Comunicação sobre projeto em andamento INSPEÇÃO VISUAL DO MEXILHÃO DOURADO PELA REDE HIDROMÉTRICA NACIONAL

May 22, 2017 | Autor: Leonor Esteves | Categoria: Reservatórios Hidrelétricos
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Comunicação sobre projeto em andamento INSPEÇÃO VISUAL DO MEXILHÃO DOURADO PELA REDE HIDROMÉTRICA NACIONAL Maria Leonor Baptista Esteves 1 INTRODUÇÃO O mexilhão dourado (Limnoperna fortunei) é uma espécie invasora. Pertence ao filo Mollusca, classe Bivalvia. É um animal aquático que possue um pé muscular (bisso), uma concha calcária, sendo que o primeiro estágio larval é um trocóforo 2 e o segundo veligero. O bisso 3 é formado por secreção protéica e localiza-se na região ventral. O mexilhão dourado é um molusco bivalve de água doce que se move e se alimenta na superfície de um substrato duro, no qual se fixa. Cabe ressaltar que, apesar de se mover sobre as superfícies, isto representa pequenos deslocamentos, não sendo causa de sua dispersão pelos corpos hídricos. O mexilhão não nada.

A tese mais aceita é que foi introduzido, no Brasil, acidentalmente, pela água de lastro de navios descarregada nos portos da bacia do rio da Prata, na Argentina. O primeiro registro de sua presença, em águas brasileiras, foi no Lago Guaíba em 1998. Depois, em Cuiabá e em Itaipu, no ano de 2001. Hoje, está espalhado por muitos rios, tanto no Brasil, quanto na Argentina, Uruguai, Paraguai e Bolívia. No Brasil, está presente, em grandes densidades, no lago Guaíba, na bacia dos rios Paraguai e Paraná, já tendo atingindo a região do Pantanal, os estados de Minas Gerais e São Paulo. A espécie apresenta as seguintes características: crescimento rápido, precocidade sexual, alta fecundidade, alta adaptabilidade ambiental, comportamento gregário (Anexo I), alimentação por filtração, plasticidade genética. Em alguns locais, podem ser encontradas concentrações de mais de 40 mil mexilhões por metro quadrado. Sua presença tem interferência negativa em várias atividades antrópicas: indústria, agricultura, saneamento ambiental, geração de energia, turismo, aqüicultura, transporte etc., caracterizando-se por diversos impactos ambientais, em instalações urbanas, rurais e em seus equipamentos. A incrustação (macrofouling) é um dos principais problemas, resultando em na necessidade permanente de manutenção. Pode ser encontrado incrustado em motores e cascos de embarcações, em pontes, tubulações, nos mais diferentes materiais que entram em contato com a água contaminada. A dra Maria Cristina Mansur-PUC RS 4 , em suas pesquisas, observou o seguinte comportamento na proliferação do mexilhão: reprodução bi-anual (em um tijolo, colocado como substrato, ocorreu surgimento de 760.000 larvas, em 20 dias), com grandes picos populacionais no final da primavera, início do verão. Também verificou que, após a fase de expansão, ocorreu a estabilização do número de indivíduos em torno de 40.000 ind./m2. Este crescimento ocorreu em ambiente natural, sem intervenção humana, como é o caso das barragens, onde ocorre alteração das variáveis ambientais.

MÉTODO O Ministério do Meio Ambiente, em abril de 2004, definiu o Plano de Ação Emergencial, no contexto da Força-Tarefa para Controle do Mexilhão Dourado. Um dos 1

Especialista em Recursos Hídricos da Agência Nacional de Águas – ANA. SPO - Setor Policial Sul, Área 5, Quadra 3. Blocos L. Superintendência de Informações Hidrológicas. CEP: 70610-200 - Brasília - DF Fone: 61 2109 5211. Fax.: 61 2109 5328. 2 Grupo de animais metazoários, invertebrados. 3 Conjunto de filamentos sedosos, secretados por glândula de certos moluscos bivalves, e que servem para fixá-los a rochas. 4 Seminário Nacional sobre Espécies Aquáticas Invasoras. COPASA MG, 2005.

Comunicação sobre projeto em andamento componentes do plano é o monitoramento. Este componente tem o objetivo de mapear as áreas de infestação e acompanhar a sua dispersão. Entre os três objetivos definidos, encontrase “estabelecer uma rede de monitoramento básico para avaliar a presença ou ausência de organismos adultos do mexilhão”. Para executar o monitoramento, a proposta previa o trabalho dos técnicos do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis IBAMA e dos Órgãos Estaduais de Meio Ambiente – OEMAs, bem como da equipe de hidrometria das concessionárias de energia elétrica e da Agência Nacional de Águas - ANA. Fonte: Seminário Nacional sobre Espécies Aquáticas Invasoras. COPASA MG, 2005.

Invasão pelo mexilhão dourado Sul do Brasil

O Brasil dispõe de uma rede hidrometeorológica com estações hidrométricas, administradas por organismos federais, setoriais, estaduais e particulares, dentre as quais, inclui-se a rede básica nacional de responsabilidade da Agência Nacional de Águas – ANA. Cabe, à ANA, a administração da Rede Hidrometeorológica Básica Nacional, sendo que as estações são operadas e mantidas por outras entidades, que são a Serviço Geológico do Brasil 200.000 - CPRM (Manaus, Belém, Recife, Fortaleza, Salvador, Goiânia, Belo Horizonte, São Paulo, Porto Alegre), o Instituto Mineiro de Gestão das Águas -150. IGAM, a Empresa de Pesquisa Agropecuária e 000 Extensão Rural de Santa Catarina - EPAGRI, a COHIDRO – Consultoria, Estudos e Projetos Ltda, a 000 Fundação Centro Tecnológico de Hidráulica - 100. FCTH-DAEE-SP, a Superintendência de Desenvolvimento de Recursos Hídricos e Saneamento Ambiental do Paraná - SUDERHSA e Furnas 50.000 Centrais Elétricas S.A. FURNAS. (Anexo II).

específicas:

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0 A atribuição de gerenciar a Rede Hidrometeorológica Básica Nacional, é definida no Art. 29 da Resolução n° 30, da Agência Nacional de Águas, de 19 janeiro de 2004, com o seguinte texto:

A Superintendência de Informações Hidrológicas – SIH tem como atribuições I.

...

II.

promover a coordenação das atividades desenvolvidas no âmbito da rede hidrometereológica nacional, em articulação com os órgãos e entidades públicas e privadas que a integram, ou que dela sejam usuárias;

III.

prover de informações hidrológicas o Sistema Nacional de Informações sobre Recursos Hídricos”.

Com o objetivo de estabelecer uma metodologia de trabalho com baixos custos, sem necessidade de aquisição de materiais ou de equipamentos, bem como para aproveitar a mão de obra disponível, fez-se a proposta de avaliação da expansão da população de mexilhões, por meio da inspeção visual, para constatação da presença, ou não, do mexilhão nas réguas fluviométricas e seções de medição de descarga de vazão. A inspeção será feita por hidrometristas, a cada três meses, prazo necessário para se completar um roteiro de monitoramento. Os para verificarem uma ficha e, no demais dados de

hidrometristas devem observar, ao longo da seção e nas suas adjacências, a presença do mexilhão. A cada estação fluviométrica, deve-se preencher prazo de três meses, elas devem ser enviadas à SIH-ANA, junto com os monitoramento (Anexo III).

Os hidrometristas deverão dedicar especial atenção aos rios navegáveis, mesmo os fora da bacia do Paraná, pois outros rios, ao desembocarem no mar, tornam-se expostos a impactos decorrentes do descarte da água de lastro de navios estrangeiros. Por outro lado, não são só os barcos que “carregam” o mexilhão dourado. Qualquer volume de água, levado de um lugar para o outro, pode conter desde uma larva (invisível) até um indivíduo adulto (visível). É importante lembrar que o tamanho dele pode ir de algumas micras até 4 cm, aproximadamente. Assim, na ocorrência de clubes náuticos, de aqüicultura, de transposição de bacias para irrigação, barragem etc., deve-se verificar a ocorrência do mexilhão.

Comunicação sobre projeto em andamento Ao mesmo tempo em que se deve estar atento à ocorrência do Limnoperna fortunei para fazer o registro de sua expansão, deve-se tomar todos os cuidados para que a monitoração não se torne veículo de contaminação. Como, na fase larval, não é possível visualizar o mexilhão, qualquer amostra de água, coletada em corpos hídricos, contaminados ou sob-suspeita de contaminação, deve ser descartada no solo ou em rede de esgoto que tenha tratamento biológico do efluente. Os hidrometristas, sempre que tiverem contato com as águas de um rio infestado, que for percorrido de jusante para montante ou ao mudarem de bacia, deverão desinfetar todo o equipamento utilizado nas medições, bem como suas vestimentas e calçados, utilizando materiais e equipamentos limpos e esterilizados, de modo a não se permitir a mistura de materiais e de águas de um corpo hídrico para outro. O mexilhão sobrevive cerca de alguns dias fora d’água. Portanto, equipamentos, vestimentas, calçados não podem ter contato com a água novamente, neste intervalo de tempo, a menos que sejam devidamente desinfetados. Maior atenção deve-se ter, também, com as definições de roteiros, que contemplem trechos invadidos ou não.

DISCUSSÃO E RESULTADOS O mapa do Anexo IV traz o resultado da primeira bateria de monitoração, feita por Furnas. O resultado foi negativo, mesmo o rio Grande pertencendo à bacia do Paraná. Este fato vai ao encontro da tese segundo a qual, na ausência de navegação, não tem ocorrido invasão pelo mexilhão (pontos amostrados: dentro do circulo azul). Contudo, é extremamente cedo para se avaliar qualquer resultado. Devido atraso no início da monitoração, neste ano, apenas FURNAS já enviou um primeiro conjunto de fichas preenchidas em campo. As demais conveniadas/contratadas o farão, provavelmente, por volta de outubro. De posse dos primeiros resultados dever-se-á avaliar a eficácia da metodologia, a qual poderá requerer ajustes ou mesmo mostrar-se inadequada. Este receio se deve a alguns fatos tais como: estar-se trabalhando com hidrometristas, não com biólogos; o treinamento ter sido feito de forma indireta, utilizando-se fotos, cartazes etc; a grande extensão territorial abarcada pela pesquisa etc. Independente do resultado, esta proposta constituir-se-á na primeira experiência, em território nacional, de se monitorar de forma sistemática, uma espécie invasora e, disto, poder-se-á tirar várias experiências.

Referências: Mansur, M. C.D. et alli. PROVÁVEIS IS DE INTRODUÇÃO DE Limnoperna fortunei(DUNKER,1857)(MOLLUSCA,BIVALVIA, MYTILIDAE) NA BACIA DA LAGUNA DOS PATOS, RIO GRANDE DO SUL E NOVOS REGISTROS DE INVASÃO NO BRASIL, PELAS BACIAS DO ALTO PARANÁ E PARAGUAI. PUC RS. Porto Alegre – RS. Brasil. Seminário Nacional sobre Espécies Aquáticas Invasoras Seminário para a Rede Hidrometeorológica Nacional. ANA, Brasília, dez./2004 Slides: Limnoperna fortunei - Programa: Cultivando Água Boa. ITAIPU BINACIONAL

Comunicação sobre projeto em andamento

Anexo I

Detalhe da incrustação na grade de proteção de Furnas.

Mexilhões sobre vegetação submersa Autor: Rodrigo De Filippo

Autor: Rodrigo De Filippo Fonte: http://www.furnas.com.br/meioambiente_mexilhao.asp

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Anexo II

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Anexo III As seguintes informações devem ser registradas e enviadas para o Coordenador do Banco de Dados Raymundo Nonato Borges, pelo e-mail [email protected] Estação fluviométrica Data da medição Existe mexilhão na seção ou em sua proximidade? Exemplo de foto:

(colocar uma caneta para comparar o tamanho)

Cód.: /

/ Sim

Foto do mexilhão:

Não

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Anexo IV

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