Comunicação, tecnologia e arte: relação de simbiose

June 8, 2017 | Autor: Catarina Lopes | Categoria: Communication, Art History, Art, Art Theory, Communication and Language Arts, Arts and Communication
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Extecamp – Escola de Extensão da UNICAMP Universidade Estadual de Campinas Artes Visuais, Intermeios e Educação Discente: Catarina Anselmo Lopes | RA: 2015609792 | Turma: 019 Docente: Dr. José Eduardo Ribeiro de Paiva – Arte e Comunicação Comunicação, tecnologia e arte: relação de simbiose Dentro do desenvolvimento humano, a comunicação tem um papel essencial para organizar a sociedade. É através dela que foram perpetuados os conhecimentos desenvolvidos pelo homem, que culminaram em sua constante evolução. Os processos comunicativos incorporaram a evolução dos meios de comunicação. A tecnologia ofereceu suportes que ampliaram a capacidade humana, como extensões de sua potencialidade e criatividade. McLuhan (1974) cunha o termo aldeia global para se referir ao encurtamento das distâncias proporcionado pelas tecnologias, que interligam as pessoas em todo mundo através dos meios de comunicação. Do fonógrafo, rádio, cinema, televisão à internet, muitos aspectos modificaram-se na maneira de compreender e apreender as informações. O mundo não se tornou apenas menor e massificado, mas mais dinâmico, com justaposições de diversos tempos. Segundo Paiva, desde o início do século XX, a relação entre arte e a tecnologia se constrói em um sólido processo de aproximação e de crescimento, iniciando-se desde a tecnologia analógica até a recente era digital, onde se incorpora aos processos criativos (PAIVA, p.118). Frutos desse crescente desenvolvimento tecnológico, os meios de comunicação foram objeto de análise e experimentação na arte, ela apropria-se desses elementos para tecer suas próprias reflexões acerca da experiência estética e formal, o fazer artístico e o papel da arte na sociedade. O professor e doutor em comunicação na Universidade Federal do Rio de Janeiro, Fernando Gonçalves, escreve que: Esse trabalho de experimentação consiste exatamente na apropriação e na ressignificação de objetos, imagens, discursos, textos, do corpo, além de tecnologias de comunicação como fotografia, cinema, vídeo e, atualmente, o computador, a Internet e as biotecnologias. Por ser um processo de produção simbólica – que articula e retrabalha elementos da cultura a todo instante, a arte poderia, por um lado, nos ajudar a pensar os modos como o homem se relaciona hoje com a tecnologia, como vive a própria experiência da comunicação, e por outro, permitiria criar usos diferenciados das mídias e da tecnologia, ampliando suas possibilidades de intervenção cultural hoje. (GONÇALVES, p. 5 e 6)

A arte acompanhou as modificações na forma como nos comunicamos. Produto de um processo, expressa os elementos da cultura que a moldou, ao mesmo tempo em que pode ser considerada uma linguagem mais subjetiva que objetiva. Para Paiva, desde quando a arte deixou de ser uma representação mimética da natureza, ela passou a ser media, informação e comunicação, criando uma relação dinâmica e interativa entre o mundo que a cerca (PAIVA, p.127). Ser artista é estar envolto pela sociedade e seu desenvolvimento. É uma utopia acreditar que o fazer artístico deve isolar-se de influências externas, fazer-se valer apenas de uma criatividade inspirada na dádiva, ou em um dom. A criação artística advém de um processo de comunicação com o mundo. O artista absorve tudo que há à sua volta, presente, passado e até mesmo aquilo que será o futuro, para depois externar essa mistura num simulacro da realidade através de suas obras. Há, no processo em si, diversas formas de comunicação. A criação é feita para ser exposta, como a Arte só existe quando fruída pelo outro. Mesmo que haja o total desconhecimento dos signos utilizados, a obra comunicará algo, e obterá como resposta a reciprocidade ou a rejeição de seu conteúdo. Exige-se que obra de arte, para ingressar no circulo regulado pela indústria cultural, comunique suas finalidades. O artista usa dos meios de comunicação e da tecnologia para expressar suas motivações, registrar seus processos e autenticar sua criação. Incluída neste processo, minha produção passa a ser acompanhada, problematizada e discutida. A internet, principalmente, propicia este fato: mantenho portfolios digitalizados de obras que ainda não foram expostas, assim como fotografias de seu processo de constituição. Há julgo de valor antes mesmo de haver uma obra acabada, o que acarreta mudanças de percurso e reinterpretações de minha parte. Minha reflexão é constante. Os meios de divulgação abrem portas para a divulgação da arte, mas dão acesso às interferências na fruição, pois muitas vezes são passíveis do registro de comentários e opiniões. Como estabelece em relação às etapas do processe criativo com meios eletrônicos, Tavares coloca que a comunicação é uma das últimas fases, onde há inserção do criativo no social, etapa em que se determina a legitimação ou não da obra finalizada, podendo ser aceito pela sociedade e sujeita à crítica (TAVARES, p.37), longe de seu criador. A efetiva comunicação da obra para a autora, só se dá a partir do momento em que a obra se insere no domínio público.

A própria internalização de conceitos sofre influências do meio, através da enorme quantidade de informações que chegam até nós diariamente. Recebemos notícias do mundo todo, acompanhamos as produções e exposições praticamente ao vivo, mesmo que haja uma distância física enorme. Não há barreiras de tempo e espaço. A produção artística pode ser intimamente ligada à nossa cultura comunicacional, com a evolução tecnológica contemporânea e com a produção de nossos modos de existência e de subjetividade (GONÇALVES, p. 6). A acumulação, fragmentação, colagem e justaposição de tempos, espaços e experiências marca a experiência de fazer arte, assim como a nossa comunicação. Outra problemática se estabelece na rede, conceito discutido por Anne Cauquelin (2005), onde apesar de todos os indivíduos estarem interligados – incluome no processo – a noção do sujeito apaga-se em favor de uma ideia global. Em meio há tantas produções de artistas, fica o questionamento de como possibilitar que minhas obras sejam acessadas e vistas. Cria-se uma relação ora cooperação, ora de dependência e até de subordinação (McLuhan, 1975): mesmo que não se queira fazer parte da rede, devo fazer parte, pois sem ela há uma inexistência. Estar excluído deste processe de comunicação e tecnologia é estar à margem de uma sociedade que cada vez mais se interliga e depende da rede. O real e o virtual misturam-se ao definir a existência, seja do trabalho artístico como em outros âmbitos humanos. A arte tece um diálogo entre a vida e o cotidiano e está intimamente ligada à comunicação em uma relação de simbiose e também de dependência. A comunicação é matéria de criação, meio, divulgação e objeto de análise e discussão, tanto da obra de arte quanto do artista em si. Os meios de comunicação, principalmente os advindos das revoluções tecnológicas, afetam diretamente nossa maneira de refletir, realizar, difundir e fruir a arte (BARROSO, p.7). Toda a cultura da arte é transformada pela força midiática. Através da comunicação a arte é vista, falada, pensada e enfim, definida. Meu papel como atuante no meio da arte é participar ativamente e de forma engajada, utilizando da comunicação e fazendo reflexões sobre a mesma, como interfere em minha poética e produção.

Referências BARROSO, Ana B. A Mediatização da Arte. Disponível em: . Acesso em: 23 de jan. 2016. CAUQUELIN, Anne. O regime da comunicação ou a arte contemporânea. In:______. Arte Contemporânea: uma introdução. São Paulo: Martins Fontes, 2005. p. 55-79 GONÇALVES, Fernando. Comunicação, cultura e arte contemporânea. Disponível em: . Acesso em: 24 de jan. 2016. MCLUHAN, Marshall. Primeira parte. In:______. Os meios de comunicação como extensões do homem. Tradução de Décio Pignatari. 4º ed. São Paulo: Cultrix, 1974. p. 21-94. PAIVA, Eduardo. Breve discussão sobre arte e tecnologia. Disponível em: . Acesso em: 23 de jan. de 2016. TAVARES, Mônica. Do processo criativo com os meios eletrônicos. In:_____ Os Processos Criativos com os Meios Eletrônicos. Disponível em: . Acesso em: 23 de jan. 2016. p. 36

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