Cinco Retratos nos Paços do Concelho: A Dinastia dos Feios da Quinta da Torre.

September 27, 2017 | Autor: H. Cerqueira de S... | Categoria: Genealogy, Local and regional history, História de Portugal, História Da Família
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CINCO RETRATOS NOS PAÇOS DO CONCELHO: A Dinastia dos Feios da Quinta da Torre H. D. Cerqueira de Souza*

Origem, identificação e datação das obras Existem nos Paços do Concelho de Vila Verde um conjunto de cinco retratos a óleo, cuja origem e identidade suscitaram sempre alguma controvérsia. Foram adquiridos nos anos 80, na convicção de que seriam retratos de antigos presidentes de câmara ou figuras proeminentes do concelho, mas nunca haviam sido objecto de um estudo mais cuidado, nem se chegou a fazer uma identificação dos personagens que representavam. Acontece que, na sequência da colocação das molduras douradas (mais recentes) que ainda possuem, o verso das telas foi encoberto por um forro de papel castanho, como é prática habitual das casas da especialidade. Quando tomei a iniciativa de fazer retirar esse forro, as telas revelaram um conjunto de nomes, e cargos, escritos a óleo, de forma grosseira, mas que identificavam em definitivo as personagens retratadas, e confirmavam a datação (e provável origem) das mesmas. Pela análise do estilo e estado de conservação inferimos que se tratavam de retratos do final do século XIX ou do início do século XX, mas pelos trajes, posturas e idades diferenciadas dos retratados, ficava claro que eram figuras de épocas diversas, embora não muito distantes entre si. Assim sendo, a hipótese de serem cópias feitas posteriormente, e em simultâneo, de retratos que haviam sido pintados ao longo do tempo, ganhava terreno. A revelação dos nomes e dos cargos veio apenas confirmar aquilo que a técnica já nos dizia. Um deles possui mesmo uma data: Abril de 1910. Fica assim explicada a origem e datação dos retratos: são cópias, de encomenda, feitas no início do século XX, de um conjunto de quadros já existentes, provavelmente na posse de uma família, ou no espólio de uma casa. As heranças, partilhas, desavenças, e doações (como foi o caso desta1) criavam a necessidade de reproduzir a memória de um espaço, ou de uma herança, com vista à manutenção de um estatuto. * Doutor Arquitecto, Fundador e Presidente do Centro de Estudos Vilaverdenses. 1 Referimo-nos à doação da Quinta da Torre à Província Portuguesa da Companhia de Jesus.

Os personagens e os símbolos Este estudo breve é um esforço no sentido de reunir o máximo de informação sobre estas figuras, sobre as suas origens e ligações familiares, e proporcionar ao observador menos atento um olhar mais criterioso sobre estes retratos, repletos que estão de pequenos símbolos, pequenas vaidades, sinais de um tempo e de uma mentalidade da qual nós somos também, quer o saibamos ou não, os herdeiros. As figuras retratadas, quatro no seu total, já que um dos personagens aparece retratado duas vezes em idades diferentes, pertenceram todas, por ascendência ou afinidade à Quinta e Casa da Torre, de Soutelo (Figura 1), hoje propriedade da Província Portuguesa da Companhia de Jesus, mas que foi Morgadio do Barão e Visconde da Torre, e de uma boa parte da sua ascendência, que se estende Fig. 1: Vista exterior da Quinta da Torre, com a fachada da Capela e o edifício até Viana e Ponte de Lima, original da Casa da Torre (visível por cima dos muros exteriores) e o acrescento Vila do Conde, Braga e Pra- adossado posteriormente pela Companhia de Jesus. [Fotografia do Autor, 2005] do, abrangendo alguns ramos das melhores famílias de Portugal. Os quatro desempenharam também um papel importante nos destinos da região e, à excepção do último, todos ocuparam cargos políticos, militares ou administrativos, de relevo, no concelho de Vila Verde, o que por si só já justificaria, se outras razões não existissem, a aquisição que em boa hora o Município fez. Apresentamos os retratos, seguindo uma ordem algo aleatória, que corresponde à ordem pela qual os fomos estudando, o que não dificulta a leitura geral dado que são apenas cinco óleos. Seguimos, sempre que possível, as normas gerais de inventário, especialmente as que se referem às artes plásticas e artes decorativas, tais como foram publicadas pela Direcção de Serviços de Inventário do Instituto Português de Museus (NORMAS, 2000), muito embora este não seja um trabalho de inventariação, no sentido estrito do termo, mas um esforço de identificação e descodificação da sua iconografia2, simbologia3 e sinalética4. Em lugar do título, e da denominação (NORMAS, 2000: 20), optámos por identificar o personagem retratado. Do grego eikonographía (ειχονογραφία): pintura, desenho de retratos (MACHADO, 2003: III, 255). Do grego symbolon (σύμβολον): sinal de reconhecimento, insígnia, uniforme, estandarte, por via do francês symbolisme (MACHADO, 2003: V, 200). 4 Processo de observar e registar os sinais ou marcas, para a identificação dos criminosos (FIGUEIREDO, 1913: II, 652). 2 3

Fig. 2: Retrato a óleo sobre tela, de meio corpo, de António Vitorino de Araújo de Azevedo e Vasconcelos Feio, primeiro administrador do concelho de Vila Verde e o último do concelho de Vila Chã e Larim. [Fotografia do Autor]

PRIMEIRO RETRATO: Figura 2 (página precedente) Personagem: Dr. António Vitorino de Araújo de Azevedo e Vasconcelos Feio Cronologia: Abril de 1910 Autoria: Desconhecido Centro de Produção: Portugal Técnica: Óleo sobre tela Dimensões: 80cmx62cm Proveniência: Quinta da Torre, Soutelo (provável) Propriedade: Câmara Municipal de Vila Verde Retrato a óleo sobre tela, com moldura em madeira desconhecida, de cor castanho-escuro, representando uma figura masculina de meio corpo, ligeiramente virado para a esquerda, apresentando cabeça descoberta com cabeleira farta, e o rosto com bigode e pêra (mosca) muito em voga entre os liberais do século XIX. O traje é constituído por camisa branca de peitilho pregueado, com colarinho direito, atado por duplo laço, branco, sobreposto por colete com decote em “V”, com dois botões (visíveis) de metal dourado, representando (ao que parece) um brasão sobre o campo (armas de Portugal?). Sobre o todo uma casaca de lapela virada, em negro (ou azul ultramarino muito carregado) com botões idênticos aos anteriores, embora de dimensão superior. Condecorações: ao peito, um medalhão coroado (Figura 3), de Cavaleiro da Ordem Militar de Nossa Senhora da Conceição de Vila Viçosa, em forma de estrela de

Fig. 3: Detalhe do pendente sobre o peito, com medalhão da Ordem Dinástica de Nossa Senhora da Conceição de Vila Viçosa.

Fig. 4: Medalhão da Ordem da Conceição de Vila Viçosa, desenhado em 1818 por Jean Baptiste Debret, a pedido de Dom João VI, fundador da Ordem.

Fig. 5: Detalhe do medalhão sobre o coração, idêntico aos anteriores.

nove pontas esmaltadas de branco, perfilada e arraiada de ouro, com nove estrelas pequenas do mesmo esmalte colocadas sobre os raios entre cada uma das suas pontas; ao centro, em campo de ouro, as letras AM, contidas em coroa circular de esmalte azul, com a legenda «Padroeira do Reino», em letras maiúsculas, de ouro (Figura 4); com pendente de fita azul debruada a branco. Sobre o coração: medalhão idêntico, mas de dimensão superior (figura 5). Nas lapelas da casaca: duas coroas douradas, uma de cada lado, compostas por dois ramos de louro e carvalho, sobrepostos em aspa (Figura 6). No verso da tela (Figura 7): legenda grosseira a óleo «Antonio Victorino de Araujo e Vasconcellos Feyo. 1.º Administrador do concelho de Villa Verde e ultimo do extincto de Villa Chã» e «Pintado em Abril de 1910». A tela apresenta alguns sinais de desgaste (sobretudo na zona superior) com alguma perda de tinta e craquelée por toda a superfície, embora esteja, à excepção desses detalhes, em bom estado de conservação.

Fig. 7 (à direita): Verso da tela com a legenda pintada a óleo negro, de forma grosseira, com o nome e cargos do retratado e data de execução do mesmo: Abril de 1910, que veio a ser fundamental para a datação dos óleos. Fig. 6 (em baixo): Detalhe da coroa de ramos de louro e carvalho, sobrepostos em aspa, na lapela direita, que não lográmos identificar, e que, ou são insígnias militares ou pertencem ao uniforme/traje que veste. Tem semelhanças com o traje da Fig. 24, mas este não tem nenhuma aplicação de coroas nas lapelas.

Fig. 8: Retrato a óleo sobre tela, de meio corpo, de José de Araújo de Azevedo Melo e Vasconcelos, Capitão-mor do Concelho de Vila Chã e Larim. [Fotografia do Autor]

SEGUNDO RETRATO: Figura 8 (página precedente) Personagem: José de Araújo de Azevedo Melo e Vasconcelos Cronologia: séc. XX Autoria: Desconhecido Centro de Produção: Portugal Técnica: Óleo sobre tela Dimensões: 81cmx64cm Proveniência: Quinta da Torre, Soutelo (provável) Propriedade: Câmara Municipal de Vila Verde Retrato a óleo sobre tela, com moldura em madeira desconhecida, dourada, representando uma figura masculina de meio corpo, de frente mas olhando ligeiramente para a direita, apresenta cabeça descoberta com pouco cabelo e já esbranquiçado, e o rosto de cara rapada. O traje é uma farda militar de oficial constituída por casaca negra (ou de azul ultramarino muito carregado) de colarinho simples, abotoada por botões de metal amarelo (cinco visíveis) e cingida na cintura por faixa vermelha. Apresenta duas dragonas douradas idênticas em ambos os ombros e quatro condecorações distintas sobre o coração, dispostas em duas fiadas de 3+1. Condecorações (Figura 10): na fiada superior, medalha coroada5, em forma de estrela de oito pontas, raiada, em ouro, com campo em esmalte vermelho(?) ao centro, contido por coroa circular em ouro, suspensa por fita vermelha e azul ferrete, com barrete dourada; seguida de Medalha do Grau de Cavaleiro da Ordem de Cristo com cruz latina, pátea, de esmalte vermelho, perfilada de ouro, carregada de cruz latina, de esmalte branco, perfilada de ouro, suspensa por fita vermelha com barrete dourada (Figura 9), e por fim Medalha de ouro6, em forma circular, com simulacro de efígie ao centro contida por dupla coroa circular, suspensa por fita branca e verde, com barrete dourada. Na fiada inferior, uma medalha de Cavaleiro da Ordem Dinástica de Nossa Senhora da Conceição de Vila Viçosa, idêntica à descrita no retrato anterior (Figura 3), mas em miniatura, com fita azul debruada a branco. Todas Fig. 9: Medalha de Cavaleiro da Ordem as medalhas estão presas por barreta em metal dourado. de Cristo, modelo actual, segundo a Segundo Paulo Estrela trata-se da Medalha da Real Efígie de D. Miguel I. Parece haver alguma Chancelaria das Andistância entre a sugestão do insigne investigador de falerística e o exemplar da medalha existente tigas Ordens Militares no Palácio Nacional de Queluz (Figura 20). Apresenta algumas semelhanças com uma medalha (Presidência da Reatribuída por Fernando VII (de Espanha) pela Batalha do Vimeiro (Santos, 1963: I, 169) o que neste pública). caso parece prematuro, embora muitas destas medalhas só tivessem começado a ser atribuídas depois de 1848 (DORLING, 1940: 7). 6 Medalha de Fidelidade ao Rei e à Pátria, com distintivo azul, segundo o mesmo investigador. Há também aqui uma clara contradição entre as cores sugeridas e as do quadro, com a ressalva de que o autor do retrato não era, por indícios vários, muito fiel ao detalhe histórico. Esta medalha foi também ao que parece usada com diversos tipos de fita (SANTOS, 1963: I, 225). 5

Fig. 10: Detalhe das condecorações sobre o coração: A: Medalha coroada, em forma de estrela de oito pontas, raiada, em ouro, com campo em esmalte vermelho(?) ao centro, contido por coroa circular em ouro, suspensa por fita vermelha e azul ferrete, com barrete dourada. Identificada por Paulo Estrela como sendo a medalha da Real Efígie de D. Miguel I (a fig. 20 é outro exemplar da mesma medalha).

B A C

D

B: Medalha do Grau de Cavaleiro da Ordem de Cristo com cruz latina, pátea, de esmalte vermelho, perfilada de ouro, carregada de cruz latina, de esmalte branco, perfilada de ouro, suspensa por fita vermelha com barrete dourada. C: Medalha de ouro, em forma circular, com simulacro de efígie ao centro contida por dupla coroa circular, suspensa por fita branca e verde, com barrete dourada, que Paulo Estrela identifica como a Medalha de Fidelidade ao Rei e à Pátria, com distintivo azul. D: Medalha de Cavaleiro da Ordem Militar de Nossa Senhora da Conceição de Vila Viçosa, em forma de estrela de nove pontas esmaltadas de branco, perfilada e arraiada de ouro, com nove estrelas pequenas do mesmo esmalte colocadas sobre os raios entre cada uma das suas pontas; no centro, em campo de ouro, as letras AM, contidas em coroa circular de esmalte azul, com a legenda «Padroeira do Reino», em letras maiúsculas, de ouro; com pendente de fita azul debruada a branco com barrete dourada.

No verso da tela (Figura 11): legenda grosseira a óleo «José de Araujo de Azevedo Mello e Vasconcel.os Capitão-Mór dos concelhos de Villa Chã e Larim». A tela apresenta marcas de reenquadramento (à esquerda), alguns sinais de desgaste com alguma perda de tinta e craquelée, um pouco por toda a superfície, e necessita de restauro, embora esteja ainda num estado de conservação razoável.

Fig. 11: Verso da tela com a legenda pintada a óleo negro, de forma grosseira, com o nome e cargos do retratado. A grafia é do início do século XX. [Fotografia do Autor]

Fig. 12: Retrato a óleo sobre tela de José de Araújo de Azevedo Melo e Vasconcelos, Capitão-Mor do Concelho de Vila Chã e Larim. [Fotografia do Autor]

terceiro retrato: Figura 12 Personagem: José de Araújo de Azevedo Melo e Vasconcelos Cronologia: séc. XX Autoria: Desconhecido Centro de Produção: Portugal Técnica: Óleo sobre tela Dimensões: 81cmx64cm Proveniência: Quinta da Torre, Soutelo (provável) Propriedade: Câmara Municipal de Vila Verde Retrato a óleo sobre tela, com moldura em madeira desconhecida, dourada, representando uma figura masculina de pé, cortado pela coxa, de frente e com o braço apoiado nas costas de uma cadeira, apresenta a cabeça descoberta, com pouco cabelo mas ainda da sua cor, e o rosto de cara rapada. É o mesmo personagem do retrato anterior, mas mais jovem. O traje é uma farda militar de oficial constituída por casaca negra (ou de azul ultramarino muito carregado) de colarinho simples, debruada a ouro, abotoada por botões de metal amarelo (sete visíveis) e cingida na cintura por faixa vermelha com laçada à direita pendendo sob o seu braço esquerdo que aparenta segurar espada7 com cabo em metal dourado e marfim/osso (figura 14). Apresenta punhos simples e duas dragonas douradas idênticas em ambos os ombros, e quatro condecorações distintas sobre o coração, dispostas em duas fiadas de 2+2 (figura 13). Condecorações: são as mesmas que já descrevemos anteriormente (fig. 10) mas com uma disposição diferente. Ressalta do detalhe a medalha da Conceição por apresentar uma estrela de oito pontas, o que sublinha a falta de rigor histórico. No verso da tela (Figura 16): legenda grosseira a óleo «José d’Araujo de Azevedo Mello e Vasconcellos Capitão-Mór dos concelhos de Villa Chã e Larim». A tela apresenta marcas de reenquadramento em todos os bordos, alguns sinais de desgaste com alguma perda de tinta e craquelet, um pouco por toda a superfície, um rasgão na parte inferior da figura, e necessita de restauro, embora esteja ainda num estado de conservação razoável.

Apresenta semelhanças com uma outra (Fig. 15), propriedade do Metropolitan Museum (BASHFORD, 1929: Plate LXXXVI). 7

Fig. 13: Detalhe das condecorações sobre o coração, dispostas em duas fiadas, de 2+2. Destacam-se em baixo a Ordem de Cristo e a Ordem da Conceição.

Fig. 14: Detalhe da espada com cabo em metal dourado e marfim (ou osso), do séc. XIX.

Fig. 15: Detalhe de cabo de espada portuguesa do séc. XIX, idêntica à do retrato, embora de maior requinte decorativo que a anterior, no Metropolitan Museum of Art, EUA (BASHFORD, 1929: Plate LXXXVI).

Fig. 16: Verso da tela com a legenda pintada a óleo negro, de forma grosseira, com o nome e cargos do retratado. [Fotografia do Autor]

Fig. 17: Retrato a óleo sobre tela do Coronel João Feio de Magalhães Coutinho, 1.º Barão e 1.º Visconde da Torre, Coronel do Exército, Fidalgo Cavaleiro da Casa Real, e Presidente da Câmara de Vila Verde (1872-73). [Fotografia do Autor]

QUARTO RETRATO: Figura 17 Personagem: João Feio de Magalhães Coutinho Cronologia: séc. XX Autoria: Desconhecido Centro de Produção: Portugal Técnica: Óleo sobre tela Dimensões: 81cmx64cm Proveniência: Quinta da Torre, Soutelo (provável) Propriedade: Câmara Municipal de Vila Verde Retrato a óleo sobre tela, com moldura em madeira desconhecida, dourada, representando uma figura masculina de meio corpo, de frente, apresenta cabeça descoberta com pouco cabelo integralmente branco, e o rosto decorado com farto bigode e simulacro de mosca, apresentando as pontas brancas. O traje é uma farda militar, de oficial, constituída por casaca de cor castanho-escuro, de colarinho simples dourado, debruado a castanhoescuro, abotoada por três fiadas verticais de oito botões forrados na mesma cor e ligados horizontalmente por ilhoses com laçadas de cordão negro, cingida na cintura por faixa vermelha e atravessado na diagonal, do ombro esquerdo, sobreposto por presilha abotoada da mesma cor, para o flanco direito, por faixa negra. Os punhos são dourados, em cunha, com três fiadas relevadas, também em dourado (Fig. 18). Sobre o coração oito condecorações distintas, dispostas em três fiadas de 2+3+3. Condecorações: Na fiada superior, Medalha de Cavaleiro da Ordem Militar de S. Bento de Avis, com cruz latina flordelizada, de esmalte verde perfilada de ouro, sobrepujada por coração de esmalte vermelho coroado por cruz de prata, suspensa por fita verde com barrete dourada; Medalha do Grau de Cavaleiro da Antiga e Muito Nobre Ordem da Torre e Espada, do Valor, Lealdade e Mérito8 em forma de estrela de cinco pontas de esmalte branco, perfilada de ouro, assente sobre uma coroa de carvalho, de esmalte verde, perfilada e frutada de ouro, tendo entre as duas pontas superiores uma torre, de ouro e iluminada de azul, sendo a estrela carregada, ao centro, de um círculo de ouro com uma espada de esmalte azul, posta em faixa sobre uma coroa de carvalho de esmalte verde e realçada de ouro, tudo envolvido por coroa circular de esmalte azul filetada de ouro, com a legenda «Valor, Lealdade e Mérito», em letras maiúsculas, de ouro, suspensa por fita verde (deveria ser azul, Segundo Paulo Estrela é um modelo estranho já que a insígnia foi aplicada numa estrutura do tipo placa de peito. 8

Fig. 18: Detalhe do punho dourado, em cunha, com três fiadas relevadas.

Fig. 22: Medalha da Ordem de Leopoldo da Bélgica (séc. XIX).

Fig. 19 (em cima): Detalhe das condecorações sobre o coração, dispostas em três fiadas, de 2+3+3: na fiada superior, Medalha de Cavaleiro da Ordem Militar de S. Bento de Avis, Medalha do Grau de Cavaleiro da Antiga e Muito Nobre Ordem da Torre e Espada, do Valor, Lealdade e Mérito; na fiada intermédia, Medalha do Grau de Cavaleiro da Ordem de Nossa Senhora de Vila Viçosa, Placa do Grau de Comendador da Ordem Militar de Cristo e medalha que não pudemos identificar com precisão; na fiada inferior Medalha da Ordem de Cristo, a suposta Medalha de Fidelidade ao Rei e a suposta Medalha da Real Efígie de D. Miguel I.

Fig. 21: Duas medalhas da Ordem de Isabel a Católica (séc. XIX).

Fig. 20 (à esquerda): Medalha da Real Efígie de D. Miguel I: Cruz de Malta ladeada por Quinas e Castelos e encimada pela coroa Real. Cabeça de D. Miguel olhando para a direita. Legenda: Trago ao Peito o que tenho no Coração. S. M. O. S. D. M. I. 1828. [Palácio Nacional de Queluz]

outro erro) com barrete dourada. Na fiada intermédia, Medalha do Grau de Cavaleiro da Ordem de Nossa Senhora de Vila Viçosa (igual às anteriores), seguida de Placa do Grau de Comendador da Ordem Militar de Cristo com a forma de raios de prata, tendo ao centro um círculo, de esmalte branco, carregado com a cruz da Ordem, perfilada de ouro e circundada de um festão de louro, de ouro, coroada por coração de esmalte vermelho, cingido por coroa de espinhos de ouro, flamejante de ouro sobreposto por cruz latina de prata, e medalha, que não pudemos identificar com precisão9, em forma de estrela de oito pontas (ou cruz de malta mal desenhada10) em esmalte vermelho perfilada de ouro, tendo ao centro um círculo de cor indefinida com simulacro de figura ilegível circundado por uma coroa circular de ouro, suspensa por fita vermelha orlada de ouro, com barrete dourada. Na fiada inferior três condecorações idênticas às já citadas anteriormente, da Ordem de Cristo, da suposta Medalha de Fidelidade ao Rei e da suposta Medalha da Real Efígie de D. Miguel (se bem que esta apresente algumas diferenças no esmalte e na figura, das versões anteriores nas figuras 10 e 13). No verso da tela (Figura 20): legenda grosseira a óleo na metade superior «Coronel João Feyo de Mag.es Coutinho 1.º Barão e 1.º Visconde da Torre.» A tela apresenta marcas de reenquadramento em todos os bordos, alguns sinais de desgaste, um rasgão na parte superior da figura (à direita por cima do ombro esquerdo) e necessita de restauro, embora esteja, à excepção desses detalhes, em bom estado de conservação. Embora apresente grandes semelhanças com a medalha da Ordem de Isabel a Católica (Fig. 21) ou com a medalha da Ordem de Leopoldo da Bélgica (Fig. 22) atribuídas a estrangeiros, mas da qual apenas temos notícia da primeira ter sido atribuída ao 2.º Visconde da Torre (Título I: N8). 10 A cruz de malta foi usada em outras medalhas no período de 1820 a 1894 (TRIGUEIROS, 1997: 8). 9

Fig. 23: Detalhe do verso da tela, com legenda pintada a óleo negro, de forma grosseira, contendo o nome e cargos do retratado. Grafia do início do séc. XX. [Fotografia do Autor]

Fig. 24: Retrato a óleo sobre tela do Conselheiro Dr. António Alberto da Rocha Páris. [Fotografia do Autor]

quinto retrato: Figura 24 Personagem: António Alberto da Rocha Páris Cronologia: Séc. XX Autoria: Desconhecido Centro de Produção: Portugal Técnica: Óleo sobre tela Dimensões: 81cmx64cm Proveniência: Quinta da Torre, Soutelo (provável) Propriedade: Câmara Municipal de Vila Verde Retrato a óleo sobre tela, com moldura em madeira desconhecida, dourada, representando uma figura masculina de meio corpo, ligeiramente virado para a esquerda, apresenta cabeça descoberta com pouco cabelo integralmente branco, e o rosto decorado com farto bigode, apresentando as pontas ligeiramente brancas. O traje é constituído por camisa branca, com colarinho de abas levantado, atado por duplo laço, branco, sobreposto por colete fechado, com quatro botões (visíveis) de metal dourado, de campo liso, em duas fiadas verticais de 3+1, cintado por faixa azul ferrete. Sobre o todo uma casaca de colarinho simples, em azul ultramarino, aberta, com uma fiada de cinco botões dourados apresentando sobre o campo o que aparente ser um brasão (armas de Portugal?), com o colarinho (Fig. 25) e os punhos (fig. 26) debruados e bordados a ouro com uma coroa de folhas de carvalho (?). Condecorações: ao peito, um medalhão circular (fig. 27) com a insígnia da Ordem da Conceição, já descrita, suspensa por cordão torcido, de cor azul. E sobre o coração uma placa do Grau de Comendador da Ordem da Conceição (Fig. 28), também já descrita. No verso da tela (Figura 29): legenda grosseira a óleo «Conselheiro Dr. Antonio Alberto da Rocha Pariz. Governador Civil de Braga e de Vianna do Castello.» A tela apresenta marcas de reenquadramento nos bordos laterais e superior, alguns sinais de desgaste com alguma perda de tinta e craquelée, pontualmente, e necessita de restauro, embora esteja, à excepção desses detalhes, em bom estado de conservação. Fig. 25 (à colarinho.

esquerda):

Detalhe

Fig. 26 (em baixo): Detalhe do punho.

do

Fig. 27 (em cima à esquerda): Detalhe do Medalhão da Ordem de Nossa Senhora da Conceição de Vila Viçosa. Fig. 28 (em cima à direita): Detalhe da Condecoração da Ordem de Nossa Senhora da Conceição de Vila Viçosa. Fig. 29 (ao lado): Verso da tela com a legenda pintada a óleo negro, de forma grosseira, com o nome e cargos do retratado. [Fotografia do Autor]

História, Cargos e Parentesco dos Retratados José de Araújo de Azevedo Melo e Vasconcelos, o único que aparece retratado duas vezes (Fig. 8 e Fig. 12) nasceu a 20 de Junho de 1804 e faleceu a 1 de Fevereiro de 1879. Foi Fidalgo da Casa Real, Senhor da Casa de Fundão (Loureira), e Senhor da Casa de Cedofeita (Adaúfe), Escrivão dos Órfãos de Lamego11, e Capitão-mor de Ordenanças do Concelho de Vila Chã e Larim. Casou com Maria Guilhermina12 Feio de Magalhães Coutinho (Título I, N6) da qual teve 25 filhos13, dos quais conseguimos identificar dez: Vitorino, que é o do primeiro retrato (Fig. 2), António, Ana Carolina, Álvaro, Francisco, Carlota, Maria José, José, Bento e Álvaro. A sua mulher era irmã do 1.º Barão de Soutelo (ver António Feio de Magalhães Coutinho no Título I: N6) e do 1.º Barão e Visconde da Torre (ver João Feio de Magalhães de Azevedo Coutinho no Título I: N6) o que faz com que estes sejam seus cunhados, sendo este último o personagem do quarto retrato (Fig. 17). O seu filho Vitorino14 (de Araújo de Azevedo e Vasconcelos Feio no Título I: N7) sucedeu-lhe no Cargo de Administrador15 do Concelho de Vila Chã e Larim e veio depois a ser o primeiro Administrador de Vila Verde. A sua filha Maria José (de Araújo de Azevedo de Magalhães Coutinho Feio e Melo no Título I: N7) casou com João Alberto da Rocha Páris (idem), importante figura da ascensão política do Liberalismo, que foi Governador Civil de Braga e de Viana do Castelo, o que faz com que este seja seu genro, e por sua vez cunhado do Vitorino, seu filho. Este José de Araújo de Azevedo Melo e Vasconcelos é a figura central no esquema de parentesco (Fig. 31) entre todos os retratados, impondo-se segundo um eixo de simetria (Pai-Filho) e revelando a ligação menos clara entre as figuras extremas: o Visconde da Torre (na figura em cima à esquerda) e o Dr. Alberto da Rocha Páris (na figura em baixo à direita) que veio a ser pai do 2.º Visconde da Torre, cuja sucessão no título se apresenta como um dos casos mais enigmáticos e interessantes de sucessão dinástica da história de Portugal: vai cair num sobrinho materno, quando o Visconde tinha irmãos, em vida e com descendência. E o reconhecimento do título faz-se por decreto, na atribuição da segunda vida, nomeando a pessoa do seu sobrinho materno como o herdeiro desta16. O Visconde da Torre, Coronel João Feio de Magalhães Coutinho, foi um homem que deve ter tipo um peso muito grande na viragem da Guerra Civil, o que não foi ainda objecto de estudo17, até a julgar pela quantidade de condecorações18 e títulos com que é agraciado no prazo de uma só vida: primeiro o de Barão da Torre, depois o de Visconde da Torre, e por fim mais 11 No Registo Geral de Mercês: D. JOÃO VI, liv.19, fls.77.

Outros lhe chamam Guiomar. Felgueiras Gayo dá-lhe apenas 3. 14 Ou Vitorio nas inquirições, mas António Victorino no quadro (Fig. 7). 15 O pai era Capitão-mor cargo que veio na prática a ser substituído pelo de Administrador na segunda metade do séc. XIX. 16 Embora não esteja no âmbito deste trabalho um estudo mais aprofundado das subtilezas legais desta sucessão, este é um daqueles casos em que a segunda vida deve ser entendida mais como um segundo título, distinto do anterior, do que uma verdadeira sucessão. 17 Há uma obra de Gaspar Leite de Azevedo que não pude consultar: Visconde da Torre: apontamentos biographicos. Viana do Castelo, Typ. Silva Braga. 18 Para as condecorações ver a descrição do retrato. 12 13

Fig. 30: Busto do 2.º Visconde da Torre, na Quinta da Torre, Soutelo. [Fotografia do Autor]

uma vida (habitualmente atribuída após a morte do agraciado) na pessoa do seu sobrinho. Há no seu retrato algo de contraditório, pelo menos a fazer fé na apreciação falerística do investigador Paulo Estrela, que são as condecorações Miguelistas lado a lado com as condecorações Liberais19. O jovem João assentou praça em 14 de Fevereiro de 1824 e emigrou para Espanha com as forças realistas20 em 1826. Depois da aclamação de D. Miguel I regressa a Portugal e é promovido a Tenente-Coronel em 15 de Maio de 1829 com a atribuição do comando do Regimento de Milícias de Viana, e a 27 de Junho de 1832 é novamente promovido, desta feita para o posto de Coronel (ZUQUETE, 1989: III, 440). Não admira portanto que ostente a medalha da Real Efígie de D. Miguel I (Fig. 20, e no seu caso, a terceira medalha da fiada inferior: Fig. 19) reservada aos Miguelistas autênticos, muito embora, durante os conturbados anos da década de trinta, muitos houve, que a foram pondo e tirando, ao sabor das mudanças do poder. A sua subida meteórica na carreira militar deve-a a D. Miguel e naturalmente também à sua lealdade ao Príncipe, que o levou ao exílio com as forças realistas, mas não é esse dado que constitui uma aparente contradição. É o facto de esta medalha (salvo se estiver mal identificada21) estar num retrato, muito posterior, juntamente com as outras. É o facto de, Entenda-se aqui como condecorações atribuídas no período do Liberalismo. Miguelistas ou Absolutistas ou Nacionalistas. 21 Funcionava mais como um emblema partidário do que como condecoração e foi distribuído aos milhares. O seu uso era autorizado por requerimento, mas podia ser feito colectivamente (fulano de tal, sua mãe, seus filhos, sobrinhos e criados…) e a aquisição era da responsabilidade de cada um e por isso existe uma tão grande variedade (ouro, prata, esmaltes, sem esmaltes, rica, pobre, etc.) o que torna difícil a sua identificação num caso destes. Inicialmente destinada apenas aos oficiais que fugiram para o exílio como é o caso do Visconde da Torre, mas depois também a todos os que tivessem tomado o partido de D. Miguel I. 19

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em pleno triunfo do Liberalismo, um homem de causas e de interesses, que foi Deputado, ostentar um símbolo do que, para muitos, seria motivo de vergonha ou até de perseguições. Denota uma certa galhardia e segurança, algo que está de acordo com a sua pose no retrato, face a um elemento dissonante, e até anti-social, que é assumido na sua plenitude. O mesmo também se poderia dizer relativamente à Medalha da Poeira22 (a segunda medalha da fiada inferior: Fig. 19) assim chamada pelos seus detractores, e que foi Fig. 31: Esquema de parentesco entre os quatro indivíduos. inicialmente atribuída a todos os que aderiram à Vilafrancada, em 1823. Mais uma insurreição Miguelista, mas na qual participaram muitos que viriam depois a ser figuras de proa no partido da Rainha23: sendo o caso do Marechal Saldanha o mais emblemático, serve também como exemplo de alguém que continuou a ostentar a Medalha de Fidelidade ao Rei e à Pátria24 em todos os seus retratos até ao final da vida. Este não será, portanto, um exemplo impar, mas quanto à Medalha da Real Efígie de D. Miguel o caso é outro. No entanto a história repete-se em mais dois retratos: os do Capitão-mor José de Araújo de Azevedo Melo e Vasconcelos (Fig. 8 e Fig. 12), que ostenta igualmente as duas medalhas. Deve, por isso, ter estado exilado e ter apoiado D. João VI na Vilafrancada25. É até provável que tenha conhecido o seu futuro cunhado em tais andanças. E apresenta também outras semelhanças com o Visconde: ostenta a mesma patente (Coronel, a julgar pelas duas dragonas idênticas) e o mesmo ar de desafio e auto-confiança. Não possui, nem tantas, nem tão boas condecorações como o seu cunhado mas, ainda assim, não é negligenciável o uso ostensivo das medalhas Miguelistas, lado a lado com a Ordem da Conceição e com a Ordem de Cristo (Fig. 10 e Fig.13) muito embora estas não tenham sido nunca apanágio do liberalismo: são, tal como hoje, distinções da Chefia do Estado àqueles que prestaram reconhecidos serviços. No entanto o Coronel não foi agraciado com o título de Barão por D. Miguel I mas por D. Maria II, porque, em Março de 1834, abandona as forças realistas e vai juntar-se, com o seu Regimento, às tropas sob o comando do Conde do Cabo de São Vicente, aderindo às forças da Rainha, e acompanhando-os na campanha Também chamada Medalha da Guerra da Poeira, ambas denominações depreciativas. Liberais. 24 Designação oficial da medalha. 25 Segundo refere Paulo Estrela o distintivo azul, visível no meio da fita, em ambos os personagens, servia para distinguir aqueles que estando no Paço, e sem saberem da saída de D. João VI para Vila Franca, continuaram a defender os direitos de Sua Majestade, o que necessariamente coloca os dois no mesmo local e à mesma hora (ambos eram Fidalgos Cavaleiros da Casa Real e militares). 22 23

do Minho26. A 26 de Junho é nomeado Comandante do Batalhão Nacional Móvel de Barcelos (ZUQUETE, 1989: III, 440). Mas só em 1847 é agraciado com o título de Barão, logo após a Patuleia, e em 1871 é elevado a Visconde. Estará a atribuição dos títulos associada ao papel que este possa ter desempenhado durante os levantamentos do Minho de 1846 a 1847? Nas Ordens Gerais da Junta Provisória nada encontrámos (PINA, 2006). Sabemos de parentes próximos seus que estiveram intimamente envolvidos, tanto com Cabralistas como com Oposicionistas. É outro estudo que carece ser feito. Se a primeira geração dos retratados (linha superior da Fig. 31) é interessante, a segunda (linha inferior), composta (da esquerda para a direita) pelo último Administrador de Vila Chã e Larim e primeiro de Vila Verde, homem da transição para a nova realidade de ordenamento do território (e que viria a falecer em 1931) e pelo Dr. Rocha Páris, Governador Civil de Braga e de Viana do Castelo, o único que não desempenhou de facto nenhum cargo no concelho de Vila Verde, embora esteja ligado a este por estreitos laços de parentesco, por ter casado com a irmã do Administrador e filha do Capitão-mor, mas também por ter sido o pai do 2.º Visconde da Torre, que voltou a desempenhar cargos de relevo no território do concelho, entre os quais, o de Vereador e Presidente da Câmara. Se o Conselheiro Rocha Páris parece algo deslocado nos Paços do Concelho, por ter nascido em Viana do Castelo, e por nunca ter exercido nenhum cargo dentro do território concelhio, o 1.º Visconde não o é menos, nesse sentido, por ter nascido em Braga, na freguesia da Cividade, e por só estar ligado ao concelho por laços de estreito parentesco e morgadio. Aparecem ambos com trajes muito semelhantes (de conselheiro?) embora o Dr. Vitorino apresente uma interessante aplicação de coroas de louro e carvalho que não conseguimos identificar. Ambos foram Comendadores da Ordem da Conceição, altíssima condecoração, mesmo no final do séc. XIX, tendo em conta a decadência das instituições nobiliárquicas e da própria monarquia. Vila Verde não voltou a ter, desde então, tão altas patentes, ou condecorações, no desempenho das suas funções administrativas, políticas ou militares. Os poucos filhos do concelho que se notabilizaram, fizeram-no fora de portas e sem grande reconhecimento interno. Que fique então de exemplo para aqueles que falam de atraso e de progresso, quando se referem ao passado e ao presente, porque continua a ser no passado que reside o melhor de nós. 26

Talvez por isso não aparece no livro dos Oficiais de D. Miguel (CARRILHO, 2002).

ANEXO I Os Feios da Quinta da Torre Para facilitar a leitura das ligações familiares de afinidade e consanguinidade, origem dos morgadios, cargos, títulos e condecorações, estabelecemos uma árvore de costados dividida em dois títulos, com todas as referências que lográmos encontrar, tanto no Arquivo Distrital de Braga, como na Torre do Tombo. Outros arquivos, particulares ou dispersos poderão conter preciosa informação que investigações futuras poderão revelar. Até lá, fica como o inventário de fontes mais completo que até à data se publicou sobre esta família, onde se indicam (sempre que possível) os dois erros mais frequentes neste tipo de trabalho: a variação na atribuição e ordem dos apelidos, o que dificulta, e muitas vezes até impossibilita, a correcta identificação das pessoas; e a troca ou leitura deficiente de datas, muito frequeente quando os documentos oficiais e as respectivas cópias eram sempre manuscritas, e leva por vezes a leituras deficientes ou paradoxais de determinados eventos ou à ordenação cronológica dos mesmos. Título I: Feio de Magalhães Coutinho N1. Isabel de Sousa e Alvim, de Soutelo, que casou com o Sargento-mor Martinho Rebelo, filho do Sargento-mor Bernardo Rebelo e de sua mulher Margarida Cerqueira, ambos da freguesia da Loureira (INQUIRIÇÕES, 1721: P.º 32325). Tiveram: N2. Margarida de Sousa e Alvim, de São Miguel de Soutelo, que casou com o Capitão António de Magalhães Rebelo, filho de António de Magalhães e de Maria Antónia Ribeiro, ambos da freguesia de Santa Maria de Prado. Tiveram: N3. Custódio de Magalhães Rebelo e Sousa Alvim27, baptizado a 19 de Outubro de 1670, em São Miguel de Soutelo (INQUIRIÇÕES, 1721: P.º 32325); Juiz de Fora de Vila Nova de Cerveira, Familiar do Santo Ofício, Senhor do Morgado da Torre de Soutelo. Casou com Mariana Feio de Azevedo, filha de João Feio de Azevedo e Maria de Chaves (INQUIRIÇÕES, 1725: P.º 28797). Depois de viúvo foi Abade de São Mamede de Negrelos (Santo Tirso) e Desembargador em Braga (PINTO, 1991: II, 633). Tiveram os dois seguintes: N4. Francisco Xavier de Magalhães Feio e Azevedo, que nasceu a 30 de Agosto e foi baptizado a 4 de Setembro de 1706 em Santa Maria de Prado (INQUIRIÇÕES, 1725: P.º 28797). N4. Maria Josefa de Magalhães Feio e Azevedo28, que casou com o Capitão-mor Manuel da Silva Ferreira, filho de João da Silva, de Santa Marinha de Forjães, e de sua mulher Maria Ferreira, de Santa Lucrécia da Ponte do Louro (INQUIRIÇÕES, 1752: Na inquirição aparece como Custódio de Magalhães Rebelo mas nós seguimos a «Resenha…» (PINTO, 1991: II, 633). Também referida como Maria Josefa de Magalhães Feio (PINTO, 1991: II, 633) e Maria Josefa de Magalhães e Azevedo (INQUIRIÇÕES, 1752: P.º8343). 27

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P.º8343). Foi vereador em Braga (onde morava, no Campo de São Sebastião, na freguesia da Cividade); Cavaleiro da Ordem de Cristo, Capitão-mor da Apúlia (PINTO, 1991: II, 633). Tiveram: N5. José Custódio de Magalhães Feio de Azevedo29, nasceu na freguesia de Soutelo30 a 10 de Março de 1738 e faleceu a 10 de Agosto de 1810 (PINTO, 1991: II, 632); Foi Fidalgo Cavaleiro da Casa Real, Coronel do Regimento de Milícias de Viana do Castelo, Comendador da Ordem de Cristo31, Senhor dos Morgados da Torre de Soutelo e de São Bento da Vila de Prado (PINTO, 1991: II, 632); Casou a 1632 de Dezembro de 1799 na Igreja de Santiago da Cividade, em Braga (INQUIRIÇÕES, 1816: P.º20381), com Maria Justina de Sá Coutinho, que nasceu a 2 de Março de 1784 e faleceu a 9 de Março de 1858, filha de Félix Barreto de Sá Sottomayor33, Senhor do Morgado de Nossa Senhora da Aurora, da Casa de Arrabalde e de sua mulher e sobrinha materna, Maria Joana de Sá Coutinho34, filha do Capitão Francisco de Abreu Pereira Coutinho, Fidalgo da Casa Real, Senhor do Morgado de Vitorino das Donas. Tiveram: N6. João Feio de Magalhães de Azevedo Coutinho, 1.º Barão35 e 1.º Visconde da Torre, nasceu a 29 de Agosto de 1804 na freguesia de Santiago da Cividade, de Braga, onde foi baptizado a 5 de Setembro. Teve inquirição de génere a 27 de Maio de 1816 (Processo N.º20381). Foi Fidalgo Cavaleiro da Casa Real, Comendador da Ordem de Cristo36, Senhor do Morgadio da Torre em Soutelo, Senhor do Morgadio de São Bento da Vila de Prado, Senhor do Vínculo ou Capela37 do lugar e freguesia de Azurara (Vila do Conde), Coronel do extinto Batalhão Nacional Móvel de Barcelos, Presidente da Câmara de Vila Verde38, casou a 4 de Setembro de 1854 com Marquesa de Azevedo Sá Coutinho, que nasceu a 6 de Julho de 1818 em Viana do Castelo e faleceu a 8 de Fevereiro de 1877 em Soutelo, filha de Luís Manuel de Azevedo de Sá Coutinho, 12.º Senhor da Casa da Tapada e de Maria Lina de Araújo e Azevedo. Sem geração. N6. António Feio de Magalhães Coutinho, 1.º Barão de Soutelo, nasceu a 27 de Junho de 180739, em Soutelo, e por estar em perigo de vida foi logo baptizado (INQUIRIÇÕES, 1816: P.º20381); Bacharel formado em Direito pela Universidade de Coimbra; Também referido como José Custódio Magalhães Silva Alvim (INQUIRIÇÕES, 1752: P.º8343) ou José de Magalhães Feio de Azevedo e Sousa (INQUIRIÇÕES, 1816: P.º20381). 30 Idem. 31 Portaria de 8 de Agosto de 1843 (MERCÊS, D. Maria II: liv.22, fls.89vº e 90) 32 A «Resenha das Famílias Titulares…» avança o dia 18 como sendo a data do casamento (PINTO, 1991: II, 632) mas é erro. 33 Félix Barreto de Sá Sottomayor (filho de João de Sá Sottomayor), 19/10/1751, Alvará. Foro de Fidalgo Cavaleiro. Filiação: João de Sá Sottomayor, Registo Geral de Mercês, D.José I, liv.3, fl.273v; 07/01/1783, Alvará. Fidalgo Cavaleiro, Registo Geral de Mercês, D.Maria I, liv.14, fl.122. 34 Também referida como Maria Joana de Abreu Sá Coutinho (PINTO, 1991: II, 632). 35 Carta de Alvará de Barão da Torre passado a 9 de Fevereiro de 1848 (MERCÊS, D. Maria II: liv.29, fls.101-102). 36 Carta de Alvará de 8 de Agosto de 1843 (MERCÊS, D. Maria II: liv.22, fls.89v-90). 37 Instituído por Francisco Gonçalves Vila Chã e sua mulher Maria Gonçalves, de Azurara (MERCÊS, D. Pedro V: liv.16, fls.172vº). 38 SOUZA, 2005: 20, 21, 25, 26, 32, 34, 35, 45, 47, 48. 39 Na «Resenha…» vem 1809 como sendo o ano do nascimento (PINTO, 1991: II, 632) mas é erro. 29

Fidalgo Cavaleiro da Casa Real; Comendador da Ordem de Nossa Senhora da Conceição de Vila Viçosa; Deputado nas Legislaturas de 1853-59, e de 1860-61; Morreu solteiro em Dezembro de 1875 (PINTO, 1991: II, 632). Cavaleiro da Ordem de Cristo a 22 de Julho de 1836 (MERCÊS, D. Maria II: liv.7, fls.11-11v). Nomeado Delegado do Procurador Régio junto ao Juízo de Direito da comarca de Pico de Regalados, a 26 de Abril de 1848, (MERCÊS, D. Maria II: liv.29, fl.146-146v). N6. Maria Guilhermina Feio de Magalhães Coutinho, que nasceu a 8 de Março de 1802 e faleceu a 19 de Setembro de 1856. Casou a 25 de Março de 1824, com José de Araújo de Azevedo Melo e Vasconcelos (Título II, N6). Tiveram 25 filhos, dos quais sobreviveram dez (PINTO, 1991: II, 632): N7. António Vitorino40 de Araújo de Azevedo Vasconcelos Feio, nasceu a 12 de Abril de 1847 e faleceu a 16 de Outubro de 1931, Fidalgo Cavaleiro da Casa Real (MERCÊS, D. Luís I: lv.36, fls.176), último Administrador de Vila Chã e o primeiro de Vila Verde, casou em segundas núpcias, a 13 de Maio de 1884, com Carlota Gonçalves da Cunha, nascida a 10 de Março de 1864 e falecida a 25 de Dezembro de 1935, filha de Tomé da Cunha e Antónia Esteves (ANUÁRIO, 1985: II, 178). Tiveram geração. N7. António, que casou com Maria José Vieira Marques. Com geração. N7. Ana Carolina de Araújo e Azevedo Vasconcelos Feio, 1.ª Viscondessa e 1.ª Condessa de Aurora, que nasceu a 9 de Março de 1826 e faleceu a 26 de Abril de 1861. Casou a 16 de Agosto de 1857 com seu segundo primo João Sá Coutinho Costa Sousa Macedo Sottomayor Barreto, 1.º Barão e 1.º Visconde de Aurora (MERCÊS, D. Luís I: liv.32, fls.122), Fidalgo Cavaleiro da Casa Real, Brigadeiro do Exército, Comendador da Ordem da Conceição de Nossa Senhora de Vila Viçosa, de número da Ordem de Isabel a Católica, e da Ordem de Leopoldo da Bélgica (CANEDO, 1993: III, 307). Nasceu a 7 de Fevereiro de 1838 e faleceu a 23 de Junho de 1888, filho de José de Sá Coutinho Barreto de Sottomayor e de Maria José de Aurora Coutinho da Costa de Sousa de Macedo. Sem geração. N7. Álvaro, que foi Bacharel formado em Direito. Morreu solteiro (PINTO, 1991: I, 679). N7. Francisco, que casou com Carolina Gonçalves da Cunha (PINTO, 1991: I, 679). Com geração. N7. Carlota, que morreu solteira (PINTO, 1991: I, 679). N7. Maria José de Araújo de Azevedo de Magalhães Coutinho Feio e Melo, que nasceu a 3 de Junho de 1841 e casou a 18 de Abril de 1861 com António Alberto da Rocha Páris, Governador Civil de Braga e de Viana do Castelo, que nasceu a 9 de Dezembro de 1838, filho de Félix Pereira da Rocha Páris, que faleceu em 1847, e foi Fidalgo da Casa Real e Administrador do Concelho de Viana do Castelo, e de sua mulher Mariana Guilhermina Pacheco Pereira, que nasceu a 30 de Agosto de 1800 e faleceu a 2 de Fevereiro de 40

Também referido como Vitorio de Araújo de Azevedo Vasconcelos Feio (ANUÁRIO, 1985: II, 177).

1885 (PINTO, 1991: I, 679). Tiveram: Alberto Feio da Rocha Páris (N8). N7. José, que se casou com Custódia Gonçalves Loureiro (PINTO, 1991: I, 679). Com geração. N7. Bento, que se casou com Maria Teresa Rodrigues (PINTO, 1991: I, 679). N7. Alberto de Araújo Azevedo Vasconcelos Feio, que morreu solteiro (PINTO, 1991: I, 679). Foi Escriturário do Escrivão da Fazenda de Vila Verde (MERCÊS, D. Luís I: liv.56, fls.281vº). N8. Alberto Feio da Rocha Páris, 2.º Barão e 2.º Visconde da Torre41, nasceu a 5 de Janeiro de 1863, filho António Alberto da Rocha Páris e de Maria José de Araújo de Azevedo de Magalhães Coutinho Feio e Melo (N7), foi Fidalgo Cavaleiro da Casa Real, Conselheiro42, Deputado, Presidente da Câmara Municipal de Vila Verde43, Vogal da Junta Promotora de Melhoramentos Agrícolas (1.ª região), Comendador da Ordem de Nossa Senhora da Conceição de Vila Viçosa44, Comendador da Ordem de Isabel a Católica, de Espanha, Senhor da Casa de São Sebastião das Carvalheiras, em Braga, 14º Senhor do Morgado de Santo António da Torre, em Soutelo, 18º Senhor do Morgado de São Bento da Vila de Prado45, 6º Senhor do Morgado de Linhares na freguesia de Louro, em Vila Nova de Famalicão46, 10º Senhor do Morgado de Abraão, em Braga, e membro de diversas associações científicas em Portugal e no Estrangeiro. Casou na Igreja paroquial de São Domingos, em Viana do Castelo, a 23 de Maio de 1885, com Maria Cândida do Patrocínio Malheiro Reimão Teles Calheiros de Meneses e Sá, que nasceu a 15 de Maio de 1861, filha de Ventura Reimão Lobato Teles de Meneses, Fidalgo Cavaleiro da Casa Real, e de sua mulher Maria Cândida do Patrocínio Sá Pinto de Mendonça Abreu Sottomayor (PINTO, 1991: II, 678). Sem geração. Título II: Araújo de Azevedo Melo e Vasconcelos N1. Maria de Araújo de Azevedo, filha de Fernão Velho de Araújo, casou em Lavradas com Diogo de Almeida de Sá, filho natural de António Laborão e de Maria de Sá (GAYO, 1989-90: IV, 135). Tiveram, entre outros: N2. António de Almeida de Araújo, que foi Cavaleiro da Ordem de Cristo. Casou com Marta de Lima, filha de Tomé Lima de Amorim e Brites Fernandes de Amorim, ambos da freguesia de Gemieira em Ponte de Lima (GAYO, 1989-90: IV, 135). Tiveram, entre outros:

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Carta de Alvará de 9 de Agosto de 1863 (MERCÊS, D. Luís I: liv.38, fls.174).

Decreto de 15 de Julho de 1880 (MERCÊS, D. Luís I: liv.36, fls.8vº). Ver nota 38. 44 Carta de Alvará de 7 de Setembro de 1867 (MERCÊS, D. Luís I: liv.16, fls.184). 45 Instituído em 1438 por Martim Anes Feio. 46 Instituído por D. João da Silva Ferreira, Deão da Capela Real de Vila Verde e Bispo Titular de Tanger, do Conselho de Estado e falecido a 19 de Janeiro de 1775 no Paço de Vila Viçosa. 42

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N3. Vitorio Araújo de Almeida Azevedo47, foi Cavaleiro da Ordem de Cristo. Casou duas vezes. Do seu primeiro casamento, em Braga, com Jerónima Maria da Costa, filha de Gonçalo Gomes (livreiro) e Custódia da Costa (recebidos em São João do Souto em 1708), teve os que se seguem (GAYO, 1989-90: IV, 135): N4. Domingos José de Araújo Melo, nasceu em São João do Souto, na Cidade de Braga (INQUIRIÇÕES, 1733: P.º33818), foi Senhor da Casa do Fundão, Capitão-mor de Vila Chã e Larim. Casou em segundas núpcias com Domingas Josefa de Sá Sottomayor48, filha de Paio Gomes de Caldas, 1.º Capitão de Infantaria e Familiar do Santo Ofício, e de sua mulher Francisca Josefa de Sousa Sottomayor, todos de Ponte de Lima (GAYO, 198990: IV, 135). Tiveram, entre outros: N5. António José de Araújo, nasceu na Loureira, foi Senhor da Casa do Fundão, Capitão-mor de Vila Chã e Larim. Casou na Sé de Braga com Ana de Vasconcelos da Costa Brito, filha de Manuel da Costa Vasconcelos Brito, Senhor da Casa dos Costas em Braga, e de sua mulher Maria Antónia de Macedo Portugal Abreu Lira (INQUIRIÇÕES, 1787: P.º10295). Tiveram, entre outros: N6. José de Araújo de Azevedo Melo e Vasconcelos49, que nasceu a 20 de Junho de 1804 e faleceu a 1 de Fevereiro de 1879. Foi Fidalgo da Casa Real, 13º Senhor da Casa de Fundão, na freguesia de Loureira, e Senhor da Casa de Cedofeita, na freguesia de Adaúfe, Escrivão dos Órfãos de Lamego (MERCÊS, D. JOÃO VI: liv.19, fls.77), Capitãomor de Ordenanças do Concelho de Vila Chã e Larim. Casou com Maria Guilhermina50 Feio de Magalhães Coutinho (Título I, N6) da qual teve 25 filhos51.

Felgueiras Gayo dá-lhe indiferentemente a designação de Vitorio de Araújo de Almeida e de Vitorio de Araújo de Azevedo, no mesmo título (GAYO, 1989-90: IV, 135). Nós seguimos esta porque foi a que vinha na Inquirição do filho (vide supra). 47

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Felgueiras Gayo chama-lhe Maria Josefa de Sá Sottomayor (GAYO, 1989-90: IV, 135).

Também referido como José de Araújo de Azevedo Vasconcelos e Melo (PINTO, 1991: II, 679) ou ainda José de Araújo de Azevedo e Vasconcelos (GAYO, 1989-90: IV, 136). 50 Outros lhe chamam Guiomar. 51 Felgueiras Gayo dá-lhe apenas 3 (idem). 49

ANEXO Ii Brasão dos Viscondes da Torre Figura 32: Segundo desenho de António Januário Correia com gravura de José Severini (PINTO, 1991: II, 678). Descrição Escudo Francês (moderno), esquartelado: I. Feios (De prata com três bandas de vermelho); II. Rochas (De prata com aspa de vermelho carregada de cinco vieiras de ouro); III. Páris (De prata com um dragão de verde carregado no peito com um escudete partido de azul e de prata: no azul duas estrêlas, postas em chefe, e um crescente na ponta, tudo do segundo esmalte; na prata uma aspa de vermelho); IV. Costas, de Alpedrinha (Partido: o primeiro de azul, com uma roda de Santa Catarina, em ouro, armada de prata; o segundo de vermelho com seis costas de prata, postas 2, 2, 2, firmadas nos flancos); Coronel de Visconde (Com quatro pontas, três visíveis, cada uma rematada por uma grande pérola, separadas por quatro pontas menores, sendo duas visíveis, cada uma rematada por uma pequena pérola) com timbre dos Feios (Leão rompente bandado de prata e de vermelho). A ilustração foi retirada da obra de Albano da Silveira Pinto, continuada depois pelo Visconde de Sanches de Baena (Resenha das Famílias Titulares e Grandes de Portugal, 1ª ed. 1883, pág. 678, tomo II) que tem a particularidade de apresentar todos os escudos na forma do escudo Francês moderno (Boleado nos cantos inferiores e terminando em ponta) que esteve muito em voga durante a Monarquia Constitucional no final do séc. XIX.

Fig. 32 (página precedente): Brasão dos Viscondes da Torre, segundo desenho de António Januário Correia com gravura de José Severini (PINTO, 1991: II, 678).

ANEXO IiI Brasão do Barão de Soutelo Figura 33: Segundo desenho de António Januário Correia com gravura de José Severini (PINTO, 1991: II, 632). Descrição Escudo Francês (moderno), esquartelado: I. Sousas de Prado (Esquartelado: o primeiro e o quarto de prata com cinco escudetes de azul postos em cruz, cada escudete carregado de cinco besantes do primeiro esmalte, postos em sautor; o segundo e o terceiro de prata com um leão rompente de púrpura); II. Azevedos (De ouro com uma águia estendida de negro); III. Vasconcelos (De negro, com três faixas veiradas de prata e de vermelho); IV. Aboins (Esquartelado: o primeiro e o quarto xadrezado de ouro e de azul, de cinco peças em faixa e cinco em pala; o segundo e o terceiro de ouro, com três palas de azul); Coronel de Barão (Aro de ouro, com virolas nos bordos e uma fiada de rubis e esmeraldas, na linha média, dispostos alternadamente, com engastes em forma de losango e rectângulo, respectivamente, separados por pequenas pérolas, e enrolado por fio de pérolas, sendo aparentes três voltas, em banda, equidistantes entre si) sem timbre.

Fig. 32 (página precedente): Brasão do Barão de Soutelo, segundo desenho de António Januário Correia com gravura de José Severini (PINTO, 1991: II, 632).

Agradecimentos Este breve estudo teria ficado incompleto sem a amabilidade do Major Albino Pedro, do Museu Militar do Porto, e do investigador de Falerística Paulo Estrela, a quem agradeço encarecidamente. E também à Dr.ª Adélia Santos pela sua persistência e ao Ricardo Galrão, pela sua paciência. Demais, devo penhorado, o exemplo dos nossos maiores, que nos deram tudo e de quem seremos sempre os herdeiros menores.

FONTES Pessoas Paulo Estrela, investigador de Falerística. Manuscritas Inquirições de Génere, Arquivo Distrital de Braga. Registo Geral de Mercês, Arquivo da Torre do Tombo, Lisboa. Impressas ANUÁRIO da Nobreza de Portugal – III. 1.ª ed. Lisboa: Instituto Português de Heráldica, 1985. 2 vol. BAENA, Visconde de Sanches ― Arquivo Heraldico-Genealogico. 2.ª ed. Lisboa: Fernando Santos, 1991. 2 vol. BANDEIRA, Luís Stubbs Saldanha Monteiro ― Vocabulário Heráldico. 4.ª ed. Lisboa: Edições Mama Sume, 1985. BASHFORD, Dean ― Catalogue of European Court Swords and Hunting Swords: Including the Ellis, De Dino, Riggs, and Reubell Collections. New York: Metropolitan Museum of Art, 1929. BORREGO, Nuno Gonçalo Pereira ― As Ordenanças e as Milícias em Portugal. 1.ª ed. Lisboa: Guarda-Mor, 2006. Vol. I BORREGO, Nuno Gonçalo Pereira – Habilitações nas Ordens Militares. Séculos XVII a XIX. Ordem de Cristo. 1.ª ed. Lisboa: Guarda-Mor, 2008. Vol. I

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