Cartografar Práticas Psicossociais: O Uso de Derivas Urbanas como Meio de Mapear Resistências.

June 1, 2017 | Autor: M. Montalvão Teti | Categoria: Heterotopia, Urban Studies, heterotopia/Foucault, Carthography
Share Embed


Descrição do Produto

CARTOGRAFAR PRÁTICAS PSICOSSOCIAIS: O USO DE DERIVAS URBANAS COMO MEIO DE MAPEAR RESISTÊNCIAS

Marcela Montalvão Teti. Faculdade Maurício de Nassau e Faculdade do Nordeste da Bahia (FANEB). [email protected] Comunicação Oral: Eixo 2 – Políticas Públicas, Território e Comunidade.

O presente trabalho é resultado de um trabalho de tese e vem no sentido de problematizar metodologias de pesquisa de cunho qualitativo. As derivas consistem em um caminhar lúdico pela cidade, uma errância, que se dá pelo movimento a priori sem determinação rígida, resultante dos encontros fortuitos e sugestões de percurso emergentes do campo. Quem primeiro escreveu sobre esta técnica, “de possibilidades múltiplas” foi Guy Debord, autor de “A sociedade do espetáculo”, quando era membro e líder da Internacional Situacionista. As derivas são bastante trabalhadas, debatidas, experienciadas por profissionais da arquitetura e do urbanismo por seu caráter crítico e político. Elas são estimuladas sempre no sentido de problematizar o desenho racional, cartesiano, que operam as propostas da arquitetura moderna. Para os situacionistas e os que colocam em prática a deriva como técnica de pesquisa, caminhar pela cidade sem um a priori é deixar de se nortear pelos sinais estabelecidos por outrem, para se deixar cativar pelo momento e o exercício de encantamento pelo público. A cartografia é um método usado por diversas áreas do saber. Seu uso tem aplicações na arquitetura, no turismo, na geografia, na antropologia. Na Psicologia, ela é debitaria dos trabalhos realizados por Gilles Deleuze e Felix Guattari e alguns dos estudos encampados por Michel Foucault. Na arte de cartografar as relações micropolíticas ou jogos de saber-poder, coloca-se ao pesquisador o trabalho de questionar o uno, essa tendência de se pensar o social a partir de uma teoria globalizante, com formas homogeneizantes de compreender o social. A proposta de entender a heterogeneidade das práticas sociais e o perder-se no exercício da prática de pesquisa, é o que mais aproxima as derivas urbanas da cartografia. É no caminhar, inspirado pelo campo, que construímos um mapa de afetos, mas político e crítico. Um mapa que faz aparecer o “colorido” da cidade, na medida em que não busca somente ocupar o ambiente higienizado do espaço social. E é nessa busca contra o espaço ordenado que é possível se deparar com as resistências. Resistências que muitas vezes não são movimentos

políticos organizados, mas são modos de existir e subjetivar diferentes do consenso social. Elas são formas de saberes sujeitados, em vários casos ocultado pelo poder, que no encontro com a pesquisa de caráter social, podem ser escutados. Tomar partido do uso das derivas urbanas como modo de visibilizar, desvelar, práticas sociais esquecidas, passa a ser premente no exercício e produção de um saber crítico e político para a Psicologia Social.

Palavras-chave: Cartografia, errância, saberes sujeitados.

Lihat lebih banyak...

Comentários

Copyright © 2017 DADOSPDF Inc.