Challenges 2013. Braga, Portugal. HANDS-ON-TEC: ESTRATÉGIA PEDAGÓGICA E TECNOLOGIAS MÓVEIS

June 6, 2017 | Autor: Valdir Rosa | Categoria: Educational Technology, Learning and Teaching
Share Embed


Descrição do Produto

Challenges 2013. Braga, Portugal. HANDS-ON-TEC: ESTRATÉGIA PEDAGÓGICA E TECNOLOGIAS MÓVEIS Valdir Rosa Universidade do Minho,PT. ([email protected]) Selma Santos Rosa UFSC,BR ([email protected]) Carlos Alberto Souza IFSC/Itajaí, BR ([email protected]) Gisele Luz Cardoso IFSC, Gaspar, BR ([email protected]) Osmarilda Borba IFSC/Itajaí, BR ([email protected])

Resumo: Este artigo enquadra-se como apresentação de um projeto de investigação em curso, com alguns resultados preliminares, cujo objetivo é apresentar uma estratégia pedagógica para o ensino de Ciências Naturais, Matemática e suas Tecnologias (CNMT), que contribua para o uso, com fluência digital e criticidade, de laptops educacionais, considerando o acesso individual e coletivo dos alunos a conteúdos e instrumentos/objetos digitais para uso pedagógico, de forma autônoma e colaborativa. Para isso, seguimos as diretivas da estratégia pedagógica intitulada “Hands-on-Tec”, na qual destacamos o uso de Tecnologias Educacionais Móveis como instrumentos de apoio pedagógico às práticas de laboratório ou a realização de experimentos no Ensino de CNMT entendidas como uma articulação importante para o ensino e a aprendizagem de conceitos científicos. Defendemos que a combinação desta estratégia com o método de ensino chamado “Resolução de Problemas”, aliados a abordagens construtivistas, fortalece o uso de aplicações da Web com vistas ao desenvolvimento de uma cultura digital, favorecendo novas habilidades e competências exigidas pela era digital e, além disso, contribui com a ampliação do tempo e do espaço de aprendizagem favorecidos pela mobilidade e, concomitantemente, o desenvolvimento da autonomia na aprendizagem, a qual favorece a educação por toda a vida, defendida pela UNESCO. Palavras-chave: Laptops educacionais, Hands-on-tec, Tecnologias educacionais, Resolução de problemas.

Abstract: This article classifies itself as the presentation of a research project in progress, with some preliminary results, whose goal is to provide a pedagogical strategy to the teaching of Natural Sciences, Mathematics and its Technologies (CNMT), which contributes to the use, with digital fluency and criticism of educational laptops, taking into consideration students' individual and collective access to content and digital tools/objects for pedagogical use, autonomously and collaboratively. To this end, we followed the directives of a pedagogical strategy, namely “Hands-On-Tec”, in which we highlight the use of Mobile Educational Technologies as supportive pedagogical tools to laboratory practices or the performing of experiments during the teaching of CNMT, understood as an important articulation for the

Challenges 2013. Braga, Portugal. teaching and learning of scientific concepts. We argue that the combination of this strategy with a method of teaching, namely “Problem Solving”, coupled with constructivist approaches, strengthens the use of Web applications aiming at developing a digital culture, encouraging new skills and competencies required by the digital age and also contributes to the expansion of time and space for learning supported by the mobility and, at the same time, to autonomy development in learning which promotes lifelong education, as defended by UNESCO. Keywords: Educational Laptops, Hands-on-Tec, Educational Technologies, Resolution of problems.

Introdução No Brasil, o uso de laptops em sala de aula fomentado pelo Governo Federal por meio do programa Um Computador por Aluno (UCA), criado em 2007, tem como finalidade promover a inclusão digital, pedagógica e social mediante a aquisição e a distribuição de laptops educacionais em escolas públicas (Brasil, 2010). Após seis anos de sua implantação, podemos encontrar diversas experiências inerentes ao uso dos laptops no âmbito do programa supracitado. Alguns desafios e boas práticas de uso foram se revelando na medida em que esses recursos foram sendo inseridos nas escolas, os professores foram sendo preparados e aderindo ao seu uso com mais efetividade, os problemas técnicos foram sendo diagnosticados e solucionados - parcial ou completamente, e os alunos e professores foram aperfeiçoando suas habilidades técnicas e cognitivas relacionadas ao uso dos laptops (Pontes, 2011). Com isso, as necessidades, as possibilidades e os desafios foram surgindo e com eles novos espaços para pesquisas e contribuições para incentivar e promover o uso desse recurso como apoio ao processo educacional e a inclusão digital e social. Dar um Laptop para cada criança significa proporcionar acesso ao conhecimento sobre o resto do mundo e com isso, ultrapassar os muros da escola para espaços abertos de aprendizagem, como os disponíveis na internet, por exemplo. Neste contexto, torna-se importante investigar como deve ser a escola quando a informação está a um click de distância. As crianças que usam computador fora do contexto escolar estão acostumadas a procurar o saber quando querem e as conseguir quando precisam. Também estão acostumadas a se comunicar com professores e outras pessoas quando é necessário. Assim, são destacadas a autonomia e a colaboração como características marcantes das novas gerações. Dentre os campos de atuação criados pelas Tecnologias Educacionais Móveis (TEM) 1, destacamos nessa pesquisa a área de Ciências da Natureza e Matemática (CNMT). Temos constatado

1 Consideramos as TEM como, por exemplo, laptops, tablets, ipods, celulares e similares.

Challenges 2013. Braga, Portugal. questionamentos de pesquisadores e cientistas sobre aspectos de motivação e interesse pelo ensino de CNMT na Educação Básica2, fato que requer atenção, pois nota-se que o espírito científico está presente na criança que pergunta, busca incansavelmente até conseguir sanar sua curiosidade e compreender o que a rodeia. Entretanto, a comunidade educacional reconhece que o sistema de educação está levando a criança a perder o interesse pelos estudos de ciência, fato que tornam imprescindíveis novas alternativas que promovam mudanças significativas no processo de ensino e da aprendizagem (Moreira, 2009). Diversas pesquisas sobre o uso de tecnologias educacionais apresentam fatores imperativos que afetam o sucesso da implementação das tecnologias nas escolas. Alguns desses fatores são: (1) o grau de apoio dos professores à mudança; (2) suas atitudes em relação a isso; (3) a vontade deles aceitarem a mudança e investir para além de seu tempo e deveres regulares, para o seu sucesso e (4) a dificuldade de utilizar tecnologias educacionais como ferramentas cognitivas para que sua contribuição, no que se refere à construção do conhecimento, possa levar o estudante a compreender a informação e saber utilizá-la (Souza, 2004; Souza & Santos, 2012). Neste artigo, apontamos para a necessidade de fomentar contribuições para a área de CNMT, por considerar necessário propiciar ao estudante do Ensino Básico, uma formação sobre questões científicas e tecnológicas com as quais ele possa vir a lidar durante sua participação política e social no país em que vive. Além disso, salientamos que a estrutura curricular vigente do ensino básico necessita de uma revisão para contribuir para essa formação, em tempo e espaço presencial. Supomos que o uso de laptops educacionais, agregados a novas abordagens pedagógicas que exijam conhecimentos científicos e tecnológicos para os professores ensinarem os conteúdos programáticos dessa área e os estudantes aprenderem esses conteúdos de forma significativa, pode ser um caminho para atender aos propósitos da Educação Básica. Consequentemente, pode ser também um caminho para atender às questões sociais vigentes, além de, concomitantemente, explorar o uso das tecnologias educacionais disponíveis nas escolas públicas brasileiras. Elegemos como objeto de investigação os laptops educacionais devido, principalmente, ao significativo movimento e adesão a este recurso nas escolas públicas e privadas no Brasil, o qual, inspirado no projeto One Laptop Per Child (OLPC), o paradigma Um Computador por Aluno foi introduzido na educação básica, tanto em caráter educacional quanto social. Assim, enfatizamos a necessidade de diagnosticar e compreender diferentes abordagens pedagógicas utilizadas no uso desses computadores em contextos distintos, como ferramentas de apoio ao sistema de ensino e de aprendizagem de CNMT, bem como seus benefícios educacionais.

2 Entende-se por Educação Básica no Brasil o período correspondente ao Ensino Fundamental (EF) (1º ao 9º ano) e ao Ensino Médio (EM) (1º ao 3º ano).

Challenges 2013. Braga, Portugal. Pelo exposto, esse artigo enquadra-se como apresentação de um projeto de investigação em curso, com alguns resultados preliminares, cujo objetivo é apresentar uma estratégia pedagógica para o ensino de CNMT, que contribua para o uso, com fluência digital e criticidade, de laptops educacionais, considerando o acesso individual e coletivo dos alunos a conteúdos e instrumentos/objetos digitais para uso pedagógico, de forma autônoma e colaborativa. Para isso, seguimos as diretivas da estratégia pedagógica intitulada Hands-on-Tec, proposta por Rosa e Silva (2012) na qual destaca o Uso de TEM como instrumentos de apoio pedagógico às práticas de laboratório ou a realização de experimentos no Ensino de CNMT entendidas como uma articulação importante para o ensino e a aprendizagem de conceitos científicos. Através das práticas experimentais, o aluno consegue compreender como os conceitos estudados na sala de aula são aplicados para se resolver uma situação problema. Para que a aprendizagem aconteça, o professor deve partir de questões investigativas que se constituam problemas reais e presentes no cotidiano do aluno para que as atividades experimentais possam “[...] ser garantidas de maneiras a evitar que a relação teoria-prática seja transformada em uma dicotomia” (Delizoicov & Angotti, 1992, p. 22). Por isso, a prática experimental deve ser acompanhada pelo professor, o qual deverá buscar saber quais são as explicações apresentadas pelos alunos, quais suas observações e resultados e, quando necessário, realizar uma intervenção e orientar de forma que apresente outros caminhos que possam ser trilhados para que a solução seja alcançada pelos alunos. Neste sentido, o uso dos laptops na sala de aula apresenta-se como uma ferramenta ao professor para ajudá-lo a apresentar os caminhos que devam ser seguidos pelo aluno. Para R. K. Silva (2009), o uso dos laptops provocou mudanças no comportamento e na postura do professor, pois o levou a refletir e a buscar alternativas para mudar sua prática pedagógica. Já Santos (2010) salienta que o uso dos laptops colaborou para aprimorar e enriquecer o desenvolvimento dos conteúdos já programados pelos professores, além de dar oportunidades ao aprofundamento dos temas previstos no currículo pré-estabelecido. No entanto, ainda segundo a autora, muitos professores possuem dúvidas em como utilizar os laptops em suas práticas de sala de aula: “[...] o grande desafio percebido pelo corpo docente [...] foi justamente como desenvolver práticas pedagógicas acertadas para a utilização didática dos laptops” (Santos, 2010, p. 192). Por sua vez, a pesquisa de M. H. Silva (2009) aponta para as novas práticas educativas desenvolvidas por professores graças aos laptops educacionais, a fim de se “empenharem na busca de formas de ensino menos estáticas e lineares” (M. H. Silva, 2009, p. 120). Na mesma linha dos professores-participantes da pesquisa de M. H.Silva (2009), passaremos a descrever a estratégia pedagógica Hands-On-Tec, cujo objetivo é o de integrar a tecnologia com as práticas experimentais e tornar o professor um “mediador” entre o aluno e o conhecimento.

Challenges 2013. Braga, Portugal. A estratégia Hands-on-Tec como proposta para o uso dos laptops no ensino de CNMT na educação básica Desde 2011, o grupo de pesquisa Mídias e Educação, no qual os autores desta pesquisa estão inseridos, tem desenvolvido pesquisas fomentadas pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), relacionadas ao uso de laptops educacionais na educação básica. Em nossas investigações, temos constatado a necessidade de contribuir com estratégias de ensino que corroborem o uso, com fluência e crítica pelos docentes e alunos, dos laptops no processo de ensino e aprendizagem, especialmente, na área de CNMT. Os resultados de nossas investigações culminaram na elaboração de uma estratégia pedagógica com vistas a contribuir com as práticas de ensino e aprendizagem mediada por laptops educacionais, aplicadas ao ensino de CNMT. Deste modo, propomos o uso da Hands-on-Tec (Rosa & Silva, 2012), a qual é uma adaptação da Técnica Hands-on (Chevalérias, 2002) em conjunto com a Teoria de Resolução de Problemas (RP) e a utilização das TEM. A técnica Hands-on, cuja tradução em português seria “mãos na massa”, foi criada para contribuir com a inovação do ensino de Ciências, com o propósito de dar oportunidade à criança de ter um primeiro contato com esse campo do conhecimento, levando-a a observar, manipular, registrar e refletir sobre determinados fenômenos. Neste sentido, a Ciência deve ser vivida para ser entendida (Chevalérias, 2002; Rosa & Silva, 2012). A técnica supracitada consiste em desenvolver competências que compreendem: a observação, a investigação, o registro e a discussão. Por meio dela, durante a realização do trabalho científico, o aluno constrói progressivamente competências de linguagens, tanto orais como escritas, ao mesmo tempo em que elabora o seu raciocínio. Assim, o professor poderá estimular os alunos na sala de aula a discutirem em grupos, ações que poderão solucionar um determinado problema de ciências. No sentido acima, Rosa e Silva (2012) propôs uma extensão da Hands-On, em contíguo com o método de ensino Resolução de Problemas, a qual denominou Hands-on-Tec (mãos na tecnologia) cujo objetivo principal é favorecer a aprendizagem de CNMT apoiadas por tecnologias educacionais, especialmente as móveis. O foco principal da Hands-on-Tec é a aprendizagem do conteúdo programático desenvolvido pelo professor. Esta estratégia pedagógica considera, assim como o Conselho de Altos Estudos e Avaliação das tecnologias de comunicação e informação digitais, que sua imersão na educação (Brasil, 2008): (a) conduz ao desenvolvimento de uma cultura digital, a qual favorece a ampliação da interação por meio de uma multiplicidade de linguagens e potencializa a inclusão digital da comunidade escolar e da família; (b) promove a equidade social, considerando as novas habilidades e competências exigidas pela era digital; (c) amplia o campo de aprendizagem individual para a aprendizagem coletiva e também favorece a capacidade de aprender a aprender; (d) amplia o tempo

Challenges 2013. Braga, Portugal. e o espaço de aprendizagem favorecidos pela mobilidade e, concomitantemente, o desenvolvimento da autonomia na aprendizagem a qual favorece a educação por toda a vida, defendida pela UNESCO (Delors, 1998); (e) constitui múltiplas formas de comunicação que favorecem a interculturalidade, o trabalho colaborativo e cooperativo, a autoria, a co-autoria de estudantes e professores e (f) promove a passagem de uma aprendizagem individual (onde o aluno aprende a partir de sua interação com o conteúdo) para uma aprendizagem colaborativa (em que o aluno aprende através das relações com seus pares e também por meio de suas interações com conteúdo, recursos didáticos digitais, etc.). No contexto acima, consideramos que a portabilidade das TEM, incluindo os laptops, pode favorecer a aprendizagem autônoma e colaborativa dentro e fora da sala de aula, haja vista a dinâmica que o seu uso pode estabelecer entre os alunos diante das situações de aprendizagem estabelecidas por professores. A sequência para a realização de uma atividade Hands-on-Tec, divide-se em três fases distintas: (1) a primeira, formada pela: apresentação, problematização, levantamento de hipóteses e experimentação; (2) a segunda em um grande grupo, relatando as hipóteses e as dificuldades enfrentadas para realizar o experimento e a solução encontrada e, a contextualização com o professor; a (3) terceira fase composta de duas etapas: (a) o uso das TEMs, que inclui a pesquisa na internet e (b) relatório individual, que segue passos de Resolução de Problemas (RP), elaborado nos laptops em softwares de edição de texto, de edição de imagens, de apresentação, de edição de vídeos, etc. Para iniciar a aula, primeira fase, propomos que o(a) professor(a) apresente a atividade, o título e uma descrição prévia para despertar o interesse dos alunos. Enfatizamos a importância de valorizar a compreensão da atividade, pelos alunos, durante todo o processo. A emissão de hipóteses é justificada abaixo, quando tratamos da RP:  a problematização é o momento em que o professor apresenta situações e/ou fenômenos conhecidos dos alunos para que, em diálogo, possa explorar, incentivar suas expressões e opiniões (Souza, 2004). Assim, apresenta aos alunos uma questão-problema e pergunta à eles qual seria a melhor forma de resolvê-la.  a elaboração de hipóteses, é a etapa pelo qual os alunos discutem e formulam suas ideias sobre como podem resolver a questão-problema. O que é preciso fazer ou acontecer para a questão-problema ser solucionada? Para alcançar a resposta, os alunos irão utilizar suas preconcepções na elaboração de suas hipóteses e, somente depois, buscar os conceitos científicos envolvidos na solução.  a experimentação ocorre para que os alunos possam manipular os materiais e testarem suas hipóteses. Se nenhuma for correta, discutem e testam outras ideias para atingir a solução

Challenges 2013. Braga, Portugal. correta. Durante a realização do experimento, o professor orienta os alunos a utilizarem o laptop para registrarem este momento, filmando ou fotografando. O registro é importante nessa etapa, pois será utilizado novamente quando for elaborado o relatório final. A experimentação também estimula a curiosidade dos alunos e, consequentemente, a motivação individual e do grupo. Assim, a experimentação também contribui na elaboração de “novas” hipóteses e, na explicitação de suas concepções prévias. No papel de mediador, o professor não fornece respostas às questões levantadas pelos alunos, mas explora e amplia os questionamentos, para que os alunos reformulem seus conhecimentos. Na segunda fase, o professor reúne os estudantes em um grande grupo, orienta-os a relatarem as hipóteses que possuíam antes do experimento, quais dificuldades enfrentaram para realizar o experimento e como conseguiram resolver o problema. Momento em que os alunos aprendem com os colegas, o professor aborda as ideias errôneas, socializam as dificuldades e discutem o porquê destas e, principalmente, todos chegam à solução do problema apresentado, ou seja, como foi possível resolver. É importante enfocar a colaboração dos colegas entre si na atividade. Ao concluir está fase, o professor deve contextualizar o experimento, exibindo um vídeo que apresente uma situação do cotidiano que tenha semelhança com conceitos do experimento realizado. A terceira fase se destaca pelo uso das TEM, numa primeira etapa, (a) inclui a pesquisa na internet. Assim os alunos buscam ampliar os conhecimentos já discutidos no pequeno e grande grupo. Registram suas descobertas em relação ao problema inicial, discutem com os colegas da equipe e iniciam o relatório que envolve a resolução do problema. Em seguida, (b) os alunos são orientados a elaborarem um relatório individual seguindo os passos da RP (Souza, 2004), elaborado nos laptops e apresentado ao grande grupo, como segue:  Título da atividade. Os alunos podem utilizar o mesmo título da atividade apresentada ou modificar, conforme suas justificativas;  Aponte suas hipóteses. Elas dependem da compreensão do problema. Os alunos devem transitar pelos conhecimentos científicos, sugerindo possibilidades, apontando as grandezas científicas, leis e princípios necessários. A formulação de hipóteses faz surgir ideias errôneas, permitindo ao professor tratá-las no momento adequado. No grande grupo, ao relatarem as hipóteses. A partir das hipóteses, podemos analisar os resultados e nos aproximarmos das características do trabalho científico (Gil Perez, as cited in Souza, 2004, p. 153);  O que temos e o que queremos. Ao reconhecer os conhecimento científicos envolvidos, leis e princípios, o que possui e o que busca, está desenvolvendo habilidades de RP;  Esboçar um esquema da situação. É importante para que o aluno compreenda o problema e visualize-o;  Descrever a resolução. Descreva a resolução do problema, apontando os conceitos

Challenges 2013. Braga, Portugal. científicos fundamentais na solução. Como se integram os conceitos, leis e princípios científicos?;  O que significa o resultado encontrado. Essa solução explica de forma científica o problema? Apesar de pouco estimulados em sala de aula, esses momentos da RP são essenciais para a aprendizagem, tanto dos conhecimentos como da própria RP. Porque os alunos também devem aprender estratégias para solucionar outros problemas. Afinal, não é isso que ensinamos na Escola? E no cotidiano? Durante a atividade, é necessário que os estudantes busquem compreender os conceitos relacionados ao experimento, o significado de palavras, a utilização de fórmulas (se for o caso), e a seleção de vídeos ou imagens que representem as relações com o que está sendo estudado. Para finalizar a atividade, ainda utilizando as TEM, recomenda-se uma apresentação em grupo sobre os resultados, uma apresentação em um software de edição para esta finalidade, como por exemplo, o Powerpoint/impress, ou a produzirem um vídeo do experimento, gravar um podcast sobre o experimento, publicar o resultado e a experiência em um blog relacionado ao tema da disciplina ou, ainda, registrar fotos do material e o procedimento para se chegar ao resultado. Apresentamos a seguir, orientações iniciais aos professores por meio das quais estimamos que eles compreendam a atividade e também como poderão realizá-la com seus alunos. Em seguida, apresentamos um exemplo das atividades que disponibilizamos aos professores, com base na Hands-on-Tec. Ambiente virtual de consulta e colaboração de atividades baseadas na estratégia Hands-on-Tec Com o propósito de auxiliar os professores na aplicação da Hands-on-Tec, elaboramos um ambiente virtual no qual disponibilizamos as principais orientações para o desenvolvimento deste tipo de atividade e também sugestões de atividades baseadas na proposta da estratégia pedagógica Handson-Tec. Na figura 1, apresentamos a estrutura desse ambiente virtual desenvolvido pelo grupo de pesquisa deste projeto:

Challenges 2013. Braga, Portugal.

Figura 1 – Estrutura do ambiente virtual Hands-on-Tec. Disponível em: www.handstec.org

Conforme a figura 1, a estrutura elaborada para apresentar aos professores a estratégia de ensino por nós proposta e também para disponibilizar um canal de comunicação, cooperação e colaboração entre professores e pesquisadores desse campo de conhecimento, é composta por uma área de apresentação da Hands-on-Tec e sugestões de atividades elaboradas por integrantes dessa pesquisa, cuja busca pode ser realizada por categorias (atividades do 1º ao 3º, do 4º ao 6º e do 7 ao 9º ano) e por palavras-chave. Como componente de cooperação e colaboração, está disponível ao professor uma área de publicação onde ele pode inserir suas próprias atividades, as quais podem ser utilizadas por outros professores. Deste modo, consideramos fundamental elaborar alguns exemplos de atividades. Vale ressaltar que essas atividades podem não ser completamente novas e que o importante é que sejam adaptadas à proposta Hands-on-Tec. No ambiente virtual supracitado, disponibilizamos diversas propostas de atividades que poderão ser utilizadas pelos professores em suas aulas.Tomamos como exemplo a atividade intitulada “Moeda Preguiça”, a qual aborda o conceito de inércia que poderá ser aplicada no 9º ano do Ensino Fundamental na disciplina de Ciências ou no 1º ano do Ensino Médio na disciplina de Física. Passamos a apresentação das orientações ao professor sobre a atividade “Moeda preguiça”:  O problema de pesquisa: Como é possível tirar um cartão de papel que sustenta o peso de uma moeda sem que esta se desloque junto com o cartão?  Conteúdos e contextos: Você poderá utilizar essa atividade em séries iniciais para trabalhar a construção de hipóteses, raciocínio compensatório, raciocínio lógico, construção da explicação causal, escrita, contextualização. Ela também propicia introduzir ou aplicar os conceitos como inércia, impulso, força, quantidade de movimento e movimento relativo ao EF e EM.  Descrição do Fenômeno: Dada a situação, quando o cartão é puxado com um velocidade baixa, percebemos que a moeda não muda a posição em relação ao cartão (ela acompanha o cartão). Na medida em que se puxa o cartão em um tempo menor, a moeda já não

Challenges 2013. Braga, Portugal. mais acompanhará o cartão e no limite não se deslocará horizontalmente com o cartão, caindo, assim, dentro do copo (garrafa).  Materiais relacionados: Recipiente (e.g. garrafa pet, copo, etc.), um botão ou uma moeda menor que a boca do recipiente e um cartão ou folha de papel. Após compreender a proposta da atividade, o professor poderá desenvolvê-la com seus alunos, seguindo as diretivas das 3 fases da Hands-on-tec, apresentada no inicio dessa seção.

Considerações finais e trabalhos futuros No âmbito dessa pesquisa, durante o ano de 2013, realizaremos oficinas para os professores de CNMT, participantes de projeto, na qual compartilharemos nossa proposta, a estratégia de ensino Hands-on-Tec e apresentaremos as bases teóricas que a sustenta, bem como as técnicas instrumentais para o uso do ambiente virtual que elaboramos para a conculta e colaboração dos professores das áreas tratadas neste artigos ou outras em que hajam professores que queiram adotar essa estratégia. Salientamos que, apesar de apresentar um estudo com uso dos laptops, consideramos que a estratégia Hands-on-Tec pode ser aplicada com apoio dos diversos outros tipos de TEM - por exemplo, o celular e o tablet -, ou das não móveis - como os computadores pessoais, disponíveis e de acesso relativamente facilitado nas escolas públicas brasileiras. Não obstante, a relevância do acesso à internet deve ser um ponto a ser tratado, bem como a disponibilidade desse recurso para que esta estratégia seja aplicada. Estimamos que a estratégia pedagógica Hands-on-Tec, possa contribuir de forma significativa para o uso das TEM nas escolas de educação básica brasileiras. Salientamos que o ambiente virtual onde publicamos a Hands-onTec está disponível no endereço www.handstec.org.

Referências Brasil, (2008). Um computador por aluno: a experiência brasileira. Disponível em: http://bd.camara.gov.br/bd/bitstream/handle/bdcamara/3464/um_computador.pdf?sequence =1 Brasil, (2010). UCA. Disponível em: http://www.uca.gov.br/institucional/ Chevalérias, F. (org.). (2002). Enseigner les sciences à l’ école – cycles 1, 2 et 3. Edith Saltiel – La main à la pâte; Université Paris 7 Jean-Pierre Sarmant, inspeção geral da educação nacional. Delizoicov, D., & Angotti,J.A. (1992). Metodologia do Ensino de Ciências. São Paulo: Cortez. Delors, J.(org.). (1998). Educação: Um Tesouro a Descobrir. Relatório da Comissão Internacional sobre a Educação para o Século XXI. UNESCO. Cortez Editora. SP.

Challenges 2013. Braga, Portugal. Moreira, M. A. (2009). Aprendizagem Significativa: A teoria de David Ausubel. São Paulo Ed. Centauro. Pontes, R. L. J. (2011). O uso da web 2.0 na educação: Um estudo de caso com professores participantes do projeto um computador por aluno. 162 p. Dissertação. Fortaleza: UFC. Rosa, V., & Silva, E.E.R. (2012). Laptops educacionais no ensino de ciências da natureza, matemática e suas tecnologias. EDUCASUL - 2012. Disponível em: http://www.educasul.com.br/2012/Anais/Valdir.pdf. Santos, M. B. F. (2010). Laptops na escola: mudança e permanências no currículo, 215 p. Dissertação. Florianópolis: UDESC. Disponível em: http://www.tede.udesc.br/tde_busca/arquivo.php?codArquivo=2210. Souza, C. A. (2004) A investigação-ação escolar e resolução de problemas de física: O potencial dos meios tecnológicos-comunicativos. CED/UFSC. Divulgação Científica e Cultura - USP. São Carlos. Souza, C. A., & Santos R. S. (2012). Laptops educacionais: Interpretações, reconstruções epistemológicas e proposições pedagógicas na formação de professores e dos alunos, no ensino de Ciências da Natureza, Matemática e suas Tecnologias. In: F. F. Sampaio, & M. Da F. Elia (org.). Projeto um computador por aluno: Pesquisas e perspectivas. Rio de Janeiro: NCE/UFRJ, 169 -178. Silva, M. H. (2009). Repercussões do projeto Um Computador por Aluno. Dissertação não publicada de mestrado. Brasília: Universidade de Brasília. 141 p. Disponível em: http://bdtd.bce.unb.br/tedesimplificado/tde_busca/arquivo.php?codArquivo=5832 . Silva, R. K. (2009). O impacto inicial do laptop educacional no olhar de professores da rede pública de ensino. Dissertação não publicada de mestrado. São Paulo: Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Disponível em: http://www.sapientia.pucsp.br/tde_busca/arquivo.php?codArquivo=9911

Lihat lebih banyak...

Comentários

Copyright © 2017 DADOSPDF Inc.