\"Com a Netflix, você tem o controle\" - O perfil do consumidor na Região Metropolitana de Belém

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ INSTITUTO DE LETRAS E COMUNICAÇÃO FACULDADE DE COMUNICAÇÃO

JOÃO DE JESUS DOS SANTOS LOUREIRO

"Com a Netflix, você tem o controle" - O perfil do consumidor na Região Metropolitana de Belém: As novas formas de assistir TV e cinema.

Belém, PA 2016

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ INSTITUTO DE LETRAS E COMUNICAÇÃO FACULDADE DE COMUNICAÇÃO

JOÃO DE JESUS DOS SANTOS LOUREIRO

"Com a Netflix, você tem o controle"- O perfil do consumidor na Região Metropolitana de Belém: As novas formas de assistir TV e cinema.

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Faculdade de Comunicação da Universidade Federal do Pará, como requisito para a obtenção do título de Bacharel em Comunicação Social – Publicidade e Propaganda Orientadora: Prof.ª Dr.ª Alda Cristina Costa.

Belém, PA 2016

JOÃO DE JESUS DOS SANTOS LOUREIRO

"Com a Netflix, você tem o controle" - O perfil do consumidor na Região Metropolitana de Belém: As novas formas de assistir TV e cinema

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Faculdade de Comunicação da Universidade Federal do Pará, como requisito para a obtenção do título de Bacharel em Comunicação Social – Publicidade e Propaganda

Aprovado com conceito "EXCELENTE" no dia 06 de Maio de 2016. Banca Examinadora __________________________________________ Profª. Dra. Alda Cristina Silva Da Costa - Orientadora __________________________________________ Prof. Dr. Luiz Roberto Vieira de Jesus __________________________________________ Profª. Msc. Carolina Maria Mártyres Venturini Passos

Belém, PA 2016

Querida Dilú,

Penso que essas palavras não serão suficientes pra demonstrar o infinito amor e gratidão que eu tive por você durantes apenas 14 anos da minha vida. Tentarei expor aqui nos meus mais sinceros sentimentos, o quanto eu fui feliz por ter você ao meu lado durante todo esse tempo. Era 7 de Maio de 1933, no interior do Pará, em Abaetetuba, que você nasceu. A mais velha de 6 irmãos. Vindo de uma família pobre, lembro-me bem de quando você me falava o quanto foi difícil estudar naquela época. Ir pra escola com um sapato remendado, tendo que usar como caderno a sacola de papel do pão que vocês guardavam todo dia depois do café da manhã. Mas você continuou, seguiu em frente, e mesmo com todas as dificuldades entrou no magistério e virou professora. E que super professora! tendo que largar tudo pra dar aula aos ribeirinhos e poder sustentar o seu único filho. Se atualmente já é difícil dar aula nos interiores desse nosso Pará, imagina naquela época... Imagina você em plena década de 50, sendo mãe solteira, expulsa de casa, tendo que encarar tantos desafios sem a ajuda de ninguém, apenas de Deus. Na verdade não consigo imaginar. Quando você entrou no curso de Pedagogia na UFPA, você tinha 40 anos, e quando se formou já estava com 44, exatamente o dobro da idade que tenho agora. Você mais uma vez demonstrando que não há limites para os sonhos, que não há nada que possa parar a força de vontade de uma mulher determinada em crescer para a vida. Mas vamos falar da nossa história de amor, da paixão materna que sempre existirá entre nós dois. Tudo começou em 1994, e olha, foi amor a primeira vista. Meu cordão umbilical pode não ter nascido diretamente ligado ao seu, mas tenho certeza que as linhas dos nossos corações já existiam antes mesmo de nós dois existirmos. Eu poderia relembrar aqui todos os momentos lindos que passamos juntos, mas prefiro citar apenas um. Eu devia ter uns 10 anos, estava de férias, e como todas as vezes, você nunca deixava eu ficar sem estudar. Mandou eu ir sentar naquela mesa que ficava no final do corredor, antes de dobrar para o seu quarto, e me mandou fazer uma redação, com o seguinte tema: O por do sol. Lembro que eu olhava pro papel e não conseguia pensar em nada, pra mim o por do sol era algo simples, o início da noite, sem muito o que dizer. Fiquei nisso durante Uma... Duas... Três horas! Comecei a ficar nervoso, até que desisti. E choroso fui até você dizendo que não tinha conseguido fazer

nada. E o que você fez? Com todo carinho do mundo, me pegou pelos braços, me pôs do seu lado na rede e disse: Então vamos escrever juntos. E assim foi, escrevemos juntos, e descobrimos mil e um motivos pra ser feliz com o por do sol. No final, você me olhou com aqueles olhos castanhos, e o rosto enrugado pelo tempo e me disse: Tá vendo essas 30 linhas? Um dia você irá escrever muito mais, isso será muito pouco perto do que você vai ser capaz de fazer. O tempo passou... E um belo dia, você se foi, e eu não pude dizer o meu adeus... Mas, apesar de tudo, paro hoje, e reflito que, não foi preciso desse adeus, afinal, todos os dias durante esses 14 anos, nos amamos diariamente. Sabe, Dilú, não foi fácil, durante 1 ano e meio não teve um dia que eu não chorasse a sua perda, que eu não sentisse a sua ausência, que eu não sentisse falta do seu abraço, que eu não sentisse falta do seu cheiro, que eu não sentisse falta do seu beijo no rosto, que eu não sentisse falta do seu carinho, que eu não sentisse falta do seu olhar, que eu não sentisse falta do seu amor. Você não me viu escolher o curso de publicidade, não me viu passando no vestibular, e não vai me ver pegando esse diploma. Você não irá me ver, irá sentir, porque com o tempo parei de sentir sua morte, e comecei a sentir sua vida dentro de mim. Vó, obrigado por tudo, por cada gesto de carinho, por cada conselho, por cada vez que a senhora me fez sentar naquela mesa pra estudar, mesmo contra a minha vontade, e por todas as vezes que a senhora repetia: Um dia tu ainda vais me agradecer. Bem, esse dia chegou. Se a senhora não tivesse me preparado desde o início, eu jamais teria chegado até aqui. Todas as vitórias que tive, todas as vitórias que tenho, e todas as vitórias terei, sempre serão pra você, por você e pela sua memória. Cada linha, cada palavra, cada frase, cada texto deste trabalho é dedicado a você minha querida Dilú, vó, mãe, irmã, e pra sempre a melhor amiga em minha vida: Maria de Lourdes Malato Loureiro.

07/05/1933 - 11/05/2008

Com amor, Do seu eterno Jota-Jota.

AGRADECIMENTOS

Escrever este trabalho não foi fácil. E nem era pra ser. Ao longo desta escrita, minhas crises de ansiedade aumentaram, e foram diversas as vezes em que fiquei chorando de madrugada sozinho na cozinha de casa, desesperado, tentando não botar tudo a perder e tentando não desistir. Às vezes o corredor escuro em que minha mente e minhas emoções percorriam pareciam não ter fim, contudo, a luz no fim do corredor apareceu, me iluminou, e deu tudo certo. Gostaria de agradecer primeiramente ao Universo, a Deus, e à Nossa Senhora de Nazaré, por me ampararem e por me consolarem nos momentos difíceis não só na escrita deste trabalho, mas também ao longo dessa graduação. Aos meus pais Maria de Jesus A. dos Santos e Francisco Carlos Malato Loureiro. À mamãe por ter me dado, durante esses 4 anos, todos os dias, dinheiro de ida e vinda pra minha locomoção até a faculdade, e ao papai pelo apoio moral de sempre. Ao meu primo-tio José Vitor Loureiro Maués, pelo apoio financeiro durante todo esses anos da graduação, por ter me dado dinheiro pra pagar xerox, livros, congressos, passagens de ônibus, tarifas de táxis e muitas outras coisas mais. Sem seu apoio, este caminho teria sido muito mais difícil. Sou extremamente grato por tudo! Às minhas irmãs Daniela Loureiro e Thaiz Loureiro, que na verdade mais me atrapalharam do que ajudaram, mas para cumprir o protocolo de agradecimento à família, insiro o nome delas aqui (risos). Às minhas professoras e professores do ensino fundamental. Aos meus professores da Escola Estadual Lauro Sodré Aos professores do Cursinho Impacto. À Universidade Federal do Pará, ao Instituto de Letras e Comunicação e aos funcionários e professores do Curso de Comunicação Social da UFPA: Ao Professor Guerra pelas aulas de fotografia e pelos empréstimos de câmeras. Ao professor LZ pelas aulas de marketing. À professora Reg Coimbra por ter me dado merecidos erres nas disciplinas que envolviam direção de arte, conceitos esses que só me estimularam a melhorar cada vez mais. Nunca tive aptidão nenhuma pra design gráfico, mas ela nunca desistiu de mim. Obrigado, professora! À professora Lívia, pelas aulas, carinho, e pelos abraços gostosos nos corredores da Facom. Certa vez, triste no corredor, apareceu a professora Lívia, e me deu um

abraço tão gostoso que todas as minhas energias se renovaram e minha tristeza foi embora. À professora Danuta pelos puxões de orelha quando eu chegava atrasado em 80% das aulas dela e pela disposição em sempre ajudar seus alunos. Aos professores que me deram disciplinas teóricas: Célia - Teorias da Comunicação (ou "como sair da menor idade"); Netília - Teorias da Linguagem ( nunca consegui gostar de semiótica); Otacílio - Estética da Comunicação; Élida - Teorias da Cultura e Contemporâneo; À professora Elaide Cunha pela disciplina de Temas Contemporâneos, por todo apoio que me deu ao Intercom Norte 2015, e pelo carinho de sempre. Ao professor Roberto Vieira, por ter aceitado participar da minha banca, pelas boas conversas, por ter me aceitado em seu projeto de cibercultura, e pelas aulas de pesquisa de opinião no 5º semestre, que muito influenciaram na minha escolha da metodologia para este trabalho. À professora Carolina Venturini pelas aulas de publicidade em geral, que muito contribuíram para eu não perder meu amor pelo curso, se nos momentos de dificuldades eu ainda pude ter dentro de mim um fio de motivação pra frequentar as aulas, foi tudo graças à sra. Pela gentileza em sempre estar disposta a nos ajudar, por ter orientado meu trabalho no expocom norte 2015, e que graças a isso, ganhei um prêmio, pude viajar para o Rio de Janeiro, e ter uma das melhores experiências da minha vida. E, claro, por ter aceitado participar da banca do meu Tcc. Obrigado por tudo, professora. Aos meus chefes dos lugares que tive o prazer de estagiar ao longo desta graduação: Fabrício; Eli; e profª Luciana da Rádio Web UFPA, lugar maravilhoso, onde aprendi bastante. Ao Pedrox e a professora Nanani, meu chefes da agência Cidadã, lugar onde eu também aprendi muito. À clínica de psicologia da UFPA e a psicóloga Lúcia, que no ano de 2013 quando quase larguei minha graduação, fizeram eu enxergar que meus problemas não são tão grandes assim, tudo faz parte de uma luta diária com muito auto-conhecimento, determinação e força de vontade para vencer os obstáculos desse jogo chamado vida. Sou grato por todas as sessões de terapia em grupo. Ao Alan, amigo querido que sempre acreditou em mim enquanto eu fazia vestibular para entrar neste curso, pelo apoio, amizade, carinho, e irmandade. Sou e sempre serei grato por tudo.

À minha segunda família, meus amigos da Graduação e em especial aos amigos do Grupo Verdades Secretas: Alice e Matheus. À Alice pelo carinho, dedicação, disposição, e amizade não só ao longo da graduação mas também quando foi minha "chefa" enquanto fomos membros do CACO. Morro de admiração por ti, Alice! Ao Matheus por ter salvo meu último trabalho da graduação. (risos) Bárbara, Glória e Regiani Leão. À Bárbara pelo carinho louco durante todos esses anos pelo companheirismo, amizade e amor, à Gló pelo carinho gostoso de sempre, e à Regiani pelas incontáveis caronas durante todo esse tempo. Emanuele Corrêa, meu amor máximo, agradeço pelo carinho, amizade, loucuras e companheirismo. Por ter me aceitado em sua casa nos natais e reveillons, pelos conselhos e palavras de conforto durante os momentos difíceis, e acima de tudo pelo imenso apoio que me deu no final desta jornada. Sou imensamente grato por tudo, meu amor. Erica Potira e Cacique Leônidas, à Erica por ter sido a melhor miga que alguém poderia ter durante essa fase final da escrita do TCC, por compartilhar e deixar eu compartilhar nossas incertezas, tristezas, alegrias, frustrações e felicidades. Sou grato por tudo, Erica. Ao Leo, pela amizade e por cuidar da Erica (risos) durante essa graduação. Ao Newton por ter feito

a capa deste tcc, a identidade visual da minha

apresentação e o infográfico deste trabalho. Ao Luiz Carlos pela amizade, alegrias, risos, zoações, e por fim gostaria de deixar registrado aqui uma coisa: Parece que o jogo virou, não é mesmo? Te amo, amigo! Aos queridos Kristopher e Nathan, amigos incríveis que conheci durante minha participação no projeto de pesquisa Mídia e Violência. Ao Kristopher por ser uma pessoa incrível, e me mostrar vários caminhos quando eu não sabia pra onde ir. E ao Nathan, por me mostrar, sem querer, a felicidade da vida nas coisas mais simples. À Juliana Theodoro, por ter aturado meus áudios via wpp, por ter me aconselhado quando amores me magoavam, e por ter sido extremamente amiga quando mais precisei de uma palavra de conforto. À Lidia Saito por todo carinho, amizade, e disponibilidade da casa de recepção Saito's house para que pudéssemos nos reunir e brindar a vida.

Aos amigos de Ciências Sociais vulgo esquerda festiva em especial ao queridíssimo e queridíssimas: Israel, Mayara, e Thainá. Ao Israel Araújo por toda amizade e conselhos durantes esse tempo, pelo compartilhamento de momentos felizes e por gentilmente ter me ajudado em alguns gráficos deste tcc. Obrigado por tudo, amigo. À Mayara Costa, pela amizade, carinho, amor, compreensão, conversas e conselhos. Pelos momentos felizes e momentos de tristezas, estaremos sempre, um apoiando ao outro. Grato por tudo, amiga. À Thainá Menezes por ter me dado o melhor presente de aniversário em 2016, pelo carinho, apoio, amizade e amor. Obrigado por tudo, amiga, Ao grupo Esquerda Festiva, pelas festas adoráveis, amizades incríveis e por ter me feito abrir os olhos e ter aprendido que a saída, meus amigos, é e sempre será pela esquerda! À Renata Beckmann, que em 2013 quando passei pelo pior momento nesta graduação, me apoiou como um verdadeira amiga, mesmo que depois desses anos, ainda não tenhamos o mesmo contato de sempre, deixo registrado aqui, meu sentimento de gratidão à ela. À Joice Ribeiro, amiga querida que muito me ajudou ao longo desta jornada, sempre acreditou no meu potencial, soube me dar carinho e afeto quando eu precisei, e soube puxar minhas orelhas quando errei. Sou imensamente grato por tudo, Joice. À Raisa, anjo que apareceu na minha vida em 2015, e espero que permaneça pra sempre. Por ter revisado parte deste trabalho, pelo carinho, paciência, amizade, pelos empréstimos que sempre me salvam, e por toda gentileza comigo nesse tempo. Obrigado, amiga. À Carla Beatriz, pelo carinho, amizade, companheirismo, risadas, gentilezas, pelos compartilhamentos de momentos felizes e tristes e por sempre quebrar meus galhos quando mais preciso. Obrigado por tudo, Carla! Aos amigos que estão distantes, mas que graças à internet, se fazem por perto: À Thiany Abdala, amiga que conheci na época do Orkut, em 2008, e que desde esse tempo nunca me deixou, pelas conversas, conselhos, carinhos, mesmo que de longe, se fazem presente aqui. Ao Bruno Rezende, que conheci ano passado, quando participei no Intercom-Rio 2015, pelo carinho, amizade, por ter traduzido meu abstract e por ter, de certa forma, salvo minha viagem ao Rio. Obrigado por tudo, Bruno, te amo!

À todas as pessoas conhecidas e desconhecidas que responderam ao questionário dessa pesquisa deixo registrado aqui o meu mais profundo agradecimento. Sem vocês esse trabalho não seria possível. Ao CEO da Netflix, Reed Hastings por ter inventado o meu objeto de estudo. À Monique Igreja, um anjo que apareceu na minha vida nas vésperas da entrega deste trabalho, agradeço por ter ficado até 3h da manhã me ajudando a formatar este TCC nas normas da ABNT. Muito obrigado, Monique! E por último, mas não menos importante, à minha orientadora Alda Costa. Palavras aqui não são suficientes para demonstrar meu extremo sentimento de gratidão que tenho por esta mulher incrivelmente incrível. Agradeço por todas as aulas durante essa graduação, por ter me aceitado em seu projeto quando eu mais precisava de uma bolsa, por ter me feito crescer não só como acadêmico, mas também como pessoa e ser humano. Quando conheci a professora Alda, estávamos na minha primeira aula da graduação, e agora, termino esta jornada junto com ela. Obrigado, obrigado, obrigado, obrigado, obrigado por tudo, Professora!

A frase “a pessoa se fez sozinha” não existe, carece de veracidade. Todos nós somos feitos por outras milhares de pessoas. Cada ser que fez algo de bom para nós, ou nos disse algumas palavras de conforto ou aprovação, influenciou em nossa personalidade e nossos atos. É por isso que elas se transformam em parte de qualquer sucesso nosso. George Matthew Adams

LOUREIRO, João. "Com a netflix, você tem o controle"- O perfil do consumidor na Região Metropolitana de Belém: As novas formas de assistir TV e cinema. Monografia ( Bacharelado em Comunicação Social, Publicidade e Propaganda). Universidade Federal do Pará, Belém, Pará, 2016. RESUMO A internet, juntamente com a revolução digital, transformou totalmente a forma como nos comunicamos, como consumimos, e como passamos a assistir TV e Cinema. O presente projeto objetiva identificar o perfil dos consumidores da Netflix na região Metropolitana de Belém, empresa norte-americana que faz parte do mercado de nicho, e que tem contribuído para mudança de hábito dos jovens no consumo de séries e filmes online via streaming. Essa mudança pode ser traduzida na convergência midiática (JENKINS, 2008) em que os meios de comunicação de massa repensam suas lógicas de transmissão de conteúdo e caminham, quase alinhados, com os chamados meios emergentes. Na construção da pesquisa partimos da seguinte indagação: quem é o consumidor da Netflix em Belém e quais estratégias comunicativas publicitárias são utilizadas pela empresa na relação com o público? Como procedimentos metodológicos recorremos à pesquisa quantitativa, mesclada com opinião pública na identificação do perfil deste consumidor, aplicando questionário elaborado no Google Doc, com respostas de 1.659 usuários da região metropolitana de Belém. Palavras-chave: Internet; Netflix; Estratégias Comunicativas; Belém; Perfil do consumidor.

LOUREIRO, João "With netflix, you have the control" - The consumer profile in the Metropolitan Region of Belém: The new ways to watch TV and movies. Monograph (Bachelor of Social Communication, Advertising). Federal University of Pará, Belém, Pará, 2016. ABSTRACT The internet, along with the digital revolution, completely transformed the way we communicate, how we consume, and how we spend our time watching TV and Cinema. This project aims to identify the profile of Netflix customers in the metropolitan region of Belém, a US company that is part of the niche market, and which has contributed to changing the behavior of young people in the consumption of series and movies online via streaming. This change can be understood in media convergence (Jenkins, 2008) in which, the mainstream media rethink their logical content transmission and follow almost aligned with the so-called, emerging media. Throughout the research, we set off the following question: who is the customer of Netflix in Belém and which advertising communication strategies are used by the company in relation to the public? As methodological procedures, we refer to the quantitative research and with also public consumer in identifying the profile, applying questionnaire drawn up on Google Doc, with answers from 1,659 users of the metropolitan area of Belém. Keywords: Internet; Netflix; Communication Strategies; Belém; Consumer profile.

LISTA DE GRÁFICOS Gráfico 01 - Município residente Gráfico 02 - Bairro residente Gráfico 03 - Gênero dos consumidores Gráfico 04 - Faixa etária Gráfico 05 - Ocupação Gráfico 06 - Formação Gráfico 07 - Renda Familiar Gráfico 08 - Renda Individual Mensal Gráfico 09 - Forma de pagamento Gráfico 10 - Tipo de plano Gráfico 11 - Responsável pelo pagamento Gráfico 12 - Compartilha a Netflix Gráfico 13 - Pessoas com quem compartilha Gráfico 14 - Como conheceu a Netflix Gráfico 15 - Motivos para consumo Gráfico 16 - Gênero preferido Gráfico 17 - Gêneros mais assistidos Gráfico 18 - Opção Kids Gráfico 19 - Por que opção Kids Gráfico 20 - Série original preferida Gráfico 21 - Séries preferidas Gráfico 22 - Filmes e documentários originais Gráfico 23 - Sem abertura Gráfico 24 - Horário Noturno Gráfico 25 - Final de semana Gráfico 26 - Acesso ao dia Gráfico 27 - Preço dos serviços Gráfico 28 - Netflix e Tv paga Gráfico 29 - Conteúdo da Netflix Gráfico 30 - Outros serviços da streaming Gráfico 31 - Dispositivo de acesso Gráfico 32 - Antes da Netflix Gráfico 33 - Hábitos Gráfico 34 - Consumo de Filmes Gráfico 35 - Satisfação com a Netflix

67 68 70 71 71 72 73 74 75 76 77 77 78 79 80 81 82 83 84 85 86 88 89 90 90 91 92 92 93 94 94 95 96 97 97

LISTA DE FIGURAS Figura 01 - Envelope usado para enviar e receber os dvd's Figura 02 - Logo da série House of Cards Figura 03 - Início do site netflix.com após fazer login Figura 04 - Mapa dos países onde a Netflix está disponível Figura 05 - Postagem da Netflix em sua fan page no Facebook Figura 06 - Postagem do autor do trabalho, em seu perfil no Facebook Figura 07 - Questionário na Plataforma Google Docs Figura 08 - Programação Netflix Figura 09: Infográfico sobre o perfil do consumidor na Região Metropolitana de Belém.

44 46 48 49 54 65 66 82 99

LISTA DE TABELAS Tabela 01 - Evolução das plataformas da Web 1.0 para 2.0 Tabela 02 - Lista de Bairros Tabela 03 - Classe Social Tabela 04 - Séries (não originais da Netflix) mais assistidas pelos usuários

37 68 73 86

SUMÁRIO INTRODUÇÃO

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CAPÍTULO 1 – DA GUERRA FRIA À VIDA DIGITAL: O MUNDO DA INTERNET 1.1 Os primeiros passos da internet 1.2 Internet e guerra fria 1.3 1980 e 1990: períodos de comercialização da internet 1.4 Conectado na rede, conectado ao mundo 1.5 Atualidade 1.5.1 Google 1.5.2 Dos sites pessoais aos blogs 1.5.3 Das comunidades Virtuais às Redes Sociais 1.5.4 Youtube e a difusão do vídeo online 1.6 WEB 2.0: A evolução da conexão

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CAPÍTULO 2 - O FENÔMENO NETFLIX 2.1 Cinema 2.2 A televisão 2.3 Do físico ao virtual 2.3.1 Mas afinal, como atualmente a empresa funciona? 2.3.2 Disponibilização dos filmes 2.4 Espaço publicitário, entretenimento, e estratégias comunicativas 2.5 Narrativa seriada e a"nova" TV 2.6 Consumo e Mercado de Nicho

39 40 42 44 47 50 51

CAPÍTULO 3 - O PERFIL DOS CONSUMIDORES DA NETFLIX EM BELÉM 3.1 Análise do questionário 3.2 Consumo da Netflix 3.3 No mundo da Netflix 3.4 Horário nobre da Netflix e preferências

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3.5 O perfil traçado

22 23 26 29 32 32 32 33 35 36

55 58

67 74 78 89 98

CONSIDERAÇÕES FINAIS

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS E WEBGRÁFICAS

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ANEXOS

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INTRODUÇÃO A lembrança que tenho do primeiro filme que assisti em uma fita cassete, quando eu tinha 4 anos de idade, foi Toy Story, o primeiro longa metragem dos estúdios Pixar, e também o primeiro filme da história do cinema a ser totalmente feito em computação gráfica. Com 6 anos, em 2000, fui pela primeira vez ao cinema e assisti cento e dois dálmatas, filme da Disney. Quatro anos depois, em 2004, assisti pela primeira vez um filme em DVD, O Pianista, longa metragem dirigido por Roman Polansky, indicado a 7 Oscars e vencedor de 3. Em 2008, quando ganhei meu primeiro computador, tive então minha primeira experiência com o streaming1, acessando vídeos em que a maioria era clipes de música postadas no Youtube. Em 2013 fui apresentado à empresa Netflix. Diferente dos muitos usuários que responderam ao questionário desta pesquisa, eu a conheci por um anúncio no Youtube. A possibilidade de ter acesso a centenas de filmes e séries, sem sair de casa, pagando um preço barato, e ainda por cima, ter o primeiro mês de uso grátis, me encantaram e fisgaram. De imediato, adquiri o serviço e até hoje continuo sendo um consumidor assíduo. Ao longo destes 4 anos e meio de graduação, boa parte de meus trabalhos usaram a internet como plano de fundo em suas discussões. Desvendei o sujeito pósmoderno em aplicativos de relacionamentos (JUNIOR;LOUREIRO; CRISTO, 2015), fiz reflexões

sobre a arte do selfie como ferramenta de marketing (SILVA;

LOUREIRO; SANTOS JUNIOR; FILHO, 2015), defendi os direitos LGBTS por meio de um canal de podcast (LOUREIRO, JUNIOR, VENTURINI, 2015) e por fim, analisei a representação da violência por usuários do Twitter ( LOUREIRO; FERREIRA JUNIOR; COSTA, 2015). Portanto, a internet e o mundo digital já estavam na minha vida, acadêmica e pessoal. Quando me deparei com o momento de definir um tema para escrever o último trabalho da graduação, cheguei à conclusão que para redigir algo que eu tivesse afeto e gostasse, teria que unir o útil (internet), ao agradável (Netflix). Nasceu, então, o tema desta pesquisa. Na contemporaneidade, as mídias sociais digitais vêm inserindo novos processos nas variedades de comunicação e interação, que vão sendo reconfigurados e 1

Mais a frente, no primeiro capítulo, iremos explicar melhor o que significa esta tecnologia.

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transformados, sem que se deixe de destacar o papel da mídia como uma instituição que constitui o espaço de mediação social. Segundo J.B.Thompson, a mídia pode ser ainda considerada uma instituição de poder simbólico, que tem a “capacidade de intervir no curso dos acontecimentos, de influenciar as ações dos outros e produzir eventos por meio da produção e da transmissão de formas simbólicas” (THOMPSON, 1998, p. 24). Nesse arcabouço teórico, destaca-se o papel da convergência das mídias em todo esse processo de influencia dos cursos. Para Jenkins (2008, p.41): A convergência das mídias é mais do que apenas uma mudança tecnológica. A convergência altera a relação entre tecnologias existentes, indústrias, mercados, gêneros e públicos. A convergência altera a lógica pela qual a indústria midiática opera e pela qual os consumidores processam a notícia e o entretenimento. Lembrem-se disto: a convergência refere-se a um processo, não a um ponto final Com a convergência, o futuro das mídias massivas acaba entrando em questionamento, já que uma nova forma de cultura se estabelece na sociedade, a chamada cibercultura (LEMOS, 2002; LÉVY, 1999), em que vida online dimensiona o espaço na sociedade contemporânea, nascendo novas formas de interação entre tecnologia e sociabilidade. Para Rudiger, (2008, p.25), essa é uma nova forma de libertação para as pessoas. Ou seja, “cada meio estimula uma forma de relação social: a mutação oriunda dos meios digitais nos conduz para uma época menos padronizada e mais democrática, de seus hábitos de lazer e de suas próprias iniciativas individuais”. Para

Marcondes

Filho

(2009,

p.77),

essas

transformações

criam

a

cibersociedade, que seria uma reorganização de toda a nossa existência pessoal, comunitária, profissional, de lazer, e de consumo através da cibernética e das redes computacionais. “Trata-se de uma transformação relevante das mediações sociais, agora sob as interferências e segundo a lógica das máquinas inteligentes”. Com a convergência midiática e sua relação com a sociedade, as transformações das mídias, reconfiguram não só os meios de comunicação, mas também os seus usuários. A convergência representa uma mudança no modo como encaramos nossas relações com as mídias. Estamos realizando essa mudança primeiro por meio de nossas relações com a cultura popular, mas as habilidades que adquirimos nessa

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brincadeiras têm implicações no modo como aprendemos, trabalhamos, participamos do processo político e nos conectamos com pessoas de outras partes do mundo.” (JENKIS, 2008. p. 49)

Partindo dessas discussões preliminares sobre o mundo digital e as novas relações de consumo de produtos, a presente pesquisa partiu das seguintes indagações: Em que medida a Netflix tem influenciado os consumidores paraenses? Quem são os consumidores

da

Netflix

em Belém? A possibilidade real de escolha pelos

consumidores tem influenciado o consumo da Netflix em Belém? Quais as estratégias comunicativas utilizadas pela empresa na relação com o público? Observamos, que a partir das novas tecnologias midiáticas, o indivíduo consumidor do tradicional mercado audiovisual, está migrando cada vez mais para web e utilizando o serviço de vídeo sob demanda (streaming) na consumação de filmes, séries e outros produtos. Portanto, o objetivo da pesquisa é identificar o perfil dos consumidores da empresa Netflix na região metropolitana de Belém. Como hipóteses levantamos as seguintes questões: a escolha pelo consumidor dos produtos oferecidos, aliada à convergência, tem massificado a audiência da empresa Netflix; e as convergências entre cinema, TV e web, estão criando novos elementos de atração e assim influenciando os novos modos de consumo de produtos audiovisuais na internet. Constatamos que a inserção do streaming na internet, o consumo de vídeos aumenta cada vez mais, e com isso o comportamento dos usuários com os produtos audiovisuais também se modifica. Segundo pesquisa do Google (2015)2, a maioria dos usuários de internet no Brasil, faz parte da classe C, cerca de 48,3 milhões, e representam 54% dos brasileiros on-line. Outros dados interessantes são que 73% usam o smartphone como o principal meio de acesso a internet, e no entretenimento 47% assistem vídeo online. Com esta questão podemos perceber o impacto que essas mudanças estão tendo na transformação do mercado cinematográfico e a influência exercida no consumidor, principalmente, da classe C.

2

Os novos donos da internet: Classe C, de conectados Acesso em 01 out.2015

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A presente pesquisa está estruturada da seguinte maneira: no primeiro capítulo construímos um panorama conceitual sobre a internet, tendo em vista que para entender as experiências que os indivíduos agora tem com a netflix, precisamos resgatar o contexto histórico da internet e sua evolução ao longo dos anos. O diálogo teórico é feito com as seguintes discussões, tais como: Galáxia da internet (CASTELLS, 2003), Cibercultura (Lévy, 1999), Culturas e artes do pós-humano: da cultura das mídias à cibercultura (SANTELLA, 2004), A trajetória da internet no Brasil (CARVALHO, 2008), e YouTube, a nova TV corporativa (RIBEIRO,2004). No segundo capítulo três eixos de discussão são empreendidos: a história do cinema (MASCARELLO, 2009); da tv (TEIXEIRA,2012), percebendo a evolução de ambos até chegar na internet; e a caracterização e contextualização do surgimento da Netflix, suas diferenças entre outros serviços como TV paga, explorando seu modelo de negócio (LADEIRA, 2013), a transformação que o serviço faz no conceito de narrativa seriada (MACHADO,2009) e por fim, abordar a sociedade do consumo e o mercado de nicho, contexto esse em que a netflix está inserida, usando como autores (BARBOSA; CAMPBELL,

2006)

(

BAUDRILLARD,

2003)

(ANDERSON,

2006),

(PEREZ;BAIRON, 2014), e (HERMANN, 2012) . No terceiro e último capítulo deste trabalho, faço a análise do perfil do consumidor da Netflix na Região Metropolitana de Belém, com a aplicação de um questionário, elaborado no Google Doc, assim discriminado. Elaboramos 35 perguntas (anexo J) no questionário, sendo duas perguntas abertas, em que usuário era livre para responder e 33 fechadas, sendo que dessas 33, 8 perguntas tinham caixas de seleção, onde o usuário poderia responder com mais de uma opção. Sendo assim o questionário ficou com 35 perguntas, 2 perguntas abertas, 25 perguntas objetivas, e 8 perguntas objetivas com a possibilidade de ter mais de uma resposta. Dividimos o questionário em 3 categorias. Na primeira, elaboramos perguntas de identificação do consumidor, como: local que reside, renda mensal, escolaridade, ocupação, formação, e as formas que o usuário consome a Netflix. Na segunda categoria perguntamos sobre os hábitos de consumo do usuário, o que ele mais assiste na netflix, qual gênero ele prefere, quais série ele acompanha. Na terceira e última categoria do questionário elaboramos perguntas sobre quantidade de

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acessos à plataforma, se o usuário ainda mantém velhos hábitos de consumo de filmes via internet, e se o mesmo se considera satisfeito com o serviço. O questionário foi disponibilizado na rede social Facebook. O autor da pesquisa, postou em sua própria rede social, no dia 14 de março de 2016, um texto com imagem, pedindo que usuários da região de Belém respondesse ao questionário. O questionário ficou disponível apenas por 24 horas, considerando o número expressivo de respostas ao mesmo.

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1- DA GUERRA FRIA À VIDA DIGITAL: O MUNDO DA INTERNET

Palavras impressas não eliminaram as palavras faladas. O cinema não eliminou o teatro. A televisão não eliminou o rádio. Cada antigo meio foi forçado a conviver com os meios emergentes. Henry Jenkins

O presente capítulo faz um apanhado do contexto histórico do surgimento da Internet,

com a finalidade de compreender as experiências vivenciadas pela sociedade e os caminhos proporcionados na efetivação da Netflix, espaço digital que tem transformado o modo das pessoas assistirem Tv.

1.1 Os primeiros passos da internet

A importância deste resgate histórico da internet se serve de embasamento para podermos entender como o surgimento deste meio foi, ao longo de vários anos, reconfigurando não só a forma de se comunicar, mas também de pesquisar e de consumir produtos que antes seriam impensáveis num mundo sem as TICS 3. Com o passar dos anos iremos perceber que, a internet, antes restrita apenas a setores específicos da sociedade acadêmica, começou cada vez mais a se tornar algo aberto, rentável e mercantilizado a qualquer pessoa. Se antes a internet foi criada para ter apenas um objetivo o de guardar informações, hoje, ela não só guarda, como também compartilha e cria. A evolução que ela teve ao longo de todas essas décadas, transformou completamente nossos hábitos de consumo. Na década de 90 era impensável assistirmos um filme sem que fosse transmitido pela TV, cinema, ou pelo vídeo cassete. Já em 2016, basta você estar conectado à rede para assistir o que quiser e da forma que quiser, desde fazer um download ilegal de algum filme, até assinar serviços de transmissão sob demanda (mais a frente iremos explicar melhor isso). Entender como tudo começou é o primeiro passo para que possamos compreender, nesta pesquisa, que toda essa revolução - ou seria evolução? - que a

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Tecnologias de informação e comunicação

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netflix vem fazendo na indústria cinematográfica, na verdade, nada mais é do que o fruto de uma transformação que começou bem antes, lá na guerra fria.

1.2 Internet e a Guerra Fria

Antes da troca de mensagens instantâneas, exibição de vídeos, imagens e músicas on-line, a internet foi criada para apenas uma função: Guardar informações sigilosas. Na década de 1960, com a corrida armamentista da Guerra Fria e o mundo dividido entre EUA e URSS, os Estados Unidos começaram a pensar em meios de descentralizar as suas informações do Pentágono4, como uma forma de preservar documentos secretos em casos de ataque. Em 1962, um engenheiro do Instituto Técnológico de Massachusets (MIT), chamado Joseph Licklider, começou a discutir sobre a criação de uma Rede Intergalática de Computadores. Depois de 7 anos, em 1969, aconteceu o "nascimento da internet" com a criação da ARPANET - Advanced Research Projects Agency Network-, desenvolvido pela ARPA - Advanced Research and Projects Agency - do Departamento de Defesa dos Estados Unidos, que tinha o seguinte funcionamento: Ela atuava com um sistema chamado chaveamento de pacotes, onde as informações são divididas em pequenos pacotes que contêm trechos dos dados, os endereços de destinatários e informações que permitiam a remontagem da mensagem original (BARROS, 2013).

Dessa forma as informações eram codificadas, e garantiam a segurança do País, que se preocupava com possíveis ataques dos soviéticos. Apesar da ARPANET ter sido criada para os militares, ela também tinha como objetivo assuntos relacionados à educação, tecnologia e cultura, conforme estuda Castells: [...] a Arpanet, a principal fonte do que viria a ser afinal a Internet, não foi uma conseqüência fortuita de um programa de pesquisa que corria em paralelo. Foi prefigurada, deliberadamente projetada e subseqüentemente administrada por um grupo determinado de cientistas da computação que compartilhavam uma missão que pouco tinha a ver com estratégia militar (2003, p.21).

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Sede do Departamento de Defesa dos Estados Unidos

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No ano de 1973, com a ARPA em operação junto com outras agências, foi criado o protocolo TCP/IP5. Os cientistas que descreveram pela primeira vez o protocolo foram Robert Kanh, da ARPA, e Vinton Cerf da Universidade de Stanford. Juntos, os dois desenvolveram o "Protocolo de Controle de Transmissão" e o "Protocolo intra-rede" IP. Padrão que opera até os dias atuais: É curioso observar que o projeto da tecnologia de computação por pacote foi concebido segundo três princípios, os quais operam até hoje: estrutura de rede descentralizada, poder computacional distribuído entre nós da rede e redundância das funções para diminuir o risco de desconexão (FERREIRA; FRANÇA, 2014, p.48).

No final da década de 1970, a internet foi, enfim, se consolidando. As universidades americanas implementavam cada vez mais a computação em suas estruturas. Surgiu, então, a BBS: Os Bulletin Board System (BBS), ou sistema de quadro de avisos, permitia a transferência de arquivos entre computadores pessoais, a partir de conexões mediante linhas telefônicas convencionais, permitindo os serviços de downloads, uploads, leitura de notícias, participação em fóruns de discussão, chats de conversação e os jogos on-line. A partir dos BBSs surge uma cultura que influenciou decisivamente na configuração da Internet global (FERREIRA; FRANÇA, 2014, p.48).

No ano de 1979 foi criado a Usenet6, por estudantes da Duke University, em que a finalidade era criar um grupo de discussão que qualquer pessoa pudesse utilizar. Nascia, então, a primeira ideia de Fórum de discussão7 na internet. Porém, “o modo de operação da rede ainda era bastante complexo e restritivo” (FERREIRA e FRANÇA, 2014, p.48), e se concentrava ainda em poucas universidades americanas. Logo em seguida, foram criados navegadores mais práticos, com capacidades gráficas mais avançadas para captação e distribuição das primeiras imagens na internet. 5

O TCP/IP é o principal protocolo de envio e recebimento de dados MS internet. TCP significa Transmission Control Protocol (Protocolo de Controle de Transmissão) e o IP, Internet Protocol (Protocolo de Internet). Protocolo é uma espécie de linguagem utilizada para que dois computadores consigam se comunicar. Por mais que duas máquinas estejam conectadas à mesma rede, se não “falarem” a mesma língua, não há como estabelecer uma comunicação. Então, o TCP/IP é uma espécie de idioma que permite às aplicações conversarem entre si. Fonte: . Acesso em: 1 nov. 2015. 6 Usenet (do inglês Unix User Network) é um meio de comunicação onde usuários postam mensagens de texto (chamadas de "artigos") em fóruns que são agrupados por assunto (chamados de newsgroups ou grupos de notícias). Fonte: . Acesso em: 3 nov. 2015. 7 Fórum de discussão é uma ferramenta para páginas de Internet destinada a promover debates por meio de mensagens publicadas abordando uma mesma questão. Também é chamado de "comunidade" ou "board". Fonte: . Acesso em: 03 nov. 2015

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Segundo Ferreira e França (2014, p 48), o que vai marcar o nascimento da Internet é a abertura, ou seja: A característica marcante da Internet foi sempre a de "abertura", tanto em sua arquitetura quando em sua organização social/industrial. Esta arquitetura aberta permitiu que os seus usuários fossem se tornando também produtores da tecnologia de toda a rede e desenvolvessem linguagens, aplicações e formas de utilização da rede, com destaque para o aparecimento das primeiras comunidades virtuais.

Essa característica de "abertura" é importante na constituição desse processo porque com ela percebemos a presença da cultura participativa, que segundo Jenkis (2006 apud FECHINI 2014, p.10), "será um fenômeno na criação e compartilhamento de conteúdos entre os consumidores de mídia, motivados pela crença que suas contribuições importam para os outros". Nesse contexto, surgem as primeiras comunidades virtuais, que contribuíram em grande parte para a criação de programas com código aberto 8. Com as interações entre usuários aumentando, diversas eram as trocas de informações relacionados aos softwares de programação. Essas interações serão percebidas com grande importância para a rede de computadores a partir dos usuários que participavam da comunidade UNIX. Produzido pelos laboratórios Bell, o UNIX9 foi um sistema operacional liberado para as universidades em 1974, incluindo também seu código-fonte, que permitia alterações no programa. Com a popularidade do programa, logo ele se tornou o software mais usado nos departamentos de ciência da computação das universidades americanas, com isso os estudantes se tornaram especialistas no seu uso. Quatro anos depois, em 1978, a Bell distribuiu um outro programa chamado UUCP (Unix-to-UNIX copy), o programa permitia, pela primeira vez, que computadores copiassem arquivos uns dos outros. Tendo como base o programa UUCP, em 1979 estudantes da Carolina do Norte projetaram outro programa para comunicação entre computadores específicos que 8

Software de código aberto (do inglês open source software ou OSS) é o software de computador com o seu código fonte disponibilizado e licenciado com uma licença de código aberto no qual o direito autoral fornece o direito de estudar, modificar e distribuir o software de graça para qualquer um e para qualquer finalidade. Software de código aberto é muitas vezes tem desenvolvido público, de maneira colaborativa. Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Software_de_codigo_aberto Acessado em 14/11/2015. 9 Introdução ao sistema operacional UNIX: Breve Histórico. Disponível em: Acesso em 14 nov. 2015.

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utilizassem o UNIX. Em uma conferência dos usuários do UNIX, em 1980, distribuíram uma versão aperfeiçoada do programa. Com isso, foi permitida a criação de uma rede de comunicação entre computadores. Nasceu a Usenet News, uma rede que não usava mais o backbone10 da Arpanet, havendo assim, a ampliação das redes.

1.3 1980 e 1990: períodos de comercialização da Internet

No dia 1 de janeiro de 1983, foi ao ar a primeira rede de grande extensão baseada nos protolocos TCP/IP. Todos os computadores que utilizavam a ARPANET para se conectar, a trocaram pela nova tecnologia. Com isso, a ARPANET mudou de nome, chamando-se ARPA-INTERNET, e passou a ser dedicada somente à pesquisa. Um ano depois, em 1984, a National Science Foundation (NSF), uma rede de universidades interconectadas, montou sua própria rede de comunicação, a NSFNET. Ainda na década de 1980, foi aplicada pelo governo dos Estados Unidos a lei antitruste11 para American Telephone & Telegraph Company (AT&T), até então a maior empresa de telecomunicações dos EUA. Fator esse que transformou o mercado de telecomunicações, fazendo com que as empresas

mergulhassem “no ramo da

informação e da mídia utilizando serviços de telecomunicação não só para controlar seus produtos, mas também para concorrer diretamente com os serviços de mídia." (FERREIRA e FRANÇA, 2014, p.49) Ainda nessa década a ARPANET começava a ser chamada de "internet" e assim começou o seu desmantelamento com a NSFNET usando o seu backbone. No Brasil, a internet começa a surgir por volta de 1987. Neste mesmo ano, durante o VII Congresso da Sociedade Brasileira de Computação, “em Salvador (BA), Michael Stanton convocou uma reunião informal para discutir a importância das redes acadêmicas e trocar informações acerca das experiências que começavam a acontecer pelo país” (CARVALHO, 2006, p.77). Estiveram presentes diversos representantes de instituições acadêmicas do Brasil, da Telebrás e do CNPQ12. Devido a importância que as discussões tomaram, o então representante do CNPQ marcou uma nova reunião para que se pudesse discutir de forma mais aprofundada sobre o assunto. 10

A infraestrutura da rede, por onde passam as correntes elétricas que são compreendidas como sinais (CASTELLS, 2003. p.15) 11 Lei que se destina a punir práticas anticompetitivas que usam o poder de mercado para restringir a produção e aumentar preços, de modo a não atrair novos competidores, ou eliminar a concorrência. Disponível em: http://www.dicionarioinformal.com.br/antitruste. Acesso em 15 nov. 2015. 12 Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico.

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Nesse contexto, foi realizada uma importante reunião, patrocinada pelo CNPq, nos dias 14 e 15 de outubro de 1987, no prédio da Escola Politécnica da USP. Nesta reunião, coordenada pelo Prof. Stanton e chamada de “Preparação da Rede Nacional de Pesquisa em Ciência da Computação (Rede-CC)”, ocorreu a primeira tentativa de arregimentação de aliados, pois foram convidados e estiveram presentes cerca de quarenta pessoas, contando com representantes da SEI, Embratel, CNPq, SERPRO, FAPESP, LARC e instituições acadêmicas e de pesquisa (UFCE, UFPB, UFRJ, PUC/RJ, LNCC, INPE, ITA, USP, UNICAMP, CTI, UFSCar e UFRGS). A leitura prévia de três artigos sobre redes acadêmicas de 1986 (JENNINGS et al; LANDWEBER et al; QUARTERMAN et al) − hoje considerados clássicos − foi recomendada no convite a todos os participantes (STANTON, MOSCATO, 1987 apud CARVALHO, 2006, p.77).

Nasciam, então, os primeiros indícios da internet no Brasil, contudo, assim como em todo o mundo, apenas para instituições de pesquisa. De acordo com Carvalho (2006), no ano de 1988 o Laboratório Nacional de Computação Científica (LNCC) se conectou à Universidade de Maryland, por meio da Bitnet13. Nesse mesmo ano, em São Paulo, a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP), se conectou ao Fermi National Acelerator Laboratory (FERMILAB) em Chicago, a conexão também foi pela Bitnet. Um ano depois em 1989, foi a vez da Universidade Federal do Rio de Janeiro se conectar, e também usou a Bitnet. No mesmo ano, com apoio do CNPQ, foi criada a Rede Nacional de Pesquisa (RNP), instituição que, durante os anos 1990, forneceu internet à aproximadamente 600 instituições de pesquisa atendendo, por volta de 65 mil usuários. Em 1988, começou nos EUA as primeiras comercializações das redes. Por conta da NSF ter proibido o uso da NSFNET para fins que não fossem acadêmicos, houve então um estimulo para o tráfego comercial. Até então, era proibido o acesso em nível nacional, mas isso não impediu que, aos poucos, redes privadas aparecessem. No ano 1990, a ARPANET foi retirada de operação e a internet era então libertada do ambiente militar. A administração da mesma foi confiada à NSF, contudo esse controle não durou muito tempo. Segundo Castells, Com a tecnologia de redes de computadores no domínio público, e as telecomunicações plenamente desreguladas, a NSF tratou logo de encaminhas a privatização da internet. O departamento de defesa 13

A BITNET (acrônimo de "Because It's Time to NETwork" ou "Because It's There NETwork") foi uma rede remota criada em 1981 a partir da ligação entre a Universidade da Cidade de Nova Iorque e a Universidade Yale, que visava proporcionar um meio rápido e barato de comunicação para o meio acadêmico. Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/BITNET- Acesso em 16 nov.2015.

28 decidira anteriormente comercializar a tecnologia da internet, financiando fabricantes de computadores dos EUA para incluir os TCP/IP de 1980 [...]. Em 1995 a NSFNET foi extinta, abrindo caminho para a operação privada da internet. (2003, p.15)

Na década de 1990, a configuração da internet que conhecemos atualmente começava a ser moldada. A rede se conectava ainda mais entre universidades do mundo. Os EUA já tinham conexões com a Europa e América do Sul. Nesse período, aconteceu um dos mais importantes fatos da história da internet, e que faria com que a mesma abraçasse o mundo todo. Em dezembro de 1990, Tim Benners Lee, com colaboração de Robert Cailiau, criaram um projeto universal de hipertexto, o World Wide Web (WWW). Usando a linguagem HTML14. O hipertexto permitiu que pessoas distantes uma das outras, pudessem trabalhar usando páginas de hipertextos e construindo links para qualquer tipo de arquivos. Em 1991 foi lançado e liberado para o público o primeiro navegador denominado WWW. Agora o navegador fazia com que palavras fossem destacadas e transformadas em links. O usuário tinha também acesso à conteúdos multimídia, como texto, imagens, sons e vídeos. No ano de 1993 a NSF criou a primeira empresa para cuidar dos domínios (nomes dos sites) e informações sobre a internet. Tivemos o primeiro jornal impresso a ser publicado eletronicamente, o “The Tech” do MIT15. E foi em 1993 também, que tivemos a primeira transmissão ao vivo de um vídeo na rede, pela primeira vez o streaming16 foi utilizado. Uma banda formada por funcionários de empresas como Dec, Xerox, e Apple, chamada Seven Tire Damage, fez uma performance ao vivo na internet, porém, a qualidade da transmissão não foi nada perto da que temos atualmente: Na época o ápice da tecnologia de streaming era uma rede virtual chamada MBONE. Basicamente uma estrutura que funcionava em cima do protocolo IP, criando uma camada de túneis que possibilitam a transmissão multicast: um transmissor e vários receptores 14

HTML (abreviação para a expressão inglesa HyperText Markup Language, que significa Linguagem de Marcação de Hipertexto) é uma linguagem de marcação utilizada na construção de páginas na Web. Documentos HTML podem ser interpretados por navegadores. Disponível em < https://pt.wikipedia.org/wiki/HTML> Acesso em23 nov.2015. 15 Massachussects Institute of Tecnology 16 Streaming ou Broadcast é o nome da transmissão de audio e/ou vídeo pela internet, tecnologia esta que permite a transmissão de audio e vídeo sem que seja necessário fazer o download de todo o conteúdo a ser transmitido, antes de ouvir ou assistir, como era feito antigamente, a transmissão do conteúdo é feita de modo contínuo, ou seja, enquanto a pessoa está ouvindo/assistindo. Diposnível em: Acesso em 23 nov.2015.

29 simultâneos. E, como estamos falando dos caras que ajudaram a criar toda essa estrutura, qual a atitude lógica quando souberam que os Stones iam tocar? Entrar alguns minutos antes, enquanto toda a imprensa mundial está olhando, e fazer o seu show. Provavelmente foram 20 minutos do mais épico show de uma banda nerd já feito na história. E olha que estamos falando de resolução de 152×76 e algo em torno de 8 a 12 fps, algo impensável para os padrões atuais. ” (CAMPOS, 2015).

Logo em seguida, surgiu um programa chamado Real Audio, criado pela Progressive Networks, com o intuito de transmitir apenas sons. As qualidades dos áudios não eram muito boas, levando em consideração a baixa frequência e a taxa de largura da banda (conexão). Os áudios eram transmitidos apenas em mono, no entanto, pelo fato de não ser necessário fazer download para acessar os arquivos, o programa foi bem aceito pelos internautas da época. Neste mesmo período, um dos fatos mais importantes da internet aconteceu: a rede foi aberta para usos comercias e fins lucrativos. Chegamos ao início da privatização da internet. Ainda no ano de 1994 a NSF anunciou que ia sair do financiamento da NSFNET e assim em 1995 a NSF foi extinta, o caminho para a privatização se abriu. O uso da rede aumentou drasticamente, fazendo assim, com que a internet ficasse cada vez mais popular no mundo todo.

1.4 Conectado na rede, conectado ao mundo

Faltando pouco menos de 5 anos para o século XXI, a internet começava a se transformar naquilo que conhecemos hoje. As comunidades virtuais – que atualmente são conhecidas como redes sociais na internet – aumentavam cada vez mais e a popularização da rede já era presente no mundo. Assim como a internet evoluía, evoluía também a tecnologia. Logo o primeiro vídeo de streaming foi transmitido, e me seguida, o primeiro filme criado por computação gráfica também foi feito – Toy Story – e as empresas começavam a enxergar o potencial que a rede poderia ter no impacto de seus negócios. Segundo Castells, a internet passa a ser usada como fonte de produtividade e competitividade. Numa sociedade em que firmas privadas são a principal fonte de criação de riqueza não é de surpreender que, depois que a tecnologia se tornou disponível na década de 1990, a difusão mais rápida, mais abrangente de seus usos tenha ocorrido no domínio dos negócios. A internet está transformando a prática das empresas em sua relação com

30 fornecedores e compradores, em sua administração, em seu processo de produção e em sua cooperação com outras firmas, em seu financiamento e na avaliação de ações em mercados financeiros. Os usos adequados da internet tornaram-se uma fonte decisiva de produtividade e competitividade para negócios de todo o tipo (CASTELLS, 2003, p. 56).

As grandes empresas criavam seus sites e se conectavam à rede, os grandes portais de notícias, que muitas das vezes forneciam serviços como provedores de internet, começavam a aparecer, tais como; AOL – American Online –, e Yahoo. Mas foi em 1997, com um modesto site, e iniciando um serviço de locação de filmes que surgiu o principal objeto deste trabalho: a Netflix. Em 1998, com a comercialização da internet já privatizada, o governo dos EUA decide então privatizar a sua administração. Ainda em 1997 o governo dos EUA, na época presidido por Bill Clinton, propôs a privatização da IANA - Internet Assignes Numbers Authority - e das outras instituições que supervisionam a internet. Então em 1998 nasceu o ICAN – Internet Corporation for Assigned Names and Numbers –, instituição sem fins lucrativos, que administra a alocação espacial de endereços IP, atribuição de parâmetros de protocolo, organiza o sistema de nomes dos domínios e administra o sistema de servidores de raiz (CASTEELS, 2003). A ICANN funciona até os dias atuais. Chegamos aos anos 2000, com uma quantidade de usuários da internet que já ultrapassava a margem de 250 milhões de pessoas. No Brasil, contudo, o número de usuários ainda era em torno de 2,2 milhões de pessoas.17 Nos anos 2000, aconteceu o estouro da “bolha” da internet. Com o crescimento e popularização da internet, surgiram as empresas “ponto com”18 que na década de 90 começavam negócios virtuais. As empresas durante esse tempo tiveram forte altas em suas ações ao longo do final dos anos 90. As revistas de negócio especializado abordavam excessivamente o bom investimento nas “empresas ponto com”, que vinham recebendo cada vez mais capital com a promessa de inauguração da nova economia, que teria como principais características ser anticíclica e de crescimento sem limites (RIZÉRIO, 2013) 17

Dados retirados do site “História da informática e da internet: 1990-1999” < http://www.ufpa.br/dicas/net1/int-h199.htm > Acesso em 25 nov. 2015. 18 Companhias ou empresas ponto com, também chamadas pelo termo anglófono dot-com (dotcom ou redundantemente dot.com) são empresas de comercialização eletrônica que exploram a comercialização serviços ou produtos na Internet. Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Empresas_ponto_com Acesso em 25 nov. 2015.

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Com os investidores vendo nas empresas “ponto com” uma boa oportunidade de lucro e sucesso, começaram a apostar nas mesmas sem levar em consideração fatores básicos da economia, tais como os métodos tradicionais de avaliação dos ativos (RIZÉRIO, 2013). Com muitos empresários vendendo seus projetos para investidores despreparados, a baixa taxa de juros, e empresas oferecendo seus serviços gratuitamente, o mercado financeiro da NASDAK19 – instituição financeira que na época era a que continha mais ações relacionados às empresas “pontocom” – em um dado momento acabou tendo dificuldade de avaliar as ações das empresas, com isso neste primeiro momento, muitas tiveram alta valorização e inconsistência nas suas ações. No entanto, o cenário que mostrara ser positivo, revelou sua verdadeira face. Com a corrupção corporativa das empresas que “maquiavam” suas dívidas, se envolviam em fraudes, realizavam altos gastos com a transição da virada do milênio, aliados a um resultado que mostrou, 3 meses depois do natal, que muitos serviços não eram tão atrativos quanto pareciam... A bolha estourou. Após fechar a 5.048,62 pontos no dia 10 de março, a bolsa eletrônica não parou mais de cair, mesmo que aos poucos. Naquela sessão, ela registrou queda de 4% e, desde então, chegou a perder 75% do valor até o final de 2000. E até o momento não se recuperou” (RIZÉRIO,2013).

Essa bolha da internet serviu como um sinal amarelo para quem quisesse investir na rede, porém, isso não impediu a mesma de chegar a outro patamar, um patamar de trocas de informações jamais visto, onde as interações sociais ficaram cada vez mais intensas e instantâneas, e onde surgiram novas estratégias mercadológicas de bens de consumo e serviço. A internet chegou ao seu momento mais importante da contemporaneidade: A web 2.0

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NASDAQ Stock Market ou simplesmente NASDAQ (acrônimo de National Association of Securities Dealers Automated Quotations; em português, "Associação Nacional de Corretores de Títulos de Cotações Automáticas") é um mercado de ações automatizado norte-americano onde estão listadas mais de 2800 ações de diferentes empresas, em sua maioria de pequena e média capitalização. O NASDAQ caracteriza-se por reunir empresas de alta tecnologia em eletrônica, informática, telecomunicações, biotecnologia, etc. Disponível em: < https://pt.wikipedia.org/wiki/NASDAQ> Acesso em 25 nov. 2015.

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1.5 Atualidade

Antes de falarmos da web 2.0, iremos fazer uma breve explanação sobre algumas empresas que nasceram no final dos anos 1990 ou início dos anos 2000, que foram essenciais para que essa nova semântica da internet se reconfigurasse e se transformasse nessa nova proposição de rede. Traçamos um breve histórico sobre o Google; Blogs; redes sociais na internet e Youtube.

1.5.1 Google

O Google nasceu de fato em 1997, seus criadores Larry Page e Sergey Brin se conheceram em 1995 na universidade de Stanford. Com o passar dos anos aperfeiçoaram a ideia de criar um programa que fosse um mecanismo de pesquisa para as mais diversas informações. Primeiro criaram um programa chamado BackRub, o programa chegou a operar por um ano nos servidores de Stanford, no entanto ele ocupava muita largura de banda e Larry e Sergey acabaram o desativando. Foi, então, que em 1997 o nome Google.com foi registrado pela primeira vez.20 O Google acabou se tornando um dos principais sites dessa nova configuração que iremos chamar de web 2.0, além de ser o maior e principal site de busca da web, atuando em diversos segmentos como tecnologia, publicidade, ciência, meio ambiente, cultura e oferece diversos serviços e produtos baseados na internet, tais como; tradutor, mapas, vídeos, música, filmes entre outros. De acordo com o site MarketWath, em julho de 2015 o valor de mercado do Google, chegou a custar 403,7 bilhões de dólares.21

1.5.2 Dos sites pessoais aos blogs

O termo "blog" é uma versão reduzida de web log. O primeiro uso da expressão web log se deu em meados de 1997, por Jorn Barger, que o definia como uma página na web, em que qualquer pessoa poderia expor uma mensagem para que outros usuários 20

O nome é uma brincadeira com a palavra "googol", um termo matemático para o número representado pelo numeral 1 seguido por 100 zeros. Isso reflete a missão de Larry e Sergey de organizar uma quantidade de informações aparentemente infinita na Web. Disponível em: Acesso em 29 nov. 2015. 21 Disponível em: Acesso em 29 nov. 2015.

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pudessem ler.22 Em maio de 1999 a expressão foi abreviada para “blog”, por Peter Melhoz e é usada assim até hoje. Segundo Zago (2008), existem várias possibilidades para a definição de um blog, contudo as duas principais veem o blog como um formato ou uma ferramenta. No que diz respeito aos que entendem o blog como um formato:Bastaria uma página ter atualizações frequentes em ordem cronológica inversa para ser um blog, independente da ferramenta utilizada para essas atualizações – o que permitiria considerar como blog algumas das primeiras páginas criadas na web, no começo da década de 1990, ainda que o termo blog só tenha surgido alguns anos depois. A ideia é a de que a essência de um blog – postar pequenas porções de conteúdo, em ordem cronológica inversa, como um registro de alguma coisa – independeria da existência de uma ferramenta específica capaz de automatizar esse processo." (BLOOD, 2000; WALKER, 2003; HERRING et al, 2005 e BRUNS, 2005 apud ZAGO, 2009. p.3)

Outros autores vão definir o blog como uma ferramenta: Só seria blog aquilo que é criado em ferramentas de publicação de blogs (como o Blogger, ou o Wordpress), independente do formato utilizado para essas publicações. Para esses autores, os blogs só vão aparecer a partir do surgimento das primeiras ferramentas de blogs, em 1999, tendo seu uso associado à ideia de diários virtuais. Os sites criados anteriormente, ainda que possuíssem algumas das características propiciadas pelas ferramentas de publicação de blogs, não seriam considerados blogs." (KORNESU, 2004 apud ZAGO, 2009, p. 3)

Podemos perceber então, que o blog perpassa pelos avanços da web 2.0, se reconfigurando. Nasce como um site pessoal, onde apenas pessoas com domínio de linguagens computacionais tem acesso à criação e produção de conteúdo, passando então, para o que hoje conhecemos como "blog", que por meio de ferramentas criadas especificamente para esses fins, qualquer pessoa com o domínio básico de informática, pode agora criar o seu próprio "site pessoal", ou qualquer outro de acordo com o desejo das pessoas, mas no formato especificado pelo ambiente digital.

1.5.3 Das Comunidades Virtuais às Redes Sociais As comunidades virtuais foram – e ainda são – importantes para o desenvolvimento da internet na sua fase de implantação e na troca de informações, acerca de conhecimentos científicos e específicos de informática, mas também na participação do desenvolvimento da conjuntura que conhecemos hoje como web 2.0. 22

https://blogsnaeducacao.wordpress.com/2008/01/13/a-historia-do-blog/ Acessso em 29 nov. 2015.

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Em uma definição mais específica, Levy (1999. p.130) afirma que comunidades virtuais são construções “sobre as afinidades de interesses, de conhecimentos, sobre projetos mútuos, em um processo de cooperação ou de troca, tudo isso independentemente das proximidades geográficas e das filiações institucionais”, e Santaella (2003) corrobora afirmando que: As comunidades virtuais designam as novas espécies de associações fluídas e flexíveis de pessoas, ligadas através de fios invisíveis das redes que se cruzam pelos quatro cantos do globo, permitindo que os usuários se organizem espontaneamente “para discutir, para viver papéis, para exibir-se, para contar piadas, para procurar companhia, ou apenas para olhar como voyeurs, os jogos sociais, que acontecem nas redes (BIOCCA 1997:219 apud SANTELLA, 2003 p.123.)

. Simultaneamente com as comunidades virtuais, sugiram as redes sociais na internet, ou, web 2.0, que transformariam as interações sociais na rede. Em 1995, surgiu uma rede social chamada Classmates.com, considerada a primeira rede social na internet. A ferramenta tinha o objetivo de realizar encontros de usuários universitários, estudantes entre outros. Como na década de 1990 a internet estava em transição no que diz respeito ao seu uso para fora de fins acadêmicos, não nos é estranho perceber que a primeira rede social fosse voltada para universitários e estudantes, esses que tinham mais fácil acesso a rede em seus ambientes escolares Ainda nessa década surge outra rede social chamada SixDegrees, essa já permitia que houvesse a criação de um perfil virtual e já era voltada para o público em geral. Seguindo a mesma lógica de funcionamento do SixDegress, outras redes sociais surgiram como; Friendster, Myspace e Linkedin23 Em meados de 2004, quando o termo Web 2.0 começava a ser discutido, nasceu também boa parte da geração das redes sociais na internet que reconfiguraram as relações sociais. De acordo com Recuero (2004, p. 3) “esses sistemas funcionam com o primado fundamental da interação social, ou seja, buscando conectar pessoas e proporcionar sua comunicação e, portanto, podem ser utilizadas para forjar laços sociais”. Nesse mesmo ano surgiram o Orkut – pertencente ao google – e o Facebook, este primeiro fazendo grande sucesso no Brasil até meados de 2010, perdendo espaço para o Facebook, logo sendo desativado no ano de 2014. 23

Informações retiradas do site: Acesso dia 29 dez. 2015.

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Atualmente com o acesso à internet mais democratizado, o acesso às redes está cada vez mais fácil, e as conexões dos usuários com as redes sociais estão cada vez mais presentes. Pesquisas mostram que o Facebook é usado por 64,82% dos usuários conectados à rede24 e que brasileiros gastam em média 650 horas por mês nas redes sociais25. Sem dúvida, percebemos que estamos nos firmando como uma sociedade cada vez mais conectada, e é interessante olhar para essas transformações que as comunidades virtuais tiveram quando se reconfiguraram para redes sociais na internet.

1.5.4 Youtube e a difusão do vídeo on-line

O Youtube nasceu em meados de 2005, fundado por 3 funcionários da empresa Paypal26, Chad Hurley, Steve Chen, e Jawed Krin. A ideia inicial da criação do site foi de Jawed, segundo ele, era difícil encontrar vídeos do tsunami que devastou parte da Indonésia e Tailândia e vídeos do “acidente de figurino” da cantora Janet Jackson no SuperBowl daquele ano.27 O domínio Youtube.com foi criado em 15 de fevereiro de 2005, e o primeiro vídeo foi postado em 23 de abril do mesmo ano. Durante apenas dois meses o site teve apenas 19 vídeos postados, mas foi com o seu vigésimo vídeo28, em que dois garotos chineses dublam uma música da banda Back Street Boys, que o site alavancou. O vídeo se tornou um viral, fazendo com que a plataforma de vídeos se popularizasse. Pouco mais de um ano e meio depois, em 9 de outubro de 2006, o Google anunciou que iria comprar a empresa por 1,65 bilhões de dólares em ações. Atualmente o site reúne cerca de 1 bilhão de usuários e são carregados cerca de 300 horas de vídeo por minuto. Esse crescimento pode ser compreendido a partir da expansão e difusão do vídeo on-line, assim como a relação entre a quantidade e internautas no Brasil:

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Informação retirada de: < http://marketingdeconteudo.com/redes-sociais-mais-usadas-no-brasil/ > Acesso em 08 dez. 2015. 25 Informação retirada de: < http://blogs.oglobo.globo.com/nas-redes/post/brasileiros-gastam-650-horaspor-mes-em-redes-sociais-567026.html> Acesso em 08 dez. 2015. 26 PayPal é um sistema que permite a transferência de dinheiro entre indivíduos ou negociantes usando um endereço de e-mail, assim, evitando métodos tradicionais como cheques e boleto bancário. A empresa que criou e rege tal sistema situa-se em São José na Califórnia. Disponível em: < https://pt.wikipedia.org/wiki/PayPal > Acesso em 09 dez. 2015. 27 http://www.techtudo.com.br/noticias/noticia/2015/04/primeiro-video-do-youtube-faz-10-anos-saibahistoria-de-quem-publicou.html> Acesso em 09 dez. 2015. 28 Tow chinese boys: i want it that way Disponível em: < https://www.youtube.com/watch?v=x1LZVmn3p3o> Acesso em 09 dez. 2015.

36 Em um período de seis anos, de 2005 a 2010, segundo pesquisa anual do Comitê Gestor da Internet publicada em 2012, o número de domicílios brasileiros com internet, em áreas urbanas cresceu 22%, saltando de 17% para 39%. Embora o acesso à internet não tenha crescido na mesma proporção, o ano de 2010 encerrou com 27% dos lares conectados à web, nas áreas urbanas e rurais. [...]. Mesmo assim, de 2005 a 2009, a média anual de crescimento do acesso residencial à internet foi de 19%. Em 2010, o crescimento foi de 15% (CGI, 2011). Em 2011, 41% dos brasileiros eram usuários da internet. (CGI, 2012)." (RIBEIRO, 2013, p.73)

Com números atualizados para 2014, mais da metade da população brasileira já tem acesso à internet. Segundo o PNAD (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios), 95,4 milhões de brasileiros tem acesso a internet, o que equivale a 54,4% total dos brasileiros residentes no país.29 O crescimento da quantidade de internautas brasileiros, ajudam na compreensão, pelo menos no que diz respeito ao Brasil, na difusão do vídeo na internet.

1.6 WEB 2.0: A evolução da conexão. No ano de 2005, logo após o estouro da bolha da internet, Tim O' Reiley criou e popularizou um termo para a evolução do ambiente digital, a chamada Web 2.0. Para uma melhor definição, recorremos à conceituação de Primo (2007), na relação entre combinações tecnológicas, estratégias mercadológicas e processos de comunicação: A Web 2.0 é a segunda geração de serviços online e caracteriza-se por potencializar as formas de publicação, compartilhamento e organização de informações, além de ampliar os espaços para a interação entre os participantes do processo. A Web 2.0 refere-se não apenas a uma combinação de técnicas informáticas (serviços Web, linguagem Ajax, Web syndication, etc.), mas também a um determinado período tecnológico, a um conjunto de novas estratégias mercadológicas e a processos de comunicação mediados pelo computador. (PRIMO, 2007, p.1)

No início, a web 1.0, fez com que o acesso à internet fosse possibilitado a qualquer pessoa ou organização que tivesse acesso a rede. A evolução no território de comunicação digital, por meio da criação e difusão de sites e portais, fez com que tanto amadores, como profissionais pudessem publicar a sua produção. Na segunda fase, com a web 2.0, a evolução se deu nas formas com que o público começou a interagir com as novas formas de comunicação. A influência à participação tomou o lugar dos negócios, 29

Brasil tem 9,8 milhões de novos internautas entre 2013 e 2014, diz IBGE. Disponível em: Acesso em 09 fev. 2016.

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que se tornaram a principal motivação para o ingresso no mundo virtual, e passou a orientar a esfera das redes sociais (KELLY, 2005 apud RIBEIRO, 2013, p. 100) O autor O'Reiley criou uma lista de plataformas digitais que evoluíram da web 1.0 para a web 2.0, com a finalidade de compreender a evolução do ambiente: Tabela 1 – Evolução das plataformas da Web 1.0 para 2.0 Web 1.0 DoubleClick Ofoto Akamai mp3.com Britannica Online personal websites Evite domain name speculation page views screen scraping Publishing content management systems directories (taxonomy) Stickiness

Web 2.0 Google AdSense Flickr BitTorrent Napster Wikipedia Blogging upcoming.org and EVDB search engine optimization cost per click web services Participation Wikis tagging ("folksonomy") Syndication

A lista continua com vários outros exemplos. Mas o que foi que nos fez identificar um aplicativo ou abordagem como "Web 1.0" e outro como "Web 2.0"? (A questão é super urgente, porque o uso de memes na Web 2.0 se tornou tão difundido que as empresas estão agora colando-os como um buzzword de marketing, sem nenhuma compreensão real do que isso significa. A questão é particularmente difícil porque muitos desses startups buzzword-addicted definitivamente não são Web 2.0, enquanto algumas das aplicações que identificamos como Web 2.0, como o Napster e o BitTorrent, não são ainda devidamente aplicações de web!). Começamos tentando trazer à tona os princípios que são demonstradas em uma ou outra forma pela história de sucesso da Web 1.0 e também pelo o que é mais interessante das novas aplicações . (O'REILLY, 2005, tradução nossa).

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Percebemos com esta lista, que a evolução da web se deu em diversas categorias digitais, seja no consumo, nos negócios, no entretenimento, em redes sociais, em sites de compartilhamento de conteúdo/mídia, entre outros. A facilidade para a publicação, a busca, a exibição, a resposta e a indicação de conteúdos em mídias diferentes fez com que estes sites transformassem os padrões de comunicação. São espaços que permitem, ao mesmo tempo, integrar em uma única mensagem conteúdos de mídias diferentes e possibilitar a transmissão e a resposta às mensagens de muitos para muitos (WARCHAUER; GRIMES, 2007 apud RIBEIRO, 2013. p.101).

A web evoluiu, desde a implantação da Internet, em vários formatos, principalmente a partir da participação do público em trocas interativas. As conexões são como as sinapses de um grande cérebro, e as redes de relacionamento, onde se dão as conexões, formam uma inteligência coletiva. A Web 2.0 não só permite, como promove o amadurecimento e a moldagem da inteligência coletiva (O´REILLY, 2005). No próximo capítulo faremos um breve aparato histórico do cinema e da TV, exploraremos o serviço do streaming Netflix e suas estratégias de comunicação, juntamente com o conceito de narrativa seriada e as transformações que isso vem causando na forma de assistir TV, e também sobre sociedade do consumo e o mercado de nicho.

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2 O FENÔMENO NETFLIX O público quer o controle. Eles querem liberdade. Se eles quiserem assistir tudo de uma vez – como eles estão fazendo com “House of Cards” – então devemos deixálos fazer isso. Kevin Spacey

Neste capítulo fazemos uma breve discussão sobre a história do cinema e da televisão, a qual objetiva compreender a interface entre essas duas mídias, mas também, perceber a evolução que elas trazem ao longo da história, tendo assim uma transformação de quando a internet nasce com o streaming e com o surgimento da Netflix. A finalidade é contextualizar o surgimento da Netflix, apresentando o serviço híbrido oferecido, que funciona pela internet, porém oferece serviços presentes tanto na TV, quanto no cinema. Uma transformação que altera tanto os hábitos de consumo, quanto o modelo de negociação de filmes, séries, documentários e outros produtos audiovisuais. Apresentamos ainda a história da Netflix e suas implicações nos hábitos de consumo. O objetivo é caracterizar e identificar sua história, entender como funciona seu serviço, modelo de negócio com as grandes distribuidoras, diferenciá-la tanto das suas concorrentes no modelo de streaming, quanto das tradicionais tv's pagas, e verificar o impacto da convergência das mídias tradicionais com o serviço da empresa. Analisamos também o ambiente em que a Netflix se encontra, e que de certa forma contraria a corrente capitalista dos maiores conglomerados de TV que fizeram e fazem até hoje seu negócio audiovisual, ou seja, a venda de espaço na programação para anunciantes. Sendo essa a forma como os grandes conglomerados de tv sobrevivem, nos perguntamos: Como a Netflix, uma empresa fornecedora de produtos audiovisuais sobrevive sem vender espaço na sua programação para anunciantes? Anunciantes estes essenciais ao cinema e a TV paga, no oferecimento dos serviços. Por fim, exploraremos a sociedade do consumo, e o mercado de nicho, contexto esse em que a netflix se encontra e vem transformando cada vez mais nossos hábitos de compra e fazendo surgir novas formas de como consumimos TV e cinema.

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2.1. Cinema O cinema nasceu no século 19, com os irmãos Lumiére. Os dois desenvolveram um mecanismo que registrava e produzia imagens em movimento a partir da fotografia, equipamento esse que veio a ser batizado como cinematógrafo. Segundo Mascarallo, (2006, p.19), Sabe-se que os irmãos Lumière não foram os primeiros a fazer uma exibição de filmes pública e paga. Em 1º de novembro de 1895, dois meses antes da famosa apresentação do cinematógrafo Lumière no Grand Café, os irmãos Max e Emil Skladanowsky fizeram uma exibição de 15 minutos do bioscópio, seu sistema de projeção de filmes, num grande teatro de 40ãos40ville em Berlim.

Ainda em 1895, em Paris, os irmãos Lumiére realizaram a exibição pública do filme L’Arrivée d’em traiemen gare de ciotat, iniciando assim, uma série de exibições de curta metragens. Apesar de não terem sido os primeiros a realizarem uma exibição pública e paga, os irmãos Lumiére foram os que ficaram mais conhecidos no ramo cinematográfico, sendo isso muito por conta de suas habilidades comercias de fazer do cinema um produto lucrativo, negociando a venda de câmeras e filmes (MASCARALLO, 2006). Anos mais tarde, em 1903, nos Estados Unidos, o cineasta Edwin S. Potter dirigiu uma das maiores películas da história do cinema, The Great Train Robbery. O filme acabou se tornando um marco na história do ramo cinematográfico e contribuiu para que o mesmo se popularizasse dentro do país e consequentemente, no mundo. Entrando, assim, de uma vez para a indústria cultural (TEIXEIRA, 2012). Na segunda década do século XX, foi criado e usado pela primeira vez o termo "sétima arte" pelo italiano Ricciotto Canudo em "Manifesto das Sete Artes", no ano de 1912, porém, publicado somente em 1923.30 Nos anos de 1930 até 1935 começaram a aparecer os primeiros filmes a cores - Flowers and the Trees (1933) e o longa Becky Sharp (1935). Com o início da segunda Guerra Mundial, o artifício do cinema foi explorado tanto pelos Aliados, quanto pelas potencias do Eixo, principalmente entre os nazistas e fascistas, os quais utilizaram fortemente o cinema na manipulação e divulgação de seus

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em 25 mar. 2016.

Acesso

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ideais e de filmes pró regime. Com a guerra já terminada, em 1950, a TV a cores foi lançada, e assim o cinema perdeu grande força na indústria. No entanto: Foi graças ao cinema mudo de Charles Chaplin e as comédias de “Carlitos Repórter” que o cinema sobreviveu até a década de 80, quando nasceram as empresas de televisão por assinatura (seu novo carrasco). Novamente, a indústria do entretenimento cinematográfico entrou em processo de falência com uma perda expressiva de público, só vindo a recuperar-se em 2000 com o retorno dos filmes em 3D. (TEIXEIRA, 2012, p. 14)

No século XXI, em 2004, nos EUA, aconteceu então a convergência do cinema para o mundo virtual, nascendo as salas virtuais de cinema. Com a internet bem mais em uso, e com a popularidade de plataformas de uploads de vídeos como Youtube e Vimeo, filmes independentes tiveram como opção a possibilidade de serem lançados virtualmente, como foi o caso do site Screening Room, portal lançado pelo Youtube com a finalidade de reunir apenas curta metragens independentes31. Mesmo o cinema virtual algumas vezes não ser reconhecido como cinema, "[...] essa é uma tendência apoiada globalmente por empresas publicitárias e de entretenimento, pela redução de custos de produção e por atingir um contingente incalculável de pessoas ao redor do mundo" (TEIXEIRA, 2012, p. 14) Atualmente, uma das alternativas para consumo de cinema, tem sido o cinema sob demanda, usado por empresas como Netflix, Apple TV e Hulu. Além de tudo, empresas como a Netflix, tem investido em produção de filmes originais (filmes produzidos por grandes estúdios, mas financiados pela própria Netflix), onde ocorre o lançamento direto na plataforma, sem necessidade do consumidor se deslocar para o cinema tradicional. Apesar do nascimento de várias alternativas de consumo de filmes, o cinema tradicional ainda possui muita força e está longe de ser extinto, uma prova disso é a soma das 5 maiores bilheterias do ano de 2015, que juntas dão mais de 6 bilhões de dólares.32

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YouTube traz curtas premiados e independentes Acesso em 26 mar. 2016. 32 Maiores bilheterias de 2015 (até agora) Acesso em 26 mar. 2016.

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2.2 A televisão A primeira vez que alguém usou a palavra "televisão" foi em 25 de agosto de 1900, no I Congresso Internacional de Eletricidade, em Paris. O francês Constantin Perskyi criou a palavra para descrever um equipamento que transmitia imagens a distância, que tinha como propriedades o selênio. Vinte anos depois, um engenheiro escocês chamado Jonh Logie Baira, realizou as primeiras transmissões televisivas. Em 1924 ele aprimora a técnica e consegue transmitir imagens estáticas. Dois anos depois Jhon conseguiu transmitir traçados de imagens em movimento em uma amostra para diversos cientistas, em Londres, assinando um contrato de exclusividade com a British Broadcasting Corporation para transmissões experimentais (ROSS, 2007 apud TEIXEIRA, 2012, p.20). No mesmo período, um ano antes, em 1923, Wladimir Zworykin criou o ionoscópio, equipamento por qual se criou os primeiros tubos de televisão. Ainda sem a produção em escala industrial, as primeiras transmissões abertas começaram a partir da década de 1930, sendo a primeira na Alemanha, e depois Inglaterra, EUA e União Soviética.33 Após a Segunda Guerra, a televisão começava a se expandir cada vez mais. No ano de 1950, com a inauguração da TV Tupi, pelo jornalista Assis Chateubriand, houve no Brasil o acesso ao sinal aberto de tv. Contudo, o jornalista teve que importar cerca de duzentos aparelhos de TV, para que os programas fossem assistidos, tendo em vista que o consumo em larga escala ainda não era uma realidade no país. Segundo Teixeira (2012, p. 20 -21) Em 1954, as empresas televisivas norte-americanas começaram a se preocupar com a substituição dos equipamentos “preto e branco”, então, foi desenvolvido um sistema que produzia imagens a cores a partir do padrão antigo, o NTSC. Com o desenvolvimento do mercado televisivo, foram criados “standards” para padronizar as transmissões analógicas no mundo, dentre os quais se destacam o PAL (Phase Alter- native Line)25 – o NTSC34 – e o SECAM (Sequencial Couleus Avec Mémoire) [...] esses sistemas, por precisarem ser compatíveis com a tensão da rede elétrica de cada país, acabaram por ter diversas variações. Por isso, quando alguém compra um televisor analógico em 33

PINTO, Tales Dos Santos. "Breve História da televisão"; Brasil Escola. Disponível em . Acesso em 26 mar. 2016. 34 National Television Standards Committee ou Comitê Nacional do(s) Sistema(s) de Televisão – Sistema de transmissão analógico dos EUA.

43 um determinado lugar, muitas vezes não funciona noutro, caso não possua um sintonizador de cores que permita a escolha do sistema.

Conforme as tecnologias foram se aprimorando, o primeiro passo para a TV digital foi dado. Em 1962, nos EUA, foi lançado o satélite Telstar, que transformou e melhorou as transmissões tanto na TV, quanto no rádio e telefone. Diversos foram os gêneros e os padrões de comunicação criados pela televisão, e a cada década que passava, novos surgiram ou se reconfiguraram. Segundo Teixeira (2012, p. 21), nas décadas de 1980 e 1990, as transmissões vão se caracterizar pela “transposição dos sinais analógicos para os digitais (o TDT)35" A convergência da TV para a internet, assim como do cinema, aconteceu em meados dos anos 2000. Atualmente são dois tipos de elementos convergentes que a televisão se encontra na internet: Web TV e IPTV36. Segundo Ribeiro, (2009, p.7), A WebTV nada mais é do que a conversão do conteúdo da televisão para a internet. Desta forma, é possível que o telespectador/usuário possa assistir a programas com o formato televisivo a partir do seu computador, com uma interatividade maior do que a proporcionada pela televisão atual.

Uma das principais características da Web TV é a possibilidade de fácil produção de conteúdo e a difusão do mesmo em alta escala, já que basta qualquer um ter acesso a internet para poder consumir o conteúdo disponibilizado. Já o IPTV, segundo Douglas Ciriaco (2009)37, nada mais é do que a junção de um serviço de televisão com a de internet banda larga. Ao invés de receber seu sinal de televisão pela antena ou pelo cabo da sua operadora de TV a cabo, você a recebe via internet. O serviço precisa, no entanto, que o usuário tenha uma conexão com a internet de no mínimo 4MBPS. No Brasil algumas operadoras de telefonia móvel já oferecem o serviço, que se torna mais uma opção para quem quer consumir conteúdo televisivo. A transformação que a convergência entre os meios proporciona nas mídias tradicionais, vem moldando os diversos setores da comunicação que cada vez mais precisam se adaptar às novas tecnologias midiáticas. Acabou nascendo, então, um

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Televisão digital terrestre. Internet Protocol Television 37 O que é IPTV? Acesso em 26 mar. 2016. 36

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sistema de comunicação multidirecionado, onde o leque de opções de conteúdo para o usuário vem se tornando cada vez maior, mais dinâmico, e mais interativo. É nessa mudança do mundo digital e do audiovisual que a Netiflix vai ser implantada, mudando a forma como uma parcela considerável de pessoas consome séries, filmes e outros produtos audiovisuais. 2.3 Do físico ao virtual

A Netlix é uma empresa norte-americana, que presta serviços online desde 1997, foi fundada em Scott Valley, California, por Marc Randolph e Reed Hastings 38. Antes mesmo de se tornar essa corporação conhecida e ‘consumida’, a empresa já mostrava desde o início que a internet era o lugar onde seus negócios iriam revolucionar o mercado. Diferentemente de empresas que mantinham aluguéis de filmes por lojas físicas, a Netflix nasceu na rede digital, e se fez na mesma. Inicialmente a empresa funcionava como uma espécie de "locadora virtual", onde o usuário tinha acesso a um catálogo de filmes no site da empresa, em que ao escolher o filme, a Netflix enviava o dvd pelo correio (Figura 01) e depois o usuário devolvia o conteúdo pelo mesmo envelope que tinha recebido39.

Figura 01 - Envelope usado para enviar e receber os dvd's Fonte: Wikipédia40

O site da empresa foi lançado em 14 de abril de 1998, começou com 30 empregados, e 925 títulos disponíveis para alugar, num modelo tradicional custando 50 cents por aluguel, e em caso de atraso, esse valor aumentava por uma multa. Em 38

CONHEÇA A HISTÓRIA DO NETFLIX (VÍDEO) Acesso em 26 mar. 2016. 39 A Stream of Movies, Sort of Free Acesso em 16 fev. 2016. 40 Acesso em 16 fev. 2016.

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setembro de 1999 a Netflix introduziu o sistema de cobranças mensais, e então deixou o modelo de aluguel individual no início de 2000. Foi então, que a empresa começou seu modelo de negócio, baseado em aluguel ilimitado com taxa fixa, sem vencimentos, taxas atrasadas, taxas de transporte, ou taxas por aluguel de título. Mas como essa ideia surgiu? Segundo Rogers e Bostman (2011), Reed Hastings teve a ideia do Netflix pela primeira vez depois de ir à Blockbuster e descobrir que sua família estava há mais de seis semanas para devolver o filme Apollo 13. A fita atrasada lhe custou US$ 40 em taxas. Mais tarde, a caminho da academia, ele teve seu "momento eureka" quando percebeu que a academia tinha um modelo de negócios muito melhor. "Você podia pagar US$ 30 ou US$ 40 por mês e exercitar-se pouco ou tanto quanto você quisesse". Ele argumentou que tinha de haver uma forma semelhante de "ganhar dinheiro alugando filmes sem trapacear com base nos atrasos dos clientes. (BOTSMAN e ROGER, 2011 apud SACCOMORI, 2015, p. 85 )

Em 2002, a Netflix já começava a enviar cerca de 190 mil discos por dia para mais 670 assinantes mensais.41 De 2002 a 2006, esse número aumentou para 5,6 milhões. Com o passar dos anos, veio o declínio das vendas de DVD’S, o boom da web 2.0, e o grande aumento da pirataria de filmes42. No ano de 2007, a Netflix entregou seu bilionésimo DVD43, e começou o serviço de transmissão online de vídeos, streamings, inicialmente nos Estados Unidos. No início eram oferecidos apenas mil títulos para a opção de streaming e 70 mil títulos físicos para alugar. Quando o serviço de streaming foi lançado pela primeira vez, os assinantes do serviço de aluguel normal dos discos, tinham acesso sem custo adicional. Os assinantes tinham o direito de usufruir 1 dólar por hora no streaming de vídeos. Se um plano custasse $20,00, o assinante poderia assistir 20 horas de streaming. No entanto, em 2008, a empresa reconfigurou seu modelo de negócio e todos os assinantes de streaming passaram a ter acesso ilimitado, porém, alguns assinantes de

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New Economy; DVD's have found an unexpected route to a wide public: snail mail. Acesso em 20 fev. 2016. 42 Fiscalização e banda larga levam pirataria para computador de casa Acesso em 20 fev. 2016. 43 Netflix delivers 1 bIllionth DVD > Acesso dia: em 20 fev. 2016.

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planos específicos de DVD'S ainda tinham acesso limitado. Essa mudança veio como resposta ao Hulu e Apple, que começaram seus serviços de streaming de vídeos.44 No ano de 2010, o serviço de streaming já tinha crescido tão rápido, que a empresa deixou de ser o maior cliente de serviço postais dos Estados Unidos, para se tornar responsável pelo maior tráfego de internet da América do Norte. Atualmente a Netflix é responsável por 40% do tráfego da internet no mundo.45 Um ano depois, já em 2011, acontecem três eventos de impacto na empresa. Ocorre a separação, nos Estados Unidos, do serviço de streaming ao serviço de aluguel de DVD, ambos tornando-se planos distintos de assinatura46; a empresa desembarca em terras brasileiras, começando seu serviço pelo valor de 15 reais ao mês47; e se inicia a produção de conteúdo original para sua programação, tendo a série House Of Cards (Figura 02) como primeiro produto, que estreou em 2013 e se tornou um dos maiores carros chefes da empresa.

Figura 02 - Logo da série House of Cards 48 Fonte:Wikipédia

Com o sucesso aumentando, e para não se tornar apenas uma mera transmissora de conteúdo já criado por outros estúdios, a Netflix passou então a investir em conteúdo original, sendo seu diferencial perante aos outros concorrentes. Agora, em 2016, a empresa pretende investir mais de 5 bilhões de dólares em conteúdo original, e 1 bilhão em marketing.49

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Netflix Expands Internet Viewing Option Acesso em 21 fev. 2016. 45 Netflix muda-se para a Amazon e leva 40% da internet junto para a gigante Acesso em 21 fev. 2016. 46 Netflix hikes prices, adds DVD-only plan. Disponível em: < http://www.cnet.com/news/netflix-hikesprices-adds-dvd-only-plan/> Acesso Acesso em 30 mar. 2016. 47 Netflix chega ao Brasil por R$ 15 ao mês. Disponível em: Acessado em 30 mar. 2016. 48 Acesso em 30.mar.2016. 49 Netflix cresce e promete investir 5 bilhões de dólares em conteúdo original em 2016. Dsponível em : Acesso em 30 mar. 2016.

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Em artigo publicado em 2015 na revista Temática, Saccomori, Ano XI, n. 04 Abril/2015 - NAMID/UFPB, a autora usa como título do seu trabalho:

Anything,

anytime, anywhere, termo cunhado pelo geógrafo e urbanista britânico Stephen Graham em seu livro The Cibercities Reader (sem edição no Brasil). Para Graham, nossa vida social e urbana está em um processo de transformação tão rápida no que diz respeito a sua condução pelo universo digital (e mesmo que isso ainda esteja em um nível utópico) em algum momento, todo e qualquer indivíduo encontrará um caminho que o levará a consumir qualquer coisa, em qualquer hora e em qualquer lugar, sem encontrar alguma barreira que o impeça de fazer isso. Com essa perspectiva que a empresa Netflix trabalha observamos que essa realidade já é quase existente, se levarmos em consideração que o consumidor do serviço tem o total controle do que quer assistir, com a possibilidade de escolher milhares de títulos de filmes, séries, documentários etc, podendo pausar seu filme, avançar, fazer uma lista de quais pretende assistir, e não se preocupar em qual hora pode ver ou não, já que o conteúdo (pelo menos o conteúdo original) estará lá, sempre disponível. No entanto, quando afirmamos que essa ainda é uma realidade quase existente, o "quase" a que nos referimos é o meio por qual tudo isto está envolvido: a internet.

2.3.1 Mas afinal, como atualmente a empresa funciona?

Antes de tudo, qualquer pessoa conectada a uma boa banda larga pode assistir algum filme ou série na Netflix. Para qualquer assinante, a empresa oferece o primeiro mês gratuito, estratégia publicitária caracterizada como amostra grátis: A distribuição de amostras é outra forma de demonstração que permite ao consumidor levar para casa um exemplar do produto para testar e provar. São muitos conhecidas as amostras de bebidas distribuídas em miniaturas (SANT’ANNA,1998, p.30)

Após o término do 1º mês grátis, o usuário tem a possibilidade de adquirir 3 planos de assinatura: Básico, Padrão e Premium. O plano básico é o mais simples de todos e indicado para apenas uma pessoa, nele você tem acesso a uma tela e com definição padrão das transmissões com o custo de R$ 19,90 (dezenove reais e noventa centavos) ao mês. Já o plano Padrão, indicado para mais de uma pessoa, o usuário tem acesso a duas telas com as transmissões de vídeo sendo em alta definição (HD), com o

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custo de R$ 22,90 ao mês. Por fim, o plano Premium, plano indicado para família, o usuário tem acesso a quatro telas com as transmissões de vídeo sendo em alta definição (HD) e ultra definição (HD), com o custo de 29,90 ao mês. Para adquirir os planos existem 3 formas de assinaturas: por cartão de crédito, débito automático, boleto bancário por meio do serviço PayPal . Ao entrar no site por um desktop (Figura 03) o usuário tem acesso a 5 principais abas do site. .

Figura 03 - Início do site netflix.com após fazer login Fonte: Netflix.com - Acesso em 15.março.2016.

Na primeira aba aparece "Navegar" e o usuário tem acesso às categorias e gêneros dos filmes, séries e documentários disponibilizados. Atualmente são cerca de 22 categorias. Na mesma aba o usuário tem acesso às sub abas: "Minha Lista" onde se tem acesso a lista dos títulos que o próprio usuário listou, caso queira assistir posteriormente; "Títulos originais" em que podem ser encontrados somente os títulos produzidos pela própria netflix; "Novidades", onde o usuário pode ver os novos títulos que foram adicionados ao acervo. Na última sub aba "Formas de assistir", o usuário encontra as informações necessárias sobre onde e em quais plataformas ele pode ter acesso a Netflix. Na segunda aba intitulada "Kids", o usuário é direcionado para a parte infantil da netflix, lugar do site onde só são disponibilizados filmes para crianças, e onde não se tem acesso a filmes com faixa etária maior que 12 anos. Na terceira aba nomeada "buscas" é o local onde o usuário faz as pesquisas com os nomes específicos dos títulos, nomes de atores, gêneros entre outras informações.

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Na quarta aba, onde tem o ícone de um sino, o usuário recebe notificações de novas séries ou novos títulos que estão disponíveis no site. Na quinta e última aba, com o ícone de um rosto, ou a própria foto do usuário, o usuário tem acesso aos perfis criados para dividir o acesso ao site. Na mesmo local você pode clicar em "gerenciar seus perfis" ou, criar um perfil a mais, excluir, ou definir um perfil exclusivamente para o modo kids. O usuário também tem acesso a "Central de Ajuda" com a finalidade de tirar dúvidas com relação ao sistema do site. E por fim, você tem acesso a sub aba "Sair da Netflix", fazendo o deslogin do site. Atualmente o serviço da Netflix está disponível nos 5 continentes do mundo, em cerca de 130 países (Figura 04).

Figura 04 - Mapa dos países onde a Netflix está disponível Fonte: Netflix.com

Das grandes potências do mundo, como podemos obervar no mapa da figura 4, a única que ainda enfrenta resistência para a entrada do serviço é a China, outros países menores como Criméia, Coréia do Norte e Síria não têm o serviço por diversos motivos, seja por falta de estabilidade política no país, seja por conta da proibição de produtos norte-americanos em seus territórios.50 Apesar de toda essa internacionalização do serviço, nem tudo está disponível no Brasil. As razões para isso acontecer giram em torno de 3 eixos: as preferências regionais, as quais a própria Netflix analisa quando tem acesso ao que os usuários mais acessam; os detentores dos direitos autorais, uma vez que a produção pode ter sido realizada por mais de um estúdio ou distribuidora diferentes, dependendo do país onde 50

Netflix agora funciona quase no mundo todo (menos na China) Acessado em 06 abr. 2016.

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será disponibilizado. Logo, determinado contrato pode ser assinado para ser disponibilizado primeiro em um lugar, e depois em outro; e, por último, o país não tem estúdio ou distribuidor que tenha o direito de determinado conteúdo, sendo assim, não tem como disponibilizar ao público51.

2.3.2 Disponibilização dos filmes

Uma das maiores críticas do público com relação aos títulos disponíveis na Netflix, e que inclusive, foram constatadas nas respostas dos usuários desta pesquisa, é o fato de muitos dos filmes no acervo não serem pós-lançamento de cinema, muito menos estreia. O que muitas pessoas desconhecem, é que por trás da grade de títulos, existem contratos feitos com grandes distribuidoras e estúdios que negociam todo limite de retransmissão via streaming do determinado conteúdo. De acordo com Ladeira (2013), esse jogo de negócio entre conglomerados das mídias e empresas de rede (CASTELLS, 2001), faz parte de um novo modelo de negociação presente no capitalismo, momento este em que a economia política da comunicação começa a tender para um lado em que novas tendências midiáticas surgem, num panorama onde agora tudo o que é criado pode ser reciclado e retransmitido em vários e por vários meios. Para Ladeira, (2013, p.148), "compreender a apropriação de novas oportunidades significa entender a lógica da reorganização do sistema capitalista." Se por um lado, os grandes conglomerados defendem a todo custo o seu conteúdo, por outro, há no streaming a possibilidade de difundir mais ainda todo esse objeto, fazendo com o que o mesmo seja conhecido por novos telespectadores, dando ainda mais visibilidade para filmes, séries entre outros. E no meio de toda essa estratégia de negócio, cria-se um jogo mútuo em que ambos os setores, de certa forma, se ajudam: A aliança entre ambos indica uma relação de mútua dependência, envolvendo uma duplicidade: sem conteúdo, os novos empreendimentos podem se tornar inviáveis; sem a presença na web, as antigas corporações deixam escapar a chance de participar de um novo mercado. Depara-se, assim, com um momento no qual ambos se veem obrigados a negociar. (LADEIRA, 2013, p.149) 51

Informações retiradas do Centro de Ajuda da netflix Acessado em 06.abr.2016.

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Observamos assim que esse tipo de estratégia tem dado resultado para a Netflix, pois a mesma pegou para si, a responsabilidade de produzir mais uma temporada da sérIe “The killing”, quando a mesma já havia sido cancelada pela emissora norteamericana AMC52. Dentro da indústria cinematográfica, existe todo um processo de difusão na distribuição em cadeia de determinado filme, e toda uma sequência de lugares por onde ele tem que passar até chegar na TV (seja ela paga ou aberta) em nossa casa. Ladeira (2013, p.158) explica como se dão as etapas: No caso do audiovisual, as etapas de distribuição envolvem a exibição em salas de cinema, o licenciamento para o mercado de DVDs, a autorização para difusão em serviços de televisão por assinatura, a liberação para TVs abertas. Os serviços de streaming, ao invés de romper esta cadeia, constituem-se como outra possibilidade para licenciamento e difusão

O autor afirma que o streaming não está furando a cadeia do processo, ele acaba se tornando uma opção a mais para o desenrolar desses procedimentos. E, levando em consideração todas essas transformações que vem acontecendo com o uso da netflix, percebe-se o seu crescimento, que segundo o portal Meio e Mensagem, só no ano de 2015, a Netflix faturou mais de 1 bilhão de reais apenas no Brasil, superando receitas de grandes emissoras de televisão.53

2.4 Espaço publicitário, entretenimento, e estratégias comunicativas

É importante destacarmos que para qualquer emissora de televisão sobreviver, seja ela de canal aberto ou fechado, há uma necessidade de anunciantes para financiar seu conteúdo. E a publicidade vem como a grande financiadora dos meios de comunicação, seja ele uma tv, um rádio ou Jornal. Como afirma Ramos (2004, p.42), a "produção de entretenimento e necessidades dos anunciantes caminharam sempre lado a lado". Neste sentido, indagamos: Como a Netflix consegue sobreviver em um local totalmente bombardeado por entretenimento, sem vender nenhum espaço dentro de sua programação para anunciantes? 52

Quarto ano de 'The Killing' estreia no Netflix Acesso em 07.abr.2016. 53 Netflix fatura R$ 1,1 bi no Brasil e ultrapassa o SBT < http://tvefamosos.uol.com.br/noticias/ooops/2016/01/11/netflix-fatura-r-11-bi-no-brasil-e-ultrapassa-osbt.htm> Acesso em 08. abr.2016.

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Diferente dos outros serviços sob demanda, como Youtube, GloboPlay, e o Crackle da Sony, a Netflix não transmite nenhum tipo de anúncio antes ou depois da transmissão de determinado filme ou série. Em outras plataformas pagas como Telecine On Demand e HBO Go, que seguem a mesma linha de funcionamento da Netflix, também não tem anúncios ao longo da transmissão de seus conteúdos, mas observamos diferenciações: ambos provém de canais de Tv's pagas, e todas as Tv's pagas também tem anunciantes ao longo de suas programações. O fato da Netflix não ter espaço para anunciantes fazerem parte do modelo de negócio da empresa, não exclui o que seria uma das contribuições a falta de anúncios no serviço, pelo menos no que diz respeito em funcionamento aqui no Brasil. Os impostos que não são cobrados da empresa, ─ e que, inclusive, teriam começado uma "guerra" entre grandes operadoras de TV a cabo ─, que por serem taxadas por diversas impostos, são obrigadas a terem em suas programações conteúdos que não são aplicados a empresas como a netflix.54 Diferente das operadoras de TV, a Netflix não é recolhe ICMS de 10% da mensalidade de cada assinante, e não precisa pagar o Condecine, que é uma taxa de R$3.000,00 por cada título que tem em seu acervo, e também não é obrigada a ter em seu catálogo um limite mínimo de produções nacionais, diferente das TV's por assinaturas, que desde o ano de 2011, são obrigadas a incluir em sua programação semanal um total 3h30 minutos de produção nacional, e ainda veicular em horário nobre, que no caso é das 18h às 22h55. A própria Netflix já começou a produzir sua primeira série brasileira, chamada "3%", que tem previsão de estreia para final de 201656. Mesmo assim, a ANCINE já estuda apresentar até o fim do primeiro semestre de 2016, um projeto de lei que regulamente serviços de vídeo sob demanda, fazendo com o que todos estes tipos de serviços, paguem os devidos tributos com relação ao setor audiovisual.57

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Operadoras de TV por assinatura se unem em investida contra a Netflix Acesso em 08 abr. 2016. 55 Netflix irrita operadoras de TV paga e Ancine promete marco regulatório Acessado em 08 abr. 2016. 56 Netflix anuncia a produção de 3%, sua primeira série brasileira < http://www.adorocinema.com/noticias/series/noticia-115050/> Acessado em 08 abr. 2016. 57 Ancine estuda tarifa para regular 'streaming', como Netflix e Net Now Acessado em 08 abr. 2016.

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Levando em consideração todo os fatos que ocorrem com relação a presença da Netflix, e falta de impostos que a mesma deixa de pagar com relação a operadoras de TVv no Brasil, podemos entender que a falta do pagamento de impostos seria uma influência à falta de espaço de anunciantes em sua programação, contudo este argumento se quebra quando levamos em conta a presença da empresa em outros países, onde também não existem a presença de anúncios em sua grade. Constatamos com base nas análises de funcionamento da Netflix, que o preço cobrado cobre a necessidade de ter anunciantes, ou seja, cobre os custos que a Netflix tem, fazendo com que a mesma não tenha necessidade de vender espaço para anunciantes em sua programação com o intuito de cobrar gastos nas produções de seus respectivos conteúdos. No entanto, o fato da Netflix não ter espaço para anunciantes, não quer dizer que a mesma não invista em publicidade para vender seu serviço e suas séries. Presente nas principais redes sociais digitais, como Facebook, Twitter

Instagram, Tumblr,

e

utilizando-as como os suas principais plataformas de comunicação (anexos A, B , C, D e E ) a empresa investe em alta produção de conteúdo para as mídias sociais, tanto da própria empresa, quanto para as redes sociais digitais de suas séries e filmes originais, traço este caracterizado como Ciberpublicidade, termo cunhado pelo grupo de pesquisa Retórica do Consumo(UFF/Cnpq) que diferencia a lógica publicitária usada no século XX para o século XXl. Outro traço marcante da ciberpublicidade é a maior quantidade de informação disponível e maior tempo de interação com o consumidor. Não dependendo mais apenas dos caros 30 segundos da televisão, alguns filmes para a internet são exibidos em capítulos ou mini seriados, enquanto alguns outros permitem até certa “interação” do público com o conteúdo anunciado, de forma a aumentar o envolvimento com a mensagem e, talvez, a quantidade e qualidade de informações exprimidas. Quanto mais o consumidor se interessa, mais informações ele pode procurar, maior contato com a marca ele pode ter, mais ele pode participar daquela comunidade e se tornar um interessado pela marca (FIGUEIREDO, 2014, p.140)

Percebemos, assim, que a Netflix se insere no campo da ciberpublicidade. Suas postagens de vídeos tem o intuito de divulgar uma série nova, conforme Figura 05, em que além do vídeo da postagem ter cerca de 1:50", ─ algo que se fosse vendido numa inserção normal de TV, custaria um preço bem alto ─, ainda conta com o feedback em tempo real dos usuários em relação a série, possibilitando a interação entre marca e consumidor, como podemos observar nos comentários do post.

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Figura 05 - Postagem da netflix em sua fan page no Facebook Fonte: Facebook.com/Netflixbrasil

Toda essa interação no ciberespaço, "contribui para um novo plano de existência" (VITOR; CABRAL, 2014), que irá fazer nascer uma comunicação "de todos com todos no centro de espaços informacionais e coletivamente e continuamente desconstruídos" (LÉVY, 1999,p. 218). É nesse cenário, então, que se inserem os canais de divulgação da Netflix. Para Cavallini(2009, p.79): Nas redes sociais, a força é do grupo, como em um enxame de abelhas. Uma picada pode doer, mas o maior risco é o da picada chamar a atenção de outras abelhas. Um comentário pode gerar uma reação em cadeia que represente a mesma força de um grande veículo. E mais, pode chamar também a atenção dos grandes veículos

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Podemos concluir então que: Os atuais canais digitais, então, servem aos anunciantes como meios para o lançamento de conteúdos que, de acordo com a reação do público consumidor (nessas mesmas mídias digitais), são sobre formulados ou re-formulados algo que era impossível no sistema tradicional de destinação publicitária(ATEM, OLIVEIRA, AZEVEDO, 2014, p.10)

Observamos que a Netflix trabalha suas estratégias comunicativas com sua própria forma de divulgação dos produtos, totalmente imerso no meio digital, fazendo, inclusive, parcerias com outros serviços de streaming, como é o caso de uma campanha sua para a divulgação da série "Friends", em que a empresa fez uma parceria com o maior site de vídeos atualmente, o Youtube.58

2.5 Narrativa seriada e a “nova” TV

A programação de toda emissora de televisão é feita em blocos, dependendo de cada modelo televisivo adotado, sendo estatal ou comercial, esse número de blocos será aumentado, ou não. Machado, (2009, p.83) chama de "serialidade" essa apresentação descontínua e fragmentada do sintagma televisual. A narrativa seriada vem ser implementada com a intenção de dar para televisão uma programação mais dinâmica, no que diz respeito a transmissão do conteúdo televisivo. A necessidade de alimentar com material audiovisual uma programação ininterrupta teria exigido da televisão a adoção de modelos de produção em larga escala, onde a serialização e a repetição infinita do mesmo protótipo constituem a regra [...] Enquanto produtos como o livro, o filme e o disco de música são concebidos como unidades mais ou menos independentes, que demoram um tempo relativamente longo para serem produzidos, o programa de televisão é concebido como um sintagma padrão, que repete o seu modelo básico ao longo de um certo tempo, com variações maiores ou menores. (MACHADO, 2009, p. 86)

Machado (2009), ressalta ainda que a narrativa seriada não nasce na TV, mas com a literatura em cartas, sermões e etc. A forma de serialização que conhecemos hoje acaba nascendo do cinema, em meados de 1913, proveniente de mudanças que

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Netflix e YouTube fazem parceria para anunciar série Friends Acesso em 1 abr. 2016.

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aconteceram nos mercados de filmes em Hollywood. Junto com a serialização, acaba nascendo na televisão também o intervalo comercial, o chamado break O "intervalo comercial" surgiu, muito provavelmente, por razões de natureza econômica, imposto pelas necessidades de financiamento na televisão comercial, e talvez essa seja a razão de ele ser tão mal compreendido [...]. Mas a sua função estrutural não se limita apenas a um constrangimento de natureza econômica. Ele também tem um papel organizativo muito preciso, que é o de garantir, de um lado, um momento de "respiração" para absorver a dispersão e, de outro, explorar ganchos de tensão que permitem despertar o interesse da audiência. (MACHADO, 2009, p.88)

O momento atual é um tempo de grandes mudanças para a narrativa seriada na televisão: Brett Martin defende que estamos na “terceira era de ouro”, Steven Johnson credita o boom das séries internacionalmente à multiplicidade de linhas narrativas, Marcel Vieira relaciona as conexões entre forma, conteúdo e consumo ao propor a análise de uma cibertelefilia transnacional representativa de uma cultura de séries. (SACCOMORI, 2014, p.60)

Com o avanço da tecnologia podemos perceber que a TV não só criou novos ritmos de serialização, como também pegou velhos formatos e os reinventou, como afirma Carlos (2006, p.8), A TV aproveitou formatos preexistentes em outras mídias – como o rádio e o cinema, mas não só – os reprocessou, desenvolveu algumas soluções específicas para esses híbridos e agora parece ter alcançado um ponto de maturação considerado ótimo. É na própria origem dos seriados que se encontra, em parte, um dos segredos de sua eficácia, de sua capacidade de prender a atenção do espectador, mesmo em meio à concorrência de outras máquinas audiovisuais (como a internet, os games) e, sobretudo, da oferta rica e diversificada de outros formatos de entretenimento oferecidos pela própria TV.

Observamos que essas lógicas estão presentes apenas no modelo tradicional de televisão, e quando se passa a utilizar o streaming, percebemos o nascimento de um novo modelo de narrativa seriada, que acontece no exato momento em que toda a temporada de uma determinada série é disponibilizada, ou seja, começa sua transmissão. O modelo tradicional de narrativa seriada pra TV acaba se transformando e quebrando o que Machado (2009, p.88) vai chamar de à totalidade da divulgação de todos os episódios de conteúdo audiovisual, "ninguém suportaria uma minissérie ou

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telenovela que fosse apresentada de uma só vez (mesmo que de forma compacta), sem interrupções e sem os nós de extensão que viabilizam o corte". Com o streaming, o usuário tem o controle, de pausar, de passar, e avançar o episódio. Controle esse que acaba se tornando impossível no modelo de TV tradicional. Se antes, sempre era preciso esperar para que determinada novela ou série, fosse disponibilizada aos poucos para acompanhar a trama, agora, com a Netflix, o modelo de disponibilização de uma série inteira acaba dando uma nova experiência na forma como as pessoas consomem TV. Agora, podemos assistir a uma série inteira em maratonas de duas ou três horas, em verdadeiras orgias de consumo, sessões corridas das quais é até possível tentar se safar, mas então entram no ar os créditos de abertura de outro episódio com seu hipnótico efeito pavloviano, algo que o faz voltar e se preparar para uma hora inteira. (MARTIN, 2014, p. 32-33)

Constatamos que essa conexão criada entre série e telespectador, em que o usuário tem o controle do que quer assistir ou não, faz aumentar não só o engajamento do telespectador, mas suas percepções com determinado seriado, já que agora ele pode ficar mais atento aos detalhes, podendo ver e rever quantas vezes quiser determinada cena. Fazendo surgir assim a possibilidade de aumentar a fidelidade do usuário com o conteúdo audiovisual. Em “A cauda Longa”, Anderson vai defender que: As experiências da Netflix sugerem que, quando dispõem do recurso de escolher qualquer filme de uma seleção de dezenas de milhares, os clientes não se limitam a mergulhar nos nichos de documentários sobre a Segunda Guerra Mundial para nunca mais sair. Ao contrário, tornam-se extremamente ecléticos em suas preferências, redescobrindo os clássicos num mês e migrando para a ficção científica no outro. (ANDERSON, 2006, p. 188)

Percebemos assim, novas experiências dos usuários que vem transformando a forma de consumir seriados na contemporaneidade, e novos caminhos se abrem fazendo com que os velhos hábitos de consumo se reinventem.

58

2.6 Consumo e mercado de nicho Consideramos importante inserir a Netflix na sociedade do consumo, uma vez que os objetos, espaços e ambientes são consumidos de acordo com as necessidades atribuídas pelos consumidores. Na presente pesquisa, não valoramos a sociedade do consumo de forma negativa ou positiva, mas sim a compreensão dela e a significação que os indivíduos dão aquilo que consomem. O consumo na sociedade contemporânea é o foco central no modelo de produção capitalista em que vivemos como atestam alguns autores (BAUMAN, 2001; LIPOVETSKY,2005; BARBOSA; CAMPBEL,2006) e, seguindo esse contexto, o ato de consumir acaba expressando desejos e experimentações nas mais diversas (des)materializações de produtos. No sentido em que nossos relacionamentos sociais respondem a essas materializações organizando-as, memorizando e as classificando, acabamos tendo nosso autoconhecimento ampliado (PEREZ; BAIRON, 2014, p.213). Alguns autores afirmam (BARBOSA;CAMPBELL, 2006, p.21) que o ato de consumir

está

ligado à algo artificial, em que alienação e superfluidade estão

associados à perda de identidade, onde abre-se um caminho para um processo individualista e desagregador. Consideramos que o consumo pode ser definido como "um caminho para nos reproduzirmos física e socialmente, e nesse sentido, é fundamental na constituição da nossa subjetividade" (PEREZ; BAIRON, 2014, p.213). De acordo com Castro, (2014, p.60) quando consumimos "não estamos apenas admirando, adquirindo ou utilizando determinado produto ou serviço. Estamos comunicando algo e criando relações com tudo e todos os que estão à nossa volta". Estamos, de certa forma, pagando para nos comunicar, logo, estamos pagando para ter experiências. Entendemos que o consumo tem um papel fundamental na cultura e no processo de socialização, visto que "através dele que indivíduos se inserem em contextos sociais, atribuindo um valor diferente aos objetos adquiridos" (HERMANN, 2012, p.224), Para Baudrillard (2008), pode-se dividir o consumo em dois aspectos fundamentais distintos, que se baseiam em: "significação e comunicação" e "classificação e diferenciação". Processo de significação e de comunicação, baseado num código em que as práticas de consumo vêm inserir-se e assumir o respectivo sentido. O consumo revela-se aqui como sistema de permuta e

59 equivalente de uma linguagem, sendo abordado neste nível pela análise estrutural. Processo de classificação e diferenciação social, em que os objetos/signos se ordenam, não só como diferenças significativas no interior de um código, mas como valores estatutários no seio de uma hierarquia. Nesta acepção, o consumo pode ser objeto de análise estratégica que determina o seu peso específico na distribuição dos valores estatutários (com a implicação de outros significantes sociais: saber, poder, cultura, etc.). (BAUDRILLARD, 2008, p.66)

O processo de "significação e comunicação" se relaciona ao valor simbólico que o determinado objeto tem em si, enquanto que a "classificação e diferenciação", é a leitura social, as diferentes associações que damos ao uso do objeto (HERRMAN, 2012, p.225). Os objetos acabam, então, atuando como signos que diferenciam as pessoas no âmbito social e cultural. Para Perez e Bairon, (2014, p.214), esses processos funcionam da seguinte maneira: O tênis serve para ser calçado e proteger os pés ao mesmo tempo que funciona como elemento de conforto, de prestígio e diferenciação social. No seu interior todas as espécies de outros objetos podem substituir o tênis como elemento significativo de prestígio, por exemplo. Nessa lógica, os objetos deixam de estar ligados a uma função ou necessidade específica, claramente definida [...] O consumo, é utilizado como uma linguagem, como comunicação. Não se trata de dizer que os objetos não têm uma utilidade funcional, mas sim de entender que na sociedade contemporânea o objetivo do consumo não consiste apenas nele mesmo. Nesse sentido, a circulação, a compra, a venda, a apropriação, de bens e de objetos/signos diferenciados e até o descarte constitui hoje a nossa linguagem e o nosso código, por cujo intermédio a sociedade fragmentada e complexa, se comunica, interage. Assim é que reafirmamos que toda manifestação de consumo é essencialmente cultural.

Na lógica consumista, identificamos dois aspectos importantes, o do objeto e o dos consumidores. Um objeto sozinho não pode ter significado próprio, isso será dado pela indústria e pela sociedade consumista. Nunca se consome o objeto em si, os objetos manipulam-se sempre como signos que distinguem o indivíduo, quer filiando-o no próprio grupo tomado como referência ideal quer demarcando-o do respectivo grupo por referência a um grupo de estatuto superior. (BAUDRILLARD, 2006, p. 66)

Baudrillard refere-se à importância dos grupos na construção desse processo, isso nos faz compreender que o conjunto de indivíduos com gostos ou características

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em comum acabam fazendo com que nasça um consumo segmentado, em que gostos e atitudes próximas ao do consumidor, ganhem importância no mercado. Para Herrmann, (2012, p.225), "cada vez mais se incorporam diferentes formas de mostrar os objetos às pessoas". E isso faz com que o uso dos objetos tenha uma dependência à intenção que o comprador tem para adquirir determinado objeto. Com isso acaba nascendo o mercado de nicho: O uso do mercado de nicho aparece justamente dentro deste cenário, no qual é possível segmentarmos produtos por perfis pessoais, significando a passagem da mídia de massa ao planejamento de produtos direcionados a uma parcela potencial de consumo, ocasionando rentabilidade financeira e foco nas campanhas publicitárias. (HERRMANN 2012, p.226)

Para Anderson (2006), o mercado de nicho apresenta vários segmentos, tendo assim uma "supersegmentação" em um movimento que ele irá chamar de "Cauda Longa". O autor conceitua esse cenário, dizendo que este mercado investe na venda de uma grande variedade de itens, só que em pequenas quantidades, criando produtos que acabam se tornando segmentados ao mercado de nicho, o que se contrapõe ao mercado de varejo que oferece uma pequena variedade de itens, só que em grandes quantidades. Cauda Longa é nada mais que escolha infinita. Distribuição abundante e barata significa variedade farta, acessível e ilimitada – o que por sua vez, quer dizer que o público tende a distribuir-se de maneira tão dispersa quanto as escolhas. Sob a perspectiva da mídia e da indústria do entretenimento dominantes, essa situação se assemelha a uma batalha entre os meios de comunicação tradicionais e a internet. Mas o problema é que, quando as pessoas deslocam sua atenção para veículos online, elas não só migram de um meio para o outro, mas também simplesmente se dispersam entre inúmeras ofertas. Escolha infinita é o mesmo que fragmentação máxima. (ANDERSON, 2006, p.179)

Compreendemos assim, que a Netflix está inserida neste cenário de mercado de nicho quando comparamos ela às condições e o contexto em que se insere. A "distribuição abundante e barata" vem ser a extensa variedade de títulos presente no acervo na empresa e com o preço de planos da mesma. Já o "acessível e ilimitado", podemos dizer que seria as formas fáceis de adquirir o serviço, tendo em vista a variedade de opções. O "ilimitado" seria a forma como a empresa disponibiliza os produtos, tendo em vista que todos os dias entram títulos novos no catálogo de filmes e séries, sendo assim esse caráter ilimitado fica intrínseco ao serviço.

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Dentro desse mercado de nicho, afirma Anderson (2006), há o poder da inteligência coletiva, onde por baixo de tudo que rege esse consumo, tem o que autor chama de formadores de preferências. Milhões de pessoas comuns são os novos formadores de preferências. Algumas atuam como indivíduos, outras participam de grupos organizados em torno de interesses comuns, e ainda outras são simplesmente rebanhos de consumidores monitorados automaticamente por softwares que observam todos os seus comportamentos (ANDERSON, 2006, p.105)

Com relação aos formadores de preferência, constatamos essa discussão importante quando ligamos à opinião das pessoas que responderam a pergunta “Como você conheceu a netflix?” (conforme gráfico 14) do questionário desta pesquisa veremos mais a frente -, em que mais da metade dos usuários responderam que conheceram o serviço da Netflix, por meio de amigos. Às pessoas que participam de grupo organizados em torno de interesses comuns, podemos relacionar isso a um grupo da Netflix chamado "NETFLIX BRASIL - ASSINANTES", anexo F, grupo presente na rede social digital Facebook, e que apresenta mais de 80 mil membros, onde usuários do serviço postam informações sobre séries, filmes e tudo que possa ser relacionado à Netflix. Outro aspecto importante destacado por Anderson é o que se refere aos consumidores que são monitorados por softwares em que as empresas observam todos seus comportamentos. Podemos relacionar isso à própria Netflix, quando, ao final de toda série ou filme, a mesma recomenda ao usuário outros títulos que ele pode assistir (anexo G). Para Anderson (2006, p.105), "esses novos formadores de preferências não são uma super elite, cujos componentes são melhores do que nós. Eles são nós.". Há então nesse processo de consumo uma tendência de como esse fenômeno encara essa realidade: Estamos saindo da Era da informação e entrando na Era da Recomendação. Hoje, é ridiculamente fácil obter informações; praticamente se tropeça nelas nas ruas. A coleta de informações não é mais a questão - a chave agora é tomar decisões inteligentes com base nas informações... As recomendações servem como atalhos no emaranhado de informações, da mesma maneira como o dono de

62 minha loja de vinhos me orienta entre as prateleiras de obscuros vinhos franceses para que eu desfrute do melhor com minhas pastas. (ANDERSON, 2006, p.105)

Retornando à pergunta "Como você conheceu a netflix?", anexo J, do questionário, considerando sua importância no contexto da pesquisa, podemos relacionar a resposta dos entrevistados tendo como base a propaganda boca a boca, em que Anderson (2006), nos diz que ela é uma das chaves para o potencial da Cauda Longa: A propaganda boca a boca amplificada é a manifestação da terceira força da Cauda Longa: explorar o sentimento dos consumidores para ligar oferta e demanda. A primeira força, democratização da produção, povoa a Cauda. A segunda força, democratização da distribuição, disponibiliza todas as ofertas. Mas isso não é suficiente. Só quando essa terceira força, que ajuda as pessoas a encontrar o que querem nessa nova superabundância de variedades, entra em ação é que o potencial do mercado da Cauda Longa é de fato liberado. (ANDERSON, 2006, p.105)

Destacamos a importância que os meios de comunicação têm em todo esse processo de consumo, já que eles se tornaram a via de acesso entre consumidor e objeto. No entanto, entendemos que existe uma transformação nesse relacionamento quando a internet passa a ser usada por grande parte das pessoas na sociedade contemporânea. Para Hermann (2012, p.227): Embora as televisões, rádios, jornais e revistas ofereçam canais para feedback à população, a internet é uma ferramenta ainda mais forte, se compararmos as questões de possibilidade de compartilhamento de informações de qualquer indivíduo para qualquer indivíduo, desde que tenha acesso à rede.

Constatamos que a Netflix caminha nessa direção pois compartilha suas informações, da mesma forma que tem um feedback com os clientes, quando usa seus canais de divulgação, anexos H e I, informando e respondendo seus clientes em tempo real. Observamos assim, essa mudança que a internet vem causando nas relações do consumo, se inserindo neste processo de oferta de produtos, diminuindo as barreiras físicas. Hoje, se o indivíduo quer assistir algum filme, ele não precisa se deslocar para ir

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a um cinema, ou comprar um DVD, basta ele estar conectado à rede que um mundo de opções aparece. O processo de compra e de venda já começou a ser transformado. No próximo capítulo explicaremos a metodologia de análise utilizada na presente pesquisa, em que aplicamos um questionário virtual com perguntas objetivas, que tem como finalidade traçar o perfil, e descobrir alguns dos hábitos de consumo dos usuários do serviço da Netflix, que moram na Região Metropolitana de Belém.

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3. O PERFIL DOS CONSUMIDORES DA NETFLIX EM BELÉM Aplicativos são o futuro da televisão. Nos próximos anos, no mundo inteiro, a internet irá substituir a TV linear e os apps irão substituir os canais; as telas vão se multiplicar e o controle remoto irá desaparecer. Reed Hatings - CEO da Netflix

Para realizar a presente pesquisa, recorremos à pesquisa quantitativa, mesclada com a opinião pública, com a aplicação de um questionário com a finalidade de conhecer o perfil dos usuários que consomem e assistem a Netflix na região Metropolitana de Belém. Novelli (2011) afirma que: Como método quantitativo, a pesquisa de opinião ou survey, como também é conhecida, possibilita a coleta de vasta quantidade de dados originados de grande número de entrevistados. Dentre seus aspectos positivos, podem-se destacar a possibilidade de que a investigação do problema ocorra em ambientes reais, sem a necessidade de se lançar mão de recursos de laboratório; a viabilidade de realização de análises estatísticas de variáveis como dados sociodemográficos, de atitudes dentre outras; a quase existência de barreiras geográficas para a realização das entrevistas e o baixo custo de aplicação ao se considerar a quantidade de informações recolhidas. (2011, p.164)

No entanto, a pesquisa de opinião tem seus contras também, no que diz respeito a manipulação das formas como o questionário será aplicado, onde perguntas mal formuladas, opção de respostas em ordem confusas, e entre outros erros, podem fazer com que o próprio entrevistado se sinta constrangido. Por isso, para que se tenha um processo eficaz ao longo de toda a aplicação, é necessário que se tenha um bom planejamento antes de tudo. Ao começar o planejamento da aplicação do questionário, definimos que ele seria implementado no meio virtual, considerando dois aspectos principais: o público alvo da pesquisa que está presente na internet; segundo, ser usuário da Netflix. Com relação à localidade de quem consome, definimos que a coleta se restringiria à Região Metropolitana de Belém, tendo em vista que o objetivo da pesquisa

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é identificar esse consumidor, assim como pelo acesso mais fácil a internet. Municípios mais distantes da região metropolitana não apresentam uma regularidade de sinal. Definimos, então, 35 perguntas (ver anexo J) no questionário, sendo duas perguntas abertas, em que usuário era livre para responder e 33 fechadas, dessas 33, 8 perguntas tinham caixas de seleção, onde o usuário poderia responder com mais de uma opção. Sendo assim o questionário ficou com 35 perguntas, 2 perguntas abertas, 25 perguntas objetivas, e 8 perguntas objetivas com a possibilidade de ter mais de uma resposta. Dividimos o questionário em 3 categorias. Na primeira, elaboramos perguntas de identificação do consumidor, como: local que reside, renda mensal, escolaridade, ocupação, formação, e as formas que o usuário consome a Netflix. Na segunda categoria perguntamos sobre os hábitos de consumo do usuário, o que ele mais assiste na netflix, qual gênero ele prefere, quais série ele acompanha. Na terceira e última categoria do questionário elaboramos perguntas sobre quantidade de acessos à plataforma, se o usuário ainda mantém velhos hábitos de consumo de filmes via internet, e se o mesmo se considera satisfeito com o serviço. O questionário foi disponibilizado na rede social Facebook. O autor da pesquisa, postou em sua própria rede social, no dia 14 de março de 2016, um texto com imagem, pedindo que usuários da região de Belém respondessem ao questionário (Figura 06).

Figura 06 - Postagem do autor do trabalho, em seu perfil no Facebook Fonte: www.facebook.com.br

66

A postagem teve 455 curtidas e 199 compartilhamentos. Por ter sido feita num perfil pessoal, o Facebook não libera a estimativa de pessoas alcançadas com o post. No entanto, como o número de pessoas atingidas foi grande, 24 horas depois da pesquisa ser divulgada, ou seja, dia 15 de março de 2016, às 10 horas e 36 minutos, o autor do trabalho junto com sua orientadora decidiram em conjunto encerrar a pesquisa, considerando que 1.659 (mil seiscentas e cinquenta e nove) pessoas tinham respondido o questionário. Inicialmente, tínhamos estabelecido um corpus de análise de 500 usuários. Para a criação do questionário foi usada a plataforma de pesquisa Google docs., conforme visualizamos na Figura 07.

Figura 07 – Questionário na Plataforma Google Docs Fonte: Google Docs

O questionário obedeceu o formulário disponibilizado no Google docs, em que compomos as perguntas abertas e fechadas.

67

3.1 Análise do questionário As primeiras perguntas tiveram a finalidade de identificar o consumidor da Netflix, por isso indagamos inicialmente: Qual região metropolitana de Belém o consumidor reside? Obtivemos 1.659 respostas, conforme discriminado no Gráfico 1. Constatamos a partir da tabulação dos dados que 82,5% moram em Belém, ou seja, mil trezentos e sessenta e oito pessoas; 243 em Ananindeua (14,6%); 25 em Castanhal (1,5%); 8 em Benevides (0,5%); 11 em Marituba (0,7%); 3 em Santa Izabel (0,2%; e 1 em Santa Bárbara (0,1%);

Gráfico 1 – Município residente Fonte: Google Docs

Constatamos assim, que 82, 5% dos consumidores residem em Belém. O resultado, acreditamos, é proveniente da maior população e melhor sinal de acesso a internet. Outra pergunta realizada foi o bairro em que mora. Percebemos uma pulverização entre os existentes em Belém. Ou seja, o bairro com maior número de respostas foi o Marco, com 152 respostas, sendo 9% do total. Os bairros com menos respostas foram o do Una, Paar e Distrito Industrial, tendo cada um apenas 2 pessoas, representando apenas 0,1% cada um, os três fazem parte do município de Ananindeua, região Metropolitana. Os 5 bairros mais respondidos foram: Marco, Pedreira, Coqueiro, Umarizal e Marambaia. Somaram um total de 605 respostas, representando ao todo 37,4%.

68

Nesta resposta, constatamos dois problemas técnicos com relação ao programa que contabiliza as respostas. Como essa era uma pergunta com resposta obrigatória, a pergunta deveria ter tido 1.659 respostas, número total de pessoas que responderam o questionário. Contudo, o Google docs contabilizou 1605 e deixou de contabilizar 54 respostas.

Gráfico 2 – Bairro residente Fonte: o autor

O segundo erro foi com relação ao nome dos bairros. Tivemos 177 respostas a um bairro chamado "null", bairro este que não existe na região metropolitana de Belém. Percebemos que o próprio Google docs apresentou algum tipo de erro na hora de contabilizar especificamente a resposta para os bairros, tendo em vista que as outras perguntas objetivas foram contabilizadas normalmente. Tentamos entrar em contato com o Google, porém até o momento da finalização deste trabalho não obtivemos resposta. Ver Gráfico 2 – Bairros e Tabela 2. Tabela 2 - Lista de Bairros Bairro

Porcentagem

Nº de respostas

Marco

9,470404984

Marco

152

Pedreira

7,788161994

Pedreira

125

Coqueiro

7,725856698

Coqueiro

124

69

Umarizal

6,230529595

Umarizal

100

Marambaia

6,479750779

Marambaia

104

Guamá

3,925233645

Guamá

63

Jurunas

2,92834891

Jurunas

47

Nazaré

3,115264798

Nazaré

50

Batista Campos

3,115264798

Batista Campos

50

Cremação

3,177570093

Cremação

51

Reduto

1,931464174

Reduto

31

Parque Verde

2,367601246

Parque Verde

38

Sacramenta

1,619937695

Sacramenta

26

São Braz

4,548286604

São Braz

73

Souza

1,682242991

Souza

27

Tapanã

1,370716511

Tapanã

22

Centro

1,370716511

Centro

22

Icoaraci

1,370716511

Icoaraci

22

Canudos

0,872274143

Canudos

14

Cidade Nova

2,429906542

Cidade Nova

39

Telégrafo

2,056074766

Telégrafo

33

Campina

0,934579439

Campina

15

Cidade Velha

1,931464174

Cidade Velha

31

Guanabara

0,809968847

Guanabara

13

Mangueirão

0,809968847

Mangueirão

13

Terra Firme

1,246105919

Terra Firme

20

Condor

0,747663551

Condor

12

Aguas Lindas

0,747663551

Aguas Lindas

12

Castanheira

10

Castanheira

0,62305296

Benguí

0,560747664

Benguí

9

Fátima

0,31152648

Fátima

5

Maguari

0,31152648

Maguari

5

Tenoné

0,31152648

Tenoné

5

Atalaia

0,249221184

Atalaia

4

Curió Utinga

0,62305296

Curió Utinga

10

Val de cans

0,62305296

Val de cans

10

Aguas Brancas

0,186915888

Aguas Brancas

3

40 horas

0,186915888

40 horas

3

Levilandia

0,186915888

Levilandia

3

Barreiro

0,186915888

Barreiro

3

Cabanagem

0,186915888

Cabanagem

3

Outeiro

0,31152648

Outeiro

5

Ianetama

0,31152648

Ianetama

5

0,31152648

Maracangalha

5

Pratinha

0,186915888

Pratinha

3

Ananindeua

0,124610592

Ananindeua

2

Uma

0,124610592

Uma

2

Paar

0,124610592

Paar

2

Distrito Industrial

0,124610592

Distrito Industrial

2

Null

11,02803738

Null

Maracangalha

177

70 Fonte: O autor

Com relação ao gênero, o público feminino é o que mais acessa a Netflix, com 62,3%, ou seja, mil e trinta e três pessoas dos 1.659 que responderam e masculino 37,7%, ou 625 pessoas. Ninguém respondeu outros. ver gráfico 3.

Gráfico 3 – Gênero dos consumidores Fonte: Google Docs

Com relação a

faixa etária, de acordo com o resultado dos questionários,

identificamos o maior número de consumidores entre 18 a 25 anos, tendo um total de 74,4% das respostas, ou seja, mil duzentas e trinta e cinco pessoas. A menor faixa foi acima de 50 anos, representando 0,4%, ou, sete pessoas. Os resultados foram assim contabilizados: até 17 anos, 9,5% (158 pessoas); entre 26 a 30 anos, 10,4% (172 pessoas); de 31 a 40 anos, 4,3% (72 pessoas); e na faixa de 40 a 50 anos, 0,9% (15 pessoas responderam). Constatamos assim, que o público que consome a Netflix metropolitana de Belém é jovem. Ver Gráfico 4.

na região

71 Gráfico 4 – Faixa etária

Fonte: Google docs

Quando indagados sobre a ocupação, o maior número de respostas foi para a opção "Estudante", com 965 pessoas, representando 58,2% do total, seguido de "Estagiário", 12,4 %, ou, 206 pessoas. Observamos que as respostas coincidem com a pergunta anterior, já que a faixa etária representada se relaciona com pessoas que são estudantes ou estagiários. Como esta era uma pergunta com resposta obrigatória, constatamos que o programa mais uma apresentou um erro, deixando de contabilizar uma resposta, mas não comprometeu o andamento da pesquisa. As outras respostas foram assim contabilizadas: 67 responderam Desempregado (4%); 70 Servidor Público (4,2%); 177 Trabalha com carteira assinada (10,7%); 98 Autônomo (5,9%); 35 Prestador de serviços (2,1%); e 40 responderam Outros (2,4%). Ver Gráfico 5 Gráfico 5 - Ocupação

Fonte: Google docs

72

Com relação à formação, o maior número de respostas foi para o "Ensino Superior em andamento" com 928 respostas, representando 55,9%do total, um pouco mais da metade, e a opção menos expressiva foi para o "Ensino Fundamental Incompleto" com apenas 12 respostas, com uma representatividade de 0,7%. Se compararmos com as perguntas anteriores a esta, perceberemos que as respostas constroem uma linha de sentido, tendo em vista que, mais da metade das respostas dão a entender que boa parte dos entrevistados ou são estudantes, ou universitários. Ver Gráfico 6 Outros resultados foram assim computados: 29 com Ensino Fundamental Completo (1,7%);

66 com Ensino Médio Incompleto (4%); 146 Ensino Médio

Completo (8,8%); 112 com Ensino Superior Incompleto (6,8%); 171 Ensino Superior Completo (10,3%); 107 com Pós - graduação em andamento (6,4%); e 89 com Pósgraduação concluída (5,4%). Gráfico 6 - Formação

Fonte: Google docs

Outra importante pergunta do questionário foi com relação a renda familiar, considerando que para ter acesso a Netflix é necessário comprar o pacote. A renda com maior número de respostas ficou entre R$ 3.153, 01 a R$ 7.880,00", que configura como consumidores da classe C, e a opção com menos respostas foi acima de R$ 15.760,01, representando a classe A. É interessante observar que as opções que representam as classes E e D, tiveram um número expressivo de respostas. As 3 últimas classes (D, E e C), que são consideradas as classes com menor poder aquisitivo,

73

somaram juntas um total de 70% das respostas, o que significa que o uso da netflix, na RMB, está majoritariamente presente nas classes com menor poder aquisitivo. As outras opções assinaladas foram: 212 pessoas com até R$ 1.576,00 (12,8%); 407 entre R$ 1.576 a R$ 3.152, 00 (24,5%); 308 pessoas entre R$ 7,880,01 a R$ 15.760, 00 (18,6%); e, 184 pessoas entre R$ 15.760,01 ou mais (11,4%). Ver Gráfico 7 – Renda Familiar Gráfico 7 – Renda Familiar

Fonte: Google docs

Para as opções de renda, utilizamos a definição do

Instituto Brasileiro de

Geografia e Estatística - IBGE, que define uma classe social de acordo com seus salários mínimos, portanto: Tabela 3 - Classe social

Classe

Salários mínimos

Em Reais

A

Acima SM

B

10 a 20 SM

R$ 7,880,01 a R$ 15.760, 00

C

4 a 10 SM

De R$ 3.153, 01 a R$ 7.880,00

D

2 a 4 SM

De R$ 1.576 a R$ 3.152, 00

E

Até 2 SM

Até R$ 1.576,00

de

20

Fonte: IBGE, 2015

R$ 15.760,01 ou mais

74

Com relação a renda individual, a opção mais respondida foi "Sem Renda" com 39,2%, ou seja, 651 pessoas não possuem renda, seguida pelas opções "até R$ 500" (286 pessoas) e entre "De R$ 500 até R$ 880" , que somadas as três, dão um total de 68% de consumidores. Constatamos que as

respostas correspondem ao perfil

identificado nas primeiras respostas, isto é, de estudantes ou universitários, tendo em vista que a opção "sem renda" é relacionada à estudantes ou desempregados, e as outras duas opções correspondem a valores que estagiários ou bolsistas recebem. Ver Gráfico 8 Outros resultados foram:

243 consumidores entre R$ 880 até R$ 1.565,00

(14,6%); 176 entre R$ 1576,01 a R$ 3.152,00 (10,6%); 67 entre R$ 3.152,00 a R$7.880,00 (4%); 22 entre R$ 7.880,00 a R$15.760.00 (1,5%); e 8 entre R$ 15.760, 01 ou mais (0,5%);

Gráfico 8 – Renda Individual mensal

Fonte: Google docs

3.2 Consumo da Netflix Da pergunta 9 em diante buscamos identificar como se constitui a relação de consumo entre usuários e Netflix. Quando indagados de que forma são usuários da Netflix a opção mais respondida foi "Paga um plano mensal", com 812 respostas, sendo 48,9% do total, seguida pela opção "Paga um plano mensal e divide com outra pessoa", que teve 24,8%. Outra opção importante identificada foi "Tem acesso a conta de outra pessoa e não paga nada", representando um total de 24,3% das respostas, está opção

75

acaba tendo uma ligação ao consumo colaborativo ( BOTSMAN e ROGER, 2011), ou seja, compartilham produtos como carros, apartamentos, roupas e fazem surgir assim uma nova forma de cultura de consumo, que aproxima as relações sociais, onde acaba tendo a criação de uma rede de empréstimos. A própria empresa Netflix fez uma pesquisa, e descobriu que 31% dos usuários americanos não pagam pelo serviço, e que este número está ligado a jovens menores de idade, já que os consumidores entre 12 a 17 anos, 69% usam a conta de outras pessoas59. Quando comparamos com os dados da presente pesquisa, constatamos que este número está relacionado ao perfil dos consumidores jovens, considerando que são estudantes e sem renda. Outro aspecto importante constatado: 32 são usuários por meio de um cartão pré-pago (1,9%). Gráfico 9 - Forma de pagamento

Fonte: Google docs

A pergunta 10 não tinha resposta obrigatória, considerando que ela dependeria da anterior, isto é, caso fosse assinante de um plano mensal60. Mil quatrocentos e uma pessoas responderam a pergunta. 41,6% do total responderam “Plano Básico” e a opção “Outros” teve apenas 1,6%, ela representaria no caso as pessoas que compram cartões pré-pagos e as que dividem o serviço com outra pessoa e não pagam os preços oficiais do serviço. Porém, constatamos que os entrevistados não reconheceram esta opção, 59

31% dos usuários da Netflix não pagam a própria conta http://exame.abril.com.br/tecnologia/noticias/31-dos-usuarios-da-netflix-nao-pagam-a-propria-conta Acesso em 18 abr. 2016. 60

A Netflix oferece os seguintes planos de pagamento: Plano Básico (R$ 19,90); Plano Padrão (22,90); Plano Premium (29,90).

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76

tendo em vista que em comparação com os números da pergunta anterior, as respostas não coincidem. Ver Gráfico 10. Reconhecemos um erro cometido, pois era necessário ter um texto de auxílio junto com a pergunta, explicando o que significava a opção "outros". O motivo da não obrigatoriedade foi levado em conta considerando caso o usuário não pagasse nada pela Netflix, não poderia responder. Portanto, ficaria impedido de continuar respondendo ao questionário. Como a pergunta não era obrigatória há uma diferença no número total de respostas. Gráfico 10 - Tipo de plano

Fonte: Google docs

Com relação a pergunta: Caso você tenha um plano e assista em casa, quem paga a netflix? Também não era obrigatória a resposta, mas mil e quinhentas e sete pessoas responderam. A opção "Um parente" foi respondida por 51,8% (781 usuários), e a com menos foi "Outros", com 8,2%, ou seja, 124 pessoas responderam. A opção “Você” foi respondida 39,9%, por 602 pessoas. Ver Gráfico 11 – Responsável pelo pagamento. Se compararmos com as respostas anteriores, constatamos que a resposta “um parente” pagar a Netflix faz sentido, pois, como analisado anteriormente, o público identificado foi de estudante, sem renda, e outra parte significativa, ganha até R$ 500,00. Portanto, é possível que este usuário não pague pelo serviço, ou pague a metade. Consideramos, pela não obrigatoriedade de resposta, que o usuário poderia ter acesso ao serviço, porém não em sua residência.

77 Gráfico 11- Responsável pelo pagamento

Fonte: Google docs

Ao serem indagados se mais alguma outra pessoa na casa assistia Netflix, mil e trezentos usuários responderam que sim, ou seja, 78,4%. Observamos que há uma aproximação com a pergunta anterior, tendo em vista que a maioria dos usuários consome o serviço aliado ao pagamento de um parente, assim, constata-se o compartilhamento do serviço com outras pessoas em casa, o que de certa forma dá à Netflix, um caráter ainda maior de produto doméstico, como a televisão. Trezentos e cinquenta nove pessoas (21,6%) não compartilham o serviço com outra pessoa em casa. Ver Gráfico 12 – Compartilha a Netflix. Gráfico 12 – Compartilha a Netflix

Fonte: Google Docs

Outra pergunta solicitada, em continuidade a anterior, mas sem obrigatoriedade, foi qual o parente que compartilhava o serviço da Netflix. Esta pergunta além de ser

78

múltipla escolha, tinha como opção caixas de seleção, onde o entrevistado poderia marcar mais de uma opção, por isso aparentemente a soma das respostas dá mais do que o número total de participantes da pesquisa. A opção com maior número foi "Irmão ou irmã", obtendo 66,1% dos mil trezentos e trinta e três que responderam, ou seja, 880 pessoas. A resposta com menor número foi "Tia ou Tio", representando 7,6% (101 pessoas). Ver Gráfico 13 – Pessoa com quem compartilha. Gráfico 13 – Pessoas com quem compartilha

Fonte: Google Docs

Observarmos, mais uma vez, que mais da metade dos entrevistados que respondeu a esta pergunta, cerca de 78%, dividem a Netflix com algum parente, dando ao serviço uma característica de compartilhamento e de um produto doméstico, usado em casa. Outros resultados foram: 500 com a mãe (37,6%); 381 com o pai (28,6%); 285 outros (21,4%); e 189 com primo ou prima (14,2%).

3.3 No mundo da Netflix Este é o segundo momento do questionário que estabelecemos para saber como os consumidores obtiveram informação ou foram ‘apresentados’ à Netflix. A primeira pergunta foi como você conheceu a Netflix? A opção com o mais da metade das respostas foi " Por conversas entre amigos", tendo 56% do total, e como menos acesso foi "outros", representando apenas 2,5%. Ver Gráfico 14 – Como conheceu a Netlfix

79

Constatamos que o usuário conheceu a empresa por uma espécie de marketing boca a boca, que segundo Bentivegna (2002, p.1), é o marketing que “caracteriza-se pela divulgação de produtos e serviços por canais interpessoais e consiste em um componente essencial no composto de comunicação de diversas empresas". Apesar do marketing boca a boca se caracterizar como uma estratégia intencional das empresas que o utilizam, neste caso ele acabou sendo efetuado de uma forma espontânea pelos usuários do serviço. Evidentemente que essa percepção está embasada nas respostas dos usuários, ou seja, que as pessoas que conheceram a empresa por conversas entre amigos, não foram influenciadas por pessoas que trabalham para a Netflix, e sim por usuários que acabaram tendo uma experiência positiva com o serviço. Até porque não tínhamos nenhuma pergunta nesse sentido, de indagar se foram influenciados por pessoas que exerciam alguma função para a Netflix. Todos os 1.659 usuários responderam à pergunta, sendo assim representados: 929 por conversas com amigos (56%); 224 pessoas por sites de notícias (13,5%); 201 pessoas pelo Facebook (12,1%); 192 pelos anúncios da empresa (11,6%); 68 pelo Twitter (4,1%); e 44 por outros (2,7%).

Gráfico 14 – Como conheceu a Netflix

Fonte: Google Docs

Quando indagados porque usam a Netflix, a opção mais respondida por mil trezentos e vinte e nove usuários foram "Por todo o conteúdo oferecido", representando

80

80,1%, seguida "Pela possibilidade de poder conectá-la por outros meios", com 38,2%, sendo respondida por 633 usuários. Esta pergunta tinha a possibilidade do entrevistado marcar mais de uma opção, tendo em vista que pela própria experiência empírica do autor, seria difícil para o entrevistado escolher apenas uma opção. Constatamos que mais da metade dos entrevistados, considerando que os 1.659 usuários responderam, utilizou todo o serviço oferecido pela empresa, o que nos leva a acreditar que os fatores responsáveis por isso são a oferta de filmes e séries pela Netflix. Ver Gráfico 15 – Motivos para o consumo. Outros aspectos importantes observados na tabulação dos dados com relação ao consumo da Netflix são: 584 usuários responderam pelo preço (35,2%); 512 usuários pelo conteúdo original (31%); 256 usuários pela possibilidade de ver conteúdo em várias telas (15,4%) e 53 usuários por Outros (3,2%). Constatamos assim, que não é o preço que é mais atrativo e seduz os consumidores, mas a possibilidade de ter acesso ao conteúdo, ou seja, filmes e séries. Gráfico 15 – Motivos para o consumo

Fonte: Google Docs

Com relação à pergunta o que você costuma assistir mais na Netflix, mil quinhentos e vinte e quatro usuários responderam "Séries", representando 91,4%, sendo seguido por "Filmes" que teve 70,2%, ou seja, mil cento e sessenta e cinco usuários. A opção menos respondida foi "novelas" com apenas 1,9% de todas as respostas. Ver Gráfico 16 – Gênero preferido Nesta pergunta, o usuário poderia também marcar mais de uma opção, tendo em vista a variedade de gêneros cinematográficos e televisivos presentes no serviço.

81

Constatamos que os principais gêneros selecionados são os "carros chefes" da Netflix, séries e filmes. O pesquisador Jost afirma que: A seriefilia substituiu a cinefilia e, embora dela se distinga, ela se apropriou de alguns de seus traços: o conhecimento preciso das intrigas, das temporadas, dos comediantes, de suas carreiras, dos autores, de suas trajetórias e dos acasos e percalços da realização de seus projetos, das datas de difusão etc. (JOST, 2011, p. 24).

A partir das respostas, observamos que a possibilidade de assistir as séries a qualquer momento ou lugar, tem seduzido os usuários a consumirem a Netflix. Outros gêneros identificados foram: 321 Documentários (19,3%); 317 Desenhos (10,1%); 163 Animes (9,8%); 65 Reality Shows (3,9%); 60 Shows (3,6%); e 31 Novelas (1,9%). Gráfico 16 – Gênero preferido

Fonte: Google Docs

O gênero mais assistido, incluindo filmes e séries, mais respondido foi "Comédia" com 63,3%, seguido por "Dramas" representado 48,8% dos 1.659. Os menos respondidos foram " Esportes e boa forma" e "Espiritualidade" que representam cada um 2,5% e 2,9%, respectivamente. Ver Gráfico 17 – Gêneros mais assistidos Os gêneros utilizados nesta pergunta foram enumerados com base nos gêneros disponibilizados pela Netflix em seu site. (Ver figura 7 – Programação Netflix). Os

82

dados foram assim tabulados: 1.056 usuários responderam Comédias (63,7%); 810 Dramas (48,8%);779 usuários Ação (47%); 643 Aventura (38,8%); 421 Clássicos (25,4%); 396 Terror (23,9%); 225 Filmes Brasileiros (13,6%); 197 LGBT (11,9%); 163 Musicais (9,8%); 48 Espiritualidade (2,9%); e 41 Esportes e boa forma (2,5%). Gráfico 17 – Gêneros mais assistidos

Fonte: Google Docs

Figura 8 – Programação Netflix Fonte: Netflix.com

Quando indagados se tinham algum perfil para a opção kids, constatamos que a maioria dos usuários não utiliza essa opção, levando em consideração às outras respostas do questionário, ou seja, que identificam que os usuários são estudantes e jovens, o que indica que os mesmos ainda não têm filhos e nem dividem a Netflix com crianças. Ver Gráfico 18 – Opção Kids.

83

Os 1.659 usuários responderam à pergunta contabilizando os seguintes números: 1.016 Não (61,2%) e 643 Sim (38,8%). Gráfico 18 – Opção Kids

Fonte: Google Docs

Caso os usuários tivessem respondido positivamente a resposta anterior, deveriam continuar dizendo porque utilizam a opção Kids, mesmo considerando não ser obrigatória a resposta. Seiscentos e setenta e seis usuários responderam, desses 58,4% disseram usar a opção kids porque em casa, tinham crianças com acesso à conta. A opção menos respondida foi "Porque meu (s) filho (s) acessa minha conta" com apenas 10,8% de tudo. Percebemos que 38,8% utiliza o recurso kids sem a sua verdadeira finalidade, apenas para ter um acesso mais rápido à desenhos e animes, levando em consideração que o recurso disponibiliza na página da Netflix apenas filmes para crianças de até 12 anos, o que de certa forma realmente facilita o acesso a esses produtos audiovisuais. Ressaltamos que esta pergunta não era uma questão com resposta obrigatória por considerarmos que nem todos os usuários obrigatoriamente utilizam o recurso kids. Se compararmos o total de respostas desta questão com a pergunta anterior, constatamos uma diferença de 33 entrevistados, ou seja, esses 33 entrevistados deixaram de marcar na questão anterior que utilizam sim a opção kids. Os resultados tabulados foram: 395 usuários responderam “porque crianças acessam minha conta” (58,4%); 208 usuários “porque gosto de desenhos/animes e fica

84

mais fácil acessá-los” (30,8%); e 73 “porque meu (s) filho (s) acessa minha conta” (10,8%). Ver Gráfico 19 – Porque Opção Kids

Gráfico 19 – Por que Opção Kids

Fonte: Google Docs

Na pergunta 20 (gráfico 20) indagamos quais séries acompanha ou acompanhou na Netflix, 40,4% respondeu Narcos, seguida por Orange is the new Black e Jessica Jones, que tiveram 36,6% e 35,9%, respectivamente. Um dos maiores sucessos da Netflix, House of Cards, teve apenas 22,9% das respostas. Com relação esta última, considerando a propaganda feita em cima da mesma, imaginávamos que teria um público maior, mas talvez a temática política não seja um enredo de atração do público jovem. Ver Gráfico 20 - Séries Observamos que 10,7% dos entrevistados não acompanham nenhuma das séries originais da Netlix. Esta pergunta teve a opção de mais de uma resposta, considerando que o entrevistado teria dificuldades pra responder caso ele tivesse que marcar apenas uma série.

85

Gráfico 20 - Série original preferida

Fonte: Google Docs

Outra pergunta formulada ainda com relação as séries foi: Caso você acompanhe séries que não seja uma produção original Netflix, e que estejam no acervo da empresa, diga aqui o nome delas. O total de respostas obtidas foram de 422, já o total de séries que contabilizamos foi 547. Com relação a isso fazemos os seguintes esclarecimentos: algumas pessoas não responderam apenas uma série, muitas responderam duas, até 3. Neste sentido, a cada série que o entrevistado respondia, contabilizamos um ponto para ela, concluindo assim, aparentemente, a impressão de que os números não coincidem. A série de tv mais assistida pelos entrevistados que responderam a esta pergunta foi Greys Anatomy, que teve 10% do total. Cerca de 22 séries tiveram apenas uma resposta, que juntas representaram 2,2% do total. As 5 séries mais assistidas foram: Grey's Anatomy, How to get away with murder, How i met your mother, Breaking bad e Friends. Juntas as 5 formam 38,9%. Das 5 séries mais assistidas, duas são comédias e

86

três são dramas. Esses dois gêneros foram que tiveram uma pontuação alta na pergunta de nº 17 - gráfico 17 -. Ver Gráfico 21 – Séries preferidas Constatamos um total de 67 séries citadas. Todas estão disponíveis no acervo da Netflix, atualmente. Se compararmos com a pergunta de nº15 - gráfico 15 -, em que a maior resposta foi que o usuário assiste a Netflix pelo conteúdo oferecido, podemos então, embasar essa resposta, com o número de séries que os entrevistados responderam nesta pergunta. Lembramos que este não é o número total de séries não originais que a empresa disponibiliza em seu serviço, O número total disponível não temos como ter acesso, visto que todos os dias entram e saem novos e velhos títulos no serviço.

Gráfico 21 – Séries preferidas Fonte: Criado pelo autor

Tabela 4 – Séries (não originais da Netflix) mais assistidas pelos usuários Série

Porcentagem

Pessoas que assistem

Grey's Anatomy

10,23765996

56

How to gey away with murder

8,226691042

45

Breaking Bad

6,398537477

35

How i met your mother

8,409506399

46

Friends

5,850091408

32

The Walking dead

5,850091408

32

Arrow

3,10786106

17

Dexter

2,010968921

11

Prison Break

1,645338208

9

87

Supernatural

2,742230347

15

Gossip Girl

2,742230347

15

Suits

1,279707495

7

Flash

4,204753199

23

Sherlock

1,828153565

10

the 100

1,096892139

6

Moder Family

2,193784278

12

Scandal

1,096892139

6

Mad men

1,828153565

10

Onde upon a time

2,559414991

14

Pretty little liars

2,376599634

13

Doctor Who

1,645338208

9

Vikings

0,914076782

5

Sons of ANARCHY

1,462522852

8

American Horror Story

2,193784278

12

The good wife

0,731261426

4

Rupaul's Drag Race

2,010968921

11

Skins

0,914076782

5

The Hour

0,365630713

2

Teen Wolf

0,548446069

3

Glee

0,548446069

3

House

0,914076782

5

Gotham

0,914076782

5

Bones

0,548446069

3

Orphan Black

0,914076782

5

24 horas

0,548446069

3

Trailer Park boys

0,365630713

2

Apartment 23

0,182815356

1

Brooklyn 99

0,731261426

4

Call the midwife

0,182815356

1

Under the dome

0,182815356

1

Lost

0,548446069

3

Hannibal

0,365630713

2

The Code

0,182815356

1

Lie to me

0,182815356

1

White Collar

0,182815356

1

The Vampire diares

0,731261426

4

The following

0,182815356

1

Icarly

0,182815356

1

Homeland

0,182815356

1

Elementary

0,182815356

1

black mirror

0,365630713

2

Bates motel

0,548446069

3

Agents of shield

0,182815356

1

Buffy

0,365630713

2

arquivo x

0,182815356

1

88

Cosmos

0,182815356

1

Pemmy dreadful

0,365630713

2

Desesperate houswives

0,365630713

2

The Originals

0,365630713

2

Revenge

0,365630713

2

The black List

0,182815356

1

Family Guy

0,182815356

1

Archer

0,182815356

1

Arrested development

0,182815356

1

Znation

0,182815356

1

That 70 show

0,182815356

1

The Office

0,182815356

1

100

547

Total

Fonte: Google Docs Com relação à pergunta 22, indagamos: Qual filme/documentário original Netflix você já assistiu até agora? O documentário Making a murderer foi o que recebeu maior percentual, 17,7%. Já o filme The Ridicoulous 6 foi o preferido por 12,6%. Mais da metade dos entrevistados nunca assistiu nenhum filme ou documentário original Netflix, o que nos leva a constatar que entre os produtos originais da empresa, os filmes e documentários talvez não estejam entre os mais populares. Ver Gráfico 22 – Filmes e documentários. Gráfico 22 – Filmes e documentários originais

Fonte: Google Docs

Na pergunta 23, nosso interesse era saber quando o usuário estava assistindo uma série ou novela, se ele esperava a abertura ou pulava. Mais da metade dos usuários, 54,4% dos entrevistados responderam que esperam a abertura da série até o início do

89

episódio. O restante, 43,4%, respondeu que pulava a abertura, indo logo para o início do episódio. Ver Gráfico 23 – Sem abertura Observamos, que os usuários, um número considerável, de certa forma, não tem paciência para esperar a introdução de abertura de um episódio, mas, como já dito anteriormente no 2º capítulo, isso faz parte do processo de consumo que não só a Netflix, mas o próprio modelo de streaming proporciona para o usuário, essa fluidez da vida líquida (BAUMAN, 2007, p.15). Para o autor, neste cenário contemporâneo, que mais importa é a velocidade não a duração, podemos então remeter a essa impaciência que o usuário tem em não esperar introdução de abertura de uma série ou novela. Gráfico 23 – Sem abertura

Fonte: Google Docs

3.4 Horário nobre da Netflix e preferências Nesta terceira parte do questionário, um dos indagamentos foi querer saber em qual período o usuário mais acessa a Netflix. Dos 1.659 usuários que responderam 59,2% optaram pela opção "Noite", seguida por "Madrugada", com 14,7%. A opção menos respondida foi "Manhã" com apenas 2,2%. Podemos perceber com essas respostas, que assim como a televisão, a Netflix também tem seu horário nobre pelo período da noite. Ver Gráfico 24 – Horário Noturno

90 Gráfico 24 – Horário Noturno

Fonte: Google Docs

Indagados sobre qual período acessavam no final de semana a Netflix, 39,5% responderam "O dia inteiro", seguida pelas opções "Tarde" e "Noite", tendo 24,6% e 22,8% respectivamente. A opção menos respondida foi "Intervalo para o almoço", com apenas 1% dos 1.659 que responderam. Observamos por ser final de semana, faz sentido que os entrevistados não concentrem o uso da Netflix em determinado período do dia, já que o tempo livre é bem maior que em dias úteis. Ver Gráfico 25 – Final de Semana Gráfico 25 – Final de Semana

Fonte: Google Docs

91

A média de vezes acessada a Netflix por dia pelos usuários ficou em torno de “1 vez”, que representou 28,8% , ou seja, quatrocentos e setenta oito dos 1.659 que responderam, seguida pelas opções "Acesso menos de uma vez" (427) e "2 vezes" (386), que tiveram 25,7% e 23,3%, respectivamente. A menos respondida foi "3 vezes", com apenas 7,5%, ou seja, 125 usuários responderam. A intenção desta pergunta era perceber se a Netflix, assim como a televisão, é ou não acessada diariamente. Como podemos constatar, mais da metade dos entrevistados acessam entre uma a 3 vezes por dia o produto. Ver Gráfico 26 – Acesso ao dia Gráfico 26 – Acesso ao dia

Fonte: Google Docs

Perguntamos se eles achavam justo o preço cobrado pelos serviços da Netflix, considerando os preços das TV’s pagas. Mil quinhentos e quarenta e quatro usuários responderam a opção "sim", que representou 93,1%. Em seguida tivemos 6% dos usuários, isto é, 99 que acham indiferente o preço da Netflix. Dezesseis usuários ou uma parcela de 1% não acham justo o preço dos serviços oferecidos pela empresa em comparação com as tv's pagas. Este resultado já era esperado, tendo em vista que o pacote de tv paga mais barato atualmente custa R$39,9061, uma diferença de 20 reais se comparado com o plano básico da netflix. Ver Gráfico 27 – Preço dos serviços

61

Comparativo: TV por Assinatura – Veja a Melhor! Acesso em 21 abr. 2016.

92 Gráfico 27 – Preço dos serviços

Fonte: Google Docs

Na pergunta 28, indagamos aos usuários se além da Netflix utilizavam os serviços da TV paga. Constatamos que 68,1%, ou 1.129 usuários Netflix e TV paga na residência. Quinhentos e trinta usuários responderam não (31,9%). Ver Gráfico 28 – Netflix e TV paga Gráfico 28 – Netflix e TV paga

Fonte: Google Docs

Caso fosse positiva a resposta anterior identificamos a necessidade de perceber porque os usuários acumulam os serviços: Netflix e TV paga. Mas como não era intenção desta pesquisa fazer essa relação, considerando que ela tem a finalidade de conhecimento do perfil do usuário da Netflix, perguntamos qual conteúdo eles sentiam falta na Netflix.

93

Constatamos que mesmo com o vasto conteúdo oferecido, principalmente o internacional, a opção mais respondida foi "Filmes e séries internacionais", que representaram 40,9%, ou seja, 679 usuários do universo de 1.659. Uma parte considerável dos usuários se mostrou indiferente com a pergunta, sendo

398 dos

entrevistados (24%). 383 usuários ou 23,1% sentem falta de filmes e séries nacionais. Ver Gráfico 29 – Conteúdo Netflix Observamos, a partir das respostas, que os usuários sentem uma necessidade maior de conteúdo audiovisual internacional no serviço.

Gráfico 29 – Conteúdo da Netflix

Fonte: Google Docs

Na pergunta 30, indagamos se além da Netflix, o usuário consumia quais outros serviços sob demanda. Oitocentos e quarenta e quatro (50,9%) responderam não consumir nenhum outro produto de streaming, além da Netflix. O Telecine Play foi identificado como o serviço mais utilizado por 24,4% dos usuários. Apesar da Netflix ter um número considerável de concorrentes, percebemos que ela atualmente é o serviço mais popular com relação à streaming. Ver Gráfico 30 – Netflix e outros serviços A pergunta foi elaborada com a possibilidade de múltiplas respostas, tendo em vista que levamos em consideração que o entrevistado poderia consumir mais de um produto de streaming. Ressaltamos ainda que apresentamos apenas os concorrentes

94

diretos da Netflix, os indiretos como Youtube e Vimeo, não foram indicados pois o objetivo da pergunta era identificar se os usuários consomem outros serviços de streaming pago. Gráfico 30 – Outros serviços de streaming

Fonte: Google Docs

Indagamos qual o dispositivo mais utilizado para a acessar a Netflix. Seiscentos e sete usuários responderam o "Computador/Desktop/Notebook" , ou, 36,6%, seguido pelas opções "Smartphone" (445 usuários) e "Smartv" (381 usuários) que tiveram 26,8% e 23%, respectivamente. 175 responderam “Console de jogos” (10,5%) e 51 outros (3.1%). Ver Gráfico 31 – Dispositivo de acesso. Observamos na análise do gráfico que há uma pequena diferença entre as opções. Mas, o uso do computador para consumir o serviço, ainda é o mais popular pelos entrevistados. Gráfico 31 – Dispositivo de acesso

Fonte: Google Docs

95

Outra importante pergunta sobre o universo do mundo digital foi elaborada, com a finalidade de saber se antes da Netflix, o usuário utilizava a internet para assistir filmes ou séries. Mil seiscentos e cinquenta e oito usuários responderam a pergunta. Dessa amostra, 67,8%, ou 1.124 usuários responderam que assistiam filmes em sites de filmes online. As opções de fazer download62, somam 54, 3% (43,6% e 10,7%). Ver Gráfico 32 – Antes da Netflix. Constatamos assim, que mesmo antes da Netflix, o streaming já estava presente no consumo dos usuários. Esta foi a última pergunta que tinha como possibilidade mais de uma resposta. Ela foi elaborada na crença de que os usuários poderiam ter utilizado mais de uma opção no consumo de filmes, antes da Netflix. O programa deixou de contabilizar uma resposta, no entanto isso não comprometeu a pesquisa. Gráfico 32 – Antes da Netflix

Fonte: Google Docs

Uma importante pergunta na identificação do perfil do usuário da Netflix foi se ele mesmo tendo acesso aos serviços da empresa, continua utilizando sites de filmes online ou faz download de filmes. A pergunta teve o objeto de compreender se o usuário mudou o hábito de consumo de filmes e séries. A opção com maior número de respostas (564) foi " Sim, ainda faço as duas coisas" com 34,1% do universo de 1.658 usuários. A opção menos respondida (225) foi "Ainda faço download de filmes" com apenas 13,6%. 29,6% dos usuários não fazem mais download para assistir filmes em outro site, o que nos leva acreditar que a 62

É importante lembrar que oficialmente fazer download de filme é ilegal .

96

popularidade de serviços de streaming como o da Netflix, tem criado novos hábitos de consumo na internet. Ver Gráfico 33 – Hábitos. Nesta pergunta o programa mais uma vez apresentou um erro, contabilizando uma pessoa a menos do total de entrevistados, mas sem comprometimento da pesquisa.

Gráfico 33 – Hábitos

Fonte: Google Docs

Com relação se os usuários ainda alugam DVD's em lojas físicas, mais da metade dos entrevistados, 86,6% de um universo de 1.658 responderam não alugar mais Dvd's em lojas físicas. Uma parcela de 148 usuários ou 8,9% as vezes aluga, e 74 usuários, 4,5% ainda tem o hábito de alugar filmes. Ver Gráfico 34 – Consumo de filmes. Observamos que com a chegada das mídias digitas e a popularização de Dvd's, o mercado de videolocadoras reduziu-se bastante. Em 2007, mais de duas mil videolocadoras fecharam as portas63, período em que o mercado começava a ter um declínio no Brasil. Considerando o perfil de um público jovem, observamos uma tendência desse público não consumir mais filmes em lojas físicas, mas por ambientes digitais,

63

Informação disponível em < http://www.istoedinheiro.com.br/noticias/negocios/20080130/videolocadoras-busca-final-feliz/12645> Acesso em 23 abr. 2016.

97

considerando a facilidade, o acesso aos lançamento e uso a qualquer momento, com custo e tempo diferenciados. Mais uma vez tivemos o erro do programa não contabilizar uma resposta, sem comprometimento da pesquisa. Gráfico 34 – Consumo de filmes

Fonte: Google Docs

Com relação à satisfação com a oferta de produções oferecidas pela empresa Netflix, os 1.659 usuários responderam da seguinte forma: 69% desse universo, ou seja, 1.144 estão satisfeitos com o serviço da Netflix. 21,3% não estão satisfeitos, representando 353 usuários e 9,8% são indiferentes a isto, ou seja, 162 usuários. Ver Gráfico 35 – Satisfação com a Netflix Constatamos assim, que de certa forma, os serviços da Netflix agradam boa parte de seus consumidores, considerando o conjunto de alguns elementos, entre eles: preço do serviço, oferta de produtos, e qualidade de produções originais. Gráfico 35 - Satisfação com a Netflix

Fonte: Google Docs

98

3.5 O perfil traçado. Ao traçarmos um panorama geral dos resultados dos questionários aplicados, identificamos o perfil do consumidor da Netflix na região metropolitana de Belém, considerando os seguintes aspectos do universo de 1.659 usuários que responderam ao questionário: é majoritariamente feminino; estudante; sem renda ou ganha até R$ 500; da classe C ou mais baixa; grande parte tem um parente que paga pelo serviço e dividem o mesmo com alguém da casa; mais da metade conheceu a empresa através de amigos e a grande maioria acessa a Netflix pelo conteúdo oferecido; grande parte tem como gênero preferido a comédia; "Narcos" é a série original mais assistida, enquanto que das séries não originais, a preferida é Grey's' Anatomy; mais da metade espera a abertura de seriados ou novelas; mais da metade acessa pelo menos uma vez por dia;

os

dispositivos mais usados para acessar são computador e smartphone; uma parte significante dos usuários não tem o hábito de consumir ou assistir filmes online e fazer downloads dos mesmos; mais da metade não aluga mais DVD em loja física; antes da Netflix o usuário já acessava conteúdo via streaming; grande parte não consome outro serviço de streaming; uma parte significante sente necessidade de conteúdo internacional; mais da metade tem acesso a tv paga; diferente das séries, mais da metade assistiu um ou documentário original Netflix,

e por fim, a maioria se considera

satisfeito com o serviço. Para um melhor entendimento, fizemos um infográfico com o resumo de todas as respostas ( figura 09). A empresa Netflix se apresentou com uma proposta que tem seduzido o público consumidor, levado pelas facilidades e comodidades oferecidas aos usuários. Nosso modo de assistir tevê modificou. Nossas escolhas estão pautadas nas possibilidades oferecidas e no tempo que dispomos para consumi-las. Antes, tínhamos que ir até o meio, ou seja, era necessário está em casa para ‘consumi-lo. Hoje, a internet transformou esse hábito, pois posso está num ambiente de trabalho, de lazer, na rua, no médico ou qualquer outro espaço, desde que tenha acesso a internet, e assistir a programação que tenho afinidade.

99 Figura 09: Infográfico sobre o perfil do consumidor na Região Metropolitana de Belém.

Fonte: O autor

100

CONSIDERAÇÕES FINAIS A empresa Netflix abriu uma ‘nova’ possibilidade aos consumidores de produtos audiovisuais, uma vez que se pode acessá-los independente do espaço físico, desde que se tenha acesso a internet. Conteúdo, facilidade, lançamentos, comodidade e possibilidades de diversificação são elementos importantes nessa relação entre a empresa e público. Ao longo de todo este trabalho a palavra que mais esteve presente no percurso desta pesquisa foi "Transformação". Percebemos como os meios ao longo das evoluções tecnológicas se transformaram e facilitaram o acesso a conteúdos que antes eram inimagináveis. A convergência midiática (Jenkins, 2008)

tornou-se a principal

responsável por fazer com que esse cenário de consumo se modificasse e criasse ambientes alternativos de acesso ao entretenimento. Se num primeiro momento, a internet era utilizada apenas pra guardar a informação, hoje, ela, além de produzir conteúdo, nos influencia, rege, e está presente em grande parte das coisas que consumimos e interagimos (PRIMO, 2007). Se antes o ‘diálogo’ com a programação da televisão era monológico, hoje, nós temos a possibilidade de interagir, escolher e produzir nossa própria grade de programação, e indo além, podemos controlar quando parar, avançar e retroceder o conteúdo que estamos assistindo. Foram três as perguntas que nortearam todo nosso problema de pesquisa: Em que medida a Netflix tem influenciado os consumidores paraenses? Quem são os consumidores

da

Netflix

em Belém? A possibilidade real de escolha pelos

consumidores tem influenciado o consumo da Netflix em Belém? Ao elaborarmos o projeto de pesquisa inicial, apresentamos duas hipóteses de trabalho: A escolha pelo consumidor dos produtos oferecidos, aliada à convergência, tem massificado a audiência da empresa Netflix; e as convergências entre cinema, TV e web, estão criando novos elementos de atração e assim influenciando os novos modos de consumo de produtos audiovisuais na internet. Essas hipóteses foram comprovadas considerando a identificação do perfil dos usuários, as escolhas, as preferências e os motivos que levam a consumir a Netflix.

101

A primeira hipótese pode ser constatada já no segundo capítulo desta pesquisa, quando discorremos sobre a internacionalização do serviço, e mostramos que a Netflix está presente em todos os continentes do planeta, figura 04, demonstrando uma clara amostra da massificação da audiência e do consumo no serviço da empresa. A segunda hipótese nos dois momentos distintos da pesquisa, ou seja, nos diálogos teóricos que comprovam as transformações advindas com o universo digital, quando falamos no primeiro capítulo da evolução da internet e as transformações ocorridas diretamente no cinema e na televisão e nas análises quando constatamos o consumo aliado ao mercado de nicho. Não estamos decretando a morte do cinema ou da tevê, pelo contrário, estamos analisando o consumo de produtos em ambientes audiovisuais e da nova experiência dos consumidores. Ou seja, "nenhum tipo de experiência é melhor ou pior do que a outra: são modos distintos de se consumir o mesmo produto." (SACCOMORI, 2015, p. 66) Como bem escreve Machado (2009), o telespectador não tinha o poder da escolha antes da revolução digital, o mesmo ficava a mercê da programação da tv analógica, era dependente do fluxo da mesma. Hoje, esse consumo mudou. Mas o autor ressalta que isso (o consumo de conteúdo sob demanda), no entanto, não é necessariamente melhor. Afinal, uma das grandes vantagens da televisão é justamente o fato de ela ser um fluxo. “O arquivo não é, portanto, melhor que o fluxo. Nem o contrário. São estéticas diferentes e o público, a cada momento, opta por utilizar uma delas”. (MACHADO, 2009, p. 53) Constatamos assim, que ambas as formas de consumos são diferenciadas, com experiências distintas cada uma, onde uma não tem a intenção de terminar com a outra, mas sim aumentar o leque de variedades do consumo de produtos. Mas, não podemos deixar de acreditar no fator positivo que o serviço sob demanda causa na indústria e que consequentemente passa a agregar nossas decisões de consumir ou não um produto, como afirma Anderson, (2006, p.199), toda vez que uma “nova tecnologia amplia as escolhas, seja o videocassete ou a internet, os consumidores reagem à altura, com o aumento da demanda. Isso é o que queremos, e, talvez, seja o que sempre quisemos."

102

Esta pesquisa é parte de uma discussão maior, em que precisamos entender quem são os consumidores desses ambientes digitais e as relações que eles estabelecem com as empresas e ou produtos. Não é um fim em si mesmo, mas uma possibilidade de compreender quem é, neste momento, o consumidor da Netflix. Como é um universo em dinâmica transformação, o que é hoje, não necessariamente continuará sendo o mesmo amanhã. Procuramos entender o ‘boom’ desse público junto a empresa Netflix. Conforme nos lembra Anderson (2006, p. 224), “nos mundos do entretenimento e da informação, já superamos as restrições da capacidade em termos de espaço em prateleiras e canais, além de suas exigências de tamanho único”. Não podemos prever o amanhã, mas afirmamos com toda a certeza, a internet irá, cada vez mais, estar presente em nossas vidas, reger nossos hábitos, conduzir nosso consumo, e nos apresentar infinitas escolhas. Portanto, esta pesquisa é uma contribuição com duas finalidades principais: entender a empresa Netflix e sua lógica de estratégia comunicativa publicitária e conhecer o perfil dos consumidores dos serviços na região Metropolitana de Belém. Ela (pesquisa) é um pontapé inicial para uma compreensão maior dos usuários, das escolhas, das preferências e das relações comunicativas estabelecidas entre público e empresas de ambientes digitais.

103

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ANEXOS Anexo A – Canais de divulgação da netflix.

Anexo B – Facebook da Netflix

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Anexo C – Twitter da Netflix

Anexo D – Instagram da Netflix

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ANEXO E - Tumblr da Netflix

Anexo F - Print screen do grupo "NETFLIX BRASIL - ASSINANTES"

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ANEXO G - PrintScreen do final de um filme, em que a netflix recomenda outro título para o usuário assistir

Fonte: Netflix.com

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ANEXO H - Netflix interagindo em tempo real com seus usuários no facebook

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ANEXO I - Netflix interagindo em tempo real com seus usuários no twitter

ANEXO J - LISTA DAS PERGUNTAS FEITAS NO QUESTIONÁRIO

- Qual região metropolitana de Belém você reside? * Ananindeua Belém Benevides Santa Barbara Santa Izabel Marituba Castanhal

Qual seu gênero? * Masculino Feminino Outro:

Em qual bairro você reside? *

113 Caso você more em Icoaraci, Mosqueiro, Outeiro. Diga o nome do Distrito e do bairro. Ex: Outeiro Brasília

Sua resposta

Qual sua faixa etária? * Até 17 anos 18 - 25 anos 26 - 30 anos 31 - 40 anos 40 - 50 anos acima de 50 anos

Qual sua ocupação? * Desempregado Servidor Público Trabalha com carteira assinada Estagiário Estudante Autônomo Prestador de serviços Outro:

Qual sua formação? * Ensino fundamental incompleto Ensino fundamental completo Ensino médio incompleto Ensino médio completo Ensino superior em andamento Ensino superior incompleto Ensino superior completo Pós- graduação em andamento Pós - Graduação concluída

Qual sua renda familiar mensal? * Soma da renda de todas as pessoas que moram com você.

Até R$ 1.576,00 De R$ 1.576,01 a R$ 3.152,00 De R$ 3.152,01 a R$ 7.880,00 De R$ 7.880,01 a R$ 15.760,00 R$ 15.760,01 ou mais

Qual sua renda individual mensal? * Sem renda Até R$ 500 De R$ 500 até R$ 880 De R$ 880 até até R$ 1.576,00 De R$ 1.576,01 a R$ 3.152,00 De R$ 3.152,01 a R$ 7.880,00 De R$ 7.880,01 a R$ 15.760,00 R$ 15.760,01 ou mais

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Você é usuário da netflix de qual forma? * Paga um plano mensal Paga um plano mensal e divide com outra pessoa É usuário por meio de um cartão pré-pago Tem acesso a conta de outra pessoa e não paga nada

Caso você seja assinante de um plano mensal, qual o valor do seu plano? PLANO BÁSICO: R$19,90 PLANO PADRÃO: 22,90 PLANO PREMIUM 29,90 Outro:

Caso você tenha um plano e assista em casa, quem paga a netflix? Você Um parente Outro:

Além de você, mais alguma outra pessoa na sua casa assiste netflix? * Sim Não

Caso mais de alguma outra pessoa na sua casa assista netflix, quem é? Pai Mãe Irmão ou irmã Primo ou prima Tio ou tia Outro: 2ª parte do questionário Como você conheceu a netflix? * Por site de notícias Pelo Facebook Pelo Twitter Por conversas entre amigos Pelos anúncios da empresa Outro: Por que você consome a netflix? * Pelo preço Pelo conteúdo original Por todo o conteúdo oferecido Pela possibilidade de ver conteúdo em várias telas Pela possibilidade de poder conectá-la por outros meios ( smartphone, console de videogame e etc) Outro:

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Obrigatória O que você mais costuma assistir na netflix? * Filmes Séries Documentários Shows Reality Shows Novelas Desenhos Animes Obrigatória Que tipo de gênero você mais assiste? (Incluindo gênero de filmes e séries) * Ação Aventura Clássicos Comédias Dramas Esportes e boa forma Espiritualidade Filmes brasileiros Lgbt Terror Independente Musicais Policiais Romances Ficção científica Suspense Outro: Obrigatória Você tem algum perfil para a opção kids? * A opção kids no perfil netflix é a opção voltada para crianças terem acesso ao conteúdo netflix, sem terem a disposição na lista de título de filmes ou séries conteúdo voltado para maiores de 12 anos. Sim Não Caso você utilize a opção kids, por que você utiliza? Porque crianças acessam minha conta Porque meu (s) filho (s) acessa minha conta Porque gosto de desenhos/animes e fica mais fácil acessá-los Qual (is) série(s) original (is) netflix você mais acompanha ou acompanhou? * House of Cards Demolidor Jessica Jones Shadow Hunters Sense 8 Narcos Orange is the New Black

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Fuller House Grace and Frankie Marco Polo Bojack Horseman F is for Family Croods o início Hemlock Grove Um drink no inferno Better call Saul Não acompanho nenhuma Outro: Obrigatória Caso você acompanhe séries que não seja uma produção original netflix, e que estejam no acervo da empresa, diga aqui o nome delas. Responda no máximo duas séries Sua resposta Qual filme/documentário original netflix você já assistiu até agora? * Beasts of no Nation Mitt The Ridicoulous 6 E- team Hot Girls Wanted What Happened Miss simone Making a muderer Não assisti nenhum Outro: Obrigatória Quando você está assistindo uma série ou novela: * Você espera toda a abertura até o início do episódio Você pula a abertura e vai logo para o início do episódio 3ª e última parte do questionário Em dias úteis, qual período você mais acessa a netflix? * Manhã Intervalo para o almoço Tarde Noite Madrugada Não acesso nos dias úteis Nos finais de semana, qual período você mais acessa a netflix?* Manhã Intervalo para o almoço Tarde Noite Madrugada O dia inteiro

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Não acesso nos fins de semana Em média quantas vezes por dia você acessa a netflix? * Acesso menos de uma vez por dia 1 vez 2 vezes 3 vezes Mais de 3 vezes Comparando com o preço de tv's pagas, você acha justo o preço da netflix? * Sim Não Indiferente Na sua casa você tem acesso a tv paga, além da Netflix? * Sim Não Qual conteúdo você sente falta na netflix? * Filmes e séries nacionais Filmes e séries internacionais Indiferente Outro: Além da netflix você consome quais desses outros serviços sob demanda? * Hulu Apple Tv Globo Play Globo sat Play HBO Go Telecine Play Now Claro Video Google Play Não consumo nenhum desses Outro: Obrigatória Qual dispositivo você mais utiliza para acessar a netflix? * Smartv Computador/Desktop/Notebook Smartphone Console de videogame Outro: Antes da netflix, utilizando a internet, você assistia filmes/séries: * Em sites de filmes online Fazendo download de filmes via torrent Fazendo download de filmes sem ser via torrent Outro: Obrigatória

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Mesmo tendo acesso a netflix, você ainda acessa sites de filmes online ou ainda faz download de filmes? * Sim, ainda faço as duas coisas Ainda assisto filme online em outros sites Ainda faço download de filmes Não faço mais isso Você ainda aluga DVD's em lojas físicas? * Sim Não As vezes Você se considera satisfeito com a oferta de produções oferecidas pela netflix? * Sim Não Indiferente

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ANEXO K - TERMO DE RESPONSABILIDADE

SERVIÇO PÚBLICO FEDERAL UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ INSTITUTO DE LETRAS E COMUNICAÇÃO FACULDADE DE COMUNICAÇÃO

TERMO DE RESPONSABILIDADE Eu, João de Jesus dos Santos Loureiro, aluno(a) do Curso de Comunicação Social – Publicidade e Propaganda, sob o registro de matrícula nº 201205840016, portador do RG 6935198 e CPF 020.706.532-26, através do presente instrumento, isento meu/minha Orientador(a) e a Banca Examinadora de qualquer responsabilidade sobre a autoria do conteúdo existente no TCC – Trabalho de Conclusão de Curso intitulado “"Com a Netflix, você tem o controle"- O perfil do consumidor na Região Metropolitana de Belém: As novas formas de assistir TV e cinema”, assumindo que a realização deste foi proveniente de minhas reflexões e pesquisas. Declaro ainda que o TCC que ora apresento e submeto à Banca Examinadora constituída pela Faculdade de Comunicação da Universidade Federal do Pará não é cópia de nenhum trabalho ou de material acadêmico já produzido, responsabilizando-me pela veracidade destas afirmações e estando ciente das implicações legais a que estou sujeito(a), caso esta declaração falte à verdade. Belém/PA, _____/_____/________.

_________________________________ Assinatura do Discente

Universidade Federal do Pará – Cidade Universitária Prof. José da Silveira Netto - Instituto de Letras e Comunicação – Faculdade de Comunicação - Rua Augusto Corrêa, 1 – Guamá – CEP 66075-900 – [email protected] - Tel.: (91)3201-7584 – Fax: 3201-7606

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