Como atender um mercado desconhecido no design de produtos

June 7, 2017 | Autor: Alejandra Flechas | Categoria: Design, Product Design, Market Research
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Como atender um mercado desconhecido no design de produtos.
A premissa é básica e fundamental, e não só aplica no design em geral senão também na maioria de atividades comerciais: "Entre mais conheço o meu mercado melhor designer sou".
Há alguns anos trabalhei num projeto como designer de coleção de calçados para o mercado marroquino, e como ocidental foi muito interessante –mas também deu um pouco de trabalho- coletar informações e pesquisar aspetos culturais e de comportamento que em aparência não teriam muito a ver com a coleção de calçados e bolsas, mas na verdade é que conhecer o mercado é a chave para o sucesso da coleção. A história voltou-se a repetir numa outra empresa que vendia produtos em outros países, principalmente na América Latina, e agora, mais recentemente, projetando para o mercado brasileiro no nicho infantil e juvenil que não tinha trabalhado até agora.
Mas, o que seria exatamente conhecer o mercado?, o mercado é uma palavra muito abrangente e conhece-lo pode ser tão simples como uma gráfica ou tão profundo quanto uma pesquisa de mestrado, mas, como pilares fundamentais podem se contemplar os seguintes aspectos: consumidor, quem vai comprar/usar o produto: podem se aplicar várias ferramentas etnográficas como por exemplo a criação de personagens, onde a partir da criação de um perfil descritivo (pode ser ou não real) se estabelece um personagem protótipo que funciona como base para dar foco ao projeto. Este perfil deve contar com imagens (as vezes podem serem utilizadas pessoas famosas, a vantagem é que a maioria das pessoas podem ter um mesmo conceito delas) dados gerais como a idade, profissão, atividades que gosta de realizar, preferências de consumo, marcas que gosta, música, referentes que utiliza, família, capacidade de gasto (já não é tão importante a capacidade aquisitiva), meios pelos quais se informa, redes sociais que usa e frases que o define. O perfil pode ter mais informações ou diferentes itens, sempre vai depender do projeto e do produto.
Outro aspecto fundamental é conhecer a concorrência, quem são (nome, localização, tamanho), o que fazem (produtos/serviços), como o vendem (preço, canais de distribuição, relacionamento com o cliente, serviço pós-venda) e como se encontram em relação ao mercado inteiro (posicionamento). Conhecer a própria empresa na qual se esteja desenvolvendo o projeto é também fundamental, isto seria mais ou menos conhecer os mesmos itens da concorrência. E por último, mas não menos importante, estariam as instituições que interagem dentro do sector no qual a empresa e tipo de produto a projetar se encontram no mercado, no Brasil – segundo minha perspectiva e trazendo a experiência como estrangeira- tem umas associações bastante estruturadas e com um evidente trabalho, muitas delas tem um grande conteúdo escrito de informes e artigos que na hora de compreender um mercado que você não conhece, são muito úteis para ter uma ideia perto da realidade no curto prazo, com certeza, as feiras são excelentes para conhece-las.
Obviamente todo o desenvolvimento do projeto está sujeito ao seu cliente, ou seja a pessoa ou a empresa que contratou você como designer, e entender eles também é peça chave dentro do processo; com o tempo, nós os designers, aprendemos que o ato de projetar muitas vezes acontece do mesmo jeito que uma negociação, ambas as partes tem que ceder em alguns aspectos, não adianta trabalhar sob a premissa que "o cliente sempre tem a razão", nem sob esta: "o cliente não sabe nada e o designer tem a razão". Nunca se deve obviar o conhecimento do cliente que na maioria das vezes tem vários anos atuando no seu segmento, e todos já sabemos que perdurar no tempo como empresário não é tão fácil assim nas nossas economias. Então, neste aspecto o melhor conselho é: ouça, interatue muito com ele e escute-o com atenção, normalmente eles falam de vários temas numa mesma reunião, sobre o produto e sua rotação, a produção, a concorrência, o consumidor, os clientes e sobre o funcionamento da própria empresa, informações valiosas para o projeto.
Logo depois de você fazer a pesquisa e visualizar o seu cliente final, o processo de design vai fluindo mais organicamente, as informações vão se achando mais facilmente porque você quase que começa a absorvê-las no seu dia a dia, mas tome cuidado, todo muda, o entorno, a concorrência, os produtos, as empresas, e principalmente o consumidor, assim que a tarefa nunca para realmente, essa pesquisa, esse estudo do mercado deve ser uma operação constante no processo de design. E lembre-se, um produto bem projetado sempre facilita muito as vendas.

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