Estrela incluirá, geograficamente, além dos concelhos delimitados pelo Parque Natural (Celorico da Beira, Covilhã, Gouveia, Guarda, Manteigas e Seia), os concelhos de 463

Belmonte, Fornos de Algodres e Oliveira do Hospital, assegurando assim uma identidade territorial, traduzida pela própria marca Serra da Estrela. Este trabalho dotará, ainda, o Observatório de Turismo da Serra da Estrela (OTSE) de um instrumento capaz de garantir uma maior eficácia na gestão e promoção do destino Serra da Estrela, assim como uma maior relação com os diferentes agentes turísticos da Região, centrando o OTSE na esfera do planeamento e promoção turística integrada e promover um maior envolvimento com a comunidade, nomeadamente Municípios, Agentes Turísticos e Consumidores. Na verdade, este Observatório constitui um paradigma incontornável no âmbito das instituições de ensino superior na atualidade, reforçando deste modo o seu papel como um dos agentes dinamizadores do desenvolvimento regional.

2. Interpretação patrimonial dos recursos inventariados e sua promoção A interpretação define-se como a arte de dar a conhecer, tornar acessível e explicar o sentido e o significado das coisas (Carrier, 1995). Dentro do património podemos identificar diversos níveis de interpretação, nomeadamente a interpretação aplicada a um território específico, que mais não é do que a resposta a uma procura social do uso do património e a necessidade de cada território se posicionar num patamar superior face aos demais territórios. Desta forma, podemos entender a interpretação como um instrumento de planificação dentro das estratégias de desenvolvimento territorial (Miró, 2005). O processo interpretativo passa pela resposta a três premissas fundamentais: o quê? - pretende dar resposta acerca dos elementos patrimoniais existentes e qual é o tipo de informação e mensagem que se deverá apresentar ao público, não só entendido como turista, mas também à própria população; como? - de forma a encontrar estratégias suficientemente apelativas e que funcionem como um elemento de divulgação aliada à promoção competitiva do território em questão, por vezes recorrendo a estratégias de marketing territorial ou patrimonial; onde? – de modo a identificar e caracterizar o espaço físico onde decorrerá o processo interpretativo, que consiste na arte de revelar in situ o significado do legado natural, cultural ou histórico, ao público que visita esses lugares (Estrada, 2004). Contribuindo para este processo, o projeto “Carta Turística para a Serra da Estrela”, de carácter dinâmico através da aplicação de metodologias de informação geográfica constituirá, a montante, um instrumento de planeamento turístico, e a jusante, uma plataforma interativa de acesso à informação por parte dos turistas. Segundo a Carta Internacional do Turismo Cultural, a tradução turística da identidade cultural assumese como um desígnio essencial dos contextos paisagísticos e sociais, assente nos seguintes objetivos: […] a) to facilitate and encourage those involved with heritage conservation and management to make the significance of that heritage accessible to the host community and visitors. b) to facilitate and encourage the tourism industry to promote and manage tourism in ways that respect and enhance the heritage and living cultures of host communities. c) to facilitate and encourage a dialogue between conservation interests and the tourism industry about the importance and fragile nature of heritage places, collections and living cultures, including the need to achieve a sustainable future for them. d) to 464

encourage those formulating plans and policies to develop detailed, measurable goals and strategies relating to the presentation and interpretation of heritage places and cultural activities, in the context of their preservation and conservation. […] (ICTC, ICOMOS, 1999).

Figura 1. Delimitação da área geográfica a incluir no projeto.

A delimitação teve por base critérios geográficos e socioculturais, em resultado da identidade territorial e cultural dos concelhos e a Serra da Estrela, quer em termos de altitude e morfologia, quer de modos de vida, actividades produtivas e recursos presentes (Fernandes, 2012) (fig. 1). Estes elementos permitiram considerar para efeitos de análise e intervenções estes nove municípios no Observatório de Turismo da Serra da Estrela, no qual está a ser desenvolvido o presente projeto. Refira-se que a procura de informação turística tem como principal objetivo a diminuição do risco de desperdício de tempo e dinheiro (Gitelson & Crompton, 1983). A informação é fundamental para selecionar o destino a visitar e para tomar decisões no próprio destino, tais como opções e escolha de (a) alojamento, (b) transportes, (c) locais a visitar, entre outros aspectos. Durante a viagem, os turistas estão sob pressão para tomar decisões, pois o tempo é escasso e torna-se, consequentemente, muito valioso (Gursoy & McCleary, 2004), pelo que é importante a disponibilização de informação reestruturada, validada por entidades com responsabilidade na valorização e gestão do destino turístico.

3. Carta turística Serra da Estrela - Projeto O projeto “Carta Turística Serra da Estrela” tem por base a criação de uma plataforma turística interativa, utilizando ferramentas SIG em suporte Mobile e WEB. O desenvolvimento e prossecução deste projeto 465

dotará o Observatório de Turismo da Serra da Estrela, os municípios participantes e, acima de tudo, os seus visitantes, de um instrumento de promoção, divulgação e otimização dos recursos turísticos da Serra da Estrela, constituindo, deste modo, uma nova abordagem ao turismo deste território, mais holístico e sustentado. Deste modo, podemos elencar algumas das premissas que sustentam a ideia inicial e o seu próprio desenvolvimento: (i). Criação de itinerários em real-time: possibilidade de definir itinerários em função de condicionantes introduzidas pelos turistas, nomeadamente o tempo disponível, as preferências de visita ou o meio de transporte utilizado. Além do itinerário desenhado pelas condicionantes selecionadas pelo utilizador, o sistema gerará mais itinerários alternativos, tendo em conta fatores como distância, interesses demonstrados pelo utilizador, bem como pontos de interesse turístico na proximidade do itinerário base.

Figura 2 - Descrição do projeto “Carta Turística”

(ii). Exportação para vários formatos: os itinerários apresentados no ponto 2 poderão ser exportados para vários formatos baseados na tecnologia utilizada (por exemplo, na aplicação mobile, permitirá por defeito a exportação para gpx mas permitirá ainda a exportação para pdf, por exemplo, para que o mesmo itinerário possa ser utilizado em diversos ambientes). Os dados geográficos utilizados (figura 2) correspondem ao conjunto dos recursos turisticamente utilizáveis, tais como: i) património natural; ii) património construído; iii) património cultural intangível; iv) equipamentos de restauração e hotelaria; v) equipamentos culturais; vi) empresas de animação turística; vii) percursos pedestres, TT e BTT; viii) conjunto patrimoniais classificados (Aldeias Históricas; Aldeias de Montanha; Aldeias de Xisto, p.e.); ix) espaços de lazer e x) Facilities; 466

a. Os dados geográficos podem ser manipulados a diferentes escalas. Por exemplo, uma Aldeia Histórica pode surgir como um recurso, por si só, ou, pelo contrário, associada a um conjunto de recursos (castelo, pelourinho, entre outros), dependendo do que o turista pretende visitar e como o faz; b. O “Portal Carta Turística” é dinâmico e interativo, permitindo a introdução de novos elementos turísticos, pelos próprios utilizadores, que apenas serão disponibilizados após validação pela própria equipa da “carta turística”, podendo seguir o seguinte modelo. c. Permite a introdução permanente de efemérides, tais como festas, feiras e outros eventos que não tenham calendário fixo, porque estes já estão incluídos na classificação de “património cultural intangível”, mas que pela sua importância podem funcionar como um complemento ou mesmo motivação para a visita à Serra da Estrela; A integração de entidades administrativas desde o início do projecto (municípios), o envolvimento de ADLs, das entidades relacionadas com o turismo, de projectos em curso na área do turismo e empresas que interagem no território, constitui a base de trabalho, promovendo fluxos de informação que permitem sustentar a Carta, actualizá-la e ajustar a sua dimensão. Este processo não só permitiu uma recolha alargada de recursos e produtos turísticos, que permitem uma análise alargada do destino turístico, como permitiu maior agilidade de interação, face à partilha de informação, com redução significativa de custos e tempos de recolha. Saliente-se que esta identificação alargada das atividades relacionadas com o turismo e lazer poderão fomentar o conhecimento mais profundo dos recursos ecoculturais, proporcionando a sua valorização e conservação, incorporando funções geradoras de bemestar social e económico possibilitando a fixação de população, a geração de emprego e de atividades complementares.

4. Conclusão A “Carta Turística Serra da Estrela” apresenta uma estrutura metodológica e científica que lhe garante coerência na sua aplicação e consubstancia, mais do que um projeto tecnológico, um conceito e uma marca. Assim, este projecto dotará este destino de um instrumento, uma plataforma e um novo conceito que oferece uma visão holística ao território e à oferta turística do mesmo. A Carta, além da localização dos recursos turísticos, permite também a criação de itinerários baseados nas preferências, no tempo e no meio de deslocação selecionados pelo visitante/turista. Além de permitir “descarregar” percursos estáticos, possibilita ainda a criação de percursos totalmente dinâmicos e intemporais, uma vez que a Carta Turística incluirá efemérides culturais (feiras, eventos, concertos), logo o resultado será itinerários distintos a cada semana/dia, uma vez que, além do itinerário construído por fatores de seleção por parte do utilizador, o sistema oferecerá mais itinerários alternativos nos quais serão utilizadas essas efemérides. Para além desta valência, o próprio turista poderá ser um “criador de conteúdos” da Carta 467

Turística, contribuindo assim para uma maior interatividade do instrumento. O Turista deixa de ser um mero utilizador e passa a ser parte integrante do projeto, quer esteja a utilizar uma plataforma mobile ou a plataforma web.

5. Bibliografia Chen R (2007). Significance and variety of Geographic Information System (GIS) applications in retail, hospitality, tourism and consumer services. Journal of Retailing and Consumer Services. Colak H, Aydinoglu A (2006). Determining regional tourism development strategies of east black sea region of Turkey by GIS. Paper presented at the FIG XXIII Congress, Munich. Estrada, N. (2004) – La interpretatión del Património como Herramienta para la Conversion del Recurso Patrimonial en producto Turístico Cultural, Florida Universitaria, Valencia. Fernandes, G. (2012) : Desenvolvimento Turístico e ordenamento do território em Média Montanha. As Políticas de Gestão e valorização de recursos nas serras da Cordilheira Central em Portugal. ABET - Anais Brasileiros de Estudos Turísticos / UniversidadeFederal de Juiz de Fora. – v. 2, n. 2 (jul./dez. 2012), Juiz de Fora Fonseca, M. (Coord.) (2006). Desenvolvimento e Território: espaços Rurais Pós-Agrícolas e Novos Lugares de Turismo e Lazer. Centro de Estudos Geográficos da Universidade de Lisboa, Artes Gráficas Lda. Lisboa. Gitelson, R. & Crompton, J. (1983). The Planning Horizons and Sources of Information Used by Pleasure Vacationers. Journal of Travel Research, 21(3), 2-7. doi: 10.1177/004728758302100301 Gursoy, D. & McCleary, K. (2004). An Integrative Model of Tourists' Information Search Behavior. Annals of Tourism Research, 31(2), 353-373. doi: http://dx.doi.org/10.1016/j.annals.2003.12.004 International Cultural Tourism Charter (1999) - Managing Tourism at Places of Heritage Significance. México Jacinto, R. (2006). Raia Central, espaço de cooperação: esbater fronteiras, integrar territórios, recentrar periferias”. O Interior Raiano do Centro de Portugal: outras fronteiras, novos intercâmbios, Iberografias, 8. C:E.I., Guarda. 417 - 429. Jansen, J. (2002). Guia Geobotânico da Serra da Estrela. ICN, Lisboa. Miró, M. (2005). Interpretación, identidad y territorio. Una reflexión sobre el uso social del Patrimonio. PH Boletín, Barcelona. Neves, A. (2007). Promoção Turística – O Impacto das Parcerias entre Agentes Públicos e Privados (Dissertação de Mestrado não editada, Mestrado de Gestão e Desenvolvimento em Turismo). Universidade de Aveiro, Departamento de Economia, Gestão e Engenharia Industrial, Aveiro. Vieira, G. e Ferreira, N. (1999). Guia Geológico e Geomorfológico do Parque Natural da Serra da Estrela: locais de interesse geológico e geomorfológico. I.C.N., I.G.M., Lisboa.

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