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May 31, 2017 | Autor: Lucinea Lima Lacerda | Categoria: Consumo De Moda, Plus Size Clothing, Plus size fashion
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Descrição do Produto

CONSUMO DE MODA PLUS SIZE EM PLATAFORMAS DIGITAIS PRIMEIRO AUTOR1, SEGUNDO AUTOR2, …, N AUTORN (CALIBRI, BOLD, 12 PT, CAPS) 1

Filiaçãoinstitucional Autor1, [email protected] (Calibri, italic, 11pt)

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Filiaçãoinstitucional Autor2, [email protected]

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Filiaçãoinstitucional AutorN, [email protected]

Resumo: O presente trabalho trata da comercialização de moda-vestuário realizada em plataformas digitais para público feminino plus size. A pesquisa, de caráter qualitativo, trouxe à luz estratégias de comercialização das comerciantes em mercados abrigados nas redes, ainda emergentes na cidade de Recife – PE. Além disso, discute fatores, principalmente de ordem subjetiva, que fazem com que as consumidoras em potencial se identifiquem como plus size e, por isso, passem a adquirir suas roupas por meio da compra on-line. A amostra da pesquisa realizada é constituída por 10 entrevistas de modelo semiestruturado, sendo que elas foram realizadas em comunidade denominada plus size na rede social digital denominada Facebook. A pesquisa apontou que as clientes conhecem as comerciantes, as marcas e as lojas de modelos plus size primeiramente pelo contato da venda direta para, num segundo momento, realizarem as compras pela rede, o que implica em maior assertividade em relação à numeração, modelagem, caimento e bemestar quando se trata de comprar peça de vestuário em plataformas virtuais. Palavras chave: comercialização, compras on-line, e-commerce, redes sociais, moda-vestuário, público feminino.

1. Introdução O objetivo do artigo é apresentar o resultado interrelacionado de três pesquisas realizadas em momentos distinto, embora todas tenham tido um viés qualitativo de temas: de comercialização, de moda plus size e de consumo de moda on-line1. O imbricamento dos referidos estudos deu origem à investigação que intitula este trabalho: "Comercialização de moda-vestuário por plataformas digitais para público plus size". Para elaboração deste estudo, admitiu-se o termo "moda-vestuário" para abranger itens como roupa, calçados e acessórios novos que são disponibilizados à comercialização através de lojas físicas, grandes magazines, lojas de grifes ou mesmo por venda direta ao consumidor, inclusive através de lojas de bolsa (catálogos) e por modalidade on-line, abrigada em diversas plataformas: sites, redes sociais digitais e aplicativos que têm como público-alvo mulheres consumidoras de moda-vestuário plus size. A malha utilizada como pano de fundo desta investigação é a comercialização de moda-vestuário, tendo sua transação comercial realizada por meio de plataforma digital considerada um elo importante entre quem comercializa e quem compra as mercadorias nesse tipo de movimento de comércio e de consumo tão caracteristicamente contemporâneo. Em pesquisa realizada sobre "Contribuições das Comerciantes para o Consumo de Moda-Vestuário Junto ao Público Feminino Adulto" (SEGUNDO AUTOR, 2015), foi evidenciado pela autora do estudo que as

1

SEGUNDO AUTOR2,. 2015. Contribuições das agentes de comercialização (“sacoleiras”) para o consumo e inovação da moda em pequenas empresas deSanta Cruz do Capibaribe (PE). Dissertação de Mestrado. UFRPE/PGCDS. PRIMEIRO AUTOR, 2015. Processo de busca de consumidoras de moda plus size.Dissertação de Mestrado. UFRPE/PGCDS. TERCEIRO AUTOR. 2015. Consumo de moda online

comerciantes utilizam como estratégia de divulgação dos produtos a rede social digital Facebook2 e o aplicativo What’sApp3. Algumas das comerciantes entrevistadas, de acordo com o estudo referenciado, recorrem à tática de suprimir a etiqueta de numeração das peças de roupas no momento de apresentar a roupa para prova da cliente, e utilizam de elaboradas técnicas de persuasão e de manipulação, que visam a garantir a autoestima das consujidoras e, assim, contribuir para a concretização da venda. Ainda de acrodo com a pesquisa, há relatos das comerciantes que afirmam que muitas clientes não se reconhecem como tamanhos maiores, buscando, assim, por números inferiores às suas medidas corporais. Esta constatação remete, portanto, ao estudo de consumidoras de moda-vestuário plus size (PRIMEIRO AUTOR, 2015), quando, nele, é mencionado que poucas mulheres (de acordo com universo da pesquisa de 40 entrevistadas) se reconhecem com o padrão estabelecido pelas normas da indústria vestuário que denomina de tamanho maior para numeração a partir de numeração 44 (WINN, 2004). Inclusive, tal orientação tem sido objeto de investigação constante em estudos que tratam de corpo, estética e moda e de padrões de beleza (CORBIN, 2011). O que instiga os pesquisadores a realizarem este trabalho de pesquisa é justamente tal evidência de consumidoras de moda plus size que não se reconhecem como consumidoras de artigos deste seguimento de mercado. E isso, por sua vez, desperta a necessidade de ser reconhecida a carência de trabalhos direcionados (no mercado e na academia) à produção de produtos a esse público tratado de maneira não estigmatizada, ampliando, desse modo, suas opções de escolha. Tal engrenagem da produção, do comércio e do consumo de moda plus size ainda se encontra de modo bastante embrionário no Brasil, sobretudo quando se trata de venda em plataformas digitais que tenham com o a) o público feminino e, b) o público feminino plus size (TERCEIRO AUTOR, 2015). Com efeito, toma-se como ponto de partida, neste trabalho, as seguintes indagações: As mulheres consumidoras de moda-vestuário que se reconhecem como plus size compram roupas e acessórios através de plataformas digitais? Quais seriam essas plataformas? Como foi primeira experiência das consumidoras em compras on-line de roupa? Por que compram on-line? A metodologia da pesquisa pautou-se em uma revisão de literatura e em estudos de mercado (modavestuário, plus size e e-commerce). A investigação permitiu entrevistar 10 consumidoras de moda plus size através de pesquisa on-line pela ferramenta Google drive4, com respondentes pré-selecionadas em um grupo da rede social Facebook, sendo que suas integrantes se autodenominam plus size. Os resultados aqui apresentados tiveram permissão para serem divulgados, desde que as indentidades das entrevistadas fossem mantidas em sigilos, conforme prevê a ética que orienta a produção e divulgação de trabalhos científicos. Grosso modo, os resultados apontaram que as consumidoras virtuais de moda plus size costumeiramente realizam compras on-line através de aplicativos como what’sApp junto a comerciantes que “sabem o tamanho certinho do corpo e conhecem o gosto” (SEGUNDO AUTOR, 2015). Além disso, elas compram também em lojas quando já conhecem a numeração da marca, quando houve previamente a prova da roupa em loja física e/ou por indicação de alguma pessoa próxima: familiares e amigas. A partir de tais informações prévias, é possível reconhecer que as consumidoras desenvolvem seus percursos de compra a partir do conhecimento prévio da loja/marca/roupa, quer seja por procura pessoal, quer por indicação de outras pessoas.

2

Livro de rostos em formato digital com acesso através de Internet por smartphones, notebooks, tablets e pc’s, no qual é possível enviar e receber convites de amigos e montar página de empresa, além de o usuário poder participar de grupos de vendas e trocas para exibição das mercadorias. 3Aplicativo

que permite o envio de mensagens de texto, mensagem de voz e imagens. Por meio dele, conforme constatamos nas pesquisas até então realizadas, as comerciantes interagem diretamente com as clientes através de, por exemplo, o smartphones. 4Ferramenta

disponibilizada no sites da empresa Google que permite a realização de pesquisas online, possibilitando ao pesquisador acompanhar a quantidade de respondentes, além da geração de gráficos dos resultados.

2. Referencial Teórico 2.1

Comercialização

Embora os estudos que tratam da história da comercialização são à parte uma aula da história da economia, desde o Velho Mundo, vamos nos centrar na comercialização como processo de troca, circulação das mercadorias (MARSHALL, 1996; BRAUDEL, 1996). Por ser este o pano de fundo que sustenta esta investigação, retoma-se, de acordo com Braudel (1996, p. 54): “a descrição das razões de um desenvolvimento do mercado o qual contribuiu para o aumento da distribuição, aceleração das trocas e de um setor um sector terciário que não deixa de estar relacionado com o desenvolvimento geral da economia”. Nesta situação a transação comercial transpõe a troca de mercadorias e agrega valor pela prestação dos serviços no processo de acesso ao objeto de desejo, a mercadoria personificada. No ano de 1921, em seus estudos relacionados à produção de moda, Jones (2005, p. 56) faz alusão ao aparecimento das máquinas de costura elétricas, considerando que este foi um dos fatores que contribuiu para o aumento da produção de roupas femininas e para sua distribuição em linhas nos estoques das lojas espalhadas por todo o país (no caso, os Estados Unidos da América), onde, na época, a maior parte das roupas produzidas em massa era vendida por catálogos e ordens postais. É comum o destaque, na literatura especializada, de que os agentes de intermediação são um elo importante entre os produtores e os consumidores, contribuindo, inclusive, nos processos de criação e circulação das mercadorias, pois estas “não podem ir por si só ao mercado” (CABRAL, 2007; MARX [1867], 2013, p. 159-160). As mercadorias de categoria moda-vestuário são adotadas aqui como extensão visual do ser humano, pois lhe despertam e refletem seus desejos de maneira complexa, sabendo-se que ela inclui mais do que roupas, conforme afirmamos também acima (Hollander, 1993; Polhemus, 1996 apud CASTILHO, 2002, p.23). De acordo com Castilho (2002), a roupa e acessórios constituem uma segunda pele do sujeito. Tendo ou não a percepção de que a moda por si porta sentido e também conjunge sentidos com o corpo do sujeito, é possível apreender três grandes estratégias de interação que o sujeito desenvolve em situações de comunicação diversas: a sedução, a tentação e a intimidação (CASTILHO, 2002, p.129). Tais conjecturas são corroboradas pelos estudos que tratam das estratégias das comerciantes, de modo geral: a persuasão, a manipulação e a sanção, quando da concretização da venda (BARROS, 2011; LACERDA, 2015), na modalidade de venda direta ao consumidor. No ambiente virtual, o mercado é um espaço constituído de forma imateria por algoritmos, bits, bytes, plataformas digitais e conexões 3G, 4G e Wifi. É o espaço das trocas, denominado “mercado“. As redes sociais digitais, através das quais se comercializam produtos e serviços da mais infinita variedade, podem ser compreendidas pela seguinte asserção de Braudel (1996, p. 12), presente na obra Estudo do Jogo das Trocas: "Como a instituição social na qual as pessoas trocam livremente mercadorias (bens, recursos e serviços); o mercado é uma libertação, uma abertura, o acesso a outro mundo. É vir à tona.” Partimos, neste trabalho, desta premissa, destacando a relevância da abertura deste novo mercado promovido pela consolidação do advento da era da informação e da comunicação. No mercado real, as transações comerciais são o resultado de uma "consequência involuntária da busca pelos indivíduos de seus próprios interesses" (OUTHWAITE, 1996, p. 459-460) e, nele, há o toque, a exprerimentação, a autossanção imediata de que a roupa cai bem ou não à consumidora. Em um ambiente virtual, ao contrário, é possível apenas visualizar a roupa pela tela do computador, mas não se pode provála no corpo – a menos que o site disponibilize recursos da realidade aumentada, virtual; mesmo assim, é uma projeção sobre o simulacro do corpo do outro. Em tais ambientes, como mecanismo de visibilidade de marca e de produtos, adota-se, entre a comercialização e o cliente final, a plataforma utilizada para exibição da mercadoria, a vitrine virtual (sites, blogs, redes sociais digitais, aplicativos).

Nesta realidade virtual, o intermediário da compra in locu, a figura do comerciante, é substituído por mecanismos de busca. É praticamente o teste de turing5. Não sabe o cliente se ele comunica com uma máquina ou com o ser humano, que lhe responde do "outro lado do computador". A "máquina" é capaz de reconhecer e sugerir produtos do "agrado“6 de quem pesquisa, numa relação temporal “assombrosa“, pois a tecnologia tem oferecido suposte responsivo para o refinamento e os padõres das buscas possíveis. No que tange à comercialização de moda-vestuário voltada para o público plus size em plataformas digitais, apresentam-se, mais adiante, pelas próprias respondentes desta investigação, os fatores que as fazem adquirir as mercadorias nesta modalidade de compra.

2.2

E-commerce

A Internet se tornou uma das invenções mais significativas da sociedade contemporânea, considerando as criações de novos paradigmas não apenas nas tecnologias da comunicação e da informação, mas sobretudo, inclusive, nas relações interpessoais que redesenharam novas formas de o ser humano ser, estar e transitar no mundo. No universo da tecnologia, os consumidores, para estarem conectados com o mundo, fizeram da Internet uma alternativa à compra com rapidez por meio do e-commerce nos dispositivos eletrônicos, como computadores, tablets e smartphones. De acordo com Schwartz (1998), o surgimento da Internet é um dos poucos acontecimentos que teve tanta influência entre as pessoas, permitindo assim que adquirissem e trocassem conhecimento de todos os tipos de assunto. Disso, originaram-se vários segmentos, dentre os quais se destaca o canal de comercialização chamado comércio eletrônico (e-commerce). O acesso à Internet também possibiltou que todas as camadas das classes socias pudessem acessar às informações de moda, no que tange ao nicho de varejo de moda tradicional (offline), como também de lojas virtuais (on-line) como um todo. Atualmente, no século XXI, podemos dizer que a facilidade das compras de produtos de moda-vestuário chegou através do e-commerce, sendo que as atualizações de moda e busca por novos estilos podem ser feitas, inclusive, nesses canais de compa. A maioria das grandes lojas de grife ou de departamentos possui um sites que divulga sua marca como uma vitrine virtual de vendas diretas de seus produtos, juntamente com sites de mídias sociais para captar a opinião do consumidor – e ao mesmo tempo reforçar ou replicar a publicidade de tais produtos, da própria marca e da loja. Sendo o comércio on-line um meio de fácil acesso, o visual merchandising dele surge como a chave para a apresentação da marca e dos seus produtos a fim de cativar os potenciais compradores que se identificam com a marca, facilitando a decisão de compra (DIAMOND, 2003). , assumindo também um papel importante no desenvolvimento do comércio on-line. Com o advento novas tecnologias, os conflitos entre o off-line e o online que as marcas poderiam ter, estão resolvidos. “As possibilidades de interação entre o cliente, a vitrina e a web são infinitas quer seja para vender, interagir, animar o espaço de venda ou criar a experiência, com projeções gigantes nas fachadas ou com a conectividade ativada no vidro da vitrina“ (DEMETRESCO, 2012). Conforme Villaça e Castilho (2006), o mercado da moda se sofisticou de tal forma que não basta mais saber fabricar um bom produto de moda, é preciso sempre diferenciar-se dos concorrentes. Esse nível de produção e comércio ainda não reflete as necessidades e os desejos da consumidora plus size, então ainda marginalizadas desses processo. Mas, ainda de acordo com as autoras, quando surge o desejo de compra de mercadoria pelos consumidores, as marcas de moda precisam de algo que os impulsione a realizar essa compra – e a facilidade e a comodidade de comprar através da Internet poderiam ser algumas delas. Com a criação de sites, blogs, mídias sociais, portais de comunicação direcionados à indústria têxtil e e-commerce de moda, a Internet passou a ser uma ferramenta aliada àqueles que desejam vender seus produtos, sejam eles grandes varejistas ou comerciantes independentes. Nesse sentido, há de se destacar que o público plus size tem uma atenção especial neste novo modo de comércio e de consumo de moda-vestuário. A decisão de compra do consumidor de moda pode ser individual ou coletiva, ou em qualquer uma das circunstâncias. A esse respeito, Cobra (2007) afirma que o consumidor é influenciado pelas tendências de

5Fonte: 6Fonte:

Disponível em: . Acesso em: 31, outubro, 2015. PREFREC. Disponível em: Acesso em: 31, outubro, 2015.

moda – e os sites de moda têm o conhecimento a respeito disso. Porém, devemos ressaltar que as consumidoras plus size parecem se identificar mais com o que lhes são apresentados nas redes (e como são) do que com o que lhes são apresentados em lojas físicas (e como são). Isso, de certo modo, mostra uma faceta da alteração das relações interpessoais a partir da comunicação realizada por meio das tecnologias. De acordo com dados do E-bit/2015, as vendas no comércio eletrônico em 2015, no Brasil, mantiveram a ascensão e apresentaram crescimento. O mesmo estudo evidenciou que o faturamento do comércio eletrônico foi de R$ 18,6 bilhões. O número representa um crescimento nominal de 16% em relação a 2014, quando se vendeu um total de R$ 16,1 bilhões. A categoria Moda e Acessórios (E-BIT, 2014) liderou as vendas no e-commerce, com 18% do volume total de pedidos, enquanto nos dados E-bit/2015 houve uma queda no faturamento de -8%, mas, mesmo assim, continua no ranking de mais comprado. Com os avanços tecnológicos, que proporcionaram a loja “na palma das mãos ou na ponta dos dedos”, o mercado de produção de bens e de consumo oferece uma gama de produtos infinitamente maior do que até pouco tempo atrás. As empresas devem, cada dia mais, construir e estabelecer uma relação mais próxima com o consumidor e, assim, garantir a sua fidelidade. Por isso, o visual merchandising pode ser considerado um importante aliado para a conquista e permanência dos clientes no espaço comercial, como também nos canais de vendas, os conhecidos e-commerces, conforme apontamos anteriormente. Esta é uma ferramenta estratégica do marketing dos produtos de moda-vestuário para atrair o consumidor e comunicar a imagem a marca, o B2C7. Reduzindo a lente deste grande mercado da indústria do marketing e da moda on-line para uma oferta mais personalizada, e partir dos dados até então coletados; podemos afirmar que o que mais atrai as consumidoras de moda plus size na modalidade on-line é: a personificação do atendimento (mesmo sendo atendida, incialmente por uma máquina, no momento das buscas); a comodidade e a confiança da entrega agendada; o pagamento facilitado; o pedido apenas em um click, quando, por exemplo, se compraram às compras junto às comerciantes de moda-vestuário na modalidade de venda direta ao consumidor. As comerciantes de moda-vestuário de espaços não virtuais, igualmente às dos sites de marcas da moda de vestuário e acessórios, valem-se também dos recursos de visual merchandising mantendo, publicando e atualizando quase diariamente nas redes sociais digitais Facebook, Instagram e aplicativo What'sApp uma oferta initerrupta de novidades às suas clientes, por registro fotográfico das mercadorias que são “a cara da cliente” (LACERDA, 2015). Tal estratégia vem ao encontro do desejo, se as clientes consumidoras de moda plus size têm suas necessidades como satisfeitas.

2.3

Moda Plus Size

No Brasil e no Mundo, o mercado de moda vem, nos últimos anos, crescendo em vários sentidos. Esse fato tornou-se visível em, por exemplo, 2010, quando grandes marcas de moda anunciaram o desenvolvimento de peças até o tamanho 46 (e, em alguns modelos, até o tamanho 52) que seriam comercializadas em lojas de departamento de Nova Iorque. Em 2011, um dos principais editoriais de moda no mundo, a revista Vogue, lançou na Itália a primeira capa com modelos plus size. E, consolidando o mercado de Moda em 2013, a Edição de Primavera 2014 da New York Fashion Week, teve a primeira participação de uma marca plus size8. Em todo o mundo, os Estados Unidos têm o maior percentual de pessoas obesas e com excesso de peso (64,5%), o que chama atenção ao mercado de moda plus size, que precisa atender às consumidoras (e aos consumidores) que usam o tamanho 44 ou maiores (WINN, 2004; WANG, 2007; SCARABOTO e FISCHER, 2013). O tamanho plus size, pode ser compreendido como um “tamanho grande”, mas não estaria necessariamente associado a pessoas acima do peso, considerando-se, portanto, a singularidade do biótipo de cada indivíduo.

7

B2C (Business to Commerce) é a sigla que define a transação comercial entre empresa (indústria, distribuidor ou revenda) e consumidor final através de uma plataforma de E-commerce. A natureza dessa operação tende a ser apenas de consumo. Disponível em: . Acesso em: 22, novembro, 2015. 8

Plus size é um termo de origem americana que significa “tamanho grande”.

A Indústria da moda estabeleceu padrões numerários em todo mundo, para o que não pode ser padronizado, o corpo. Entretanto, cada país define este padrão de acordo com desenvolvimento de estudos de órgãos normativos sobre biótipos de sua população. No Brasil, este padrão é adotado de acordo com as normas ABNT9 órgão responsável pelos padrões numéricos da população brasileira10. Seria, então, a mulher de biótipo tamanho 44 para calças jeans, por exemplo, fora dos padrões estéticos da sociedade de consumo? Estariam a indústria do vestuário e, consequentemente, as lojas de departamento de segmento varejista “sensíveis” a atender as necessidades sociais (MASLOW, 1954) relacionadas à moda, para este público? Estudos sobre comportamento do consumidor de moda plus size realizados nas últimas décadas, no Reino Unido (HASWELL, 2010; PINCKNEY, 2007), também apontam que este mercado está em expansão de necessidades, embora a produção que o atenda ainda se encontra de modo embrionário, como afirmamos anteriormente. A mudança da forma corporal da população do Reino Unido ao longo dos últimos anos fez com que os varejistas introduzissem novas grades de tamanhos que acomodassem o plus size (WEINSTEIN, 2004). Em contrapartida, estes estudos também evidenciaram que as consumidoras da moda plus size não se sentem representadas na sociedade consumo, por vezes, passando a impressão de estarem à margem da moda. No Brasil, observa-se que as lojas de departamento têm adotado espaços destinados ao atendimento do público plus size (SINDVEST, 2015), sendo este movimento ainda bastante tímido, pois, em algunas casos, ainda persiste a ideia de que as consumidoras são atendidas em lojas de varejo como compradoras de “corbertura de corpo” e não de vestuário associado à moda (MASLOW, 1954; FLÜGUEL, 1996). Como seria então, que as mulheres de tamanho plus size realizam suas compras através de sites de compras on-line?

3.

Metodologia

A coleta de dados ocorreu no período de 21 a 26 de novembro de 2015. As consumidoras responderam às questões por meio de um formulário eletrônico então disponibilizado por link num grupo de rede social de moda voltada para público plus size. Foi realizado contato prévio com as integrantes do grupo e informada finalidade da pesquisa para consentimento livre e esclarecido de participação delas de forma anônima, voluntária, sem ônus para nenhuma das partes envolvidas, respeitando, como se disse, os princípios éticos da pesquisa. O estudo elaborado teve um caráter qualitativo, admintindo-se uma amostra de pouco mais de 10 respondentes virtuais. Além disso, buscamos identificar alguns fatores que influenciavam a escolha das consumidoras por essa modalidade de compra. A elaboração do estudo foi dividida em três partes, a saber: 1. Revisão de literatura sobre o tema; 2. Seleção dos temas: comercialização, e-commerce e plus- size; 3. Elaboração do roteiro de perguntas semiestruturado; 4. Seleção virtual e contato com as respondentes; 5. Coleta dos dados: envio do link do roteiro do roteiro de entrevista e 6. Análise dos Dados. Pelos dados analisados, foi fazer notação do biótipo, do costume de compras, das plataformas digitais, do conhecimento da modalidade de compra on-line, da experiência de compras de artigos de moda-vestuário nesta modalidade e sobretudo dos motivos para realização da compra de artigos e acessórios de moda em ambiente virtual.

9Associação

10

Brasileira de Normas Técnicas

Lei 16060/2012 da ABNT/CB-017 (Comitê Brasileiro da Associação Brasileira de Normas Técnicas) do setor de Têxteis e do Vestuário — Referenciais de medidas do corpo humano — Vestibilidade para homens corpo tipo normal, atlético e especial

4.

Resultados e Discussão

Do biótipo compreendido como numeração relativa ao vestuário, apenas uma respondente apontou ser de numeração 50. As outras 10 respondentes assinalaram tamanho 46 como como numeração de manequim. Tabela 1. Biótipo Físico em Relação a Numeração da Roupa pelas Consumidoras de moda plus size on-line Em relação ao seu biótipo físico e a compra de roupas qual numeração veste você?

Número de Respondentes

46 46 46 46 46 46 46 46 46 46

% Acumulado da Amostra Total de Respondentes

10

100

N = 10

100

Fonte: Elaborado pelas autores.

Em relação às plataformas digitais nas quais costumam fazer compras on-line, as respondentes indicaram sites não especificados, rede social digital facebook e sites de lojas específicas, conforme representação apresentada na tabela 2. Tabela 2. Plataformas digitais nas quais costumam realizar compras on-line Número de Respostas

% Acumulado das plataformas digitais mencionadas pelas respondentes

Sites

5

33,33

Facebook

2

13,33

Dafiti

1

6,66

Lunender

1

6,66

Posthaus

3

20,00

Flaminga

1

6,66

Declaton

1

6,66

Passarela

1

6,66

N = 15*

100

Sites Mencionados

Fonte: Elaborado pelos autores. *Nesta questão, o número de respostas foi superior ao número das respondentes (10) por se tratar, de pergunta aberta. O que permite mais de uma resposta por entrevistada.

Tabela 3. Como tomou conhecimento das lojas on-line de moda plus size Forma de indicação da loja online de moda plus size Amigas Grupos em redes sociais Propagandas, blogs e outros Pesquisa on-line Sites de notícias

Número de Respondentes 3 1 1 4 1 N = 10

% Acumulado de indicação de loja on-line de moda plus size 30 10 10 40 10 100

Fonte: Elaborado pelos autores.

Em relação à primeira experiência de compra on-line de moda-vestuário plus size, as respondentes compartilharam diferentes “primeiras impressões” relacionadas à experiência, conforme pode ser verificado na tabela 4:

Tabela 4. Experiência da primeira compra on-line de moda-vestuário plus size

1

% Acumulado em relação a primeira experiência de compra 10

1

10

1

10

1

10

1

10

1

10

1

10

1

10

1

10

1 N = 10

10 100

Número de Respondentes

Da primeira experiência de compra on-line Excelente Foi bem sucedida. Às vezes é necessário alguns ajustes, mas no geral, fiquei satisfeita. Foi boa. bastante tempo pra pensar e escolher sem pressão de vendedores. Foi boa... Houve incerteza quanto ao tamanho das peças, mas os produtos tinham boa qualidade. Muito boa Muito boa. Nos sites tem toda as especificações necessária para a compra. Ótima Sou ótima. Apesar de achar a matéria-prima, os tecidos, de péssima qualidade. Mas adorei as peças. Veio pequena, tive que trocar. O atendimento foi satisfatório. Fonte: Elaborado pelos autores.

Chama a atenção neste resultado a necessidade de troca de peça de vestuário por a respondente relatar que a peça veio pequena, havendo, assim, a necessidade de troca. Isso se registra como um aspecto negativo da compra, uma vez que se a loja está voltada para atendimento ao público plus size? Poucas informações no site ou inexperiência da cliente, por se tratar da primeira experiência de compra on-line, poderiam explicar o desconforto causado, mas também a própria ineficácia do site (futuras pesquisas relacionadas aos temas aqui abordados poderão responder a esse questionamento). Quando perguntadas por quê da escolha da compra de roupas na modalidade on-line, as respondentes apontaram questões como: comodidade, maior tempo para pesquisar e ausência na loja física de roupas de tamanho adequado ao seu corpo, conforme explicitado na tabela 5: Tabela 5. Por que comprar on-line Número de Respondentes

% Acumulado do por que da compra on-line

Dificuldades de encontrar roupas plus size em lojas físicas.

1

10

Mais fácil e cômodo do que ir no shopping. No meu caso porque tem mais opções de roupas para pessoas de tamanho avantajado plus size Para não passar pelo constrangimento de pegar a loja inteira e não caber em mim Pela facilidade de comprar em casa, de pesquisar rapidamente preços e ver opiniões de outros compradores, ter o tempo que quiser pra escolher e não ter pressão de vendedores pra escolher ou pra ficar perguntando o tempo todo se ficou bom.

1

10

1

10

1

10

1

10

Pela variedade de modelos e cores de tamanhos grandes. Porque não encontro roupas adequadas às minhas medidas em lojas físicas. Além de ser raro encontrar roupas que correspondam, as mesmas não são atrativas.

1

10

1

10

Porque é prático

1

10

Porque são sites q oferecem roupas para plus size. Procuro por promoções e peças que estejam com melhor preço do que nas lojas físicas.

1

10

1

10

N = 10

100

Dos por quê

Fonte: Elaborado pelos autores.

Neste resultado, destaca-se o seguinte registro: “de não passar pelo constrangimento de provar a loja toda e não caber em mim” (10%) que, somado aos demais registros que apontam a questão de disponibilidade de tamanho voltado para o público plus size (5 respondentes), apresenta um total de 50% do motivo para compra na modalidade on-line. Tal análise de dado remete-nos a uma outra questão: seria uma escassez na

oferta de produtos de moda-vestuário voltados para o público plus size nas lojas físicas e/ou seria a compra on-line uma “alternativa de fuga” do constranger-se em assumir-se como consumidora plus size?

5. Considerações Finais Neste breve recorte foi possível identificar que apesar do crescimento do mercado de moda plus size, muitas consumidoras sentem dificuldades em encontrar roupas que atendam suas necessidades e recorrem as plataformas digitais. É preciso salientar que foi relatado pelas consumidoras o sentimento de constragimento em não encontrar roupas adequadas ao seu tipo físico. Por fim, consideramos que o resultado deste trabalho sinaliza uma indagação para futuras e constantes pesquisas do campo da moda.

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