CEHA.1985-2015_história

June 30, 2017 | Autor: Alberto Vieira | Categoria: Ilhas
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CADERNOS 4 VIEIRA, Alberto

DA HISTÓRIA DAS ILHAS À NISSOLOGIA E NOVÍSSIMA HISTÓRIA. O Centro de Estudos de História do Atlântico. 1985-2015: 30 anos ao serviço da História da Madeira e das Ilhas.

Cadernos de divulgação do CEHA. N. º 4 VIEIRA, Alberto, DA HISTÓRIA DAS ILHAS À NISSOLOGIA E NOVÍSSIMA HISTÓRIA Funchal. Setembro de 2015.

CEHA | 1985–2015

DA HISTÓRIA DAS ILHAS À NISSOLOGIA E NOVÍSSIMA HISTÓRIA. O Centro de Estudos de História do Atlântico. 1985-2015: 30 anos ao serviço da História da Madeira e das Ilhas. ALBERTO VIEIRA milsumav@inbox. com CEHA/SRETC

Apresentação

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17 de setembro de 1985, era publicado o decreto legislativo regional que criava o Centro de Estudos de História do Atlântico, um passo em frente na afirmação da História da Madeira e das Ilhas Atlânticas. Neste momento de viragem, encerra-se um

ciclo de atividade da instituição e, certamente, a oportunidade para iniciar uma nova fase, de acordo com as novas condições institucionais definidas, não obstante o combate pela afirmação da História e investigação das ilhas não morrer. Recordemos que a missão do CEHA, ao longo destes 30 anos, obedeceu aos seguintes princípios: a investigação e divulgação do conhecimento científico,

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CEHA | 1985–2015 no domínio das Ciências Sociais e Humanas, com especial relevo para as ilhas atlânticas; a criação de uma equipa de trabalho coesa e interdisciplinar, composta por funcionários e investigadores do CEHA e de outras instituições locais, nacionais e internacionais empenhados nas mesmas missões e objetivos; a valorização das tecnologias da informação, usando o suporte digital e as plataformas digitais como meios privilegiados de investigação e divulgação dos saberes e criando bases temáticas de dados para acesso local ou via Internet. Depois, o facto de o CEHA dispor, desde o ano de 2009, de novas instalações num imóvel antigo recuperado à rua das Mercês, no Funchal, permitiu uma mudança para melhor na ação de estudiosos nacionais e estrangeiros. Assim, o espaço dispõe de uma biblioteca aberta ao público, de uma área multimédia, filmoteca e biblioteca digital, auditório e gabinetes de trabalho para investigadores visitantes. O novo espaço foi acompanhado por uma mudança na forma de atuação da instituição e na oferta de melhores condições para o apoio à investigação, aberta a todos e tendo em conta todas as vertentes do conhecimento. Assim, para além do auditório, ao serviço das atividades culturais da cidade, com uma programação própria, dispõe de uma nova biblioteca especializada, com fundos próprios e de doação ou depósito de privados. Para a nova biblioteca, apostou-se numa situação inovadora, em que esta funciona apenas através do suporte digital, embora dispondo de fundos especializados em suporte papel. O acesso aos investigadores foi, aos poucos, restringido ao formato digital, com todas as versatilidades que o mesmo tem, no apoio à investigação. A partir da instalação do novo espaço, tornou-se prioritária a digitalização sistemática de todos os fundos existentes e de alguns privados em condições de depósito. As instalações do CEHA funcionaram nos números 6 a 10 da rua das Mercês, no Funchal. O edifício é do século XVIII, sendo conhecido como Casa Jacquinet. Esta designação resulta do facto de o seu proprietário, nos inícios do século XIX, ter sido Augusto Justiniano da Silva Amorim (1807-1902), filho de Lourenço Justiniano de Amorim, casado com Alexandrina Vasconcelos (1821-?), que era conhecido no Funchal como o Augusto Jacquinet. Ao fim de 25 anos de atividade, o CEHA encontrou definitivamente

casa própria e condições para poder realizar um trabalho de investigação e divulgação dos estudos insulares com melhor qualidade. Esta nova realidade é a prova do empenho manifestado pelo Governo Regional da Madeira, na afirmação do CEHA. Completados trinta anos de atividade, é hora de refletir sobre todo o trabalho desenvolvido e os seus reflexos na vida e quotidiano dos madeirenses. É hora de celebrar o pioneirismo da instituição na afirmação e valorização da História e conhecimento do Mundo insular. E para que a memória não se apague e outros tomem o protagonismo que é devido ao CEHA, aqui fica o registo para memória presente e futura. Neste período de trinta anos, podemos considerar três momentos importantes na evolução da instituição que foram marcados, por diferentes opções e linhas de orientação em termos de ver e entender o conhecimento, assim como da sua afirmação e divulgação. Entre 1986 e 2008, a instituição navegou sob o signo da História das ilhas e as suas múltiplas aproximações e complementaridades, que fizeram com que o CEHA estabelecesse cooperação com os arquipélagos da Madeira, Açores, Canárias e Cabo Verde. Fomos os primeiros a acreditar e a defender a Macaronésia, como espaço privilegiado de investigação e de afirmação do Atlântico. A partir de 2008, demos um passo em frente nesta opção, através da valorização e afirmação da NISSOLOGIA, a chamada Ciência das Ilhas, na atividade e investigação do CEHA, trazendo ao debate, falado ou escrito, as diversas áreas do conhecimento, contribuindo, assim, para dar os primeiros passos da NISSOLOGIA no espaço Atlântico. Em 2012, foi o fascínio da História Oral e da Autobiografia, que nos levou a descobrir e a enveredar pelos caminhos da chamada, “História vista de baixo”. Democratizou-se o discurso histórico, alargaram-se os temas de estudo e deu-se lugar, nos Anais da História, a todos insulares, especialmente aos madeirenses. Apostámos na Internet, como um meio privilegiado destas iniciativas e conseguimos atrair o interesse de um público cada vez mais numeroso. Porque afinal a História deixou de ser um discurso de e para alguns, para passar a ser de todos e a interessar a todos. Conseguimos, assim, contribuir para a democratização do discurso histórico. CADERNOS CEHA

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CEHA | 1985–2015 Para nós, os caminhos do presente e do futuro abrem-se e trilham-se, de acordo com esta tradição de afirmação da História e demais Ciências, através de novas formulações e práticas de investigação e reflexão. Esta herança não pode ser ignorada nem descurada. ALBERTO VIEIRA Funchal. julho/agosto de 2015.

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1985 – 2008: PARA UMA HISTÓRIA DAS ILHAS NA INVESTIGAÇÃO E PROJETOS INSTITUCIONAIS

“A ilha da Madeira… que Deus pôs no mar ocidental para escala, refúgio, colheita e remédio dos navegantes, que de Portugal e de outros regnos vão, e de outros portos e navegações vêm para diversas partes, além dos que para ela somente navegam, levando-lhe mercadorias estrangeiras e muito dinheiro para se aproveitar do retorno que dela levam para suas terras… ”. (Gaspar Frutuoso, Livro segundo das Saudades da Terra, P. Delgada, 1979, pp. 99-100)

“… O conjunto dos arquipélagos das Canárias, Madeira e Açores: escalas obrigatórias em todo esse sistema mundial, uma vez que o globo se tornou em periferia desse centro dinâmico, empreendedor e avassalador, que é a Europa ocidental dos séculos XVI-XVIII. (…) A Madeira situa-se no centro deste sistema de duplo sentido, e por isso de certo modo comanda todo este espaço, porque vive sobretudo da riquíssima produção própria. ” V. M. Godinho, Mito e mercadoria, utopia e prática de navegar. séculos XIII-XVIII, Lisboa, 1990.

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“Constroem-se em definitivo, a partir da Madeira, as linhas e redes de comércio atlânticos atraindo de modo decisivo as áreas e mercados europeus mais nevrálgicos e mais importantes e criando nas áreas ribeirinhas metropolitanas, insulares (Canárias, Açores, Cabo Verde) e continentais (Costa de Marfim-MagrebArguim-Fez) fortes relações de dependência e de solidariedade”.

“A irmã mais velha do Brasil é o que foi verdadeiramente a Madeira. E irmã que se estremou em termos de mãe para com a terra bárbara que as artes dos seus homens, … Concorreram para transformar rápida e solidamente em nova Lusitânia”.

Aurélio de Oliveira, “A Madeira nas linhas de comércio do Atlântico. Séculos XVXVII”, III CIHM, Funchal, 1993, 923.

…a ilha podia ser o lugar onde toda criatura humana, esquecendo o próprio saber desmedrado, encontraria, como um menino abandonado na floresta, uma nova linguagem capaz de nascer de um novo contacto com as coisas, (…)

En diversas ocasiones nos hemos pergun­ tado si Canarias era África, Europa o acaso América. Y hemos acabado por responder que el archipiélago está integrado en el Mun­ do Atlántico, con las islas Azores, Madeira, Cabo Verde, Bermudas, Antilhas, etc. (RUMEU DE ARMAS, Antonio, prologo, in GARCÍA RAMOS, Juan Manuel, 1996, Por un Imaginario Atlantico, Madrid, Montesinos, p. 8) The island seems to have a tenacious hold on the human imagination. (YI -F U TUAN , Topophilia, N. York, 1974)

Gilberto Freire, Aventura e Rotina, 2ªed. , 1952, pp 440-446, 448-449

(Humberto Eco, Ilha do Dia Anterior, 1995, p. 353) I Plead for writing a world history that is as comprehensive and systematic as possible. It should offer a more humanocentric alternative to western Eurocentrism. This history should seek maximum «unity in the diversity» of human experience and development. (ANDRE GUNDER FRANK , «A Plea for World System History», Journal of World History, 2: 1, 1991)

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década de oitenta foi um momento fulgurante para a afirmação dos Estudos Insulares. O aparecimento do CEHA fez jus a essa realidade e colocou o arquipélago da Madeira em lugar cimeiro, no quadro do mundo insular e atlântico. Tudo isto surgiu por força de um élan valorizador do Atlântico e das ilhas. Assim, nos últimos anos, tornou-se moda para a Historiografia ocidental o estudo do Atlântico, sob a designação genérica de Estudos Atlânticos, ou mais de caráter histórico, com o chamado Sistema Atlântico. Na verdade, foi a partir da II Guerra Mundial que europeus e norteamericanos começaram a valorizar o espaço atlântico como área de estudo, mas só nas últimas décadas da centúria se estabeleceram linhas sistemáticas de investigação nas diversas áreas, com predominância para a História. Tendo, como pano de fundo, as comemorações centenárias, começaram a surgir encontros, seminários, colóquios, cursos, cátedras e publicações sob o lema deste espaço oceânico.

Em 1999, num encontro realizado em Hamburgo, pelo Prof. Horst Pietschamnn1, no qual tivemos oportunidade de participar, foi colocada, mesmo, a hipótese de ser criada uma disciplina de História Atlântica, que se demarcasse das Histórias da Europa e Universal. A ideia de um espaço integrado marcado por diversas interações foi uma realidade desde os tempos dos descobrimentos portugueses. Note-se que a pretensão do Infante D. Henrique começou por ser a criação desse espaço nas ilhas, que seria, depois, alargado ao litoral dos continentes. A imagem do mundo insular presente no espaço Atlântico, por força do pioneirismo e projeção nas áreas continentais, está patente na política de expansão portuguesa, como na Historiografia que a testemunha. O texto de Gaspar Frutuoso, de finais do 1 Horst Pietschmann, Atlantic History: History of the Atlantic System, 1580-1830, Joachim Jungius [Hamburg], 2002.

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CEHA | 1985–2015 século XVI, é uma das expressões disso. Deste modo, muito antes que a Historiografia norte-americana do post-segunda guerra mundial visse a importância do mundo atlântico e das conexões integradas, já os portugueses, e acima de tudo os ilhéus, tinham perfeita consciência disso, considerando-se como pilares e resultados da realidade holística que marcou o mundo atlântico, a partir do século XVI. A disputa do espaço e a definição e fruição do próprio sistema por parte de ingleses, holandeses e franceses é muito mais tardia2. Na realidade, o Atlântico não se limita a ser uma imensa massa de água, polvilhada de ilhas, mas transporta também uma larga tradição histórica. Foi o palco de encontro de mundos, a partir do século XVI. A sua delimitação faz-se pelo litoral de dois continentes e de um autêntico rosário de ilhas. As ilhas foram e continuam a ser um elemento importante no seu processo histórico, atuando, quase sempre, como intermediárias entre o mar-alto e os portos litorais dos continentes europeu, africano e americano. Elas anicham-se, de um modo geral, junto da costa dos continentes africano e americano, exceto os Açores, Santa Helena, Ascensão e o grupo de Tristão da Cunha, donde não se vislumbram as terras continentais. O mundo insular, quase na sua totalidade -- as Canárias são a exceção -- criado pelos portugueses no vasto oceano, apresenta inúmeras especificidades, mas também uma vinculação inevitável aos espaços continentais vizinhos, pelo que não pode ser deles desintegrado. Os arquipélagos portugueses, definidos por vinte e quatro ilhas, participaram ativamente no processo de afirmação lusíada no Atlântico. O protagonismo das Canárias e dos Açores, acompanhado de perto por Cabo Verde, é muito mais evidente no traçado das rotas oceânicas que se dirigiam ou regressavam das Índias ocidentais e orientais. Isto é resultado da sua posição às portas do oceano. As ilhas atuaram, respetivamente, como via de entrada e saída das rotas oceânicas, o que motivou a maior incidência da pirataria e corso na 2 Cf. The British Atlantic Empire before the American Revolution. Contributors: Peter Marshall - editor, Glyn Williams - editor. Publisher: Cass. Place of Publication: London. Publication Year: 1980. Como refere The Atlantic System [The Story of Anglo-American Control of the Seas. Westport, CT. : 1973] o interesse Americano pelo Atlântico começou a partir de 1890, mas foi após as duas guerras que ganhou maior importância e arrastou esta atenção historiográfica.

região circunvizinha. Todavia, temos de reconhecer que é reducionista esta forma de encarar o devir histórico dos arquipélagos somente a partir desta conjuntura, no sentido em que se atem apenas a algumas das ilhas que os compõem. Na verdade, a realidade arquipelágica é muito diversificada. É nas Canárias que o envolvimento com as rotas oceânicas contagia todas as ilhas. Elas não se ficaram apenas pela função de apoio às rotas oceânicas. À sua volta, surge um vasto hinterland agrícola também com isso relacionado. Daqui resulta que a valorização socioeconómica dos espaços insulares não foi unilinear, dependendo da confluência de dois fatores: primeiro, os rumos definidos para a expansão atlântica e os níveis da sua expressão em cada um; depois, as condições propiciadoras de cada ilha ou arquipélago, em termos físicos, relativamente à habitabilidade ou à existência ou não de uma população autóctone. Quanto ao último aspeto, é de salientar que apenas as Antilhas, as Canárias e a pequena ilha de Fernão do Pó, no Golfo da Guiné, estavam já ocupadas, quando aí chegaram os marinheiros peninsulares. As restantes encontravam-se abandonadas -- não obstante falarse de visitas esporádicas às de Cabo Verde e S. Tomé, por parte das gentes costeiras -- o que favoreceu o imediato e rápido povoamento, quando as condições do ecossistema o permitiram. Se, na Madeira, esta tarefa foi fácil, não obstante as condições hostis da orografia, o mesmo não se poderá dizer dos Açores ou de Cabo Verde, onde os primeiros colonos tiveram que enfrentar diversas dificuldades, que fizeram tardar a ocupação efetiva do solo. Para as ilhas já ocupadas, as circunstâncias foram diferentes: enquanto nas Canárias, os castelhanos tiveram de se defrontar com os autóctones por largos anos (1402/1496), em Fernão do Pó e nas Antilhas, foi mais fácil vencer a resistência indígena. Desde o pioneiro estudo de Fernand Braudel3 que às ilhas foi atribuída uma posição chave na vida do oceano e do litoral dos continentes. A Historiografia passou, então, a manifestar grande interesse pelo seu estudo. Note-se ainda que, segundo Pierre Chaunu4, foi ativa a intervenção dos arquipélagos da Madeira, Canárias e Açores, que designou como Mediterrâneo 3 4

O Mediterrâneo e o Mundo Mediterrânico na época de Filipe III, 2 vols. , Lisboa, 1984 (1ª edição em 1949). Sevilla y América. siglos XVI y XVII, Sevilha, 1983.

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Atlântico, na economia castelhana dos séculos XV e XVII5. Para o Atlântico português, a conjuntura foi diversa, pois a atuação em três frentes -- Costa da Guiné, Brasil e Índico -- alargou os enclaves de domínio ao sul do oceano. Neste contexto, surgiram cinco vértices insulares de grande relevo -- Açores, Canárias, Cabo Verde, Madeira e S. Tomé -- imprescindíveis para a afirmação da hegemonia e defesa das rotas oceânicas dos portugueses. Aí assentou a coroa portuguesa os principais pilares atlânticos da sua ação, fazendo das ilhas desertas, lugares de acolhimento e repouso para os náufragos, ancoradouro seguro e abastecedor para as embarcações e espaços agrícolas dinamizadores da 5

Confronte-se nossos estudos: Comércio inter-insular nos séculos XV e XVI. Madeira, Açores e Canárias, Funchal, 1987; Portugal y las islas del Atlántico, Madrid, 1992.

economia portuguesa. No primeiro caso, podemos referenciar a Madeira, Canárias, Cabo Verde, S. Tomé, Santa Helena e Açores, que emergem, a partir de princípios do século XVI, como os principais eixos das rotas do Atlântico. É, então, preciso diferenciar as ilhas que se afirmaram como pontos importantes das rotas intercontinentais, como foi o caso das Canárias, Santa Helena e Açores, e as que se filiam nas áreas económicas litorais, como sucedeu com Arguim, Cabo Verde, e o arquipélago do Golfo da Guiné. Todas vivem numa situação de dependência em relação ao litoral que as tornou importantes. Apenas a de S. Tomé, pela importância da cana-de-açúcar, esteve fora desta subordinação por algum tempo. Nos séculos XV e XVI, este conjunto variado de ilhas e arquipélagos firmou um lugar de relevo na economia atlântica, distinguindo-se pela função de escala económica ou mista: no primeiro caso, CADERNOS CEHA

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CEHA | 1985–2015 surgem as ilhas de Santa Helena, Ascensão, Tristão da Cunha, para o segundo, as Antilhas e a Madeira e, no terceiro, as Canárias, os Açores, Cabo Verde, São Tomé e Príncipe. Neste grupo, emergem a Madeira e as Canárias pelo pioneirismo da ocupação que, por essa razão, se projetaram no restante espaço atlântico por meio de portugueses e castelhanos. Daqui resulta a evidente vinculação económica e institucional da Madeira ao espaço atlântico português, como o é das Canárias com as Índias de Castela. Daí também a importância que assume para o estudo e conhecimento da História do Atlântico a valorização da pesquisa histórica sobre ambos os arquipélagos6 . As ilhas desempenharam um papel fundamental na estratégia de afirmação colonial no Novo Mundo, pois que são pilares destacados do complexo que começou a construir-se, a partir do século XV. Elas foram, primeiro, a imagem do Paraíso, para depois se afirmarem como espaços de rica exploração económica, escalas retemperadoras e de apoio aos intrépidos marinheiros. Paulatinamente, ganharam uma merecida posição na estratégia colonial, projetando-se nos espaços continentais próximos e longínquos - abriram as portas do Atlântico e mantiveram-se até a atualidade como peças fundamentais. Foram portas abertas à descoberta do oceano e à afirmação e controlo dos mercados continentais vizinhos, como sucedeu em Cabo Verde e S. Tomé. Nos séculos XVIII e XIX, não foi menor o protagonismo insular. As ilhas passaram de escalas de navegação e comércio a centros de apoio e laboratórios da ciência. Os cientistas cruzam-se com mercadores e seguem as rotas delineadas desde o século XV. A estes juntaram-se os “turistas” que afluem às ilhas desde o século XVIII, na busca de cura para a tísica pulmonar ou à descoberta. Este movimento foi o início do turismo nas ilhas que só adquiriu a dimensão atual na década de cinquenta do século XX. 6 Cf. Alan L. Kanas e J. R. Manell, Atlantic american societies-from Columbus through abolition 1492-1886, London, 1992; Alfred W. Crosby, the Columbian exchange, biological and cultural consequences of 1492, Westport, 1972; S. Mintz, Sweetness and power, N. York, 1985. Michael Meyerr, “The price of the new transnational history”, the American Historical Review, 96, nº 4, 1991, 1056-1072; D. W. Meinig, Atlantic America 1492-1800, New Haven, 1980: Lan Stelle, The english atlantic, 1675-1740 - An exploration & communication and community, N. Y. 1986.

Todo o protagonismo das ilhas abona a ideia de que os portugueses criaram um império anfíbio. As ilhas foram o seu principal pilar e, o mar, o traço de união. A História das ilhas atlânticas tem merecido, na presente centúria, um tratamento preferencial no âmbito da História do Atlântico. Primeiro, foram os investigadores europeus como F. Braudel (1949), Pierre Chaunu7, Frédéric Mauro (1960) e Charles Verlinden8 a destacar a importância do espaço insular no contexto da expansão europeia, a que se associou a historiografia nacional a corroborar a ideia e a equacioná-la nas dinâmicas da expansão insular. Neste caso, são pioneiros os trabalhos de Francisco Morales Padron9, António Rumeu de Armas10 e Vitorino de Magalhães Godinho11. Assinale-se, por exemplo, a criação do Anuario de Estudos de Historia do Atlantico, em Las Palmas de Gran Canaria, por António Rumeu de Armas, uma peça basilar de afirmação da atlanticidade, tendo como ponto de partida as ilhas12. Para além desta valorização da História Insular no velho continente, é de destacar a ambiência que condicionou os rumos da historiografia insular nas últimas décadas e contribuiu para uma necessária abertura às novas teorias e orientações do conhecimento histórico. Neste contexto, as décadas de setenta e oitenta demarcam-se como momentos importantes no progresso da investigação e saber históricos, contribuindo para tal a definição de estruturas institucionais e de iniciativas afins. Repensar a Historiografia insular, hoje, implica delinear o percurso pelas suas origens, destacando e divulgando os textos clássicos. 7 8

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Sevilla y América. Siglos XVI y XVII, Sevilha, 1983 [Estudo abreviado dos 14 volumes de Séville et l’Atlantique y del Pacifique des Ibériques, 1949, 1955-60]. ”Précédents et paralèlles europeéns de l’esclavage colonial”, in Instituto, vol. 113, Coimbra, 1949; “Les origines coloniales de la civilization atlantique. antécédents et types de structure”, in Journal of World History, 1953, pp. 378-398; Précédents médiévaux de la colonie en Amérique, México, 1954; Les origines de la civilization atlantique, Nêuchatel, 1966. El Comercio Canario-Americano (siglos XVI-XVIII), Sevilla, 1955. Canárias y el Atlántico. Piraterias y Ataques Navales, Madrid, 1991(reedição). Os Descobrimentos e a Economia Mundial, 2 vols. Lisboa, 1963-65 Em 2006, foi feita uma reedição completa dos volumes publicados em DVD: Anuário de Estúdios Atlânticos. Índice analítico de autores y Matérias, Madrid-Las Palmas, nº 1-52, 1955-2006. Veja-se as palavras de apresentação por a. Rumeu de Armas: «El atlântico tiene en si mismo para que todo cuanto se nos interesse como preferente objetivo. (. …) el Oceano recibio probablemente su nombre de las islas y no a la inversa».

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A condição de ilha e de ilhéus leva-nos, por vezes, a pensar que somos o centro do mundo. Esta visão egocêntrica, muito comum no quotidiano, perpassa também a Historiografia. A História e a Geografia ensinam-nos que, ao longo do multissecular processo histórico, o Homem Insular foi capaz de quebrar as barreiras do isolamento. A ilha deu-se a descobrir e revelou o seu envolvimento insular e atlântico. Assim o entendeu Gaspar Frutuoso, 13 em finais do século XVI, com as célebres Saudades da Terra. É por isso que Albert Silbert14 nos recomenda que “para bem conhecer a História da Madeira é a do Atlântico que é preciso evocar”. Isto é verdade tanto para a Madeira, como para as demais ilhas e arquipélagos. A produção historiográfica insular tem sido, no entanto, desigual, dependendo o número de publicações da existência de literatos e de instituições 13 Cf. Miguel Tremoço de Carvalho, Gaspar Frutuoso. O Historiador das Ilhas, Funchal, CEHA, 2001. 14 Uma Encruzilhada do Atlântico- Madeira (1640-1820), Funchal, CEHA, 1997, p. 76

capazes de incentivarem a elaboração e divulgação de estudos nos diversos domínios. A similitude do processo vivencial aliada à permeabilidade às perspetivas históricas peninsulares definiram, também, uma unidade na forma e conteúdo da historiografia insular. O Atlântico tornou-se uma realidade de análise historiográfica a partir da década de quarenta do século XX, sendo o exemplo dado pela historiografia norte-americana, preocupada em rastrear as suas origens europeias. O conceito começou a ser definido em 194, 7 com Louis Wright15, mas terá sido o Mediterrâneo de F. Braudel (1949) que lhe deu grande atenção na década de cinquenta16. Só em finais da 15 The Atlantic Frontier. Colonial American Civilization, 1607-1763, N. York, 1947. Neste mesmo ano Jacques Godechot publicava em Paris: Histoire de l’Atlantique 16 Horst Pietschmann, Introduction: Atlantic History. History Between European History and Global History, in Atlantic History. History of the Atlantic System 1580-1830, Gottingen, 2002, p. 16; Leonard Outhwaite, the Atlantic: A History of an Ocean, N. York, 1957; John Elliott, Busqueda de la Historia Atlántica, Las Palmas de Gran Canaria, 2001

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CEHA | 1985–2015 centúria, surgiram estudos teóricos. Isto sucedeu num momento de afirmação da Historiografia Atlântica17. De ambos os lados do Atlântico, surgiram trabalhos em que o este oceano é o palco principal18. Hoje, o Atlântico tornou-se num caso sério de estudo por parte da Historiografia europeia e norteamericana19. No último caso, a valorização do mundo Atlântico tem em Bernard Baylin um dos pilares fundamentais, a partir da década de 70 com os cursos que coordenou na Universidade de Harvard20. Em 1995, iniciaram-se os Seminários de História do Atlântico que rapidamente se tornaram uma referência para a Historiografia de língua inglesa e o principal bastião do sistema atlântico americano21. Todavia, se tivermos em conta a participação de estudiosos, bem como as listagens de estudos, é notória a ausência de especialistas e textos fora do universo da língua inglesa22. São diversas as abordagens globais sobre o Atlântico, como os textos de Jacques Godechot23 17 Bernard Bailyn, The Idea of Atlantic History, Itinerário, Leiden-1996, N.º 20, pp. 1-27; Nicholas Canny, Writing Atlantic History; or Reconfiguring the History of Colonial British América, The Journal of American History, N.º 86 [1999], pp. 1093-1194 18 Huguette e Pierre Chaunu, Séville et l’Atlantique, 1504-1650, 8 vols, Paris, 1955-59; F. Mauro, Le Portugal etl’Atlantique au XVIIe siècle, 1570-1670, Paris, 1970; Charles Verlinden, the Beginnings of Modern Colonization, Ithaca/Londres, 1970. D. W. Meinig, The Shaping of América: A Geographical Perspective on 500 years of History, vol. I: Atlantic America 1492-1800, New Haven, 1986; KANAS, Alan L. e J. R. Mcnell, Atlantic American Societies from Columbus through abolition 1492-1888, London, 1992. 19 James E. Sanders, Creating the Early Atlantic World: Renaissance Quarterly. Volume: 56. 1. 2003. Ralph Peters, The Atlantic Century. Parameters. Volume: 33. 3, 2003. Martin W. Lewis, Dividing the Ocean Sea: The Geographical Review. Elizabeth Mancke, Early Modern Expansion and the Politicization of Oceanic Space. The Geographical Review, Volume: 89: 2, 1999. Jerry H. Bentley, Sea and Ocean Basins as Frameworks of Historical Analysis. : The Geographical Review. Volume: 89. 2, 1999. James E. Sanders, Creating the Early Atlantic World. Contributors: Renaissance Quarterly. Volume: 56, 1, 2003. 20 A. Roger Ekirch, «Bernard Bailyn», in Twentieth Century American Historians, ed. Clyde N. Wilson, Dictionary of Literary Biography (Detroit: Gale, 1983), 17: 19-26, and Michael Kammen and Stanley N. Katz, «Bernard Bailyn, Historian and Teacher», in The Transformation of Early American History: Society, Authority, and Ideology, ed. James A. Henretta, Michael Kammen, and Stanley N. Katz (New York: Knopf, 1991), 3-15; Jack N. Rakove, Bernard Bailyn and the Problem of Authority in Early America», in The Transformation of Early American History, ed. Henretta et al. , 51-69; and «Encountering Bernard Bailyn», Humanities 19 (1998): 9-13, Robert Allen Rutland, Bernard Baylin, in Clio’s Favorites: Leading Historians of the United States, 1945-2000. Columbia, MO. : 2000 Volume: 89: 2, 1999. 21 Bernard Bailyn, Director, Harvard University, International Seminar on the History of the Atlantic World, 1500-1825: http: //www. fas. harvard. edu/~atlantic/ 22 Pat Denault, Bibliography in Atlantic History, in http: //www. fas. harvard. edu/~atlantic/atlanbib. html. 23 Histoire de l’Atlantique, Paris, 1947.

e Paul Butel24. Este último, com o seu Atlântico, vai já em mais de vinte edições, tornando-se numa referência da História do Atlântico. À perspetiva francesa, juntam-se outras duas norte-americanas de Forrest Davies25 e Leonard Outhwaite26. O Atlântico pode ser considerado uma invenção europeia dos séculos XV e XVI, que se articula diretamente com as políticas coloniais definidas pelas potências emergentes. Foi a partir daqui que se estabeleceu um vínculo direto entre ilhas e áreas costeiras. A História e a Geografia marcaram a vida do oceano Atlântico, nos últimos cinco séculos27. No entanto, a História do Atlântico como disciplina autónoma não pode acontecer da forma como tem sucedido até ao momento. O Atlântico deve ser visto de forma holística e não a partir de uma visão unilateral, de acordo com a língua ou posição geográfica do interveniente. O Atlântico assim entendido privilegia um conjunto de conexões amplas e não um resultado da visão unilateral de um ou outro lado do oceano. Também as ilhas estiveram envolvidas no processo de afirmação do mundo Atlântico28. O esforço que tem sido feito pela Historiografia insular não pode ser esquecido, na hora de estudar e sistematizar os conhecimentos sobre o Atlântico. Por outro lado, não se poderá nunca falar de um Atlântico linguístico, ou de uma visão nacionalista do mesmo. Na verdade, o Atlântico começou por ser um espaço de disputa de portugueses e castelhanos, mas, depois, a conjuntura da segunda metade do século XVI fez dele um mar aberto a todos os intervenientes no processo expansionista e imperial europeu, não poupando bandeiras ou línguas. O Atlântico define-se a partir do século XV como um espaço privilegiado dos impérios europeus onde as ilhas assumem uma função privilegiada no cruzamento de rotas, circulação de pessoas e

24 The Atlantic, New York, 1999. 25 The Atlantic System. The Story of Anglo-american Control of the Seas, N. York, 1941. 26 The Atlantic. A History of na Ocean, N. York, 1957. 27 D. W. Meinig, The Shaping of América: A Geographical Perspective on 500 years of History, vol. I: Atlantic America 1492-1800, New Haven, 1986. Pieter Emmer, In Search of a System: The Atlantic Economy, 1500-1800, in Horst Pietschmann, Atlantic History. History of the Atlantic System 1580-1830, Gottingen, 2002, pp. 169-178; Barbara L. Solow, Slavery and the Rise of the Atlantic System, N. York, 1991. 28 Assinale-se o nosso trabalho em Horst Pietschmann, Atlantic History: History of the Atlantic System, 1580-1830, Joachim Jungius [Hamburg], 2002.

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CEHA | 1985–2015 produtos29. No entanto, as ilhas não estão lá ou se existem são um universo à parte. Temos chamado a atenção para o seu papel neste jogo de relações históricas e o seu lugar de direito na História Atlântica. Na verdade, os insulares foram os primeiros atlânticos; foram eles quem mais enfrentou as consequências desta valorização do mundo atlântico, ao longo dos últimos cinco séculos. A historiografia ocidental, porém, tem apostado, nos últimos anos, nas temáticas dos Estudos Atlânticos e do Sistema Atlântico, quase só definidos pela afirmação dos portos costeiros dos três continentes (Europa, África e América), ignorando-se que existe entre eles, a servirem de pilares fundamentais para a comunicação, as ilhas. Os insulares não aceitam este discurso histórico e clamam por um outro diálogo que permita a diferenciação do protagonismo e identidade dos espaços insulares. Os estudos e o sistema atlânticos só alcançarão a plenitude no discurso historiográfico quando as abordagens acontecerem sob a forma de diálogo co-participativo dos diversos espaços e não pela afirmação do discurso euro-americano que aposta na função dominadora de uns portos ou espaços, em relação aos demais. Só assim o Atlântico será um eixo integrador de espaços e portos insulares e continentais. A historiografia defende única e exclusivamente a vinculação das ilhas ao Velho Mundo, realçando apenas a importância desta relação umbilical com a mãe-pátria. Os séculos XV e XVI seriam definidos como os momentos áureos deste relacionamento, enquanto a conjuntura setecentista seria expressão da viragem para o Novo Mundo, em que alguns produtos, como o vinho, assumem o papel de protagonista e responsável das trocas comerciais. Os estudos por nós realizados vieram a confirmar que a situação do relacionamento exterior da ilha não se limitava a estas situações30. À margem das 29 Cf. José Manuel Azevedo e Silva, A Importância dos Espaços Insulares no Contexto do mundo Atlântico, in História das Ilhas Atlânticas, vol. I, Funchal, 1997, pp. 125-161. 30 «O comércio de cereais dos Açores para a Madeira no século XVII», in Os Açores e o Atlântico (séculos XIV-XVII), A. Heroísmo, 1984; «O comércio de cereais das Canárias para a Madeira nos séculos XVI e XVII», in VI Colóquio de História Canario Americana, Las Palmas, 1984; «Madeira e Lanzarote. Comércio de escravos e cereais no século XVII», in IV Jornadas de História de Lanzarote e Fuerteventura, Arrecife de Lanzarote, 1989.

importantes vias e mercados, subsistem outras que ativaram também a economia madeirense, a partir do séc. XV. As conexões entre os arquipélagos próximos (Açores e Canárias) ou afastados (Cabo Verde, S. Tomé e Príncipe) foram já motivo de aprofundada explanação, valorizando a estrutura comercial31. Aqui ficou demonstrada a importância assumida pelos contactos humanos e comerciais que, no primeiro caso, resultou da necessidade de abastecimento de cereais e, no segundo, das possibilidades de intervenção no tráfico negreiro, mercê da vinculação às áreas africanas da Costa da Guiné, Mina e Angola. Para além do privilegiado relacionamento com o mundo insular, a praça comercial madeirense foi protagonista de outros destinos no litoral africano ou americano e rosário de ilhas da América Central. No primeiro rumo, ressalta a costa marroquina, onde os portugueses assentaram algumas praças, defendidas, a ferro e fogo, pelos ilhéus32. No século XVI, com a paulatina afirmação do novo mundo americano costeiro e insular, depara-se um novo destino e mercado, que pautou o relacionamento externo nas centúrias posteriores e que se revelou, para muitos, uma esperança de enriquecimento ou a forma de assegurar a posse de bens fundiários. Na História do Atlântico, o mundo insular é uma realidade sempre presente. A Antiguidade Clássica faz apelo às ilhas míticas, fantásticas e imaginárias, cuja localização acontece sempre no Atlântico33. O fascínio pelo mundo insular manteve-se com os descobrimentos europeus, exercendo as ilhas um certo fascínio na divulgação das notícias. Foi uma dominante da cultura Ocidental e Oriental, ganhando um papel de relevo na mitologia e na construção dos mitos34. Daqui resultou a moda de divulgação com os isolarios, em que se destaca o de Beneditto Bordone, de 152835. As rotas do Atlântico, Índico e Pacífico 31 O comércio inter-insular (Madeira, Açores e Canárias) nos séculos XV e XVI, Funchal, 1987. 32 A. A. Sarmento, A Madeira e as praças de África. dum caderno de apontamentos, Funchal, 1932: Robert Ricard, «Les places lusomarocaines et les Iles portugaises de l’Atlantique», in Anais da Academia Portuguesa de História, II série, vol. II, 1949; António Dias Farinha, «A Madeira e o Norte de África nos séculos XV e XVI», in Actas do I Colóquio Internacional de História da Madeira, 1986, vol. I, Funchal, 1989, pp. 360-375. 33 W. H. Babcock, Legendary Islnads of the Atlantic, N. York, 1922; Marcos Martinez, Canárias en la Mitologia, Santa Cruz de Tenerife, 1992; IDEM, Las Islas Canárias de la antiguedad al renacimiento. Nuevos Aspectos, Santa Cruz de Tenerife, 1996. 34 Antonio Carlos Diegues, Ilhas e Mares. Simbolismo e imaginário, S. Paulo, Editora Hucitec, 1998, pp. 80, 129-193. 35 Inácio Guerreiro, Tradição e Modernidade nos Isolarios ou “livros das

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só se afirmam por força da presença das ilhas. D. Manuel, ciente da importância desta realidade, mandou estabelecer o Livro das Ilhas para tombar toda a documentação mais significativa referente às mesmas36. Em síntese, podemos afirmar que as ilhas foram espaços de construção das utopias, escalas retemperadoras da navegação, áreas de desusada riqueza e destinos de desterro de criminosos e políticos, refúgio de piratas, aventureiros, lugares de lazer e de turismo. No vasto conjunto de ilhas que povoam o oceano, devemos salientar pelo menos três grupos: oceânicas (Açores, Madeira…), Ilhas”, dos Séculos XV e XVI, in Oceanos, N.º 46(Lisboa, 2001), pp. 28-40. 36 Cf. José Pereira da Costa, O Livro das Ilhas, Lisboa, 1987.

continentais (Cabo Verde, S. Tomé e Príncipe, Santa Catarina…) e fluviais (São Luís, …). Esta posição conduz a um diferente protagonismo histórico. Assim, enquanto as fluviais e continentais se evidenciam pela dependência ao espaço continental vizinho, as oceânicas estão entregues a si próprias. Algumas destas questões têm definido os rumos da investigação insular. O enquadramento do mundo insular no contexto dos descobrimentos europeus faz ressaltar o protagonismo socioeconómico, a posição charneira dos rumos da política expansionista. As funções de escala e modelo projetaram as ilhas na nova realidade emergente. Deixaram de ser um mundo à parte. Por outro lado, a expansão europeia foi propícia à definição de teias de subordinação e

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CEHA | 1985–2015 complementaridade que levaram a modelação de um mercado insular aberto e vinculado, de acordo com uma lógica de complementaridade. Foi isso que, em certa medida, define aquilo que ficou conhecido, nos séculos XV a XVII, como o Mediterrâneo Atlântico. A favor da valorização dos espaços insulares temos, ainda, a tese que vingou no seio da Historiografia americana que apresenta o Atlântico como uma unidade de análise. O período que decorre entre os inícios de expansão europeia, a partir do século XV, e a abolição da escravatura, em 1888, delimita cronologicamente esta realidade37. A dimensão assumida pelas ilhas no contexto da expansão quatrocentista, quer como terra de navegadores, quer como principal centro que modelou a realidade socioeconómica do novo espaço atlântico, é a evidência imprescindível da dimensão atlântica. Se tomarmos em linha de conta alguns dos temas comuns da historiografia, como o vinho, o açúcar e a escravatura, seremos forçados a concluir que foram eles, em boa parte, os responsáveis pela opção atlântica e que obrigam, sempre e em qualquer momento, a dar atenção ao meio envolvente. As rotas comerciais, os mercados europeus e colonial, e, acima de tudo, o oceano como mar aberto estão sempre presentes. Por tudo isto, é forçoso afirmar que a ilha não se reduz à sua geografia. À sua volta, palpita um mundo gerador de múltiplas conexões, que não pode ser descurado, sob pena de estarmos a atraiçoar o devir histórico. Há que rasgar o casulo da ilha e postar-se nas torres avista-navios, de forma a vislumbrar o imenso firmamento que nos conduz a ilhas e continentes. Isto só será possível quando ultrapassarmos a fase do egocentrismo, da insularização e mergulharmos na profundeza do Atlântico à busca da atlanticidade. Os rumos definidos pela historiografia insular, nos últimos anos, pautam-se por uma grande abertura temática e de envolvimento do espaço circunvizinho, isto é, as ilhas e os continentes que 37 Cf. Alan L. Kanas e J. R. Manell, Atlantic American Societies-from Columbus Through Abolition 1492-1886, London, 1992; Alfred W. Crosby, the Columbian Exchange, Biological and Cultural Consequences of 1492, Westport, 1972; S. Mintz, Sweetness and Power, N. York, 1985. Michael Meyerr, “The price of the new transnational history”, the American Historical Review, 96, nº 4, 1991, 1056-1072; D. W. Meinig, Atlantic America 1492-1800, New Haven, 1980: Lan Stelle, The English Atlantic, 1675-1740 - An exploration & Communication and Community, N. Y. 1986.

marcaram o devir histórico nos últimos cinco séculos. Nas últimas décadas, a historiografia saiu do casulo que a envolvia, ganhando uma dimensão insular e atlântica. Acontece que esta não é uma atitude comungada por todos nós, havendo quem ainda se refugie no casulo da ilha e do próprio mundo, ignorando tudo e todos. O caminho para a investigação passa necessariamente pelo conhecimento do que existe, isto é, do imprescindível estado da questão. Nunca devemos avançar para uma pesquisa documental ou uma qualquer abordagem temática sem sabermos o que os outros fizeram sobre o mesmo. É a etapa primeira e fundamental de todo o percurso. É uma questão de honestidade. O aparato bibliográfico não é só uma questão de justiça, mas também uma necessidade imperiosa da produção científica. É chegado o momento de refletir sobre a forma como se faz a História das Ilhas. Para isso torna-se imperioso repensar atividade da historiografia para que seja possível a definição de novos rumos adequados ao protagonismo e posicionamento que assumimos na História. Na atualidade, depara-se-nos um momento de grande valorização da História no quotidiano. Dispomos de tudo o necessário para isso: publicações periódicas, colóquios e conferências e um grande interesse do público em geral por esta temática. Mas será que isto tem favorecido, em simultâneo, a afirmação da investigação e o consequente avanço do conhecimento do nosso passado histórico? Não será a via mais fácil para a ridicularização do conhecimento histórico, fazendo valer o primado do documento isolado, fruto de leitura apressada e da incessante procura de textos para colóquios e revistas? As perspetivas globalizantes não se compadecem com a dimensão do nosso umbigo e as limitações que a nossa condição de ilhéus por vezes nos impõe. Devemos criar mecanismos e disponibilidade para que, em qualquer trabalho, tomemos conhecimento de tudo o que existe, em termos bibliográficos e documentais. A História não se faz apenas com um documento ou a leitura deste ou daquele texto. A abordagem parcelar não faz História, apenas a indicia e, por vezes, no sentido errado. A História insular carece também de uma revolução temática; o chamado “território do historiador” precisa de ser alargado para além dos CADERNOS CEHA

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“solos” ricos e tradicionais. A par disso, o ofício precisa de ser dignificado através da perícia no manejo dos instrumentos de trabalho. O futuro da historiografia insular está no desfazer das auréolas de egocentrismo e insularidade e no aperceber-se da dimensão atlântica da sua História. A realização dos colóquios de História das Ilhas obedece a este princípio38. A historiografia insular, permeável às origens europeias, surge, na alvorada da revolução do conhecimento cosmológico, como a expressão pioneira da novidade e, ao mesmo tempo, da necessidade institucional de justificação da intervenção e soberania peninsular. O período que medeia os séculos XV e XVI foi marcado por uma produção historiográfica mais europeia do que local, próxima da crónica e da literatura de viagens, onde se espraiam estes ideais. Os factos históricos 38 Refira-se o projeto por nós coordenado: Guia Para a História e Investigação das Ilhas Atlânticas, Funchal, 1995. Colóquio Internacional de História da Madeira/Colóquio Internacional das Ilhas Atlânticas, 1985-2006(com sete encontros realizados e 8 volumes publicados), Colóquio de História Canário Americano, Las Palmas, 1976-2006 (com 17 encontros realizados e inúmeros volumes publicados, sendo de destacar os referentes às sessões temáticas especializadas).

e as impressões das viagens atlânticas, perpetuados nas crónicas e relatos de diversa índole terão uma utilização posterior, de acordo com as exigências da época. As exigências académicas, com a expansão do saber universitário, as solicitações do novo conhecimento histórico condicionaram tal avanço qualitativo da historiografia, a partir da década de quarenta. Assim, nas Canárias, a tradição e vivência universitária propiciaram um forte arranque, enquanto nos Açores o academismo cultural e, depois, a universidade lançaram o arquipélago para uma posição similar. A Madeira, prenhe em documentos, manteve-se num segundo plano, mercê da falta de suporte institucional e académico. Todavia, as condições imanentes da dinâmica autonómica e do aparecimento de suportes institucionais definiramlhe um futuro promissor. O século XX pode ser considerado, sem dúvida, o momento de afirmação da Historiografia Insulana. Um conjunto variado de realizações públicas, o lançamento de publicações da especialidade e a criação dos arquivos distritais ou provinciais alicerçaram a

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nova realidade. Na Madeira (1919-1921) e nos Açores (1932), as comemorações das respetivas descobertas, associadas às efemérides nacionais de 1940 e 1960, contribuíram, de modo decisivo, para a afirmação e divulgação da História. Para as Canárias, a animação ficou a dever-se ao impulso dado por Elias Serra Ráfols, a partir dos anos quarenta, na Universidade de La Laguna, que conseguiu motivar um numeroso grupo de entusiastas pela História do arquipélago, encaminhando-os para a carreira científica e para a valorização dos vestígios documentais, levado a cabo com a criação dos arquivos provinciais. As três últimas décadas do século XX foram decisivas para o salto qualitativo da Historiografia insular, criando, em todos os arquipélagos, uma ambiência favorável à sua afirmação. Aqui, assumem particular importância as instituições culturais, as publicações periódicas e a inovação da época - os colóquios de História. Os colóquios foram um momento privilegiado da divulgação do saber histórico. Estamos perante uma nova dimensão historiográfica, a partir da década de

setenta, firmando-se nos últimos anos como uma realidade insofismável. A década de oitenta emerge, assim, como o momento de maior relevância na investigação histórica insular, condicionando os rumos da Historiografia nas décadas seguintes. Na verdade, os encontros, para além de permitirem o contacto com outras correntes historiográficas, têm o condão de nos oferecer visões de fora dos mesmos acontecimentos, permitindo um maior enquadramento das realidades39. A historiografia vem defendendo única e exclusivamente a vinculação das ilhas ao Velho Mundo, realçando apenas a importância desta relação umbilical com a mãe-pátria. Os séculos XV e XVI seriam definidos como os momentos áureos do 39 Os investigadores das Canárias foram os primeiros a reconhecer a necessidade deste tipo de realização ao lançarem, em 1976, o Colóquio de História Canario Americana, sob a égide da Casa de Colón, com a coordenação do Prof. Doutor Francisco Morales Padron. Os resultados da primeira iniciativa contribuíram para a continuidade a concretização de idêntica iniciativa nos Açores (1983), em Fuerteventura (1984) e, por último, na Madeira (1986).

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CEHA | 1985–2015 relacionamento, enquanto a conjuntura setecentista seria a expressão da viragem para o Novo Mundo, em que alguns produtos, como o vinho, assumem o papel de protagonista e responsável das trocas comerciais. Os estudos por nós realizados vieram a confirmar que a situação do relacionamento exterior da ilha não se resumia a estas situações. À margem das principais vias e mercados subsistem outras que ativaram também a economia madeirense, desde o séc. XV. As conexões com os arquipélagos próximos (Açores e Canárias) ou afastados (Cabo Verde, S. Tomé e Príncipe) foram já motivo de aprofundada explanação, valorizando a estrutura comercial40. Aqui ficou demonstrada a importância assumida pelos contactos humanos e comerciais, que, no primeiro caso, resultou da necessidade de abastecimento de cereais e, no segundo, das possibilidades de intervenção no tráfico negreiro, mercê da vinculação às áreas africanas da Costa da Guiné, Mina e Angola. Para além do privilegiado relacionamento com o mundo insular, a praça comercial madeirense foi protagonista de outros destinos no litoral africano ou americano e no rosário de ilhas da América Central. No primeiro rumo, ressalta a costa marroquina, onde os portugueses assentaram algumas praças, defendidas, a ferro e fogo, pelos ilhéus41. No século XVI, com a paulatina afirmação do novo mundo americano costeiro e insular, depara-se um novo destino e mercado, que pautou o relacionamento externo nas centúrias posteriores e que se apresentou como uma esperança de enriquecimento ou como uma forma de assegurar bens fundiários. Em qualquer das situações, o estreitamento dos contactos depende, primeiro, da presença de uma comunidade que pretende manter o contacto com a terra-mãe e, depois, das possibilidades de troca. A oferta de vinho e a sua procura pelos agentes do tráfico negreiro, para, enganadoramente, o oferecerem aos sobas africanos ou, do outro lado do Atlântico, para saciar a sede do europeu a troco do açúcar, foi o principal motor deste relacionamento. 40 O comércio inter-insular (Madeira, Açores e Canárias) nos séculos XV e XVI, Funchal, 1987. 41 A. A. SARMENTO, A Madeira e as praças de África. dum caderno de apontamentos, Funchal, 1932: Robert RICARD, “Les places luso-marocaines et les Iles portugaises de l’Atlantique”, in Anais da Academia Portuguesa de História, II série, vol. II, 1949; António Dias FARINHA, “A Madeira e o Norte de África nos séculos XV e XVI”, in Actas do I Colóquio Internacional de História da Madeira. 1986, vol. I, Funchal, 1989, pp. 360-375.

A situação influenciou decisivamente a estrutura comercial, a partir da segunda metade do século XVI. O arquipélago madeirense marcou o início da presença portuguesa no Atlântico e foi o primeiro e mais proveitoso resultado desta aventura. Vários são os fatores que se conjugaram para este protagonismo. A inexistência de população, em consonância com a extrema necessidade de valorização do território para o avanço das navegações ao longo da costa africana, favoreceu a rápida ocupação e crescimento económico da Madeira. Por isso, a afirmação nos primeiros anos dos descobrimentos foi evidente: porto de escala ou apoio para as precárias embarcações quatrocentistas que sulcavam o oceano; importante área económica, fornecedora de cereais, vinho e açúcar; modelo económico, social e político para as demais intervenções portuguesas no Atlântico. A Madeira foi, no século XV, uma peça primordial no processo de expansão. A ilha, considerada a primeira pedra da gesta descobridora dos portugueses no Atlântico, é o marco referencial mais importante desta ação no século XV. De inicial área de ocupação, passou a um entreposto imprescindível às viagens ao longo da costa africana e, depois, foi modelo para todo o processo de ocupação atlântica, A Madeira firmou, assim, o seu nome com letras douradas na História da expansão europeia no Atlântico. O Funchal foi, por muito tempo, o principal ancoradouro do Atlântico, aquele que abriu as portas do mar oceano e traçou caminho para as terras do Sul. Aí, a abundância de cereal e vinho propiciavam ao navegante o abastecimento seguro para a demorada viagem. Por isso, o madeirense não foi apenas o cabouqueiro que transformou o rochedo e fez dele uma magnífica horta, também se afirmou como o marinheiro, descobridor e comerciante. Deste modo, algumas das principais famílias da Madeira, enriquecidas com a cultura do açúcar, gastaram quase toda a fortuna na gesta descobridora, ao serviço do infante D. Henrique, ao longo da costa africana ou, por iniciativa particular, na direção do Ocidente, correspondendo ao repto lançado pelos textos e lendas medievais. A juntar a tudo isso, temos o rápido progresso social, resultado do porvir económico, que condicionou o aparecimento de uma aristocracia terra tenente. Esta, imbuída do ideal cavalheiresco e do espírito de aventura, embrenhou-se na defesa

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das praças marroquinas, na disputa pela posse das Canárias e em viagens de exploração e comércio ao longo da costa africana e, até mesmo, para Ocidente. A valorização da Madeira na expansão europeia tem sido diversa. A historiografia nacional considera-a um simples episódio de todo o processo e, em face da posição geográfica, hesita relativamente ao seu enquadramento, sendo levada, por vezes, ao esquecimento. A europeia, ao invés, não duvida em realçar a singularidade do processo. Vários são os fatores que o propiciaram, no momento de abertura do mundo atlântico, e que fizeram com que fosse, no século XV, uma peça chave na afirmação da hegemonia portuguesa no Novo Mundo. O Funchal foi uma encruzilhada de opções e de meios que iam ao encontro da Europa em expansão. Além disso, é considerada a primeira pedra do projeto, lançando Portugal para os anais da História do oceano que abraça o seu litoral abrupto. À função de porta-

estandarte do Atlântico, a Madeira associou outras: foi “farol” Atlântico, guia orientador e de apoio às longas incursões oceânicas, espaço privilegiado de comunicações, contando a seu favor com as vias traçadas no oceano que a circunda e as condições económicas internas, propiciadas pelas culturas da cana sacarina e da vinha. Estas condições contribuíram para que o isolamento definido pelo oceano fosse quebrado e se mantivesse um permanente contacto com o velho continente europeu e o Novo Mundo. A mobilidade social é uma das características da sociedade insular. O fenómeno da ocupação atlântica lançou as bases da sociedade e a emigração ramificou-a e projetou-a além Atlântico. As ilhas foram, num primeiro momento, polos de atração, passando, depois, a áreas de divergência de rotas, gentes e produtos. A novidade, aliada à forma como se processou o povoamento, ativaram o primeiro movimento. A desilusão inicial com as escassas e

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CEHA | 1985–2015 limitadas possibilidades económicas e a cobiça por novas e prometedoras terras, definiram o segundo surto. Primeiro, foi a Madeira, depois as ilhas próximas dos Açores e das Canárias e, finalmente, os novos continentes e demais ilhas. O madeirense, desiludido com a ilha, procurou melhor fortuna nos Açores ou nas Canárias, e depositou, na costa africana, as suas esperanças comerciais. No grupo, incluem-se principalmente os filhos-segundos deserdados da terra pelo sistema sucessório. É disso exemplo Rui Gonçalves da Câmara, filho do capitão do donatário no Funchal, que preferiu ser capitão da ilha distante de S. Miguel a manter-se como mero proprietário na Ponta do Sol; outros deram o arranque decisivo ao povoamento da ilha. A Madeira evidencia-se também no século quinze como um centro de divergência de gentes no novo mundo. A mobilidade do ilhéu levou os monarcas a definirem uma política de restrições, no movimento emigratório em favor da fixação do colono à terra, como forma de evitar o despovoamento das áreas já ocupadas. O apelo das riquezas de fácil resgate africano ou da agricultura americana atraíram o homem do século XV, tendo a favor a disponibilidade dos veleiros que escalavam frequentemente os portos insulares. A emigração era inevitável. A Madeira e as Canárias desfrutavam, no século XV, de uma posição privilegiada no espaço situado entre a costa e ilhas africanas, afirmandose como importantes centros migratórios. Para isso, contribuiu o facto de estar associada ao madeirense uma cultura que foi a principal aposta das arroteias do Atlântico - a cana sacarina. Os madeirenses aparecem nas Canárias, Açores, S. Tomé e Brasil a dar o seu contributo para que, do solo virgem desses lugares, brotem os canaviais, apareçam os canais de rega ou de serviço aos engenhos, onde foram obreiros nos avanços tecnológicos. A crise da produção açucareira madeirense, gerada pela concorrência do açúcar das áreas que os habitantes contribuíram para criar, empurrou-nos para destinos distantes. Na migração atlântica, iniciada na Madeira, é de referenciar o caso da emigração interinsular dos arquipélagos do Mediterrâneo Atlântico. As ilhas, pela proximidade e forma similar de vida, aliadas às necessidades crescentes de contactos comerciais, exerceram também uma forte atração entre si. Madeirenses, açorianos e canários não ignoravam a sua condição

de insulares e, por isso, sentiram necessidade do estreitamento dos contactos. A Madeira, mais uma vez pela sua posição charneira entre os Açores e as Canárias e, graças à anterioridade no povoamento, foi, desde meados do século XV, um importante viveiro fornecedor de colonos para os arquipélagos e elo de ligação. A ilha funcionou mais como polo de emigração para as ilhas do que como área recetora de imigrantes. Se excetuarmos o caso dos escravos guanches e a inicial vinda de alguns dos conquistadores de Lanzarote, podemos afirmar que o fenómeno é quase nulo, não obstante, no século dezasseis, os açorianos aparecerem com alguma evidência no Funchal. Temos conhecimento da presença de uma comunidade de açorianos nas ilhas Canárias, principalmente nas ilhas de Gran Canária, Tenerife e Lanzarote, dedicados à cultura dos cereais, vinha, cana sacarina e pastel. Foram estes insulares, bem posicionados no traçado das rotas oceânicas, que voltaram a sua atenção para o promissor novo mundo42. O Brasil exerceu, ao longo da História, um certo fascínio sobre os insulares, que se ligaram, desde o início, ao processo da sua construção. A História dos arquipélagos da Madeira, Açores, Cabo Verde e Canárias tem relevado, nos últimos anos, a presença dos insulares como lavradores, mercadores, funcionários e militares. Para os séculos XVI e XVII, valorizou-se a presença de madeirenses, de Norte a Sul, como lavradores e mestres de engenho, tendo sido pioneiros na definição da agricultura de exportação baseada na cana-de-açúcar, funcionários que consolidaram as instituições locais e régias, ou militares que se bateram, em diversos momentos, pela soberania portuguesa. O forte impacto madeirense nos primórdios da sociedade brasileira levou Evaldo Cabral de Mello a definir a capitania de S. Vicente como a Nova Madeira. Evaldo Cabral de Mello Neto, assim como José António Gonsalves de Mello, são raros exemplos na historiografia brasileira de valorização da presença madeirense43. Os primórdios da colonização do Brasil estão ligados à Madeira, tendo-se estabelecido uma ponte entre a ilha e as colónias do Brasil. Os primeiros 42 Cf. José Pérez Vidal, Aportación de Canárias a la Población de América, Las Palmas de Gran Canária, 1991. 43 José Pereira da Costa [O Brasil , …, in As Ilhas E o Brasil, Funchal, 2000, pp. 22-23]refere que a Historiografia brasileira dedica pouca atenção às ilhas.

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engenhos açucareiros foram construídos por mestres madeirenses. Em S. Vicente (Santos), foram feitas escavações no engenho do senhor governador, o primeiro construído no Brasil por carpinteiros madeirenses. António e Pedro Leme terão sido os primeiros a chegar aqui com as primeiras socas de cana. A cultura expandiu-se, entretanto, para norte. Na Baía e Pernambuco e Paraíba, de novo encontramos muitos madeirenses ligados à safra açucareira, como técnicos ou donos de engenho. Aos agricultores e técnicos de engenho, seguiram-se os aventureiros, os perseguidos da religião (= os judeus) e alguns foragidos da justiça. Deste modo, a presença de madeirenses, ainda que mais evidente nas terras de canaviais de Pernambuco, espalhou-se a todo o espaço com focos de maior

influência em S. Vicente, Baía, Caraíbas e Ilhéus. Hoje, as ilhas parecem ter retomado o deslumbramento do passado. Esgotados os recursos económicos, resta-lhes aquilo que as diferencia dos espaços continentais e que está na origem do nome dado na Antiguidade Clássica. As “Afortunadas” continuam ainda como o paraíso atlântico que continua a atrair o europeu. No milénio que agora começou não está prevista a perda do protagonismo que as marcou no passado. O europeu continuará a depender destes pilares erguidos no Atlântico para sedimentar protagonismos. Ontem como hoje, as ilhas não se fizeram rogadas aos desafios do devir histórico.

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1985-2008. HISTÓRIA E ATIVIDADE. As ilhas emergem, assim, para uma nova realidade e valorização no espaço atlântico. Hoje, esse conhecimento ganhou um estatuto especial e a Historiografia das ilhas deu um grande salto. O CEHA tem sido um parceiro e um protagonista ativo desta saga insular. O Centro de Estudos de História do Atlântico, criado pelo decreto legislativo regional n.º 20/85, de 17 de setembro, no âmbito da Secretaria Regional do Turismo e Cultura, é uma instituição de investigação científica que tem por objetivo principal coordenar a investigação e promover a divulgação da História das Ilhas Atlânticas. A presença e empenho dos arquipélagos atlânticos (Açores, Canárias, Cabo Verde e São Tomé) faz-se, em termos institucionais, através de delegados ao Conselho Consultivo. O projeto surgiu por empenho pessoal do Secretário Regional do Turismo e Cultura, João Carlos

Abreu, sendo Alberto Vieira encarregado de proceder à sua instalação. A partir da sua instalação definitiva, entre 1988 e 1992, a direção do Centro foi assumida por Luís de Albuquerque, coadjuvado por Joel Serrão, José Pereira da Costa e Alberto Vieira. Após a morte de Luís de Albuquerque, em 1992, assumiu a presidência Joel Serrão, que foi substituído, em 1997, por José Pereira da Costa, que se manteve em funções até 2006. A partir de 1 de novembro de 2008, Alberto Vieira, Investigador-coordenador da instituição, assumiu as funções de Presidente. Entre 1 de maio de 2013 e 9 de fevereiro de 2014, Alberto Vieira é designado Diretor de Serviços em regime de comissão de serviço por um ano e a 10 de fevereiro de 2014, é designado Diretor de Serviços, por procedimento concursal, em comissão de serviço. O CEHA teve um Conselho Consultivo, criado com o intuito de dar representatividade e capacidade

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de intervenção a outros espaços insulares próximos do madeirense e que tivessem interesse para o trabalho realizado pela instituição, pelo que nele tiveram assento representantes dos arquipélagos dos Açores, Canárias e Cabo Verde. O Conselho Científico tinha, como missão, programar e coordenar todas as tarefas de Investigação desenvolvidas no CEHA. Assim, competia-lhe a coordenação de todos os projetos de investigação, bem como as atividades dos investigadores e técnicos superiores. Ao mesmo órgão, competia, ainda, assessorar as publicações, constando como conselho assessor do anuário. Porque o CEHA dispunha de um número reduzido de técnicos superiores com Doutoramento, decidiu-se alargar a sua composição a Professores universitários. Todos os membros externos foram propostos de acordo com as afinidades de trabalho e, preferencialmente, de entre as instituições cooperantes com o CEHA. Foram membros deste conselho:

Antonio Macias Hernández, Universidad de La Laguna, Espanha; Antonio Malpica Coello, Universidad de Granada, Espanha; Avelino de Freitas Menezes, Universidade dos Açores, Portugal; Eddy Stols, Prof. emérito da KULeuven, Professor colaborador do Programa de Pós-Graduação em História da UFMG, Bélgica; Fátima Sequeira Dias, Universidade dos Açores, Portugal; Gaspar Manuel Martins Pereira, Universidade do Porto, Portugal; Inês Amorim, Universidade do Porto, Portugal; Javier Maldonado Rosso, Universidade de Cadiz, Espanha; Joaquim Romero de Magalhães, Universidade de Coimbra, Portugal; Jorge de Freitas Branco, Instituto Superior de Ciências do Trabalho e da Empresa, Portugal; José C. Curto, Dept. of History-York University, Canada; José Eduardo Franco, Universidade de Lisboa; José João Reis, Professor Titular, Universidade Federal da Bahia-Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas-Departamento de História. Brasil; José Viriato Eiras Capela, Universidade do Minho, Portugal;

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Luís Filipe Barreto, Universidade de Lisboa, Centro Científico e Cultural de Macau, Portugal; Manuel Lobo Cabrera, Universidad de Las Palmas de Gran Canaria; Maria Beatriz Rocha-Trindade, Universidade Aberta, Portugal; Maria Helena da Cruz Coelho, Universidade de Coimbra, Portugal; Miguel Angel de Puig Samper, Consejo Superior de Investigaciones Cientificas-Madrid, Espanha; Naidea Nunes Nunes, Universidade da Madeira, Portugal; Óscar Zanetti Lecuona, Graduate in History, Doctor in Historical Sciences, Full professor, Senior Researcher. Working Specialty: History of Cub, Cuba; Ottmar ETTE, Institut fuer Romanistik, Universitaet Potsdam; Pedro Luís Puntoni, Cátedra Jaime Cortesão/Faculdade de Filosofia e Letras Ciências Sociais-Universidade de São Paulo, Brasil; Timothy Joel Coates, Department of History, the College of Charleston, Charleston (South Carolina). USA; Vera Lúcia Amaral Ferlini, Cátedra Jaime Cortesão/Faculdade de Filosofia e Letras Ciências Sociais-Universidade de São Paulo, Brasil; Victor Pereira da Rosa, Departamento de Sociologia e Antropologia da Universidade de Ottawa, Canadá. O Conselho Consultivo tinha a incumbência de aferir da qualidade dos artigos a publicar, quando sobre os mesmos fosse emitida dúvida pelo Conselho Redatorial ou pelo coordenador do número da revista. O Conselho Consultivo foi composto, primordialmente, por membros do Conselho Científico do CEHA – cumprindo, assim, o Anuário a função de reforço do vínculo deste Conselho ao CEHA

– e por outros investigadores. Foram membros deste conselho: Ana Viña Brito, Universidade de La Laguna, Canarias; Antonio Abreu Xavier, Profesor de Historia Contemporánea de América y Venezuela en la Escuela de Comunicación Social-UCV; António Barros Cardoso, Universidade do Porto, Grupo de Estudos de História da Viticultura Douriense e do Vinho do Porto; Antonio Macías Hernández, Universidad de La Laguna, Canarias; Antonio Malpica Cuello, Universidade de Granada, Espanha; Augusto Nascimento, Instituto de Investigação Científica e Tropical; Avelino de Freitas de Menezes, Universidade dos Açores; Daniel Campi, Universidad de Tucuman, Argentina; David J. Hancock, University of Michigan; Eddy Stols, prof. Emérito da KULeuven, Professor colaborador do Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Federal de Minas Gerais; Fátima Sequeira Dias, Universidade dos Açores; Gaspar Manuel Martins Pereira, Universidade do Porto; Genaro Rodriguez Morel, Real Academia de la Historia de Santo Domingo; Inês Amorim, Universidade do Porto; Iordan Avramov, Center for Science Studies and History of Science, Bulgária; Javier Maldonado Rosso, Universidade de Cadiz, Espanha; Joám Evans Pim, O Instituto Galego de Estudos de Seguranza Internacional e da Paz, Galiza; Joaquim Romero de Magalhães, Universidade de Coimbra; John Everaert, catedrático emérito, especializado em história colonial y marítima, da Universidad de Gante, Bélgica; Jorge de Freitas CADERNOS CEHA

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Branco, Instituto Superior de Ciências do Trabalho e da Empresa; Jorge do Nascimento Rodrigues, Editor de revistas e livros. Tradutor e Revisor; José Ángel Rodríguez, Universidad Central de Venezuela; José Curto, Depart. History-York University, Canadá; José Eduardo Franco, Presidente da Direcção do Instituto Europeu de Ciências da Cultura Padre Manuel Antunes (instituição da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa em parceria com a ESADFundação Ricardo Espírito Santo Sillva); José João Reis, Universidade Federal da Bahia; José Viriato Eiras Capela, Universidade do Minho; Luís Filipe Barreto, Universidade de Lisboa, Centro Científico e Cultural de Macau; Manuel Lobo Cabrera, Universidad de Las Palmas de Gran Canaria, Canárias; Maria Beatriz Rocha-Trindade, Universidade Aberta; Maria Helena da Cruz Coelho, Universidade de Coimbra; Maria Isabel Rodrigues dos Santos, Universidade Católica Portuguesa; Miguel Angel de Puig Samper, Consejo Superior de Investigaciones Científicas, Madrid; Miguel Real, Centro de Literatura de Expressão Portuguesa da Faculdade de Letras de Lisboa; Monica Teixeira, doutorada em Literatura Moderna Portuguesa, Madeira; Naidea Nunes Nunes, Universidade da Madeira; Óscar Zanetti Lecuona, Académico titular, Academia de Ciencias de Cuba; Ottmar Ette, Universitaet Potsdam; Paulo Esteireiro, Gabinete Coordenador de Educação Artística, SRECRAM; Pedro Luís Puntoni, Cátedra Jaime Cortesão – Universidade de São Paulo; Timothy Joel Coates,

The College of Charleston (South Carolina); Vera Lúcia Amaral Ferlini, Cátedra Jaime Cortesão – Universidade de São Paulo; Victor Pereira da Rosa, Universidade de Ottawa.

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1986-2008 Atividades. As iniciativas do CEHA tiveram como ponto de partida a História das ilhas Atlânticas e desenvolveram-se em Conferências, Colóquios, projetos de investigação e publicação de textos inéditos

Conferências. O Centro realizou, nos últimos dez anos, mais de uma centena de conferências que contaram com a presença de destacados historiadores nacionais e estrangeiros. De entre estes, citam-se os Professores como Jean Delumeau, C. A. Medeiros e A. J. RussellWood, Charles Verlinden, W. Randles, I. Caracci (. . . ).

Colóquios. Até ao presente, o Centro organizou diversos colóquios internacionais e colaborou com outras instituições na realização de outros dois, de que

resultou a publicação de 6 volumes com mais de quatrocentas comunicações sobre a História das Ilhas Atlânticas. A partir de 1992, foi decidido designar este encontro de Colóquio Internacional das ilhas Atlânticas, passando a sua realização a ser trienal e compartilhada pelas organizações afins e universidades dos arquipélagos dos Açores e Canárias. Para o período de 1986 a 2005, tivemos 9 colóquios, que se realizaram no Funchal, Las Palmas, Angra do Heroísmo e Florianópolis (Sta CatarinaBrasil): 1986. Colóquio Internacional de História da Madeira, com os temas: Conexões Atlânticas da Madeira, História Comparada das Sociedades Insulares Atlânticas; 1989. II colóquio Internacional de História da Madeira. Temas: História da Madeira, História das Ilhas Atlânticas, Encontro de Culturas no Atlântico; 1992. III Colóquio Internacional de História da Madeira. Temas de debate: Colombo. A Madeira e Porto Santo, História das Ilhas Atlânticas; 1995. IV Internacional das ilhas CADERNOS CEHA

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CEHA | 1985–2015 atlânticas (organização da Fundacion Mapfre Guanarteme): Temas: Comércio: Instrumentos del comercio entre el sistema portuario y mercantil de las islas ibéricas y Caribeñas, Sistema portuario-mercantil de las islas ibéricas e caribeño, Archivos y documentación, Arte y Literatura, Demografia; 1999. V Colóquio internacional de História das ilhas atlânticas, 24 a 28 de Maio, realização nos Açores, pelo Instituto Histórico da ilha Terceira de colaboração com a Universidade dos Açores. Tema: As Ilhas no Domínio do Atlântico; 2000. VI Colóquio Internacional das ilhas Atlânticas, de 25 a 29 de Setembro organização do CEHA, alusivo ao descobrimento do Brasil, com o tema: As ilhas e o Brasil: 2003. VII Colóquio Internacional das ilhas Atlânticas, de 02 a 07 de Setembro, organizado pelo INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO DE SANTA CATARINA – IHGSC [Ilha de Santa Catarina – BRASIL] com o tema “AS ILHAS E OS ORGANISMOS REGIONAIS - Novas Rotas e Novos Destinos”; 2005. IX Colóquio Internacional de História das Ilhas, Setembro, Las Palmas de Gran Canaria Seminários e Mesas-redondas. A partir de 1993, decidiu-se realizar nos intervalos dos Colóquios Internacionais, com periodicidade trienal, seminários ou mesas-redondas para a abordagem de temas monográficos. No período de 1993 a 2015, tivemos os seguintes encontros:

de abril com a colaboração do Instituto do vinho da Madeira, e Universidades do Porto Bordéus, Málaga e Cádiz; - O Município no mundo português, de 26-30 de Outubro, enquadrandose a sua realização nos planos comemorativos do centenário da viagem de Vasco da Gama; 1999: -História e o meio ambiente-o impacto da expansão europeia. De 5 a 9 de Abril, com os seguintes temas de debate: A visão do paraíso. A ciência e a busca da arca de Noé, História e meio-ambiente nos espaços de ocupação europeia, Açúcar e meio ambiente, História do meio ambiente nas ilhas atlânticas; 2000: -História e Tecnologia do Açúcar. Março; 2001: - Emigração e Imigração nas ilhas, 2 a 6 de Abril de 2001; -A autonomia e a história das ilhas, 3 a 7 de Setembro de 2001; -II SEMINÁRIO INTERNACIONAL: História do município no mundo Português 5 a 10 de Novembro de 2001; 2002: - História e Açúcar: a rota do açúcar, os mercados do açúcar. 14 a 19 de Abril- 2002; 2003: - III Seminário Internacional: O Município no Mundo Português, Funchal, Junho; - III Simpósio da Associação Internacional de História e Civilização da Vinha e do Vinho, Funchal, 5 a 8 de Outubro; 2004: - III Seminário Internacional de História do Açúcar, em cooperação com AIHCA, Funchal, Setembro; 2005: - As Ilhas e a História da Ciência, Funchal, Maio; 2006: As Cidades do Vinho, Funchal;

1993. - As sociedades insulares no contexto das interinflências culturais do séc. XVIII; 1994: -Infante e as ilhas (comemoração do IV centenário da morte do infante D. Henrique); 1996. -Escravos com e sem açúcar, com realização de 17 a 21 de Junho. Em colaboração com as Universidades de Minneapolis, The John Hopkins, Columbia; 1997: -Documentação e Arquivos insulares, de 15 a 19 de Setembro. Com a participação de arquivistas de Madeira, Açores, Canárias, Cabo Verde e S. Tomé; 1998 : - Os vinhos licorosos e a História, de 19 a 24 CADERNOS CEHA

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PUBLICAÇÕES Em 1986, ficou estabelecido o plano editorial do CEHA, com uma incidência temática obrigatória sobre a História das Ilhas Atlânticas e, em especial, sobre a Madeira. Para o período que compreende esta primeira fase de atividade do CEHA, que vai até 2006, tivemos 104 publicações, o que corresponde a uma média de 4 publicações por ano.

Coleções Editoriais para Formato em papel. 1986-2006 MEMÓRIAS. Esta coleção teve por objetivo publicar estudos monográficos sobre a História das ilhas. A maioria dos textos publicados resultou de teses de mestrado e doutoramento apresentadas nas Universidades portuguesas. Número de volumes publicados: 65. –– VIEIRA, Alberto: O Comércio Inter-Insular nos Séculos XV e XVI, Madeira, Açores e Canárias, 1987, pp. 227; –– NEVES, Carlos Agostinho das: São Tomé e Príncipe na Segunda Metade do Século XVIII, 1990, pp. 478; –– LOBO CABRERA, Manuel: El Comercio Canario Europeo Bajo Felipe II, 1988, pp. 244 ISBN: 972648-024-8;

–– PEREIRA, Fernando Jasmins: Estudos sobre a História da Madeira, 1990, pp. 487 ISBN: 972-648047-7; –– VIEIRA, Alberto: Os Escravos no Arquipélago da Madeira. Séculos XV a XVI, 1990, pp. 544 ISBN: 972-648-046-; –– DOMINGUES, Angela: Viagens de Exploração Geográfica na Amazónia em finais do Século XVII: Política, Ciência e Aventura, 1991, pp. 99 ISBN: 972-648-052-3; –– SALDANHA, António Vasconcelos: As Capitanias. O Regime Senhorial na Expansão Ultramarina, 1992, pp. 343 ISBN: 972-648-054-X; –– GONÇALVES, Ernesto, Portugal e a Ilha, 1992, pp. 542 ISBN: 972-648-056-6; –– MUNCH, Susana: A Fazenda Real no século XVI, 1993, pp. 257 ISBN: 972-648-069; Vários. Actas do II Colóquio Internacional de História da Madeira. 1990, pp. 1043 ISBN: 972-95100-0-8; –– VÁRIOS , Actas do III Colóquio Internacional de História da Madeira, 1993, pp. 931 ISBN: 972-648058-2; –– SILVA, José Manuel A. , A Madeira e a Construção do Mundo Atlântico (Séculos XV- XVII). Funchal, 2 volumes, 1995, pp. 1086 ISBN: 972-9060-03-7; –– GOMES, Eduarda Maria de Sousa, O Convento da Encarnação do Funchal. Subsídios para a sua história. 1660-1777. Funchal 1995, pp. 280 ISBN: 972-648-083-3;

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–– Vários. Escravos Com e Sem açúcar. Actas do seminário(português e inglês), pp. 311 ISBN: 972648-110-4;

–– FONTOURA, Otília Rodrigues de, Portugal Em Marrocos na Época de D. João Terceiro, 1998pp. 249 ISBN: 972-8263-11-2;

–– NORONHA, Henrique Henriques, Memórias Seculares e Eclesiásticas para a Composição da História da Diocese do Funchal, Funchal, 1996, pp. 533 ISBN: 972-648-112-0;

–– FERREIRA, Maria Isabel R. , Mitos e Utopias na Descoberta e Construção do Mundo Atlântico, 1999. pp. 104 ISBN: 972-8263-13-9;

–– JARDIM, Dina R. , A Santa Casa da Misericórdia do Funchal. Século XVIII, Funchal, 1996, pp. 276 ISBN: 972-648-115-5; –– VIEIRA, Alberto. S. Vicente um Século de Vida Municipal (1868-1974), Funchal, 1997, pp. 167 ISBN: 972-648-118-X; –– JANES, Emanuel, Nacionalismo e Nacionalistas na Madeira, Funchal, 1997, pp. 260 ISBN: 972-648119-8; –– Vários, Os Arquivos Insulare s(Atlântico e Caraíbas), Funchal, 1997, pp. 443 ISBN: 972. 648. 120. 1; –– Vários, História das Ilhas Atlânticas (Economia, Sociedade, Arte e Literatura), Funchal, 1997, 2 vols. , 448 pp + 468 pp. ISBN: 972-648-121-X; –– Vários, Os Vinhos Licorosos e a História, Actas do Seminário Internacional. Funchal, 1998, pp. 362 ISBN: 972-8263-08-2; –– RODRIGUES, Paulo Miguel, A Politica e as Questões Militares na Madeira. O Período das Guerras Napoleónicas, 1999. pp. 450 ISBN: 9728263-18-X;

–– HENRIQUES, Albertina Maria de Sousa, Órgãos Políticos e Classe Política na Região Autónoma da Madeira, 1999. pp. 266 ISBN: 972-8263-15-5; –– SANTOS, Maria Licínia dos, Os Madeirenses na Colonização do Brasil, 1999. pp. 243 ISBN: 9728263-19-8; Vários, História e Meio-Ambiente, o Impacto da Expansão Europeia, 1999. pp. 552 ISBN: 972-8263-14-7; –– TRINDADE, Ana Cristina Machado, A Moral e o Pecado Público no Arquipélago da Madeira na Segunda Metade do Séc. XVIII, 1999. pp. 254 ISBN: 972-8263-16-3; –– PIAZZA, Walter F. , A Epopeia Açórico-Madeirense (1746-1756), 1999. pp. 393 ISBN: 972-826320-1; História e Tecnologia do Açúcar, Actas do Seminário Internacional, 2000 200, pp ISBN: 9728263-22-8; –– GOMES, Vítor, O Comércio do Centro do Funchal - Leitura da Lógica da Internacionalização e das Ligações Global/Local, 2000 pp. 170 ISBN: 9728263-23-6; O Brasil e as Ilhas. Actas do colóquio Internacional, Funchal, 2000 pp. 552 ISBN: 9728263-24-4; –– Fontoura, Otília Rodrigues: As Clarissas na CADERNOS CEHA

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Madeira. Uma Presença de 500 Anos, Funchal, 2000;

Primeiras Constituintes e a Ilha da Madeira 2002, 230 pp. ISBN: 972-8263-36-8;

–– Gaspar Frutuoso. O historiador das ilhas, 2001 pp. 118 ISBN: 972-8263-27-9; Emigração e Imigração nas Ilhas, 2001 PP. 287 ISBN: 972-8263-26-0;

–– VIEIRA, Alberto: A Vinha e o Vinho na História da Madeira. Séculos XV-XX, 2003, 585 pp. ISBN: 9728246-67-6 ;

–– Bernardete Barros: D. Guiomar de Sá. Uma mulher singular, 2001 224 ISBN: 972-8263-28-7;

–– VÁRIOS: ACTAS do III Simpósio da Associação Internacional de História e Civilização da Vinha e do Vinho, 2004, 912 pp. ISBN: 972-82463-42-2;

–– Cecília Costa: José Vicente Gonçalves. Matemático. … porque professor !, 2001; Vários. Autonomia e História das Ilhas, 2001 pp. 327 ISBN: 972-826329-5;

–– FLORENÇA, Teresa: O Movimento Republicano na Madeira. 1882-1913, 2004, pp. 148, ISBN: 9728263-44-9;

–– Diocese do Funchal, História e Devoção ao Divino Espirito Santo na Madeira, 2001 pp. 160 ISBN: 972-8684-04-5;

–– VÁRIOS: As Cidades do Vinho. II Seminário Internacional de Historia do Vinho, 2006, pp. 370, ISBN: 978-972-8263-54-6;

–– Nídia Maria Carreiro Baptista Moura Estreia; As Confrarias do Cabido da Sé do Funchal, 2001 pp. 135 ISBN: 972-8263-32-5;

–– PACHECO, Dinis Gouveia: Sociedades e Estratégias Empresariais nos Sectores Agro-Industriais do Vinho e Cana Sacarina na Madeira (1870-1930), 2007, 250 pp. ISBN: 978-972-8263-55-3.

–– Elisabete Maria Costa Mieiro, A Atlantização Mítica do Éden. Novos Mundos, Novos Paraísos, 2001 pp. 190 ISBN: 972-8684-06-1; –– Patrícia Ferreira: As Relações Luso-britânicas na China Meridional, 2001, pp. 274, ISBN: 972-826335-x; –– Neli Barros, Os Deputados Brasileiros nas

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ATLÂNTICA. Coleção dedicada à publicação de estudos de divulgação relacionados com a temática histórica das ilhas atlânticas. Número de volumes publicados: 11: –– ALBUQUERQUE, Luís de, VIEIRA, Alberto: O Arquipélago da Madeira no Século XV, 1987/The Archipelago of Madeira in the XV Century, 1987, pp. 69; –– SERRÃO, Joel: Temas Históricos Madeirenses, 1992, pp. 147 ISBN: 972-648-055; –– VARIOS, As Sociedades Insulares no Contexto das Inter-Influências Culturais do Século XVIII, 1993, pp. 202 ISBN: 972-648-063-9;

–– Vários: A Madeira e a História de Portugal, 2001 pp. 109 ISBN: 972-8263-30-9; –– VÁRIOS: Recepção Académica ao Prof. Doutor D. Manuel Lobo Cabrera, 2004, 68 pp. ISBN: 9728263-40-6; –– VÁRIOS: A Madeira e o Brasil. Colectânea de Estudos, 2004, 356 pp. ISBN: 972-8263-41-4; –– GOMES, Luís Valentim: O Caminho do Comboio e as Alterações Urbanísticas do Funchal, 2005, 256 pp. ISBN: 972-8263-47-3; –– TEIXEIRA, Mónica: Têndencias da Literatura na Ilha da Madeira nos Séculos XIX e XX, 2005, 536 pp. ISBN: 972-8263-48-1.

–– VÁRIOS, O infante D. Henrique e as Ilhas Atlânticas, 1994, pp. 155 ISBN: 972-648-068-X; –– Albert Silbert: Uma Encruzilhada do Atlântico Madeira (1640-1820) // Un Carrefour de L’ Atlantique Madère (1640-1820), pp. 129 ISBN: 972-649-123-6; –– Vários, Documentação e Arquivos Insulares. Actas do Seminário Internacional, 1999, pp. 107 ISBN: 972-8263-14-7;

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DOCUMENTOS. Coleção especializada na publicação de documentos e corpos documentais sobre a Madeira. Número de volumes publicados: 13 –– COSTA, José Pereira da, Livros de Contas da Ilha da Madeira, 1989, pp. 330; –– VIEIRA, Alberto: História do Vinho de Madeira, 1993, pp. 431 ISBN: 972-648-060-4; –– COSTA, José Pereira da: Livros de Matrícula do Cabido da Sé do Funchal (1538-1558), 1994, pp. 167 ISBN: 972-648-064-7;

114-7; VIEIRA, –– Alberto, Público e o Privado na História da Madeira, vol. II, 1998 pp. 224 ISBN: 972-8263-090; –– VIEIRA, Alberto, Do Éden à Arca de Noé, 1999 pp. 330 ISBN: 972-8263-12-0; –– FERRAZ, João Higino: Copiadores de Cartas (18981937), 2005, 420 pp. ISBN: 972-8263-39-2; –– FERRAZ, João Higino: Açúcar, Melaço, Álcool e Aguardente. Notas e Experiências de João Higino Ferraz (1884-1946), 2005, 864 pp. ISBN: 9728263-50-3.

–– COSTA, José Pereira da: Vereações do Funchal do Século XV, 1994, Funchal, 1995, pp. 671 ISBN: 972-648-081-7; –– VIEIRA, Alberto, O Público e o Privado na História da Madeira. As Cartas de Diogo Fernandes Branco. 1650-52. Funchal, 1996, pp. 273 ISBN: 972-648114-7; –– COSTA, José Pereira da: Vereações do Funchal. Primeira metade do Século XVI// Vereações do século XVI: Santa Cruz, Funchal, 1998 pp . 544 ISBN: 972-8263-21-X; –– VIEIRA, Alberto, O Público e o Privado na História da Madeira, vol. I, 1996 pp. 273 ISBN: 972-648CADERNOS CEHA

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HISTÓRIA DO MUNICIPALISMO. Coleção criada para publicação de estudos comparados sobre a História dos Municípios no Mundo Português. Número de volumes publicados: 4 –– Vários, O Município no Mundo Português, Actas do Seminário Internacional, 1998. pp. 706 ISBN: 972-8263-10-4; –– Vários, História dos Municípios: Administração,

HISTÓRIA DA CANA-DE-AÇÚCAR: Coleção criada em colaboração com a Associação Internacional de História e Cana de Açúcar, para divulgar os estudos e reuniões sobre o tema. Número de volumes publicados: 5 –– VÁRIOS: História do Açúcar: Rotas e Mercados, 2002, 666pp, ISBN: 972-8263-34-1; –– Naidea Nunes: O Açúcar de Cana na Ilha da Madeira: Do Mediterrâneo ao Atlântico. Terminologia e Tecnologia Históricas e Actuais da

Eleições e Finanças, 2001 pp. 327 ISBN: 972-826331-7; –– SOUSA, Ana Madalena R. B. Trigo de: O Municipalismo na Madeira e Porto Santo na Época Pombalina e Post-Pombalina, 2004, 352 pp. ISBN: 972-8263-45-7; –– VÁRIOS: História do Municipalismo – Poder Local e Poder Central no Mundo Ibérico, 2006, 554 pp. ISBN: 972-8263-52-X; 978-972-8263-52-2.

Cultura Açucareira. 2003, 940 pp. ISBN: 972-826339-2; –– VIEIRA, Alberto: Canaviais, Açúcar e Aguardente na Madeira. Séculos XV a XX, 2004, 450 pp. ISBN: 972-8263-V3-0; –– VÁRIOS: O Açúcar e o Quotidiano. Actas do III Seminário Internacional sobre a História do Açúcar, 2004, 592 pp. ISBN: 972-8263-46-5; –– VÁRIOS: História do Açúcar – Fiscalidade, Metrologia, Vida Material e Património, 2006, 625 pp. ISBN: 972-8263-53-8; 978-972-8263-53-9.

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CEHA | 1985–2015 –– MIRANDA, Susana Munch: O Porto do Funchal. Estrutura Alfandegária e Movimento Comercial (1500-1526), 1990; –– KELLENBENZ, Hermann: Relações Comerciaias da Madeira e dos Açores com Alemanha e Escandinávia, 1990; –– RIBEIRO, João Adriano: As Serras de Água na Capitania de Machico, Séculos XV-XVIII, 1990; HISTÓRIA DA CIÊNCIA E DA TÉCNICA. Coleção criada para publicação de estudos sobre História das Ciências e das Técnicas. Número de volumes publicados: 1 –– AAVV: As Ilhas e a Ciência. História da Ciência e das Técnicas. Seminário Internacional, 2005, 420 pp. SEPARATAS. Coleção dedicada à publicação de textos incluídos em revistas, atas de colóquios, ou obras coletivas. Os números 4 a 65 correspondem às comunicações do II Colóquio Internacional de História da Madeira (1989), também editado em Livro. Número de volumes publicados: 65: –– MEDEIROS, Carlos Alberto: Porto Santo e Corvo. Aspectos da Ocupação Humana em Espaços Insulares Restritos, 1988; –– RANDLES, William G.: La Representation de l’Atlantique dans la Conscience Européenne au Moyen Age et à la Renaissance, 1989; –– RANDLES, William G.: Le Project Asiatique de Christophe Colomb devant la Science Cosmographique Portugaise et Espagnole de son Temps, 1989; –– VERLINDEN, Charles: Petite Proprieté et grande Entreprise à Madère à la fin du XV ème siècle, 1990; –– VIEIRA, Alberto, RODRIGUES, Víctor Luís Gaspar: A Administração do Município do Funchal, 1990; –– RODRIGUES, Miguel Jasmins, OLIVEIRA, Rosa Bela: Espaços Políticos de Subordinações e Articulações. A Madeira no 1º período de prosperidade sacarina, 1990;

–– COSTA, José Pereira da: Livros de Matrícula 1538/1553- 1554/1558, 1990; –– COSME, João dos Santos Ramalho, MANSO, Maria de Deus Beites: Cartas de Perdão e Legitimação Concedidas aos Moradores do Arquipélago da Madeira, 1990; –– CARITA, Rui Alexandre: Os Tectos de Alfarge da Madeira. Século XVI (As Relações da Madeira com a Arte Islâmica), 1990; –– STEGAGNO-PICCHIO, Luciana: O Sacro Colégio de Alfenim. Considerações sobre a Civilização do Açúcar na Ilha da Madeira e noutras Ilhas, 1990; –– RAMOS PEREZ, Demetrio: Madeira, como Centro del Espionaje Espanol sobre las Actividades Britanicas, en el Siglo XVIII, 1990; –– GOMES, Fátima Freitas: Oficiais e Ofícios Mecânicos no Funchal (Séculos XVIII a princípios do Século XIX), 1990; –– DOMINGUES, Francisco J. R. Contente: Sociedades Cientificas da Madeira. Século XVIII, 1990; –– COUTO, Adelaide Barbosa, GAMA, Edina Laura Nogueira da SANT’ANA, Maurício de Barcellos: O Povoamento da Ilha de Santa Catarina e a Vinda dos Casais Ilhéus, 1990; –– FERRAZ, Maria de Lurdes Freitas: A Cidade do Funchal na 2ª Metade do Século XVIII - Freguesias Urbanas, 1990; –– BRANCO, Jorge de Freitas: Factor Ecológico e Hegemonia Política: questões em torno da Madeira (Séculos XVIII-XIX), 1990; –– HERNANDEZ GUTIÉRREZ, A. Sebastián: Las estampas Madeirenses de Alvarez Rixo. 18121814, 1990; –– CASTELO-BRANCO, Fernando: A Sociedade Funchalense dos Amigos das Ciências e Artes,

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CEHA | 1985–2015 1990; –– PINTO, Maria Luís Rocha, RODRIGUES, Teresa Ferreira: A Madeira na Viragem do Século(1860-1930) - Características da Sua Evolução Demográfica, 1990; –– PIAZZA, Walter Fernando: Raízes Madeirenses em Santa Catarina, Brasil, 1990; –– HERNANDEZ GONZALEZ, Manuel: Entre el Apoyo a la Emancipación Americana y el Servicio al Colonialismo Espanol: Las Contradictorias Actividades del Liberal Madeirense Cabral de Norona en los Estados Unidos(1811-1819), 1990; –– ALVES, José Augusto dos Santos: O Patriota Funchalense ou o elogio do contrapoder, 1990; –– HIGGS, David: Francis Silver (1841-1920), ou seja Francisco da Silva no Contexto da Migração Portuguesa para o Canada antes de 1940: Arte e uma Odisseia Atlântica, 1990; –– MENEZES, Noel: The First Twnety-Five Years of Madeiran Emigration to British Guiana. 18351860, 1990; –– RAKÓCZI, István: A Morte na Madeira. . . O Exílio do último Imperador Habsburgo na Madeira, 1990; –– CASTELO-BRANCO, Maria dos Remédios: Perspectivas Americanas da Madeira, 1990; SILVA, António Ribeiro Marques da: Os Inícios do Turismo na Madeira e nas Canárias. O Domínio Inglês, 1990, –– MINCHINTON, Walter: Bristish Residents in Madeira before 1815, 1990; VERÍSSIMO, Nelson: O Alargamento da Autonomia dos Distritos Insulares. O debate na Madeira (1922-1923), 1990; –– MAURO, Frédéric: L’Atlantique plus Grand que L’Atlantique: Les Fleuves Protongent la Mer, 1990, –– LOBO CABRERA, Manuel: La Historia de Las Islas: Canarias y Madeira, 1990; –– GREENFIELD, Sidney M. : As Ilhas da Madeira e Cabo Verde: rumo a uma Sociologia Comparativa de Diferenciação Colonial, 1990; –– GUEDES, Max Justo: As Ilhas Atlânticas e a sua Contribuição à Restauração do Nordeste Brasileiro, 1990;

–– SILVA, José Gentil da: Mundo Atlântico: Ilhas que não são Utopias, Terras de Homens, Criação de que Mundo?, 1990; –– MORENO, Humberto Baquero: Duas Cartas de Segurança Marítima Concedidas a Súbditos Estrangeiros por D. Afonso V, 1990; –– LUXAN MELENDEZ, Santiago de: Islas Adyacentes (Madera y Azores) y Plazas Portuguesas del Norte de Africa. Canarias y la baja Andalucia ante la Restauración Portuguesa (Avance de una investigación en curso), 1990; –– SILVA, António Leão de Aguiar Cardoso Correia e: A Influência do Atlântico na Formação de Portos em Cabo Verde, 1990; –– SANTOS, Maria Emília Madeira: Rotas Atlânticas o Caso da Carreira de S. Tomé, 1990, –– BOXER, Charles Ralph: Breve apontamento sobre o “Primeiro Livro de Viagens” de Gonçalo Xavier de Barros Alvim, 1990; –– FAJARDO SPINOLA, Francisco: Azores y Madeira en el Archivo de la Inquisición Canaria (Nuevas aportaciones), 1990; –– ANAYA HERNANDEZ, Luís Alberto: Una comunidad Judeoconversa de origem portuguesa a comienzos del siglo XVI en la isla de La Palma, 1990; –– RIVERO SUAREZ, Benedicta: El Proceso de Elaboración del Azucar en Tenerife en el siglo XVI, 1990; –– FERNANDES, José Manuel: Arquitectura Vernácula e Estruturas nos Arquipélagos da Macaronésia (Madeira, Açores, Canárias) - Similitudes e Contrastes Séculos XV-XVIII, 1990; –– FERREIRA, Ana Maria Pereira: O Corso Francês e o Comércio entre Portugal e as Canárias no Século XVI (1521-1537), 1990; –– MANSO, Maria de Deus Beites, Cosme, João dos S. Ramalho: Traços da Economia Cabo Verdiana(1462-1521), 1990; –– TORRES SANTANA, Elisa: El Comercio Gran Canario con Cabo Verde a Principios del siglo XVII, 1990; –– SUAREZ GRIMON, Vicente: Crisis de Subsistencias en Lanzarote y Fuerteventura a Principios del Siglo XVIII, 1990;

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CEHA | 1985–2015 –– HENRIQUES, Isabel Castro: Formas de intervenção e de Organização dos Africanos em S. Tomé nos Séculos XV e XVI, 1990; –– NEVES, Carlos Agostinho: Livro de registo do Rendimento e Despesa da Fazenda Real de S. Tomé e Príncipe (1760-1770), 1990; –– ROCHA, Gilberta: Os Açores na Viragem do Século (1860-1930): Características da sua Evolução Demográfica, 1990; –– SILVA, Gracilda Alves de Azevedo: O Rio de Janeiro e a Região de Bangu na Economia Atlântica, 1990; –– LEITE, José Guilherme Reis: O 2º Movimento Autonomista Açoriano e a Importância da Madeira no seu Desenvolvimento, 1990; –– MONJARDINO, Álvaro: Raízes da Autonomia Constitucional, 1990; –– CARACI, Ilaria Luzzana: Cassiteridi, Gorgadi e Esperidi dopo la Scoperta dell’America, 1990; –– RANDLES, W. G. L: La Cartographie del’Atlantique a la Veille du Voyage de Christophe Colomb, 1990; –– BELVEDERI, Raffaele: Cultura Genovesa e Cultura Atlantica, 1990; –– FONSECA, Luís Adão da: O Itinerário de Usodimare: Inspiração Livresca, experiência Mediterrânica e Navegações Atlânticas em meados do Século XV, 1990; –– PINTO, João Rocha: Reflexões em torno do Códice de Leonardo Torriani Cremonense ou uma certa Visão da Madeira ou da Real Importância de um Autor e de uma Obra, 1990; –– PELOSO, Silvano: Giulio Landi e a “Insulae Materiae Descriptio”: Novos Documentos, 1990; –– KHÉDE, Sonia Salomão: Paradigmas da Literatura Popular portuguesa Medieval no Brasil Contemporâneo: A ilha da Madeira de Baltasar Dias e o Sertão Nordestino de João Martins de Ataíde, 1990;

EDIÇÕES ESPECIAIS. Livros editados em cooperação com outras entidades ou fora das coleções acima. Número de volumes publicados: 5 –– Fotografia e Fotógrafos Insulares. Açores, Canárias e Madeira, (catálogo da exposição realizada no Museo Canario em Outubro de 1990), pp. 89; –– Vieira, Alberto, Guia para a Investigação e História das Ilhas Atlânticas. Funchal, 1995, pp. 414 ISBN: 972-648-082-5; –– V ieira, Alberto e Clode, Francisco A Rota do Açúcar na Madeira, 1996, pp. 220 ISBN: 972-648-088-4; –– VIEIRA, Alberto, Breviário da Vinha e do Vinho na Madeira, 1991 pp. 115; –– MELLO, José Antonio Gonsalves de, João Fernandes Vieira. Mestre de Campo do Terço de Infantaria de Pernambuco pp. 492.

–– HERRERA PIQUÉ, Alfredo: La Expedición Francesa e a Australia y las Islas Canarias una Vision de Tenerife en el ano 1800, 1990; –– RADULET, Carmen M. : Açores, Madeira e Canárias, Cenário “Exótico”para um Romance de Julio Verne: “A Agência Thompson & Ca”, 1990.

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COOPERAÇÃO Desde a sua criação, o CEHA abriu as suas portas à cooperação institucional no país e estrangeiro. Para isso, estabeleceram-se vários protocolos de cooperação com diversas instituições, no sentido da realização de eventos e projetos de investigação. De entre os protocolos estabelecidos, destacamos:

VIDEO, Número de edições: 3 –– A Civilização do Açúcar na Madeira, Realização de Carlos Brandão Lucas Funchal, 1996, 30 minutos; –– As ilhas Atlânticas e o Brasil, Realização de Carlos Brandão Lucas, Funchal, 2000, 55 minutos; –– O Vinho da Madeira: História e Tradição, realização de Carlos Brandão Lucas, 25 minutos.

–– AIHCA: Associação Internacional de História e Civilização do Açúcar; –– Centro de História da Ciência do SCIC (Madrid); –– Centro Municipal del Patrimonio Histórico (El Puerto de Santa Maria-ANDALUCIA); –– Fundação Joaquim Nabuco; –– GEHVID (Universidade do Porto); –– Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo; –– Núcleo de Estudios Atlânticos-Instituto Galego de Estudos de Segurança Internacional e da Paz – IGESIP; –– Real Academia de la História da Republica Dominicana: –– Universidade de Bordéus: –– Universidade de Cádis;

CDROM, Número de edições: 3 –– Elucidário Madeirense de Fernando Augusto da Silva e Carlos Azevedo de Menezes. Versão em Cdrom para Windows e MAC/OS. Funchal. 1998; –– Instrumentos de Descripción de los Archivos de las Islas del Atlántico, 2 cds em versão windows. Funchal-Las Palmas 1999; –– 25 DE AUTONOMIA NA MADEIRA PROJECTO COMEMORATIVO do CEHA- A AUTONOMIA: História e documentos. Funchal. 2001-08-10.

–– Universidade de Granada; –– Universidade de La Laguna; –– Universidade de Las Palmas de Gran Canaria; Universidade de Málaga; –– Universidade de S. Paulo: –– Cátedra Jaime Cortesão, –– Museu Paulista e Museu Republicano de Itu; –– Universidade de Tucuman.

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CEHA: Cronologia –– 1985. 09. 17: Decreto legislativo regional de 20/85/M, de 17 de setembro, aprovado pela Assembleia Legislativa Regional, criação do CEHA. –– 1986. 06. 01: Despacho de nomeação da Comissão Instaladora do Centro de Estudos de História do Atlântico (Funchal-Madeira).

33/93/M. Aprova por reformulação o Estatuto do CEHA. –– 2000. 01. 04: Decreto Regulamentar Regional n.º 2/2000/M. Altera o Estatuto do CEHA. –– 2001. 03. 24: Decreto Regulamentar Regional n.º 4/2001/M. Altera o Estatuto do CEHA.

–– 1988. 02. 15: Decreto Regulamentar Regional, n.º 7/88/M. Aprova o Estatuto do Centro de Estudos de História do Atlântico. –– 1988. 04. 06: Despacho de nomeação da Direção do Centro de Estudos de História do Atlântico. –– 1990. 04. 11: Portaria n.º 272/90, que aprova o CRAF do CEHA. –– 1991. 03. 08: Decreto Regulamentar Regional, n.º 3/91/M. Dota o CEHA de autonomia Administrativa e Financeira. –– 1992. 03. 13: Decreto Regulamentar Regional nº 4/93/M: Altera o Estatuto do CEHA. –– 1993. 10. 03: Decreto Regulamentar Regional n.º

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2008-2013. Novos Paradigmas da Investigação e Conhecimento com a Afirmação da NISSOLOGIA Ninguém pode negar a omnipresença das ilhas no nosso quotidiano. Elas estão em quase tudo e assumem uma importância que suplanta a sua dimensão geográfica. Valorizam-se pelos mitos criados pela literatura clássica, assim como pelas ancestrais histórias e lendas das distintas religiões, que vão desde o cristianismo ao budismo e taoismo. O éden, o lugar dos eleitos e bem-aventurados, para cristãos muçulmanos e taoistas é uma ilha. Esta inquestionável presença da ilha levou o geógrafo Yi-Fu Tuan a afirmar que The island seems to have a tenacious hold on the human imagination44. 44 1974. Topophilia. A Study of environmental Perception. Atitudes and values, N. Y. , Prentice-Hall, p. 118.

Teve replica em Baldacchino, G. (2005): islands have occupied such a powerful place in modern Western imagination that they lend themselves to sophisticated fantasy and mythology. Paradises, but also Gulags, are generally islands. A ilha, como ideia ou realidade espacial e histórica, é mesmo um caso de sucesso editorial na nossa sociedade. A literatura, desde a Antiguidade Clássica, tem contribuído para esta imortalização da imagem idílica de ilha. A ilha é uma referência como palco para o trama de inúmeras histórias da ficção infanto-juvenil. A ilha é sempre, na verdade, um bom motivo para a escrita e para leitura. Cada um de nós, ilhéu ou não, tem a sua ilha, mas, para o insular, esta está presente de diversas formas e tem representação espacial, um elemento que falta ao continental, que se perde na imensidão da planície ou das cordilheiras montanhosas. Quase todos nós idealizamos uma ilha, uma utopia ou um sonho por concretizar, aquela que define e faz afirmar o nosso mundo, a nossa identidade, a nossa referência oceânica, a nossa morada real ou CADERNOS CEHA

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CEHA | 1985–2015 imaginada. Certamente que dentro de muitos de nós existe a força de um “Robison Crusoe” e somos proprietários de, pelo menos, uma “ilha do Tesouro”. É isto certamente que diferencia os ilhéus dos continentais. O turismo do século XX partiu à descoberta das ilhas e fez com que o mundo das ilhas se prendesse aos continentes. Obrigou-nos a partilhar o nosso pequeno mundo. Podemos, então, dizer que a ilha não pertence ao desconhecido nem foi esquecida, mas está presente no discurso do político, nas palavras e na escrita do poeta e escritor. Vende-se com o turismo que procura reinventar e descobrir os recantos do Paraíso. Reivindica-se por força das armas, pela importância estratégica económica e histórica de que se reveste. Todos partimos à conquista da nossa ilha e dos nossos vizinhos. Foi assim desde tempos imemoriais e continuará a sê-lo nos próximos. Para alguns estudiosos, vivemos o milénio das ilhas. Das ilhas que se afirmam como espaços económicos e políticos, mas também daquelas que se afundam por força do aquecimento global. Perante todas estas evidências, podemos perguntar-nos: Como posicionar as ilhas no processo global de mudanças do planeta? Como poderão os ilhéus preservar a sua identidade perante a globalização e voracidade dos espaços continentais ? A História e os seus escribas afinam, no seu discurso, a afirmação das ilhas, mas não dos insulares que, por vezes, parecem não existir. Esta forma de leitura dos espaços insulares a partir da orla marítima continental retira-nos identidade e afirmação para evidenciar uma dimensão de escravidão e controlo, ou de amarração aos espaços e ditames continentais. Em 1949, F. Braudel afirmava que La gran historia, en efecto, pasa frecuentemente por las islas; acaso seria mas justo, talvez, decir que se sierve de ellas45 . É esta servidão das ilhas em face dos interesses hegemónicos e expansionistas dos continentes uma das facetas mais evidenciadas da nossa História. Os chineses foram os primeiros a entender bem essa estratégia que esteve subjacente ao expansionismo português, a ponto de criarem um provérbio que, de forma significativa, espelha aquilo que foi a política dos portugueses. Diz o provérbio que os portugueses são como os peixes que morrem 45 El Mediterrâneo y el Mundo Maditerranico en la época de Felipe III, 1952, p. 129 (1ª edição em 1949).

quando se lhes tira a água46. Esta vocação ribeirinha, a presença constante do mar e de um olhar sempre virado para ele fizeram construir esta realidade de ilha, mesmo em continentes, desde que estivesse próximo o mar. Estamos perante um império anfíbio, no dizer de Luís de Albuquerque. Os portugueses serviram-se de ilhas para consolidar a estratégia expansionista em termos políticos e económicos e onde elas não existiam procuram criá-las através de construções que os permitissem isolá-las do continente. A sua principal habilidade prendia-se com o universo das ilhas. Quem sabe se a nossa a independência alcançada na península ibérica não terá sido também uma forma de ilhar-se? Estas e outras mais evidências do universo insular cativaram o conhecimento científico em torno destes espaços insulares, em que se busca a matriz europeia, como forma de justificar as intervenções e apropriações. A nossa História esteve, durante muito tempo, entregue a eles. Hoje, procuramos afirmar a nossa diferença e identidade através de uma intervenção e criação de um outro discurso. O discurso dos Estudos Insulares que parte de dentro para fora e não ao inverso. Os anos oitenta foram muito significativos na afirmação deste discurso. Criaram-se instituições que desenvolveram pesquisas monográficas. Publicaram-se revistas que foram o porta-voz desta nova realidade e do discurso dos insulares. Começou a discutir-se as múltiplas questões que as distintas áreas do conhecimento atribuem ao mundo das ilhas. Tudo isto como resultado de uma nova postura, pois como afirma Godfrey Baldacchino “Island studies is not the mere study of events and phenomena on sites which happen to be islands; . . . islands do not merely reproduce on a manageable scale the dynamics and the behaviour which exist elsewhere. Islandness is an intervening variable which contours and conditions physical and social events in distinct, and distinctly relevant, ways. ”47 Por aqui abriram-se novos caminhos e surgiram novos discursos ou práticas discursivas que permitiram a afirmação da chamada área dos Estudos Insulares. O antropólogo brasileiro Manuel Diegues48 afirmou 46 Urs Bitterli, Los “Selvajes” y los “civilizados”El encuentro de Europa y Ultramar, Mexico, 1981. 47 Cf. BALDACCHINO, G. Studying Islands: On Whose Terms? Some Epistemological and Methodological Challenges to the Pursuit of Island Studies. Islands Studies Journal, v. 3 n. 1, pp. 37-56, 2008. 48 Diegues, Antonio Carlos Sant’ana, 1998: Ilhas e Mares,

Simbolismo e Imaginário, Ed. Hucitec, São Paulo.

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que “As sociedades insulares são fundamentadas nos conceitos de maritimidade, insularidade e ilheidade. Não é a presença material do mar que se revela como elemento básico das sociedades insulares, mas sim as práticas sociais e simbólicas desenvolvidas em relação ao mar”. Isto implica mais atenção a determinados conceitos operatórios e uma distinta postura para a investigação e debate: Para analisar o fenómeno insular , é necessário lançar mão de um estudo interdisciplinar pois este não está apenas no âmbito da geografia ou da sociologia, também está na antropologia e na psicologia. . . . destacam-se os pontos de vista histórico e antropológico, que se baseiam em três conceitos básicos: a maritimidade, a insularidade e a ilheidade. Ancorado a este aparato teórico, estão três conceitos básicos que dão corpo a uma realidade que materializa a prática discursiva e de investigação. A maritimidade diz respeito às práticas económicas, sociais e simbólicas, onde a presença física do mar não é o fator essencial, mas o conjunto das práticas que envolvem o seu viver e esse conceito não existe em todas as sociedades insulares. Ele está presente mais nas ilhas oceânicas em que o mar medeia as negociações e as relações com outras sociedades insulares ou continentais que fazem com que desempenhem uma dupla maritimidade. Já “A insularidade refere-se à identidade cultural do ilhéu diferenciada do continental, mas é resultante das práticas econômicas e sociais em um espaço limitado, cercado pelo oceano”. Enquanto “a ilheidade é um neologismo de origem francesa utilizado para designar as representações simbólicas e imagens decorrentes da insularidade e que se expressam por mitos fundadores das sociedades

insulares e lendas que explicam formas de conduta, comportamento, etc. , para nos apropriarmos das designações de Vilma L. da Fonseca49. Estamos perante a Ciência das ilhas que faz jus à sua real importância, no mundo dos continentes e dos continentais. A definição universalmente aceite de Nissologia é de Grant McCall50: the study of islands on their own terms. . . dwellers that island world view is not theirs; and that an island integrity belongs to Islanders. Está complementada por achegas de outros intervenientes, como G. Baldacchino51 que direciona o olhar de dentro para fora: island studies/ Nissology has been conceived as plataform for loking at islands issues inductively and ex-centrically: privileging commentary from inside out (rather than from the outside in. Mas esta postura não basta para que a ciência se afirme, pois, segundo C. Depraetere, 52 island studies always been a special breed of Science, being inter and multidisciplinary but also multidimensional. O pensar a Ciência e as diversas formulações dos discursos e debates científicos gerou, nas últimas 49 Fonseca, Vilma Lurdes da, 2001: A presença dos elementos naturais na construção de identidades, memória e história dos lugares: o caso da insularidade e sua abordagem pela literatura. Revista Virtual de História, São Paulo, v. 08; Fonseca, Vilma. L. 1998: A Insularidade na obra do cubano José Lezama Lima. In: VIII Semana de Pedagogia - Trajetórias e perspectivas, 1998, Maringá. Anais VIII Semana de Pedagogia - Trajetórias e perspectivas. Maringá: Universidade Estadual de Maringá - Departamento de teoria e prática da educação, v. 01. p. 92-92. 50 McCall, G. , 1996: ‘Nissology; A Debate and Discourse from Below’. Disponível online em URL: www. southpacific. arts. unsw. edu. au/ resourcenissology. htm . Consulta em 11 de julho de 2009. 51 Baldacchino, Godfrey, 2008: Studying Islands: On Whose Terms? Some Epistemological and Methodological Challenges to the Pursuit of Island Studies, Island Studies Journal, Vol. 3, No. 1, pp. 37-56. 52 Depreatere, C. , 2008: The Chalenge of Nissology: A Global Outlook on the World Archipelago Part I: Scene Setting the World Archipelago, in Island Studies Journal, vol. 3, nº1, 3-16.

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CEHA | 1985–2015 décadas, uma evolução do nosso entendimento. Hoje, percebe-se que a evolução do conhecimento não se faz através da especialização dos debates e investigação, mas sim através de posturas discursivas e de investigação abertas, partilhado os diversos ramos do conhecimento. Foi-se evoluindo da interdisciplinaridade até chegarmos à transdiciplinaridade. O primeiro passo foi o ponto de rotura com o discurso positivista e o avançar para uma forma de integração das disciplinas e campos de conhecimento e, segundo Guy Palmade53, foi possível romper as estruturas de cada uma delas para alcançar uma visão unitária e comum do saber trabalhando em parceria . O romper com o racionalismo positivista da Revolução industrial implicou também o avançar no nosso discurso e postura científica. Diz-nos Gusdorf54 que a exigência interdisciplinar impõe a cada especialista que transcenda sua própria especialidade, tomando consciência de seus próprios limites para colher as contribuições das outras disciplinas. Mas devemos avançar ainda mais, de forma a encontrar aquilo que está presente em todas as ciências. Assim o indica o prefixo trans, que diz respeito ao que está ao mesmo tempo entre as disciplinas e para além de cada uma delas em particular e que só pode ser encontrado através do contributo de todas. É este discurso interdisciplinar que, na década de setenta do século vinte, não passava de um sonho para Piaget55, mas que, hoje, é uma realidade e uma evidência do conhecimento. Em 1994, num congresso realizado no Convento da Arrábida, em Portugal, firmou-se a Carta da Transdisciplinaridade56. Diz-nos o seu artigo quarto “O elemento essencial da Transdisciplinaridade reside na unificação semântica e operativa das aceções através e para além das disciplinas. Ela pressupõe uma racionalidade aberta, por um novo olhar sobre a relatividade das noções de «definição» e de «objectividade». O formalismo excessivo, a rigidez 53 PALMADE, Guy. Interdisciplinaridad e ideologias. Madrid, Narcea, 1979. 54 GUSDORF, George, “Prefácio”. In: JAPIASSU, Hilton. Interdisciplinaridade e patologia do saber. Rio de Janeiro, Imago Editora, 1976 55 PIAGET, J. La epistemología de las relaciones interdisciplinares. In: APOSTEL, L. et al. Interdisciplinariedad: problemas de la enseñanza y de la investigación e las universidades. México: Asociación Nacional de Universidades e Institutos de Enseñanza Superior, 1979. p. 153-17. 56 Carta da Transdisciplinaridade (Convento da Arrábida, Portugal, novembro de 1994).

das definições e a absolutização da objectividade comportando a exclusão do sujeito conduzem à deterioração”. Outros dois artigos que poderão funcionar como alerta e recomendação. No décimo terceiro, aconselha-se que “A ética transdisciplinar recusa toda a atitude que rejeita o diálogo e a discussão, de qualquer origem - de ordem ideológica, científica, religiosa, económica, política, filosófica. O saber partilhado deve conduzir a uma compreensão partilhada, fundada sobre o respeito absoluto das alteridades unidas por uma vida comum numa única e mesma Terra”. Para depois se referir que “Rigor, abertura e tolerância são as características fundamentais da atitude e da visão transdisciplinares. O rigor na argumentação que entra em conta com todos os dados é o guardião relativamente aos possíveis desvios. A abertura comporta a aceitação do desconhecido, do inesperado e do imprevisível. A tolerância é o reconhecimento do direito às ideias, comportamentos e verdades contrárias às nossas”. São múltiplas as formas como tem sido substantivada esta nova Ciência das Ilhas. A Nissologia parte do estudo publicado em 1982, por A. Moles57 onde aparece nissonologie/nissonologia como “ciência das ilhas”. Passados dez anos, outros investigadores de temas insulares retomaram a ideia e abriram caminho para a vulgarização da nova ciência. Primeiro foi a Nissologie58 e depois Nissology59. Em outubro de 2009, promovemos, no Funchal, um debate sobre os Estudos Insulares que permitiu uma aclaração do conceito. Por proposta do Dr. José Pereira da Costa, decidimos alterar esta designação de ciência das ilhas para NESSOLOGIA. Depois disto, os nossos estudos obrigaram a uma mudança. Assim, fomos confrontados com uma designação diferente para este conceito que se reporta ao monstro de Loch Ness. Por felicidade, chegou-nos às mãos um estudo de Marcos Martinez60 que veio trazer-nos luz: . . . el nacimiento de una nueva rama del saber que bautizo 57 Labyrinthes du vecu, París, pp. 47-66. 58 Depraetere, C. , 1990-1991: «Le phénomène insulaire à l’échelle du globe: tailles, hiérarchies et formes des îles océanes », L’Espace géographique, vol 20, n°2, p. 126-134. 59 Que apresenta a seguinte definição: the study of islands on their own terms, as a way of focussing such research. Vide: McCall, G ‘Nissology: A Proposal for Consideration’, Journal of the Pacific Society , Vol. 17, Nos. 2-3. , 1994: , pp. 1-8. ; id. , “Nissology: the study of islands”, Journal of the Pacific society , n°2-3, , 1994, p. 1-14. 60 Martinez, Marcos, 1998: El mito de la Isla Perdida y su Tradición en la Historia, Cartografia, Literatura y Arte, in Revista de Filología de la universidad de La Laguna, N.º 16, pp. 143-144.

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con el nombre de nesología, que tendrá que ver con todo lo relacionado con las islas desde cualquier punto de vista: el mito, la historia, la literatura, el arte, la filosofía, la psicología, etc. Vendría a ser una “ciencia o estudio de las islas” en su más amplio sentido61. Já em 1650, o geógrafo alemão, Bernardo Varenio, fazia jus a esta forma de designação. Estava encontrada a designação mais acertada para a ciência das ilhas, é NESOLOGIA e não NISSOLOGIA ou NESSOLOGIA. As evidências assim o provam e clamam que, mesmo em questões de terminologia, deveremos ter o máximo de cuidado e ser sérios. Em prol da seriedade e adequada fundamentação que queremos que este novo conhecimento tenha, passaremos a designá-lo NESOLOGIA. A afirmação desta nova Ciência não passa apenas por esta questão da nomenclatura que nos parece acessória no conjunto global. Importa, sim, tendo em conta os parâmetros definidos pelos debates teóricos sobre a forma de expressão dos diversos atos que a fundamentam, criar mecanismos para a sua plena concretização, através de novas práticas e discursos transdisciplinares. Há que rever todas as nossas práticas de investigação, se acaso pretendemos que aquilo que fazemos se enquadre no chapéu desta ciência. A aposta em projetos com equipas de trabalho e espaços de discussão transdisciplinar são o meio seguro para mostrarmos que estamos no caminho certo da NESOLOGIA. A principal razão desta nova

ciência, tal como postula Grant McCall, é “ o estudo segundo critérios próprios”. Nos últimos tempos, os diversos debates clamam por uma nova postura de investigação, que passa pela procura de novos temas (pequenas ilhas e estados-small islands/small states), o recurso a diferentes metodologias e o uso de distintos conceitos (ilheidade, insularidade, maritimidade, insularidade, hypo-insularidade). Neste quadro, temos ainda a ideia de que a Nesologia, a afirmação e estudo da identidade dos espaços insulares, deve ser construída e estudada pelos próprios. Por outro lado, os estudos nesológicos devem ser também a expressão universal do mundo insular, que se alheia dos espaços oceânicos, da cor da bandeira, da língua materna e de escrita, como da dimensão geográfica e da condição política. Só assim poderemos afirmar que as ilhas, não obstante o seu tamanho geográfico, foram e são grandes em importância política, económica, estratégica, científica. As ilhas continuarão a ser um campo privilegiado de inspiração, estudo e debate. E, sem dúvida que o conhecimento que tivermos delas será fundamental para a compreensão do passado e do presente dos espaços oceânicos e continentais. Desde 2009 até ao presente, não obstante alguns percalços, quisemos que a atividade de investigação, publicação e divulgação do Centro de Estudos de História do Atlântico se subordinasse a este padrão, revendo algumas formas de abordagem e atividade.

61 E remata: Me baso en la palabra griega nesos “isla”, en griego clásico, que los modernos dicen nissos por el fenómeno del itacismo( pronunciar la eta antigua por una iota moderna), y de ahí que digan nissología. Pero yo creo que es más apropiado decir Nesología y Nesólogo para la persona que se dedica al estudio de las islas.

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2008-2013: NOVA ETAPA DE ATIVIDADE DO CEHA. A partir de 2009, com a inauguração do novo espaço, o CEHA entrou numa nova fase que foi pautada por um reforço ainda maior da componente da investigação, através das linhas metodológicas definidas pela nova Ciência das Ilhas, a Nissologia. Desta forma, os projetos, debates e publicações deixaram de estar circunscritos ao universo das ilhas atlânticas para serem alargados a todas as ilhas. Assim, o CEHA, ao completar vinte e cinco anos de atividade, teve um novo impulso, alargando o espaço de intercâmbio e de debate às demais ilhas do mundo. A inauguração de um novo espaço físico de trabalho, a 1 de outubro de 2009, permitiu uma maior intervenção e cooperação, ficando assim apto a receber investigadores nacionais e estrangeiros que pretendiam realizar pesquisas entre nós. Nesta nova fase da instituição, surgiram convénios de cooperação com outras instituições, sobretudo na realização de eventos e projetos de investigação que tinham as ilhas como referência fundamental. O CEHA colocouse à disposição dos investigadores e académicos, no sentido de cooperar na pesquisa e divulgação dos estudos insulares. PROTOCOLOS E COOPERAÇÃO: –– Universidade de La laguna, 12-03-2012; –– Câmara Municipal do Funchal, 30-09- 2011; –– Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, 14-06-2013; –– Associação Comercial e Industrial do Funchal – Câmara de Comércio e Indústria da Madeira, 1702-2011; –– Conservatório – Escola Profissional e das Artes da Madeira, 23-06-2010; –– Conselho Distrital da Ordem dos Advogados, 2005-2010; –– Academia Galega da Língua Portuguesa, 14-042010; –– Centro Científico e Cultural de Macau, 01-042010.

ATIVIDADES: –– Colóquios/Debates: IX Colóquio Internacional História das Ilhas do Atlântico, 2009; –– República e Republicanos na Madeira, 25 a 29-102010; –– As Ilhas e a Europa, a Europa das Ilhas, em colaboração com o Madeira Tecnopolo, 2011; –– Escritas das Mobilidades, em colaboração com o Centro Cultural John dos Passos, 2011; –– La Ruta Azucarera Atlántica: Historia y Documen­ tación, em colaboração com a Universidad de La Laguna, 2012. NOVO PLANO EDITORIAL DO CEHA A importância que assumiu o suporte digital no apoio à investigação e divulgação do conhecimento científico levou o CEHA a apostar no suporte digital para o seu plano editorial. Durante quase 25 anos, o CEHA manteve uma atividade editorial em suporte papel, não obstante algumas iniciativas isoladas em CD-ROM ou DVD e até mesmo da publicação on-line, na Internet. Em 1994, avançámos com uma edição simultânea de um livro em papel e na Internet e, a partir de 2009, demos o salto qualitativo que faltava, com a aposta apenas no suporte digital para as nossas edições. O livro em formato digital é, hoje, uma realidade insofismável e uma ferramenta fundamental para o conhecimento científico. Paulatinamente, as edições digitais foram ganhando importância, de forma que, hoje, o livro digital conquistou o mercado e até os leitores mais resistentes serão atraídos pela nova tecnologia do Electronic Papyrus. O livro digital tem múltiplas vantagens em relação ao livro tradicional. Primeiro o seu uso pelos investigadores, o principal público das nossas edições, está facilitado. Acrescem, ainda, novas vantagens, que vão desde os custos da edição, da poupança de papel e da facilidade de arrumo e envio. Para os livros eletrónicos publicados pelo CEHA, o usuário conta com algumas facilidades quer na leitura, quer nas pesquisas. A nossa principal aposta foi no formato em PDF, nas dimensões de uma página A4, que permite uma fácil impressão com qualidade e uma busca integral no texto. Com esta iniciativa, CADERNOS CEHA

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Eduarda M. S. Gomes Petit

Isabel Maria Freitas Valente

Luísa Marinho Antunes

Paulo Jesus Ladeira

O Romance Histórico e José de Alencar

A Talha e a Pintura Rococó no Arquipélago da Madeira (1760-1820)

Lina M. Camacho Pestana

Estratégias Narrativas na Obra

A Madeira na Primeira Metade de Setecentos

As Regiões Ultraperiféricas Portuguesas

Contribuição para o Estudo da Lusofonia

A Gloriosa Família de Pepetela

Uma Perspectiva Histórica REGIÃO AUTÓNOMA DA MADEIRA

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quisemos dar o nosso apoio à preservação do meioambiente. A partir de 2009, o plano editorial do CEHA era definido pelas seguintes coleções: TESES. Para publicação de teses de licenciatura, mestrado e doutoramento. Volumes publicados: –– PETIT, Eduarda Maria Sousa Gomes, 2009, A Madeira na Primeira Metade de Setecentos, n.º 1, Funchal, Centro de Estudos de História do Atlântico, 342 pp. [CD-ROM]ISBN: 978-972-826360-7; –– VALENTE, Isabel Maria Freitas, 2009, As Regiões Ultraperiféricas; Portuguesas: Uma Perspectiva Histórica, n.º 2, Funchal, Centro de Estudos de História do Atlântico, 249 pp. [CD-ROM] ISBN: 978-972-8263-64-5; –– ANTUNES, Luísa Marinho, 2009, O Romance Histórico e José de Alencar. Contribuição para o Estudo da Lusofonia, n.º 3, Funchal, Centro de Estudos de História do Atlântico, 453 pp. [CD-

ROM]; –– LADEIRA, Paulo Jesus, 2009, A Talha e a Pintura Rococó no Arquipélago da Madeira (1760-1820), n.º 4, Funchal, Centro de Estudos de História do Atlântico, 290 pp. [CD-ROM]ISBN: 978-972-826362-1; –– PESTANA, Lina M. Camacho, 2009, Estratégias Narrativas na Obra A Gloriosa Família de Pepetela, n.º 5, Funchal, Centro de Estudos de História do Atlântico, 74 pp. [CD-ROM] ISBN: 978-972-826361-4; –– ALMEIDA, Ana Paula Teixeira de: Lugares e Pessoas do Cinema na Madeira - Apontamento para a História do Cinema na Madeira de 1897 a 1930, Colecção TESES, n.º 6, Funchal, Centro de Estudos de História do Atlântico, 2010, 97 pp. [CDROM] ISBN: 978-972-8263-65-2; –– CALDEIRA, Susana Catarina de Oliveira e Castro, Da Madeira para o Hawaii: A Emigração e o Contributo Cultural Madeirense, Colecção TESES, n.º 7, Funchal, Centro de Estudos de História do Atlântico, 2010, 299 pp. [CD-ROM] ISBN: 978-9728263-70-6;

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Elisabete Teixeira Gouveia Rodrigues

Nelly de Freitas

OS COSSART

Des vignes aux caféiers:

Traços de uma Presença Inglesa na Madeira Oitocentista

et statistique sur l’émigration

Étude socio-économique de l’archipel de Madère vers São Paulo à la fin du xixe siècle

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–– SANTOS, Filipe dos, O Sal na Ilha da Madeira na Segunda Metade de Setecentos – Penúria, Poder e Abastecimento, Colecção TESES, n.º 8, Funchal, Centro de Estudos de História do Atlântico, 2010, 406 pp. [CD-ROM] ISBN: 978-972-8263-66-9; –– FARIA, Sara Andreia Brazão, Inventário do património arquitectónico da cidade do Funchal: As torres “avista-navios”, Colecção TESES, n.º 9, Funchal, Centro de Estudos de História do Atlântico, 2011, 249 pp. [CD-ROM] ISBN: 978-9728263-72-0; –– FREITAS, Carla Baptista de, Antropofagia Ritual e Identidade Cultural nas Sociedades Ameríndias: A Representação do ‘Outro’ na Literatura Brasileira e Portuguesa do Século XIX, Colecção TESES, n.º 10, Funchal, Centro de Estudos de História do Atlântico, 2011, 108 pp. [CD-ROM] ISBN: 978-9728263-71-3;

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[CD-ROM] ISBN: 978-972-8263-94-2; –– FREITAS, Nelly de: Des vignes aux caféiers: Étude socio-économique et statistique sur l’émigration de l’archipel de Madère vers São Paulo à la fin du xixe siècle. ], Colecção TESES, n.º 14, Funchal, Centro de Estudos de História do Atlântico, 2011, 633 pp. [CD-ROM] ISBN: 978-972-8263-95-9; –– SIMÃO JOSÉ, Pedro Quartin Graça: A importância das ilhas no quadro das políticas e do direito do mar – o caso das Selvagens, Coleção TESES, n.º 15, Funchal, Centro de Estudos de História do Atlântico, 2011, 398 pp. [CD-ROM] ISBN: 978-9728263-96-6.

–– ALMEIDA, João Pedro Silva, Arquitectura de Pedra e na Pedra - Topografias Esculpidas, Colecção TESES, n.º 11, Funchal, Centro de Estudos de História do Atlântico, 2011, 150 pp. [CD-ROM] ISBN: 978-972-8263-88-1; –– RODRIGUES. Elisabete Teixeira Gouveia: OS COSSART: Traços de uma Presença Inglesa na Madeira Oitocentista, Colecção TESES, n.º 12, Funchal, Centro de Estudos de História do Atlântico, 2011, 238 pp. [CD-ROM] ISBN: 978-9728263-90-4; –– BAPTISTA, Elina Maria Correia: Da emigração entre continentes em Eça de Queiroz: da correspondência consular à obra literária, Colecção TESES, n.º 13, Funchal, Centro de Estudos de História do Atlântico, 2011, 250 pp.

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ISBN: 978-972-8263-74-4

O Açúcar Antes e Depois de Colombo Seminário Internacional de História do Açúcar

O Açúcar Antes e Depois de Colombo

Actas

IX Colóquio Internacional de História das Ilhas do Atlântico

Secretaria Regional de Educação e Cultura Centro de Estudos de História do Atlântico Funchal 2009

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DEBATES. Para a divulgação dos debates acontecidos em conferências, seminários e congressos. Volumes publicados: –– VV AA, 2009, O Açúcar Antes e Depois de Colombo. Seminário Internacional de História do Açúcar, Colecção DEBATES, n.º 1, Funchal, Centro de Estudos de História do Atlântico, 390 pp. [CDROM]. ISBN: 978-972-8263-59-1; –– VV AA, 2009, Actas do IX Colóquio Internacional de História das Ilhas do Atlântico, Colecção Debates, n.º 2, Funchal, Centro de Estudos de História do Atlântico, 247 pp. [CD-ROM]. ISBN: 978-9728263-58-4;

ESTUDOS. Para estudos especializa­ dos desenvolvidos de forma isolada ou no âmbito de Linhas e Projetos de investigação.

REGIÃO AUTÓNOMA DA MADEIRA COMUNIDAD AUTÓNOMA DE CANARIAs

REGIÃO AUTÓNOMA DA MADEIRA

–– República e Republicanos na Madeira, 1880-1926, n.º 3, Funchal, Centro de Estudos de História do Atlântico, 2011, 731 pp. [CD-ROM] ISBN: 978-9728263-69-0; –– Escritas das Mobilidades n.º 4, Funchal, Centro de Estudos de História do Atlântico, 2011, 867 pp. [CD-ROM] ISBN: ISBN: 978-972-8263-74-4; –– As Ilhas e a Europa, a Europa das Ilhas, n.º 5, Funchal, Centro de Estudos de História do Atlântico, 2011, 467 pp. [CD-ROM] ISBN: ISBN: 978-972-8263-73-7; –– La ruta azucarera atlántica: Historia y documentación, n.º 6, Funchal, Centro de Estudos de História do Atlântico, 2011, 258 pp. [CD-ROM] ISBN: ISBN: 978-972-8263-91-1.

BIBLIOTECA DIGITAL DE AUTORES INSULARES Volumes publicados –– Irene Lucília Andrade, 2010

Volumes publicados: –– NUNES, Naidea: Outras Palavras Doces, 2010

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CEHA | 1985–2015 PROJETOS DE INVESTIGAÇÃO Para o triénio de 2009 a 2011, tivemos a continuidade de dois projetos de investigação e divulgação (História e Autonomia, HISTÓRIA DAS INSTITUIÇÕES e Finanças Públicas na Madeira) e o início de outros novos: Anuário

Anuário

N.º 5 •2013

N.º 4 •2012

Igreja, Religião e Espiritualidade

Bay and Town of Funchal, Madeira, The Illustrated London News, Nov 15, 1879,

O Mundo das Ilhas e as Ilhas do Mundo; História da Ciência, História da Técnica; História da Ciência nas Ilhas -Madeira e Canárias. 1850-1950; HISTÓRIA E MEIO AMBIENTE - refazendo a História; MOBILIDADE HUMANA - Arquipélago da Madeira; A Madeira no Século XX- um Século pela Autonomia. 1901-2001.

Anuário 2013 Centro de Estudos de História do Atlântico

Região AutónomA dA mAdeiRA CentRo de estudos de HistóRiA do AtlântiCo

Anuário 2012

ISSN: 1647-3949,

Anuário 2014

Centro de Estudos de História do Atlântico

Funchal, Madeira (2013)

Centro de Estudos de História do Atlântico

Região Autónoma da Madeira

Funchal, Madeira (2014)

ISSN: 1647-3949, Funchal, Madeira (2012)

ISSN: 1647-3949, Região Autónoma da Madeira

PUBLICAÇÃO PERIÓDICA. Anuário do CEHA. Volumes publicados: –– N.º 1 – 2009: Estudos Insulares. 25 Anos de Estudos e Debates (1983-2008). Número especial dedicado ao ponto da situação da investigação sobre as ilhas; –– N.º 2-2010: O Mundo das Ilhas e as Ilhas do Mundo; –– N.º 3-2011: As Instituições, Relações de Poder e Finanças Públicas; –– N.º 4-2012: A Madeira e o Contrabando no Espaço Atlântico; –– N.º 5-2013- Centenário da Junta Autónoma das Obras do Porto do Funchal; N.º 6-2014: Igreja, Religião e Espiritualidade.

Com os dois primeiros projetos, pretendeuse apenas dar continuidade às atividades já programadas, ajustando-as à nova situação. Todavia, a grande aposta foi na conclusão do projeto sobre a História das Finanças, pelo que empenhamos toda a equipa de trabalho do CEHA e buscamos outros elementos de fora para poderem colaborar na recolha da informação em falta, na análise dos dados e elaboração dos relatórios finais. Os temas novos partiram de uma necessidade de ajustar as linhas e diretrizes de investigação do CEHA às novas realidades e desafios desta nova fase. A evocação, em 2010, do primeiro centenário da implantação da República foi o momento certo para uma reflexão sobre o século XX. Por outro lado, as questões da mobilidade que as sociedades insulares colocam na atual conjuntura clamavam pela necessidade de uma maior atenção e estudo. E foi o que fizemos. A abertura a debates e estudos interdisciplinares conduziu-nos à abertura de novas propostas temáticas que permitiram a participação dos diversos ramos do conhecimento. Foi com este objetivo que retomamos o debate sobre as questões ecológicas, numa perspetiva histórica, como também das questões mais prementes de História da Ciência e da Técnica, explorando as principais virtualidades dos espaços insulares. A partir daqui, abriu-se um espaço de debate que congregava as várias correntes do conhecimento. Na verdade, hoje dispomos de um conjunto vasto de meios que permitem esse debate e divulgação sem que o esforço financeiro seja elevado. Os desafios que as novas tecnologias nos

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CEHA | 1985–2015 colocam no campo do estudo, debate e divulgação do conhecimento encontraram aqui a resposta adequada. PROJETO DE INVESTIGAÇÃO: O DEVE E HAVER DAS FINANÇAS DA MADEIRA. Deve e Haver são conceitos da História da Contabilidade que informam sobre os movimentos de tesouraria. Traz-nos à memória o nome do frade franciscano Luca Bartolomeo de Pacioli, pai da Contabilidade moderna, por partidas dobradas. O livro de diário ou de caixa expressava os movimentos, apresentando, na página esquerda, a palavra “Deve”, para registo de todos levantamentos ou movimentos, enquanto, na direita, surge a palavra “Haver”, onde serão registadas as entregas. Estamos, assim, perante operações de débito e crédito. Recorde-se que o termo Haver é uma síntese da expressão tem a haver (com origem no italiano) e entende-se por “valores a receber”. Assim, deve dare ou do latim debet nobis pro (deve) e deve avere ou do latim recépimus in (tem a haver). Se colocarmos esta terminologia no debate subjacente às relações entre o Arquipélago/Região Autónoma e o Estado, queremos entender a forma como fomos compensados pela riqueza que geramos, através da obrigação do Estado em aplicar as receitas na realização de obras, em benefício próprio da região. Desta forma, estamos perante uma conta apresentada em duas colunas, em que, na da direita – PER/DEVE, vamos registar os débitos para com o Estado, aquilo que ele nos leva com os tributos, direitos e impostos e, na segunda - A/ HAVER, os créditos que se aguardam do mesmo para a prossecução de obras para o bem-comum, enfim para a afirmação e realização plena do Estado, no espaço Atlântico. Partindo destes dois conceitos contabilísticos, propusemo-nos aplicá-los ao discurso político, à atividade contabilística, financeira e económica das relações que, ao longo de cinco séculos, marcaram a postura da Coroa e do Estado em relação à riqueza gerada pelo arquipélago e que entrava nos cofres senhoriais, régios ou estaduais e que, raras vezes, tinha retorno.

As finanças das ilhas são um dos temas dominantes da atualidade política nacional desde 1976. Do continente e da ilha, surgem interesses e opiniões e medem-se forças, sem que haja, muitas vezes, conhecimento de causa. Aponta-se o facto de que a Madeira vive à custa do continente, mas esquece-se que, na Madeira também, ontem como hoje, se paga impostos, sem nunca ninguém se preocupar em saber quais as receitas geradas, qual a sua dimensão no quadro nacional ou a sua relação com a despesa pública regional. Apenas interessa o valor da despesa e / ou da dívida. Este estigma quase histórico dos insulares, e de forma especial dos madeirenses, como devedores do continente, começou a ser afirmado por António Oliveira Salazar62, 62 Em carta resposta a outra do Dr. João Abel de Freitas, insinua a ideia da autonomia, e citamos, como simplesmente na liberdade de gastar, dando o Poder Central quanto fosse necessário para isso. Desta forma a autonomia era entendida como A autonomia não é a autonomia de gastar mas a de administrar um património ou uma receita, tirando de um ou da outra o maior rendimento. Do facto de a receita não chegar para tudo o que apetece ou há mesmo necessidade de fazer, não se segue que é ao Governo que incumbe cobrir as diferenças. E este sobre quem as havia de lançar?. Cf. 1935: Resposta do dr. Oliveira Salazar ao Dr. João Abel de Freitas de 23 de maio, in VIEIRA, Alberto (coordenação), História da Madeira, Funchal, p. 337. Recorde-se que esta ideia terá repercussão nos decretos sobre a autonomia desta década. Assim em 1938 afirmava-se: Queixam-se os distritos insulares de que o regime de 1928 lhes é incomportável, porque as receitas não chegam para cobrir as despesas, e há quem, perdendo de vista o equilíbrio que tem de haver entre a riqueza existente e a satisfação das necessidades públicas, sustente que se deve progredir ainda na autonomia. negandose ao Estado o direito de ir buscar um ceitil que seja à economia das ilhas. É este modo de ver filho de um vicioso particularismo regional. que esquece a solidariedade que liga as diversas partes da Nação e

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CEHA | 1985–2015 enquanto Ministro das Finanças, permanecendo até a atualidade. Várias questões foram formuladas à partida e outras foram aparecendo. A todas conseguimos encontrar respostas, diretas ou indiretas, sempre baseadas na documentação disponível. Quisemos estudar e esclarecer o estado das relações financeiras entre o Estado e o arquipélago. Procuramos o fundamento para esta ideia vigente da ilha como um sorvedouro do dinheiro e riqueza nacional. Quisemos saber da atitude da intervenção das instituições do Estado e da sua relação com os locais. Fomos à procura da postura dos madeirenses, nesta teia de relações estabelecidas com o Reino/ Império/Estado/Metrópole. Quisemos saber das reações, na ilha e na metrópole, contra as injustiças do Estado e do modo como foram reivindicadas formas de governo adequadas à sua condição de arquipélago, como foi reclamado o retorno da riqueza gerada para o progresso local, como os madeirenses se manifestaram, perante a postura violenta dos liberais ao colá-las à metrópole sob a designação de ilhas adjacentes. Em suma, o nosso objetivo era analisar a teia de relações que marcou a postura financeira do Estado/ metrópole e os impactos positivos e negativos, no desenvolvimento económico da ilha e do bem-estar dos madeirenses. Por outras palavras, queríamos perceber a forma como o Senhorio/Reino/Estado compensaram a Madeira pelo esforço infra-humano de criação de riqueza e da sua vocação arquipelágica, para a afirmação do império e de Portugal no Atlântico. Fomos à procura da retribuição desta riqueza, uma possível atitude magnânima do Estado, de em momentos de desespero, como as aluviões ou a guerra, ou, ainda, as crises da produção da cana-deaçúcar e da vinha.

Quisemos encontrar ou descobrir uma atenção por parte do Estado, capaz de valorizar, quanto ao retorno financeiro, o progresso e melhoria das condições de vida das populações, como o seu apoio e proteção em momentos de dificuldade. Quisemos escutar as intenções e palpitações do Estado/Metrópole, num olhar atento e protetor que poderia esperar-se da Mãe-Pátria, no sentido de ouvir os lamentos e reclamações da Madeira, expressando-se, de forma magnânima, no seu estatuto diferenciado de região, materializado na criação de condições adequadas em termos institucionais, financeiros e tributários. Partimos, desse ponto, para uma História das se estas teriam Instituições, procurando ver sido meras extensões do Estado, submissas, ou se tinham tido em atenção a necessidade de ajustar as suas estruturas de funcionamento às solicitações locais. Aproximamo-nos dos madeirenses para sentir e registar as suas manifestações de revolta e reivindicação, que sucederam por diversas vezes e de que ficou expressão clara em 1931 e 1936 e quisemos registar a viva voz dos seus lamentos relativos a um Estado/metrópole “madrastos” para uma ilha tão generosa. Ainda não satisfeitos, avançamos em busca da compreensão do estatuto estabelecido para esta teia de relações, para tentar ver se, na verdade, tinha sido estabelecido um estatuto colonial à ilha. Por fim, quisemos saber se a Madeira tem devedora do sido, efetivamente, a eterna Estado, na medida em que se tem passado a ideia da incapacidade de produzir e de gerar riqueza ao longo da História, ou, se ao contrário, tem sido o Estado/ Metrópole, o eterno devedor ao arquipélago e aos madeirenses. De tudo isto, quisemos dar expressão numérica e financeira, de forma a apagarmos a imagem do madeirense, indolente, devedor e de mão estendida, sempre à espera da esmola.

a existência de órgãos políticos e administrativos de interesse geral, para cuja manutenção todos os cidadãos têm o dever de contribuir. A administração das circunscrições está longe de ser um circuito fechado entre as suas receitas próprias e as próprias despesas: o Estado unitário compreende e indissoluvelmente liga as comunidades locais. acorrendo com os recursos da Fazenda Pública onde for mais conveniente e útil para o interesse nacional. (1938. Relatório da lei n.º138, 30 de abril, publ. LEITE, J. G. Reis (1987), A Autonomia dos Açores na Legislação Portuguesa, Horta, p. 229).

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ão DEVE & HAVER Nº. 1

Coleção DEVE & HAVER Nº. 2 ISBN:    978-­‐972-­‐8263-­‐76-­‐8

BN:    978-­‐972-­‐8263-­‐75-­‐1

Coleção DEVE & HAVER. O DEVE O HAVER O DEVE EEO HAVER

oleção DEVE & HAVER.

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Dicionário   de   Impostos.   Contribuições,   Direitos,   e  Tributos.   Dicionário   de   Finanças   Públicas.   Conceitos,              

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anização):  Deve  e  Haver:  Instrumentos  de  Trabalho.

CREDIT AND DEBIT

CREDIT AND DEBIT IN MADEIRA FINANCE

DAS FINANÇAS DA MADEIRA

nº.  1.:     VIEIRA,  Alberto:  O  Deve  e  o  Haver  das  Finanças  da  Madeira.  Finanças   DAS FINANÇAS DA MADEIRA Públicas  e  Fiscalidade  na  Madeira  nos  Séculos  X V  a  X XI.

IN MADEIRA FINANCE

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and  Tax  System  in  Madeira  from  the  15th  to  the  21st  Centuries. Finanças   Públicas  e  Fiscalidade  na  Madeira   nº.  3.:     VIEIRA,  Alberto:  Entender  o  Deve  e  o  Haver  das  Finanças  da  Madeira. nos  Understanding   Séculos  XV   a  XaXI nº.  4.:     VIEIRA,  Alberto:   Credit   nd  Debit  in  Madeira  Finance.   nº.  5.:     FARIA,   Cláudia,   ALVES,   Graça,   GOMES,   Sandra:   Paisagens   Literárias.   (Quadros  da  Madeira).   nº.  6.:       FARIA,   Cláudia,   ALVES,   Graça,   GOMES,   Sandra:   Literary   Landscapes   AUTORIA    COORDENAÇÃO   DO  PROJECTO (Sketches   of  ME adeira   Island).  '  

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      ALBERTO  VIEIRA

ALBERTO VIEIRA

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REGIÃO AUTÓNOMA DA MADEIRA

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A PUBLICAÇÃO DOS RESULTADOS DO PROJETO DE INVESTIGAÇÃO SOBRE AS FINANÇAS E INSTITUIÇÕES DA MADEIRA Nos milhares de páginas da coleção, a informação revela, até à exaustão, a dádiva da ilha e dos madeirenses, apresentada e expressa de diversas formas, mostrando uma região e um povo magnânimos e sempre disponíveis para a construção de Portugal no Atlântico, no Índico e no Pacífico, através do tributo de sangue e da contribuição financeira. Entregaram-se, com entusiasmo, à tarefa de revelação de novas terras, quer ao longo da costa africana, quer no Atlântico Ocidental e apoiaram, de forma ilimitada, o abastecimento dos navios dos descobrimentos. Postaram-se de guarda às praças do Norte de África e marcaram sempre presença quando chamados a defendê-las ou a acudir-lhes com mantimentos e lenhas. Dividiram-se em múltiplas tarefas de expansão dos modelos institucionais de governo dos novos espaços e na divulgação de culturas e técnicas produtivas, que atribuíram aos lugares descobertos e conquistados alta rentabilidade económica. Atuaram como colonos e soldados, na Baía e Recife, face à invasão e ocupação holandesas, na colonização do norte do Maranhão e Amazónia, em Santa Catarina e Portalegre e mesmo em Luanda, Moçâmedes ou Lourenço Marques. A este relevante tributo de sangue, junta-se o financeiro. Foi com os dinheiros da ilha, que o Reino e o Império se afirmaram a Ocidente e Oriente, pagando o tributo do tratado de Saragoça de 1529, ou, ainda, parte do resgate que, em 1654, os portugueses tiveram de pagar aos holandeses para recuperar Pernambuco.

Nos alvores do século XIX, quando a coroa se acolhia ao Brasil, foi a ilha que assegurou as finanças para os diversos empréstimos contraídos em Londres, sendo obrigada a pagar uma parte deles Nem todos os tributos são quantificáveis em números e cifrões, mas talvez tivessem sido esses os mais importantes na construção do novo mundo e da Europa, a partir do século XV. A História, felizmente, reconhece esses valores. Assim contada, ela diz-nos desta afirmação da ilha e dos madeirenses na construção de Portugal continental, e da Europa continental e imperial; diz-nos que não é verdadeira a imagem criada desde o continente, dos insulares como pedintes permanentes, responsáveis pela dívida nacional. Toda a informação que serviu de base aos temas tratados acima, mas de forma especial a financeira, foi reunida e sistematizada numa base de dados, disponível para consulta na Biblioteca do CEHA, no Funchal, de forma a permitir, à comunidade científica e política, o acesso aberto às nossas fontes de informação. Elas são a prova e a evidência das afirmações e das análises apresentadas nos relatórios e na demais informação sistematizada em quadros, gráficos e textos. Quisemos colocar à disposição de todos este vasto acervo documental e de informação, recolhidos nos últimos anos, na esperança de que possa servir para outros trabalhos e estudos, neste como noutros âmbitos. Por outro lado, a nossa proposta não termina aqui e daremos continuidade à atualização desta base de dados, tornando-a o portal de apoio ao conhecimento e investigação de múltiplos temas sobre o arquipélago da Madeira.

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Coleção DEVE & HAVER Nº. 5

Coleção DEVE & HAVER Nº. 6

Coleção DEVE & HAVER Nº. 7

ISBN:    978-­‐972-­‐8263-­‐79-­‐9

ISBN:    978-­‐972-­‐8263-­‐80-­‐5

ISBN:    978-­‐972-­‐8263-­‐81-­‐2

Coleção DEVE & HAVER.

LITERARY LANDSCAPES Coleção DEVE & HAVER.

PAISAGENS LITERÁRIAS Coleção DEVE & HAVER.

nº.  1.:     VIEIRA,  Alberto:  O  Deve  e  o  Haver  das  Finanças  da  Madeira.  Finanças   Públicas  e  Fiscalidade  na  Madeira  nos  Séculos  X V  a  X XI. nº.  2.:     VIEIRA,  Alberto:  Credit  and  Debit  in  Madeira  Finance.  Public  Finance   and  Tax  System  in  Madeira  from  the  15th  to  the  21st  Centuries. Cláudia Faria nº.  3.:     VIEIRA,  Alberto:  Entender   o  Deve   e  o  Haver  das  Finanças  da  Madeira. Graça Alves nº.  4.:     VIEIRA,  Alberto:  Understanding   Credit  and  Debit  in  Madeira  Finance.   Sandra nº.  5.:     FARIA,   Cláudia,   ALVES,   Graça,  Gomes GOMES,   Sandra:   Paisagens   Literárias.   (Quadros  da  Madeira).   nº.  6.:       FARIA,  Cláudia,  ALVES,  Graça,  GOMES,  Sandra:  Literary  Landscapes   (Sketches  of  Madeira  Island). nº.  7.:     VIEIRA,  Alberto  (Coordenação):  Debates  Parlamentares.  1821-­‐2010.   nº.  8.:     VIEIRA,  Alberto:  Livro  das  Citações  do  Deve  e  o  Haver  das  Finanças  da   Madeira. nº.  9.:     VIEIRA,   Alberto:   Dicionário   de   Impostos.   Contribuições,   Direitos,   Impostos,  Rendas  e  Tributos.   nº.10.:     VIEIRA,   Alberto:   Dicionário   de   Finanças   Públicas.   Conceitos,       nº.11.:     VIEIRA,   Alberto:              Impostos. nº.12.:     VIEIRA,  Alberto  (organização):  Memória  Digital.  O  Deve  e  o  Haver  das   Finanças  da  Madeira. nº.13.:     VIEIRA,  Alberto  (organização):  Digital  Memory.  The  Credit  and  Debit  in   Madeira  Finance.

IRA,  Alberto  (organização):  Deve  e  Haver:  Instrumentos  de  Trabalho.

nº.  Cláudia 14.:  VIEIRA,  AFaria, lberto  (organização):   Deve  eSandra  Haver:  Instrumentos   Graça Alves, Gomesde  Trabalho.

DEBATES PARLAMENTARES

[Sketches  of  Madeira  Island] LITERARY LANDSCAPES

[A  Madeira  nos  contornos  da  escrita] PAISAGENS LITERÁRIAS

EIRA,  Alberto:  O  Deve  e  o  Haver  das  Finanças  da  Madeira.  Finanças   blicas  e  Fiscalidade  na  Madeira  nos  Séculos  X V  a  X XI. EIRA,  Alberto:  Credit  and  Debit  in  Madeira  Finance.  Public  Finance   d  Tax  System  in  Madeira  from  the  15th  to  the  21st  Centuries. EIRA,  Alberto:  Entender  o  Deve  e  o  Haver  das  Finanças  da  Madeira. EIRA,  Alberto:  Understanding  Credit  and  Debit  in  Madeira  Finance.   RIA,  Cláudia,  ALVES,  Graça,  GOMES,  Sandra:  Paisagens  Literárias.   uadros  da  Madeira).   RIA,   Cláudia,   ALVES,   Graça,   GOMES,   Sandra:   Literary   Landscapes   ketches  of  Madeira  Island). EIRA,  Alberto  (Coordenação):  Debates  Parlamentares.  1821-­‐2010.   EIRA,  Alberto:  Livro  das  Citações  do  Deve  e  o  Haver  das  Finanças  da   adeira. EIRA,   Alberto:   Dicionário   de   Impostos.   Contribuições,   Direitos,   postos,  Rendas  e  Tributos.   EIRA,   Alberto:   Dicionário   de   Finanças   Públicas.   Conceitos,       EIRA,   Alberto:              postos. EIRA,  Alberto  (organização):  Memória  Digital.  O  Deve  e  o  Haver  das   nanças  da  Madeira. EIRA,  Alberto  (organização):  Digital  Memory.  The  Credit  and  Debit  in   adeira  Finance.

nº.  1.:     VIEIRA,  Alberto:  O  Deve  e  o  Haver  das  Finanças  da  Madeira.  Finanças   Públicas  e  Fiscalidade  na  Madeira  nos  Séculos  X V  a  X XI.

nº.  2.:     VIEIRA,  Alberto:  Credit  and  Debit  in  Madeira  Finance.  Public  Finance   [SKETCHES OFin  MMADEIRA  to  the  21  Centuries. and  Tax  System   adeira  from  the  15 ISLAND]

[QUADROS DA MADEIRA]

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DEBATES PARLAMENTARES 

D ICION Á RIO

DICIONÁRIO DE IMPOSTOS

As vozes contra e a favor

DE FINANÇAS PÚBLICAS

Contribuições, Direitos, Impostos, Rendas e Tributos

do Arquipélago da Madeira

Conceitos, Instituições, Funcionários



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Cláudia Faria nº.  3.:     VIEIRA,  Alberto:  Entender  o  Deve  e  o  Haver  das  Finanças  da  Madeira. Graça Alves nº.  4.:     VIEIRA,  Alberto:  Understanding  Credit  and  Debit  in  Madeira  Finance.   Sandra Gomes

nº.  5.:     FARIA,   Cláudia,   ALVES,   Graça,   GOMES,   Sandra:   Paisagens   Literárias.   (Quadros  da  Madeira).   nº.  6.:       FARIA,   Cláudia,   ALVES,   Graça,   GOMES,   Sandra:   Literary   Landscapes   (Sketches  of  Madeira  Island). nº.  7.:     VIEIRA,  Alberto  (Coordenação):  Debates  Parlamentares.  1821-­‐2010.   nº.  8.:     VIEIRA,  Alberto:  Livro  das  Citações  do  Deve  e  o  Haver  das  Finanças  da   Madeira. nº.  9.:     VIEIRA,   Alberto:   Dicionário   de   Impostos.   Contribuições,   Direitos,   Impostos,  Rendas  e  Tributos.   nº.10.:     VIEIRA,   Alberto:   Dicionário   de   Finanças   Públicas.   Conceitos,       nº.11.:     VIEIRA,   Alberto:              Impostos. nº.12.:     VIEIRA,  Alberto  (organização):  Memória  Digital.  O  Deve  e  o  Haver  das   Finanças  da  Madeira. nº.13.:     VIEIRA,  Alberto  (organização):  Digital  Memory.  The  Credit  and  Debit  in   Madeira  Finance.

As vozes contra e a favor do Arquipélago da Madeira

AUTORIA  E  COORDENAÇÃO  DO  PROJECTO

ALBERTO  VIEIRA

ALBERTO VIEIRA (Coordenação)

nº.  14.:  VIEIRA,  Alberto  (organização):  Deve  e  Haver:  Instrumentos  de  Trabalho.

ALBERTO VIEIRA

Cláudia Faria, Graça Alves, Sandra Gomes

ALBERTO VIEIRA

REGIÃO AUTÓNOMA DA MADEIRA

REGIÃO AUTÓNOMA DA MADEIRA

REGIÃO AUTÓNOMA DA MADEIRA

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CRONOLOGIA A  História  das   Instituições,  Finanças   e  Impostos (!/.$+%&#"."$( !"#$#%&'()*+%,'-./0#%1#"0#+%2#3/"#%!45)*+%6/)7#%8)")0"#

COLEÇÕES N.º 1 O DEVE E HAVER NAS FINANÇAS DA MADEIRA. Memória Digital –– N.º 1-A. VIEIRA, Alberto: O DEVE E HAVER NAS FINANÇAS DA MADEIRA. Finanças públicas e fiscalidade na Madeira nos séculos XV a XXI. Funchal, 2014, vols: 2, [em Formato digital com folheto]; –– N.º 2-A. VIEIRA, Alberto: ENTENDER O DEVE E HAVER DAS FINANÇAS DA MADEIRA. Funchal, 2014: vols: 1, [Formato papel]; –– N.º 3-A. FARIA, Cláudia, ALVES, Graça, GOMES, Sandra, PAISAGENS LITERÁRIAS (quadros da Madeira). Funchal, 2014. vols: 1, [Formato digital com folheto];

Contribuições, Direitos, impostos, rendas e Tributos. Funchal, 2014: vols: 1 [Formato digital com folheto]; –– N.º 7. VIEIRA, Alberto: LIVRO DAS CITAÇÕES do Deve & Haver das Finanças da Madeira. Funchal, 2014: vols: 1 [Formato digital com folheto]; –– N.º 8. VIEIRA, Alberto: CRONOLOGIA. A HISTÓRIA DAS INSTITUIÇÕES, FINANÇAS E IMPOSTOS. Funchal, 2014: vols: 1 [Formato digital com folheto]; –– N.º 9. VIEIRA, Alberto (Coordenação): JUNTA GERAL. Funchal, 2014: vols: 1 [Formato digital com folheto]; –– N.º 10. VIEIRA, Alberto (Coordenação): JUNTA AGRÍCOLA DO FUNCHAL. Funchal, 2014. : vols: 1 [Formato digital com folheto].

–– N.º 4. VIEIRA, Alberto (Coordenação): DEBATES PARLAMENTARES. 1821-2010. Funchal, 2014: vols: 1, [Formato digital com folheto];

N.º 2 THE DEBIT AND CREDIT IN MADEIRA FINANCE

–– N.º 5. VIEIRA, Alberto: DICIONÁRIO DE FINANÇAS PÚBLICAS. Conceitos, Instituições, Funcionários. Funchal, 2014: vols: 1 [Formato digital com folheto];

–– N.º 1-B. VIEIRA, Alberto: DEBIT AND CREDIT IN MADEIRA FINANCE. Public Finance and fiscality in Madeira from the 15th to 21st centuries. Funchal, 2014: vols: 2 [Formato digital com folheto];

–– N.º 6. VIEIRA, Alberto: DICIONÁRIO DE IMPOSTOS.

–– N.º 2-B. VIEIRA, Alberto: UNDERSTANDIG THE

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CEHA | 1985–2015 DEBIT AND CREDIT IN MADEIRA FINANCE. Funchal, 2014: vols: 1 [Formato papel]; –– N.º 3-B. FARIA, Cláudia, ALVES, Graça, GOMES, Sandra, LITERARY LANDSCAPES (Sketches of Madeira Island). Funchal, 2014: vols: 1 [Formato digital com folheto]. N.º 3. O DEVE E HAVER NAS FINANÇAS DA MADEIRA: Instrumentos de trabalho –– N.º 4. VIEIRA, Alberto (Coordenação): DEBATES PARLAMENTARES. 1821-2010. Funchal, 2014: vols: 1 [Formato digital com folheto]; –– N.º 5. VIEIRA, Alberto: DICIONÁRIO DE FINANÇAS PÚBLICAS. Conceitos, Instituições, Funcionários. Funchal, 2014: vols: 1 [Formato digital com folheto]; –– N.º 6. VIEIRA, Alberto: DICIONÁRIO DE IMPOSTOS. Contribuições, Direitos, impostos, rendas e Tributos. Funchal, 2014: vols: 1 [Formato digital com folheto]; –– N.º 7. VIEIRA, Alberto: LIVRO DAS CITAÇÕES do Deve & Haver das Finanças da Madeira. Funchal, 2014: vols: 1 [Formato digital com folheto]; –– N.º 8. VIEIRA, Alberto: CRONOLOGIA. A História das Instituições, Finanças e Impostos. Funchal, 2014. ISBN: vols: 1, pp [Formato digital com folheto]. N.º 4. O DEVE E HAVER NAS FINANÇAS DA MADEIRA: As instituições –– N.º 4. VIEIRA, Alberto (Coordenação): DEBATES PARLAMENTARES. 1821-2010. Funchal, 2014: vols: 1 [Formato digital com folheto]; –– N.º 5. VIEIRA, Alberto: DICIONÁRIO DE FINANÇAS PÚBLICAS. Conceitos, Instituições, Funcionários. Funchal, 2014: vols: 1 [Formato digital com folheto]; ––

N.º 9. VIEIRA, Alberto (Coordenação): JUNTA GERAL. Funchal, 2014: vols: 1 [Formato digital com folheto];

–– N.º 10. VIEIRA, Alberto (Coordenação): JUNTA AGRÍCOLA DO FUNCHAL. Funchal, 2014: vols: 1 [Formato digital com folheto];

–– N.º 8. VIEIRA, Alberto: CRONOLOGIA. A História das Instituições, Finanças e Impostos. Funchal, 2014: vols: 1 [Formato digital com folheto]. PROTOCOLOS E COOPERAÇÃO Foram estabelecidos os seguintes acordos: Centro de Investigação e Documentação do Gabinete Coordenador de Educação Artística(2007); Centro Científico e Cultural de Macau (01-04-2010)Academia Galega da Língua Portuguesa, (14-04-2010); Conselho Distrital da Ordem dos Advogados(20-05-2010); O Conservatório – Escola Profissional e das Artes da Madeira (23-06-2010); Associação Comercial e Industrial do Funchal – Câmara de Comércio e Indústria da Madeira, (17-02-2011); Universidad de Las Palmas de Gran Canaria, (14-10-2011); Universidade de La laguna (12-03-2012); Câmara Municipal do Funchal (30-09-2011); -Diocese do Funchal (02-04-2012) Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra(4-06-2013).

CEHA: Cronologia 2008. 11. 01: Nomeação de Alberto Vieira, Investigador-coordenador da instituição, para Presidente do CEHA. 2009: Seminário Internacional de História do Açúcar, realizado na Republica Dominicana com a colaboração da Real Academia de La Historia. 2009: - IX Colóquio Internacional: História das Ilhas do Atlântico. 2010. 07. 26/30: Congresso Internacional: As Ilhas do Mundo e o Mundo das Ilhas. 2010. 10. 25/29: Colóquio: República e Republicanos na Madeira. 2011: As Ilhas e a Europa, a Europa das Ilhas, em colaboração com o Madeira Tecnopolo. 2011: Escritas das Mobilidades, em colaboração com o Centro Cultural John dos Passos.

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2012-2015: A HISTÓRIA VISTA DE BAIXO. Das Memórias à História Autobiográfica. Quem construiu a Tebas de sete portas? Nos livros estão nomes de reis. Arrastaram eles os blocos de pedras? E a Babilónia várias vezes destruída Quem a construiu tantas vezes? Em que casas de Lima radiante dourada moravam os construtores? Para onde foram os pedreiros na noite em que a Muralha da China ficou pronta? A Grande Roma está cheia de arcos de triunfo. Quem os ergueu? Sobre quem Triunfaram os césares? A decantada Bizâncio tinha somente palácios para seus habitantes? Mesmo na lendária Atlântida os que se afogavam gritavam por seus escravos na noite em que o mar tragou. O jovem Alexandre conquistou a Índia. Sozinho? Bertold Brecht [1898/1956], do poema “Perguntas de um trabalhador que lê”

A primeira vez que vi e li este poema foi em 1977, aquando da primeira ida ao Museu de Setúbal para assistir às palestras que este museu organizava sobre a História. O poema estava lá escrito em letras garrafais e não deixava ninguém indiferente. A cada um dava uma mensagem. Para mim, um estudante insular, ator/espetador constante de diferentes “estórias” e vivências de exclusão, falou bem forte e foi um passo importante na minha compreensão da nossa ilheidade. O caminho do meu discurso na História estava traçado. Faltava apenas uma referência aos espaços e ao esquecimento das ilhas. Hoje, como por acaso [se é que o acaso existe…], esbarro, de novo, com o mesmo poema, quando decido partir à busca da “história vista de baixo”, e a mensagem de mais de trinta anos reavivou-se na minha memória ilhoa. Durante muito tempo, a História era entendida como a expressão e o testemunho da ação das personalidades relevantes - reis, príncipes, grandes senhores, políticos, ministros e funcionários da administração. Hoje, a História democratizou-se, o seu âmbito alargou-se a todos os campos da vida do Homem e todos, mesmo os considerados sem história, estão presentes, de acordo com a sua participação. Ora, isto implica uma revolução nas fontes que servem de base ao discurso histórico. Daí a busca de novas fontes e o aparecimento de uma multiplicidade de novos documentos e testemunhos que podem fazer a História, nomeadamente CADERNOS CEHA

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testemunhos orais. Quisemos abraçar este desafio e buscar nas fontes da História oral aquilo que a História e as fontes tradicionais nos negam, quanto ao quotidiano e às vivências dos que nos antecederam e na forma como reconstituem e fixam a História na(s) sua(s) histórias pessoais. Quisemos abrir estes novos caminhos ao discurso da História da Madeira e queremos que, num futuro, a História dos séculos XX e XXI seja escrita e entendida doutra forma, com a participação de todos os madeirenses. Porque, afinal, a História é feita com todos, com o contributo do testemunho e ação de todos e para todos. É então que, desde novembro de 2012 que o CEHA publica um blogue sobre “A memória das Gentes que fazem a História” (em: http: // memoriadasgentes. blogspot. pt/). Foi uma viragem significativa nos rumos e temas de investigação do CEHA até a atualidade. Quisemos construir uma História diferente, a história de todas as gentes que fazem a História. Quisemos aproximar o cidadão comum à História, passando a identificar-se com ela e a fazer parte dela. A expressão e a forma de fazer “esta” História é dos anos sessenta, tendo sido usada, pela primeira vez, por E. P. Tompson. Entretanto, em França, Philippe Lejeune publicava, em 1973, “O Pacto autobiográfico”, a ditar outros campos de atenção ao Historiador. Nem um nem outro mereceram, logo, o adequado acolhimento, mas hoje são “endeusados” pela nova geração da Nova História. Depois, tivemos a Micro-História, como resposta a uma pretensa crise da História, que teve começo em Itália com Giovanni Levi63 e Carlo Ginzburg64.

operários que assentaram as pedras que deram lugar às pirâmides do Egito, nem os madeirenses que traçaram os poios e as levadas sobre o abismo da ilha fossem esquecidos ou ignorados pela História. A presença e persistência visível da sua obra clamam pela sua presença nos anais da História. Atente-se que esta visão/construção autobiográfica, defendida por Lejeune assumese como uma rutura do discurso, pois que “a escrita de si assume a subjetividade de seu autor como dimensão integrante de sua linguagem, construindo sobre ela a “sua verdade” (…). O que passa a importar para o historiador é exatamente a ótica assumida pelo registo e como seu autor a expressa. Isto é, o documento não trata de “dizer o que houve”, mas de dizer o que o autor diz que viu, sentiu e experimentou, retrospetivamente, em relação a um acontecimento65. Mas nunca podemos esquecer que esta escrita ou visão autobiográfica é mais ampla, pois segundo Serge Doubrovsky : “Écrire sur soi, c’est écrire sur les autres”66. Que fique claro que a autobiografia moderna não nasceu em rutura com a biografia tradicional (aliás, mesmo depois de Rousseau e até hoje, ainda há autobiografias que se comportam como simples biografias), mas simplesmente como consequência de uma nova forma de biografia (o romance autobiográfico)67. Neste intervalo de sonho, outras vozes também clamam alto. Paulo Freire afirma, de forma clara, que “Ninguém pode ser um caderno vazio, todos nascem para contribuir e transformar a história”. Mas não podemos esquecer o que nos diz João Cabral de Melo Neto sobre as escritas: “Escrever é estar no extremo de si mesmo, e quem está assim se exercendo nessa nudez, a mais nua que há, tem pudor de que os outros vejam. ” … Também Jim

Tudo isto aconteceu, de forma a que nem os 63 Cf: História Jovens, São Paulo, Companhia das Letras, 1996, 2 volumes; A herança imaterial. Trajetória de um exorcista no Piemonte do século XVII”. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2000. 64 Il formaggio e i vermi. Il cosmo di un mugnaio del ‘500 (1976);

65 GOMES, Ângela de Castro (Org. ). Escrita de si, escrita da história. Rio de Janeiro: FGV, 2004: 14 66 DOUBROVSKY, Serge. « Autobiographie/Vérité/Psychanalyse » In: Autobiographiques : de Corneille à Sartre. Paris, PUF, 1988. 67 LEJEUNE, P. , 1971, L’Autobiographie en France. 463

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SHARPE relembra a “A História vista de baixo”68. Já em França, Jean-Claude SCHMITT69 traz para a História os marginais, de forma que hoje ninguém se manifesta indiferente a este novo discurso. Por estes caminhos, andaram e andam J. Ozouf70, E. Le Roy Ladurie71, C. Ginzburg72, Michelle PERROT73, Robert DARNTON74, Natalie DAVIS75, Lucien FEBVRE [Martinho Lutero, um destino, 1994], John REED76, Peter GAY77, Jacques LE GOFF78. Georges DUBY79, George Rudé80, apenas para citar alguns de entre os mais importantes e conhecidos. Por outro lado, não podemos esquecer que estas chamadas de atenção clamam por uma nova postura do discurso que está para além da compartimentação estanque a que a especialização conduziu os saberes e disciplinas académicas no século XX. Não basta usar os termos e expressões como “história vista debaixo”, o “je” e citar um ou outro texto dos pioneiros destes novos discursos para dizer que estamos em sintonia com eles. É isso que temos visto nos últimos anos, o que é revelador de que, em muitos casos, leu-se mal os textos de Tompsom e Lejeune. Finalmente, Pierre NORA explica-nos que “Os lugares de memória nascem e vivem do sentimento 68 in BURKE, Peter (org. ) 1992. A escrita da história – novas perspectivas. 69 “A história dos marginais”. In: LE GOFF, Jacques (org. ) 2001. A História Nova. 70 Nous les maitres d’école, 1967. 71 Montaillou, 1975 72 The Cheese and the Worms, 1976. Edição portuguesa: Queijo e os vermes. O cotidiano e as idéias de um moleiro perseguido pela inquisição, 1987. 73 Os excluídos da História: operários, mulheres e prisioneiros, 1992. 74 O grande massacre de gatos e outros episódios da história cultural Francesa. 1986 75 O retorno de Martin Guerre. São Paulo: Martins Fontes, 1987. 76 Guerra dos Bálcãs. 2002. 77 O coração desvelado, 1999. 78 São Luís, 1999. 79 Guilherme Marechal ou o melhor cavaleiro do mundo, 1995. 80 Multidão na História, RJ, Editora Campus, RJ, 1991.

que não há memória espontânea, que é preciso criar arquivos, que é preciso autobiografia: manter aniversários, organizar celebrações, pronunciar elogios fúnebres, notariar atas, porque essas operações não são naturais”81. É isso que nos propomos com este projeto que mereceu a designação de “memórias”, onde, aos óculos das elites, queremos juntar os do povo ou os dos excluídos. Tudo isto afinal, porque a História vista de baixo “ajuda a convencer aqueles de nós nascidos sem colheres prata em nossas bocas, de que temos um passado, de que viemos de algum lugar. Mas também, com o passar dos anos, vai desempenhar um importante papel, ajudando a corrigir e a ampliar aquela história política da corrente principal que é ainda o cânone aceito nos estudos históricos… ”(Jim Sharpe, 1992). O poema de Brecht falava dos homens esquecidos da História, daqueles que construíram os monumentos que o registo oficial e a presença material associam sempre a grandes personalidades, como imperadores e reis, sem nunca se evocar os operários de diversa ordem que os ergueram e os tornaram uma realidade atual e presente. Aqui e agora, ocorre-nos também perguntar o mesmo sobre a História do nosso arquipélago. A História fala dos descobridores oficiais da ilha e daqueles que comandaram o processo de desbravamento das matas e da floresta e criaram o espaço agrícola. Mas será que os descobridores oficiais foram navegadores solitários, que se serviram de machados para derrubar as árvores que atrapalhavam o seu caminho, ou pegaram numa enxada ou picareta para adaptar as encostas à agricultura? Então, que mãos hábeis seguraram os lemes dos navios, os 81 Entre Memória e História: a problemática dos lugares. Projeto História, São Paulo, n. 10, dez. 1993.: 13

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remos, içaram as velas, ou seguraram as enxadas e os machados? Quem transformou esta ilha, de densa floresta, num jardim de poios onde as flores se confundem com as árvores de fruto e as culturas com valor económico com o negro do basalto ? Quem construiu os poios e recolheu a pedra que faz os muros e retém as terras para que surjam hortas, vinhedos e canaviais? Quem desenhou as levadas que deram vida aos engenhos de açúcar e serras de água, a culturas como a cana-de-açúcar? Sabemos quem as financiou e promoveu, mas quem afinal as construiu? Quem perdeu ou arriscou a vida nos abismos, para que a água corresse e chegasse aos engenhos e às terras de culturas? Chegamos à cidade e vemos os seus edifícios, com torres avista-navios, as pontes que estabelecem a ligação entre as margens das ribeiras e orientamos sempre a nossa atenção para os vereadores, os homens-bons do concelho, os capitães dos donatários, os senhores, os mercadores que, abemo-lo bem, em momento algum, se debruçaram para erguer uma pedra destes edifícios ou pontes. Quem, afinal, cumpriu esta função e que é quase sempre esquecido? A cidade foi cercada de uma muralha de proteção, a nossa “muralhazinha da China”, e um conjunto de fortificações de defesa do burgo e da baía. Conhecemos a história de quem ordenou a sua construção, mas quem afinal as construiu? As quintas erguem-se imponentes dentro e fora do burgo e sabemos quem foram os seus donos por gerações, mas nunca ninguém quis saber dos colonos, dos trabalhadores e até mesmo dos escravos que as construíram e contribuíram para que se criasse tão opulento deslumbramento apenas para deleite de alguns nacionais e estrangeiros. Quem deu colorido

às suas varandas e jardins? A História fala da construção, por ordem de D. Manuel, da praça, da igreja (a Sé Catedral), da Alfândega (hoje, sede da Assembleia Legislativa Regional), dos paços do concelho e da picota (ambos desaparecidos na voracidade do progresso). Temos notícias das ordens, dos destinatários das mesmas que as fizeram cumprir, mas ignoramos os operários que as ergueram. Sabemos também da necessidade do contributo braçal de todos, mas sabemos também que, por diversas vezes, esses trabalhos obrigatórios eram entregues a escravos, servos e pagos a trabalhadores de soldada. Quem eram, afinal, os que carregaram a cal, a pedra e a madeira para assentar estas estruturas e transformá-las em palácios imponentes? O palácio de S. Lourenço é uma obra arquitetónica emblemática da cidade e da manifestação dos poderes de dentro e de fora. Sabemos tudo, e às vezes, demais sobre alguns proprietários e inquilinos, mas nada sobre aqueles que o ergueram e, ao longo do tempo, cuidaram da sua manutenção e adaptação a novas funcionalidades. Quem afinal o construiu e transformou? São perguntas que dificilmente encontram respostas na nossa historiografia. Mas será que estes não têm direito a figurar aqui? Será que nada fizeram para que estas obras se realizassem e os edifícios se mantivessem firme e determinados com o andar dos tempos? Montaram-se estruturas de mando, que abrangem todos os aspetos da sociedade, mas quase sempre só temos os registos dos senhorios, dos capitães do donatário, dos provedores, corregedores, almoxarifes, contadores, vereadores e os demais quase sempre são esquecidos. Será que estas

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estruturas poderiam funcionar apenas com eles?

parte dos nossos túneis e vias rápidas ?

Fala-se do porto, a diario, e enquanto a luz do sol brilhava nas águas e pedras do calhau, mas apenas daqueles que raras vezes pisavam o calhau e viam os seus pés embebidos na espuma das ondas. Será que os demais - moços de soldada, boieiros, barqueiros, bomboteiros, rapazes da mergulhança - não fazem parte desta História? Então porquê tantos silêncios e esquecimentos?

É porque pensamos serem todos os protagonistas e heróis da História que apostamos na História vista de baixo, nas histórias de vida de todos aqueles, eleitores e eleitos, que ontem e hoje, a seu modo, contribuíram para construir aquilo que é a Região Autónoma da Madeira.

A partir de 1821, alteram-se os quadros da política institucional e aos governadores e altos funcionários, juntam-se os deputados, os ministros e secretários de estado. E os outros onde estavam? Tinham emigrado? Passavam uma vida ociosa à beira do calhau ou no passeio público? Em 1976, abriram-se as portas para uma expressão de governo local capaz de legitimar os anseios de todos os madeirenses, mas quase sempre ouvimos falar apenas de governantes, deputados e chefes ou presidentes de partidos. Onde estarão, nesta História, os milhares de eleitores que os fizeram eleger? Será que a sua História não interessa, que para nada contribuíram para a Madeira de hoje ? Então, porque os ignoramos e esquecemos? Avançamos no tempo, entramos na CEE, hoje UE, que nos permitiu aproximarmo-nos dos padrões de vida e progresso europeu. Falam-se em governantes ativos e reivindicativos, em técnicos capazes para estabelecer projetos de túneis e vias rápidas que atravessam a ilha em todos os sentidos, em empreiteiros, da ilha e de fora, com capacidades técnicas para corresponder a estes desafios da engenharia, mas, nunca, ou quase nunca - porque estes só aparecem em momentos de acidente ou tragédia - se fala dos operários que seguraram e guiaram os equipamentos. Será que estes não fazem

Não ignoramos a documentação, nem ninguém, mas queremos que a História da Madeira seja um caso exemplar entre as histórias regionais de todos e não apenas de alguns protagonistas. Queremos juntar a voz e o contributo de eleitos e eleitores. Criamos, assim, as Memórias da Autonomia, onde todos terão condições para legar o seu testemunho e se apresentar, de corpo presente, nos anais da nossa História. Todos são importantes e têm uma história para contar que é tão importante como a História que já conhecemos. Mas, porque a História não se faz apenas no plano político e da autonomia, abrimos outra porta de presença de todos os que ficaram na ilha e suportaram as dificuldades e ajudaram a construir os novos tempos, mas também daqueles que, nos anos sessenta, partiram em defesa de um ultramar a que éramos alheios, ou que, desde muito cedo, se espalharam pelo mundo, em busca de outras ilhas e espaços, de melhores condições de vida, mas sem nunca esquecer a sua terra e ilha. A todos, presentes e ausentes, a História tem capacidade e condições para assegurar o seu registo e memória, guardando as suas vivências e histórias. É por isso que surgiram, primeiro a História oral, depois as Histórias de vida, que nos abriram outros caminhos e que fazem com que a História vista de baixo complete a História oficial vista de cima. Só assim teremos uma História de todos e para todos. CADERNOS CEHA

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2012-2015-ATIVIDADE

narrativas de vida, englobando quer as áreas teóricas e conceptuais, quer trabalhos de caráter criativo.

Congressos/Debates

Esta parceria engloba-se no projeto Memória das Gentes que fazem a História, cujo objetivo é dar voz aos anónimos, partindo do pressuposto de que, apesar de não terem sido protagonistas, foram participantes ou observadores da nossa história, tendo, por isso, uma visão/ opinião dos factos, algumas vezes complementar, outras vezes contraditória da versão oficial. Assim sendo, temos elaborado entrevistas e gravado várias narrativas de vida, que integram uma base de dados, que ficará disponível para investigadores de múltiplas áreas disciplinares, que poderão encontrar, nestes relatos, um apoio para as suas investigações.

2015. IABA EUROPE O Centro de Estudos de História do Atlântico (CEHA) acolheu, entre os dias 27 e 29 de maio de 2015, o encontro anual IABA Europe, sob o título Dialogical Dimensions in Narrating Lives and Life Writing. A Associação IABA (International Auto/ Biography Association) foi criada em 2009, com o objetivo de encorajar académicos europeus para o estudo desta temática e para a organização de encontros e publicação de trabalhos, estabelecendo uma plataforma de troca de conhecimento e partilha de informação e experiências. O encontro deste ano foi uma iniciativa conjunta do CEHA e do European Journal of Life Writing, uma publicação interdisciplinar que pretende ser um fórum, no qual se discutem todas as formas de

Ao longo de três dias, os trabalhos contaram com a presença de vários participantes, oriundos da Holanda, Alemanha, Finlândia, Reino Unido, Austrália, Estados Unidos, Havai, Coreia do Sul e Azerbaijão, entre outros. Estamos convictos de que este encontro promoveu o nome da Ilha da Madeira e colocou-a na rota mundial do conhecimento.

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PROJETOS MEMÓRIA/AUTOBIOGRAFIA DAS GENTES QUE FAZEM A HISTÓRIA O TEMA: No âmbito do Projeto “Memória das gentes que fazem a História”, recolhemos 40 testemunhos, ligados, sobretudo, às mobilidades: migrações e saídas do arquipélago para cumprimento do serviço militar. Foram gravadas entrevistas e construídas histórias de vida. Foram recolhidas coleções de fotografias, de correspondência, de diários, de notas escritas em cadernos, entre outros documentos. Recebida a autorização para divulgar – total ou parcialmente – partilhamo-las no blogue e nas redes sociais, completamo-las com outras informações, cruzamos dados, apresentamo-las em diversas conferências e colóquios, comparamo-las com outras realidades, demos protagonismo aos sem-história. ENTREVISTAS E REGISTOS REALIZADOS: Olga Maria Teixeira de Jesus Friedrich; José Manuel Coelho; João Carlos Melim; Joaquim Pedro Drumond de Sá e Sousa; Artur Barros e Sousa de Olim; Edmundo Barros e Sousa Olim; José Andrade Nunes; José Faustino Mendonça Diogo; João António Dias Vieira; Victor Moreira de Caires; Manuel Alexandre da Costa, João Xavier Andrade Nunes; José Carlos de Sousa Borges; João Virgílio Sousa Borges; José Custódio Rodrigues; -António Rodrigues Loreto; Maria Adelaide Vargem Andrade Loreto; Sérgio Gomes Silva Câmara; Octaviano Guedes Correia; Maria Gumersinda de Barros; Maria de Fátima de Sousa Correia; Jorge Augusto Gouveia Marques Trindade; Rui Firmino Faria Nepomuceno; Duílio José Lomelino; Júlia Edite Nunes Sanders Gomes; Agostinho Lídio Gonçalves Araújo; Augusto António Sousa; Maria Teresa Rodrigues Freitas Gomes; Luís da Mota; Joel Jacinto Silva; Maria Zélia Freitas Melo e Sousa; Paulo Gilberto Ferreira Camacho; Maria do Rosário Gouveia Rocha Gomes; Ilda Vieira da Câmara; Marcos Teixeira; Gualberto José Freitas Teixeira; José António Gonçalves (sem registo áudio; não autorizou); Manuela e Estêvão Rosa ( sem registo áudio; não autorizaram); Elmano Gomes.

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CEHA | 1985–2015 Volumes Previstos: History; Vineyards and Wine; Sugar cane and sugar; Slaves; Writings; Foreigners; Embroidery; Crafts; Churches and Chapels; Tourism; Art and Heritage.

MEMÓRIA DA AUTONOMIA O TEMA No quadro da História Autobiográfica, o CEHA decidiu realizar um registo de Histórias de Vida Relacionadas com o processo autonómico madeirense mo período de 1976 a 2014. Pretendese enriquecer o património documental informativo disponível através de Histórias de Vidas, no caso, daquelas que o aceitaram registar. ENTREVISTAS E REGISTOS REALIZADOS: Dr. Emanuel Rodrigues; Leonel Nunes; Padre Tavares; Dr. Rui Nepomuceno; António Sampaio; Gabriel Drumond; Jorge Pestana; António Loja; Padre Martins Dr. Brasão de Castro; Dr. Carlos Lélis; Gabriel Pita; Diamantino Alturas; Guida Vieira;

Economia, Turismo e Cultura de História do Atlântico 2015

Alberto Vieira

ALBERTO VIEIRA “un doigt de vin de Madère anima les regards, fit sourire les lèvres”

Madeira Unfolds – 2

Alberto Vieira was born in1956 in S. Vicente, Madeira. 2013- Director of CEHA, Centre for Atlantic Studies; 2008- Director of CEHA, 1999- Investigator of CEHA, 1991- PhD in History ( Portuguese Expansion field) in UniA LinBHistory ERTO versidade dos Açores, 1980 Degree in the Lisbon University. Scientific expertise: Belongs to varied research centers and acts as consultant of magazines and books. Belongs to the Research Center - CLEPUL-Lisbon branch. Has published several articles and books and has attended many conferences and meetings around the world.

VIEIRA

Madeira Unfolds –Vineyard and Winey

Anatole France, in Le Petit Pierre

Madeira Unfolds –History

Wine is strongly connected with the history of humanity, and in the West world, it is closely tied to the history of Christianity. The wine is included in the people’s diet and is part of the religious service where bread and wine are its most distinguished features. According to tradition they represent the essence of human life being the body and the blood of Jesus Christ. islandcentury, of Madeira, famous andbecome warSince“The the 7th bread(…) andsowine had rior with its distinguished and knights, captains, and part of the diet. In fact, grapes have been planted so magnificent, and with generous and great settlers; everywhere insidecelebrated the Atlantic domain placed and have rich in fruits; by its commerce, by even God reached Islands where have in theCape ocean Verde sea occidental to the scale,they refugee, facedharvest seriousand adaptation difficulties. medicine to the sailors, that from Porand other kingdoms go, and come otherhas It hastugal become evident that Madeira wine from market and innavigation to other of parts, apart from been harbours developed the sequence colonial entercalledislands there, taking foreign merchandize prise.those The who Atlantic have become famous and and a lot of money in order to gain profit from what are referred to as “the wine islands” in documents they take back to their homeland (…) for being it so and by general. soil, Thesotreaties signed andhistoriography for having such in a delightful nice weather between Portugal anda England have to seculocated or erected, foreigner once saidhelped that it seemed re trade this down protocol has forwarded as if relations when God and had come from heaven this was the selling wine from and Azores in the the firstofland he set foot Madeira on”. Doutor Gaspar Frutuoso, British colonies in Central and North America. Livro Segundo das Saudades da Terra, 1590(?), During more than three wine been Pontacenturies, Delgada, 1979, pp.has 99-100. place at the top of the island’s economy and local people, since the last quarter of the 16th century, were so animated that decided to plant vineyards in every corner hence destroying sugar-cane fields and woods so as to devote exclusively to wine. The high moment in export has happened between the 17th century and the beginning of the 19th century an average awhen Unfolds – 1 of 20.000 barrels were shipped. More than 2/3 of the exported wine was sent to the American market in particular to the Antilles and plantations in South America and also to New York.

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Dos Projetos em vias de concretização, no período de 2015-2019, devemos assinalar os seguintes:

2. A Nona ILHA Da Diáspora Madeirense. Até agora temos dedicado grande atenção aqueles que permaneceram e estabeleceram os seus planos de vida nas consideradas oito ilhas do arquipélago , dando relativa atenção àqueles que compõem a nona ilha. Queremos, agora, dar-lhe voz e protagonismo no discurso, testemunhando a forma como contribuíram para assegurar a sua sobrevivência e a dos seus familiares que cá permaneceram. É a História das mobilidades dos madeirenses desde o século XV até a atualidade.

Alberto Vieira was born in1956 in S. Vicente, Madeira. 2013- Director of CEHA, Centre for Atlantic Studies; 2008- Director of CEHA, 1999- Investigator of CEHA, 1991- PhD in History ( Portuguese Expansion field) in Universidade dos Açores, 1980 Degree in History in the Lisbon University. Scientific expertise: Belongs to varied research centers and acts as consultant of magazines and books. Belongs to the Research Center - CLEPUL-Lisbon branch. Has published several articles and books and has attended many conferences and meetings around the world.

A obra de 9 volumes será apresentada da seguinte forma: 3 volumes gerais, com a caracterização global do fenómeno das mobilidades e afirmação dos madeirenses no mundo:

Secretaria Regional da Economia, Turismo e Cultura Centro de Estudos de História do Atlântico 2015

1. MADEIRA UNFOLDS” - uma coleção de informação básica, em língua estrangeira, sobre a Madeira que se pretende disponibilizar ao público estrangeiro. Os volumes serão apresentados de forma uniforme e com uma estrutura básica de divulgação, capaz de chegar a todos os públicos interessados em conhecer o arquipélago. A primeira edição será feita em inglês, contando com a participação dos investigadores e professores ao serviço da instituição, mas pode-se - e deve-se - pensar na possibilidade de financiamento para uma edição em outras línguas.

1. Séculos XV e XVII-XIX; 2. Século XVII-XIX; 3. Séculos XIX e XX. Mais 6 volumes geográficos, por áreas dominantes da emigração: 4. Brasil; 5. USA/Canadá/Havai; 6. Venezuela; 7. África do Sul; 8. Ilhas do Caribe; 9. Outras regiões (Europa, Austrália, Inglaterra, Jersey…).

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CRONOLOGIA 2012: SEMINÁRIO: La Ruta Azucarera Atlántica: Historia y Documentación, em colaboração com a Universidad de La Laguna; Com a Publicação do livro Cartas no Intervalo da Guerra (Funchal. CEHA, 2015) inicia-se um novo projeto editorial do CEHA onde se junta o formato papel ao digital, criando dois tipos de edição, de forma a alargar o público leitor. Assim, o volume em papel é apresentado, de forma despretensiosa, sem qualquer aparato científico, de fácil acesso a todos os leitores interessados. Para o volume em formato digital, deixou-se a informação completa e de acordo com os cânones científicos e académicos. Coleção Memória das Gentes que fazem a História

2013: A extinção da autonomia administrativa e financeira, pelo Decreto Legislativo, que aprova o orçamento regional de 2013, surgindo, seguidamente, um decreto regulamentar que dá corpo a esta alteração jurídica e estabelece o CEHA como uma direção de Serviços. 2014. 011. 3/4: Colóquio “Mobilidades e Insularidade”. 2015. 05. 27/29: Organização do encontro Bienal do IABA Europe 2015: Decreto regulamentar 4/2015/M, de 18 de junho [do Governo Regional] extingue, no seu art. 21, o CEHA, fazendo-o integrar na DRC.

1: Cláudia Faria e Graça Alves (ed. e introdução), Cartas no Intervalo da Guerra. NO PRELO: Anuário CEHA 2015: O Corpo no Passado e no Presente

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CEHA | 1985–2015

EPÍLOGO Estes foram trinta anos de intensa atividade que permitiram um pensar e entender de forma diferente a HISTÓRIA. Partimos da abordagem desta Ciência de forma tradicional, desde a economia e instituições, sem esquecer novas aberturas temáticas para a História da Ciência e Técnicas. Lançámo-nos, também, na árdua tarefa de desbravar novos terrenos, como a História Ecológica ou do meio Ambiente e, mais recentemente, a História vista de baixo, com a valorização da História Oral e da Autobiografia. Quisemos colocar a Madeira e demais ilhas atlânticas no quadro da investigação e conhecimento histórico do mundo atlântico e dos descobrimentos europeus, através de diversos desafios colocados à investigação e conhecimento histórico. Desta forma, conseguimos uma valorização insular, no quadro da expansão e demos à Madeira o merecido papel de área pioneira e de modelo para todos os projetos europeus de ocupação de novos espaços, por ter sido a primeira área a merecer uma efetiva e permanente ocupação europeia.

Atlântico. Tornou-se evidente o protagonismo da Madeira na evolução da Ciência, a partir do século XVII. De espaço quase esquecido, a Madeira ganhou, assim, afirmação e protagonismo no quadro do conhecimento e da Historiografia. Por fim, assinale-se o fato de ter sido o CEHA, quem, pela primeira vez, desde 1985, chamou a atenção da comunidade científica para a importância das ilhas no conhecimento científico, criando novos paradigmas em termos da investigação. Conseguimos dar às ilhas o que é sua propriedade e fizemos tudo para as colocar no lugar devido dentro do discurso histórico. Criámos uma nova consciência para o conhecimento e contribuímos para afirmar um discurso de diversidade para os insulares, com uma maior consciência dos seus valores e História. Democratizamos o discurso histórico, fizemos o possível para que a História fosse - e seja - de todos e para todos.

Avançámos um pouco mais na abertura e valorização de temas fundamentais, como a problemática da Escravatura, da História do Açúcar, do Vinho e do Municipalismo. Realizaram-se vários encontros e a publicação das respetivas atas conduziu a que se inovasse e que as nossas publicações fossem assinaladas como obras de referência do conhecimento e meios académicos em Portugal e no estrangeiro. O nome do CEHA ganhou um lugar de prestígio nos meios científicos nacionais e estrangeiros. Conquistou uma posição de referência nos meios académicos, de Portugal, Espanha, Estados Unidos da América, Brasil e Japão. Ao fim de trinta anos, vemos a História da Madeira mais desenvolvida e divulgada. Hoje, é ponto assente que a Madeira marcou uma posição importante no discurso da História, quer na Europa, quer no espaço atlântico. Ninguém ignora o papel de modelo/referência da primeira experiência de povoamento do arquipélago madeirense. Conhecese o protagonismo na Madeira nas História do Açúcar e do Vinho. Releva-se e afirma-se a importância da ilha no quadro da afirmação da escravatura no espaço CADERNOS CEHA

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nome do CEHA ganhou um lugar de prestígio nos meios científicos nacionais e estrangeiros. Conquistou uma posição de referência nos meios académicos, de Portugal, Espanha, Estados Unidos da América, Brasil e Japão.

Ao fim de trinta anos, vemos a História da Madeira mais desenvolvida e divulgada. Hoje, é ponto assente que a Madeira marcou uma posição importante no discurso da História, seja na Europa, seja no espaço atlântico. Ninguém ignora o papel de modelo/ referência da primeira experiência de povoamento do arquipélago madeirense. Conhecese o protagonismo na Madeira nas História do Açúcar e do Vinho. Releva-se e afirma-se a importância da ilha no quadro da afirmação da escravatura no espaço Atlântico. Tornouse evidente o protagonismo da Madeira na evolução da Ciência, a partir do século XVII. De espaço quase esquecido, a Madeira ganhou, assim, afirmação e protagonismo no quadro do conhecimento e da Historiografia. Criámos uma nova consciência para o conhecimento e contribuímos para afirmar um discurso de diversidade para os insulares, com uma maior consciência dos seus valores e História.

Cadernos Ceha Centro Estudos de História do Atlântico (CEHA) Rua das Mercês, nº 8, Funchal Tel: 291 214 970 • Fax: 291 223 002 email: [email protected] página web: http://ceha.gov-madeira.pt/ blogue: http://memoriadasgentes.blogspot.com

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