Colagens Desenvolvimentismo

June 23, 2017 | Autor: Gabriel Bonizi | Categoria: Brazilian Studies, Developing Countries, CEPAL
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O que é Desenvolvimentismo?
O desenvolvimentismo foi uma resposta aos desafios e oportunidades criados pela Grande Depressão dos anos 30. Os projetos nacionais de desenvolvimento e industrialização na periferia nasceram no mesmo berço que produziu o keynesianismo nos países centrais.
A onda desenvolvimentista e a experiência keynesiana tiveram o seu apogeu nas três décadas que sucederam o fim da Segunda Guerra. O clima político e social estava saturado da ideia de que era possível adotar estratégias nacionais e intencionais de crescimento, industrialização e avanço social.
Os resultados, ainda que desiguais, não foram ruins. Comparada a qualquer outro período do capitalismo, anterior ou posterior, a era desenvolvimentista e keynesiana apresentou desempenho muito superior em termos de taxas de crescimento do PIB, de criação de empregos, de aumentos dos salários reais e, no caso de países como o Brasil, ficou devendo a universalização dos direitos sociais e econômicos.
Nos anos 90, o cosmopolitismo liberal se lançou à aventura da desconstrução da ideia de nação. Para tanto, se embrenhou nos misteres de ocultar e negar a existência de hierarquias e dominação nas relações internacionais, de exaltar as virtudes regeneradoras da concorrência, de estigmatizar a coordenação do Estado.
O resultado, desastroso no plano material e, ademais, movediço na formulação teórica, tornou cristalina a necessidade de se retomar — e atualizar — a agenda do desenvolvimento nas novas condições da economia internacional.
Faz parte desse aggiornamento(atualização) contrapor-se à dependência mental que teve em Celso Furtado um obstáculo de inteligência e de caráter suficientemente forte para torná-lo uma referência heterodoxa ainda em vida. O Centro Internacional Celso Furtado de Políticas para o Desenvolvimento nasce com o propósito de honrar a trajetória do mestre.
O que implica, desde logo, o compromisso intelectual de encarar com igual desassombro os desafios teóricos e políticos do desenvolvimento em nosso tempo.
(adaptado de texto de Luiz Gonzaga Belluzzo, primeiro presidente do Centro Celso Furtado. Trecho retirado da pagina do Centro Celso Furtado)








VISÃO DESENVOLVIMENTISTA
Neoliberais e desenvolvimentistas
30 de setembro de 2011 por mansueto
Valor Econômico – 30 de setembro de 2011
Por Mansueto Almeida
É comum encontrar nas páginas de jornais e em artigos acadêmicos um embate entre os chamados economistas neoliberais e os desenvolvimentistas. Em linhas gerais, os neoliberais são taxados de "cabeças de planilha", que acreditam ingenuamente em um mercado que se autorregula, na abertura comercial, na liberalização do fluxo de capital e dão importância excessiva aos fundamentos econômicos.
Os desenvolvimentistas seriam aqueles que acreditam no papel regulador do Estado, na proteção do mercado para fomentar a indústria doméstica, defendem a redução da taxa de juros e não veem restrições ao crescimento que não sejam a falta de ação do governo. A preocupação com os fundamentos econômicos é secundária, inclusive com a inflação, pois esse grupo acha irrelevante a discussão se a inflação será, por exemplo, de 6,45% ou 6,75% – a casa decimal pouco importa e, às vezes, nem mesmo o número inteiro.
O debate, quando colocado dessa forma extrema, até faz sentido do ponto de vista acadêmico, mas é pouco construtivo para o debate econômico atual e vários dos economistas que insistem em caracterizar de maneira caricatural seu suposto oponente sabem disso.
Um bom exemplo é o debate em relação à inflação. Em vez da discussão daqueles que defendem uma inflação de 0 a 3% ao ano, neoliberais, e aqueles que não se importam com a inflação, desenvolvimentistas, o debate atual é muito mais sutil e complicado. O que se discute hoje é a velocidade de convergência para a meta de inflação de 4,5% ao ano e as medidas necessárias para que essa convergência ocorra.
Alguns economistas acham que o Banco Central (BC) exagerou no seu cenário catastrófico da economia mundial, outros acham que o cenário do BC é cada vez mais provável e há sim uma chance real de o Brasil reduzir os juros. Mas há um quase consenso que esse esforço de redução do juros só será bem sucedido se acompanhado de maior responsabilidade fiscal e aumento da poupança pública. Essa tese é defendida por economistas que se identificam com as duas correntes.
Outro exemplo é em relação ao crescimento dos gastos sociais. Quando algum economista identificado com a ala neoliberal sugere o controle do crescimento dos gastos sociais como forma de reduzir o crescimento do gasto público, economistas desenvolvimentistas afirmam que seu colega neoliberal está propondo o fim do estado de bem estar social. Novamente, o debate é mais complicado. No Brasil, os gastos sociais crescem quase que continuamente desde a Constituição de 1988, mas é cada vez mais questionável a eficácia distributiva desses gastos e os desenvolvimentistas sabem disso.
Há, por exemplo, claras distorções nos gastos com pensão por morte e com seguro-desemprego, independentemente do debate se o eleitor quer mais ou menos política distributiva. Acho questionável que o eleitor entenda e queira que uma pessoa de 80 anos de idade se case com outra de 20 anos de idade e que esse ou essa jovem usufrua de uma renda vitalícia quando seu parceiro morrer. Da mesma forma, não é comum que os gastos com seguro-desemprego cresçam mesmo quando o desemprego diminui como acontece no Brasil. Racionalizar esses gastos tem adeptos nas duas correntes e, novamente, nenhuma relação com o embate entre neoliberais e desenvolvimentistas.
Em relação à falta de recursos para aumentar os investimentos em infraestrutura, saúde e educação, muitos acham que tudo pode ser "resolvido" com mais carga tributária. Mas aqueles que defendem essa proposta são grupos cuja renda depende mais do seu poder de lobby do que da sua produtividade. O problema é que mais carga tributária, para um país de renda média como o Brasil, fatalmente comprometerá o crescimento da economia. Novamente, neoliberais e desenvolvimentistas se colocam, em geral, contra novos aumentos da carga tributária.
Por fim, a última edição do índice de competitividade global do World Economic Forum mostra, mais uma vez, que os maiores problemas de competitividade do Brasil quando comparado com outros 141 países são: 1) a baixa qualidade da nossa infraestrutura; 2) elevada carga tributária, 3) excesso de regulação; 4) baixa qualidade da educação primária, 5) rigidez no mercado de trabalho; 6) burocracia na abertura de novos negócios, e 7) dívida e spread bancário elevados. Aumentar o investimento em infraestrutura e melhorar a qualidade da educação, por exemplo, não tem absolutamente nenhuma relação com o debate estéril entre desenvolvimentistas e neoliberais.
O que precisamos saber, por exemplo, é como reduzir o spread bancário, aumentar a eficiência do estado na execução de obras públicas, melhorar a eficácia dos gastos sociais, que já são elevados, reduzir as distorções dos gastos com pensão por morte e as regras de concessão do seguro desemprego. No mundo real, o governo é mais pragmático e busca a aprovação do eleitor. Se a elevação da inflação reduzir o índice de aprovação do governo, este voltará a ser mais "neoliberal". Por outro lado, se a ousadia do Banco Central se mostrar correta, o governo será mais desenvolvimentista. É "simples" assim, mas há ainda economistas supostamente maduros que não se cansam de brincar do bem contra o mal ou da batalha estéril entre desenvolvimentistas e neoliberais.






Desenvolvimentismo segundo infoescola
Recebe o nome de desenvolvimentismo a teoria econômica que está centrada no crescimento econômico, baseado na industrialização e na infraestrutura, com forte intervenção do Estado, em detrimento do desenvolvimento social. Tal teoria foi uma resposta aos desafios e oportunidades que surgiram com a Grande Depressão dos anos 30 e está ligada às ideias trazidas pelo keynesianismo. A onda desenvolvimentista teve o seu apogeu nas três décadas que sucederam o fim da Segunda Guerra, com destaque para as políticas de implantação da indústria pesada nos principais países da América Latina.
Seus expoentes viam o desenvolvimento como um processo de criação de um panorama novo e atual para o país. A economia fazia parte deste projeto de modernização, pois se tratava de integrar o território, dando-lhe infraestrutura, emprego e tecnologia. Com esse projeto grandioso, vislumbrava-se a criação de uma sociedade democrática e aperfeiçoada, dando novo sentido à "civilização brasileira", como então se dizia.
No caso do Brasil, o termo "desenvolvimentismo" remete às teorias cepalinas (vindas da CEPAL - Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe, uma comissão regional das Nações Unidas, criada em 1948 com o objetivo de incentivar a cooperação econômica entre os seus membros). Como fenômeno histórico, o desenvolvimentismo é associado no Brasil aos governos a partir da década de 1950, com destaque para os presidentes Getúlio Vargas e Juscelino Kubitschek.
Seus defensores são considerados herdeiros intelectuais dos positivistas, com a diferença de que possuíam mente aberta para as novas teorias econômicas. Faziam parte de uma contraelite dirigente aninhada no setor público ao longo dos anos 1950 e início dos 1960. O desenvolvimento exigia principalmente autoestima nacional, fermento para qualquer ideologia transformadora. Este impulso transformador encontrava respaldo numa nova liderança, o Estado, capaz de acionar políticas e reformas, canalizando o desenvolvimento nacional, apesar da relação por vezes contraditória com os atores sociais e econômicos.
Apesar de terem de conviver com as classes dominantes velhas e novas, nossos construtores de instituições revolucionaram a forma de pensar e praticar o desenvolvimento. A Cepal foi a percussora do pensamento desenvolvimentista voltado aos paises periféricos da América, tendo destaque a contribuição do brasileiro Celso Furtado, responsável pela organização de um estudo conjunto da Cepal com o BNDE, cujo objetivo era formar uma linha geral de desenvolvimento para o Brasil. É importante frisar que um dos motivos que levaram as ideias desenvolvimentistas cepalinas a ganharem terreno, foi justamente a sua aceitação por toda uma classe de estadistas presentes no poder à época.




O BOM E VELHO DESENVOLVIMENTISMO
Alexandre de Freitas Barbosa é professor de História Econômica e Economia Brasileira/Internacional do Instituto de Estudos Brasileiros da Universidade de São Paulo (IEB-USP)
Desenvolvimentismo ontem
Para esboçar algumas hipóteses às perguntas acima lançadas é preciso, antes, compreender o que foi o "bom e velho desenvolvimentismo". Essa afirmação não remete a um passado nostálgico, mas a um conjunto de propostas concretas – muitas das quais jamais vieram à luz – para o desenvolvimento nacional, embasadas na interpretação da realidade brasileira e ancoradas num conjunto de forças sociais. Esqueçam a cantilena neoliberal: o desenvolvimentismo não foi inflacionista, autoritário, nem buscou isolar o Brasil do mundo.
Seus expoentes viam o desenvolvimento como um processo de criação de novos alicerces para a Nação. Esta era a categoria central. A economia entrava na equação, pois se tratava de integrar o território, dotando-o de infraestrutura, emprego e tecnologia. Uma sociedade democrática e moderna daria novo sentido à "civilização brasileira", como então se dizia.
Herdeiros dos positivistas, mas com a mente aberta para as várias correntes modernistas, os desenvolvimentistas faziam parte de uma contraelite dirigente aninhada no setor público ao longo dos anos 1950 e início dos 1960. Apesar de terem de conviver com as classes dominantes velhas e novas, nossos construtores de instituições revolucionaram a forma de pensar e praticar o desenvolvimento.
O novo termo deslocava a noção de progresso, que sugeria um raciocínio etapista. Admitiam-se, agora, várias vias para o desenvolvimento. Mas jamais seríamos iguais a "eles", os desenvolvidos. Nesse sentido, a "teoria do subdesenvolvimento" funcionava como uma ferramenta metodológica essencial para a compreensão de nossa formação, da situação concreta daquele presente e das possibilidades futuras.
O desenvolvimento exigia, antes de tudo, autoestima nacional, fermento para qualquer ideologia transformadora. Mas não apenas. Partia de uma interpretação autônoma sobre os processos econômicos e sociais repletos de historicidade e de uma concepção acerca do papel do Brasil no mundo e de sua condição periférica. Encontrava respaldo numa nova liderança – o Estado, pilotado pela contraelite de servidores públicos – capaz de acionar políticas e reformas, canalizando os anseios do desenvolvimento nacional, apesar da sua relação por vezes contraditória com os atores sociais e econômicos.
Se não compreendermos essas várias dimensões, corremos o risco de cair num anacronismo com resultados funestos para o período atual, a ponto de acharmos que "somos todos desenvolvimentistas agora".



Sobre a Cepal(http://www.cepal.org/pt-br/about)
A Comissão Econômica para a América Latina (CEPAL) foi estabelecida pela resolução 106 (VI) do Conselho Econômico e Social, de 25 de fevereiro de 1948, e começou a funcionar nesse mesmo ano. Mediante a resolução 1984/67, de 27 de julho de 1984, o Conselho decidiu que a Comissão passaria a se chamar Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe.
A CEPAL é uma das cinco comissões regionais das Nações Unidas e sua sede está em Santiago do Chile. Foi fundada para contribuir ao desenvolvimento econômico da América Latina, coordenar as ações encaminhadas à sua promoção e reforçar as relações econômicas dos países entre si e com as outras nações do mundo. Posteriormente, seu trabalho foi ampliado aos países do Caribe e se incorporou o objetivo de promover o desenvolvimento social.
A CEPAL tem duas sedes sub-regionais, uma para a sub-região da América Central, situada na cidade do México, e a outra para a sub-região do Caribe, em Port of Spain, estabelecidas em junho de 1951 e dezembro de 1966, respectivamente. Além disso, tem escritórios nacionais em Buenos Aires, Brasília, Montevidéu e Bogotá e um escritório de ligação em Washington, D.C.



















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