\"Com seus grandes olhos de fogo\": do simbolismo alquímico da salamandra no conto \"O Vaso de Ouro\" de E. T. A. Hoffmann

July 1, 2017 | Autor: A. Ferreira | Categoria: Alchemy, Animal Symbolism, E.T.A. Hoffmann
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LIVRO DE RESUMOS

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I SEMINÁRIO SOBRE REPRESENTAÇÃO ANIMAL NA LITERATURA 01 e 02 de outubro de 2015 no Instituto de Letras da UERJ

REALIZAÇÃO: Instituto de Letras da UERJ e Programa de Pós-Graduação em Letras da UEM

APOIO:

Projeto Bigodinhos Carentes (UERJ): www.facebook.com/pages/Projeto-BigodinhosCarentes/512359202168878?fref=ts

Diretório Acadêmico Lima Barreto (Letras/UERJ): https://www.facebook.com/dalbuerj

Editora

Grupo de Atividades Interdisciplinares sobre Animais (GAIA/UEM): http://gaiauem.wix.com/gaiauem www.facebook.com/gaiauem

I SEMINÁRIO SOBRE REPRESENTAÇÃO ANIMAL NA LITERATURA Site: http://animaleliteratura.wix.com/iseminario Facebook: www.facebook.com/iseminariosobrerepresentacaoanimalnaliteratura E-mail: [email protected]

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Coordenação Geral: Elda Firmo Braga (UERJ) Evely Vânia Libanori (UEM) Rita de Cássia Miranda Diogo (UERJ)

Comitê Científico: Ana Cristina dos Santos (UERJ) Ângela Patrícia Felipe Gama (PUC/SP) Cristina Bongestab (UEPB) Elda Firmo Braga (UERJ) Evely Vânia Libanori (UEM) Fábio Marques de Souza (UEPB) Patrícia Alexandra Gonçalves (UERJ) Rita de Cássia Miranda Diogo (UERJ) Viviane Conceição Antunes (UFRRJ)

Comissão Organizadora: Ana Cristina dos Santos (UERJ) Claudia Heloísa Impellizieri Luna Ferreira da Silva (UFRJ) Elda Firmo Braga (UERJ) Evely Vânia Libanori (UEM/GAIA) Jordana Brites Jeronimo (UERJ/DALB) Lilian Neubarth Paixão (UERJ/PBC) Marcella de Paula Carvalho (UERJ) Patrícia Alexandra Gonçalves (UERJ) Renata da Cruz Paula (UERJ) Rita de Cássia Miranda Diogo (UERJ) Sandra Valéria Torquato Mouta (UERJ) Tarsila de Andrade Ribeiro Lima (UERJ) Viviane Conceição Antunes (UFRRJ)

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SUMÁRIO

PROGRAMAÇÃO..................................................................................................... 4 RESUMOS – PALESTRA E MESAS-REDONDAS................................................ 9 RESUMOS – COMUNICAÇÕES............................................................................. 11 NORMAS PARA A PUBLICAÇÃO DO ARTIGO.................................................. 32 ANEXO I: Breve histórico do Projeto Bigodinhos Carentes (UERJ).......................

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ANEXO II: Fotos dos gatos da UERJ disponíveis para adoção................................

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PROGRAMAÇÃO QUINTA (01/10/15) MANHÃ 09h00min – 10h00min: Credenciamento 10h00min: Abertura 10h30min – 12h30min: Palestra “Literatura e estudos animais: diálogos entre saberes” Angela Guida (UFMS) TARDE 14h00min – 16h30min: Comunicações 17h00min – 18h30min: Mesa-redonda I “Contribuição da universidade na defesa do respeito e da dignidade dos animais” Zélia Bora (UFPB), Evely Libanori (GAIA/UEM), Eliene Narducci (UERJ/PBC) Sexta (02/10/15) MANHÃ 10h00min – 12h30min: Comunicações TARDE 14h00min – 16h30min: Comunicações orais 17h00min – 18h30min: Mesa-redonda II “Presença animal em obras de Clarice Lispector” Evely Libanori (UEM), Maiara Usai Jardim (UEM), Valeria Rosito (UFRRJ/GEDIR) 18h30min: Lançamento dos livros “Representação animal na literatura”; “Representação animal nos estudos literários”; “Representação animal: diálogos e reflexões literárias”; “Representação animal: perspectivas literárias de análise”. TAXA DE INSCRIÇÃO: Alimentos veterinários para doar ao “Projeto Bigodinhos Carentes” que cuida dos gatos da UERJ (escolher um dos itens): 

Ração seca para gatos adultos;



Ração Golden para filhotes;



Ração pastosa: latinhas e sachês;



a/d™ Canino/Felina - cuidados de convalescença.

Obs.: O item escolhido será entregue na mesa de credenciamento do evento, que funcionará nos dois dias do Seminário (01 e 02/10/15).

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COMUNICAÇÕES (01/10/15) QUINTA TARDE 14h00min – 16h30min Comunicações (1) – Moderadora: Maria Aparecida Nogueira Schmitt Ana Luisa Acevedo-Halvick (UFRJ): “Breves confesiones de un zanate observador” Luciano Prado da Silva (UFRJ): “Nas trampas de um narrador coiote fuentesiano, (des)caminhos para imaginários” Maria Aparecida Nogueira Schmitt (CES/JF- SMC): “Do imaginário poético latinoamericano o salto antropomórfico de personagens da esfera zoológica” Maria Inês Freitas de Amorim (UERJ): “O poder da fala: Representação do papagaio como símbolo de resistência” Comunicações (2) – Moderadora: Ana Cristina dos Santos Ana Cristina dos Santos (UERJ): “Deslocamentos externos e internos na escrita de Anna Kazumi Stahl: relações de identidade e gênero” Dolores Oliveira de Orange (UFMG): “Entre existentes-não-reais: a poesia como exercício de alteridade em Amar um cão, de Maria Gabriela Llansol” Gisele de Carvalho (UERJ) e Tania Shepherd (UERJ): “Quem é Biruta?” Michelle Cerqueira César Tambosi (UEM) e Evely Vânia Libanori (UEM): “Animais não humanos em “A maçã no escuro”, de Clarice Lispector” Comunicações (3) – Moderadora: Patrícia Alexandra Gonçalves Fabrizio Rusconi (UFRJ): “Federigo Tozzi: encontros com animais” Jânderson Albino Coswosk (PUC-RJ): “O animal não humano na literatura e os impactos em narrativas curtas” Patrícia Alexandra Gonçalves (UERJ): “Entre o amor e o maldizer: o lobo no imaginário italiano” Vanice Hermel (URI) e Denise Almeida Silva (URI): “A imagem do cavalo na (des)construção do mito do gaúcho no conto de vertente regionalista” Comunicações (4) – Moderadora: Viviane Conceição Antunes Antônio Ferreira da Silva Júnior (CEFET-RJ - UFRJ): ““Tríptico del gato”: inocência x crueldade na narrativa tripartida de José Emilio Pacheco” Laura Barbosa Campos (UERJ): “A metáfora canina em Patrick Modiano” Renata Cardoso de Sousa (UFRJ): “Homero, Aristóteles e os símiles de animais: entre discurso e história”

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Viviane Conceição Antunes (UFRRJ), Sandra Valéria Torquato Mouta (UERJ) e Elda Firmo Braga (UERJ): “A representação metafórica das formigas e a simetria animal-homem na elaboração narrativa de Cien Años de Soledad”

(02/10/15) SEXTA MANHÃ 10h00min – 12h30min: Comunicações (5) – Moderador: Marcus Alexandre Motta Cláudia Regina da Silva Rodrigues (UFRJ): “Karenin, equilíbrio, modernidade” Marcus Alexandre Motta (UERJ): ““Homens e cães, gatos e heróis, pulgas e gênios...”; animal e animal ainda” Raquel da Silva Ortega (UESC): “A relação homem-animal em Cuentos de la selva: entre a alteridade e o fantástico” Waldelice Souza (UNIRIO): “A Literatura entre Tipos de Pensamentos – a anamorfose do animal ao homem e os sincretismos semiológicos dos rituais no romance “Parábola do Cágado velho”, de Pepetela.” Comunicações (6) – Moderadora: Gisele Reinaldo da Silva Fabio Ferreira Coutinho (Faculdade Machado de Assis): “A máquina-bestiário de Cortázar: Tentativas de produção de outras formas de narrar e de viver” Gisele Reinaldo da Silva (UFRJ): “Por uma literatura exorcizadora: Julio Cortázar e a escrita instintiva brutal de “Carta a una señorita en París”” Gleyson Dias de Oliveira (UFRJ): “Josefina: performance, tradição e a tarefa do intelectual” Luciana Silva Camara da Silva (UFRJ): “Um relatório para uma academia ou o deviranimal às avessas? Considerações a respeito da animalidade em Franz Kafka” Comunicações (7) – Moderadora: Adriana Ortega Clímaco Adriana Ortega Clímaco (IFSP-Jacareí): “Metáfora animal em Santa Evita: Modo de narrar” Ana Lúcia Silva Resende de Andrade Reis (UERJ): “O papel dos animais na Guerra do Paraguai” Gabriel Macêdo Poeys (SEEDUC\UFRJ\CAPES): “A raiva acabou para quem? Perplexidade e poder na contística de Mario Benedetti” Michele Saionara Aparecida Lopes de Lima Rocha (UNESP) e Maria Augusta Hermengarda Wurthmann Ribeiro (UNESP): “Vestir à nacional as fábulas: o animal brasileiro na literatura de Monteiro Lobato” Comunicações (8) – Moderadora: Ana Carolina Macena Ana Carolina Macena (USP): “A "máquina-antropológica" em ação: o aniquilamento do não humano em relatos fantásticos de Juan José Arreola, Antonio Di Benedetto e Julio Cortázar”

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Andressa Furlan Ferreira (UFPB): ““Com seus grandes olhos de fogo”: do simbolismo alquímico da salamandra no conto “O Vaso de Ouro” de E. T. A. Hoffmann” Angélica Maria Santana Batista (UERJ): “Animais fantásticos na narrativa curta de Murilo Rubião e Xosé Luís Mendez Ferrín” Isabelle Rodrigues de Mattos Costa (UERJ): “A bruxa e seu gato preto: a relação entre animais e bruxaria”

(02/10/15) SEXTA TARDE 14h00min – 16h30min Comunicações (9) – Moderadora: Betina Ribeiro Rodrigues da Cunha Betina Ribeiro Rodrigues da Cunha (UFU): “Labirintos rosianos: Animais humanos em Ave, Palavra” João Olinto Trindade Junior (UFRRJ/UERJ): “Uma estranha realidade familiar: a representação do animal e o advento da modernidade na obra de José J. Veiga” Leomir Silva de Carvalho (UFPA/CAPES) e Sílvio Augusto de Oliveira Holanda (UFPA): “A inconstância do corpo” Leonardo Augusto Bora (UFRJ): ““Onça sabe quem mecê é”: o devir-animal e a “diferOnça” em “Meu tio o Iauaretê”, de João Guimarães Rosa” Comunicações (10) – Moderadora: Rita de Cássia Miranda Diogo Aliza Yanes Viacava (UNMSM): “El jaguar: representaciones entre lo oral y lo escrito en los cuentos de El arco y la flecha, de Luis Urteaga Cabrera” Heloísa Helena Siqueira Correia (UNIR): “Personagens animais de Andara: a representação e o irredutível” Rita de Cássia Miranda Diogo (UERJ) e Elda Firmo Braga (UERJ): “A relação internatural entre homem-animal: Boto cor-de-rosa como um símbolo natural, cultural e literário da cosmovisão amazônica” Tarsila de Andrade Ribeiro Lima (UERJ) e Sumaia Haddad (UERJ): “A apropriação do outro: Cobra Norato e a “Pele de seda elástica”” Comunicações (11) – Moderador: Nabil Araújo Karina Uehara (USP): ““Os gatos, os queridos gatos, sempre ao pé” de Adília Lopes” Lina Arao (UFRJ) e Henrique Marques Samyn (UERJ): “A figuração do rouxinol na poesia de Maria Browne” Marcella de Paula Carvalho (UERJ), Lindka Mariana de Souza Santos (UNIRIO/UnB) e Renata da Cruz Paula (UERJ): “Corpus-Animalmente: a crueza desumana em Picasso, João Cabral e Graciliano Ramos” Nabil Araújo (UERJ): “Representação animal na poesia: um estudo de caso”

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Comunicações (12) – Moderadora: Zélia M. Bora Lyanna Carvalho (UFRJ): “A relação moderna entre o homem e o animal: reflexões acerca de “Conto Alexandrino”” Nicole Alvarenga Marcelo (PUC-RJ): “Ternura e Terror: Dois Momentos da Representação Animal no Conto” Wanessa Cristina Ribeiro de Sousa (PPGLEN-UFRJ/CAPES/SEEDUC): “Um passeio pelo Gran Zoo de Nicolás Guillén: dores e delicias da modernidade” Zélia M. Bora (UFPB): “A arte da elegância: o gato e a estética da modernidade” Comunicações (13) – Moderadora: Miriam Lourdes Impellizieri Luna Ferreira da Silva Igraínne B. Marques (UERJ): “O dragão como figura e símbolo imaginário na Idade Média e na atualidade” Liège Copstein (URI-FW): “Metáfora animal em Disgrace, de J.M. Coetzee” Miriam Lourdes Impellizieri Luna Ferreira da Silva (UERJ) e Cláudia Heloisa Impellizieri Luna Ferreira da Silva (UFRJ): “Os livros das bestas: entre o universo medieval e o fantástico contemporâneo” Raimundo Nonato Gurgel Soares (UFRRJ): “Maracanã de roçado: bichos escritos nas cartas de Câmara Cascudo”

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RESUMOS – PALESTRA E MESAS-REDONDAS PALESTRA: Literatura e estudos animais: diálogos entre saberes Angela Guida (UFMS) Esta palestra se propõe a apresentar uma reflexão acerca de que maneira se dá a representação da animalidade em performances artístico-literárias; logo, é relevante aclarar que se trata de um trabalho no qual serão discutidas questões preferencialmente ligadas à animalidade no território da ficção. Desde tempos longínquos, que um vasto bestiário ficcional tem se erigido em distintas manifestações artístico-literárias, no entanto, nem sempre essa presença da animalidade se dá como diálogo, mas sim como uma representação na qual a figura do animal aparece de forma subjugada, isto é, pela via da metáfora animal, que ora se apresenta sob a face da zoomorfização, ora, da antropomorfização; colocando, em muitos casos, o animal não humano em condições de assujeitamento em relação ao humano. Assim, pretende-se engendrar uma discussão em torno dessas questões, a partir do diálogo com um amplo bestiário literário, bem como com o campo de investigação denominado Animal Studies. Palavras-chave: Animalidade; artes; literatura; diálogo. MESA-REDONDA I: Contribuição da universidade na defesa do respeito e da dignidade animal Literatura e Ecocrítica: militância, teoria e prática Zélia Bora (UFPB) A presente apresentação objetiva dialogar sobre as práticas discursivas relacionadas à expansão do campo crítico-teórico no que se refere ao Direito dos Animais e a defesa do meio-ambiente, tomando, por exemplo, a criação de projetos desenvolvidos nas Universidades e a sua aplicação na comunidade. Palavras-chave: Universidade Federal da Paraíba, Literatura, Ecocrítica. Em defesa dos animais não humanos Evely Libanori (GAIA/UEM) A apresentação visa mostrar os ideais e as ações do Grupo de Atividades Interdisciplinares sobre os Animais (GAIA) cujos integrantes possuem vínculo com diferentes cursos de graduação e pósgraduação da UEM e estudam Ética Animal ligada à libertação dos animais não humanos. As pesquisas e os projetos do Grupo têm por objetivo despertar a consciência das pessoas para o fato de que os animais merecem respeito ético. Palavras-chave: Universidade Estadual de Maringá, Grupo de Atividades Interdisciplinares, defesa dos animais. Ações do “Projeto Bigodinhos Carentes” na UERJ Eliene Narducci (UERJ/PBC) Esta apresentação tem o propósito de expor as ações desenvolvidas pelo “Projeto Bigodinhos Carentes” nas dependências da UERJ. Para tanto, faremos um breve histórico do surgimento do projeto e de como este trabalho voluntário vem sendo realizado desde 1999 até o presente momento, gerando uma interessante rede solidária composta por alunos, funcionários e professores da instituição. Palavras-chave: Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Projeto Bigodinhos Carentes, voluntarismo.

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MESA-REDONDA II: Presença animal em obras de Clarice Lispector Humano, demasiado Lispector: o estranho mundo animal na tensão identidade-alteridade clariceana Valeria Rosito (UFRRJ/GEDIR) Estas considerações se organizam em torno da figuração da vida animal na escrita de Clarice Lispector, sobretudo aquela compreendida por suas crônicas nas edições de sábado no Jornal do Brasil, de meados dos anos 1960’s até início dos anos 1970’s. Distante da dicção politicamente correta imprimida aos discursos científicos e políticos do século XXI, a escritora busca a formulação do eu a partir do contato radical com o não-eu. O duelo se formula em entrechoques e fusões com o estranho (Freud, 1919; 1976) que atravessam relações entre classes sociais, gêneros, faixas etárias e atingem o paroxismo ao se flagrarem no universo animal, seja em sua face ‘humanizada’, discutivelmente ‘encantadora’, dos animais domésticos, ou seja naquela ‘repulsiva’, dos ratos ou das baratas. Palavras-chave: Clarice Lispector; figuração animal; estudos de gênero; identidade-alteridade; teoria literária. A ética animal em Clarice Lispector Evely Libanori (UEM) Maiara Usai Jardim (UEM) O objetivo dessa apresentação é mostrar o pensamento ético em relação aos animais na obra de Clarice Lispector. A identidade das personagens leva em conta a animalidade do ser humano. Personagens humanas e animais vivem sentimentos de amor, partilham o mesmo destino, padecem as mesmas sensações, sentem as mesmas felicidades e dores. A autora problematiza o modo como nos relacionamos com os animais. Eles interessam em sua própria vida, em sua singularidade. Em Clarice, os animais não existem para o ser humano, como é hoje, em nossa sociedade. Os animais existem com o ser humano e um interage com o outro em nível existencial. O embasamento teórico da pesquisa será a Ética Animal, ramo da Filosofia que defende a necessidade de expurgarmos da nossa concepção moral tudo que estiver baseado na discriminação de espécies para sermos éticos também com os animais não humanos. As principais ideias que darão suporte para análise pertencem a filósofos da Ética Animal e são eles: Peter Singer com Libertação Animal, Sônia T. Felipe com Ética e Experimentação animal e Acertos Abolicionistas, e Carol Adams com A política sexual da carne. Palavras-chave: Clarice Lispector, ética animal, identidade.

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RESUMOS – COMUNICAÇÕES Metáfora animal em Santa Evita: Modo de narrar Adriana Ortega Clímaco (IFSP-Jacareí) Este trabalho tem como objetivo discutir a metáfora animal presente no romance Santa Evita (1995), de Tomás Eloy Martínez (1934-2010), escritor argentino. Nessa obra, em que história e ficção constituem margens complementares, recria-se o mito de Evita, narrando-se a biografia de María Eva Duarte de Perón (1919-1952), uma das figuras emblemáticas do peronismo, com ênfase nas aventuras de seu cadáver embalsamado. A partir das reflexões de Ferreira (2005) e Guida (2011) sobre metáfora animal e estudos animais, respectivamente, o trabalho discute ainda o uso da imagem da borboleta não apenas como símbolo de Evita e de sua metamorfose, mas como o próprio modo de narrar, visto que o narrador, metaficcionalmente, declara sua opção de realizar a narrativa como a borboleta com a qual sonhara e, assim, relativiza os limites entre história e ficção. Esse tratamento da metáfora animal parece indicar a ultrapassagem do antropocentrismo geralmente registrado na representação literária dos animais. Palavras-chave: Metáfora Animal, Modo de Narrar,Tomás Eloy Martínez. El jaguar: representaciones entre lo oral y lo escrito en los cuentos de El arco y la flecha, de Luis Urteaga Cabrera Aliza Yanes Viacava (UNMSM) Esta presentación se propone analizar el papel que cumple el jaguar en los cuentos del libro El arco y la flecha (1996), del escritor cajamarquino Luis Urteaga Cabrera, centrándose en la caracterización que recibe comparada con las cualidades que ostenta en la tradición oral amazónica, principalmente la de la cultura shipibo-conibo (y por ampliación la de la familia Pano), materia de influencia en dicho texto. El jaguar es uno de los animales más importantes y representativos de la Amazonía, y protagonista de innumerables relatos en todas las culturas indígenas de ese territorio. En El arco y la flecha es la fiera que está presente en la mayoría de cuentos, y esta presentación busca evidenciar de qué manera el trato literario que se le da mantiene refuerza o modifica su simbología original. De esa forma se podrá determinar el grado de influencia de la tradición oral amazónica en la narrativa de Urteaga, así como los cambios y matices que se configuran al pasar del discurso oral al escrito. Palabras clave: jaguar, arquetipo, función, oralidad. A "máquina-antropológica" em ação: o aniquilamento do não humano em relatos fantásticos de Juan José Arreola, Antonio Di Benedetto e Julio Cortázar Ana Carolina Macena Francini (USP) Este trabalho apresenta um breve estudo de três contos publicados na América Latina durante o pósguerra, período em que as concepções dominantes sobre o humano entram em crise e nota-se um inegável interesse em problematizar os conceitos sobre humanidade e animalidade, por meio da ficção. A análise desses contos, considerados pertencentes ao modo fantástico da literatura, indaga sobre como o sentimento perturbador que caracteriza esse estilo pode surgir a partir da peculiar relação que se estabelece entre o humano e o animal, e mais especificamente, da transgressão das fronteiras que separam esses dois universos, que – sob uma perspectiva logocêntrica moderna – parecem tão distanciados: cultura e natureza ou civilização e barbárie. Os relatos escolhidos são:

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“Carta a una señorita en París”, do livro Bestiario (1951), de Julio Cortázar; “Bizcocho para polillas”, do livro Mundo Animal (1953), de Antonio Di Benedetto e “Pueblerina”, do livro Confabulario (1952), do autor mexicano Juan José Arreola. Palavras-chave: Arreola, Benedetto, Cortázar, animal. Deslocamentos externos e internos na escrita de Anna Kazumi Stahl: relações de identidade e gênero Ana Cristina dos Santos (UERJ) Os deslocamentos se transformaram na nova condição da humanidade e caracterizam o momento atual das sociedades. Deslocar-se permite o encontro com o outro e, consequentemente, um constante processo de reconfiguração da subjetividade. Identidade e espaço são conceitos imbricados na experiência dos sujeitos da contemporaneidade, principalmente nas obras produzidas por escritoras desenraizadas, como Anna Kazumi Stahl. Através dos contos presentes na segunda parte do livro Catástrofes naturales (1997), intitulado "La isla de los pinos" pode-se perceber os deslocamentos externos e internos pelos quais passam a narradora autodiegética. Nesses contos, a narradora desloca-se para um bosque verde às margens de um lago onde está a casa de seus avós. Nesse espaço, os animais se convertem em protagonistas e têm um papel importante sobre o qual se criam todos os relatos: cachorros, cigarras, borboletas, peixe. O olhar minucioso da narradora manifesta uma sensibilidade etológica ao descrever o espaço e o comportamento desses animais, relacionando-os diretamente aos comportamentos humanos. Sob essa perspectiva, este trabalho objetiva analisar como essa relação modifica e, consequentemente, redefine o sujeito feminino que narra os contos. Para a análise proposta, utilizam-se as teorias de Lattanzi (2013) sobre a poética de Stahl; de Velasco Marín (2007) e Clantler (2010) para as relações de gênero; de Toro (2010), Augé (2007) para as noções de espaço e deslocamento e Hall (2005) para o conceito de identidade na contemporaneidade. Palavras-chave: identidade, gênero, deslocamento, Ana Kazumi Stahl. O papel dos animais na Guerra do Paraguai Ana Lúcia Silva Resende de Andrade Reis (UERJ) A desastrosa campanha militar do Brasil na Guerra do Paraguai possui um elemento de extrema importância até então desconhecido de historiadores e pesquisadores: a presença dos animais típicos da região fronteiriça Brasil-Paraguai nesse enredo. A campanha militar passa a ser secundária para uma tropa pouco afeita às batalhas e desprovida de treinamento e táticas específicas para a região do conflito: a selva. Sem condições de comunicação, sem efetivamente estar em contato com o inimigo (parte da tropa ficou perdida na selva), os soldados tinham diante de si o tempo e o território a ser explorado e observado. Os insetos foram os principais inimigos dos ociosos soldados: formigas, cobras, jabutis e piolhos. A partir do ponto de vista dos animais, os invasores eram os soldados, que perturbaram a ordem e a tranquilidade que antes reinavam na zona do conflito. Mas estes serviram também de inspiração aos soldados que se inspiraram na organização e na hierarquia das colônias de formigas para trazer um modelo ao caótico modo de vida na selva. Para ilustrar o trabalho vamos utilizar a visão do antropólogo Eduardo Viveiros de Castro e a obra de Sergio Medeiros sobre o tema. Palavras-chave: Animais, Guerra, Violência.

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Breves confesiones de un zanate observador Ana Luisa Acevedo-Halvick (UFRJ) Este trabajo pretende hacer algunas confesiones sobre lo que ha sido la representación animal en la literatura guatemalteca en los últimos setenta años en la voz de un zanate observador tanto del campo como de la urbe. Un zanate presente, en todo momento, ha sido testigo de la literatura criollista en La mansión del pájaro serpiente o la denuncia de la cacería furtiva en la selva petenera (Rodríguez Macal, 1951); en la poesía de varios representantes del grupo Nuevo Signo (Villatoro, 1984; Arango, 1971; Ak’abal 1993) ávidos de la compañía del cantar y de la sombra de los pájaros. Hoy sigue siendo testigo de las escrituras más jóvenes del país en las que varios animales tienen una vida urbana entre borrachos, drogadictos, caminatas dominicales, etc. (Mendez, 2004; Payeras, 2013). Junto al zanate este trabajo pretende pasar revista a las escrituras más leídas de Guatemala hasta hoy día para así dar cuenta de que los animales a pesar de las vicisitudes históricas del país no dejan de ser ajenos a nuestra vida y que son parte de la realidad que ha acompañado a diferentes géneros literarios del país centroamericano. Palavras-chave: cuentos, poesía, animales, Guatemala. “Com seus grandes olhos de fogo”: do simbolismo alquímico da salamandra no conto “O Vaso de Ouro” de E. T. A. Hoffmann Andressa Furlan Ferreira (UFPB) “O Vaso de Ouro” (Der goldne Topf) é um conto fantástico de 1814, escrito por E. T. A. Hoffmann, um dos maiores expoentes da literatura fantástica alemã do início do século 19. O presente trabalho tem como objetivo a abordagem do personagem Lindhorst, o qual se apresenta como um arquivista e também como uma salamandra, a fim de demonstrar a relevância e o simbolismo desse animal na composição do referido conto. A análise dessa produção literária contará com o apoio da literatura alquímica, especificamente do conteúdo dos manuscritos classificados como MS 5025 (British Library) e associados a George Ripley de Bridlington – notável cônego e alquimista inglês do século 15 –, uma vez que o enredo do conto encerra características alquímicas similares aos emblemas ilustrados naqueles escritos. A partir desse estudo, será possível identificar as atribuições simbólicas conferidas à figura da salamandra, as quais foram estabelecidas pela tradição alquímica e perpetuadas pela literatura de Hoffmann. Palavras-chave: salamandra; Hoffmann; alquimia. Animais fantásticos na narrativa curta de Murilo Rubião e Xosé Luís Mendez Ferrín Angélica Maria Santana Batista (UERJ) Sabe-se que a literatura tradicional se coloca como texto que representa um imaginário mágicoreligioso cuja idiossincrasia é a emergência de uma realidade mágica em que o sobrenatural pode ser visto como algo diferenciado do que é humano. Neste sentido, os animais são uma espécie de ponte entre o humano e o extraordinário. Talvez pelo fato de ser herdeira de uma tradição mágicoreligiosa, a literatura fantástica é rica na emergência de animais fantásticos. Há sempre a presença de animais como constante na narrativa fantástica seja pelo respeito à tradição que lida com o imaginário mágico presente na emergência da natureza e, assim, muito rica na simbologia animal; seja pela ressignificação do imaginário mítico que, evidentemente, atualiza a presença anímica no cotidiano do homem. Os contos do brasileiro Murilo Rubião e do galego Xosé Luís Méndez Ferrín são exemplos claros de tal posicionamento. Pretende-se aqui fazer uma comparação entre os contos "Os dragões", de Murilo Rubião e "Grief", de Méndez Ferrín, como textos exemplificadores da

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presença dos animais nas literaturas brasileira e galega, pensando no primeiro como releitura da tradição medieval que lida com os dragões e no segundo como revisão dos contos maravilhosos. Palavras-chave: Comparatismos; Fantástico; Brasil; Galiza. “Tríptico del gato”: inocência x crueldade na narrativa tripartida de José Emilio Pacheco Antônio Ferreira da Silva Júnior (CEFET-RJ - UFRJ) O “Tríptico del gato” é considerado pela crítica literária como o primeiro esboço narrativo do escritor mexicano José Emilio Pacheco, publicado na Revista Estaciones em 1956. Ao reconhecer a constante necessidade de reescritura de seus textos, Pacheco publica uma nova versão da minificção em 1990. Nesta comunicação, busca-se estabelecer conexões entre as duas versões do texto, dando ênfase para a ironia como técnica narrativa adotada pelo autor e a comparação de representações “gato” x “homem” na tripartição da narrativa em três momentos: “Biografía del gato”, “El gato en la noche” e “Los tres pies del gato”. A narrativa de Pacheco apresenta uma criança como protagonista, aspecto recorrente em sua contística, no entanto, o autor desmitifica essa fase como uma etapa de pureza, inocência e felicidade, já que defende a maldade como um traço inato do homem. A intolerância da mãe em relação ao pedido do filho para a amputação de uma das patas de uma gata é a trama central da narrativa de Pacheco, denunciando uma sociedade cruel, repleta de maldades e insensibilidade. A representação do gato como animal de instinto selvagem, cruel e de caráter duvidoso é relacionada ao perfil do homem no cenário conturbado dos grandes centros urbanos. Os estudos de Bauman (2009), Beristáin (2000) e Pellicer (1990) fundamentam o estudo. Palavras-chave: Ironia, narrativa, crueldade, espaço urbano. Labirintos rosianos: Animais humanos em Ave, Palavra Betina Ribeiro Rodrigues da Cunha (UFU) Esta apresentação está alicerçada em trabalhos iniciais de uma pesquisa de pós-doutoramento que pretende investigar como os animais têm sido representados por Guimarães Rosa em Ave, Palavra, com vistas a verificar a presença e o papel que estes animais desempenham na produção e conformação da poética rosiana, a partir de uma perspectiva crítica condizente com as demandas culturais do século XX. Palavras-chave: Narrativa, Gêneros literários, animais, ética. Karenin, equilíbrio, modernidade Cláudia Regina da Silva Rodrigues (UFRJ) Esta proposta de comunicação implica em um estudo centrado na representação animal na obra A Insustentável Leveza do Ser de Milan Kundera. Utilizamos como suporte teórico o conceito de leveza de Ítalo Calvino presente em “Seis Propostas para o Próximo Milênio” e também a explanação sobre a fragilidade dos laços afetivos de Zigmunt Bauman em “Amor Líquido”. Segundo Calvino a concepção de leveza relaciona-se a elementos diversos que permeiam textos literários, capazes de fazer com que o leitor vivencie esta sensação. Para ele a literatura tem função existencial, como busca de leveza como reação ao peso do viver. E porque não falar também no “peso” dos relacionamentos na frouxidão dos laços afetivos como menciona Bauman? Karenin é a cadelinha que aparece em Kundera. Esta passa a ser a maior amiga de Tereza e fonte de amor verdadeiro que consegue trazer equilíbrio ao casal (seus tutores). Kundera exemplifica o amor realmente puro através de Karenin. A entrega afetuosa entre nós é quase sempre repleta de reivindicações e desejos, queremos amar e sermos amados, do contrário algo está errado! Porém, o

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amor nutrido por um animal é livre, não há cobranças e não força ninguém a nada; amor desinteressado, sem conflitos. Palavras-chave: Peso, leveza e equilíbrio. Entre existentes-não-reais: a poesia como exercício de alteridade em Amar um cão, de Maria Gabriela Llansol Dolores Oliveira de Orange (UFMG) No curto e intenso livro Amar um cão, da poetisa portuguesa Maria Gabriela Llansol, humano e não-humano manifestam uma economia geral de alteridade e, através da poesia, criam um campo intersubjetivo humano-animal. As categorias humano-animal, racional-irracional e cultura-natureza não passam por uma revisão explícita, mas figuram nas entrelinhas como uma espécie de espectro a instaurar no leitor um estranhamento, próprio à poesia, é certo, mas próprio também aos elementos que provocam deslocamento nos esquemas prontos de interpretação do universo e do animal. Nessa obra, tanto homem quanto animal assumem a posição de sujeito na perspectiva do Outro. No entanto, Llansol parece sugerir que, quando o Outro é um animal, o homem, habituado à doxa de análise dos viventes não-humanos, precisa ensaiar um salto poético ou xamânico para alcançar o improvável: livrar-se das categorias. Em uma aproximação ousada, é possível dizer que, ao romper com o pensamento tradicional, Llansol elabora uma poesia xamâmica, estabelecendo um diálogo transespecífico. Ao negar os enquadramentos mesquinhos, o animal deixa de ser visto como ser acabado e impenetrável: torna-se aberto. A poesia de Llansol atravessa então o animal. A sua textualidade, nos termos da escritora, aborda o real-não-existente e, fora das prisões cartesianas, a poesia encontra um mundo múltiplo. Palavras-chave: Llansol, poesia, diálogo transespecífico e xamanismo. A máquina-bestiário de Cortázar: Tentativas de produção de outras formas de narrar e de viver Fabio Ferreira Coutinho (Faculdade Machado de Assis) Este trabalho objetiva investigar a presença de animais na máquina ficcional de Julio Cortázar e sua relevância como uma das molas de construção e destruição do circuito narrativo desse escritor argentino. Com base nos estudos de Davi Arrigucci Jr., Todorov e Huizinga, intenta-se validar a tese de que o reino animal de Cortázar, presente em Bestiário, funciona como combustível ficcional que, de modo ambíguo/ambivalente, desmonta engrenagens da narrativa e realiza a montagem de outros circuitos (im)possíveis da escrita ficcional. Em outras palavras, espera-se ratificar a tese de que os animais de Cortázar funcionam como operadores de uma nova realidade, de um outro mundo possível, tanto no plano das histórias narradas como no âmbito das técnicas e estratégias de produção de literatura. Palavras-chave: Teoria Literária, Crítica Literária, Literatura latino-americana. Federigo Tozzi: encontros com animais Fabrizio Rusconi (UFRJ) O escritor italiano Federigo Tozzi (1883-1920) recolheu sob o título de “Bestie” curtos fragmentos em prosa, cada qual dedicado a um animal. São fugazes aparições de animais selvagens: cotovias, pombos, sapos, lagartos, merlos, em que transfigura-se a realidade interior do escritor. A troca simbólica, que intervém entre aparição animal e experiência existencial, faz-se programática na poética do autor, pela qual “a realidade das coisas depende dos nossos sentimentos”; o símbolo jorra

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na sua plasticidade polissêmica pelo encontro de uma interioridade com o exuberante mundo. A prosa de Tozzi mostra ao leitor paisagens campestres, vistas rústicas, as profissões humildes de camponês e artesão, uma realidade na qual as epifanias das coisas pequenas da natureza, devido à sua precariedade, se tornam grandes e esplêndidas aos olhos do poeta que sabe que o progresso urbano e industrial já as condena à morte, na burguesa indiferença do novo cidadão. Para o estudo proposto, partiremos do conceito de “alegorismo vazio” de Eugenio Montale e também contaremos com uma abordagem teórica pautada em estudos sobre bestiário (Bulzoni, 2001; Milano, 2007). Palavras-chave: Federigo Tozzi, Bestie, encontros, natureza, animais. A raiva acabou para quem? Perplexidade e poder na contística de Mario Benedetti Gabriel Macêdo Poeys (SEEDUC\UFRJ\CAPES) A década de 1950 é um divisor de águas na história uruguaia, sobretudo no que tange ao seu declínio econômico e a consolidação de um novo estilo de vida. “Se acabó la rabia”, escrito em 1956, é o décimo primeiro conto do livro Montevideanos (1959) do escritor uruguaio Mario Benedetti e retrata a vida de um casal sem filhos de classe média. No conto, naturalizam-se situações modernas: ambos, marido e mulher são os arquétipos desta nova classe trabalhadora que preenche a cidade, o cão, por sua vez, passa a integrar o ambiente familiar, interferindo e se adaptando aos novos valores modernos. Essa análise privilegia o sentimento de perplexidade bem como o de poder atribuído ao Amo e submetido ao cão. A leitura privilegiará as contribuições de Bourdieu (1998) para tratar da violência simbólica que se insere no conto e Deleuze (1987) para a análise critica dos signos presentes nessa obra. Ao perceber a peculiaridade e a distinção de como a modernidade se apresenta na periferia do capitalismo, laçou-se mão da leitura de investigadores como Arteaga (2008), Bauman (2001), Betthel (2002) e Berman (2007). Palavras chave: Poder, cidade, modernidade, Mario Benedetti. Quem é Biruta? Gisele de Carvalho (UERJ) Tania Shepherd (UERJ) Diferentes discursos remetem a perspectivas distintas sobre o mundo. Os discursos representam o mundo não só como ele é, mas também como aparenta ser aos olhos de quem o vê e dele constrói representações. Esta apresentação tem por objetivo analisar as representações de um cão, especificamente do cão-personagem chamado Biruta, do conto homônimo de autoria de Lygia Fagundes Telles. A fim de respondermos à pergunta do título, faz-se necessário investigar a representação que o narrador, o protagonista e duas personagens secundárias constroem em seu discurso sobre o cão e também sobre seu dono, Alonso. Para tal, associamos de forma inovadora as categorias analíticas propostas por van Leeuwen (1997) em "A representação dos actores sociais", com o texto de ficção. No trabalho são acionadas aquelas unidades que dizem respeito à agência – quem é representado como agente e como paciente e de que processos –, à nomeação e à categorização dos personagens, buscando verificar, por exemplo, quem é representado por meio de uma identidade única. Os resultados permitem-nos não só mapear como o cão e seu dono são representados nos discursos, mas também discutir como cada tipo de representação é indício das diferentes vozes da sociedade que se manifestam no conto. Palavras chave: representação; ator social; cão.

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Por uma literatura exorcizadora: Julio Cortázar e a escrita instintiva brutal de “Carta a una señorita en París” Gisele Reinaldo da Silva (UFRJ) No ano de centenário do escritor argentino Julio Cortázar, celebrado em 2014, nota-se que sua contística bestial e exorcizadora ainda é tão intrigante, vanguardista e moderna quanto outrora. Esta apresentação, desse modo, propõe uma leitura sobre o conto “Carta a una señorita en París”, publicado na obra Bestiario, em 1951, no qual o escritor dá vida a instintos humanos animalescos, quer dizer, a um personagem cujo vômito de coelhos é tão real quanto exorcizador, sendo tal experiência narrada de forma epistolar e confessional, uma vez que o narrador adota a primeira pessoa do singular, no papel de protagonista, dirigindo-se a uma segunda pessoa, destinatária interna da narração. O drama humano e social provocado pela experiência insólita de vomitar coelhos modifica a realidade cotidiana natural criando novos ritos de passagem, cuja definição conceitual, ao longo deste estudo, baseia-se no livro Os Ritos de Passagem, propostos pelo antropólogo Arnold Van Gennep (1978). Palavras-chave: Julio Cortázar, Arnold Van Gennep, Ritos de Passagem, “Carta a una señorita en París”. Josefina: performance, tradição e a tarefa do intelectual Gleyson Dias de Oliveira (UFRJ) Pretendemos analisar três conceitos no conto Josefina – a cantora, ou o povo dos camundongos, de Franz Kafka: performance, tradição e o intelectual como forma de luta. O canto de Josefina é a potência da luta intelectual e artística, é o seu único instrumento de luta. A apresentação da luta intelectual está posta na performance que ela exibe para o povo dos camundongos, sua luta só se torna presente através do canto, e seu canto está estruturado na tradição. A tradição será a potencialidade ou a constante reprojeção de si mesma, isto é, a tradição como revisão do passado e a possibilidade do vir-a-ser vindouro. Ela é o espaço aberto, o lugar das experiências, da narração; a tradição dialoga com o presente e faz com que o seu lugar seja o solo onde o povo atualizará as lutas do presente. Nosso referencial teórico está baseado nas obras de Iser, Gadamer e Derrida. Palavras-chave: Kafka, performance, tradição, intelectualidade. Personagens animais de Andara: a representação e o irredutível Heloísa Helena Siqueira Correia (UNIR) Vicente Franz Cecim é narrador e poeta amazônico contemporâneo que nasceu e vive em Belém. Nas proximidades da floresta e do imaginário que ela comporta, o escritor dedica-se, desde a década de 1970, à obra Viagem a Andara: o livro invisível (1988). O título refere-se a uma região e/ou cosmos invisível, imaginário e onírico, ao mesmo tempo que pode ser concebida como transfiguração ou metáfora da Amazônia. A obra é um não-livro que pretende realizar a proposta de uma literatura fantasma, texto que se escreve com tinta invisível e contempla o que pode existir de forma e de modo invisível. Tudo o que dela sabemos se encontra nos 17 livros que o autor denomina livros visíveis de Andara. Cada um deles reporta, remete ou alude a Andara de modo que todos pressupõem sua existência variada e caminham em direção a Andara. Sua escrita é um convite à prosa poética, linguagem elíptica e insólita e que pressupõe o silêncio e o mistério. Esta apresentação incide sobre as três primeiras obras visíveis A asa e a serpente, Os animais da terra e

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Os jardins e a noite (1988). Para o estudo proposto, pautaremos-nos em Derrida, (1991), Nietzsche (1996) e Foucault (1987). Palavras-chave: Literatura amazônica, Vicente Franz Cecim, Viagem a Andara: o livro invisível. O dragão como figura e símbolo imaginário na Idade Média e na atualidade Igraínne B. Marques (UERJ) A Idade Média, em sua história conceitual, foi um grande marco na civilização, apresentando mudanças culturais e sociais de suma importância. Um olhar mais atento poderá desvendar tradições e lendas que caracterizam e entremeiam o simples hábito de contar histórias – a crença e a religião sobrepondo-se, misturando-se à imaginação, dando forma a sonhos e simbologias que ultrapassam séculos. A figura do dragão, nesse sentido, acaba por ganhar espaço e interpretações específicas, chegando a ser comparado a outros animais e figuras (fantásticas, como grifos, ou comuns, como aves). Objetiva-se desmistificar a imagem dragoniana, evidenciando que sua simbologia ultrapassa o óbvio e tangencia histórias e mitos maiores, sempre carregando ideias de transformação e revelação. Para embasar tais perspectivas, serão utilizadas interpretações e pesquisas referenciais, como as produzidas por Jacques Le Goff, além de bestiários e dicionários de símbolos (como o de Chevalier). Busca-se, acima de tudo, averiguar e analisar interpretações acerca do imaginário medievo, seja pelo sonho, seja pela história popular, além de se aprofundar numa tradição medieval que cultua e semeia costumes por meio da crença, culminando na imagem final do dragão. Palavras-chave: Dragão, Fantástico, Medievo. A bruxa e seu gato preto: a relação entre animais e bruxaria Isabelle Rodrigues de Mattos Costa (UERJ) O objetivo deste trabalho é analisar a relação entre a figura da bruxa e os diversos animais a ela atribuídos, como os Espíritos Familiares: pequenas criaturas que além de fiéis companheiros auxiliavam a bruxa em seus trabalhos mágicos. Tendo em vista a pesquisa de historiadores como Owen Davies e Marion Gibson, serão abordados alguns relatos históricos de acusações de bruxaria na Inglaterra e nos Estados Unidos em que se caracterizava a aparição de Espíritos Familiares, analisando-se que espécie de animal costumava ser frequentemente mencionado e quais animais costumam acompanhar as bruxas em obras literárias. Também será abordada a capacidade da bruxa de se transfigurar em um animal, relacionando os casos históricos com representações literárias, como, por exemplo, o conceito de Animago presente na série Harry Potter. Para analisar a natureza dessas diversas relações, abordaremos a figura da bruxa como monstro feminino, que, segundo Bram Dijkstra, aparecia como uma mulher de índole animal que representava o passado em que os instintos básicos reinavam e por isso passou a ser considerada uma criatura predadora. Palavras-chave: Bruxa, magia, animais. O animal não humano na literatura e os impactos em narrativas curtas Jânderson Albino Coswosk (PUC-RJ) Há muito tempo, o animal não humano se faz presente na literatura, ora para representar o ser humano e seu cotidiano metaforicamente nas fábulas, ora para enfatizar a sua utilidade para a humanidade. Todavia, algumas narrativas trazem à tona a presença do animal não humano fora dessa via metafórica, distante do jeito de narrar tradicional, o que foge a nossa expectativa de leitores quanto a esse encontro de heterogêneos. Pretende-se levantar algumas reflexões sobre a

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maneira que o encontro entre o animal humano e não humano desembocam nas questões de linguagem e racionalidade e perceber os desdobramentos desse encontro, partindo de um prisma aristotélico e cartesiano e estabelecendo diálogos com alguns teóricos contemporâneos, como Rita Leal Paixão, Pedro Galvão e, em especial, Eduardo Viveiros de Castro e Jacques Derrida, que desestabilizam a objetividade da visão hegemônica e substancializada frente às relações que o homem estabelece com o “outro” não humano, deslocando-nos dessa teórica superioridade em relação às outras espécies. A literatura, aqui, tal como Derrida assinalou, é vista como intercessora nessa nova maneira de pensar e abordar o animal não humano, distante do ponto de vista mimético e puramente biológico. Palavras-chave: Animal não humano. Linguagem. Literatura. Uma estranha realidade familiar: a representação do animal e o advento da modernidade na obra de José J. Veiga João Olinto Trindade Junior (UFRRJ/UERJ) A literatura sempre foi o espaço por excelência da representação da figura do animal. Passando por espaços como os da mitologia grega e pelos bestiários medievais, o texto ficcional proporcionou ao escritor a constante representação de um mundo tomado por criaturas fantásticas – e, algumas, nem tanto -. Demonstrados como representação das forças da natureza – como Cila, em “A Odisseia”, destruidora das embarcações incautas -, ou, às vezes, reflexos do próprio homem – e, nesse caso, temos uma gama de seres antropomórficos, como a Esfinge e a Medusa -, essas criaturas sempre foram uma constante no texto – oral e escrito – como forma de representação do mundo daquela que conta/escreve sua história. Na obra do goiano José J. Veiga não são uma exceção: surgem ora como representação do interior de um Brasil intocado pelo homem, ora como resposta ao avanço de uma "modernidade tardia", fruto das mudanças sociais ocorridas em diferentes épocas. A obra do escritor constantemente se vê invadida por criaturas fantásticas que guiam o fio da narrativa. Por esse viés, propomos no seguinte trabalho uma leitura desses seres na obra do escritor goiano e sua contribuição para o desenvolvimento da narrativa. A leitura proposta na presente apresentação será embasada nos apontamentos feitos por Todorov, em "Introdução à Literatura Fantástica" (1992), no qual aborda a representação anímica na literatura fantástica como manifestação de um discurso contra-hegemônico. Serviremo-nos, também, das considerações feitas por Linda Hutcheon em "Poéticas do Pós-Modernismo" (1991), ao propôr uma releitura do passado de forma crítica, permitindo que a leitura do passado promova uma transformação na sociedade contemporânea. Palavras-chave: José J. Veiga, Animal, Modernidade, - Fantástico, Contra-Hegemonia. “Os gatos, os queridos gatos, sempre ao pé” de Adília Lopes Karina Uehara (USP) A proposta deste trabalho é pensar a imagem do gato na poesia de Adília Lopes. Para tanto, selecionamos, de Dobra (2014), os seguintes poemas: “A minha gata morreu”, “Mea culpa” e “O Raposão gato”. No primeiro poema, constrói-se um eu que precisa do outro, no caso, um gato, para existir. No segundo, há a confissão de um ato cruel e irremediável praticado contra felinos. E, por último, a tentativa de proteger um gato do riso cruel. A desierarquização, somada ao afeto e à compaixão pelos bichos, revela a posição ética que a poetisa estabelece com os animais em geral. Ela não exclui o diferente, mas o reconhece. Fundamentando-se nos estudos de Rosa Maria Martelo, pretendemos mostrar como a crueldade, o sofrimento e a humilhação, atrelados à imagem do gato, possibilitam uma revalorização entre estética e ética e, sobretudo, dos animais não humanos. Além disso, os estudos sobre zooliteratura de Maria Esther Maciel, a abordagem bioética

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de Peter Singer e os escritos de John Berger sobre o animal permitiram uma leitura desse gato adiliano e da relação estabelecida entre o felino e o sujeito poético. Palavras-chave: Adília Lopes; Poesia portuguesa contemporânea; Gato; Zooliteratura. A metáfora canina em Patrick Modiano Laura Barbosa Campos (UERJ) Patrick Modiano, escritor francês laureado com o Nobel de literatura 2014, é ainda pouco conhecido no Brasil. É certo que a literatura de Modiano forma um todo coerente no qual a marca da Ocupação é evidente desde sua primeira publicação, em 1968, até os livros mais recentes. Modiano exerceu um papel determinante no movimento de releitura histórica dos traumáticos anos de Ocupação alemã e na reelaboração da memória coletiva na França. Sua obra, entretanto, não se reduz a essa temática, ela trata de questões identitárias, de comportamentos dúbios, de incertezas e, sobretudo, é uma literatura em constante luta contra o esquecimento, sempre em busca de vestígios e traços do passado dentro de uma atmosfera nebulosa. Nesse contexto, a presença de metáforas caninas é uma constante e funciona como um contrapeso ao vazio do mundo. Na autobiografia do autor, intitulada Um Pedigree (2005), lê-se: “eu sou como um cão que finge ter pedigree”. Na literatura, a imagem do cachorro foi, muitas vezes, ligada à experiência do genocídio. O animal pode sugerir a condição dos sobreviventes da Shoá, aqueles que, sem defesa e sem lar, se viram condenados a deslocamentos sucessivos em busca de alimento e repouso. Em A Trégua, Primo Levi se compara a um "cão errante" quando relata a condição sub-humana pela qual passou, durante a sua peregrinação pela Europa semidestruída, no final da Guerra. Em Modiano, o cachorro exerce muitas vezes a função de mediador com o passado em um universo que parece estar à beira da dissolução. Neste trabalho, buscarei refletir sobre a importância da identificação dos narradores de Modiano com a imagem do cão sem dono. Palavras-chave: Patrick Modiano; cão; identidade. A inconstância do corpo Leomir Silva de Carvalho (UFPA/CAPES) Sílvio Augusto de Oliveira Holanda (UFPA) Esta apresentação visa problematizar os limites da linguagem revelados na tensão entre homem e animal presente na narrativa “Meu tio o Iauareté”, de João Guimarães Rosa. Segundo Barthes, no texto Aula (1978), a linguagem identifica-se ao poder como lugar de reprodução e continuidade das estruturas de opressão. Ao lado disso, baseia-se também em Tesis sobre la metamorfosis (2011), de Jens Anderman, e em A inconstância da alma selvagem (2002), do antropólogo Viveiros de Castro. Anderman, buscando pensar relatos de metamorfose da literatura latino-americana, se questiona sobre a possibilidade de a metamorfose, apropriando-se da fluidez entre o humano e o animal, conceder a palavra a um outro, não dominante. Viveiros de Castro, a partir da leitura de cronistas do século XVI, afirma o valor da alteridade na cultura ameríndia, em contraposição à relevância da identidade para os colonizadores. Nesse contexto, a metamorfose, “a troca de pele”, do narrador no conto rosiano se dá como metáfora do descentramento, do devir outro, que sob uma perspectiva mais radical o aproxima da animalidade. Assim, a tensão entre o português e o tupi revela uma gradual sobreposição do elemento selvagem na narrativa, a palavra/ corpo se transforma e hostiliza seu interlocutor com a ameaça de devoração. Palavras-chave: Linguagem. Metamorfose. “Meu tio o Iauareté”.

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“Onça sabe quem mecê é”: o devir-animal e a “diferOnça” em “Meu tio o Iauaretê”, de João Guimarães Rosa Leonardo Augusto Bora (UFRJ) O conto “Meu tio o Iauaretê”, presente na coletânea “Estas estórias”, de 1969, foi considerado pelo antropólogo Eduardo Viveiros de Castro um dos pontos culminantes da literatura universal, dado o caráter perspectivista da narrativa rosiana. No texto, a exemplo do que faz em “Grande Sertão: Veredas”, Guimarães Rosa apresenta ao leitor um diálogo fraturado: apenas a voz de um dos interlocutores é materializada no papel, convertendo-se em monólogo. O autor da fala é um onceiro do sertão, sujeito meio índio (o que torna o uso de expressões em tupi um aspecto de notável importância) que diz ter abandonado o ofício de caçar as feras (pardas, pretas, pintadas, dos mais diferentes tipos) devido ao fato de também ser bicho (“mas eu sou onça”; “onça é meu parente”). A ambiguidade final associada à “metamorfose homem-onça”, conforme o estudado por Haroldo de Campos, Maria Cândida Ferreira de Almeida, Davina Marques e Viveiros de Castro, aciona a ideia de “devir-animal” teorizada por Gilles Deleuze, Felix Guattari e Jacques Derrida (daí o conceito – antropofágico – de “diferOnça”). O trabalho pretende cotejar tais leituras, expandindo o olhar para outras representações do signo “onça” (que é dos mais complexos e duradouros) encontradas ao longo da produção literária brasileira. Palavras-chave: onça; devir-animal; diferOnça. Metáfora animal em Disgrace, de J.M. Coetzee Liège Copstein (URI-FW) Em sua obra o escritor sul-africano J.M. Coetzee, prêmio Nobel em 2003, reproduz sobremaneira a mudança paradigmática do relacionamento entre animais humanos e não humanos denominada “Giro Animal”, em andamento nos dois últimos séculos. Essa mudança, que reflete-se nos estudos literários pela ênfase na análise das representações metafóricas envolvendo indivíduos de outras espécies, serve-se do conceito popularizado pelo filósofo Peter Singer na década de 1970, o “Especismo” – modelo de pensamento que sonega direitos fundamentais aos animais – para elaborar reflexões que seguem trajeto convergente ao de outras perspectivas críticas características da contemporaneidade; por exemplo, questões étnicas, raciais e de gênero. Nosso objetivo é investigar de que forma se constroem na narrativa do romance Disgrace (1999) as representações das interações afetivas interespécies, relacionando-as com outros fenômenos sociológicos próprios de um contexto pós-colonial. As conclusões não apontam para apenas um só desfecho, mas antes inquietam ainda mais o conceito de metáfora animal e sua função na narrativa. Ao entrelaçar a questão animal com a problemática do feminismo e da sociedade sul-africana pós-apartheid, o autor traça um panorama fértil em percepções que se referem ao contexto denominado “pósmodernidade”, colocando-o em perspectiva e aprofundando sua crítica. Palavras-chave: Metáfora animal; especismo; Coetzee; pós-colonialismo; giro animal. A figuração do rouxinol na poesia de Maria Browne Lina Arao (UFRJ) Henrique Marques Samyn (UERJ) Figura muito presente na poética romântica, no âmbito da qual recebe um forte investimento simbólico, o rouxinol não deixa de comparecer na obra da poetisa portuguesa Maria Browne. A apresentação ora proposta visa a sugerir possíveis leituras para a figuração do referido pássaro na poesia de Browne – cuja produção lírica, recolhida em Virações da madrugada, apenas

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recentemente vem atraindo a atenção dos estudos em torno da Literatura Portuguesa. Para isso, será importante considerar fatores como: a articulação entre o modo de representação do rouxinol na obra browniana e modos de figuração do pássaro na tradição literária ocidental; o cotejo entre os sentidos atribuíveis ao rouxinol na poesia de Browne e na obra de autores coevos; e, finalmente, o modo como esses procedimentos figurativos podem ser compreendidos a partir de uma leitura ginocrítica, de modo a considerar as particularidades determinadas pela autoria feminina no caso específico da obra poética de Maria Browne. Palavras-chave: rouxinol; Maria Browne; ginocrítica; Romantismo. Um relatório para uma academia ou o devir-animal às avessas? Considerações a respeito da animalidade em Franz Kafka Luciana Silva Camara da Silva (UFRJ) O presente trabalho busca uma experimentação às avessas do conceito devir-animal de DeleuzeGuattari para um devir-humano através da análise do conto Um relatório para uma academia, do escritor Franz Kafka. O narrador do conto é um ex-macaco que relata a história de como se tornou humanizado aos “Eminentes senhores da Academia”. Outras questões são levantadas a respeito da crueldade, da nudez, da negação e da nominação refletindo os limites entre o animal e o humano. Qual seria a diferença que coloca o homem num patamar diferente do animal? Para isso, o vocábulo criado por Derrida – animot – será explorado como forma de considerar que não há animal separado do homem, ainda mais no singular genérico, por um só limite não divisível. Um registro de devires é iniciado como ponto de partida para indagações que permeiam o cenário kafkiano em questão com sua linguagem modulante, ora intensa, ora aparentemente simples, ora oculta, ora exposta em uma atmosfera límpida e ao mesmo tempo cinzenta, singular ao universo literário do autor tcheco. Palavras-chave: Franz Kafka; Literatura Animal; Devir; Animot. Nas trampas de um narrador coiote fuentesiano, (des)caminhos para imaginários Luciano Prado da Silva (UFRJ) Neste trabalho, tenho por objetivo apresentar uma reflexão acerca da incidência de animais não humanos na ficção de La frontera de cristal (1995), de Carlos Fuentes (1928-2012). No romance em tela, a semântica que envolve os nomes coiote e tordo (pássaro semelhante ao melro) interessa pela correspondência que estabelece para com imaginários sobre o sujeito mexicano, tal como representados na obra. La frontera de cristal é uma reunião de nove contos cuja totalidade romanesca a ela conferida passa pela atuação de um narrador nada confiável para contar as desventuras de personagens que têm no entorno bi-fronteiriço mexicano-estadunidense um espaço de encontros, conflitos e desencontros, identitários e culturais. Dentro desse aspecto, entram, ainda, em evidência as relações metafóricas envolvidas no aproveitamento narrativo de caracteres do coyote canídeo e da ave pertencente ao gênero turdus. Nesse tocante, contribui no desenvolvimento de minha proposta argumentativa, o seguinte quadro teórico: Suverza Téllez (2010), Díaz (2011), Montemayor e Frischmann (2004) e o próprio Fuentes [1992] (2010), como apoio para compreensão de composição de seu narrador cambiante. Palavras-chave: Fronteira. México-EUA. Coiote. Tordo.

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A relação moderna entre o homem e o animal: reflexões acerca de “Conto Alexandrino” Lyanna Carvalho (UFRJ) Pretendemos abordar, neste trabalho, a relação de alteridade e identificação que se estabelece entre o homem e o animal. Partimos do “Conto Alexandrino”, de Machado de Assis, para refletir sobre a legitimidade e a racionalidade circunscritas especificamente no tema da experimentação em animais. No conto, a fala cientificista, ao colocar a ciência à frente da vida, iguala homens e animais, permitindo-nos uma reflexão acerca dos mecanismos discursivos que culturalmente são usados para diferenciá-los. Entendemos, ainda, que analisar a ironia machadiana das experiências científicas em ambos permite o levantamento de questões importantes à discussão sobre libertação animal, ainda em estágio germinal no meio acadêmico. Fundamentando-se principalmente na reflexão sobre a relação entre o homem e o animal em Giorgio Agamben (2006), o trabalho procura discutir, sob o viés de uma crítica da modernidade, e com o arcabouço ideológico da Libertação Animal sintetizados em Peter Singer (2013), a construção de uma cultura cientificista e de uma sensibilidade secularizada, sob a hipótese de que o afastamento entre o homem do animal é uma construção fortificada pela experiência do moderno. Palavras-chave: alteridade; libertação animal; cientificismo; modernidade. Corpus-Animalmente: a crueza desumana em Picasso, João Cabral e Graciliano Ramos Marcella de Paula Carvalho (UERJ) Lindka Mariana de Souza Santos (UNIRIO/UnB) Renata da Cruz Paula (UERJ) O presente trabalho tem como objetivo relacionar o descentramento da perspectiva humanista – antropocêntrica e vigente desde o Renascimento – teorizado em A desumanização da arte (Ortega y Gasset, 2008), inerente às vanguardas do século XX, à estética árida, cirúrgica, geométrica do poeta João Cabral de Melo Neto e do pintor Pablo Picasso. O corpus analisado será composto por poemas do escritor pernambucano contidos no livro Educação pela Pedra (Neto, 2008): Estudos para uma bailadora andaluza, Palavra Seda, À palo seco e O ovo de galinha. Quanto às obras do artista espanhol contempladas, são: Bull (1945) e Cabeça de Touro (1943). Será estudado como as metáforas e a temática referentes a animais definem as poéticas modernistas, atreladas ao primitivismo, à ânsia de “eliminação progressiva dos elementos humanos, demasiadamente humanos, que dominavam a posição romântica e naturalista” (Ortega y Gasset, 2008). Segundo a ótica cabralina em A palavra seda, algo “de animal, de animalmente,/de cru, de cruel, de crueza,/que sob a palavra gasta/ persiste na coisa seda” (2008, p.66). Tal ponto de vista também será abordado pelo conceito de devir-animal em Deleuze e Guattari (1997). Ainda nessa perspectiva, analisaremos também a obra São Bernardo (2005), de Graciliano Ramos, salientando seu processo estético permeado pela figura do protagonista em contraste com a figura de Madalena, quem Paulo Honório não consegue converter em quantidade precisa (Costa Lima, 1969) devido ao seu caráter humanitário e por não conceber a vida como relação de possuidor e coisa possuída (Cândido, 1989). Palavras chave: desumanização da arte, vanguardas, estética cabralina, devir-animal “Homens e cães, gatos e heróis, pulgas e gênios...”; animal e animal ainda Marcus Alexandre Motta (UERJ) A partir da passagem do Livro do Desassossego de Bernardo Soares, “homens e cães, gatos e heróis, pulgas e gênios...” (p. 101), esse texto dimensiona-a como hipótese discursiva e apura as ironias, e paródias, para a expressão ‘o homem é um animal’, mais adjetivo, ao longo de L.D. O

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esvanecimento do humano na figura do animal é, na obra, a possibilidade de diálogo entre dois reinos animais, o propriamente dito e da arte (a arte é o reino animal do espírito, como diz Hegel). O diálogo abre indistinções entre o homem e o animal, eclipsando o anseio humano de se distinguir do animal. Assim, o outro que se põe como distinto do animal é animal também, um poema, uma prosa poética (“um poema é um animal” diz Aristóteles, ou o “poema é um novo ser vivo”, diz Fernando Pessoa). A representação do animal na obra segue os qualitativos subentendidos e históricos da passagem dimensionada, “homens e cães, gatos e heróis, pulgas e gênios...”, e anima o ente de arte, animal ainda, mesmo do espírito, L.D. Palavras-chave: reinos, animal, literatura, diálogo. Do imaginário poético latino-americano o salto antropomórfico de personagens da esfera zoológica Maria Aparecida Nogueira Schmitt (CES/JF- SMC) Usualmente circunscritos aos conceitos simbólicos da tradição, os animais na nova narrativa latinoamericana atuam como transgressores de signos para assumirem significado de resistência à opressão e à marginalização das vítimas dos jogos de poder, revolucionando esquemas convencionais de representação. Em Vidas secas, Graciliano Ramos, retratando o drama dos retirantes do sertão nordestino brasileiro e, em La tumba del relámpago, o escritor peruano, Manuel Scorza, comprometendo-se com o caráter testemunhal de sua obra, antropomorfizam-se animais, revestidos de uma humanidade que vai além do humano. Baleia, a cadela que conta com a simpatia do narrador, assim como Zambo, o cão que é declarado um tusinense por Mestre Salazar, personagem que lidera Comitê de Recuperação de Terras de Tusi, representam de forma consistente o aspecto idiossincrático dos escritores que transformam a realidade em peças da “máquina de fazer sonhar” do universo romanesco. Perpassando pontos de vista de teóricos da vertente zooliterária, este estudo tem na abordagem comparatista o elemento ancilar para aproximação entre criaturas de papel, atuantes na função especular dos respectivos criadores, visando a promover o amplexo das comarcas ideológicas latino-americanas. Palavras-chave: antropomorfização, vertente zooliterária, resistência. O poder da fala: Representação do papagaio como símbolo de resistência Maria Inês Freitas de Amorim (UERJ) O papagaio pode ser considerado um dos animais símbolo da América Latina. Em seu romance El amor en los tiempos del cólera, o escritor colombiano Gabriel García Márquez apresenta em sua narrativa um “loro desplumado y maniático” (García Márquez, 2014, p.36) que imita outros animais, fala francês, reza missas em latim e canta canções ouvidas no gramofone da família. Mas somente quando ele quer. De animal que é visto como aquele que simplesmente reproduz o que ouve, o louro marqueziano não rejeita a voz do outro, mas absorve o que lhe é ensinado, para enunciar quando e como quer. O presente trabalho busca analisar de que forma esta representação do papagaio é um recurso estético e discursivo para expressar a resistência do povo Latinoamericano frente à dominação cultural europeia e como este personagem constrói sua própria voz. Para a análise que propomos, foram utilizados textos que discutem a questão da identidade cultural, como Hall (2004, 2013), García Cancline (2009, 2013), Spivak (2010) e Feminías (2013), além de autores que trabalham a questão da representação animal, como Durand (1997) e Garrard (2006). Palavras-chave: Identidade, Resistência, América Latina.

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Vestir à nacional as fábulas: o animal brasileiro na literatura de Monteiro Lobato Michele Saionara Aparecida Lopes de Lima Rocha (UNESP) Maria Augusta Hermengarda Wurthmann Ribeiro (UNESP) As fábulas são narrativas de caráter alegórico que ilustram através de características e ações de animais ou seres inanimados metáforas do comportamento humano. Suas origens são muito antigas, sendo difícil defini-las, há autores de muitas nacionalidades que as escreveram ou as reescreveram para contribuir com reflexões de acontecimentos das sociedades. No Brasil, até o começo do século XX, a literatura era composta por traduções ou textos que não estavam relacionados com o contexto do leitor. Alguns autores brasileiros estavam descontentes com essa situação e iniciaram o projeto nacionalista no país, buscando em seus textos contribuir com a identidade nacional. O escritor Monteiro Lobato (1882-1948) estava inserido nesse bojo e pensou em inovar e escrever textos de uma forma contextualizada para as crianças, sendo as fábulas uma possibilidade. Em cartas para seu amigo Godofredo Rangel, ele indica que queria escrever fábulas adequadas à realidade nacional e que pudessem ser entendidas pelas crianças brasileiras. O autor também afirma querer inovar a escrita de fábulas, incluindo elementos da natureza e animais próprios da fauna brasileira. Assim, nossa apresentação pretende indicar os animais brasileiros presentes nas fábulas de Lobato que caracterizam o projeto do autor de vestir as fábulas à nacional. Palavras-chave: Fábulas; Monteiro Lobato; Animais; Vestir à nacional. Animais não humanos em “A maçã no escuro”, de Clarice Lispector Michelle Cerqueira César Tambosi (UEM) Evely Vânia Libanori (UEM) O romance “A maçã no escuro”, de Clarice Lispector, narra a história de Martim, um fugitivo que se instala numa fazenda. Esse é o espaço onde Martim, marcado pelo crime que cometeu, irá pensar sua identidade existencial. Na busca dessa identidade, a alteridade animal confirma a animalidade do homem, aproximando-os. O presente trabalho procurará demonstrar de que forma a personagem se aproxima de uma existência autêntica quando em contato com os animais. E, ainda, entender se é possível estender o conceito heidggeriano de ‘ser-com-os-outros’ admitindo a outridade animal, visto que é em contato com os animais, principalmente as vacas, que Martim estabelecerá uma espécie de comunhão, experimentando o mundo tal como elas. O romance confere importância ontológica às vacas, animais geralmente vistos na nossa cultura apenas como matéria alimentar humana. O embasamento teórico que possibilitará a interpretação são os estudos existencialistas de Martin Heidegger e Jean Paul Sartre, bem como textos da Ética Animal: Libertação animal, de Peter Singer porque ele defende a ideia de que os animais são seres com os quais o ser humano está eticamente implicado, e Galactolatria, de Sônia T. Felipe que permite pensar o contraste entre a condição das vacas no romance e em nossa cultura. Palavras-chave: Identidade existencial, Ética Animal, Clarice Lispector, “A maçã no escuro” Os livros das bestas: entre o universo medieval e o fantástico contemporâneo Miriam Lourdes Impellizieri Luna Ferreira da Silva (UERJ) Cláudia Heloisa Impellizieri Luna Ferreira da Silva (UFRJ) As relações entre o homem e o mundo natural constituem-se, nas sociedades ocidentais, como uma busca incessante da diferença. Na ânsia por definir-se, a humanidade muitas vezes discrimina e menospreza os outros seres, numa escala axiológica que coloca o homo sapiens como o pico da pirâmide. Visto que seus mitos cosmogônicos o descrevem como feito à imagem e semelhança de

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seus deuses criadores, considera-se o herdeiro natural do paraíso. A ele caberá nomear o mundo, sua fauna e sua flora, designar-lhes funções e atributos. Interessam-nos aqui particularmente os Bestiários, obras elaboradas na Idade Média e que serão retomados por uma vertente da literatura contemporânea, na América Latina. Estes livros de bestas, fartamente ilustrados, associam livremente o real e o maravilhoso; têm função didático-moralizante e neles se misturam seres reais a seres imaginários, fornecendo farta inspiração para as artes em todos os tempos. Nosso trabalho se divide em duas partes: na primeira, examinamos os Bestiários medievais, e alguns de seus aspectos, em particular o mito de São Guinefort. Na segunda, verificaremos o bestiário platino, em sua associação com os imaginários nacionais plasmados por seus escritores e homens públicos. Finalmente, nos deteremos em Historias de cronopios y de famas, conto homônimo de Julio Cortázar, um clássico da literatura fantástica argentina, e nos desdobramentos do tema abordado pelo autor. Palavras-chave: Bestiários, mito de São Guinefort, Literatura fantástica. Representação animal na poesia: um estudo de caso Nabil Araújo (UERJ) A partir da leitura dos poemas de Les animaux de tout le monde [Os animais de todo mundo], de Jacques Roubaud, empreendemos uma reflexão acerca da representação animal na poesia, dos modos possíveis dessa representação. Mais especificamente, acerca da questão da expressão, ou da voz, de uma “voz animal” tal como vem a ter lugar na poesia: como os poemas de Roubaud não têm todos, quanto a isso, o mesmo status, é um problema de economia discursiva que aí se desenha, o problema de uma economia das vozes no discurso poético – mas também o da (im)possibilidade de uma metalinguagem crítica que apreenda diretamente a voz animal na poesia. Palavras-chave: Representação animal, Animal poético, Voz animal, Metalinguagem crítica. Ternura e Terror: Dois Momentos da Representação Animal no Conto Nicole Alvarenga Marcelo (PUC-RJ) O presente trabalho buscará analisar duas perspectivas contrastantes do animal na literatura, mais especificamente no conto. Em Angústia, de Anton Tchekhov, a aproximação entre homem e animal será analisada em dois níveis. Primeiramente através das experiências corporais compartilhadas entre o cocheiro Iona e seu cavalo no momento do trabalho e, posteriormente, na linguagem sensorial estabelecida entre homem e animal, a qual permitirá a conexão entre os dois. Como base teórica, foi considerado o princípio da experiência, tal como exposto por Bondìa em seu artigo "Notas sobre a experiência e o saber da experiência". Já o segundo conto, O Gato Preto, de Edgar Allan Poe, desenvolverá um olhar sob a perspectiva do devir-animal, segundo Deleuze e Guattari. O contato entre homem e gato presente na obra possibilita uma discussão acerca do limite entre o racional e o instintivo e sobre a forma como o homem vivencia e experimenta seus impulsos mais primitivos. Como texto de apoio será utilizado um artigo do mesmo autor do conto, intitulado "Instinto x Razão – um Gato Preto", de 1840. Palavras-chave: comunicação animal, a linguagem no silêncio e no gesto, devir-animal, instinto x razão.

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Entre o amor e o maldizer: o lobo no imaginário italiano Patrícia Alexandra Gonçalves (UERJ) Desde Romulo e Remo, o lobo ocupa um espaço privilegiado no folclore italiano. Este espaço, porém, nem sempre aparece decorado com louros e coroas. Na Divina Commedia, por exemplo, o lobo é apresentado como um elemento ameaçador, que empurra Dante para o mau caminho. Entre os provérbios, o lobo aparece para dizer que não se pode mudar a própria natureza: “Quem nasce lobo não morre cordeiro”. É através da imagem do lobo que se compreende que não se deve confiar em todo mundo: “Louca é aquela ovelha que se confessa ao lobo”. Um livro chamado I fioretti di San Francesco, escrito por um franciscano anônimo, conta como o santo teria domesticado um lobo enorme que aterrorizava uma comunidade chamada Agobbio. Não se pode, além disso, pensar na aura que cerca o lobo na Itália sem recordar a expressão In bocca al lupo, usada para desejar boa sorte e cuja origem ainda permanece envolta em mistério e lendas. Nosso objetivo é adentrar a floresta em que habitam os lobos italianos e trazer um pouco de luz sobre estes animais tão maravilhosos que tem despertado simpatia e horror em crianças e vovós ao longo dos séculos. Palavras-chave: lobo; tradição; estereótipos. Maracanã de roçado: bichos escritos nas cartas de Câmara Cascudo Raimundo Nonato Gurgel Soares (UFRRJ) Leitura da correspondência de Câmara Cascudo para Osvaldo Lamartine, atentando para a presença dos animais nas cartas dos dois autores. Nesta escrita dos bichos, dialogamos com teóricos contemporâneos, como Gilles Deleuze e Maria Esther, dentre outros que elegem os animais como personagens de suas escritas. Neste diálogo, revisitamos os bestiários inscritos na cultura ocidental, registrando aspectos comuns que nos aproxima dos animais, como as figurações do corpo – ruídos, orifícios, sangue... sem esquecer aspectos comuns aos corpos animais e humanos, como a fome, o sexo, a doença e a morte. Palavras-chave: Câmara Cascudo, animal, cartas. A relação homem-animal em Cuentos de la selva: entre a alteridade e o fantástico Raquel da Silva Ortega (UESC) O objetivo deste trabalho é apresentar a obra Cuentos de la Selva, de Horacio Quiroga e analisá-la à luz dos estudos animais na literatura. Cuentos de la Selva reúne oito contos escritos pelo escritor uruguaio Horacio Quiroga (1879-1937) para seus filhos, ambientados na província de Misiones, norte da Argentina. Nestes contos são retratadas a fauna e a flora típicas da região e encontramos a relação do homem com a natureza, principalmente com os animais. Vemos que esta relação ultrapassa a simples dicotomia humano x não humano e alcança outras esferas, como as questões culturais, centro e periferia (Buenos Aires x interior do país), a relação com o outro e as vozes dos excluídos. A partir das ideias de Maciel (2011), demonstraremos que Cuentos de la Selva se insere no contexto dos estudos animais e que seu estudo nos permite concluir que a relação homem/animal é uma relação de alteridade (Todorov, 2010) e que é possível graças ao gênero fantástico (Todorov, 2003). Palavras-chave: Estudos Animais, Alteridade, Fantástico, Horario Quiroga.

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Homero, Aristóteles e os símiles de animais: entre discurso e história Renata Cardoso de Sousa (UFRJ) Objetivamos, através dessa comunicação, mostrar como os símiles entre humanos e animais em Homero expressam relações de etnicidade nas epopeias. Associando os seus personagens a um ou outro animal, conforme o episódio, o poeta da “Ilíada” e da “Odisseia” cria um efeito discursivo e paidêutico o qual corrobora o caráter de cada um e a pertença deles a determinado grupo étnico. Defendemos que existe, por exemplo, na “Ilíada” uma alteridade entre aqueus e troianos, calcada nas relações étnicas existentes entre eles na epopeia. O próprio contexto mediterrânico dessa época, por conta da crescente fundação de “apoikíai” (“colônias”) por parte dos gregos e, consequentemente, dos embates entre eles e os Outros que os circundam, denotam essas relações. Para compreendermos essa ideia, compararemos o texto homérico com o aristotélico na "História dos Animais", elucidando a pertença de ambos os textos a uma mesma formação discursiva, embora os textos de Homero e Aristóteles sejam de gêneros diferentes. Palavras-chave: Homero; Aristóteles; animais; etnicidade. A relação internatural entre homem-animal: Boto cor-de-rosa como um símbolo natural, cultural e literário da cosmovisão amazônica Rita de Cássia Miranda Diogo (UERJ) Elda Firmo Braga (UERJ) A partir de uma abordagem pautada no âmbito das “relações interartísticas” (Carvalhal 1991; 2001), buscando estabelecer uma interação entre literatura e cinema, nos propomos contemplar, neste trabalho, a figura do legendário “Boto cor-de-rosa” presente no livro de poesia, no livro de contos e no documentário do escritor colombiano Juan Carlos Galeano, intitulados respectivamente, Amazonia (2004), Cuentos Amazónicos (2007) e Los árboles tienen madre (2008). As obras deste autor são o resultado de pesquisas de campo realizadas por ele em povoados ribeirinhos localizados nos rios amazônicos. As histórias do enigmático Boto cor-de-rosa são conhecidas em diversas partes da Amazônia, trata-se de uma narrativa oral secular que passa de geração em geração e transcende as fronteiras geográficas da região, alterando somente o nome do animal que em países como Bolívia, Venezuela, Colômbia, Equador e Peru será conhecido como “Delfín rosado”. Nosso objetivo é refletir acerca da ampliação da visão do “outro” nas obras em estudo. O “outro” aqui não se refere unicamente a um “ser” associado apenas ao universo humano, senão está vinculado aos humanos e não humanos, manifestando, assim, uma “realidade cultural” (Eliade, 1991) baseada em outra lógica, uma eco-lógica (Guattari, 2001), que conforma uma “relação internatural” – entendida por Uzendoski (2007) como uma conexão íntima do homem com o seu meio natural, baseada no respeito por todos os seres vivos e no sentimento humano de pertencimento a grande e extensa trama da vida. Palavras-chave: Cosmovisão amazônica; Relação internatural; Realidade cultural, Boto cor-de-rosa. A apropriação do outro: Cobra Norato e a “Pele de seda elástica” Tarsila de Andrade Ribeiro Lima (UERJ) Sumaia Haddad (UERJ) Este trabalho propõe uma discussão sobre a figura do animal no poema Cobra Norato, de Raul Bopp, enfatizando a presença de uma espécie em particular – a cobra – e a simbologia que ela apresenta. O texto poético conta a saga do personagem homônimo em busca de sua amada, a filha

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da rainha Luzia, por meio de uma pluralidade de vozes, que mistura sonho e realidade. Podemos concluir que o poema se trata de um retalho de lendas e vivências de um poeta viajante, já que a criação poética surge da relação entre as suas experiências como andarilho e o folclore brasileiro, além de sua criatividade. Sendo um dos grandes nomes do movimento modernista, Raul Bopp, é autor de obras relevantes para o cenário cultural nacional, seja pela abordagem de temas relacionados às culturas brasileiras e africanas, seja pelo seu estilo ímpar de escrita. Como aporte teórico, utilizamos o conceito de “perspectivismo” desenvolvido por Eduardo Viveiros de Castro, a fim de situarmos a íntima relação entre animal/personagem e seus desdobramentos dentro do poema boppiano. Palavras-chave: Cobra Norato, Simbologia animal, Perspectivismo. A imagem do cavalo na (des)construção do mito do gaúcho no conto de vertente regionalista Vanice Hermel (URI) Denise Almeida Silva (URI) Este estudo intenta investigar a representação animal na literatura gaúcha, enfocando a figura do cavalo na mitificação do gaúcho pária ao gaúcho herói – monarca das coxilhas e centauro dos pampas – e sua reconfiguração no quadro de um processo de desmitificação. Propomo-nos a analisar tal representação tomando como base a tipologia do conto gaúcho de Gilda Neves Bittencourt (1999), a qual percebe quatro nuances regionalistas distintas. Assim, estudamos, por amostragem, o percurso da representação do cavalo ao longo do desenvolvimento histórico do conto gaúcho. Sob o olhar da primeira nuance regionalista, escolhemos o conto “Monarca das coxilhas”, de Apolinário Porto Alegre, no qual a monarquia está associada à montaria; do segundo regionalismo selecionamos “Velhos tempos”, de Darcy Azambuja, em que o cavalo é o companheiro inseparável das lutas de outrora. O terceiro regionalismo será exemplificado pelo conto “Trezentas onças”, de João Simões Lopes Neto, por entendermos que nessa narrativa a afinidade entre o gaúcho e o seu cavalo ocupa lugar significativo. O quarto regionalismo, enfocado através do conto “Tempo de seca”, de Cyro Martins, recupera o antigo herói, centauro dos pampas, o homem a cavalo, na figura do atual trabalhador rural. Pretende-se provar a relevância do cavalo no imaginário gaúcho. Palavras-chave: Cavalo, Centauro dos Pampas, Monarca das coxilhas, Conto Regionalista gaúcho. A representação metafórica das formigas e a simetria animal-homem na elaboração narrativa de Cien Años de Soledad Viviane Conceição Antunes (UFRRJ) Sandra Valéria Torquato Mouta (UERJ) Elda Firmo Braga (UERJ) Com este trabalho, visamos contemplar a simetria homem/animal e, especialmente, as imagens e referências ideológicas que trazem as formigas à tessitura narrativa de Cien Años de Soledad, de Gabriel García Márquez (2007). Entendemos que não há neutralidade nos enunciados, uma vez que seus recursos lexicais, gramaticais, estilísticos e composicionais apresentados nos gêneros são orientados por uma atitude avaliativa do enunciador no que tange ao seu objeto discursivo (Bakthin, 1998), por isso frisamos que essas menções aos insetos/animais, de forma alguma, estão à margem na produção de sentidos do referido romance. Ainda assim, apoiando-nos também em Charaudeau (2010), compreendemos que tais alusões são relevantes à organização lógica e às peculiaridades da encenação narrativa, uma vez que se vinculam aos processos que nela se dão, se integram ao perfil

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psicológico dos personagens e à contextualização das cenas, das ações, com reciprocidade. Neste sentido, pretendemos alcançar os seguintes objetivos: i) dar relevo às noções subjacentes à presença dos insetos/animais na “mise-en-scène” de Cien Años de Soledad; ii) refletir sobre os possíveis sentidos que podem emanar dessa presença na trama e no desenlace; iii) considerar as especificidades da simetria homem/animal ao longo da construção dessa obra. Em nossa concepção, o estudo proposto nos permitirá lançar um olhar atento sobre a importância e a simbologia dos animais como partícipes do texto ficcional, linguagem esta que pode provocar nitidamente uma séria reflexão sobre nossas atitudes diante das mais diversas formas de vida e do convívio sociocultural como um todo. Palavras-chave: Cien Años de Soledad; representação metafórica; formigas; simetria homemanimal. A Literatura entre Tipos de Pensamentos – a anamorfose do animal ao homem e os sincretismos semiológicos dos rituais no romance “Parábola do Cágado velho”, de Pepetela. Waldelice Souza (UNIRIO) Eta apresentação busca demonstrar que a literatura está inscrita em um determinado sistema de significação, que condensa formas e compõe mecanismos para a desconformação de imagens plásticas, literárias e sociais. Processos de significação estabelecidos por sincretismos entre perspectivas. A obra de Pepetela se constitui tecendo entrecruzamentos semiológicos, como no romance “Parábola do Cágado Velho”, quando o cágado vincula a tradição e a mudança. Por este romance percebe-se a perenidade dos ciclos que obrigam os homens ao trabalho extremo, às guerras, às migrações para o interior da terra, modificando ou ajustando os ritos para mantê-los sob outros signos. Nele, a verdade absoluta dicotomizada entre exércitos, o dos “nossos” e o dos “inimigos”, remete à dúvida que conduz Ulume a indagar a figura mítica do universo bantu, o cágado. O animal assimila dois inquices (orixás bantu), o da vida e o da paz, demonstrando ser possível instituir um modo de pensar menos maniqueísta; o cágado reúne esses atributos, além do conhecimento dos antepassados. Ele é capaz de parar o tempo, permitindo ao Ulume/homem, reinventar as possibilidades de paz, integrando as culturas dos novos e dos antigos em sistemas simbólicos e possibilidades literárias, nas quais o rito é um modo de ajuste semiológico. Palavras-chave: Literatura, Pepetela, Romance angolano. Um passeio pelo Gran Zoo de Nicolás Guillén: dores e delicias da modernidade Wanessa Cristina Ribeiro de Sousa (PPGLEN-UFRJ/CAPES/SEEDUC) Durante o seu exílio em Buenos Aires, no ano de 1958, o poeta cubano Nicolás Guillén começa a escrever os versos que figurariam em seu El Gran zoo. Segundo o autor, eles se caracterizavam como um conjunto de “poemas muy simples de forma, de ritmo apenas insinuado; donde cada uno representa una imagen en desarrollo”: um espaço que apresenta homens que são animais, animais antropomorfos, sentimentos personificados numa tentativa de englobar neste espaço a história, os homens, a natureza e os sonhos. A reunião dos poemas que compõem o “bestiário” de Guillén faz uso de uma refinada ironia ao destacar características comumente atribuídas a animais em seres humanos e objetos animados, foi publicada pelo Instituto Cubano del Libro no ano de 1967 e, desde então, suscita muitas reflexões no meio literário. Na presente comunicação, pretende-se apresentar uma análise crítica de alguns poemas que compõem a obra El Gran zoo, com o fim de destacar o caráter modernista de suas composições poéticas e vislumbrar a maneira como o eu-poético trabalha a relação entre natureza e civilização, território no qual a primeira se apresenta como bem e a segunda como o mal. Para tanto utilizar-se-á como referencial teórico o estudo crítico de Gustavo Bonifacini (1987) e Angel Augier (1984) a respeito da obra poética de Nicolás Guillén e as

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considerações de Fayga Ostrower (1987), Doménico Chiappe (2003) e David Cottington (1999) sobre as vanguardas do modernismo hispano-americano e a criação poética. Palavras-chave: Nicolás Guillén, Literatura cubana, Sociedade moderna, Modernismo hispanoamericano. A arte da elegância: o gato e a estética da modernidade Zélia M. Bora (UFPB) O gato sempre ocupou um lugar de destaque no imaginário literário. Como uma narrativa migrante, o gato como os demais animais na maioria das culturas antigas sempre estiveram associados com as forças sobrenaturais. Desde então, foram reverenciados como agentes dos deuses e das deusas e consequentemente venerados como divindades. Acreditava-se que eles estavam relacionados aos ciclos de vida, fertilidade e morte. Em nenhuma outra sociedade, o gato atingiu um lugar mais importante do que na sociedade egípcia. Entre as suas funções sociais, o gato era considerado como protetor dos grãos na agricultura e mantido próximos as plantações. Na medida em que as sociedades europeias cristianizaram-se, perderam o vínculo com a experiência ecológica pagã. Consequentemente, as belas narrativas mitológicas que tiveram os gatos como protagonistas cederam lugar a outras através das quais os gatos tornaram-se antagonistas. Essa inversão de papéis foi estabelecida durante a Idade Media europeia, quando o gato foi associado às bruxas. O quase extermínio dos gatos se transformou num dos primeiros crimes ambientais da Europa desequilibrando a natureza e causando a peste bubônica que matou milhares de pessoas. O gato, porém, sobreviveu e teve a sua imagem reinscrita na cultura moderna, desta vez, como um simples mortal. Foi atribuído ao gato desde papéis figurativos, através das fábulas urbanas, como foi o caso do Le chat noire, associada também ao poeta Charles Baudelaire, as imagens metafóricas de seus poemas até adquirir definitivamente uma subjetividade própria representada tanto no sinistro conto de Edgar Alan Poe, The Black Cat, quanto ao seu triunfo como persona nos poemas, de Old Possum´s Book of Practical Cats, de T.S. Eliot. Diante do exposto, o presente trabalho baseia-se nas seguintes premissas: Qual o papel do gato na modernidade vista sob o olhar de poetas como, Baudelaire, no século XIX e no Século XX através do olhar de T.S Eliot? Qual o significado do tenebroso conto The Black Cat e a sua relação com a modernidade vista através dos olhos de Edgar Alan Poe?. Palavras chave: gato, modernidade, Baudelaire, Poe, Eliot.

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Observações: A revisão do texto ficará a cargo de seu(s) respectivo(s) autor(es). Os artigos enviados passarão pelo Comitê Científico do evento.

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ANEXO I Breve histórico do Projeto Bigodinhos Carentes (UERJ) Por Eliene Madalena Dutra Narduchi (UERJ) - Criadora e Coordenadora do Projeto. Ao entrar para a UERJ deparei-me com um quadro de abandono e total descaso em relação aos animais que eram abandonados no campus Maracanã. Algumas pessoas solidárias ajudavam da maneira que podiam, mas de forma desorganizada e sem envolvimento de toda a comunidade universitária. Em 1999, resolvi escrever um projeto que abordasse o problema e que pudesse tocar no coração de pessoas que amavam os animais e que poderiam de alguma forma atuar no sentido de dar um mínimo de conforto a eles enquanto estivessem aqui e que nos ajudassem no encaminhamento deles para adoções responsáveis e amorosas. Sendo sócia da SUIPA-Sociedade União Internacional Protetora dos Animais, contatei-me com sua presidente Isabel Cristina Nascimento no sentido de estabelecer uma parceria para a realização das CASTRAÇÕES, condição fundamental para controle da natalidade e administração do Projeto. Procurei a Reitoria e um oficio foi encaminhado a entidade. Estabelecemos assim, uma parceria de castrações gratuitas, que dura até hoje, possibilitando a manutenção do Projeto, já que não recebemos ajuda financeira de nenhum órgão público, contamos exclusivamente com DOAÇÕES VOLUNTÁRIAS de simpatizantes do Projeto. O trabalho começou a ser realizado pouco a pouco. Com gaiolas de captura, inclusive uma importada dos Estados Unidos, os animais começaram a ser capturados para a realização das esterilizações, mas havia um problema, o ESPAÇO PÓS OPERATORIO. Procuramos a Prefeitura da UERJ na tentativa de conseguir. Um espaço bem precário nos foi concedido e este era o primeiro passo para o sucesso do empreendimento. Após as castrações e o pós-operatório, os felinos eram soltos no campus e os mais mansos encaminhados para adoção. Assim, também os filhotes. Os mais ariscos mantidos até a possibilidade de castração e os mais mansos encaminhados a pet shops e feiras de adoção. Este é o procedimento que adotamos até hoje. A ideia não é transformar a Universidade um abrigo para animais, até porque este não é o objetivo principal de nossa Instituição, mas fazer dela uma passagem para adoções responsáveis e amorosas. Temos para isso um TERMO DE ADOÇÃO RESPONSÁVEL. Nele, o adotante encontrará informações importantes quanto aos procedimentos que devem ser adotados e a importância da CASTRAÇÃO para controle populacional e de saúde para os animais, como a prevenção do câncer e de várias outras doenças sexualmente transmissíveis, como a AIDS FELINA. Damos também orientações quanto às vacinas e cuidados que deverão ser tomados, tais como: telas nos apartamentos para evitar fugas e acidentes e não exposição dos animais à rua. A ideia do PROJETO BIGODINHOS CARENTES é que ele se expanda a outras unidades da Universidade, mas para isso é importante que grupos locais assumam a responsabilidade pelo trabalho voluntário. Atualmente fazemos uma ESCALA DE ALIMENTAÇÃO formada por alunos, funcionários e professores que percorrem o campus Maracanã e colocam a ração nos pontos pré-estabelecidos. Na verdade, estes pontos são escolhidos pelos próprios animais que ali permanecem em pequenos grupos. Como são territorialistas, geralmente não mudam de ambiente ou trocam de lugar. Até mesmo quando há necessidade de removê-los, em geral, retornam ao local antes escolhido. A alimentação é doada por membros do grupo ou recebida através de nossa página no Facebook . Todas as doações são benvindas, desde a ração até medicamentos de uso geral como, vermífugos, antibióticos e anti-inflamatórios. Aproveito a oportunidade para agradecer aos que compõem esta equipe de amor e cuidados. Graças a todos os integrantes podemos realizar este trabalho tão importante na PRESERVAÇÃO DA VIDA e na LUTA EM DEFESA DA NATUREZA E DOS ANIMAIS. No momento em que o planeta Terra atravessa uma abertura de consciência direcionada à responsabilidade no trato com todos os seres vivos acho que com este Projeto podemos ajudar a construir um mundo melhor.

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ANEXO II Fotos dos gatos da UERJ disponíveis para adoção

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