Cat Wave: uma melhoria no bem estar do gato doméstico

July 28, 2017 | Autor: Fernanda Arantes | Categoria: Gato doméstico, Enriquecimento ambiental, Comportamento felino
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Descrição do Produto

Gramado – RS De 29 de setembro a 2 de outubro de 2014 CAT WAVE: uma melhoria no bem estar do gato doméstico Fernanda Cristina Rossato Arantes Universidade Estadual de Maringá [email protected] Fabiano Burgo Universidade Estadual de Maringá [email protected] Resumo: Esse trabalho tem como objetivo geral desenvolver um objeto que proporcione aos gatos domésticos que vivem em apartamento uma experiência semelhante ao convívio em ambientes externos. Para tanto, foi realizado um levantamento bibliográfico acompanhado de pesquisa de mercado por meio virtual. Após analisados os resultados dessa pesquisa, foram definidos os requisitos projetuais que ditaram a forma final do produto. Depois de deliberada a forma, foi realizada uma verificação junto ao público e a confecção do protótipo para teste. Foram então realizado dois teste, em ambiente virtual e não virtual. O teste em ambiente virtual se deu através de um questionário online e o não virtual através de um teste de funcionalidade do protótipo. O produto se mostrou satisfatório, porém focado no descanso do gato, ao invés de induzi-lo a brincar. Para mudar essa situação, foram realizadas pequenas mudanças estruturais que incentivaram o gato a brincar e praticar os comportamentos de caça e emboscada. Palavras-chave: gato comportamento felino.

doméstico,

enriquecimento

ambiental,

1. INTRODUÇÃO Devido à constante urbanização do homem, animais são cada vez mais requisitados como forma de companhia. Isso faz com que eles sejam inseridos em acomodações muito diferentes dos seus ambientes naturais ou seminaturais. Os gatos estão sendo mantidos em ambientes fechados com pouco ou nenhum acesso ao ambiente externo. Essa limitação de espaço pode gerar problemas físicos e distúrbios comportamentais, sendo que o tédio ou falta de atividades físicas é uma das maiores causas do estresse físico e comportamental em gatos de estimação. O trabalho que se segue teve como objetivo desenvolver um produto para gatos confinados que proporcione a mesma experiência de habitar o ambiente

2 externo. A partir dos dados obtidos com pesquisas de público e bibliografias, foram elaborados requisitos para o desenvolvimento do produto. Com base em tais requisitos, foram preparadas várias alternativas, até chegar a uma final. Essa foi refinada até a confecção de um protótipo, que foi testado por gatos de uma jovem estudante, comprovando sua funcionalidade. 2. DESENVOLVIMENTO 2.1 Enriquecimento Ambiental O termo enriquecimento ambiental se refere às mudanças, modificações e intervenções no ambiente com o objetivo de melhorar o bem-estar dos animais que vivem nele (ROCHLITZ, 2005). Os gatos possuem mecanismos herdados do gato selvagem africano para lidar com situações difíceis, como temperaturas extremas e ataques de predadores. Entretanto, tais mecanismos são inúteis quando o felino se encontra em ambiente humano, gerando problemas comportamentais. Portanto, técnicas de enriquecimento ambiental são essenciais para animais que vivem em residências fechadas (MOREIRA, 2011; ROCHLITZ, 2005; TRONCON, 2006). Para gatos de estimação, é fundamental que o ambiente de confinamento tenha estímulos verticais e esconderijos, uma vez que gatos domésticos são ótimos escaladores e possuem predileção por lugares altos além de aptidão para se esconderem (ROCHLITZ, 2005; TRONCON, 2006). De acordo com Barry e Crowell-Davis (1999 apud Oliveira, 2002), gatos passam de 48% a 50% do tempo fora da vista dos outros gatos, podendo-se utilizar barreiras visuais para criar esse efeito. De acordo com Rochlitz (2005), a fim de se evitar problemas comportamentais, para cada gato na casa deve haver, no mínimo, dois locais de descanso, sendo um no nível do chão e outro mais alto. Quando houver um grupo de gatos na mesma casa e eles não forem aparentados ou não se darem bem, deve haver vários locais de descanso, alimentação e eliminação de excretas, a fim de evitar que um indivíduo ou grupo monopolize uma área através de violência (ROCHLITZ, 2005). É comum que gatos escolham um local favorito da residência de seu tutor, não sendo raro que dois ou mais indivíduos escolham o mesmo local. Quando isso acontece, eles podem dividir o espaço ou somente revezá-lo (ROCHLITZ, 2005). Além dos espaços verticais, são recomentadas mudanças periódicas na estrutura e nos itens que elaboram o ambiente, superfícies para afiar as unhas e vários tipos de brinquedos. Brinquedos que se movimentam sozinhos são mais estimulantes para gatos, mas devem ser sempre trocados, para evitar o tédio pelo costume com o objeto. Objetos como a bola para ração são recomendados, pois mantêm o gato entretido e saciam seu desejo por predação (TRONCON, 2006). 2.2 O Gato Doméstico e o Gato de Estimação Se há alguns anos atrás a preferência mundial era por cães, o gato está se tornando o animal de companhia mais popular no Ocidente urbanizado. Há discussões acerca dos motivos que levaram a essa mudança, porém o mais aceito é a combinação da modificação do estilo de vida e a redução dos espaços residenciais (FOGLE, 2010; GENARO, 2010; OLIVEIRA, 2002; SERRA et al. 2003; SILVA et al. 2010; TRONCON, 2006; ZETUN, 2009).

3 Principalmente nos grandes centros urbanos, as pessoas possuem pouco tempo disponível para dedicar aos animais de companhia e estão se mudando de casas para apartamentos. Além dessas condições, o ser humano possui uma necessidade de visualização do selvagem, sendo o gato doméstico o animal perfeito para supri-la (FOGLE, 2010; GENARO, 2010; LANTZMAN, 200-?a; OLIVEIRA, 2002; SERRA et al 2003; SILVA et al. 2010; TRONCON, 2006. ZETUN, 2009). No entanto, essa é uma situação delicada, visto que a limitação de espaço e o acesso mínimo (algumas vezes inexistentes) a ambientes naturais são os principais causadores de estresse físico e comportamental em gatos de estimação (OLIVEIRA, 2002). No âmbito da sociedade felina, sua estrutura é matriarcal (mães, tias, irmãs e filhas) com ajuda mútua na proteção e educação dos filhotes. Quando o grupo é pequeno, há somente uma família de gatos, porém, grupos grandes contém várias famílias, podendo haver interações hostis (FOGLE, 2010; MOREIRA, 2011; OLIVEIRA, 2002; ROCHLITZ, 2005; TRONCON, 2006). Os coletivos felinos são relativamente estáveis, exibem reconhecimento individual, possuem organização social complexa e uma grande variedade de interações sociais (FOGLE, 2010; MOREIRA, 2011; OLIVEIRA, 2002; ROCHLITZ, 2005; TRONCON, 2006). Gatos de estimação1 são aqueles que vivem em confinamento total, sem saírem de dentro das residências de seus tutores, não tendo permissão, inclusive, para ir até o quintal (FOGLE, 2010; GENARO, 2010). De acordo com Fogle (2010) enquanto gatos castrados vivem, em média, dois anos (sendo o trânsito a maior causa de morte), gatos de estimação têm uma expectativa de vida de 15 anos, não sendo raros os que chegam aos 20 anos. Porém, nem todos os gatos vivem felizes em confinamento, pois não conseguem satisfazer suas necessidades de explorar, caçar e marcar território (FOGLE, 2010; MOREIRA, 2011; OLIVEIRA, 2002; TRONCON, 2006). Para reverter essa situação, seus tutores devem utilizar de brincadeiras e brinquedos a fim de criar estímulo suficiente para os gatos; além de incluir uma boa socialização com estes, através de manipulação diária. Além disso, é difícil manter o gato em regime total de reclusão, devido ao seu efetivo sistema de deslocamento (FOGLE, 2010; GENARO, 2010; TRONCON, 2006). Para compensar o tamanho reduzido do território, é recomendável que o gato de estimação tenha acesso a, no mínimo, dois cômodos da casa. Machos castrados ocupam, em média, de 4 a 5 cômodos, enquanto fêmeas castradas ocupam de 3 a 3,6 cômodos (ROCHLITZ, 2005). Quando não castradas, as fêmeas se adaptam melhor ao regime de reclusão, visto que os machos possuem territórios maiores. Entretanto, quando o indivíduo é castrado e exposto a essa realidade ainda filhote, se adapta facilmente independente do sexo (OLIVEIRA, 2002; ROCHLITZ, 2005; TRONCON, 2006). 2.2.1. Comportamento Felino e Problemas Comportamentais O comportamento felino é influenciado por três fatores: genética, experiências passadas e o ambiente em que o animal vive. Apesar do componente genético ser inalterável, o comportamento pode ser modificado através da castração, uma vez que 1

Embora em nossa cultura animal de estimação seja qualquer animal de companhia, durante este texto o termo estará relacionado a animais que vivem em confinamento total.

4 esta não só o altera, como evita a disseminação de problemas hereditários (MOREIRA, 2011). Em felinos, o comportamento pode ser dividido em seis etapas: 1) período prénatal; 2) período neonatal; 3) período de transição; 4) período de socialização; 5) período juvenil; 6) período adulto. Assim como os humanos, os gatos possuem predileções sociais, passando a interagir mais com alguns indivíduos específicos do que outros, sendo possível que a relação se dê de forma assimétrica (MOREIRA, 2011; OLIVEIRA, 2002; ROCHLITZ, 2005; TRONCON, 2006). É comum que filhotes demonstrem preferência pelos irmãos da mesma ninhada (MOREIRA, 2011; ROCHLITZ, 2005). Quando não há uma relação positiva forte entre dois gatos, estres procuram manter uma distância de 1 a 3 metros um dos outros (ROCHLITZ, 2005). Ainda à semelhança humana, nem todos os gatos são sociáveis, havendo os que preferem ficar sozinhos (OLIVEIRA, 2002; TRONCON, 2006). De fato, os gatos são capazes de desenvolver diferentes personalidades e temperamentos capazes de interferir em sua tomada de decisões (OLIVEIRA, 2002; WEDL et al. 2011). Apesar de haver um nível complexo de organização social entre os gatos domésticos, não há indícios do tipo de organização social do gato selvagem africano (OLIVEIRA, 2002; TRONCON, 2006). O arranjo de indivíduos dominantes e subordinados no grupo é denominado de hierarquia de dominância (OLIVEIRA, 2002). Do mesmo modo, apesar da crença de que os gatos são totalmente independentes, o grau de dependência varia conforme o indivíduo (GENARO, 2010). A observação do comportamento animal é importante, pois as mudanças deste levam o tutor a perceber que seu companheiro felino não se encontra bem (LANTZMAN, 200-?a; MOREIRA, 2011; TRONCON, 2006). Esse tipo de observação é especialmente importante em filhotes e animais idosos (MOREIRA, 2011). Um veterinário competente pode determinar se a mudanças comportamental é psicológica, ambiental ou fisiológica; porém, nem sempre é possível determinar essa distinção apenas clinicamente (LANTZMAN, 200-?a; MOREIRA, 2011; OLIVEIRA, 2002; TRONCON, 2006). Dependendo do tipo de problema comportamental e do tratamento direcionado ao animal, os tutores também devem passar por uma reeducação (MOREIRA, 2011). Inclusive, quando se considera um programa de modificação comportamental, o envolvimento do proprietário é requisito fundamental e deve ser discutido (MOREIRA, 2011). As mudanças comportamentais mais observadas são: agressividade, ansiedade, eliminação inapropriada e problemas dermatológicos (MOREIRA, 2011; OLIVEIRA, 2002; TRONCON, 2006). As principais causas de problemas comportamentais são: instabilidade social; densidade populacional inapropriada, relacionamento com os humanos (MOREIRA, 2011; OLIVEIRA, 2002; TRONCON, 2006). No entanto, é difícil reconhecer todas as formas de medo e ansiedade em gatos e declarar quais condições ambientais ou sociais não causam tal comportamento (ROCHLITZ, 2005). Cada problema comportamental tem sua solução específica, mas é consenso entre médicos veterinários que um forte laço afetivo entre o animal e o tutor ajuda durante o processo. Para fortalecer tal laço é necessário socialização, treino,

5 manejo, uso previsível e coerente de recompensas, estabelecimento de rotina e enriquecimento ambiental (MOREIRA, 2011). 2.3 Relação do Ser Humano com os Gatos A díade humano-felino pode ser considerada como um complexo relacionamento de longo prazo caracterizado por negociações de interesses de ambos os lados (WEDL et al. 2011). O tempo de interação entre gatos e humanos varia de acordo com a atividade em si, humor, gênero e idade do tutor. Além disso, a personalidade humana é um fator importante que influencia as interações humano-animal de companhia (WEDL et al. 2011). O sexo dos indivíduos interfere no relacionamento humano-felino. Quando o tutor é mulher, há um maior número de padrões comportamentais na díade do que quando o tutor é homem. No entanto, o sexo do gato não mostra uma mudança significativa. Tutoras são mais ativas com seus gatos, tomando a iniciativa da interação com mais frequência que os homens. Seus gatos, também se aproximam com mais frequência. Assim, pode-se concluir que mulheres têm relacionamentos mais intensos com seus gatos (WEDL et al. 2011). Wedl et al. (2011) realizaram um estudo na área urbana de Viena com 40 gatos (25 machos e 15 fêmeas) de 39 tutores (10 homens e 29 mulheres). O estudo demonstrou que os tutores consideram seus gatos como amigos, membros da família e até mesmo filhos, indicando um forte laço social. O inusitado, porém, foi a descoberta de que, assim como os humanos, gatos também se apegam emocionalmente aos seus tutores.

2.4 Dados de mercado 2.4.1. Público-alvo Devido à falta de materiais científicos sobre tutores de gatos que morem em apartamentos, foi realizada uma pesquisada quantitativa no ambiente virtual, uma vez que desse modo a abrangência seria maior do que se realizada pessoalmente. O questionário foi constituído por vinte e uma perguntas e foi respondido por 589 pessoas de 18 Estados brasileiros. Sua divulgação se deu em comunidades de tutores de gatos das redes sociais Facebook e Twitter e ficou disponível para respostas durante sete dias. Assim como apontado por Wedl et al. (2011), a maioria dos tutores é constituída por mulheres (92%), sendo que 46% dos entrevistados está na faixa etária dos 26 aos 35 anos. Quanto à distribuição geográfica, 63% são dos Estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul. O perfil da amostra indicou que 31% dos indivíduos possuem renda familiar de 6 a 10 salários mínimos e 28% de 4 a 5 salários mínimos. Dos entrevistados, 36% por cento moram com o/a cônjuge, 34% possuem dois gatos e 36% possuem um gato. O gato mais novo possui idade acima de 11 meses (67%) e o mais velho acima de quatro anos (45%). Em 79% dos casos, o gato mais velho está na casa há mais de um ano e 84% dos entrevistados possuem outros animais, sendo que o animal mais popular é o cachorro.

6 No âmbito dos problemas comportamentais 35% apresentam ansiedade, 27% picacismo e 16% despejam suas excretas fora da caixa higiênica. Com relação à saúde do gato, 79% dos entrevistados não consideram seu(s) gato(s) obeso(s). Com relação ao bem estar felino, os tutores se mostraram preocupados com sua melhora, comprando uma grande variedade de brinquedos e objetos para descanso. Entretanto, não há um grande investimento em rações, sendo que 28% compram rações que custam de R$ 10,01 a R$ 15,00 por quilo e 20% de R$ 15,01 a R$ 20,00 por quilo.

Figura 1 - Objetos que os tutores compram para seus gatos. Elaborado pelo autor, com base na pesquisa realizada.

2.5 Requisitos Projetuais Através do conhecimento adquirido pelas pesquisas realizadas, foi possível estabelecer alguns requisitos de projeto que guiarão o desenvolvimento projetual e também servirão de parâmetro para a avaliação do produto em todas as etapas do projeto.  Utilizar materiais com textura grossa (madeiras, fibras naturais, tecidos grossos e carpetes), uma vez que, de acordo com Moreira (2011), esses materiais estimulam o arranhar;  Oferecer estímulos verticais ao gato;  Oferecer locais que permitam ao gato vigiar seu território;  Oferecer esconderijos;  Oferecer dois locais de descanso para cada gato levando em consideração que o número médio de gatos por residência é dois;  Criar capacidade de mudanças periódicas na estrutura e nos itens que elaboram o produto;  Oferecer mais de um tipo de brincadeira;

7    

Utilizar grama comestível; Introduzir nova estética no mercado de produtos destinados ao bem estar animal; Levar em consideração que a maioria dos gatos é de peso moderado; Oferecer locais escuros para o gato.

2.6 Geração de Conceitos e Alternativas Para o desenvolvimento do novo produto foi realizado, primeiramente, um brainstorming individual; após essa etapa, foi utilizada a técnica de 635 (Apêndice D). O objetivo dessa metodologia é comparar e cruzar informações de pessoas com poucas informações técnicas sobre o projeto com a presente autora. Após essa etapa foi realizada um refinamento de algumas alternativas, até chegar à alternativa final, que foi verificada junto aos indivíduos que responderam ao questionário de relacionamento entre humanos e gatos domésticos.

2.7 Verificação A partir da escolha da alternativa final, foi feita uma averiguação quanto à aceitação e funcionalidade do produto. Tal etapa se deu em duas fases, a primeira em ambiente virtual e a segunda com o teste do protótipo. Foi feito um questionário online para a verificação da aceitação do público com relação à proposta do produto. Esse questionário foi enviado para as pessoas que responderam o questionário de Relacionamento entre gatos e seus donos e ficou disponível para recolhimento de respostas por 10 dias. Foram recolhidas respostas de 120 pessoas, sendo que os resultados da etapa online foram equilibrados, mostrando que, enquanto uma parcela aceitaria o produto, outra ficaria relutante. A maior relutância do público foi em relação à aparência, uma vez que foge da estética encontrada no mercado. Com relação à funcionalidade, alguns indivíduos reclamaram do fato de não haver acolchoado, no entanto, em estudo realizado por Troncon (2006), foi corroborada a hipótese de que para os gatos esse fator não é essencial. O teste do protótipo se deu em um apartamento com uma tutora de três gatas com idade de 2 a 3 anos. Estudante com idade de 20 anos, suas gatas vivem em confinamento completo. O protótipo para teste, fabricado em acrílico branco, ficou disponível para teste durante três dias na sala da residência. Durante o primeiro dia, as gatas o investigaram, demonstrando curiosidade pelo objeto novo. Somente a partir do segundo dia que os felinos interagiram melhor com o protótipo, porém uma das gatas foi impedida de utilizá-lo através de ataques agonísticos.

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Figura 2 - Gato 01 (esq.) e Gato 02 (dir.) investigando o protótipo do Cat Wave. Elaborado pelo autor, com base na pesquisa realizada.

Figura 3 - Único registro do Gato 03 utilizando o protótipo. Elaborado pelo autor, com base na pesquisa realizada. Concordando com a opinião dos entrevistados no questionário online de verificação e contrariando Troncon (2006), as gatas demonstraram preferência por ambientes acolchoados, utilizando o protótipo com maior frequência após suas áreas de descanso serem cobertas com tecido.

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Figura 4 - Gato 02 utilizando a área de descanso. Elaborado pelo autor, com base na pesquisa realizada. A área destinada para o plantio de grama comestível foi explorada apenas pelo Gato 01. Porém a grama teve de ser apresentada em um vaso plástico, uma vez que esta foi cultivada uma semana antes do teste e suas raízes estavam muito extensas para caber na área destinada do protótipo. A tutora voluntária expressou insatisfação com o local destinado ao plantio de erva-do-gato e grama comestível, pois não possui prato removível, dificultando a limpeza.

Figura 5 - Gato 01 praticando o picacismo. Elaborado pelo autor, com base na pesquisa realizada. O arranhador de algodão cru foi bem utilizado, principalmente pelo Gato 02, porém somente na parte superior, sendo ignorado na parte posterior do produto. Os gatos utilizaram o Cat Wave mais como objeto de descanso do que como brinquedo, contrariando a proposta do projeto. Então foi sugerida a inserção de tiras

10 de tecido caindo por uma das laterais da onda maior. O gato será atraído pelo movimento natural do tecido que, por sua vez, devido à sua espessura grossa, não se degradará facilmente com a ação dos arranhões e mordeduras dos gatos. Foi realizado um teste com tiras de papel crepom na cor branca, para se assemelhar à cor do algodão cru. A alternativa se mostrou atraente aos gatos, podendo ser incluída na proposta final.

Figura 6 - Gato 02 interagindo com as tiras de papel crepom. Elaborado pelo autor, com base na pesquisa realizada.

4.5 Análise Ergonômica Foi feita uma breve análise ergonômica da tutora voluntária para teste do protótipo enquanto esta realizava as seguintes tarefas: 1. Retirar o arranhador de algodão cru; 2. Limpar o protótipo; 3. Instalar o arranhador de algodão cru. As imagens foram realizadas por meio de captura de vídeo através de câmera de celular.

Figura 7 - Tutora retirando o arranhador de algodão cru (esq.) e realizando a limpeza do protótipo (dir.). Elaborado pelo autor, com base na pesquisa realizada.

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Figura 8 - Tutora realizando a instalação do arranhador de algodão cru. Elaborado pelo autor, com base na pesquisa realizada. É possível verificar que a tutora inclina a coluna para frente ao retirar e colocar o arranhador de algodão cru, postura em que as articulações não estão em posição neutra. Quando o tronco inclina-se para frente, há contração dos músculos e dos ligamentos das costas para manter essa posição (DUL e WEERDMEESTER, 2004; IIDA, 2005). Ao higienizar o produto, a tutora realizou uma torção de tronco. Tal postura causa tensões nos discos entre as vértebras e as articulações e músculos que existem nos dois lados da coluna vertebral são submetidos a cargas assimétricas, sendo prejudicados (DUL e WEERDMEESTER, 2004; IIDA, 2005). Apesar de serem consideradas danosas à saúde, tais posturas serão mantidas por pouco tempo, não causando grandes lesões. 2 CONCLUSÃO O relatório apresentado mostra que o produto propõe uma melhoria do bem estar felino, entretanto, o teste de protótipo indica que os gatos domésticos o utilizaram mais como elemento de descanso do que como meio para realizar atividades relacionadas a brincadeiras. O espaço reservado para o plantio de grama comestível se mostrou eficiente, porém é necessário regular sua altura. Além do mais, é necessária a inserção de objetos almofadados para o conforto felino. Para que os felinos utilizem o Cat Wave como brinquedo, foi proposta a utilização de faixas de tecidos que caem em uma das laterais. O movimento natural do tecido atrai a atenção dos gatos e, como o algodão cru é de espessura grossa, não se desintegrará com o arranhar dos gatos. Portanto, o produto proposto ainda é passível de mudanças, no que diz respeito a estas atividades, porém ele atende aos objetivos a que se propõe, levando em conta os requisitos gerados a partir da pesquisa feita e dos dados obtidos para este trabalho.

REFERÊNCIAS BARRY, J. K.; CROWELL-DAVIS, L. S. Gender diferences in the social behaviour of neutered indoor-only domestic cat. 1999. In: OLIVEIRA, A. P. F. Comportamento Social de machos e fêmeas castrados do gato doméstico (Felis catus L.) em confinamento. 2002. 123 f. Dissertação (mestrado) – Universidade de São Paulo, Faculdade de

12 Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto, Curso de Ciências, Área de Concentração Psicobiologia. DUL, J.; WEERDMEESTER, B. Ergonomia Prática. São Paulo: Edgard Blücher, 2004. FOGLE, B. Guia Ilustrado Zahar: gatos. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2006. IIDA, I. Ergonomia: projeto e produção. São Paulo: Edgard Blücher, 2005. LANTZMAN, M. Gatos. Ribeirão Preto: Pet Vet. Br. 200?-a. Disponível em: . Acesso em 29 nov. 2012. MOREIRA, H. I. C. D. Problemas comportamentais em animais de companhia. 2011. 123 f. Dissertação (mestrado) – Universidade Técnica de Lisboa, Faculdade de Medicina Veterinária, Curso de Pós-Graduação em Medicina Veterinária. OLIVEIRA, A. P. F. Comportamento Social de machos e fêmeas castrados do gato doméstico (Felis catus L.) em confinamento. 2002. 123 f. Dissertação (mestrado) – Universidade de São Paulo, Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto, Curso de Ciências, Área de Concentração Psicobiologia. ROCHLITZ, I. A review of the housing requirements of domestic cats (Felis silvestres catus) kept in home. Applied Animal Behaviour Science, Amsterdã, v. 93, p. 97-109, 2005. SERRA, C. M. B. et al. Exame parasitológico de fezes de gatos (Felis catus domesticus) domiciliados e errantes da Região Metropolitana do Rio de Janeiro, Brasil. Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical, Uberaba, v. 36, n. 3, p. 331-334, 2003. SILVA, M. H. S. et al. Caracterização demográfica e epidemiológica de cães e gatos domiciliados em Barbacena, MG. Arquivo Brasileiro de Medicina Veterinária e Zootecnia, Belo Horizonte, v. 62, n. 4, p. 1002-1006, 2010. TRONCON, E. K. Comunicação química por meio das fezes e da urina e comportamento social em gatos domésticos (Felis silvestres catus L.). 2006. 94 f. Dissertação (mestrado) – Universidade de São Paulo, Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto, Curso de Pós-Graduação em Ciências, Área de Concentração Psicobiologia. WEDL, M. et al. Factors influencing the temporal patterns of dyadic behaviours and interactions between domestic cat and their owners. Behavioural Processes, v. 86, p. 58-67, 2011. ZETUN, C. B. Análise quali-quantitativa sobre a percepção de transmissão de zoonoses em Vargem Grande, São Paulo: a importância dos animais de companhia, da alimentação e do meio ambiente. 2009. 120 f. Dissertação (mestrado), Universidade de São Paulo, Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia, Curso de Medicina Veterinária.

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