CETV 1ª edição: Análise dos mecanismos de persuasão, infoentretenimento e fait divers na disputa por audiência

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CETV 1ª edição: Análise dos mecanismos de persuasão, infoentretenimento e fait divers na disputa por audiência
Rosiane de Melo França
Universidade Federal do Ceará


INTRODUÇÃO
O objeto de análise deste paper é o telejornal cearense CETV 1ª Edição, exibido pela filial TV Verdes Mares, na Rede Globo, pelo canal aberto, no horário do meio-dia. Sobre ele, analisaremos os mecanismos de persuasão, infoentretenimento e fait divers na construção de um telejornalismo cearense "menos sério" e de linguagem acessível às massas, massas essas representadas principalmente pelos indivíduos das classes sociais mais baixas (C, D e E).
Para tanto, serão utilizados como embasamento teórico os estudos da teoria culturológica de comunicação na relação antropológica e social estabelecida entre o telespectador do telejornal CETV 1ª Edição e o veículo midiático; fait divers e infoentretenimento como mecanismos utilizados pelo telejornal no apelo por audiência e autenticidade frente ao público, garantindo-lhe uma subjetividade que se contrapõe ao ideal jornalístico de objetividade e seriedade.
Tendendo a acreditar que a discussão sobre essas temáticas seria demasiadamente extensa, foram selecionadas duas reportagens específicas do telejornal CETV 1ª Edição para serem analisadas mais profundamente: "Caucaia sedia corrida de jumentos" e "Rosicleia acompanha torcedores que aguardam a chegada da seleção a Fortaleza". Ambas são exemplos estereotipados dos mecanismos de infoentretenimento e fait divers, a explicação para essa afirmação será desenvolvida em seguida.
A escolha do tema foi feita diante da percepção da adaptabilidade comunicativa que os meios midiáticos, e nesse caso, o telejornal CETV 1ª Edição, sofrem frente às exigências do mercado capitalista de comunicação (concorrência, disputas por audiência), cada vez mais desenvolvido e complexo em suas ferramentas, e das influencias culturais.
Mercado capitalista esse em que a disputa por audiência coloca o telejornal CETV 1ª Edição numa situação em que ele necessite mesclar e flexibilizar sua estrutura de pautas e distribuição de tempo. Isso a fim de não perder público para as novas mídias sociais (como a internet e a busca de informações jornalísticas online) e/ou para outros veículos midiáticos (programas de outros canais televisivos que disputam horário com o CETV 1ª Edição).

1 COMUNICAÇÃO, JORNALISMO E ENTRETENIMENTO
Antes, porém, de aprofundar os fundamentos teóricos desta análise, torna-se importante contextualizar alguns conceitos. Como, por exemplo, é pertinente considerar a própria definição de comunicação, quando vamos falar de telejornalismo.
Ciro Marcondes Filho irá nos dizer que comunicação é a relação entre os indivíduos, é como eles interagem entre si, compartilhando experiências que irão transformá-los internamente, é tornar comum, diminuir os ruídos. Como ele próprio diz,
Comunicação é algo que ocorre entre as pessoas. Não é nada material, não é um esquema de caixinhas ligadas por fio, não é uma coisa que eu transmito, repasso, que eu desloco ao outro, como se eu pudesse abrir sua cabeça e pôr lá dentro minhas idéias, princípios, informações [...] Comunicação é uma relação entre as pessoas, um certo tipo de ocorrência em que se cria uma situação favorável à recepção do novo. (MARCONDES FILHO, 2008, p. 8).
Ou seja, a função dos comunicadores baseia-se na forma como eles dirigem-se ao público, como ambos interagem a fim de benefícios mútuos.
Ocorre que o jornalismo atual vive um grande emblema de comunicação: optar pela informação (notícia séria e de grande relevância para os cidadãos) e/ou pelo entretenimento (notícias light, como reportagens humorísticas e bizarrices, que promovam o divertimento em detrimento da informação).
Para Fabiana Moraes (2008, p. 100), foi "[...] no âmbito dessa luta por audiências que o jornalismo foi se aproximando cada vez mais do que é diversão, criando (ou sofisticando, muitas vezes) uma modalidade informativa que prioriza o espetacular."
A disputa por audiência seria o que tornou o jornalismo, consequentemente também o telejornalismo, mais adepto ao infoentretenimento. Conceito este que define aquela tendência dos mass media por optarem por reportagens e colunas sobre fofoca, horóscopos, turismo, notícias que apenas nos divertem, e não trazem nada de "construtivo", digamos assim.
Não apenas a audiência foi fator de inserção do infoentretenimento no jornalismo, mas também as necessidades do público em sua extensão cultural, social e histórica, que, em cada região, país e continente, goza de diferentes visões de mundo e deseja a notícia séria, mas também o inusitado, algo que se aproxime de sua realidade cotidiana.
Como Angélica Dejavite (2007, p. 4) afirma, ao tratar das notícias light:

O público (com os seus novos princípios de receber a informação) exige que a notícia – independente do meio em que estiver inserida – informe, distraia e também lhe traga uma formação sobre o assunto publicado. Se as informações jornalísticas não tiverem essas características, não vão chamar a atenção da audiência. Agora, a notícia tem que ser light.

O intelectual Mats Ekstrom, em seu texto Information, Storytelling and Attraction: TV journalism in three modes of communication, define três modos de comunicação: a informação (noticia séria), o storytelling (contagem de histórias) e a atração (entretenimento). Segundo Ekstrom (2000, p. 469), "The three modes of communication are present in any given programme, but the proportions differ.[…] Frequentely, one of the three will dominate." Se em uma comunicação, há informação, narração e atração, não se poderia considerar então o jornalismo apenas como sério, ou apenas como uma "história de ninar", ou apenas como uma ferramenta de divertimento e escapismo.
Ekstrom (2000, p. 465) também afirma que "Journalism is communication in a market: a market of news, images and stories." Ou seja, o jornalismo está inserido dentro de uma lógica de mercado, em que as notícias são divulgadas, vendidas e publicizadas. O autor aponta que se o jornalismo fosse apenas de informação, e não comercial como o é hoje, não teria tanto sucesso e influência sobre as massas.
2 CETV 1ª EDIÇÃO E CULTURA DE MASSA
É nessa perspectiva de um jornalismo local, comercial e popular que o CETV 1ª Edição se encaixa nos estudos da teoria culturológica de comunicação, defendida pelos intelectuais franceses na década de 60 do século XX, na medida em que a mesma estuda as relações entre o consumidor e seu objeto de consumo, relações entre o público que assiste ao CETV 1ª Edição e as mudanças empreendidas (linhas editoriais mais flexíveis, leves, populares) pela inserção midiática no mercado industrial (a inserção do jornalismo na indústria televisiva, neste caso).
O que se propõe a seguir é entender como isso se dá através de um perfil detalhado do telejornal e da sua relação com a audiência e o fait divers a partir da análise minuciosa das duas reportagens citadas anteriormente.
3 CETV 1ª EDIÇÃO – PERFIL DE JORNALISMO LOCAL
Frente às discursões anteriores, lançamos uma explanação detalhada sobre o telejornal CETV 1ª Edição e suas características mercadológicas, persuasivas e culturais.
O telejornal CETV 1ª Edição faz parte, juntamente com o CETV 2ª Edição, da grade de programação da TV Verdes Mares, filial da Rede Globo no Ceará, desde 2009. Substituto do Jornal do Meio Dia, ele é atualmente exibido de segunda a sábado, iniciado ao meio dia e com a duração de 45 minutos. O telejornal atualmente é apresentado por uma dupla de jornalistas, Luiz Esteves e Caroline Ribeiro. É o "companheiro" das tardes dos cearenses, e como o próprio canal online do Diário do Nordeste diz, sua "principal marca é a interação com o telespectador".
A repaginação pela qual os telejornais CETV passaram, substituindo o Jornal do Meio Dia e o Jornal do 10, foi inspirada no SPTV, telejornal corresponde da Rede Globo em São Paulo. Com um espaço interativo além da bancada tradicional, os apresentadores circulam pelo cenário, alternando divulgar notícias mais animadas e descontraídas em pé, em frente à bancada, e entrevistas com convidados ao vivo, no estúdio, ou em reportagens externas comandadas pelo próprio Luiz Esteves para quadros especiais, um deles de grande sucesso popular, o Meu Bairro na TV.
Luiz Esteves, através do Meu Bairro na TV, se propunha a visitar cada um dos bairros de Fortaleza e da Região Metropolitana, a fim de recolher reclamações dos moradores e afunilar o contato mais "íntimo" com os moradores e telespectadores do telejornal.
As reportagens no CETV 1ª Edição acolhem diversas temáticas, é mesmo uma pluralidade os assuntos abordados. Acidentes de trânsito, eventos culturais, blitz sobre as obras da Copa do Mundo de 2014, turismo, quadros especiais, assistência aos direitos dos cidadãos, engarrafamento no trânsito, artesanato, etc. Notamos que, no telejornal, entre os blocos de intervalos, essas notícias são embaralhadas de tal forma que reportagens de tragédia e diversão são alternadas com frequência.
Podemos salientar a grande disparidade que aqui se encontra, no exemplo CETV 1ª Edição, em relação ao padrão de objetividade e seriedade dos jornais televisivos que são considerados mais comportados e "certinhos" (Jornal Nacional seria um exemplo a que se comparar). Falas diretas, expressões vagas e sérias, dureza nos movimentos físicos não parecem definir o telejornalismo do CETV 1ª Edição em sua completude.
Não afirmamos aqui que se trata de um telejornal ao estilo jornalístico "Encontro com Fátima Bernardes", que oferece mais entretenimento que jornalismo por seu caráter efêmero, agitado e direcionado quase integralmente a celebridades, com aquele toque de moralismo e descontração. O que iremos deixar claro é que o CETV 1ª Edição, nas reportagens selecionadas, segue uma linha editorial adaptada ao perfil do povo cearense, conhecido como bem-humorado, carismático, amigável, receptivo.
Ekstrom atesta que os idealizadores de um programa televisivo manipulam bem as notícias a fim de atingir o grau de percepção e atenção ao qual seu público se sentiria melhor representado, quando diz que
The makers of a programme are out to achieve something, they want to address their intended audience in a certain way. Their intentions may be vague and more or less unarticulated, or they may be highly precise and explicit. […] behind each production there is a set of intentions on various levels – ranging from how the programme ideally should be perceived (e.g. as serious investigative journalism) to intentions regarding an individual figure's appearance (e.g. an anchorperson who seeks to inspire confidence). (EKSTROM, 2000, p. 467).

4 AUDIÊNCIA E FAIT DIVERS EM REPORTAGENS DO CETV 1ª EDIÇÃO
A programação diária das TVs abertas, geralmente, prioriza a colocação de jornais televisivos em horários estratégicos para a audiência. Há um telejornal da manhã (Bom Dia Brasil, Bom Dia Ceará, Fala Brasil, Jornal do SBT Manhã e etc.), um pelo período da noite (Jornal Nacional, Jornal da Record, Jornal da Band, SBT Brasil e etc.) e esperava-se que pelo período do meio-dia houvesse também um confronto de horários entre os telejornais.
No entanto, na grade de programação de nossos telejornais locais, nenhum deles (nenhum das grandes emissoras: Record, Band, SBT) concorre com a audiência do CETV 1ª Edição, e sim os programas policiais Cidade 190 e Barra Pesada, respectivamente dos canais locais de comunicação TV Cidade e TV Jangadeiro. Esses dois programas tratam de barbáries, assassinatos, roubos e furtos no estado do Ceará, daí darem jus ao título de "programas policiais".
O contraste "gritante" que existiria entre o público-alvo de um telejornal sério e o de um programa policial é exemplificado pelos números da audiência, que no Ceará tem sido mais favorável aos programas policiais, segundo dados online do site TV Pop.
Sendo assim, seria mais uma das motivações para que o CETV 1ª Edição flexibilizasse sua grade de pautas, com reportagens leves e descontraídas, o uso de imagens de denúncia social, as matérias sobre acidentes, informações sobre o trânsito, entrevistas humorísticas, turismo, toda uma organização de notícias que prendessem o público e o deixassem mais à vontade.
Dessa forma, é que se inserem os mecanismos de fait divers e a disputa pela audiência no jornalismo, que é agora também comercial. Sylvie Dion (2007, p. 123) diz que "Todos os dias nossos jornais reservam um lugar, mais ou menos importante, para este tipo de informações tão diferentes quanto curiosas."
Essa é uma inclinação de pensamento semelhante ao que defendia Ekstrom, ao postular que toda comunicação está torneada por informação (notícia séria), narrações de acontecimentos e atrações (divertimentos), e que apenas uma delas prevalece, no caso das reportagens selecionadas, a atração do bizarro, do inédito, do espanto, do escapismo.
Um fait divers significa igualmente uma notícia de pouca importância, um fato insignificante oposto à notícia significativa e ao acontecimento histórico:
Por volta da metade do século XIX produz-se uma mudança notável: o jornal tende a sair do seu isolamento aristocrático e, reduzindo seu preço de venda para colocar-se ao alcance de todos os bolsos, procura conquistar o imenso público popular que ele não tinha conseguido atingir até o momento. É o nascimento da imprensa popular a um tostão. (DION, 2007, p. 125).

No CETV 1ª Edição, usaremos como objeto de exemplificação de fait divers e do uso de infoentretenimento na busca tanto por audiência como conquista de público, as duas reportagens "Caucaia sedia corrida de jumentos", de 27 de agosto de 2012, e "Rosicleia acompanha torcedores que aguardam a chegada da seleção a Fortaleza", de 17 de junho de 2013 (links disponíveis na bibliografia).
4.1 ANÁLISE "CAUCAIA SEDIA CORRIDA DE JUMENTOS"
Quando da pesquisa para este paper, foram encontradas diversas outras reportagens sobre a mesma temática da corrida de jumentos, de localidades díspares do país. Logo, vê-se a falta de autenticidade no assunto, mas também se enfatiza até que ponto os telejornais estão investindo em fait divers. Eis o ponto de vista de Dion (2007, p. 131):
"O fait divers é igualmente recorrente, já que explora sem cessar os mesmos temas indiferentemente das épocas: o desafio do jornalista consiste primeiro em escolher o acontecimento potencialmente explorável, depois dramatizar esta atualidade com um modo espetacular. Em outros termos, fazer o 'nunca visto' com uma história, em resumo, banal."

A reportagem inicia apresentando uma competição esportiva na cidade de Caucaia. Poderia ser uma notícia esportiva normal, se não fosse por se tratar de uma competição de corrida de jumentos. Até então, o narrador do vídeo dita as regras para o "torneio": são dezesseis jumentos que disputam de dupla em dupla, os três primeiros colocados (obviamente os prêmios são para os donos dos jumentos) ganham uma determinada quantia de dinheiro e medalhas.
O idealizador do evento explica o significado do nome escolhido para essa competição ao repórter: Pirajegue (uma junção de Pirapora com Jegue). O conjunto de música de fundo – que mais parece ter saído de um filme de desenho animado –, os efeitos da câmera, a narração emocionada e rápida do repórter dão à reportagem o aspecto humorístico. Vê-se que não se está falando nada sério, nada que vá contribuir para o pensamento crítico e racional.
Cabe aqui a crítica a essa comercialização e abandono do jornalismo sério, feita por Ekstrom (2000, p. 470): "The problem with commercialization and tabloidization of journalism is that people do not receive the kind of information they need to be good citizens." Ou seja, investe-se nessa reportagem sobre a corrida de jumentos em Caucaia elementos humorísticos e inusitados, mas que de nada contribuem para nosso intelecto. É uma distração, um fait divers.
Não podemos negar que o fato em si, o evento da corrida de jumentos, é um traço cultural nosso, faz parte do povo cearense. Não negamos que seja de grande importância cultural. O que afirmamos é que a forma como a reportagem foi construída, com vinhetas e efeitos de câmera engraçados e a linguagem informal, mostra que o objetivo do CETV 1ª Edição não era apenas divulgar e valorizar uma tradicional corrida de jumentos em Caucaia, mas principalmente provocar o riso, a diversão, o entretenimento.
E isso sem um objetivo sério, sem um desejo de mudança social, sem amenizar em nada os problemas dos cidadãos. É um apelo à audiência, visto que esse tipo específico de reportagem repercute por sua excentricidade e ineditismo.
O perfil do telespectador do CETV 1ª Edição, pelo horário em que é exibido (12h) e pelos programas policiais que com ele concorrem, é provavelmente constituído por grupos de classes mais baixas (C, D e E), donas de casa, empregados assalariados em horário de almoço, por isso o apelo à audiência através do riso conquista seu espaço entre a classe popular, que deseja ser compreendida, incluída em sua realidade social em tipos de reportagens leves, divertidas e não apenas aquela mesma seriedade jornalística distante e elitista.
É claro que não se pode generalizar nem formar estereótipos do telespectador que assiste a um telejornal com o formato do CETV 1ª Edição. No entanto, a relação do público com o objeto da reportagem, apesar das intenções humorísticas do canal de comunicação, só foge de possuir ruídos quando ele mesmo decide selecionar aquele tipo de notícia como importante para si, relevante aos seus olhos, como nos diz Ekstrom (2000, p. 471):
In some cases viewers choose to watch the programme in order to find out things that are of special relevance to them, to get guidance in various situations and roles – in their occupations, as consumers, as victims of emergencies, or as politically interested citizens.


4.2 ANÁLISE "ROCICLEIA ACOMPANHA TORCEDORES QUE AGUARDAM A CHEGADA DA SELEÇÃO A FORTALEZA"

Apresenta-se aqui uma típica contradição de temáticas. Essa reportagem, anunciada por Luiz Esteves no estúdio do CETV 1ª Edição, na data de 17 de junho de 2013, dois dias antes do jogo do Brasil contra o México, pela Copa das Confederações, no estádio Castelão, trata-se também de um fait divers. E uma tentativa brusca de unir humor ao futebol.
Apesar de se anunciar que quem irá fazer a reportagem é Rocicleia, uma humorista local de Fortaleza, a temática do futebol parece que vai predominar durante a vídeo-reportagem ou pelo menos a notícia trará alguma informação pertinente sobre a chegada da seleção a Fortaleza. No entanto, não acontece da forma esperada.
Com "gritinhos" e um visual excêntrico, Rocicleia aborda torcedores no aeroporto de Fortaleza, onde ela deveria procurar pelos jogadores da seleção brasileira, mas começa perguntando aos torcedores sobre qual dos jogadores é o melhor da seleção, as expectativas frente ao novo treinador da mesma. Seriam perguntas pertinentes se, pelo menos, as entrevistas fossem levadas a sério.
Vê-se claramente que o intuito não é saber as respostas das pessoas, porque Rocicleia as interrompe, solta piadas ao som da vinheta da música Piradinha, de Gabriel Valim, um dos produtos midiáticos de sucesso atual em uma das novelas da Rede Globo (trilha oficial da personagem Valdirene, de Amor à Vida, uma mulher atrapalhada, engraçada e instável).
Logo, descontrói-se em sua totalidade o conteúdo futebolístico e informativo da reportagem. Pelo menos, em sua essência, é desvalorizado. O jogador Neymar é citado, pela própria Rocicleia e seus entrevistados, muitas vezes como ícone de beleza e desejo entre as mulheres, pela sua fama nos meios televisivos, como personagem de polêmicas. Ou seja, a carga comercial da relação do telespectador prevalece sobre o jornalismo sério, objetivo.
A humorista modifica o foco da reportagem para deixá-la mais inovadora, oferecendo uma perspectiva diferente da que se esperaria de uma matéria sobre futebol. A utilização do fait divers empobrece a notícia de conteúdo informativo, mas enriquece de espanto, humor, familiaridade e o sentimento de proximidade com o telespectador cearense, através da abordagem cômica e informal.
Como apontou Ekstrom (2000, p. 481), "When the extraordinary becomes 'normal' and loses its singularity, media producers must break new ground and find new objects to exploit in new and different ways."





















REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CAUCAIA sedia corrida de jumentos. CETV 1ª Edição, Fortaleza. 27/08/2012. (Vídeo exibível apenas online) 02:35 min. Disponível em: < http://globotv.globo.com/tv-verdes-mares/cetv-1a-edicao-fortaleza/v/caucaia-sedia-corrida-de-jumentos/2109063/>. Acesso em: 04 dez. 2013.

DEJAVITE, Fabia Angélica. A Notícia light e o jornalismo de infotenimento. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE CIÊNCIAS DA COMUNICAÇÃO, 30., 2007. Santos. 15 p.

DION, Sylvie. O "fait divers" como gênero narrativo. Revista 34, 2007, p. 123-131.

EKSTROM, Mast. Information, storytelling and attractions: TV journalism in three modes of communication. Media, Culture and Society, p. 466-492, 2000. Disponível em: . Acesso em: 04 dez. 2013.

JORNALISMO repaginado. Diário do Nordeste, Fortaleza, 01 março 2009. Disponível em: . Acesso em: 04 dez. 2013.

MARCONDES FILHO, Ciro. A Saga dos cães perdidos. São Paulo: Hackers Editores,
2000, p.84.

NASCIMENTO, Douglas. Cidade 190 conquista a liderança isolada para a Record em Fortaleza. 27/08/2013. Disponível em: . Acesso em: 04 dez. 2013.

NASCIMENTO, Douglas. Cidade 190 registra liderança isolada em Fortaleza. 30/10/2013. Disponível em: . Acesso em: 04 dez. 2013.

REDE RECORD. Programação Rede Record. Disponível em: . Acesso em: 04 dez. 2013.

ROCICLEIA acompanha torcedores que aguardam a chegada da seleção a Fortaleza. CETV 1ª Edição, Fortaleza. 17 jun. 2013. (Vídeo exibível apenas online) 04:25 min. Disponível em: . Acesso em: 04 dez. 2013.

SILVA, Fabiana Moraes da. A não-notícia, um produto do infoentretenimento. Estudos em Jornalismo e Mídia, ano V, n. 1, p. 99-108, jan./jun. 2008.

SISTEMA BRASILEIRO DE TELEVISÃO. Programação SBT. Disponível em: . Acesso em: 04 dez. 2013.

TV CIDADE. Programação TV Cidade. Disponível em: . Acesso em: 04 dez. 2013.


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