Cobaias

July 23, 2017 | Autor: Edna Vaz de Andrade | Categoria: Ética Aplicada
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PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO
1.º semestre de 2015


DISCIPLINA: Metodologia de pesquisa: fundamentos epistemológicos da pesquisa
DOCENTE: Prof.ª Dr.ª Stela Marques
NOME DO ALUNO: Edna Vaz de Andrade

Roteiro para elaboração da resenha crítica do filme: "Cobaias".

Identificação do filme
Cobaias
Direção: Joseph Sargent

Breve resumo da temática do filme
O filme aborda a pesquisa médica em população negra sifilítica não tratada. O Programa é financiado pelo governo federal dos Estados Unidos. Conforme é descrito:
Em 1932, acreditava-se que alta mortalidade e incidência entre os afro-americanos eram provas de que eles eram `biologicamente inferiores´ aos brancos. Também se dizia que os médicos e enfermeiros negros eram menos capazes que os brancos. O governo temendo que a doença dos negros passasse para os brancos decidiu criar um programa para negros. O mais ambicioso deles foi de Macon County Alabama. Ele ficou conhecido como o "O Estudo de Tuskegee". (COBAIAS, parte introdutório do filme, 1997)

Depois de tornar-se em voga na imprensa não oficial, em 1972 o programa é suspenso e é tratado pela Comissão de Saúde do Senado, que não condenou nenhum dos responsáveis.
A enfermeira faz um relato comovente na citada Comissão. Ela acredita que tudo o que fizera foi em nome da ética, porém controvérsia, uma vez que, mesmo sabendo do tratamento com penicilina, permitiu que os doentes desenvolvessem as complicações da doença até o óbito.

Análise crítica do conteúdo do filme: problematização dos temas do filme, em relação às discussões sobre metodologia científica feitas em sala de aula.

A sífilis em negros é estudada pelo método experimental – sem medicamentos, observando-se a evolução de complicações orgânicas, na categoria Pesquisa aplicada – biomédica e psicológica. Paixão (2001) relata que:
Formulação e testes de hipóteses sobre doenças, disfunções, defeitos genéticos, etc., as quais se não tem necessariamente consequências imediatas para o tratamento de doenças, são pelo menos vistas como diretamente relacionadas a essas consequências. Inclui-se nesta categoria os testes de novas terapias. (PAIXÃO, 2001)

A pesquisa financiada por entidades governamentais, nesse caso, atende ao objetivo de afirmarem que os negros seriam inferiores aos brancos, tanto social, cultural e biologicamente.
Além desse agravante, não garantiram a informação adequada dos supostos voluntários, nem o entendimento mínimo necessário para o exercício pleno de sua autonomia. Tampouco lhes fora oferecido o termo de consentimento livre e esclarecido. Nenhum dos doentes fora informado do verdadeiro propósito da pesquisa, sendo induzidos pela enfermeira, a acreditarem que recebiam o tratamento específico.
A ética na pesquisa para Lima Vaz (2001, apud Lino, s.d)
parte do pressuposto de uma racionalidade imanente ao ethos e sua tarefa como disciplina filosófica consiste essencialmente em explicitar as razões do ethos ou em elucidar a inteligibilidade da práxis ética em suas diversas dimensões e estados. (LIMA VAZ, apud LINO, s.d)

Acreditam-se ser Aristóteles o primeiro a desenvolver pensamentos sobre a ética. Na concepção, aristotélica "boa ação é aquela própria do indivíduo que possui virtude e deriva de um discernimento acerca das opções práticas, no qual entram muitos fatores, entre os quais, a disposição inata, a educação e a experiência". 
Para Descartes, a ética consiste na noção de Virtude, como uma disposição da vontade para escolher de acordo com o juízo da razão sobre o bem; e a na noção de Felicidade, como um estado de bem-estar mental que é conseguido através da prática da virtude.
Kant por sua vez, afirmou que se pode considerar que o princípio moral essencial age de tal forma que trate a humanidade, na sua pessoa ou na pessoa de outrem, sempre como um fim e nunca apenas como um meio. Para ele, o valor dos seres humanos "está acima de qualquer preço". Não tinha em mente apenas um efeito retórico, mas sim um juízo objetivo sobre o lugar dos seres humanos na ordem das coisas. 
Embora o marxismo não seja uma doutrina específica acerca da fundamentação moral, mostra outros horizontes para vislumbrar as relações humanas, voltadas para o acordo mútuo de companheirismo e solidariedade. 
Para o sociólogo Émile Durkheim, a moral se relaciona com todos os fatos sociais dos quais deriva e formam seu conteúdo. O seu conceito de ética faz dela um ramo da ciência social e irmã gêmea de todas as disciplinas (...) jurisprudência, estatística, economia política e política (...), ele próprio estaria pronto a usar outras para os objetivos que tinha em mente.
Portanto, conforme Lino (s.d)
Se antes a ética dependia de uma configuração específica do conhecimento prático entendido como discernimento, passou a simbolizar um derivativo tecnológico da ciência, em que a racionalidade foi se tornando exclusivamente técnica onde a ação humana estaria envergada não mais ao discernimento entre o bem ou mal, justo ou injusto, certo ou errado, mas à administração técnica a partir de parâmetros científicos. (LINO, s.d)

Devido às barbáries cometidas em nome do desenvolvimento científico, a exemplo de Macon County, e outras, como nos campos de concentração nazistas, com cobaias humanas, surgiram manifestações com o objetivo de resgatar os parâmetros éticos que deveriam ser observados nas práticas científicas.
Em 1947, o debate acerca da problemática, derivou a condenação de médicos que fizeram diversos experimentos nos campos nazistas. Resultou daí o Código de Nuremberg. Entretanto, a força legal de tal documento não foi estabelecida e incorporada imediatamente pelas leis americanas e alemãs, e as ideias contidas no Código de Nuremberg só passaram a integrar a relação médico-paciente nas décadas de 1960 e 1970, através da Declaração de Helsinque, redigida em 1964 pela 18ª Assembleia Médica Mundial, realizada na Finlândia.


REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFIA
Filme: Cobaias. Dirrigido por Joseph Sargent. 1997. Disponível em < https://www. youtube.com/watch?v=5H24-PHs3Us > Acesso em 19 de abril de 2015.
Lino, Maria Helena. Introdução a Ética em Pesquisa. Disponível em < http://www.ghente.org/etica/ > Acesso em 19 de abril de 2015.

Paixão, Rita Leal. Experimentação animal: razões e emoções para uma ética. Disponível em < http://portalteses.icict.fiocruz.br/ transf.php?script=thes _chap & id=00003902&lng=pt&nrm=iso > Acesso em 20 de abril de 2015.


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