COMO A CHINA PROMOVEU SEU DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO

May 27, 2017 | Autor: Fernando Alcoforado | Categoria: History, Economics, Development Economics, Social Sciences
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COMO A CHINA PROMOVEU SEU DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO Fernando Alcoforado* Após a Revolução Chinesa em 1949, a China passou a seguir o modelo políticoeconômico da ex-União Soviética. Politicamente, implantou-se um sistema político centralizado socialista sob o controle do Partido Comunista Chinês, cujo líder máximo era Mao Tse-tung. O Estado passou a controlar as fabricas e recursos naturais da China. A Revolução Chinesa foi na essência camponesa, visto que na época os operários correspondiam apenas a 0,6% da população. Assim, após a revolução, a China começou seu processo de industrialização. Inicialmente, a China passou a planejar a economia. Em 1957, Mao lançou um plano conhecido como o “Grande Salto à Frente”, que se estendeu até 1961. Este plano visava implantar um parque industrial diversificado e amplo. Para isso, a China priorizou investimento na indústria de base, na indústria bélica e em outras de infraestrutura que ajudasse a sustentar o processo de industrialização. Mas, o grande “Grande Salto à Frente” fracassou. Ao tentar seguir o modelo da União Soviética, a China acabou também sofrendo os mesmos problemas: baixa produtividade, baixa qualidade dos produtos, concentração de capitais no setor armamentista e burocratização excessiva. Com a morte de Mao Tsetung, em 1976, um novo líder assume o poder, Deng Xiaoping, que abandona os conceitos socialistas de Mao e inicia-se um processo de abertura capitalista na economia chinesa. Sob o comando de Deng Xiaoping, teve início, a partir de 1978, uma reforma na economia, paralelamente à abertura da economia chinesa em relação ao exterior. Os chineses no poder queriam fazer reformas econômicas e também justificar ideologicamente a simbiose da economia de mercado capitalista com a economia planificada sob o controle do estado que foi denominada de socialismo de mercado. Foi uma tentativa de evitar o mesmo destino da União Soviética e perpetuar a hegemonia do Partido Comunista Chinês. A grande revolução na economia, porém, veio com a criação de zonas especiais de exportação em várias províncias litorâneas. As primeiras foram implantadas em Shezen, Zhuhai, Xiamen. Essas zonas econômicas tinham como objetivo atrair investimentos de empresas estrangeiras, que trariam além de capital, tecnologia e experiência de gestão empresarial. Numa tentativa de ampliar suas exportações, a China concedeu liberdade quase total ao capital estrangeiro nessas zonas econômicas, espécie de enclaves capitalistas dentro da China. Em resultado disso tudo, a economia da China cresceu com uma taxa media de 9% ao ano nas décadas de 1980 e 1990. E a província de Guangdond, localizada próxima a Hong Kong, a mais dinâmica do país, crescia com uma media de 12,5% ao ano desde 1979. No período, a taxa mais alta do mundo. A China é um país que passou a ter, portanto, dois sistemas econômicos controlados por um único sistema político. Esse sistema é definido como “economia socialista de mercado”. É preciso observar, também, que, além da liberdade econômica, um fator fundamental que atraiu e ainda está atraindo capitais para a China, é o baixo custo de mão de obra muito disciplinada e trabalhadora. Com base em uma abertura econômica e baixos salários da China, o mundo foi invadido por produtos chineses. Em 1980, período de inicio das reformas econômicas, a China ficou em 25º lugar no ranking de exportadores, exportando 18 bilhões de dólares. Em 1997, porém o país exportou 183 bilhões de dólares, tornando-se o 10º maior exportador do mundo. O comércio total da

China excedeu 2,4 trilhões de dólares em 2008. A China tem atualmente um parque industrial muito diversificado. Entretanto, tem apresentado um crescimento bem desigual territorialmente, e também setorialmente. As zonas especiais e as cidades abertas crescem muito mais rapidamente, e as empresas privadas e mistas crescem muito mais que as estatais. Na China, prevalece o denominado Socialismo de Mercado, proclamado por Deng Xiaoping, que significa na prática capitalismo sob o controle do estado. O governo chinês adota uma política industrial tecnocrática com o objetivo de criar grandes empresas nacionais com capacidade de concorrer nos mercados globalizados. A concessão de subsídios pelo governo tem se constituído em uma peça fundamental da estratégia chinesa para transformar a estrutura produtiva nacional, coordenando o processo de transformação de uma indústria trabalho-intensiva para uma indústria capital-intensiva. Ainda que as interações entre Estado e mercado constituam a coluna dorsal de qualquer capitalismo moderno, o processo de acumulação de capital é realizado pelo Estado, por meio do direcionamento dos investimentos e do controle do mercado de trabalho. O Estado chinês é bastante ativo na criação e no suporte de empresas, detém participações majoritárias em diversos grupos econômicos, controla decisões críticas e mobiliza capitais. As empresas estatais chinesas competem com outras empresas no mercado e seus dirigentes obtêm recompensas econômicas à medida que conseguem atingir os objetivos estabelecidos pelo Estado. Aquelas empresas estatais pertencentes a setores considerados estratégicos e que são eleitas como “campeãs nacionais” são favorecidas por incentivos à fusão ou aquisição de outras empresas, pelo acesso a fontes de capital de baixo custo e pela restrição da concorrência em seu mercado. Tanto o governo central como os governos das províncias chinesas dirigem, ainda, todas as grandes instituições financeiras do país. Os produtos chineses são muito competitivos resultantes, entre outros fatores, da mão de obra barata. Outro diferencial é o tecnológico, pois os chineses utilizam a tecnologia de última geração. Nenhum país nos dias atuais consegue esse feito, o que faz com que os custos caiam bastante e aumente a diversidade dos produtos mantendo uma originalidade própria. Mais uma vantagem chinesa é a interação das empresas na troca de informações e a criação dos chamados distritos industriais ou “clusters”. É importante a criação pela China do Banco Asiático de Investimentos em Infraestrutura que já conta com a adesão ou interesse de dezenas de países - do Reino Unido à Austrália, passando pelo Brasil. O novo banco é mais um movimento dos chineses para espalhar seus tentáculos financeiros pelo mundo. A China desde 1999 tem tido um crescimento acima do normal, mesmo sendo um país semiperiférico em desenvolvimento. Os números não mentem porque, desde o fim da década de 1990, seu crescimento ficou entre 7,5% e 11,7%. As principais causas desse crescimento podem ser atribuídas aos investimentos diretos externos na produção industrial voltada para exportação, processo este acompanhado de mão de obra barata junto com o alto nível de qualificação e o incentivo do governo para que as empresas multinacionais invistam no país e, sobretudo, ao papel ativo do estado chinês na promoção do desenvolvimento nacional. A economia da China é a segunda maior do mundo, superada somente pelos Estados Unidos. A China é a nação com o maior

crescimento econômico dos últimos 25 anos no mundo, com a média do crescimento do PIB em torno de 10% ao ano. A China está a ponto de ultrapassar os Estados Unidos como maior economia do planeta. A China é hoje uma grande potência no comércio internacional. É o tamanho de seu mercado que determina sua influência nas barganhas mundiais. Uma dimensão importante do poder econômico de um país são as reservas cambiais que na China corresponde a US$ 4 trilhões. Para alcançar elevado nível de desenvolvimento econômico no País, houve grande investimento por parte do governo chinês na melhoria da qualidade na educação que teve nos professores o principal impulso para alcançar este objetivo. *Fernando Alcoforado, 76, membro da Academia Baiana de Educação, engenheiro e doutor em Planejamento Territorial e Desenvolvimento Regional pela Universidade de Barcelona, professor universitário e consultor nas áreas de planejamento estratégico, planejamento empresarial, planejamento regional e planejamento de sistemas energéticos, é autor dos livros Globalização (Editora Nobel, São Paulo, 1997), De Collor a FHC- O Brasil e a Nova (Des)ordem Mundial (Editora Nobel, São Paulo, 1998), Um Projeto para o Brasil (Editora Nobel, São Paulo, 2000), Os condicionantes do desenvolvimento do Estado da Bahia (Tese de doutorado. Universidade de Barcelona,http://www.tesisenred.net/handle/10803/1944, 2003), Globalização e Desenvolvimento (Editora Nobel, São Paulo, 2006), Bahia- Desenvolvimento do Século XVI ao Século XX e Objetivos Estratégicos na Era Contemporânea (EGBA, Salvador, 2008), The Necessary Conditions of the Economic and Social Development- The Case of the State of Bahia (VDM Verlag Dr. Müller Aktiengesellschaft & Co. KG, Saarbrücken, Germany, 2010), Aquecimento Global e Catástrofe Planetária (P&A Gráfica e Editora, Salvador, 2010), Amazônia Sustentável- Para o progresso do Brasil e combate ao aquecimento global (Viena- Editora e Gráfica, Santa Cruz do Rio Pardo, São Paulo, 2011), Os Fatores Condicionantes do Desenvolvimento Econômico e Social (Editora CRV, Curitiba, 2012), Energia no Mundo e no Brasil- Energia e Mudança Climática Catastrófica no Século XXI (Editora CRV, Curitiba, 2015) e As Grandes Revoluções Científicas, Econômicas e Sociais que Mudaram o Mundo (Editora CRV, Curitiba, 2016). Possui blog na Internet (http://fernando.alcoforado.zip.net). E-mail: [email protected].

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