Cidades contemporâneas: Um estudo sobre projetos urbanos, resistências sociais e modos de existência na atualidade

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Descrição do Produto

FACULDADE PIO DÉCIMO GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIA

MARCELA MONTALVÃO TETI

Cidades contemporâneas: Um estudo sobre projetos urbanos, resistências sociais e modos de existência na atualidade.

Aracaju – SE 2016

MARCELA MONTALVÃO TETI

CIDADES CONTEMPORÂNEAS: UM ESTUDO SOBRE PROJETOS URBANOS, RESISTÊNCIAS SOCIAIS E MODOS DE EXISTÊNCIA NA AUTALIDADE.

Proposta

de

Projeto

de

Extensão

apresentado à Coordenação do Curso de Graduação em Psicologia da Faculdade PIO

Décimo,

aos

encargos

da

coordenadora do curso: Profa. Dra. Letícia Gaspar Tunala Mendonça.

Supervisor

do

Projeto:

Prof.

Maurício Viana (Psicologia/UFS).

Aracaju – SE 2016

Dr.

SUMÁRIO

1 DADOS GERAIS DA AÇÃO ___________________________________________ 3 2 INTRODUÇÃO ______________________________________________________ 3 3 REVISÃO DE LITERATURA __________________________________________ 4 4 MÉTODO __________________________________________________________ 6 4.1 Derivas urbanas como um método de olhar a cidade. _________________________ 6

4.2 Atividades Práticas _________________________________________________ 7 5 CONTEÚDO PROGRAMÁTICO _______________________________________ 8 5.1 UNIDADE 1. Cidades Atuais e Projetos de Urbanização Implantados. ___________ 8 5.2 UNIDADE 2. Cidades Brasileiras e Internacionais e seus Projetos de Urbanização. 8 5.3 UNIDADE 3. Aracaju e sua História de Urbanização. _________________________ 8

7 BIBLIOGRAFIA ____________________________________________________ 9

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1 DADOS GERAIS DA AÇÃO

Título:

Cidades contemporâneas: Um estudo sobre projetos urbanos, resistências sociais e modos de existência na atualidade.

Ano:

2016.

Período:

09/04/2016 a 05/11/2016, aos sábados, no período vespertino.

Área do Psicologia. Conhecimento: Área Temática:

Psicologia Social Urbana.

Público Alvo:

Estudantes de graduação e profissionais das áreas de Psicologia, de Licenciatura em Pedagogia e Segurança do Trabalho.

Público Estimado:

30 pessoas.

Local:

Faculdade PIO Décimo.

Cidade:

Aracaju, Sergipe.

2 INTRODUÇÃO

O presente projeto visa debater a relação entre estruturação das cidades na atualidade e a relação entre modos de subjetivação. Para tanto, pretende expor aos alunos de graduação e profissionais de áreas diversificadas, a forma como algumas cidades foram estruturadas, quais as reformas urbanas por que passaram nos últimos 30 anos e quais os tipos de indivíduos que foram produzidos, em meio a estas modificações espaciais. O foco inicial dos debates serão as regiões centrais e portuárias de cidades como Londres, Barcelona, Buenos Aires, Valparaíso e Rio de Janeiro, onde as transformações

urbanas

levantaram

movimentos

de

resistência

às

medidas

governamentais. Em seguida, dirigiremos nosso olhar para a cidade de Aracaju, suas transformações e desafios atuais. Esse trabalho se justifica, na medida em que temos como objetivo destacar o modo como o urbanismo e o turismo modificam as cidades a fim de atrair capital e, no entanto, negligenciam a vida dos moradores dos bairros reestruturados. Em segundo lugar, porque se pretende capacitar os alunos a observar as cidades nas quais vivem com um olhar crítico, a respeito das modificações urbanas.

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3 REVISÃO DE LITERATURA Os indivíduos quando querem visitar um lugar de férias, em geral, viajam para trocar o burburinho da cidade por um ambiente distinto do cotidiano com o qual estão acostumados. Eles podem buscar a calmaria, a adrenalina ou ainda uma cidadezinha repleta de montanhas, matas de araucárias com pousadas e hotéis rurais. Sem intenção de estabelecer qualquer relação com os moradores da cidade, os turistas ocupam aquele espaço para satisfazer algumas necessidades, experimentar sensações nunca antes sentidas ou revivê-las. A partir dos discursos produzidos e dos modos de organização de agências e prestadoras de serviço, o turismo se coloca ao olhar do visitante como um espaço de compensação. Infraestrutura turística é produzida para que pessoas de outras cidades possam desfrutar das mesmas. Estas práticas desencadeiam sensações tais como conforto, aconchego, descarga das emoções, vitória, superação, que a vida da cidade grande, do indivíduo trabalhador, jamais poderia proporcionar (Teti, 2010). No final da década de 2000, o governo federal, junto ao Ministério do Turismo (MTur) colocou em prática o Programa de Regionalização do Turismo no Brasil (PRT). Consistia em um modelo de turistificação das cidades, especialmente as do interior, com o intuito de transformar economias agropecuárias em economias centradas nos serviços. O argumento para a implantação do programa era o de que o turismo é um tipo de “indústria”. É um tipo de atividade que oferece melhoria da qualidade de vida através da modernização de cidades pequenas tomando por base o ideal de consumo internacional. Dessa forma, discursos em torno da competividade das cidades, especialização da oferta, passavam a determinar relações organizacionais, modos de vida e de subjetivação. No entanto, o projeto que tanto salientava “melhoria da qualidade de vida” esquecia de destacar que ela não era necessariamente para o morador da cidade turistificada. O destino turístico era a experiência compensatória para o turista, mas, muitas vezes, a segregação do autóctone. A relação conflituosa entre visitantes e visitados é bastante discutida no turismo entre autores nacionais e internacionais. Podemos observar os choques culturais, sociais e de privilégios em textos como os de Barretto (2003, 2004, 2006, 2012), Krippendorf (1984/2009), Santana (2003) e Luchiari (2000). Aproximadamente no mesmo período de institucionalização do Programa de Regionalização do Turismo, observamos a nomeação do Brasil, como sede dos Jogos Pan-americanos, de 2007, e da Copa do Mundo, de 2014. Para além de toda a euforia e

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festividades que iriam tomar conta do país nos anos seguintes, o que se observou foi toda uma reforma urbana sendo implantada em várias cidades do país e, em especial no Rio de Janeiro. De acordo com os Comitês Internacionais, as receitas provenientes do turismo internacional só estariam garantidas se avenidas, aeroportos, estádios, ginásios, fossem reformados. Em nome de uma aceleração da economia brasileira, bairros inteiros foram modificados. Praças foram construídas, museus foram levantados, restaurantes e bares foram modernizados. E, a despeito do esporte, ocupações, favelas, moradores de rua acabaram expulsos do “parque temático” que se construía. No Rio de Janeiro, favelas como Arroio-Pavuna, Vila Autódromo, Pico do Morro Santa Marta, Morro da Providência e Pedra Lisa se uniram e formaram movimentos, redes de resistência ao urbanismo centrado nos Megaeventos esportivos e mobilizaram todo o país no início da década de 2010, no protesto que ficou conhecido como “Jornadas de Junho”. Tomando por base os dois movimentos de urbanização e turistificação das cidades, observamos que eles não estão restritos ao Brasil. Interiorização do turismo e reforma de bairros centrais portuários já aconteciam na Europa e na América Latina. E o que sempre esteve em jogo neste processo foi o embelezamento urbano associado a uma limpeza social. Era necessário construir um ambiente, para fazer um certo tipo de indivíduo circular e expulsar outro de seu lugar. É pensando neste contraste gerado pela urbanização e turistificação da cidade que este Projeto de Extensão foi estruturado. Com sua execução, pensamos em nos debruçar teoricamente sobre as tendências de urbanização dos últimos 30 anos. Entretanto, através dos estudos sobre turismo e megaeventos buscaremos refletir sobre os processos de revitalização que caracterizam bairros centrais e portuários das cidades de Barcelona, Londres, Buenos Aires, Valparaízo, e do Rio de Janeiro1, a fim de que se produza um olhar perspectivo à história da urbanização na cidade de Aracaju. Com isso, acreditamos que um olhar sobre problemas sociais que emergem ou emergiram na Europa e América Latina, pode oferece um instrumental qualificado para que se realizem futuramente pesquisas locais. Especificamente, em torno da problemática relacionada a Aracaju, pensamos em

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Historicamente, Docklands, o porto de Londres, foi o primeiro porto revitalizado, servindo de modelo às reformas urbanas porque passou porto de Barcelona, antes das Olimpíadas de 1992. Posteriormente, este último vai ser o modelo de revitalização de várias zonas portuárias e regiões centrais na América Latina. O sucesso do modelo Barcelona de urbanização levou com que governos empreendessem aterações na estrutura de cidades como Buenos Aires, ainda na década de 1990, e Valparaízo, no princípio dos anos 2000, e no Rio de Janeiro, a partir de 2011.

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recorrer ao Plano Diretor da cidade, com a finalidade de pensar os modos como está sendo colocado em prática, e quais medidas poderiam ser tomadas para que de fato se efetivasse. Em outras palavras, o presente projeto tem o objetivo de realizar um estudo sobre projetos urbanos, resistências sociais e modos de existência na atualidade.

4 MÉTODO Em princípio, as aulas buscarão debater teoricamente os problemas que acometem as cidades na contemporaneidade. Os recursos utilizados, para tanto, serão aulas expositivas, exibição de filmes curtos, longa metragens ou documentários, exibição de trabalhos fotográficos, uso de Data Show e atividades em grupo. No entanto, para um segundo momento, iremos propor atividades práticas, tais como Derivas Urbanas, em bairros da cidade de Aracaju, a fim de que os alunos experienciem como se dão as reformas urbanas em sua própria cidade. Um dos princípios políticos da deriva é o que passemos a escutar o que diz a cidade, seus moradores e modo de existência, colocando em suspenso o discurso homogeneizador a respeito do urbanismo que tanto assegura o marketing turístico.

4.1 Derivas urbanas como um método de olhar a cidade. Debord (1956/1958), em Teoria da Deriva2, conceitua as derivas como um método que consiste em um movimento de deslocar-se pela cidade. É preferível que seja realizado por pequenos grupos de dois ou três indivíduos. Ainda que o exercício de deriva possa ser feito por uma só pessoa, a qualidade dos resultados é distinta. Em geral, é aconselhável que se realize nos intervalos de tempo situados entre dois períodos de sono. Sua duração, assim como o momento de iniciá-la e terminá-la são indiferentes. As horas de trabalho podem ser fixadas a priori, deliberadamente, ou serem determinadas fortuitamente. O autor só ressalta que as últimas horas da noite não são muito apropriadas ao trabalho. A variação climática não é um condicionante, embora as chuvas prolongadas possam ser um custoso obstáculo a enfrentar. Apesar disso, dificilmente, o trajeto de uma Deriva vai aparecer em sua pureza, visto que, é muito comum haver, no processo, algumas distrações, cansaço e ocupações banais. 2

Teoria da Deriva é um texto publicado originalmente em 1956, na revista belga Les Lèvres Nue, e depois em 1958, na revista IS, vol. 2 (Jacques, 2014).

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A respeito do campo no qual se realiza, o autor destaca que é um pouco vago, já que a deriva pressupõe múltiplas interferências. Mas é possível afirmar que a sua extensão, em geral, não supera os limites de uma cidade e seus subúrbios e que o seu limite mínimo pode ser uma unidade ambiental, tal qual uma estação de metrô. A exploração do campo pode ser auxiliada por mapas, topográficos, ecológicos, psicogeográficos. No entanto, o que mais interessa ao trajeto, antes de uma exploração calculada, é o comportamento desconcertante em um “encontro” possível. O caminhar pela cidade também se distancia da tentativa de se alcançar os discursos hegemônicos ou de elaborar teorias totalizadoras. Ela abre a possibilidade de “detenerse en la importancia que las prácticas sociales efímeras, invisibles e insignificantes puedan tener para su comprensión” (Piñero e Diaz, 2012, p. 71). Com isso, seu maior esforço é identificar e fazer falar esse discurso que há muito vem sendo encoberto pela racionalidade da urbanização moderna. Estes “saberes sujeitados” (Foucault, 1976/2005) que ainda habitam a multidão quando o indivíduo errante, pesquisador, se coloca disponível para ausculta-los.

4.2 Atividades Práticas A atividade prática proposta tem o intuito de trabalhar, no campo, os aspectos teóricos debatidos em sala de aula. Para tanto, realizaremos 3 tipos de Derivas Urbanas nos bairros da cidade de Aracaju, SE. 1. A primeira delas, sem data fixa, ocorrerá por meio de estímulo a que os alunos procurem olhar seu bairro de moradia de uma forma diferente da que estão acostumados. 2. Caso alguns alunos tenham interesse de conhecer outros bairros de Aracaju, diferentes do seu bairro de moradia, serão orientados e executar derivas urbanas de modo que percebam diferenças entre os bairros percebidos. 3. Por fim, levaremos os alunos a dois bairros para uma caminhada guiada e derivas em pequenos grupos. No centro e na região portuária de Aracaju, chamaremos a atenção para a existência ou não de estabelecimentos comerciais, moradores, atentando para o que os alunos viessem a ver nas ruas a partir do que foi conversado nas aulas expositivas. Por fim, proporemos que os alunos realizem derivas, em grupos de 3 pessoas, de modo que mapeiem percursos e experiências encontrados nas ruas da cidade.

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Obs.: Em todas as atividades práticas, estimularemos os alunos a trabalharem com máquinas fotográficas, com o celular e utilizem aplicativos com dispositivos que mapeiam os percursos realizados por eles, afim de que tenhamos mapas de suas caminhadas. Um dos projetos finais deste trabalho será a criação de um blog com a documentação e reflexão advinda de tais experiências práticas.

5 CONTEÚDO PROGRAMÁTICO3 5.1 UNIDADE 1. Cidades Atuais e Projetos de Urbanização Implantados. → Contextualização sobre os problemas de Revitalização, Renovação Urbana. Urbanização através do Turismo. Urbanização através da produção de Megaeventos Esportivos. Revitalização dos Centros e Zonas Portuárias das cidades (20 horas). → Início da Atividade Prática 01. Calendário: 09 e 23 de abril; 07 e 21 de maio; 04 de junho.

5.2 UNIDADE 2. Cidades Brasileiras e Internacionais e seus Projetos de Urbanização. → Londres, Inglaterra; Barcelona, Espanha; Buenos Aires, Argentina; Valparaízo, Chile; Rio de Janeiro, Brasil. Tratamento da relação “Visitantes x Autóctones” e debates sobre os Movimentos de Resistência aos Projetos de Urbanização. (20 horas). → Início da Atividade Prática 02. Calendário: 18 de junho; 02 de julho (Recesso); 06 e 20 de agosto; 03 de setembro.

5.3 UNIDADE 3. Aracaju e sua História de Urbanização. → Breve História da Urbanização em Aracaju. Recentes reformas urbanas que vem sofrendo a cidade, nos últimos 10 anos. → Realização da Atividade Prática 03 (20 horas. Calendário: 17 de setembro; 01, 15 e 29 de outubro; 05 de novembro.

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As aulas serão aos sábados à tarde, das 14h às 18h.

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6 BIBLIOGRAFIA Barretto, M. (2003, Outubro). O imprescindível aporte das ciências sociais para o planejamento e a compressão do turismo. Horizontes Antropológicos, Porto Alegre, ano 9, (20), 15-29. Recuperado de http://www.scielo.br/scielo.php?pid=s010471832003000200002&script=sci_arttext. Barretto, M. (2004, Novembro). Relações entre visitantes e visitados: Um retrospecto dos estudos sócio-antropológicos. Revista Turismo em Análise, 15 (2), 133-149. Recuperado de http://turismoemanalise.org.br/turismoemanalise/article/view/446. Barretto, M. (2006). Manual de iniciação ao estudo do turismo (15ª Ed). Campinas: Papirus. Barretto, M. (2012). Cultura e turismo: Discussões contemporâneas. (2ª Ed). Capinas, SP: Papirus. Debord, G. (1956/1958). Teoria da deriva. In. P. B. Jacques. (Org.). (2003), Apologia da deriva: Escritos situacionistas sobre a cidade / Internacional Situacionista (pp. 87-91). Rio de Janeiro: Casa da Palavra. Foucault, M. (1976/2005). Em defesa da sociedade: Cursos no Collège de France (1975-1976). São Paulo: Martins Fontes. Recuperado de http://minhateca.com.br/clodomar/Baixar+Arquivos/LIVROS+PDF/Formato+P DF/FOUCAULT*2c+Michel+-+Em+defesa+da+Sociedade,53711207.pdf Jacques, P. B. (2014). Elogio aos errantes (2ª Ed). Salvador: EDUFBA. Krippendorf, J. (1984/2009). Sociologia do turismo: Para uma nova compreensão do lazer e das viagens (3ª Ed. rev. e ampli). São Paulo: Aleph. Luchiari, M. T. D. P. (2000). Urbanização turística: Um novo nexo entre o lugar e o mundo. In C. Serrano, H. T. Bruhns, & M. T. D. P. Luchiari. (Orgs.), Olhares contemporâneos sobre o turismo (p. 105-130). Campinas, SP: Papirus. Piñeiro, C., & Díaz, M. J. (2012). Perdiéndonos en la ciudad: El consumo responsablecomo mensaje, la ciudad de Madrid como ecosistema comunicativo. Athenea Digital, 12(1), 67-88. Recuperado de http://psicologiasocial.uab.es/athenea/index.php/atheneaDigital/article/view/Pine iro-Diaz. Santana T., A. (2003, Outubro). Turismo cultural, culturas turísticas. Horizontes Antropológicos. , Porto Alegre, ano 9, (20), 31-57. Teti, M. M. (2010). “Urubici”: A formação geopolítica de uma heterotopia turística. Dissertação de Mestrado, Programa de Pós-Graduação em Psicologia, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis.

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