CETOACIDOSE DIABÉTICA: conceitos e intervenções de emergência

August 12, 2017 | Autor: Marcos Leal | Categoria: Saúde Coletiva, Saúde
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CETOACIDOSE DIABÉTICA: conceitos e intervenções de emergência Marcos Leandro Chaves Leal 

Resumo: A cetoacidose diabética é uma complicação originada pelo diabetes mellitus, geralmente pelo DM tipo 1, que não tratada pode ocorrer no DM tipo 2. Sua origem se dá na deficiência da secreção de insulina. Essa carência produzem hormônios contra insulínicos e, consequentemente, essa resposta hormonal faz os tecidos metabolizarem lipídeos, em vez de carboidratos levando assim a CAD. Os principais sintomas são sede excessiva, aumento na frequência urinária, hálito cetônico, fadiga, desidratação e hiperventilação. Nas intervenções em emergências, alguns aspectos decisivos devem ser observados, como a manutenção de vias aéreas, pois na CAD pode haver queda de consciência e gastroparesia; também a hidratação venosa, pela qual o indivíduo com essa patologia terá uma carência de cerca de 4 a 5 litros de líquidos; e a insulinoterapia, para correção de glicemia e redução de cetonemia e também reposição de potássio afim de um balanço hidroeletrolítico satisfatório. As informações contidas nesta obra podem ajudar a entender mais sobre essa desordem metabólica e recuperar o estado do paciente.

Palavras-chave: Cetoacidose diabética. Diabetes. Emergência, Intervenções. Abstract: Diabetic ketoacidosis is a complication caused by diabetes mellitus, usually by type 1 DM, which left untreated can occur in DM type 2. Its origin is given in insulin secretion deficiency. This lack generates hormones against insulin and therefore makes this response of the tissues passing metabolize lipids, instead of carbohydrates did making the DAC. The main symptoms are excessive thirst, increased urination, breathing in acetone , fatigue, dehydration and hyperventilation. When intervening in emergencies, some key aspects should be observed, as maintaining airways, because in the CAD may have fall of consciousness and gastroparesis, Also intravenous hydration, because the individual with this disease have a deficiency of about 4 to 5 liters of liquid; and the Insulin of the therapy to correction and reduction of the acetone and also potassium replacement in order to satisfactory fluid balance. The information contained in this book can help you understand more about this metabolic disorder and retrieve the status of the patient. Keywords: diabetic ketoacidosis . Diabetes. Emergency, Interventions.



Enfermeiro pela Faculdade Guaraí (FAG/IESC) e pós-graduando em Urgência, Emergência e UTI pelo INCAR/PUC Goiás, mestrando em ciências da saúde e suas tecnologias pela FIG Goiás Email: [email protected]

INTRODUÇÃO

A cetoacidose diabética, conhecida pela sigla CAD, é uma causa frequente de admissão em emergência ou unidade de tratamento intensivo pediátrico (UTIP) e que, apesar do desenvolvimento da ciência nos dias atuais, apresenta alta morbidade e mortalidade Piva, (2007, p.3). Por ser um assunto em evidência, este trabalho foi elaborado como pesquisa bibliográfica, descritiva e qualitativa, que teve como fonte de pesquisa filtragem em sites, como Scielo e Google Acadêmico, durante o período de 02 de outubro a 15 de dezembro de 2014. Os artigos utilizados são datados do período entre 2006 e 2014, o que o deixa com a característica de assunto recentemente. Ressalta-se também que houve uma busca com os descritivos: “cetoacidose”, “cetoacidose diabética”, “cetoacidose diabética emergência”, bem como também foram abordadas pesquisas encontradas em livros. O critério de seleção para os artigos que foram usados no presente artigo, foram objetividade e aplicabilidade ao tema desenvolvido, a fim de facilitar o entendimento do leitor/pesquisador. Deste modo, a finalidade desta obra é expor conceitos teóricos sobre a CAD e propor intervenções de emergência voltadas a essa desordem metabólica.

1. DIABETES MELLITUS

O Ministério da Saúde define o “Diabetes Mellitus” (DM) como um transtorno metabólico de etiologias heterogêneas, caracterizado por hiperglicemia e distúrbios no metabolismo de carboidratos, proteínas e gorduras, resultantes de defeitos da secreção e/ou da ação da insulina MINISTÉRIO DA SAÚDE, (2013, p.19). Isso quer dizer que quando falta insulina e o corpo humano não consegue utilizar a glicose como fonte de energia. Desse modo, as células presentes no organismo buscam outros meios para manter seu funcionamento. Uma alternativa encontrada é a utilização dos estoques de gordura como fonte de energia faltosa. Com essa busca por energia nas gorduras e o aparecimento dos chamados corpos cetônicos, o sangue fica ácido, o que quer dizer que o pH foi reduzido além do normal. Se o grau de acidez não pode variar muito, o DM pode apresentar altos índices de morbimortalidade, com perda importante na qualidade de vida dos indivíduos com a doença Silveira (2010, p. 44).

1.1 CETOACIDOSE RELACIONADA AO DIABETES MELLITUS TIPO 1 (DM1)

Uma complicação aguda grave, potencialmente mortal, pode ser a primeira manifestação da doença no diabetes tipo 1. Ela pode ainda resultar no aumento das necessidades de insulina por causa de infecções, traumas, infartos e cirurgias. Segundo Fialho, o diabetes tipo 1 caracteriza-se pela destruição da célula beta, que eventualmente, leva ao estágio de deficiência absoluta de insulina Fialho, (2011, p. 147). Pasqualotto (2012, p. 136) complementa-o assegurando que na maioria das vezes, a destruição ocorre por um mecanismo de autoimunidade. Ele afirma ainda que “existem situações em que não há evidências deste processo, sendo, portanto, caracterizado como forma idiopática do DM”. Assim, a hiperglicemia pode evoluir para cetoacidose diabética (CAD), segundo Neves (2013, p.15): a principal complicação hiperglicêmica no DM1, a qual também é primeira manifestação do DM1 em 25% dos casos. O não reconhecimento

desta condição promove progressiva deterioração metabólica que pode levar a sérias sequelas e até mesmo à morte.

1.2 CETOACIDOSE RELACIONADA AO DIABETES MELLITUS TIPO 2 (DM2)

O diabetes mellitus tipo 2 (DM2) é uma desordem metabólica de etiologia múltipla, caracterizada por hiperglicemia crônica, com distúrbios no metabolismo dos carboidratos, gorduras e proteínas originários de uma defeituosa secreção e/ou ação da insulina nos tecidos-alvos Franchi, (2008, p. 159). Ou seja, os pacientes com diabetes tipo 2 produzem insulina, mas o corpo não responde da forma como deveria à ação da insulina. Ou em outros casos, o paciente não produz insulina suficiente para suprir as demandas do corpo e, nesse processo, a insulina insuficiente não consegue carregar todo o açúcar para dentro das células e ele acaba se acumulando no sangue. Segundo estudos realizados por Venâncio (2012, p. 188) o diabetes mellitus tipo 2, anteriormente conhecido como diabete do adulto, abrange cerca de 90% do total de casos. Assim como o MD 1, importantes estudiosos atestam que, caso não seja tratado a tempo, o DM 2 pode produzir complicações agudas, como a cetoacidose e a síndrome hiperosmolar, Stuhler, (2012, p. 32).

2. CETOACIDOSE DIABÉTICA

Cardoso conceitua a doença: “A cetoacidose diabética pode ser conceituada como uma emergência médica caracterizada por hiperglicemia superior a 250mg/dl; acidose com pH sanguíneo inferior a 7,3; bicarbonato sérico inferior a 15mEq/l; e positividade do soro do paciente à pesquisa de cetonas” (CARDOSO, 2013, p.41).

A cetoacidose diabética (CAD) é caracterizada por incidência abrupta e, geralmente, é constatada nas unidades de urgências e emergências. Além disso, requer tratamento rápido e eficaz, segundo conceitos atribuídos por Ferdele (2011,

p.54). Em até 5% dos casos podem também causar morte e necessitam de tratamento rápido e intensivo, Lucchetti,( 2009, p.3). Na condição de deficiência na secreção de insulina, total ou parcial, Ferreira orienta: “A CAD (...) estimula a secreção de hormônios contra insulínicos como glucagon cortisol, catecolaminas e hormônio do crescimento. Esta resposta hormonal faz os tecidos dependente de insulina metabolizarem os lipídios ao invés de carboidratos (FERREIRA, 2011, p.185)”.

A CAD se baseia em uma grave deficiência de insulina, absoluta ou relativa, conforme se encontre uma baixa na quantidade do hormônio ou se esse hormônio não consegue atuar em seu receptor específico, segundo descrição feita por Jacob (2014, p. 51).

Ao apresentar os sintomas, o Ministério da Saúde reitera o que abordado por Cardoso. Segundo o órgão do governo federal, polidipsia, poliúria, enurese, hálito cetônico, fadiga, visão turva náuseas, dor abdominal, vômitos, desidratação, hiperventilação e alterações do estado mental são os principais sintomas. Além disso, o diagnóstico é realizado por hiperglicemia (glicemia maior de 250 mg/dl), cetonemia e acidose metabólica (pH . Acesso em: 06 out. 2014.

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