COMO CONQUISTAR A FELICIDADE INDIVIDUAL E COLETIVA

May 23, 2017 | Autor: Fernando Alcoforado | Categoria: Economics, Social Sciences, Psichology, Hapiness
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COMO CONQUISTAR A FELICIDADE INDIVIDUAL E COLETIVA Fernando Alcoforado* A psicologia positiva e a educação são os caminhos para a conquista da felicidade individual. A Psicologia é uma das ciências mais importantes na construção do futuro da humanidade. Uma das tarefas mais importantes da Psicologia é o de estabelecer como conquistar a felicidade. O psicólogo é o profissional mais capacitado para a função de humanizar a humanidade, de trazer o bem-estar para as pessoas. O movimento da “psicologia positiva” pretende fazer algo mais do que resolver ou minorar perturbações psicológicas, isto é, pretende fazer-nos felizes. A felicidade individual se conquista através da educação de si mesmo. Uma das finalidades da educação, talvez a mais importante, é a de oferecer às pessoas oportunidades e meios para serem mais felizes. O pensamento dominante é o de que o papel principal da educação é o de preparar bem as pessoas para o trabalho. Outro pensamento é o de que a educação tem por finalidade primeira desenvolver o senso crítico. A finalidade da educação deve ser a de fazer com que o indivíduo adquira competências, desenvolva senso crítico, se aposse do patrimônio científico e cultural historicamente construído pela humanidade, mas, acima de tudo, deve ser instrumento para promover felicidade. Uma das finalidades da educação, talvez a mais importante, é a de oferecer às pessoas oportunidades e meios para serem mais felizes. Para ser feliz, o indivíduo deve buscar autoconhecimento, inclusive com ajuda do psicólogo. Deve desenvolver técnicas de sensibilidade e afeto, seja através de um elogio, um sorriso ou pela empatia com o outro. Realizar trabalhos voluntários ou praticar a caridade, além de adotar hábitos saudáveis como prática de meditação e atividade física também pode ajudar. São caminhos para quem deseja ser plenamente feliz. A felicidade é uma conquista que se faz através da educação de si mesmo. E ela jamais será encontrada fora. Para ser feliz, o indivíduo deve se apoiar na educação e na psicologia positiva. Artigo de Desidério Murcho sob o título A Conquista da Felicidade: Os Contributos da Sabedoria Antiga e da Ciência Moderna de Jonathan Haidt (Sinais de Fogo Publicações, 2007, 436 pp.), disponível no website , aborda o movimento da “psicologia positiva” que pretende fazer algo mais do que resolver ou minorar perturbações psicológicas, isto é, pretende fazer-nos felizes. Estes psicólogos estudam o que faz as pessoas genuinamente felizes, e não os distúrbios psicológicos que nos afetam. Para quem conhece a bibliografia filosófica sobre o mesmo tema — a eudemonia, como lhe chamava Aristóteles — é surpreendente verificar como os resultados experimentais da psicologia positiva vão ao encontro das ideias aristotélicas e, mais recentemente, das ideias de filósofos como Peter Singer e Susan Wolf. Fundamentalmente, a felicidade consiste na entrega ativa a projetos com valor objetivo. Articular exatamente o que são projetos com valor objetivo é o problema da filosofia. Explicar que tipo de projetos fazem efetivamente as pessoas felizes, e que tipo de atitudes conduzem à felicidade, ou a tornam impossível, é o objeto da psicologia que, como disciplina descritiva e não normativa, se limita a registar o que efetivamente faz as pessoas felizes (grifo nosso). Para quem procura a chave da felicidade, o livro acima 1

citado oferece dez, uma por capítulo. Em cada capítulo o autor explora “insights” tradicionais das religiões e da literatura, que de algum modo captam verdades, entretanto, confirmadas (e por vezes infirmadas) pela psicologia moderna. No primeiro capítulo, “O Eu Dividido”, o autor apresenta um conjunto de resultados sobre as diversas partes que constituem o nosso eu. A metáfora preferida do autor é de origem indiana: para o fazer bem é preciso alguma sabedoria, pois a força bruta não funciona. O segundo capítulo, “Mudar de Ideias”, explora a importância de saber interpretar corretamente o mundo e nós mesmos. Parte da infelicidade resulta de modos errados de interpretar as coisas, e é por isso que a chamada psicologia cognitiva tem bastante sucesso, especialmente no combate a certos tipos de depressão (grifo nosso). O que se passa é que em certas situações nos tornamos infelizes porque entramos numa espiral autodestrutiva de pensamentos sutilmente errados sobre nós mesmos e os outros — pensamentos que nos deprimem cada vez mais (grifo nosso). Conseguir “apanhar” e neutralizar esses pensamentos, reconhecendo que são pura e simplesmente exageros e interpretações erradas das coisas, é um passo fundamental para a felicidade (grifo nosso). Outro elemento fundamental para a felicidade é a reciprocidade, que o autor explora no terceiro capítulo. Como muitas outras espécies, os seres humanos são gregários e ter laços de confiança e amizade com outras pessoas é uma parte importante da felicidade (grifo nosso). Vivemos numa era voltada para a vida privada e subjetiva, erigida em valor absoluto. Contudo, o autor (Jonathan Haidt) defende que esta é uma ilusão contemporânea: sem preocupações mais alargadas, que ultrapassem as fronteiras imediatas do eu, da família e dos amigos mais próximos, dificilmente se pode ser genuinamente feliz (grifo nosso). A felicidade, afinal, não vem realmente toda de dentro — vem também da entrega ao mundo (grifo nosso). E, mais surpreendente ainda, a virtude — agir corretamente e não de forma egoísta ou interesseira ou amoral — é também um dos elementos fundamentais da felicidade (grifo nosso). Afinal, uma das rotas para a felicidade é procurar contribuir genuinamente para a felicidade dos outros (grifo nosso). A felicidade coletiva de uma nação só pode resultar da vontade política de seus dirigentes e de sua população. Na Antiguidade, os filósofos consideravam a felicidade um assunto relacionado à política. Foi a Constituição dos Estados Unidos, que data de 1787, que incluiu a busca da felicidade entre os direitos do homem, com base em reflexões filosóficas que se originam no pensamento de David Hume e nas ideias iluministas. Bertrand Russell deixou evidenciado que “a felicidade deve ser considerada sempre como um bem perseguido por todos” (RUSSELL, Bertrand. A Conquista da Felicidade. Rio: Editora Nova Fronteira, 2015). Isto significa dizer que a felicidade individual não se realiza sem a realização da felicidade coletiva. No mundo, o Butão, se destaca entre todos os países ao realizar esforço voltado para a conquista da felicidade coletiva da nação porque, desde 1971, rejeitou o PIB (Produto Interno Bruto) como sendo a única forma de mensurar o progresso. Em seu lugar, tem adotado uma nova abordagem para o desenvolvimento, que mede a prosperidade por meio de princípios formais da Felicidade Interna Bruta (FIB) e da saúde espiritual, física, social e ambiental dos seus cidadãos e do ambiente natural. Há várias décadas essa crença de que o bem-estar deve se sobrepor ao crescimento material permanece como uma peculiaridade em nível global. Na busca da felicidade coletiva da nação, 2

destaca-se, sobretudo, o modelo nórdico ou escandinavo de social democracia que não é nem totalmente capitalista nem totalmente socialista, sendo a tentativa de fundir os elementos mais desejáveis de ambos em um sistema "híbrido". Em 2013, a revista The Economist declarou que os países nórdicos são provavelmente os mais bem governados do mundo. O relatório World Happiness Report 2013 da ONU mostra que as nações mais felizes estão concentradas no Norte da Europa, com a Dinamarca no topo da lista. Os nórdicos possuem a mais alta classificação no PIB real per capita, a maior expectativa de vida saudável, a maior liberdade de fazer escolhas na vida e a maior generosidade. A Escandinávia é o berço do modelo mais igualitário que o mundo já conheceu. O chamado modelo escandinavo é uma referência importante na formulação de políticas econômicas heterodoxas (progressistas) em todo o planeta. O sucesso deste modelo se deveu à combinação de um amplo Estado de Bem-Estar Social com rígidos mecanismos de regulação das forças de mercado, capaz de colocar a economia em uma trajetória dinâmica, ao mesmo tempo em que alcançava os melhores indicadores de bem-estar social entre os países do mundo. *Fernando Alcoforado, 77, membro da Academia Baiana de Educação, engenheiro e doutor em Planejamento Territorial e Desenvolvimento Regional pela Universidade de Barcelona, professor universitário e consultor nas áreas de planejamento estratégico, planejamento empresarial, planejamento regional e planejamento de sistemas energéticos, é autor dos livros Globalização (Editora Nobel, São Paulo, 1997), De Collor a FHC- O Brasil e a Nova (Des)ordem Mundial (Editora Nobel, São Paulo, 1998), Um Projeto para o Brasil (Editora Nobel, São Paulo, 2000), Os condicionantes do desenvolvimento do Estado da Bahia (Tese de doutorado. Universidade de Barcelona,http://www.tesisenred.net/handle/10803/1944, 2003), Globalização e Desenvolvimento (Editora Nobel, São Paulo, 2006), Bahia- Desenvolvimento do Século XVI ao Século XX e Objetivos Estratégicos na Era Contemporânea (EGBA, Salvador, 2008), The Necessary Conditions of the Economic and Social Development- The Case of the State of Bahia (VDM Verlag Dr. Müller Aktiengesellschaft & Co. KG, Saarbrücken, Germany, 2010), Aquecimento Global e Catástrofe Planetária (Viena- Editora e Gráfica, Santa Cruz do Rio Pardo, São Paulo, 2010), Amazônia SustentávelPara o progresso do Brasil e combate ao aquecimento global (Viena- Editora e Gráfica, Santa Cruz do Rio Pardo, São Paulo, 2011), Os Fatores Condicionantes do Desenvolvimento Econômico e Social (Editora CRV, Curitiba, 2012), Energia no Mundo e no Brasil- Energia e Mudança Climática Catastrófica no Século XXI (Editora CRV, Curitiba, 2015) e As Grandes Revoluções Científicas, Econômicas e Sociais que Mudaram o Mundo (Editora CRV, Curitiba, 2016). Possui blog na Internet (http://fernando.alcoforado.zip.net). E-mail: [email protected].

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