Ciência, natureza e sociedade a partir de Heidegger e Marcuse

July 4, 2017 | Autor: Abraão Carvalho | Categoria: Martin Heidegger, Monsanto, Hebert Marcuse, Aracruz Celulose
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Ciência, natureza e sociedade a partir de Heidegger e Marcuse Abraão Carvalho abraaocarvalho.com “O raio conduz todas as coisas que são” Heráclito

O que pretendemos aqui trata-se de uma tentativa de compreensão das relações entre ciência, sociedade e natureza. Nesta direção, o que nos cabe agora consiste em delimitar melhor a nossa questão fundamental, a saber, qual a relação entre a estrutura (forma) do conhecimento científico e a organização, alteração e modificação da natureza e da sociedade realizada pelo ser humano no percurso da história contemporânea ocidental? O nosso ponto de partida consiste em compreender que o pensamento que se guia pela ciência, isto é, pelo método da experimentação, cálculo, medição, quantificação, não pode ser tomado como algo separado de uma prática. Prática esta que altera, transforma e modifica a natureza e a sociedade como um todo. Ora, se todas as coisas que são, o são para o ser humano no seu aparecer, no seu mostrar-se, como pensar então o modo próprio como a ciência aparece predominantemente no mundo contemporâneo ocidental? Dito de outro modo: se, nas palavras de Heráclito, “O raio conduz todas as coisas que são”, como dar sentido então aos raios que a ciência tem lançado em nossa realidade? Em outras palavras, que relações podem existir entre o pensamento científico e a prática científica? A noção de conhecimento da ciência se ergue sobretudo, como unilateral, ou em outras palavras, como sendo de mão única. Ora, que é isto? A perspectiva de conhecimento da ciência, fundada na estrutura sujeito e objeto, trata do conhecimento como sendo ele unicamente determinado pelo sujeito, que para isso, dis-põe do instrumento do cálculo, da quantificação, medição. Deste modo, para a ciência que predomina em nosso raio histórico, a determinação daquilo que é, cabe unicamente ao sujeito. Dito de outra maneira, para certo modo de ciência, a realidade, a natureza, é unicamente determinada em seus termos, nomes, pelo ser humano, e não compreende portanto, o conhecimento como uma relação de mão dupla, fundada desde uma reciprocidade, em que não só o sujeito determina o que a realidade é, mas também, o ser humano vem a ser aquilo que é desde que é afetado de súbito pela realidade. Sendo o método científico uma via, um caminho, um percurso através do qual o homem alcança a verdade ou mesmo possibilidade de verdade, tendo o instrumento do cálculo, da quantificação, da medição, como unidades de medida, é este instrumento como tal um instrumento de ação, que resulta em uma prática1

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real de alteração, transformação e modificação da realidade como um todo. Neste sentido abre-se para o pensamento a seguinte questão: como instrumento de ação e transformação da realidade, como podemos situar a prática da ciência no mundo contemporâneo ocidental? Herbert Marcuse em seu livro Ideologia da sociedade industrial, mais precisamente ao capítulo de nome Racionalidade tecnológica e lógica da dominação é que nos dá uma orientação: “Em vista do caráter instrumentalista interno do método científico, (...) Uma relação... estreita parece existir entre o pensamento científico e sua aplicação, (...) - uma relação na qual ambas se movem sob a mesma lógica e racionalidade de dominação.” 1 Isto significa dizer que a ciência enquanto instrumento de ação tem se posicionado, predominantemente, como um instrumento de dominação, ou seja, enquanto instrumento que assegura a permanência e a continuidade das desigualdades sociais radicais. Nesta direção nos cabe aqui ressaltar que o processo que deu origem à própria ciência moderna, como meio ou mesmo instrumento de asseguramento dos abismos sociais, não pode ser desvinculado da história ocidental européia, ou mais precisamente, da filosofia. Ora, o que com isto estamos querendo dizer? É Heidegger em seu texto Que é isto - a filosofia?, acerca da relação entre filosofia ocidental e origem da ciência moderna, que nos abre uma compreensão possível acerca desta questão: “Pelo fato de elas (as ciências) brotarem da marcha mais íntima da história ocidental - européia, o que vale dizer do processo da filosofia, são elas capazes de marcar hoje, com seu cunho específico, a história da humanidade pelo orbe terrestre. Consideramos por um momento o que significa o fato de caracterizarmos uma era da história humana de ‘era atômica’. A energia atômica descoberta e liberada pelas ciências é representada como aquele poder que deve determinar a marcha da história. Entretanto, a ciência nunca existiria se a filosofia não a tivesse precedido e antecipado.” 2 Neste sentido, desde a perspectiva de Heidegger, se hoje temos a ameaça das armas nucleares como resultado da transformação da natureza através da mediação da ciência e da técnica, este processo foi precedido pela própria filosofia, uma vez que o surgimento das ciências modernas não pode ser desvinculado da história ocidental-européia, lugar em que a filosofia surge. Isto significa dizer que a ciência, enquanto instrumento de ação, tem tido papel decisivo nos rumos de nossa história, ou em outros termos, tem tido papel fundamental na continuidade das desigualdades sociais radicais. Isto porque o método científico concentra em sua forma, que dá privilégio ao cálculo e à quantificação enquanto unidades de medida, os meios necessários para a alteração e modificação da natureza sem que a dominação dos recursos naturais esteja separada da dominação e escravização do homem pelo homem através da exploração do trabalho.

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Marcuse Ideologia da sociedade industrial, p. 151. Que é isto – a filosofia? Heidegger, p. 15.

Isto significa: se é a ciência que nos abre a possibilidade de compreender o conhecimento como algo que se ergue de maneira unilateral, de mão única, onde só o ser humano é quem determina o que o objeto é, nesta perspectiva é possível então lançar à ordem do legítimo, por exemplo, a exploração violenta, extremada e predatória do meio ambiente, de onde se extrai o máximo sem nada retribuir. Este explorar sem doar ou preservar, desatento que é ao destino das futuras gerações, ocorre sempre de modo ilimitado, ao passo que os recursos naturais são tomados como inesgotáveis na mesma medida em que o ser humano impõese como senhor da natureza, que é, neste horizonte, inferior ao poder do homem que a seu bel prazer ou capricho, pode alterar a natureza deste ou daquele modo, não tendo como perspectiva o equilíbrio entre a apropriação dos recursos naturais e uma certa consciência ecológica articulada a uma perspectiva de equidade social, mas de outro modo, inclinando-se para a continuidade acentuada dos abismos sociais radicais. Nesta direção, a mediação da ciência e da técnica na relação do ser humano com a natureza trata-se antes de tudo de uma possibilidade de alteração, modificação, desde uma posição de controle, do homem sobre o recursos naturais, alteração esta voltada para a acumulação de riquezas materiais capaz de mover paixões e ódios. A natureza portanto, pode ser submetida à determinação quantitativa, na medida em que visa atender à vontade do homem em dominar a natureza tendo como mediação a ciência e a técnica. Os OGM's, os organismos geneticamente modificados, enquanto resultado de certo modo de ciência, se inscrevem neste interesse do homem em alterar a natureza para a viabilização da acumulação de riquezas materiais. É aí que aparece a relação entre ciência, aumento da produtividade e aceleração da circulação de mercadorias e capitais. Com o interesse na acumulação de riquezas o homem altera de modo radical o ciclo próprio à natureza, não importando os impactos ambientais daí decorrentes. Em reportagem de nome Olho nos transgênicos!, publicado na revista Caros Amigos – Especial, Reforma Agrária, de setembro de 2003, Natália Viana nos dá um esclarecimento mais preciso acerca dos impactos dos alimentos geneticamente modificados: “Um dos maiores perigos é a contaminação de plantas naturais através do pólen de plantas transgênicas. Sezifredo3 lembra o acidente que aconteceu nos EUA em setembro de 2000, quando o milho estarlink, produzido para alimentação animal e alergênico para pessoas, contaminou outras espécies de milho, atingindo cerca de trezentos produtos, que tiveram de ser retirados dos supermercados. Outro grande problema é o aumento do consumo do herbicida glifosato, o único que pode ser aplicado junto à soja Roundup Ready, patenteada pela multinacional de sementes Monsanto. Para Sezifredo, a adoção da soja transgênica implica um aumento do consumo desse veneno, que pode causar desde irritações na pele até

Sezifredo, na ocasião, era um consultor técnico do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor, o IDEC. 3

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intoxicação, passando subterrâneas”. 4

pela

contaminação

de

rios

e

águas

A ação de muitos grupos financeiros tal como a Monsanto, também caminha nesta mesma direção, pois é através da mediação da ciência e da técnica enquanto instrumento, que se abre a possibilidade para o homem de alteração e violação da natureza, vinculada por sua vez à continuidade das desigualdades sociais radicais sem que se tenha em vista os problemas a serem gerados, seja no corpo humano ou no meio ambiente. A atuação do complexo Aracruz Celulose no Espírito Santo, também se inscreve nesta mesma perspectiva. Tendo como interesse a monocultura voltada para exportação, prática antiga em nosso raio histórico, o complexo Aracruz Celulose, maior produtora e exportadora de poupa branqueada de eucalipto no mundo, altera e desvia, sem amparo jurídico, vários córregos no norte do Espírito Santo, no intuito de atender a alta demanda de água necessária ao crescimento do eucalipto, água, vale ressaltar, que não é paga pela empresa, devido aos seus benefícios governamentais. Para o crescimento do eucalipto são utilizados muitos agrotóxicos e herbicidas que alteram a estrutura do vegetal diminuindo o seu tempo de corte, visando o corte em um tempo mais curto para a comercialização cada vez mais rápida. Deste modo, modifica-se por meio de uma certa técnica, o ciclo próprio à natureza, abrindo a possibilidade de através das chuvas estes resíduos serem levados até os rios, reduzindo e alterando desta maneira, o fluxo natural de peixes e animais na região de modo a criar sérios desequilíbrios ecológicos. A ação violenta do complexo Aracruz Celulose junto aos recursos naturais não sem a mediação da ciência e da técnica, tem também a sua continuidade no seu trato com as comunidades locais. Na medida em que ao desapropriar de forma violenta as comunidades indígenas e negras de suas terras, as tirando os meios de subsistência e lançando-as para os subúrbios urbanos onde a necessidade por dinheiro é mais imediata, isso não sem o apoio do Estado, logo os portadores da vontade de verdade de tais práticas políticas que têm como instrumento certo modo de ciência e técnica, enunciam e sobretudo justificam tal maneira violenta de tratar a natureza e o outro que nela habita, enquanto algo que é necessário ao “desenvolvimento social e econômico” do Espírito Santo, sendo aqueles que enunciam tal perspectiva unilateral, muitos biólogos, químicos e demais cientistas. Nesta direção, a perspectiva da ciência e da técnica aparece e mostra-se aí como instrumento de acumulação de capital e aprofundamento dos abismos sociais e desequilíbrios ecológicos. É nesta perspectiva que ganha sentido a afirmação de Marcuse acerca da íntima relação entre exploração do homem e dominação da natureza promovida a ferro e fogo através de certo modo de ciência, “uma ligação que tende a ser fatal para esse universo” 5, pois para o pensador alemão, “O método científico que levou à dominação cada vez mais eficaz da

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Caros Amigos – Especial - Reforma Agrária; setembro de 2003, p. 21. Marcuse, Ideologia da sociedade industrial, p. 160.

natureza forneceu, assim, tanto os conceitos puros como os instrumentos para a dominação cada vez maior do homem pelo homem por meio da dominação da natureza.” 6 Todavia, esta categoria, ser humano, homem, tal como foi lançada por Marcuse, não nos diz muita coisa se quisermos aqui traçar uma certa distinção entre um algo e outro algo, dito em outros termos, entre uma forma e outra de se posicionar diante de um mesmo tema ou ação prática. Neste sentido, quando falamos do trato do ser humano com a natureza, nos é necessário ter a dimensão de que não podemos encontrar em nosso raio histórico um conceito universal sobre o que seja tal trato, um conceito desta ordem teria a incongruência de eliminar as diferenças e contextualizações históricas e econômicas, uma vez que o trato com a natureza não é do mesmo modo para este ou aquele outro segmento social, sobretudo quando pensamos na dimensão da divisão técnica fixada na organização do mundo do trabalho. Uma indicação mais precisa em relação ao encaminhamento do problema nos trás Maurício Waldman em seu livro Ecologia e lutas sociais no Brasil, ao seu capítulo 1 de nome Ecologia na perspectiva dos trabalhadores: “Ora, é uma descomunal cegueira política falar em desequilíbrio ambiental apontando-se responsáveis tão indiferenciados quanto “atividade industrial”, “homem”, etc. De que “homem” ou “atividade industrial” estamos, enfim, falando? Em uma sociedade dividida em classes como a nossa, este “homem” estaria identificado com o proprietário dos meios de produção ou com o trabalhador “livre e assalariado”? Em outras palavras: em uma companhia de celulose que devasta a floresta, colocaríamos em um mesmo plano o proprietário e o trabalhador, ou seria necessário fazer um “corte social” para melhor identificar o problema? (...) Assim, é necessário recordar que vivemos em um regime regido por uma divisão social do trabalho, onde a uns cabem decisões e a outros, o cumprimento de diretrizes previamente traçadas. O caráter privado da propriedade no regime capitalista determina uma apropriação privada da natureza, seja em escala local, nacional ou mesmo mundial, dado o caráter de internacionalização do capitalismo. ”7

6 Idem, Ideologia da sociedade industrial, p. 154. Mais adiante nos indica Marcuse: “O ponto que estou tentando mostrar é que a ciência, em virtude de seu próprio método e de seus conceitos, projetou e promoveu um universo no qual a dominação da natureza permaneceu ligada à dominação do homem - uma ligação que tende a ser fatal para esse universo em seu todo. A natureza, cientificamente compreendida e dominada, reaparece no aparato técnico da produção e destruição que mantém e aprimora a vida dos indivíduos enquanto os subordina aos senhores do aparato. Assim a hierarquia racional se funde com a social. Se esse for o caso, então a mudança na direção do progresso, que pode romper essa ligação fatal, também afetaria a própria estrutura da ciência - o projeto científico.”; p. 160. 7 Maurício Waldman. Ecologia e lutas sociais no Brasil. Capítulo 1: Ecologia na perspectiva dos trabalhadores. Editora Contexto. Coleção: Caminhos da Geografia. São Paulo, 1994, segunda edição, p. 11 e 12.

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Nesta direção, no campo da organização do trabalho, que é uma das possíveis formas de mediação do homem com o mundo, com a sociedade e com a natureza, realizou o pensamento guiado por unidades de medida quantificáveis, isto é, pelo cálculo, transformações radicais nas relações entre os seres humanos na esfera da organização do trabalho, que por sua vez se torna cada vez mais especializado em sua divisão técnica. Na perspectiva de Marcuse no que se refere à organização do trabalho em nosso raio histórico, a ciência inaugurou a relação dos homens “entre si de acordo com qualidades quantificáveis - a saber, como unidades de força de trabalho abstratas, calculáveis em unidades de tempo.” 8 Isto é, para a gerência técnica do mundo do trabalho no mundo contemporâneo, a medida do trabalho é a quantidade, ou seja, a medida do trabalho é o tempo do relógio em sua relação imediata com o tempo da produção. Neste sentido, o modo de relação entre os homens fundado na quantidade, que aparece no modo de organização do trabalho no mundo moderno, indica-nos um uniformizar as diferenças, ao passo que a individualidade, a autonomia e a singularidade de cada indivíduo dissipase e se dissolve na uniformidade que a técnica impõe, articulando produtividade, execração da autonomia e conseqüentemente dominação da vida e do trabalho alheio, isto desde uma racionalidade fundada na quantificação da realidade. É nesta direção que nos indica Marcuse: “... a tecnologia também garante a grande racionalização da não-liberdade do homem e demonstra a impossibilidade ‘técnica’ de a criatura ser autônoma, de determinar a sua própria vida. Isso porque essa não-liberdade não parece irracional nem política, mas antes uma submissão ao aparato técnico que amplia as comodidades da vida e aumenta a produtividade do trabalho. A racionalidade tecnológica protege, assim, em vez de cancelar, a legitimidade da dominação...” 9 Em outra direção, quando pensamos nas relações entre a organização do trabalho e as transformações tecnológicas, nos deparamos com um problema, a saber, costumamos relacionar de modo imediato e impensado, as inovações tecnológicas com desemprego, de modo a criarmos uma certa negação ou aversão em relação à ciência e suas inovações técnicas na esfera do trabalho. Não que relacionar desemprego com transformações técnicas esteja de todo equivocado, mas para chegarmos a esta afirmação, o pensamento precisa atravessar um certo percurso. Na divisão técnica do trabalho, as transformações tecnológicas podem ser utilizadas de modo a reduzir a carga horária dos trabalhadores, sem redução de salário, não só com a perspectiva de não gerar desemprego em massa, mas também como alternativa de inclusão daqueles que estão à margem do mundo do trabalho. No entanto, historicamente, as inovações no campo da ciência e da técnica têm sido utilizadas como instrumentos de alargamento dos abismos sociais no mundo contemporâneo e urbano, na medida em que, com o interesse de diminuir os custos e aumentar a produtividade, os patrões optam pela 8 9

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Marcuse, Ideologia da sociedade industrial, p. 152. Idem, p. 154.

demissão em massa e não redução das horas de trabalho. O que resulta em uma apropriação da ciência e da técnica, neste aspecto, como meio de acumulação e concentração de riquezas materiais de modo ilimitado. De todo, a estrutura de conhecimento da ciência, fundada que é na estrutura sujeito e objeto, encontra na modernidade ocidental a sua primazia ao passo que converge para si uma posição de dignidade hierárquica mais elevada, na medida em que nega e lança em uma posição inferior todo modo de conhecimento que não esteja fundado na noção de conhecimento empírico, como a ficção ou a própria filosofia. Deste modo, diante do problema do conhecimento, a ciência reivindica-se como situada desde uma posição de dignidade, ao passo que o modo de conhecimento científico toma para si o topo da hierarquia racional no mundo moderno, justo por seu caráter empírico fundado que é na quantidade, na medição e no cálculo. Neste sentido, tomando a perspectiva de Marcuse, a saber, a de que o conhecimento científico ofereceu em sua forma - conceitos, métodos -, os meios necessários para a dominação da natureza - que é tomada como objeto -, por mediação da dominação e exploração do trabalho alheio, indicando deste modo a necessidade histórica entre conhecimento científico e prática científica, abre-se então a indicação de que esta primazia na hierarquia racional pleiteada pela ciência, em seu desdobramento histórico, encontra também sua continuidade na hierarquia social e na divisão técnica do trabalho, ao passo que as disparidades sociais e a apropriação privada da natureza, responsáveis por nossos apocalípticos desequilíbrios ecológicos, não podem ser desvinculados da pretensão e efetividade histórica da ciência enquanto forma de conhecimento que toma para si o topo da hierarquia racional, ao passo e na mesma medida em que nega tudo o que não é empírico, quantificável ou medido. É neste sentido que, segundo Marcuse, “a hierarquia racional se funde com a social. Se esse for o caso, então a mudança na direção do progresso, que pode romper essa ligação fatal, também afetaria a própria estrutura da ciência - o projeto científico.” 10

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Marcuse, Ideologia da sociedade industrial, p. 160.

Referências:  Que é isto – A Filosofia? (p. 13-24); Martin Heidegger; Os pensadores; tradução de Ernildo Stein; Nova Cultural, São Paulo, 1991.  Do pensamento negativo para o positivo: Racionalidade tecnológica e lógica da dominação (p. 142-162); Herbert Marcuse, Ideologia da Sociedade Industrial; tradução de Giasone Rebuá; Zahar Editores, Rio de Janeiro, 1964.  Olho nos transgênicos! (p. 21-23); Revista Caros Amigos – Especial, Reforma Agrária, número 18, setembro de 2003; Editora Casa Amarela, São Paulo.  Violação de direitos econômicos, sociais, culturais e ambientais na monocultura do eucalipto: a Aracruz Celulose e o estado do Espírito Santo; Rede Alerta contra o deserto verde; Entidades e participantes na elaboração do relatório; Coordenador: Marcelo Calanzans (Fase/ES); Apoio técnico e jurídico: Marcio Alexandre Gualberto (Fase Nacional), Maria Helena Rodrigues (Fase Nacional), Pedro Cláudio Cunha (Fase Nacional); Pessoas e entidades responsáveis pelo relatório: Alacir De’Nadai (Fase/ES), Charles Miranda, Daniela Meireles (Fase/ES), Zé da Terra (Sindicato dos trabalhadores rurais de Muniz Freire), Maria Aliene de Jesus (MST), Marilda Maracci (Associação de Geógrafos do Brasil), Paulo Chagas (Pastoral Social da Diocese de São Mateus), Simone Ferreira (Associação de Geógrafos do Brasil), Valmir Noventa (Sindicato dos Trabalhadores Rurais de São Mateus), Winnie Overbeeh (Fase/ ES); Colaboradores: Hélder Gomes, Luiz Alberto Loureiro, Ranaulfo Gianordoli, Sebastião Ribeiro; Apoio: Terre dês Hommes, Misereor, União Européia.  Waldman, Maurício. Ecologia e lutas sociais no Brasil. Editora Contexto. Coleção: Caminhos da Geografia. São Paulo, segunda edição, 1994.

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