Compreendendo relações de sociabilidade quando se ensina/aprende música na Banda Corporação Musical Nossa Senhora do Carmo – MG

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Compreendendo relações de sociabilidade quando se ensina/aprende música na Banda Corporação Musical Nossa Senhora do Carmo – MG MURILO SILVA REZENDE* 1 INTRODUÇÃO Pretende-se discutir, neste texto, com base no estudo das relações de sociabilidade, como se estabelecem práticas pedagógico-musicais na Banda Corporação Musical Nossa Senhora do Carmo – MG, de 1985 até 2014. Essa Banda1 vem há mais de cem anos se fazendo presente no dia a dia da cidade de Arcos – MG2. Teve sua primeira formação em 19083, mas, segundo um dos entrevistados desta pesquisa, provavelmente já existia antes dessa data. Era comum que a Banda se apresentasse em festas, quermesses, missas, semana santa, piqueniques, inaugurações, circos que visitavam a cidade, eventos promovidos pela prefeitura, tais como aniversário da cidade, desfile de 7 de setembro, inaugurações de obras públicas, além de se apresentar em outras cidades nos encontros de banda4. Para que a Banda pudesse participar de viagens e manter sua sede, ela mantinha uma parceria com a prefeitura, que, além de pagar os honorários do maestro, fornecia as fotocópias das partituras, disponibilizava um funcionário para a limpeza e cedia o transporte para as viagens, em contrapartida, a Banda se apresentava nos eventos da prefeitura. É importante mencionar que a Banda não remunerava os seus integrantes, o que oferecia era a oportunidade de aprender música gratuitamente. Durante o tempo de existência da Banda, pelo menos oito maestros estiveram à frente desse grupo. Um deles, o Sr. João Fernandes Mendes, por 29 anos, o que pode ser considerado Professor de música. UFU, Mestre em Artes – subárea Música, apoio CAPES. UnB, doutorando em Educação. Neste texto, a palavra “Banda”, com letra maiúscula, é utilizada quando se faz referência à Corporação Musical Nossa Senhora do Carmo. Quando escrita com letra minúscula, refere-se ao substantivo “banda”, um tipo de grupo musical. 2 Cidade mineira localizada, aproximadamente, a 210 km de Belo Horizonte, 490 km de São Paulo e 680 km de Brasília. A cidade recebeu esse nome em 1833 e foi emancipada em 17 de dezembro de 1938. Tem como base de sua economia a mineração e, atualmente, tem aproximadamente 40 mil habitantes. 3 Na data de sua fundação, era conhecida como Lira Musical Santa Cecília. Porém, pouco tempo após o início de sua atividade, com a entrada de novos músicos passou a se chamar Corporação Musical Nossa Senhora do Carmo. 4 Evento promovido pela banda de alguma cidade que, como anfitriã, convida bandas de cidades próximas a se apresentarem. * 1

2 um quarto do tempo de existência da Banda. Sendo assim, o recorte temporal de 1985 a 2014, 29 anos, corresponde ao período de atuação do maestro João Fernandes na Corporação. Uma das motivações pela escolha deste tema foi a minha proximidade com a Banda. Por ter pessoas em minha família que estiveram ligadas à música – meu avô, catireiro e meu pai, folieiro –, fui encaminhado para as aulas de música em um espaço cedido pela prefeitura da cidade de Arcos e, de lá, após demonstrar algum interesse pelo estudo da música, fui direcionado para a sede da Banda. Fui com o interesse de aprender a tocar violão erudito e, ao ver a Banda tocando, percebi que aquilo me interessava. Lá fiquei, fiz amigos, aprendi outros instrumentos e me profissionalizei. Assim como eu, muitas pessoas procuravam a Banda por algum interesse específico, que poderia ser tocar um instrumento, ensaiar, viajar, estar junto de outras pessoas e se profissionalizar etc. A Banda era, nesse sentido, um ponto de encontro que reunia pessoas que tinham os mais diversos objetivos e, para alcançá-los, era necessário aprender música e/ou um instrumento e tocar na Banda. Para compreender o que se quer entender em um contexto que dispõe de tantos pontos passíveis de análise, foi preciso “ajustar uma lupa” para que se pudesse enxergar dentre o todo e definir o foco dessa pesquisa. Isso porque o objeto científico antes de mais e sobretudo, romper com o senso comum, quer dizer, com representações partilhadas por todos, quer se trate do simples lugares-comuns da existência vulgar, quer se trate das representações oficiais, frequentemente inscritas nas instituições, logo, ao mesmo tempo na objectividade das organizações sociais e nos cérebros (BOURDIEU, 2004: 34).

Pensa-se que a banda de música tem em seu espaço normas definidas que fazem com que seus integrantes tenham condições de diferenciá-la dos espaços comuns. E, a partir das relações estabelecidas nesse espaço social, as pessoas compartilham de ações que as levam, muitas vezes, a ter experiências que podem favorecer o ensino/aprendizagem de música. Ver a Banda passar e entendê-la como um grupo de pessoas que tocam instrumentos musicais pode ser uma tarefa fácil, porém o que se busca dentro do objeto do estudo proposto é localizar pequenas nuances que podem ser enxergadas de muitas formas, isso porque “objeto é

3 aquilo que consegue se separar do conhecimento comum e da percepção subjetiva do sujeito graças a procedimentos científicos de objetivação” (KAUFMANN, 2013: 42). Quando se fala em banda, é comum que exista uma diferença conceitual que possa definir esse grupo. Para isso, é importante destacar que o tipo de banda a que me refiro neste texto é aquele em que se pode notar as seguintes características: tocar em formação, caminhando ou em pé e em pouquíssimas situações sentados; o nome geralmente começando com: Euterpe, Sociedade Musical, Corporação Musical, Lira, Associação Musical ou até mesmo Banda. É um grupo composto por instrumentos de sopro5 e percussão6, que usam roupas, geralmente, muito parecidas com uniformes militares e, em diversos casos, com o uso de quepes. No repertório destacam-se os dobrados, valsas, maxixes, mazurcas, polcas e marchas religiosas e se apresentam, principalmente, em praças, coretos, festas religiosas (como a Semana Santa), desfiles cívicos e encontro de bandas (REZENDE, 2016: 19 – Notas de rodapé idênticas ao original).

Essas explicações se fazem necessárias, pois de acordo com Rezende (2016): não basta dizer o que é banda, pois quem a vê e a reconhece nem sempre é capaz de pensar as situações que a configuram como uma instituição social ou um espaço no qual as pessoas se encontram e, ao se encontrarem por objetivos diversos aprendem/ensinam música (REZENDE, 2016: 26).

Dessa forma, a partir do destaque de nuances, passagens e acontecimentos no espaço da Banda, no seu dia a dia e nas histórias de seus integrantes, buscou-se o entendimento de questões relacionadas à sociabilidade quando se ensina e se aprende música na Banda. 2 SOBRE A BANDA Foi possível perceber que a Banda tem papel de destaque na cidade de Arcos – MG e que alguns de seus integrantes buscam não só um lugar no qual se pode aprender música, mas também um espaço no qual podem se relacionar com outras pessoas. Para Riedel (1964): o estudante que pratica seu instrumento assiduamente faz isso não só porque ele quer aprender como tocar o instrumento, mas também porque ele quer adquirir alguma habilidade com a qual possa agradar seus amigos, para ganhar aceitabilidade pelo

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Instrumento/afinação: Requinta Mib, Clarinete Bb, Trompete Bb, Saxhorns Mib, Trombone (de vara C, ou de pisto Bb), Bombardino Bb, Souzafone Bb/Eb e/ou Baixo Helicon Bb/Eb. Atualmente, pode-se notar Flauta Transversal C, Sax alto Mib, Sax tenor Bb, Bombardão Bb. 6 Bombo, Caixa Surda ou Surdo, Caixa Clara e/ou Tarol, Pratos.

4 grupo, para impressionar seus pais, adversários reais ou imaginários, ou membros do sexo oposto (RIEDEL, 1964: 152, tradução minha)7.

Isso se dá também pelo fato de que as organizações – tais como bandas, agremiações, clubes – são espaços, grupo sociais que têm seu próprio modo de fazer algo, estruturas simbólicas que se desenvolveram, o que nos remete à reflexão de que para fazer parte da Banda o indivíduo deve aceitar e se propor a fazer o que se faz naquele lugar. Isso porque, segundo Gurvitch (1941), as organizações são condutas coletivas habituais, combinadas, hierarquizadas, centralizadas, seguem um modelo reflexivo e fixado de antemão” (GURVITCH, 1941: 25, tradução minha)8. A Banda também pode ser entendida como uma instituição, um grupo que detém, segundo Berger e Berger (1978), exterioridade, objetividade, coercitividade, autoridade moral e historicidade, características essenciais para tal entendimento. A exterioridade, por ser “situada fora do indivíduo” (p. 166), não poderia ser eliminada, pois ainda assim poderia ser reconhecida; a objetividade faz com que a Banda exista por “estar lá” (p. 166); a coercitividade, entendida como o poder que a instituição tem sobre o indivíduo, por ter “existência objetiva” e não poder ser “agastada por ele” (p. 167); a autoridade moral, que “em outras palavras, reservam-se o direito de não só ferirem o indivíduo que as viola, mas ainda o de repreendê-lo no terreno da moral” (BERGER; BERGER, 1978: 167); por último, a historicidade, que, neste texto, nota-se com facilidade, pois sabe-se que a Banda, e as bandas de uma maneira geral, estão presentes em diversos tempos/momentos da sociedade. O indivíduo que está em sociedade interage socialmente, cria laços e estabelece relações que podem saciar seus interesses, o que seria uma das formas pelas quais a sociedade se sustenta. De acordo com Simmel (1950), esses laços ganham vida própria e são difundidos somente por (através de) aqueles que estão fascinados por ele, e é esse “o fenômeno que chamamos de sociabilidade” (SIMMEL, 1950: 43), a qual, para Rezende (2016), “surge das diversas formas de relações pessoais, dos laços afetivos formados entre pessoas a partir da necessidade de estar junto com alguém, engajados na busca pela satisfação pessoal ou coletiva” (REZENDE, 2016: 31). No original: “The student who practices his instrument assiduously does so not only because he wants to learn how to play the instrument, but also because he wants to acquire some skill with which to please his friends, to gain acceptance by a group, to impress his parents, real or imaginary adversaries, or member of the opposite sex”. 8 No original: “Las organizaciones son conductas colectivas habituales, combinadas, jerarquizadas, centralizadas, según un modelo reflexivo y fijado de antemano”. 7

5 Assim, é possível entender que as pessoas que frequentam a Banda têm interesses diferentes, no entanto, para alcançá-los, é necessário que se ensine/aprenda música. E isso se dá por estarem juntos em um espaço que, tradicionalmente, caracteriza-se pela produção de música, pelas formas com que se ensina/aprende música, pelas características daquele espaço e pelo encontro de pessoas. Por meio desses pressupostos, é possível dizer que, para este trabalho, a música pode ser entendida como uma prática social (RIEDEL, 1964; SOUZA, 2004; GONÇALVES, 2007), que ocorre em praticamente todos os momentos e espaços em que existe interação entre os indivíduos, com ou sem a mediação de um professor. 3 METODOLOGIA 3.1 História Oral A História Oral Temática foi o método escolhido para esta pesquisa. Em primeiro lugar por permitir a compreensão das relações entre os colaboradores, em suas perspectivas e no tempo que eles passaram nesse espaço, a Banda. E em segundo pelo fato de que a História Oral Temática quase sempre [...] equivale o uso da documentação oral ao uso das fontes escritas [...] é quase usada como técnica [...] por basear-se em um assunto específico e previamente estabelecido, a história oral temática se compromete com o esclarecimento ou opinião do entrevistado sobre algum evento definido (MEIHY, 2000: 67).

Sabe-se que o termo “História Oral” tem sido utilizado por pesquisadores de áreas como sociologia, história, educação, música, dentre outras. Segundo Portelli (1997: 26), a História Oral trata da “subjetividade, memória, discurso e diálogo”. Para Hesse-Biber e Leavy (2006), consiste em um método que permite aos pesquisadores aprender sobre a vida dos entrevistados a partir de sua própria perspectiva - onde eles criam significado, o que eles consideram importante, seus sentimentos e atitudes (explícitos e implícitos), a relação entre diferentes experiências de vida ou diferentes momentos de sua vida - sua perspectiva e sua voz sobre suas próprias experiências de vida (HESSE-BIBER; LEAVY, 2006: 151, tradução minha)9.

No original: [The Oral History] “allows researchers to learn about respondents lives from their own perspective where they create meaning, what they deem important, their feelings and attitudes (both explicit and implicit), the relationship between different life experiences or different times in their life - their perspective and their voice on their own life experiences”. 9

6 De acordo com Cruikshank (2006), o termo História Oral se refere, em geral, a um “método de pesquisa, no qual se faz uma gravação sonora de uma entrevista sobre experiências diretas ocorridas durante a vida de uma testemunha ocular (CRUIKSHANK, 2006: 151, grifo no original). Isso se dá também porque o principal intuito da História Oral, tendo como fundamento o pensamento de Hesse-Biber e Leavy (2006), é conhecer os fatos contados por pessoas que viveram experiências no tempo, entender visões e essas experiências vividas reconstruídas pelas memórias dos atores sociais, que são dados importantes para que se possa aprofundar sobre determinados fenômenos, espaços e histórias-sociais. Nesse sentido, aceitando que existem vários pontos de vista sobre um mesmo assunto e sabendo que a História Oral Temática é “a narrativa de uma versão do fato”, busca-se a “verdade de quem presenciou um acontecimento ou que pelo menos dele tem alguma versão que seja discutível ou contestatória” (MEIHY, 2000: 68). Isso porque, no método História Oral, segue-se o pressuposto de que “o ator individual tem conhecimento valioso para compartilhar baseado em suas experiências de vida, incluindo seus comportamentos, rituais, atitudes, valores e crenças” (LEAVY, 2011: 11, tradução minha)10, importantes para a compreensão do discurso presente na época destacada e que não se propõem a contrapor outras fontes. 3.2 As fontes de dados As fontes orais utilizadas neste estudo foram levantadas por meio de entrevistas11. Uma entrevista exploratória foi realizada com o maestro da Banda para ter ideia de qual seria o próximo entrevistado. Assim, os participantes foram escolhidos no decorrer da pesquisa, pois durante as entrevistas os colaboradores12 davam “dicas”, falavam sobre outros participantes da Banda. Dessa maneira, foi possível definir quem seriam os próximos entrevistados. Foi utilizado o procedimento “bola de neve” para definir quem seria o próximo entrevistado, ou seja, no fim de cada entrevista era escolhido o próximo passo a partir das No original: “That individual actors have valuable knowledge to share based on their life experiences, including their behaviors, rituals, attitudes, values and beliefs”. 11 Realizadas entre janeiro de 2014 e julho de 2015. 12 Os participantes que deram entrevistas para que esta pesquisa pudesse ser concluída serão chamados de colaboradores, pois é “importante na definição do relacionamento entre o entrevistador e o entrevistado. Sobretudo é fundamental porque estabelece uma relação de compromisso entre as partes” (MEIHY, 2000: 49). 10

7 contribuições de cada um, isto é, as entrevistas se tornam, também, um “fio condutor”, que faz “uso da própria rede de amigos e parentes dos informantes na configuração do corpus” (MARGOLIS, 1994: 20, grifos no original). Para realização das entrevistas, foi elaborado um roteiro13 com 17 perguntas que foram aperfeiçoadas a partir das contribuições de cada colaborador. Essas perguntas não eram fixas, pois no momento da entrevista poderia ser necessário reformular ou até mesmo criar outras perguntas para que não se perdessem temas importantes que pudessem surgir durante o tempo de interação da entrevista. Isso porque a entrevista compreensiva “não tem uma estrutura rígida, isto é, as questões previamente definidas podem sofrer alterações conforme o direcionamento que se quer dar à investigação” (ZAGO, 2003: 95). Segundo Rezende (2016), qualquer relato dos colaboradores é “relevante para a construção de novas perguntas em outros momentos e até para outras entrevistas” (REZENDE, 2016: 50), pois “a melhor pergunta não está posta na grade: ela deve ser encontrada a partir do que acaba de ser dito pelo informante” (KAUFMANN, 2013: 81). O material gravado nessas entrevistas, após transcrito14, foi compilado em um Caderno de Entrevistas15 com 345 páginas. Neste caderno cada entrevista gerou, por ordem de realização, um item no índice. Para esta pesquisa, outros dados foram colhidos a partir de fotografias, artigos de revistas e jornais. É importante salientar que o objetivo não é verificar se existe alguém certo e/ou alguém errado, e sim levantar aspectos que possam iluminar o objeto de pesquisa em questão. No total, foi levantado em jornais, arquivos, museus e revistas um total de 80 artigos em 64 periódicos que circularam na cidade entre os anos 1900 e 2015. Cabe ressaltar que a busca desses materiais ultrapassou o limite temporal proposto para esta pesquisa, por acreditar que o conhecimento e o manuseio desse material pudessem ajudar a compreender o passado da Banda, bem como a entender sua relação com a cidade, além de servir como fonte de dados para outros trabalhos de futuros pesquisadores. 13

O roteiro pode ser encontrado, na íntegra, em Rezende (2016: 207). Foram respeitadas solicitações, por parte dos colaboradores, de não transcrever alguns trechos das entrevistas. 15 A partir de agora, todas as referências ao Caderno de Entrevista usarão a sigla “CE”. 14

8 É relevante dizer que, por minha proximidade com o tema, pelo tempo que passei na Banda e pelos amigos que tenho por lá, era importante, como pesquisador, estar atento aos momentos nos quais a minha percepção poderia alterar, moldar ou direcionar as respostas dos colaboradores, ainda mais sabendo que “qualquer que seja o fenômeno estudado é preciso primeiramente que o observador se estude, pois o observador, ou perturba o fenômeno observado ou nele se projeta de algum modo” (MORIN, 2002: 21). Em muitas situações, eu fui colocado em xeque pelos colaboradores, que diziam: “Você estava lá!”, “Você lembra?”16. Então, era como se ouvir essas histórias, fazer essas entrevistas fosse reconstruir uma época na qual eu vivi, escutando o ponto de vista do outro. Ou seja, era como montar um quebra-cabeças, no qual a história de cada um era uma peça e eu, como pesquisador, me calava para que nem meus anseios e nem meu olhar de ex-músico da Banda pudessem “desvirtuar” as entrevistas. Pode-se dizer que muitas vezes o colaborador buscava auxílio na memória do outro para validar as suas próprias, isso porque se as duas memórias se penetram frequentemente; em particular se a memória individual pode, para conferir algumas de suas lembranças, para precisá-las, e mesmo para cobrir algumas de suas lacunas, apoiar-se sobre a memória coletiva, deslocar-se nela, confundir-se momentaneamente com ela; nem por isso deixa de seguir seu próprio caminho, e todo esse aporte exterior é assimilado e incorporado progressivamente em sua substância (HALBWACHS, 2004: 57-58).

A minha peça do quebra-cabeça, isto é, a minha memória no momento das entrevistas, só serviu como “fornecedora de estopins” para que alguns fatos, histórias e percepções pudessem ajudar algum dos colaboradores a lembrar-se de algo que pudesse, por algum motivo, estar embaçado em sua memória. 3.3 A análise dos dados Após transcrição das entrevistas, buscou-se continuar a imersão no tema através da analise dos dados coletados. O principal intuito dessa fase da pesquisa foi sistematizar os dados, organizá-los e classificá-los de maneira a codificar o que foi dito pelos entrevistados. Para Stake

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Caderno de Entrevistas, p. 3, 7, 10, 47, 50, 61, 131, 142, 179, 187, 203, 220, 237, 243, 251, 266, 273, 280, 303.

9 (2011), essa “codificação (classificar, organizar)” é uma “característica comum da micropesquisa e de todas as análises e sínteses qualitativas” (p. 166). Codificar é organizar todos os conjuntos de dados de acordo com tópicos, temas e problemas importantes para o estudo. A codificação serve mais para a interpretação e o armazenamento do que para a organização do relatório final. Ela pode ser estruturada pela questão da pesquisa, pelo mapa de conceito e pelos grupos de fragmentos que se desenvolvem durante o estudo (STAKE, 2011: 166).

Como é de se pressupor, esse não foi um trabalho fácil, pois demandou, por parte do pesquisador, tempo, paciência e a capacidade de, após munido de referenciais teóricos, fazer interferências e ligações sem que existisse uma fuga do tema. Ou seja, na organização dos dados, no surgimento de itens e subitens de interesse, o pesquisador não pode se deixar levar pelos dados, ser enganado por eles. Isso porque desenvolver teoria é uma atividade complexa. [...] Teorizar é um trabalho que implica não apenas conceber ou intuir ideias (conceitos), mas também formular essas ideias em um esquema lógico, sistemático e explanatório (STRAUS; CORBIN, 2008: 34, grifos no original).

É claro que a análise de dados pode sofrer alterações e ter outros resultados, a depender do olhar de cada pesquisador, que estaria munido de outras teorias para olhar o material a ser analisado, pois “muitas vezes, o pesquisador qualitativo faz muitas de suas intepretações a partir de suas experiências pessoais com as pessoas estudadas” (STAKE, 2011: 166). Saliento que, pela minha relação com o tema desta pesquisa, com os colaboradores e com as situações vividas por nós no tempo/espaço da Banda e fora dela, fiz pequenas incursões no texto. Nesse sentido, me tornei também, em alguns momentos, um personagem desta pesquisa. 4 A BANDA COMO ESPAÇO DE SOCIABILIDADE 4.1 Sociabilidades e redes de sociabilidade Pensa-se que a sociologia da música pode oferecer meios para compreender as relações que se estabelecem na Banda. Isso porque ela considera a música um “processo social” (KRAEMER, 2000: 57), no qual o comportamento do homem e seu envolvimento com a música pode ser entendido a partir das instituições, grupos e influências sociais. Foram identificados aspectos relacionados com a familiaridade e laços que assumem papéis importantes quando se pensa em aprender por estar junto, na convivência em um grupo

10 social. Também foram percebidas relações de sociabilidade que acontecem nesse espaço quando se aprende música, o que leva ao entendimento da música como uma prática social que sé dá (se organiza, acontece) - também e não só - pelas relações sociais, na convivência com pessoas que se associam em grupos ou estão juntas por algum motivo. Foi possível perceber que a Banda era um espaço que favorecia o estabelecimento de sociabilidades pedagógico-musicais, isso porque existiam relações estabelecidas de diversas maneiras entre seus participantes. Aí é necessário que, no sentido desta pesquisa, quando se fala em sociabilidade e nas relações estabelecidas dentro e fora da Banda, se pense em relacionalidade social, que pode ser interpessoal (face-a-face), mas também impessoal (como em organizações ou movimentos sociais em que se torna sinônimo de um sentimento de pertença) na condição de que este último está ativo e é composto por ações recíprocas (mesmo à distância) que geram efeitos emergentes de uma natureza pró-social (DONATI, 2014: 92, tradução minha)17.

A sociabilidade designa, segundo Gurvitch (1941), o princípio das relações entre pessoas e a capacidade de estabelecer laços sociais, abrangendo a formação dos grupos, ou seja, são as “múltiplas maneiras de estar ligado pelo todo e no todo, ou formas de sociabilidade que, em diferentes graus de atualidade e virtualidade, se combatem e se equilibram em cada grupo real” (GURVITCH, 1941: 13, tradução minha)18. Para Simmel (1983), a sociabilidade é uma das formas de relação social nos pequenos grupos sociais nos quais os indivíduos convivem, sem que a posição social externa ao grupo de cada um interfira na convivência, fazendo com que os “indivíduos na mesma extensão” possam se sentir “somente um elemento do grupo” (SIMMEL, 1983: 171). A partir das entrevistas notou-se que algumas pessoas queriam fazer parte da Banda não só para tocar, mas para viajar, estarem juntos e, em alguns casos, terem com quem conversar. Essas pessoas tinham nas redes de amigos e nos laços familiares vivências que despertavam interesses em questões/atividades ligadas à música e encontravam na Banda, não só em seu No original: “social relationality, which can be interpersonal (face-to-face) but also more impersonal (as in organizations or social movements in which it becomes synonymous with a sense of belonging) on condition that the latter is active and consists of reciprocal actions (even if at a distance) that generate emergent effects of a prosocial nature”. 18 No original: “las múltiples maneras de estar ligado por el todo y en el todo o formas de sociabilidad que, en diferentes grados de actualidad y de virtualidad, se combaten y se equilibran en cada grupo real”. 17

11 espaço mas em também nos seus integrantes, motivos que os faziam querer ficar juntos e/ou aprender música. Com isso, foi possível definir que essas redes de sociabilidade podem ser entendidas como as relações que os indivíduos criam com outros, tendo como ponto inicial a vontade de atingir um objetivo e que, muitas vezes, tocar um instrumento é a forma, o meio para alcançar o objetivo, e não ele em si. De acordo com Lance (2005), “uma rede de sociabilidade é um grupo de pessoas que compartilham normas e valores, interagem uns com os outros em situações formais e informais” (LANCE, 2005: 109, tradução minha) 19 . Já para Rezende (2016), essas redes são “formadas por pessoas que ao dividirem um mesmo espaço social trocam, compartilham e aprendem novos valores, e que o que se constrói nesse grupo pode ser usado ‘fora dele’” (REZENDE, 2016: 171). Por meio desses pressupostos, foi possível afirmar que essas redes e esses laços formam sociabilidades pedagógico-musicais, internas e externas à Banda, pois usavam como vetor os participantes e, dessa forma, o que era aprendido naquele espaço tinha meios para se expandir para além do espaço da Banda. 4.2 Sociabilidade pedagógico-musical interna As sociabilidades internas à Banda podem ser percebidas, em primeiro, naquelas pessoas que têm a Banda como um espaço de frequentação. São pessoas que a partir dos laços familiares e pelas relações que têm com outros músicos da Banda chegam até a Banda. Alguns dos colaboradores20 contam que conheceram a Banda por meio dos pais, dos irmãos e de pessoas que frequentavam a Corporação. Ou seja, existem muitas maneiras de se ter contato com a Banda, e muitas delas se davam pelos laços, elos construídos por consanguinidade ou por afinidade que, de forma ou outra, levam pessoas a conhecer a Banda. Em segundo, no que fazia essas pessoas gostarem de estar naquele espaço. No caso da Banda sabe se que “o instrumento não fazia diferença. O importante era ser da Banda” (CE: 141) e, nesse sentido, independentemente do motivo pelo qual o músico ia para a Banda, não se pode No original: “A sociability network is a group of people who share norms and value interact with each other in formal and informal situations”. 20 Caderno de Entrevistas, p. 17, 26, 105, 134, 162, 167, 220, 237, 264. 19

12 negar que existe a vontade de estarem juntos. Poria ser percebido na fala dos colaboradores21 que se eles estavam na Banda não era apenas para tocar um instrumento, mas também para estarem com outras pessoas das quais eles gostavam, que tinham gostos parecidos e que aceitavam se unir em prol de um bem maior, a Banda. Compreender as práticas musicais e seu ensino/aprendizagem no dia a dia passa, também, pelo entendimento das relações estabelecidas na Banda e como elas promovem a formação de um ambiente em que as experiências são importantes para a aquisição e compartilhamento dos conhecimentos musicais importantes para a Banda. Assim, entender o porque pessoas querem ficar juntas e como elas se relacionam entre si pode ser uma das formas de compreender como se dá o processo de ensino/aprendizagem nos grupos sociais (REZENDE, 2016: 161).

Em um terceiro ponto, pensa-se na Banda como um espaço de reunião para praticar e aprender música, no qual os participantes se encontravam para praticar as músicas que tocavam na Banda e fora dela, o que faz com que o ensino/aprendizado na Banda não dependesse da figura/intermédio de um professor para acontecer. Durante as entrevistas 22 , foi possível perceber que os participantes da Banda se ajudavam, criavam formas de ensinar o que sabiam e aprendiam uns com os outros. Isso porque, embora a Banda tocasse músicas de banda, seus integrantes gostavam de outros gêneros musicais e os traziam para dentro da Banda, compartilhavam seus gostos com os companheiros, que, por sua vez, abraçavam a causa e aprendiam essas músicas que não pertenciam ao repertório da Banda. Com isso, nota-se que ao tocar no espaço da Banda, principalmente sem a presença do maestro, os músicos exploravam seus conhecimentos musicais, desenvolviam suas próprias técnicas para “tirar” músicas, aprendiam e ensinavam seus próprios métodos para acompanhar e tocar músicas de outros estilos. Já com a presença do maestro, as práticas musicais eram direcionadas para a aprendizagem das obras que eram do repertório da Banda. Por último, há de se considerar que através dos tempos o homem tem se relacionado uns com os outros nas diversas situações do dia a dia. É impossível negar que nesses espaços nos

21 22

Caderno de Entrevistas, p. 28, 45, 81, 137, 141, 186, 239, 277. Caderno de Entrevistas, p. 37, 60, 82, 131, 180, 269.

13 quais essas relações se estabelecem existem sentimentos de confiança, reciprocidade, amizade e familiaridade, sentimentos que são repletos de reciprocidade. Assim, no que se refere à familiaridade no espaço da Banda, foi possível notar23 que não existia dependência de laços consanguíneos para que os frequentadores se sentissem família da Banda, isso porque “não era aquele negócio de... ‘Eu ia para a Banda, vou aprender música!’. Não era só música. Era amizade, era companheiro de sair... Entendeu?” (CE: 154). Era como se a Banda tivesse trazido “amigos, irmãos” (CE: 54) e, na figura do maestro, um conselheiro, um líder que os direcionava. É natural que as pessoas que frequentam um espaço social formem laços uns com outros, tenham relações dentro e fora dele. Trata-se de uma sociabilidade interna que se forma dentro de um grupo específico, no qual as pessoas que assumem o desejo de frequentá-lo tendem a se relacionar de forma a ensinar/aprender uns com os outros. 4.3 Sociabilidade pedagógico-musical externa Por meio da análise dos dados24 foi possível dizer que os indivíduos criam relações uns com os outros também pela vontade de estarem juntos e permanecerem no grupo, de se sentirem parte de um projeto de pessoas que tenham interesses parecidos. Uma rede de sociabilidade pode ser entendida como um grupo de pessoas que, ao dividirem um mesmo espaço/tempo social, compartilham valores, crenças e normas (RIEDEL, 1965; LANCE, 2005; REZENDE, 2016). Essas redes se estabeleciam entre os frequentadores da Banda e as pessoas que não faziam parte daquele grupo, mas, mesmo sem ter contato direto com ele ou com o que se aprendia lá, recebiam respingos da produção musical da Banda. Ou seja, tendiam a ir para fora da Banda. Isso ocorria na sede da Corporação e na cidade por meio das apresentações musicais e do ensino/aprendizagem musical que acontecia no espaço da Banda e que, através de seus frequentadores, chegavam a outros lugares. O “turma da Banda” tinha, inclusive, grupos de amigos que foram para a Banda por causa deles que já tocavam (CE: 43). Tinham amigos que gostavam de estar com eles porque eles tocavam (CE: 43). Eram pessoas que, as vezes, não tinham contato com instrumentos, mas 23 24

Caderno de Entrevistas, p. 53, 61, 68, 95, 141, 259. Caderno de Entrevistas, p. 43, 58, 97, 122, 147.

14 através do pessoal da Banda tinham a oportunidade de explorá-los, como em certa vez em que alguns participantes da Banda foram fazer uma serenata para a namorada de um conhecido e ele falou pra namorada que tocava violão! Nesse dia eu nem sabia que ele tinha falado nada disso! Eu cheguei lá, peguei o saxofone e estou tocando saxofone... aí de repente ele chega lá com um violão [risos] e toca assim: “Tuim, tuon” [imita o som de glissandos ascendentes e descendentes] [risos] (CE: 42).

Era comum que essas situações ocorressem nos momentos em que o pessoal se relacionava com suas famílias e amigos durante as viagens25 nas quais era possível levar colegas de escola, nos encontros de banda e nos locais em que a Banda tocava26 e que havia público. No mesmo sentido eram percebidas várias situações nas quais o que se aprendia na Banda era a intercessão ou, em alguns casos, o fio condutor das relações que eram mantidas com outras pessoas que não tinham conhecimentos musicais, e que em vários momentos poderiam, por meio dos músicos da Banda, fazer parte de um processo em que as relações entre pessoas proporcionavam o aprender/ensinar música. 5 CONCLUSÃO A partir dos pressupostos destacados acima, concluiu-se que, para estar junto e fazer parte de um grupo como a Banda, é necessária a disposição para aprender as normas e convenções típicas desse grupo. Na busca dos seus objetivos os integrantes da Banda passaram por situações pedagógico-musicais em tempos/espaços nos quais vivenciam processos, estratégias e procedimentos de ensino/aprendizagem musical, compartilhados entre maestro e músicos, entre músicos e músicos, entre a Banda e a cidade. As redes que se formam a partir do conviver na (e com a) Banda (em seus espaços em cada tempo, e/ou nos lugares que ela frequenta) fazem com que pessoas permaneçam e queiram permanecer juntas. Isso implica no fato de que pessoas diferentes tenham algo que as mantenha juntas. E isso só é possível pelo processo da sociabilidade, que faz com que essas pessoas queiram estar juntas por algum motivo. Esses objetivos, ou o caminho para chegar até eles, fazem 25

Caderno de Entrevistas, p. 44, 47, 91, 114, 153, 230, 267. As apresentações da Banda ocorriam, principalmente, na Semana Santa, nas alvoradas, nos desfiles de 7 de Setembro ou no aniversário da cidade. 26

15 com que, diretamente ou indiretamente, consciente ou inconscientemente, essas pessoas tenham momentos em que é possível notar o ensino/aprendizagem de música, o que poderia, nesses casos, ser considerada uma sociabilidade pedagógico-musical. REFERÊNCIAS BERGER, L. Peter; BERGER, Brigitte. O que é uma instituição social? In: FORACCHI, Marialice Mencarini; MARTINS, José de Souza. Sociologia e Sociedade: leituras de introdução à sociologia. Rio de Janeiro: LTC 1978. p. 164-168. BOURDIEU, Pierre. O poder do simbólico. 7. ed. Tradução de Fernando Tomaz (português de Portugal). Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2004. CRUIKSHANK, Julie. Tradição oral e história oral: revendo algumas questões. In: FERREIRA, Marieta de Moraes; AMADO, Janaína (Org.). Usos e abusos da História Oral. 8. ed. Rio de Janeiro: Editora da Fundação Getúlio Vargas, 2006. p. 149-164. DONATI, Pierpaolo. Transcending modernity: the quest for a relational society. 2014. Disponível em: . Acesso em: 8 fev. 2015. GONÇALVES, Lilia Neves. Educação musical e sociabilidade: um estudo em espaços de ensinar/aprender música em Uberlândia-MG nas décadas de 1940 a 1960. 2007. 345 f. Tese (Doutorado em Música) – Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2007. GURVITCH, Georges. Las formas de la sociabilidad: ensayos de sociología. Buenos Aires: Losada, 1941. HALBWACHS, Maurice. A memória coletiva. Tradução de Laís Teles Benoir. São Paulo: Centauro, 2004. HESSE-BIBER, Sharlene Nagy; LEAVY, Patricia. The practice of qualitative Research. London: Sage Publications, 2006. 270 p. KAUFMANN, Jean-Claude. A entrevista compreensiva: um guia para pesquisa de campo. Tradução de Thiago de Abreu Lima Florêncio. Petrópolis, RJ: Vozes/Maceió, AL: Edufal, 2013. KRAEMER, Rudolf-Dieter. Dimensões e funções do conhecimento pedagógico-musical. Em Pauta, v. 11, n. 16/17, p. 49-73, abr./nov. 2000.

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