“CHAVES DO ARMÁRIO” PARA HOMENS HOMOSSEXUAIS – A CONSTRUÇÃO DA IDENTIDADE GAY E O CONTEXTO DA LUTA POR CIDADANIA EM TRÊS GERAÇÕES

July 15, 2017 | Autor: A. M França | Categoria: Homofobia, Gerações, Sair Do Armário, Cultura Gay
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“CHAVES DO ARMÁRIO” PARA HOMENS HOMOSSEXUAIS – A CONSTRUÇÃO DA IDENTIDADE GAY E O CONTEXTO DA LUTA POR CIDADANIA EM TRÊS GERAÇÕES Murilo Peixoto da Mota1; Ana Paula Santoro P. de Carvalho Almeida; Alexandre Nabor M. França; Charles Vieira de Araújo; Maria das Dores Machado; Diego da Silva Santos; Yuri Jahara M. Simão.

Resumo: Esta pesquisa em andamento busca analisar os processos sociais de afirmação da identidade sexual de homens gays, tomando-se como objeto de análise as histórias do “sair do armário”. Estão sendo entrevistados indivíduos pertencentes a três recortes etários representativos de fatos sociais e históricos, que representaram todo um contexto geracional, articulados entre as faixas etárias: 19 e 30 anos; 31 e 40 anos; 41 e mais 50 anos. Tais indivíduos são moradores na cidade do Rio de Janeiro, caracterizam-se como sendo de camadas médias e possuem instrução superior. Palavras-chave: Homossexualidade; Gay; Geração; Sair do Armário.

1Murilo Peixoto da Mota é sociólogo do Núcleo de Estudos de Políticas Públicas em Direitos Humanos – NEPPDH/UFRJ, PhD em Serviço Social – [email protected]; Maria das Dores Machado socióloga, pós-doutora e professora associada II da ESS/UFRJ - [email protected]; Ana Paula Santoro P. de Carvalho Almeida é advogada, e professora da PUC-RJ - [email protected]; Alexandre Nabor M. França é psicólogo e membro da comissão de Direitos Humanos do CRPRJ - [email protected]; Charles Vieira de Araújo é assistente

social - [email protected]; Diego da Silva Santos é psicólogo, Pós graduando [email protected]; Yuri Jahara M. Simão é psicólogo - [email protected].

-

- Introdução

As possibilidades de expressar emoções e sentimentos, para os homossexuais, são determinadas por diferentes maneiras de não dizer aquilo que se deseja em torno da sexualidade. Então, são muitos silêncios distribuídos por quem detêm poderes para falar ou não publicamente sobre suas práticas sexuais que subvertem a heteronormatividade (MISKOLCI, 2007). E é neste contexto, que entra a problematização do “armário”. Busca-se pensar a construção de estilos de vida de homens homossexuais, analisando-se os impactos coletivos de sua aceitação ou rejeição, a partir de relatos de homens gays em três gerações, circunscritas nas faixas etárias entre 19 e 30 anos; 31 e 40 anos; 41 e mais 50 anos. Os nomes citados neste artigo são fictícios, o que garante o anonimato dos entrevistados. Trata-se de uma pesquisa ainda em andamento construída a partir de bases teóricas sociológicas de autores que se afinam com a perspectiva construtivista para a análise da sexualidade, valendo-se do método qualitativo para levantamento dos dados. Até o presente momento, analisamos os entrevistados de nível superior e pertencentes camadas médias cariocas. Consideramos que tais recortes etários são representativos de fatos sóciohistóricos que assinalam todo um contexto geracional de grande impacto para a visibilidade social das identidades LGBT. O que se focaliza são duas perspectivas fundamentais na luta pela cidadania na contemporaneidade. A primeira, diz respeito ao direito a diferença que envolve a luta pela visibilidade à orientação sexual; a segunda, que aciona a perspectiva de igualdade nas relações de gênero, articula o debate sobre os direitos humanos e se amplia como perspectiva política pela igualdade entre os sujeitos homens e mulheres como uma bandeira universal (ALMEIDA, 2010). Nesta pesquisa toma-se como objeto de discussão o “sair do armário” ou o sentido de “assumir-se” como homossexual. Tais aspectos são levados em conta por serem assinalados como características de regulação da vida social de indivíduos que temem expressar seus interesses, desejos sexuais, afetos e amores pelas consequências demarcadas por uma sociedade que segrega, exclui e violenta aqueles que estão sob o crivo da diferença em relação à heteronormatividade. A expressão “sair do armário” refere-se ao momento em que o indivíduo sai da dimensão na qual se mantém isolado em sua subjetividade em meio às representações simbólicas da reprodução do sistema sexo-gênero-heterossexual. Tal dimensão se

configura no contexto de muitas consequências coletivas, que prenunciam violações de direitos humanos, incluindo violência física e simbólica sobre aqueles que ousam se afirmar como homossexuais em determinados territórios públicos. Ao tomarmos como foco a ideia de “armário” para os homossexuais, o debate passa a desnudar o sentido de busca por autoproteção e anonimato afetivo, já que a homossexualidade é elaborada sob o crivo da repressão, do controle e da vigilância. O despertar homossexual para os homens explicita muitas questões que envolvem os ritos, as brincadeiras na infância, os vínculos da amizade e o projeto de sair de casa, entre outros aspectos, que explicitam uma aprendizagem alicerçada a partir de valores heteronormativo. Nesse sentido, a literatura (com destaque para as pesquisas de WEEKS, 1977; HART e RICHARDSON, 1981; PARKER, 1991; POLLAK, 1985; ALMEIDA, 2010, ERIBON, 2011 entre outros), já salienta que até o momento de aceitar a sua condição de homossexual, o “coming out”, o indivíduo passa pelo duplo processo de integração, que inclui novas amizades em meio à experiência gay, seja no âmbito da aprendizagem homoerótica, seja como busca de sociabilidade. Tal aspecto nos remete a indagações: como se constrói identidades e estilos de vida gay ao longo de três gerações? Que rupturas, mudanças e avanços ocorridos entre os espaços públicos e privados foram construídos para se aceitar “sair do armário” e “assumir-se” como gay nas relações familiares nos últimos 30 anos? Há uma consciência coletiva contemporânea nas diferentes trajetórias da vida que buscam subverter a ordem heterocêntrica? Segundo Kosofsky Sedgwick (2007) para muitos indivíduos homossexuais, o submeter-se ao “armário” está calcado na falta de amparo social e de garantias de possibilidades de aceitação social. Assim, o “armário” significa não só a proteção pelo silêncio, mas também atesta a prática subjetiva entre as oposições casa e rua, privado e público, dentro e fora em todo um contexto heteronormativo, permeados pela violência simbólica fortemente caracterizada por homofobia. Ademais, o que se verifica no “armário” não é o colapso destas oposições, mas uma violação do primeiro termo e, de certa forma, uma permanente negociação com o segundo termo, como estratégia para se manter em sociabilidade. De todo modo, “mesmo num nível individual, até entre as pessoas mais assumidamente gays há pouquíssimas que não estejam no armário com alguém que seja pessoal, econômica ou institucionalmente importante para elas” (SEDGWICK, 2007, p. 22).

Será possível afirmar que mudanças cruciais se deram na maneira como se “sai do armário” ou que se permanece nele como experiência coletiva? Deve-se considerar que é longa a trajetória para que os homossexuais se posicionem na vida pública como tais, e que, neste contexto, logo aprendem a jogar com o silêncio ou até mesmo a voltar ao armário caso veja necessidade, em detrimento do nível de resposta à tolerância à homossexualidade. De todo modo, não é de se surpreender que ficar no “armário” ou sair dele vai depender do escrutínio de situações ou interesses que acompanham enormes custos sociais nessa sociedade heterossexista. Esta perspectiva abre novos precedentes para se pensar os direitos humanos também como reivindicações coletivas em meio a uma sociedade segregadora das relações, com experiências fora do crivo heteronormativo. Leva-se em conta que os direitos humanos não são um dado, mas relações universais construídas a partir de resistências fundamentadas em um espaço simbólico de luta e ação social. Assim, analisar as histórias de “assumir-se” homossexual publicamente, possibilita refletir sobre a consolidação de espaços pautados pela gramática da inclusão do direito à diferença, que reflete a plataforma emancipatória de nosso tempo. O objetivo geral desta pesquisa em andamento é analisar os processos sociais de afirmação identitária construídos por indivíduos ao longo dos últimos 30 anos, que hoje são gays, além de pensar os impactos dos novos movimentos sociais, principalmente o LGBT2 nesse processo. Busca-se investigar, a partir de narrativas sobre a trajetória da vida, as experiências sobre os momentos que deram visibilidade ao desejo homossexual no espaço público. Pode-se incluir nesta perspectiva, relativizar os direitos sociais e civis que vem dando sustentação a esta afirmação identitária nos espaços públicos, como os avanços jurídicos e legislações favoráveis já consolidadas. Até o presente momento foram abordados: três entrevistados entre 19 e 30 anos; três entre 31 e 40; e três entre 41 ou mais de 50 anos. Todos com nível superior e de camadas médias, moradores na cidade do Rio de Janeiro.

- Algumas reflexões sobre o recorte geracional e sua importância no contexto desta pesquisa

2 Lésbicas, Gays, Bissexuais e Transgêneros.

Em uma pesquisa (MOTA, 2011) realizada com homens, idosos e de camadas médias foi possível observar que tais sujeitos viveram o impacto do processo de liberação no início dos anos 1970, embora, no Brasil, vivia-se o auge de uma ditadura militar. O enfrentamento desta situação leva a adaptações relacionais em meio ao aparato de controle e repressão política, exigindo estratégias de convivência no âmbito da vida pública e privada em diversos contextos da sociedade. A mesma pesquisa demonstrou que a relação homossexual inclina-se sobre perdas sociais, que levam muitos indivíduos a sublimar seus desejos além de amplos enfrentamentos com a família de origem. Mesmo para as novas gerações, pode-se indagar que a carreira homossexual se apresenta permeada por realidades contraditórias, por meio das quais se aprende a não se revelar, e, aos poucos, através da sexualidade, entender “quem se é” em meio à dominação heterossexual. Isso porque a violência simbólica contra a homossexualidade ancora-se, muitas vezes, nessa dimensão do poder do indivíduo heterossexual sobre o homossexual. Neste sentido, o indivíduo trava uma luta contra si mesmo a fim de se situar em um espaço social preconceituoso, que gera sentimentos de vergonha em relação ao desejo homossexual, sensação de permissividade, sujeira e transgressão. Nas últimas décadas, grosso modo podemos citar alguns eventos históricos que marcaram

e

influenciaram

os

indivíduos

nas

questões

que

envolvem

a

homossexualidade e a construção da identidade gay no espaço público. Destacam-se os momentos: o período da ditadura à abertura política; o impacto da pandemia do HIV/AIDS; a transição da perspectiva patologizante na qual a homossexualidade era tida como uma doença para uma de direitos, no âmbito dos novos movimentos sociais; o processo de construção de um circuito cultural nas cidades brasileiras; a evidência do evento da Parada Gay; o emergente movimento LGBT; e a atuação progressista do judiciário pelo reconhecimento aos direitos sociais e civis como valores universais presentes na Constituição Federal além de legislações consolidadas em muitos Estados Brasileiros em suas Leis Orgânicas. Em consequência, as novas gerações já se deparam com as mudanças sociais espelhadas em novos estilos de vida gay, com o crescimento do mercado de consumo, das formas de lazer, das manifestações públicas e da reafirmação política de direitos sociais e civis. Essa conjuntura expõe a singularidade e a importância deste estudo para a análise da trajetória dos sujeitos na medida em que a homossexualidade ainda se

constitui com inúmeras representações com sentidos diversos no meio social, mas que expõe o indivíduo a violência e a falta de amparo no campo dos direitos sociais e civis. Pelo fato deste trabalho de pesquisa estar em andamento, priorizamos dois fatores marcantes para o debate que ora apresentamos, a partir das falas de nove entrevistados, tais como: as histórias relativas a iniciação sexual e o contexto do assumir-se homossexual no espaço social.

- A iniciação sexual e seus ritos: conflitos, fantasias e dilema

Os entrevistados mais jovens, circunscritos a todo um conjunto de informações e comunicações mais globalizadas, uma consequência da popularização do uso da internet configurada a partir dos anos 1990, experimentam suas relações em um contexto na qual as hierarquias de gênero já são mais diluídas, os papéis determinantes para homens e mulheres aos poucos parecem irem perdendo a importância para estes sujeitos. Destacase além disso, que tais entrevistados expressam todo um manejo no uso das classificações médicas (homossexual, heterossexual e bissexual) de modo a explicitar-se de maneira mais racionalizada sua prática sexual, menos direcionada a uma identidade definida e estanque. As possibilidades de fluidez nos desejos parecem passar pela compreensão do que é mais erótico e atraente em determinados contextos de sociabilidade. Há depoimentos de entrevistados que, mesmo ao perceber-se em um desejo mais direcionado a homossexualidade, se permitem ter relações sexuais com meninas, mas não confere a isso uma bissexualidade; outro articula um encontro pela internet e ressalta reconhecer que há riscos de uma intimidade com um estranho; e há o que se permite uma experiência sexual em meio a todo um rito no qual o exercício de praticar o sexo tem escolhas e passa pelo sentimento de se sentir mais seguro para fazê-lo. Não, porque assim, eu não descarto meninas... Apesar da minha identidade ser construída como homossexual, muito mais do que não. Eu não descarto meninas e foi realmente uma menina por quem eu me apaixonei e a gente namorou 4 meses. Mas não foi nada... Geraldo (20 anos) O entrevistado Rogério (38 anos), pertencente a outra geração, já se percebe em um contexto mais impositivo dos valores de gênero onde as relações sexuais masculinas passam inicialmente por uma experiência heterossexual, ou seja, as relações com mulheres aparecem como fazendo parte dos roteiros sexuais previamente determinados

para o que se espera do que se “ser” homem. Em sua fala, a busca por um sentido à experiência homossexual direciona-se por conhecer novos cenários de relações e sociabilidades, até que possa se vislumbrar com o que denomina de ambiente gay. Minha primeira relação sexual foi com uma mulher. Lembro que meu primeiro contato com um homem foi com 21 anos, por ai! Até então eu só tinha uma vida hétero. Eu tinha 18 anos e ela 19, foi tranquilo porque ela sabia que eu nunca tinha transado (...). Mas as coisas começaram mesmo, depois que eu recebi um convite para ir a uma boate em Jacarepaguá e fui enganado. Quando cheguei lá, vi que era uma boate de homens; uma boate gay. Foi o dia em que conheci o meu primeiro namorado. Conheci e fiquei com ele. Rogério (38 anos) As brincadeiras sexuais na forma como são narradas acentuam certos ritos de iniciação sexual, como se a conduta das relações entre homens passassem tanto pelo crivo moral de afirmação do gênero masculino quanto há sentidos que possibilitam transgredir as regras, o que inclui determinados jogos sexuais com outro homem. De fato, mesmo em um contexto cultural mais rígido nas relações de gênero para certas gerações mais velhas, há possibilidade de se experimentar certas práticas com amigos ou parentes. De todo modo, as carícias e toques com as mãos nas genitálias de um e outro fazem parte de todo um roteiro de desejos, com os quais parecem não se sacrificar o ideal de masculinidade culturalmente construída. As experiências sexuais explicitadas pelos atuais entrevistados, até este momento da pesquisa, expressam em suas histórias evidente deslocamento sociopolítico entre as gerações, principalmente no modo como se inicia suas experiências sexuais.

- Assumir-se gay no espaço social

A experiência da homossexualidade masculina para os mais jovens parecem explicitar maiores determinações sobre o que se quer no âmbito dos desejos, explicita certa consciência de si, pela identificação com um “outro”, amigo mais próximo ou alguém que se admira. Eu só fui descobrir que o ambiente não era hostil quando eu soube que o líder do grupo da faculdade era gay [risos]. E quando eu descobri isso, me deu um estalo: tá, então não é tão ruim assim. O líder é gay e assumido no facebook. Ele é meu veterano. (Geraldo, 20 anos) Para os entrevistados mais velhos, de outra geração, o contexto de assumir-se passa também pelo deslocamento familiar. Assim, a saída de casa para além do

território conhecido da redondeza do lar facilita novas possibilidades na descoberta de sociabilidades diversas e na aprendizagem de se permitir encontros sexuais. Para alguns entrevistados, a saída do país, ou mudança de cidade, foram as únicas possibilidades para a saída do “armário”. Eu morava no subúrbio, então minha vida era toda lá e depois que eu me mudei para a zona sul tudo mudou completamente. Rogério (38 anos) Quando eu comecei mesmo a sair [do armário] foi uma libertação (...). Quando eu fui morar nos EUA, ai sim, nesta época eu ainda não tinha me assumido, meus amigos já haviam se tornaram todos do meio (...). (Antelmo, 48 anos) O que se evidencia a partir das falas é o fato de que, aceitar o desejo homossexual em qualquer cenário passa por um complexo contexto que inclui a busca pelo entendimento e aceitação desse desejo desviante, articulado com o potencial de sociabilidade e a busca por pares com quem se pode identificar-se. Eu não falo que sou gay, porque não perguntam. Não é uma coisa fácil de se dizer; olha eu sou gay! Ainda não. Talvez daqui há dez anos quando eu tiver bem velhinho. (Cássio, 49 anos) A masculinidade se expressa em um campo de poder e dominação no qual se aprende desde cedo o que não se pode ser – qualquer coisa que se aproxime do que representa ser o feminino. Talvez seja essa conjuntura mais tradicional dos papéis de gênero, que tenha sofrido maiores mudanças entre as gerações, salientada por este estudo até o presente momento. Os jovens se expressam de maneira mais aberta e menos preocupada em manter certas aparências na cena pública; já as gerações mais velhas tais conotações ainda fazem parte do jogo de papéis que se atua no espaço social. De todo modo, será necessário maiores elementos e aprofundamentos para se ter uma análise mais distintivas destes aspectos entre as gerações – aspecto a ser vislumbrado no decorrer de novas entrevistas a serem feitas..

Considerações finais

Como resultados parciais podemos afirmar que em um contexto social marcado pelo heterossexismo, a homofobia ainda se enfrenta e a luta por cidadania é cotidiana. O preconceito é acrescido de várias roupagens, que associa ainda o clichê da homossexualidade masculina a representação de mulher ou feminilidade no espaço público.

O jogo do “assumir” ou “sair do armário” ainda implica em ritos, registros e espaços diferenciados, já que a dificuldade neste processo está em aceitar inicialmente esse “eu” homossexual, afastando o sentimento de ser uma pessoa em condição de desvio. O que se percebe dos atuais relatos é que apesar das atuais gerações gozarem de maior visibilidade da experiência homossexual no espaço público, não é uma unanimidade expressarem abertamente seus desejos, emoções e relacionamentos afetivos livremente e em qualquer espaço. Neste sentido, a família e escola ainda são territórios hostis. A universidade é percebida como ambiente mais livre desde que se tenham pares identitários com quem possa se conviver e se expressar com maior segunraça. Para as gerações mais velhas, nem sempre o desejo homossexual se associa a perspectiva de aceitação de um estilo de vida, sociabilidade e entretenimento gay. O que se percebe é o quanto a questão da identidade gay para estes homens pode ser distinta da categoria homossexual. Neste sentido, pode-se analisar o quanto que “ser gay” ainda é um avanço recente para amplas possibilidades do que representa o guarda-chuva denominado homossexualidade.

- Referência bibliográficas

ALMEIDA, M. Vale de. A chave do armário: homossexualidade, casamento, família. Florianópolis, Ed. Da UFSC, 2010. HART, J., RICHARDSON, D. The Theory and Practice of Homosexuality. Londres: Routledge & KeganPaul Ltd., 1981. MISKOLCI, R. Dossiê: sexualidades disparatadas – comentarios. Campinas-SP, Cadernos Pagu, n. 28, jan./jun., 2007. MOTA, M. P. Ao sair do armário entrei na velhice – homossexualidade masculina e o curso da vida. Rio de Janeiro, FAPERJ/MOBILE, 2014. ERIBON, D. Reflexões sobre a questão gay. Rio de Janeiro, Cia de Freud, 2008. EISENSTADT, S. N. Modernidades múltiplas. In: Sociologia, Problemas e Práticas, n. 35, pp. 139-163, 2001. PARKER, R. Abaixo do equador. Rio de Janeiro: Record, 2002. POLLAK, M. A homossexualidade masculina, ou: a felicidade no gueto? In: Ariés, Philippe; Béjin, André (Orgs.) Sexualidades Ocidentais: contribuições para a história e para a sociologia da sexualidade. São Paulo: Brasiliense, 1985. WEEKS, J. Os problemas dos homossexuais mais velhos. In: HART, John; RICHARDSON, D. Teoria e prática da homossexualidade. Rio de Janeiro: Zahar Ed., 1983. WEEKS, J. Coming Out: Homosexual Politics in Britain from the Nineteenth Century to the Present. London: Quartet Books, 1977. SEDGWICK, E. K. A epistemologia do armário. Campinas-SP, Cadernos Pagu, n. 28, jan./jun., 19-54, 2007.

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