Complexo de Favelas de Manguinhos: um território em Movimento
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O Território e Construção Compartilhada de Conhecimento
A dimensão educativa na promoção e na assistência a saúde não reside em sua capacidade de esclarecer, informar e instrumentalizar.
Situa-se na possibilidade de criar caminhos onde todos os agentes do processo possam dialogar, escutar, compreender, produzir conhecimentos de forma compartilhada e atuar sobre problemas.
A participação implica na valorização do conhecimento de cada um.
O Território e a Justiça Ambiental
Enfoque sobre as formas de resistência e transformação da sociedade a partir da emergência de problemas e conflitos ambientais, os quais se realizam em territórios específicos – urbanos ou rurais – e expressam a relevância atual de questões socioambientais.
Os princípios da justiça ambiental implicam não somente em relacionar problemas de saúde e ambiente com questões de cidadania, direitos humanos, mas reconhecer as vozes dos moradores e trabalhadores do território como centrais para a transformação social.
necessidade do desenvolvimento de práticas dialógicas e contextuais que aproximem e realizem a mediação entre as ações institucionais e os conhecimentos técnico-científicos, com os saberes e necessidades das pessoas, associações, organizações e movimentos sociais que vivem e atuam nos territórios.
o território como objeto de aprendizagem coletiva, não apenas dos pesquisadores, mas também – e fundamentalmente –das pessoas e organizações que nele vivem e atuam. Em outras palavras, fazer do território o laboratório de todos para a transformação pela ação coletiva, revelando suas dinâmicas sociais, ambientais, políticas e culturais pelo olhar daqueles que o constroem e o vivenciam.
O Território e a Promoção da Saúde Emancipatória
(...) um processo dinâmico de mediações e constituição de campos relacionais, cognitivos e éticos, entre sujeitos individuais e coletivos para solidariamente estabelecerem mecanismos de compartilhamento dos recursos disponíveis na sociedade. Uma promoção da saúde repensada enquanto processo dialético voltado à produção de conhecimentos e práticas que favoreçam a constituição de espaços de conquistas de liberdade, de redução de vulnerabilidades sócio- ambientais e de exercício dos direitos humanos fundamentais através do que Paulo Freire denomina de inéditos viáveis' (Porto, Pivetta, 2009:220)
Complexidade dos problemas de saúde e o território
Necessidade de modelos de análise sobre os processos de produção social da saúde e da doença que contemplem sua complexidade; incorporação de conceitos e categorias que possibilitem não apenas a explicação da vulnerabilidade social e ambiental, e da situação de saúde em determinados territórios, mas que favoreçam também a compreensão do mesmo.
Caminhos metodológicos que promovam um maior diálogo com os moradores, e a incorporação de seu conhecimento; produzir de forma compartilhada conhecimento e informação sobre um determinada localidade é fazer do território o laboratório de todos para a transformação pela ação coletiva, resgatando o espaço da ciência enquanto espaço público que dialogue e incorpore solidariamente as necessidades das pessoas e da sociedade na forma de analisar e intervir na realidade.
Por que território?
Locus de pesquisa e intervenção
Chave de acesso à compreensão da complexidade dos problemas de saúde e ambientais.
Caminho para o desenvolvimento de uma promoção da saúde emancipatória.
Compreensão do processo social de produção da saúde e da doença exige o estabelecimento de uma abordagem metodológica, que incorpore o conhecimento popular, colocando-o em diálogo com o conhecimento técnico e científico.
Processo que dá base à formulação de políticas públicas de base local.
Promover a autonomia dos atores envolvidos no processo
A educação popular e seu método
Uma das características básicas da educação popular é a indicação de problemas concretos e o esforço de resolvê-los. A partir de um problema formulado, busca-se uma metodologia adequada. A vida – isto é, os problemas que os homens enfrentam para garantir sua sobrevivência – é a referência para a educação popular. (Valla, 1993)
O método
Ponto de partida: as experiências e o conhecimento anterior das classes populares/ Reconhecimento do outro como sujeito; reconhecimento do saber do outro
As condições e modos de vida
A experiência do sofrimento
As experiências dos movimentos e lutas
Exercício do método
Situação problema
Refletindo sobre sua complexidade
Pensando o caminho – método de análise
Discutindo desafios
Identificando ações
Em um mundo cada vez mais desumano, produzir conhecimento de forma compartilhada é um caminho que busca contribuir para autonomia e liberdade de todos os atores envolvidos.
Ética e humanização
Em um mundo cheio de incertezas e com problemas cada vez mais complexos, a construção compartilhada de conhecimento é um caminho para buscar a solução conjunta.
Promoção da Saúde Emancipatória
O Método e o profissional como pesquisador
Estranhamento
Reflexão crítica
Busca de um método de análise e intervenção
Atuar sobre o problema de forma qualificada
A problematização
Implica em compreender a questão a partir de sua complexidade
Identificação das questões em seu contexto: processos que a produzem, meios e recursos; agente presentes
Buscar caminhos considerando a análise desta complexidade
Processo que se faz em diálogo com os agentes envolvidos
Processo que busca promover a autonomia de todos os agentes do processo
O espaço das CAP's s se realiza por meio de fóruns, encontros, oficinas e trabalhos de campo que permitem a confrontação e integração de saberes e perspectivas. Os saberes produzidos na academia e os situacionais e populares, trazidos pelos moradores, confrontam-se na busca de produção de sínteses sobre questões de investigação de interesse.
As CAP's são dinâmicas e possuem temporalidades particulares que funcionam com o objetivo de avançar na análise contextual e crítica sobre questões e problemas do lugar.
A CAP (comunidades ampliadas de pesquisa ação
Caminho para realizar a construção compartilhada de conhecimento
Busca ampliar e integrar o conhecimento e a informação sobre questões e problemas relacionados ao território
Objetiva reunir, confrontar e estabelecer diálogos entre distintos saberes e perspectivas (pesquisadores, moradores-profissionais dos serviços públicos ) de forma a buscar diferentes espaços de ponto de vista, e promover maior engajamento de todos os atores envolvidos, reconhecendo-os enquanto sujeitos do conhecimento, capazes de intervir em sua realidade de vida e trabalho.
O Território Manguinhos
Heterogeneidade
Desenraízamento
Provisoriedade
Invisibilidade
Enraízamento, movimento e Visibilidade
OBJETIVO
Apresentar algumas características do território de Manguinhos
Discutir a importância do conhecimento do território para a compreensão e enfrentamento dos problemas de saúde.
Apresentar caminhos de conhecimento do território, com base na experiência do LTM (Laboratório Territorial de Manguinhos)
O COMPLEXO DE FAVELAS DE MANGUINHOS:
Um Território em Movimento
LTM (Laboratório Territorial de Manguinhos)
/Fiocruz
Marize Bastos da Cunha
2015
Referências
PORTO, M.F.S. & PIVETTA, F. Por uma Promoção da Saúde Emancipatória em Territórios Urbanos Vulneráveis In: CZERESNIA, D & FREITAS, C.M. Org. Promoção da Saúde, conceitos, reflexões, tendências. Ed. FIOCRUZ. 2ªed. 2009.
VALLA, Victor Vincent. VALLA, V. V., Educação popular e conhecimento: a monitorização civil dos serviços de saúde e educação nas metrópoles brasileiras. In: Participação Popular, Educação e Saúde: Teoria e Prática (V. V. Valla & E. N. Stotz, org.), pp. 105-116, Rio de Janeiro: Editora Relume-Dumará, 1993.
ZANCAN, L. F.; PIVETTA, F.; SOUSA, F. M; CUNHA, M.; PORTO, M. F. S.; FREITAS, J. . Dispositivos de Comunicação para a Promoção da Saúde: Reflexões Metodológicas a Partir do Processo de Compartilhamento da Maleta de Trabalho "Reconhecendo Manguinhos". Interface - Comunicação, Saúde, Educação, v. 18, p. 1313-1326, 2014.
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